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DEPRESSÃO PÓS PARTO

• BREVE HISTÓRICO
A depressão pós-parto muitas vezes é confundida no imaginário social com
falta de amor, crueldade e psicopatia. Seja por ignorância ou medo de pedir
ajuda, o silêncio de uma mãe pode representar o sofrimento de uma família
inteira.
O nascimento de um filho geralmente provoca um profundo impacto na vida
da mulher. A maternidade, associada em nossa cultura a um momento de
realização e felicidade, pode ser uma experiência de sofrimento emocional,
marcada pela ambivalência entre o desejo e o medo de ser mãe. As mudanças
corporais, a troca de papel social e a responsabilidade de cuidar de uma
criança constituem fatores potencialmente estressantes, aumentando a
possibilidade de ocorrência de episódios de ansiedade e depressão na mulher.
Devido às demandas referentes aos cuidados com o bebê, esse é
um momento que requer energia, uma satisfatória capacidade de
tomar decisões, tranquilidade, boa alimentação e suporte social,
conciliando as múltiplas tarefas exigidas pela maternidade.
Quando a puérpera apresenta um quadro depressivo, essa
adaptação fica prejudicada. É comum, por exemplo, que nesse
período ela durma pouco, devido às mamadas frequentes do bebê.
Mas a situação poderá piorar caso esteja com um quadro
depressivo. Dificuldades com o sono podem impedir seu descanso
e prejudicar a execução de sua rotina.
É sempre importante ponderar até que ponto sintomas como o
cansaço, a exaustão, e a labilidade emocional não sejam
expressão de uma adaptação normal do puerpério. Para distinguir
essas manifestações normais de quadros patológicos, pode-se
utilizar alguns parâmetros. De acordo com Barlow e Durand
(2008), um conjunto de sintomas só pode ser considerado como
um transtorno psicológico quando ocorre uma disfunção, ou seja,
uma interrupção no funcionamento cognitivo, emocional ou
comportamental. Esta deve ser acompanhada de angústia ou
incapacitação e de uma resposta considerada atípica para os
padrões culturais.
Pelo menos três condições, chamadas de transtornos puerperais,
podem ser desencadeadas a partir do nascimento da criança: a
tristeza materna, a psicose puerperal e a depressão pós-parto.
• A tristeza materna (também conhecida como baby blues, blues
pós-parto ou disforia do pós-parto) é uma oscilação do humor
considerada normal, acometendo cerca de 50 a 85% das puérperas
(Botega & Dias, 2006). Sua incidência acontece já nos primeiros
dias após o nascimento da criança, geralmente resultando em um
pico de sintomas entre o quarto ou quinto dia. A mulher apresenta
sintomas como cansaço, choro fácil, tensão, irritabilidade e
sentimentos de inadequação. Trata-se de um episódio depressivo
leve, que não chega a comprometer o funcionamento social ou a
relação mãe-bebê. Esses sintomas geralmente possuem remissão
espontânea durante as duas primeiras semanas do puerpério e são
atribuídos às rápidas oscilações hormonais, ao estresse do parto e
a conscientização da responsabilidade trazida pela maternidade
(Sadock & Sadock, 2007).
• A psicose puerperal, por sua vez, é um quadro de maior
gravidade. Trata-se de uma emergência psiquiátrica onde a mulher
pode experienciar sintomas depressivos, delírios, alucinações e
pensamentos de ferir o bebê ou a si mesma. Sua incidência é de 1
caso para cada 1000 partos. Seu início costuma ser agudo,
geralmente nas três primeiras semanas, principalmente entre o
segundo e terceiro dia do puerpério.

• O terceiro transtorno puerperal é a depressão pós-parto.


Não existe uma única causa conhecida para depressão pós-parto.
Ela pode estar associada a fatores físicos, emocionais, estilo e
qualidade de vida, além de ter ligação, também, com histórico de
outros problemas e transtornos mentais. No entanto, a principal
causa da depressão pós-parto é o enorme desequilíbrio de
hormônios em decorrência do término da gravidez.
A depressão pós-parto pode ser confundida com o baby blues no
início. Porém, os sinais e sintomas são mais intensos e duram
mais. A depressão pós-parto interfere na capacidade da mãe em
cuidar do seu bebê e lidar com outras tarefas diárias. Os sintomas
geralmente se desenvolvem dentro das primeiras semanas após o
parto, mas podem começar mais tarde – até seis meses após o
nascimento.
• OS SINTOMAS DE
DEPRESSÃO PÓS-PARTO:
•Humor deprimido ou mudanças de humor severas
•Choro excessivo
•Dificuldade de desenvolver uma ligação amorosa com o bebê
•Afastamento da família e dos amigos
•Alterações no apetite: falta de apetite ou comer muito mais do que o habitual
•Incapacidade de dormir (insônia) ou dormir demais (hipersônia)
•Fadiga abrupta ou perda de energia
•Redução do interesse e prazer nas atividades que a mãe costuma realizar
•Intensa irritabilidade e raiva
•Medo frequente da mulher não ser uma boa mãe
• Sentimentos de inutilidade, vergonha, culpa ou
inadequação
• Diminuição da capacidade de pensar com clareza,
concentrar-se ou tomar decisões
• Ansiedade grave e ataques de pânico
• Pensamentos relacionados a prejudicar a si mesma ou ao
bebê
• Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio
• QUAIS SÃO AS
COMPLICAÇÕES DA
DEPRESSÃO PÓS-PARTO?
A mulher que está em depressão pós-parto, normalmente, amamenta pouco e
não cumpre o calendário vacinal dos bebês. As crianças, por sua vez, têm
maior risco de apresentar baixo peso e transtornos psicomotores, além de
outros problemas de saúde. 
Os custos emocionais ligados à depressão pós-parto fazem com que a mãe
interaja menos com a criança. Da mesma forma, sintomas como
irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança,
diminuição da energia e motivação, desinteresse sexual, transtornos
alimentares e do sono, ansiedade e sentimentos de incapacidade de lidar com
situações novas são emocionalmente potencializadas.
Se não for tratada corretamente e de forma imediata, a
depressão pós-parto pode interferir negativamente o vínculo
entre mãe-filho e causar problemas familiares, muitos deles
irreverssíveis. Filhos de mães que têm depressão pós-parto
não tratada são mais propensos a ter problemas de
comportamento, como dificuldades para dormir e comer,
crises de birra e hiperatividade. Os atrasos no
desenvolvimento da linguagem são mais comuns também.
A depressão pós-parto, se não tratada adequadamente, pode
durar meses e até tornar-se em um distúrbio depressivo
crônico. Mesmo quando tratada, depressão pós-parto
aumenta o risco de futuros episódios depressivos, o que
demanda um acompanhamento periódico da saúde mental
da pessoa.
• COMO É FEITO O
DIAGNÓSTICO DA
DEPRESSÃO PÓS-PARTO?
O diagnóstico da depressão pós-parto é basicamente clínico, feito com
observação nos sintomas e situação em específicos. Esse transtorno é
considerado um subtipo de depressão maior. 
Para ser considerada depressão pós-parto, os sintomas devem surgir até
quatro semanas após o nascimento da criança. Durante avaliação clínica
individual, conforme cada caso, o médico psiquiatra pode diagnosticar a
depressão pós-parto, a depressão ou outro tipo de transtorno mental que tenha
sintomas semelhantes.
• COMO É FEITO O
TRATAMENTO DA
DEPRESSÃO PÓS-PARTO?
O tratamento da depressão pós-parto é feito individualmente, conforme cada
caso, com medicamentos antidepressivos combinados com psicoterapia. O
aconselhamento e apoio da família, parceiro(a) e amigos é fundamental, pois
ajuda a tratar e a prevenir depressão, depressão pós-parto e depressão durante
a gravidez. 
Para o tratamento ser eficaz, é recomendado que ambos os pais participem de
todo o processo. Existem, também, psiquiatras e psicólogos especializados no
tratamento de depressão pós-parto.
REFERÊNCIAS:
HILDEBRANDT, F. M. P. (2013). Depressão Pós Parto: Aspectos epidemiológicos
e tratamento cognitivo-comportamental. Disponível em:
<http://objdig.ufrj.br/30/teses/807952.pdf>

Ministério da Saúde. Disponível em:


<http://saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/depressao-pos-parto>

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