Ed1 Clinica

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

UTP

CURSO DE PSICOLOGIA

Gabriel Kienen Tulio

ED-1 ESTUDO DIRIGIDO

Revisão Teórica da Psicanálise

Curitiba

2024(01)
Origens e Desenvolvimento Inicial

A psicanálise começou com as investigações clínicas de Sigmund Freud em Viena, na


Áustria, no final do século XIX. Inicialmente, ele trabalhou com Joseph Breuer,
explorando o uso da hipnose e a técnica do método catártico para tratar casos de
histeria. Com o passar do tempo Freud começa a formular suas próprias ideias, que
eventualmente se distanciaram das de Breuer e outros contemporâneos.

Então, a partir de Freud se desenvolve uma teoria complexa sobre a estrutura da


psique, incluindo a divisão tripartida do id, o ego e o superego. Freud propôs que o
comportamento humano é o resultado da interação entre essas três partes, sendo o ID
os impulsos primais da inconsciência, o Superego como o regulador moral destes
impulsos, e o Ego aquele que recebe a influência e vivencia os conflitos entre as duas
partes. Também foi o primeiro a conceitualizar o inconsciente, demonstrando que o
último pode se manifestar de várias maneiras. Ele acreditava que a maior parte de
nossa atividade mental ocorre fora da consciência, no inconsciente, este que influencia
significativamente nossos comportamentos e experiências emocionais.

Além disso, Freud estruturou os mecanismos de defesa, que se manifestam na


tentativa de lidar com os conflitos resultantes dos desejos inconscientes (ID) e
proibições morais (SUPER EGO). A partir disso o ego desenvolve mecanismos de
defesa, como a repressão, negação, racionalização etc.

Freud também acreditava que os sonhos eram uma janela para o inconsciente, uma
maneira de entender as lutas internas não resolvidas. Ele os visualizava como forma
de acesso aos desejos reprimidos e conflitos emocionais, visando compreender estas
manifestações como emanações de conteúdos inconscientes, muitas vezes
inacessíveis. Freud também introduziu várias técnicas terapêuticas fundamentais para
a psicologia, sendo alguns destes:

Associação Livre: Encorajando os pacientes a falar livremente sobre qualquer


pensamento ou imagem que viesse à mente, Freud acreditava que poderia traçar um
caminho de volta aos pensamentos e desejos inconscientes.

Interpretação de Sonhos: Analisando os sonhos para decodificar o simbolismo oculto


dos desejos e conflitos inconscientes.

Transferência: Explorando e observando as reações do paciente ao analista, Freud


propôs que alguns comportamentos poderiam revelar projeções e conflitos
relacionados a figuras chave no desenvolvimento psicossexual do paciente.
Além destes conceitos Freud também desenvolveu a teoria do Desenvolvimento
Psicossexual, que se divide em 5 estágios:

- Estágio Oral (0-1 ano): Este estágio é caracterizado pela obtenção de prazer através
da boca. Sugando e mordendo são atividades-chave. Freud acreditava que problemas
neste estágio poderiam resultar em comportamentos como fumar, comer em excesso
ou falar demais na vida adulta.

- Estágio Anal (1-3 anos): O foco neste estágio é o controle dos esfíncteres durante o
treinamento do uso do banheiro. Segundo Freud, o modo como os pais lidam com o
treinamento do banheiro pode impactar as tendências do indivíduo ao longo da vida.
Rigidez excessiva pode levar a uma personalidade obstinada ou excessivamente
organizada (anal-retentiva), enquanto leniência pode resultar em desordem e falta de
autodisciplina (anal-expulsiva).

- Estágio Fálico (3-6 anos): Neste estágio, o foco da libido (energia psíquica sexual)
está nos órgãos genitais. Freud introduziu o conceito do Complexo de Édipo, onde a
criança direciona a libido ao progenitor do sexo oposto, e desenvolve “rivalidade” com
o progenitor do mesmo sexo. O resultado deste estágio é o desenvolvimento da
identidade de gênero e dos valores morais.

- Período de Latência (6 anos-puberdade): Durante este período, segundo Freud, a


libido não está focada em nenhuma zona erógena específica e as crianças
concentram-se em habilidades sociais e intelectuais. É uma fase de calma entre as
fases mais intensas de desenvolvimento psicossexual.

- Estágio Genital (puberdade em diante): Neste último estágio, o interesse sexual é


renovado e dirigido mais para pessoas fora da família. Com um desenvolvimento
psicossexual bem-sucedido, o indivíduo se torna capaz de ter um relacionamento
maduro, íntimo e saudável.

Década de 1920

- Melanie Klein (1882-1960): Klein expandiu a psicanálise para a psicologia infantil e


introduziu o conceito de posições esquizoparanóide e depressiva. Ela divergiu de
Freud ao focar mais nas relações objeto e menos na pulsão sexual como motivação
para o comportamento.

- Anna Freud (1895-1982): A filha de Freud também foi uma figura proeminente,
especialmente no campo da psicanálise infantil. Embora tenha desenvolvido muitas
das ideias de seu pai, ela também introduziu refinamentos significativos,
particularmente em relação aos mecanismos de defesa.

Década de 1940 e 1950

- Donald Winnicott (1896-1971): Winnicott introduziu conceitos como o verdadeiro e o


falso self, e a mãe suficientemente boa. Seu trabalho com crianças o levou a enfatizar
a importância do ambiente e do cuidado materno para o desenvolvimento psicológico
saudável. Ele era contemporâneo de Klein, mas ofereceu uma visão mais otimista e
menos conflitiva do desenvolvimento infantil.

- Wilfred Bion (1897-1979): Um inovador no campo da psicanálise de grupo e do


estudo do pensamento, Bion foi influenciado por Klein, mas desenvolveu suas próprias
teorias sobre a capacidade de pensamento, relacionando-a com as experiências
iniciais com a mãe. Ele introduziu conceitos como a capacidade negativa e o
pensamento sem memória ou desejo.

Inter-relações e Influências

- Freud e Jung: Inicialmente colaboradores, a relação deles desintegrou-se devido a


divergências teóricas fundamentais, impactando o campo por enfatizar diferentes
aspectos do inconsciente.

- Klein e Anna Freud: Representaram duas escolas de pensamento na psicanálise


infantil, frequentemente em oposição, especialmente em conferências e debates
acadêmicos.

- Winnicott e Klein: Apesar de ambos serem membros da Sociedade Psicanalítica


Britânica, Winnicott frequentemente se posicionava de maneira mais suave e menos
angustiante em relação ao desenvolvimento infantil em comparação com Klein.

- Bion e Klein: Bion expandiu as ideias de Klein sobre as relações primitivas, mas
introduziu uma camada adicional ao focar no processamento e desenvolvimento do
pensamento.
Referências

Fulgencio, L. (2007). Paradigmas na história da psicanálise. Natureza Humana, 9(1),


115-146.

Euzébio, A. (2023). Fases de desenvolvimento psicossexuais em Freud.

Freud, S. (1997). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade

Oliveira, M. P. (2007). Melanie Klein e as fantasias inconscientes.

Figueiredo, L. C. (2002). A tradição ferencziana de Donald Winnicott. Revista Brasileira


de Psicanálise.

Bion, W. R. (2021). Aprender da experiência.

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