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HOSPITAL 

UNIVERSITÁRIO CLEMENTE DE FARIA-HUCF  ​
 RESIDÊNCIA MÉDICA DE PSIQUIATRIA   ​


RESIDENTE DO 3º ANO: MARIANA PROENÇA ALMEIDA​​

ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS

MONTES CLAROS,NOVEMBRO 2021


AÇÕES ANTIDEPRESSIVAS NA DEPRESSÃO BIPOLAR E
UNIPOLAR
 AÇÕES DE AGONISTA PARCIAL DE 5HT1A E ANTAGONISMO DOS RECEPTORES 5HT1B/D, 5HT2C,

5HT3 E 5HT7;

OUTROS MECANISMOS:

 INIBIÇÃO DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E/OU DE NORADRENALINA:

Apenas a Quetiapina apresenta maior potência em comparação com sua ligação aos receptores D2, enquanto a
Ziprasidona possui ligação fraca a esses sítios.
 ANTAGONISMO DE ALFA-2:
Aripiprazol;
Praticamente todos os antipsicóticos “pina”(maior potência: Quetiapina e Clozapina);

Dentre os antipsicóticos “dona”, a maior potência para Risperidona.


AÇÕES ANTIMANÍACAS
 Todos os antipsicóticos são efetivos para a mania psicótica, entretanto, Os Antipsicóticos
Atípicos parecem ter maior eficácia no tratamento da Mania Não Psicótica;
 HIPÓTESE PRINCIPAL: antagonismo/agonismo parcial de D2 associado ao
antagonismo de 5HT2A ;

 Os agentes que apresentam agonismo parcial de D2 e agonismo parcial de 5HT1A mais


potentes do que o antagonismo de 5HT2A também são mais efetivos para a mania;

 É possível que as propriedades anti-histamínicas e sedativas anticolinérgicas de alguns


desses agentes sejam responsáveis por sua ação ansiolítica.
AÇÕES HIPNÓTICO-SEDATIVAS
AÇÕES ANTI-HISTAMÍNICAS MAIS POTENTES QUE ANTAGONISMO D2:

Clozapina, Quetiapina e Olanzapina ;

Todos os outros antipsicóticos: potência moderada, exceto a Lurasidona, que praticamente não se liga
aos receptores H1;
AÇÕES ANTICOLINÉRGICAS POTENTES:

Apenas os antipsicóticos “pina”: Clozapina, Quetiapina e Olanzapina ;

ANTAGONISMO α-ADRENÉRGICO POTENTE:

Todos os antipsicóticos atípicos apresentam potência de ligação moderada aos receptores α1-adrenérgicos;
AÇÕES CARDIOMETABÓLICAS
 RISCO METABÓLICO ALTO:

CLOZAPINA E OLANZAPINA;

 RISCO METABÓLICO MODERADO:

RISPERIDONA, PALIPERIDONA E QUETIAPINA;

 RISCO METABÓLICO BAIXO:

ZIPRASIDONA, ARIPIPRAZOL E LURASIDONA.

O RISCO CARDIOMETABÓLICO DE ALGUNS ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS NÃO PODE SER EXPLICADO


APENAS PELO AUMENTO DO APETITE E PELO GANHO DE PESO (Ação aguda, mediada por receptores, dos
APA, sobre a regulação da insulina).
CLOZAPINA

 Considerada o “protótipo” dos Antipsicóticos Atípicos. Apresenta T1/2 vida de 10 a 17h e

absorção não influenciada por alimentos;

 Pico plasmático atingido em 1 a 3h; média de 10 dias p/ estabilização dos níveis séricos;

 Metabolização Hepática (CYP1A2),em menor grau: 2D6 e 3A4. A retirada abrupta está

associada a rebote colinérgico;

 Possui baixa afinidade a receptores D2 e bloqueia outros receptores como


D1,D3,D4,Colinérgicos, Adrenérgicos e Serotonérgicos (em especial 5-HT2A e 5-HT2C).
 EVIDÊNCIAS CONSISTENTES DE EFICÁCIA:

Esquizofrenia Refratária; Risco de Suicídio persistente em pacientes com Esquizofrenia e T


Esquizoafetivo; Discinesia Tardia.

 CONTRAINDICAÇÕES:

Leucócitos < 3500/mm3 e/ou Neutrófilos < 2000/mm3

Epilepsia não controlada, doenças mieloproliferativas ou uso de agentes mielossupressores, história


de agranuocitose(neutrófilos< 500/mm3) e miocardite associada ao uso de Clozapina;

Depressão do SNC, Íleo paralítico, Intervalo QTc> 500 ms; doenças hepáticas ou cardíacas graves e
hipersensibilidade ao medicamento;

 GRAVIDEZ: categoria B da FDA;

 LACTAÇÃO: não recomendado.


QUETIAPINA
 Possui alta afinidade a receptores 5-HT2A e D4 e menor a receptores D2 e D1, se comparada aos
APs-padrão. Menor afinidade a receptores histaminérgicos e alfa1adrenérgicos(sonolência e
hipotensão respectivamente) e 5HT1A.

 Necessária titulação da dose p/ evitar hipotensão ortostática e síncope. Não apresenta afinidade
significativa a receptores muscarínicos colinérgicos ou BZDs;

 Absorção rápida VO c/ pico plasmático entre 1,2 e 1,8h. Biodisponibilidade não influenciada por
alimento. Formulação LP é ideal como antipsicótico, com menos sedação no pico da dose e
duração de ação que se estende por todo o dia.

 Metabolização hepática pelo CYP3A4. T1/2 vida de 7 a 12h. Depuração reduzida (25%) em
hepatopatas.
Quetiapina vs Olanzapina: menor Transtorno de Movimento, ganho de peso, elevação
da glicemia, prolactina,porém maior QTc e elevação de colesterol;

Quetiapina vs Risperidona: menor Transtorno de Movimento, elevação da prolactina,


porém maior elevação de colesterol;

 Quetiapina vs Ziprasidona: mais sedação, ganho de peso e aumento de colesterol.


 EVIDÊNCIAS CONSISTENTES DE EFICÁCIA:

Esquizofrenia > 13 anos;

Mania aguda em adultos e crianças >10 anos em Monoterapia ou em combinação ao Lítio ou


AVP;

Depressão Bipolar em adultos(monoterapia);

Manutenção no TB em adultos associada ao Lítio ou AVP.

 CONTRAINDICAÇÃO: Hipersensibilidade ao fármaco;

 GRAVIDEZ: categoria C da FDA;

 LACTAÇÃO: Sem confirmação de segurança.


OLANZAPINA

 É bem absorvida VO e sem interferência dos alimentos. Pico plasmático entre 4 e 6h.T ½ vida
varia de 21 a 54h (média de 33h). Equilíbrio plasmático em 7 dias. Metabolismo hepático
{P450(1A2)},excretada via renal;

 Está consistentemente associada a ganho de peso(maior dentre todos os antipsicóticos), talvez


em virtude de suas propriedades anti-histamínicas e antagonistas de 5HT2C;

 Possui ação bloqueadora dopaminérgica não seletiva (D1 a D4), sendo bem menos potente que
o Haloperidol p/ bloqueio de receptores D2. Bloqueia também receptores colinérgicos, α 1-
adrenérgicos e histaminérgicos e ainda pode apresentar ação sobre receptores glutamatérgicos.
EVIDÊNCIAS CONSISTENTES DE EFICÁCIA:

 Esquizofrenia e T Esquizoafetivo, nas fases aguda e de manutenção em adultos e adolescentes


maiores de 13 anos;

 TB, fases maníaca, mista e de manutenção(em monoterapia e em combinação com Lítio ou


Valproato) em adultos e adolescentes maiores de 13 anos;

 Agitação psicomotora em pacientes com Esquizofrenia ou TB;

 Fase depressiva do TB e como Adjuvante no tratamento do TDM resistente (associada à


Fluoxetina).
 CONTRAINDICAÇÕES
ABSOLUTA:

Hipersensibilidade à Olanzapina ou a qualquer componente da fórmula;

RELATIVAS:

Glaucoma de ângulo fechado;

Doenças Isquêmicas cardiovasculares e cerebrovasculares;

Quadros demenciais;

Obesidade(no tratamento de manutenção); DM e risco de desenvolver essa doença;

Cautela p/pacientes com Hipertrofia prostática ou íleo paralítico.

 GRAVIDEZ: categoria C da FDA

 LACTAÇÃO: sem evidências definitivas quanto à segurança. Avaliar risco-benefício.


RISPERIDONA
Antipsicótico atípico em doses mais baixas e mais “convencional” em doses altas;

Rápida absorção VO. Extensamente metabolizada pelo fígado;

Biodisponibilidade de 100%. Pico plasmático: 1hora. T ½ vida: 3-24 horas;

Excreção renal. Equilíbrio plasmático VO:1-7dias;

Formulação injetável prolongada: mantém a concentração mais estável. T ½ vida de 3-6


dias; eliminação em 7-8 semanas.
 Eleva os níveis de prolactina, até mesmo, em doses baixas e, mais frequentemente, se
comparada a outros atípicos;

 SD DE RETIRADA:
Náuseas, vômitos, diarreia, rinorreia, insônia, agitação, diaforese e mialgias;

 ANTAGONISMO:
5HT2C/H1: ganho de peso;
H1/ α1-adrenérgicos: sedação;
5HT2C/5HT7: alívio dos sintomas afetivos;
α2: Depressão.
 EVIDÊNCIAS CONSISTENTES DE EFICÁCIA:
Esquizofrenia e T Esquizoafetivo
Mania Aguda: em monoterapia ou como adjuvante dos estabilizadores do humor;
Tratamento de manutenção do TB
Irritabilidade e sintomas comportamentais nos TEA.

 CONTRAINDICAÇÕES:
Hipersensibilidade ao Fármaco;
Gravidez e Lactação;
Insuficiência renal ou hepática grave.
ZIPRASIDONA
 Antagonista potente D2 e Agonista Inverso de receptores 5HT2A (reduz SEPS e

Hiperprolactinemia). Poucos fármacos têm o potencial de aumentar seus níveis plasmáticos.

 OUTROS: Agonismo 5HT1A: menos sintomas negativos; Antagonismo 5HT2C: cognição;

Antagonismo 5HT1D: antidepressivo-ansiolítico. SE DOSES BAIXAS: ocupação de 5HT2C


sem suficiente bloqueio D2:ansiedade, inquietação, insônia e aumento de energia, semelhantes à
hipomania;
 A principal característica diferencial é sua pouca ou nenhuma propensão a ganho de peso.Baixo
risco de efeitos anticolinérgicos e hipotensão ortostática(tem baixa afinidade por receptores H1,
M1 e alfa1 noradrenérgico).
 Pouca associação da Ziprasidona à dislipidemia, elevação dos triglicerídios em jejum ou
resistência à insulina. Prolongamento do QTc é maior que alguns outros Aps.
 EVIDÊNCIAS CONSISTENTES DE EFICÁCIA:
Esquizofrenia;
T Esquizoafetivo;
Episódios maníacos e mistos do TB,com ou sem sintomas psicóticos;
Adjuvante ao Lítio ou AVP no tratamento de manutenção do TB
Agitação psicomotora em pacientes psicóticos;
 CONTRAINDICAÇÕES:
Hipersensibilidade à Ziprasidona;
Prolongamento do Intervalo QTc, incluindo Sd congênita do QTc longo (superior a 500 ms);
Pacientes com IAM recente, IC descompensada e arritmias cardíacas.
 GRAVIDEZ:
Categoria C da FDA. Aconselhar uso de método contraceptivo adequado.
LACTAÇÃO:
Não recomendado.
LURASIDONA
Absorção aumentada se alimentação com > 350 cal; T ½ vida: 18 horas e pico sérico entre 1-3 horas;

Metabolismo hepático (citocromo p450); excreção pelas fezes (80%);

Em comparação com outros APAS, possui menos efeitos metabólicos e aumento do intervalo QTc.

Risco levemente superior para SEPs e acatisia (risco reduzido se for administrada à noite).

Não é necessária titulação da dose. Não parece causar sintomas de retirada;

Ligação mais potente ao receptor D4 e 5HT7( alívio dos sintomas afetivos, cognitivos e do sono);

Não produz aumento significativo da prolactina.


 EVIDÊNCIA CONSISTENTE DE EFICÁCIA:
Esquizofrenia;
 INCOMPLETAS:
T Esquizoafetivo;
TB tipo I (episódio depressivo), em monoterapia ou associada a Lítio ou AVP
CONTRAINDICAÇÕES:
Hipersensibilidade à Lurasidona ou outro componente da fórmula;
Pacientes em uso de potentes inibidores da CYP3A4 (p.ex,Cetoconazol);
Pacientes em uso de potentes indutores da CYP3A4( p.ex, Rifampicina).
GRAVIDEZ:
Categoria B da FDA.
LACTAÇÃO:
Segurança não estabelecida (avaliar risco-benefício).
ARIPIPRAZOL
 É considerado o protótipo da 3ª geração de APs (estabilizadores do sistema dopamina-
serotonina).Pode ser “quente” demais ou “frio” demais, em relação ao antagonismo D2.

 Efeito antipsicótico ocorre pelo agonismo parcial dos receptores D2 e Serotonérgicos 5-HT1A e
menor antagonismo de 5-HT2A em relação aos outros APSG;

 É bem absorvido VO, sem interferência de alimentos. Pico plasmático de 3 a 5h.


Biodisponibilidade de 87%. Concentração Estável é atingida após 14 dias. T 1/2 vida: 75 a 94h;

 Metabolização hepática{P450( CYP2D6 e CYP3A4)}. A farmacocinética da DU de 15 mg não


é alterada pela idade, disfunção hepática ou renal.
 Apresenta afinidade com outros receptores: D3, D4,5HTC,5HT2C,α-1 adrenérgico e H1,o
que explica a presença de efeitos colaterais: sonolência, cefaleia, sintomas gastrintestinais e
hipotensão ortostática.
 EVIDÊNCIAS CONSISTENTES DE EFICÁCIA:
Esquizofrenia
T Esquizoafetivo
TB: monoterapia p/ mania e quadros mistos, no tratamento agudo e de manutenção; tratamento
adjuvante c/ Lítio e AVP, p/ mania;
Depressão Unipolar: tratamento adjuvante;
TEA
 CONTRAINDICAÇÕES
Hipersensibilidade ao fármaco e Gravidez.
 LACTAÇÃO: Não recomendado
DOENÇA DE PARKINSON
ANTIPSICÓTICOS
Sintomas psicóticos frequentemente estão relacionados ao tratamento antiparkinsoniano e entram em remissão com o ajuste das doses.
Quando necessários, os antipsicóticos atípicos são os mais promissores, por ocasionarem menos sintomas extrapiramidais e acatisia.
Contudo, o uso de antipsicóticos atípicos esteve associado a maior mortalidade, graves eventos adversos, efeitos colaterais
relacionados à cognição, piora do parkinsonismo, infecção e edema periférico.129
Apesar de os sintomas psicóticos serem angustiantes para muitos pacientes com doença de Parkinson, é importante que seu uso seja
evitado e restrito ao mínimo período necessário.Um estudo de metanálise mostrou eficácia do uso de clozapina em baixas doses (6,25-
50mg/dia) no tratamento de sintomas psicóticos sem piorar os sintomas da doença de Parkinson.130
Os antipsicóticos atípicos (APAs) são os preferidos para tratamento dos sintomas psicóticos na DP. Entre eles, a clozapina é o agente
mais estudado. Deve-se iniciar com 6,5 a 12,5 mg, com aumento gradual até doses de 25 a 75 mg. Apesar da eficácia, seu uso é
limitado pela necessidade de hemogramas frequentes, em função do risco de agranulocitose.Apesar de menos eficaz que a clozapina, a
quetiapina tem a vantagem de não demandar controle hematológico. Por isso, a quetiapina, em doses entre 25 e 50 mg, costuma ser a
primeira escolha para tratamento de sintomas psicóticos na DP.Risperidona, olanzapina e aripiprazol são eficazes no tratamento dos
sintomas psicóticos, mas podem provocar piora do parkinsonismo. Esses fármacos não são recomendados na DP. Os antipsicóticos de
primeira geração (APPGs), como o haloperidol e a clorpromazina, são contraindicados na DP, pois podem piorar os sintomas motores
por meio do bloqueio de receptores D2 estriatais.No tratamento de sintomas psicóticos relacionados ao tratamento antiparkinsoniano,
as doses de antipsicóticos (APs) empregadas costumam ser muito menores que as indicadas em transtornos psicóticos primários. Os
APs não estão indicados no tratamento de sintomas neurocognitivos da DP.
REFERÊNCIAS
 CORDIOLI, Aristides, et al. Psicofármacos. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2015;

 SCHATZBERG, Alan e BATTISTA, Charles. Manual de Psicofarmacologia Clínica. 8 ed.

Porto Alegre: Artmed, 2017;

 STAHL, Stephen M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas;tradução

Patricia Lydie Voeux; revisão técnica Irismar Reis de Oliveira. – 4. ed. – Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.

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