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I. Os que no Brazil tiverem nascido, quer sejam ingenuos, ou libertos, ainda que o pai
seja estrangeiro, uma vez que este não resida por serviço de sua Nação.
II. Os filhos de pai Brazileiro, e os illegitimos de mãi Brazileira, nascidos em paiz
estrangeiro, que vierem estabelecer domicilio no Imperio.
III. Os filhos de pai Brazileiro, que estivesse em paiz estrangeiro em serviço do
Imperio, embora elles não venham estabelecer domicilio no Brazil.
IV. Todos os nascidos em Portugal, e suas Possessões, que sendo já residentes no
Brazil na época, em que se proclamou a Independencia nas Provincias, onde habitavam,
adheriram á esta expressa, ou tacitamente pela continuação da sua residencia.
V. Os estrangeiros naturalizados, qualquer que seja a sua Religião. A Lei
determinará as qualidades precisas, para se obter Carta de naturalisação.
Regulação do ensino primário 1827:
◦ “em todas as cidades, vilas e lugares populosos haverá escolas de primeiras letras que forem
necessárias”
◦ criou as Assembleias Provinciais, dentre cujas atribuições estava legislar sobre a instrução
pública.
◦ criação e organização de escolas,
◦ formação e atuação de professores,
◦ inspeção, métodos e conteúdos de ensino
◦ quem podia (ou não) se matricular e/ou frequentar a escola pública, a partir de critérios de gênero, idade, condição de
saúde (ser portador de ou sofrer de moléstia contagiosa) e condição jurídica ou racial (livre, liberto, escravo, ingênuo,
preto, filho de africano livre).
De 1830 a 1840
Cada província vai legislar sobre o acesso à educação
Minas Gerais (28 de março de 1835): “Somente as pessoas livres podem frequentar as
Escholas Publicas, ficando sujeitas aos seus Regulamentos”
Goiás (23 de junho de 1835): “Sómente as pessoas livres podem frequentar as Escolas
Publicas, ficando sujeitas aos seos Regulamentos”.
Espírito Santo (s/d, 1835): ‘a lei proibia ensinar a ler, e escrever, oficio, Artes [sic], a
escravos’
De 1830 a 1840
Rio Grande do Norte (1836) – Estatuto para as primeiras letras:
◦ Os Professores não admitirão em suas aulas alunos, que não sejam livres: as Professoras
porem podem receber escravas; para o fim tão somente de lhes ensinar as prendas
domésticas, não as compreendendo, todavia, na matrícula, de que trata o artigo 16, sob pena
de perda do ordenado correspondente a um mês (grifo nosso).
Lei de Instrucção Primaria de São Pedro do Rio Grande do Sul (1837) destacava que,
além das pessoas que padeceram de moléstias contagiosas, “Serão prohibidos de
frequentar as Escolas Publicas. 2º Os escravos, e pretos ainda que sejão livres ou
libertos”.
Rio grande do norte
Estatutos do Atheneu da Cidade do Natal negavam a matrícula a: quem não soubesse
ler e escrever, doentes com moléstias contagiosas e, finalmente, “Não pode ser
matriculado no Atheneu quem não tiver os seguintes requisitos a juízo do Diretor*: §1º
Ser ingênuo ou liberto”. Ou seja, escravos não poderiam ser matriculados naquela
instituição, mas ingênuos e libertos, sim.
◦ *Os diretores Brancos, se abolicionistas, aceitavam as matrículas, mas estavam sujeitos aos
protestos.
De 1840 a 1850
Lei Eusébio de Queirós (1850) - Ao proibir o tráfico, e declarar livres os apreendidos
sendo traficados, cria africanos livres, que viviam numa situação sociojurídica ambígua,
já que legalmente eram livres, mas tutelados pelo Estado ou por arrematantes
particulares;
Razões para o decreto
Decreto Couto Ferraz de 1854, que regulamentava o ensino primário e secundário da
Corte. Entre outros aspectos, ele instituía que, no ensino primário, “Não serão
admittidos á matricula, nem poderão frequentar as escolas: [...] §3º. Os escravos”. A
interdição também era para a instrução secundária: o artigo 85 reiterava: “Não serão
admittidos á matricula, nem poderão frequentar o Collegio, os individuos nas condições
do Art. 69”.
Dissensos e contra-resistências do negro
Há negros nas universidades, nas academias, nos colégios e nas escolas; há negros
médicos, advogados, em todas as profissões; há negros deputados e senadores; há
negros padres, em todos os ramos da religião cristã. [...] e ninguém ousa mais pôr
em dúvida que se possa educar o negro nos mais elevados princípios da ciência e
de moral cristã. (André Rebouças. Revista Novo Mundo, Nov./1879, p. 250).
Empregarei o melhor das minhas forças para conseguir grandes leis: reforma da
instrução pública e reforma eleitoral. Iniciarei a reforma da instrução pública pela
do professorado, a partir do primário, de cujo grêmio entendo que devam sair,
como os diretores das academias dos próprios corpos docentes, os delegados e o
inspetor-geral. Quanto ao sistema eleitoral, demonstrarei a urgência de ampliá-lo,
de modo que se dê ao povo o lugar atualmente só ocupado por algumas castas.
(PATROCÍNIO apud MAGALHÃES, 1972, p.173).
Alguns dissensos
“É o asfixiamento das classes menos favorecidas da fortuna, pelo preconceito em
antagonismo com o regime republicano. Sob qualquer pretexto fecha-se uma escola
pública. A falta de frequência pode ser oriunda da péssima colocação da escola, fora
do centro mais populoso ou por desídia do professor. Pois bem: não se procura
remover a dificuldade; fecha-se a escola, o mestre fica em disponibilidade ganhando
para trabalhar”. (Manoel Querino apud p. 208).
“Diz Pretextato dos Passos e Silva, que tendo sido convocado por diferentes pais de
famílias para que o suplicante abrisse em sua casa uma pequena escola de instrução
primária, admitindo seus filhos da cor preta e parta; visto que em algumas escolas ou
colégios, os pais dos alunos de cor branca não querem que seus filhos ombreiem com
os de cor preta (...) por esta causa os professores repugnam admitir os meninos
pretos, e alguns destes que admitem, na aula não são bem acolhidos; e por isso não
recebem uma ampla instrução, por estarem coagidos; o que não acontece na aula
escola do suplicante; por este ser também preto (...)” 1856
Década de 1870 – vai-e-vem
Lei do ventre livre e criação das escolas noturnas: pela Lei do Ventre Livre, a partir de
1879, os senhores deveriam optar por entregar ao Estado os filhos das escravas
nascidos após 1871 ou mantê-los em seu poder e educá-los.
Paraíba, a lei que, em 1870, criou uma aula noturna primária para o sexo masculino
não proibia a matrícula a nenhum tipo de aluno.
Santa Catarina a lei referente ao ensino noturno não extinguiu a proibição aos
escravos, mas abria uma possibilidade: a licença dos senhores. Segundo o Regimento
da Escola Noturna Sete de Setembro, de 1874: “Não serão admitidos á matrícula: [...]
§2 os escravos que não tiverem licença de seus senhores”
Década de 1880
Paraná: A Lei nº 769, de 1883, que regulamentava o ensino obrigatório, fixava:
Art. 1º É obrigatória a frequência das escolas de ensino primário nas cidades, vilas e
povoações para todas as crianças; sendo dos 7 aos 14 anos de idade para o sexo
masculino, dos 7 aos 12 para o sexo feminino. § Único. Estão compreendidos nas
disposições deste artigo os ingênuos da lei de 28 de setembro de 1871.
A educação do negro na república Velha
1o: É inteiramente livre a entrada, nos portos da República, dos indivíduos válidos e
aptos para o trabalho que não se acharem sujeitos à ação criminal de seu país,
exceptuando os indígenas da Ásia, ou da África, que somente mediante autorização do
Congresso Nacional poderão ser admitidos, de acordo com as condições que forem
então estipuladas (VEINER, 1990, p. 106, grifo nosso).
O negro deixa de poder entrar NA CONDIÇÃO DE IMIGRANTE, quando a república cria
leis de Ação Afirmativa (de fomento à imigração mediante conceção de terras e
subsídios à ferramentas e insumos).
A constituição de 1891
Promulgada em fevereiro de 1891, a primeira constituição republicana representou um
retrocesso em relação ao direito à educação, pois
◦ DEMARCA QUE, COM A ABOLIÇÃO, O ESTADO NÃO QUER CONCEDER AOS EX-
ESCRAVIZADOS E SEUS DESCENDENTES NA CIDADANIA PLENA – sem reparações, sem
educação
Constituição de 1934
capítulo II do título V:
Art. 149 A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela família e pelos poderes públicos,
cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a estrangeiros domiciliados no País, de modo que
possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a
consciência da solidariedade humana
Art. 150 Parágrafo único - O plano nacional de educação constante de lei federal, nos termos dos arts. 5º,
nº XIV, e 39, nº 8, letras a e e, só se poderá renovar em prazos determinados, e obedecerá às seguintes
normas:
a) ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória extensivo aos adultos;
b) tendência à gratuidade do ensino educativo ulterior ao primário, a fim de o tornar mais acessível;
Constituição de 1937
representou retrocesso em relação à sua predecessora pois