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A CRIAÇÃO ARTÍSTICA

E A OBRA DE ARTE

Reflexões
Filosofia 10º ano

Isabel Bernardo
Catarina Vale
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Unidade II | A ação humana e os valores


Capítulo 3.4 | A dimensão estética: análise e compreensão da
experiência estética

Teorias da arte
Teoria da imitação

Teoria expressivista

Teoria formalista

O Triunfo da divina Providência, Pietro da


Cortona (1633-1639)
).
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Teoria da arte como imitação

Tese

As obras de arte são produções


humanas que imitam a natureza ou
a ação do homem.

rRapaz, de Ron Mueck (1999)


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Teoria da arte como imitação

Argumentos

Uma obra de arte tem de reproduzir algo.

Uma obra de arte é tanto melhor quanto mais


fielmente reproduzir aquilo que imita.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Teoria da arte como imitação

Esta teoria foi defendida por alguns filósofos, entre os quais Aristóteles, na sua obra A Poética.

A poesia épica, a tragédia e a comédia, assim como a poesia e a maior parte da arte de
tocar flauta e lira, são geralmente concebidas como imitações.
Tal como há pessoas que, por arte ou por hábito, imitam muitas coisas com cores e formas,
ou com a voz, o mesmo acontece com as artes atrás mencionadas: todas elas imitam,
separadamente ou em conjunto, recorrendo ao ritmo, à linguagem e à harmonia.
Aristóteles (2000). Poética,1447a. Tradução de Eudoro de Sousa.

Lisboa: INCM, p.103 (adaptado).


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Exercício de Argumentação

Nestas três imagens encontramos representado um tema da arte cristã: Jesus Cristo após a
crucificação, morto nos braços da sua mãe, a Virgem Maria.

PPietá, de Michelangelo (1499) Pietá, de El Greco (1592) Pietá, de Van Gogh (1889)

Tarefa 1.1

Tendo em conta o conjunto de obras de arte acima apresentado, formula


objeções à teoria da arte como imitação.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Teoria da arte como imitação

Objeções
Como saber se uma obra de arte imita o objeto ou a ação que pretende reproduzir?

À partida poder-se-á pensar que a Pietá de Michelangelo, por ser mais realista, será uma melhor
imitação da realidade.

No entanto, esta obra foi produzida cerca de 15 séculos após o acontecimento original.

Logo, será difícil garantir que a obra imita o acontecimento tal como ele ocorreu.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Teoria da arte como imitação

Objeções
Pode o valor artístico de uma obra de arte ser reduzido ao grau de reprodução da
realidade?

Uma obra de arte perde o valor artístico por não reproduzir fielmente a realidade?

Para alguns autores, as obras de arte, ao refletirem uma interpretação subjetiva da realidade,
efetuada por um autor, recriam a realidade, ou seja, não a imitam.

As interpretações, como as de El Greco e Van Gogh do tema da Pietá, testemunham


características
fundamentais do processo criativo e são reconhecidas como obras de arte. Portanto, o facto de
não imitarem tão fielmente a realidade, como a escultura de Michelangelo, não implica que sejam
desconsideradas como obras de arte.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Exercício de argumentação

Tarefa 1.2

Tendo em conta a obra de arte


apresentada ao lado, formula outra
objeção à teoria da arte como
imitação.

s/n, Pedro Calapez (1997)


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Teoria da arte como imitação

Objeções
Deverão as obras de arte que não imitam nenhum aspeto da realidade ser
excluídas do mundo da arte?

Por um lado, um número significativo de obras plásticas contemporâneas não são


sequer figurativas, ou seja, não reproduzem nenhum aspeto identificável da realidade.

Por exemplo, a generalidade da escultura e da pintura abstrata contemporânea não refletem


qualquer aspeto da realidade. Assim sendo, segundo a teoria da arte como imitação, não teriam
valor artístico.

Por outro lado, há formas de expressão artística, como a música e certas formas de dança, que
não imitam a natureza ou a ação humana. Desse modo, teriam de ser excluídas das formas de
expressão artística.
Isabel Bernardo
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Teoria expressivista

Tese

As obras de arte são expressão


de emoções.

O Grito, de Edvard Munch (1893)


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A conceção expressivista de Tolstoi

Tese

As obras de arte
expressam a emoção do
criador e permitem ao
espetador sentir emoção
idêntica.

Autorretrato de chapéu, com os olhos arregalados, Rembrandt (1630)


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Filosofia 10.º ano

A conceção expressivista de Tolstoi

Argumentos

O objeto expressa uma emoção sentida pelo artista.

O artista cria intencionalmente a obra com o objetivo de


provocar uma emoção específica no seu recetor.

A emoção estética sentida pelo espetador é idêntica à emoção


expressa pelo criador.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Exercício de argumentação
Tarefa 2.1

Tendo em conta a obra de


arte apresentada ao lado,
formula outra objeção à
teoria da arte como imitação.

Byss, Victor Vasarely (1979)


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

A conceção expressivista de Tolstoi

Objeções

Será que todo o tipo de objetos artísticos e expressões


artísticas expressam algum tipo de emoção?

Na arquitetura, na pintura, na escultura, na


dança e no teatro, por exemplo, há um sem
número de objetos que não possuem qualquer
intenção de expressar ou criar sentimentos.

Roda, de Paulo Neves


Isabel Bernardo
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A conceção expressivista de Tolstoi

Objeções
Será possível estabelecer uma identidade de emoções
entre o criador e o recetor da obra de arte?

.
Não é possível garantir que as emoções sentidas
e transmitidas pelo criador sejam geradas da
mesma forma, ou pelos mesmos motivos, no
fruidor da obra de arte

Cronos devora os filhos, Goya (1819-1823)


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Exercício de argumentação
Tarefa 2.2

Em algumas formas de expressão


artística, entre o criador e o objeto
final existe um mediador, o
intérprete, e ainda quem o dirige (o
encenador, o maestro…).

Tendo em atenção a
existência de um mediador
entre o criador e o espetador,
que outra objeção será
possível efetuar à teoria
expressivista de Tolstoi?
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

A conceção expressivista de Tolstoi

Objeções

Será que a existência de mediadores, que algumas expressões artísticas


exigem, não dificulta a partilha de sentimentos entre criador e recetor?

A emoção partilhada no momento da execução da obra depende muito da capacidade do


intérprete, e de quem o orienta, na interpretação e expressão dos sentimentos originais do
criador da obra.

Assim sendo, no ato de criação artística, os seus mediadores podem ser tão relevantes como
o criador original.

Esta constatação leva-nos a perguntar quem está a gerar sentimentos e que sentimentos são
esses.
Isabel Bernardo
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A conceção expressivista de Collingwood

Tese

O criador refina a emoção


original, transformando-a numa
emoção estética, que quando
evocada no espetador permitirá a
ampliação dos sentimentos do
recetor.

Conferência à noite, Edward Hopper (1949)


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

A conceção expressivista de Collingwood

Argumentos

A emoção sentida originariamente pelo artista não possui ainda


valor estético.

O artista, através da imaginação, refina a emoção original


transformando-a numa emoção estética, o que lhe irá conferir
valor artístico.

A emoção estética do artista é evocada pelo recetor da obra de


arte ampliando a compreensão dos seus próprios sentimentos.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Exercício de argumentação
Tarefa 2.3

Tendo em conta os argumentos e as objeções relativas à teoria expressivista


de Tolstoi, consideras que a posição de Collingwood estabelece um critério mais
adequado para determinar quando um objeto é uma obra de arte?
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

A conceção expressivista de Tolstoi

Objeções

Será que todas as obras de arte nascem de


emoções e transmitem emoções?

Nem todos os objetos reconhecidos como


obras de arte nascem de emoções ou
transmitem emoções.

Blaze 1, de Bridget Riley (1962)


Isabel Bernardo
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Teoria formalista de Clive Bell

Tese

As obras de arte são objetos


produzidos por mão humana, com
forma significante, a qual produz
emoções estéticas.

Quadrado negro e quadrado vermelho, Kazimir Malevich (1915)


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

A conceção expressivista de Collingwood

Argumentos

As obras de arte são criações humanas destinadas a provocar


emoções estéticas.

As emoções estéticas resultam da existência de harmonia entre


linhas, formas e cores, isto é, da presença de forma significante.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Exercício de argumentação

Tarefa 3.

Tendo em conta a obra de arte


apresentada ao lado, formula uma
objeção à teoria da arte como forma.

Brillo Box (pacotes de detergente), de Andy Warhol (1964)


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Teoria da arte como forma

Objeções

Será que a forma significante é


suficiente para distinguir um objeto
artístico de um que não o é?
Nas obras de Andy Warhol, e outros
artistas do Ready Made, objetos comuns
foram elevados à condição de objetos
artísticos. Porém, a forma que possuem,
como as latas de sopa ou as caixas de Brillo
(um detergente), são exatamente iguais às
do objeto comum.

Por outro lado, a ideia de forma


significante pode aplicar-se às obras
plásticas, mas não a obras de outras formas
Sopa Campbell`s, Andy Warhol (1968) de manifestação artística.
Isabel Bernardo
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Teoria da arte como forma

Objeções

Será que os conceitos de forma significante e de emoção estética foram


suficientemente esclarecidos, para poderem ser úteis para a determinação do
que é uma obra de arte?

Alguns críticos da teoria formalista, defendem que esta assenta num erro de argumentação, pois
trata-se de um argumento circular.

O conceito de emoção estética é explicado com o conceito de forma significante e, por sua vez,
o conceito de forma significante é definido com o conceito de emoção estética.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Bibliografia

Almeida, Aires (2000). O que é arte? Obtido em


http://criticanarede.com/fil_tresteoriasdaarte.html em 28.08.2012.

Costa, C. F. (2005). Estética. Obtido em http://criticanarede.com.est_tarte.html em 27.07.2012.

Savater, F. (2009). As perguntas da vida. Uma iniciação à reflexão filosófica. Lisboa:


D. Quixote: pp. 215-236.

Warburton, N. (1998). Elementos básicos de Filosofia. Lisboa: Gradiva: pp. 218-242.

Warburton, N. (2007). O que é a arte? Lisboa: Bizâncio.

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