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Avaliação laboratorial
da autoimunidade e
da predisposição ao
diabetes mellitus tipo 1
1. Introdução
6. Mensagens finais
1. Introdução
O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) corresponde a o DM1 pode também acometer adultos, que,
aproximadamente 5 a 10% de todos os casos em geral, desenvolvem uma forma lentamente
de diabetes. A sua incidência e prevalência têm progressiva, denominada Diabetes Autoimune
aumentado,sendo a forma mais comum de dia- Latente do Adulto (Latent Autoimmune Diabetes
betes na infância e adolescência.1 No entanto, of the Adult; LADA).2
O mecanismo fisiopatogênico do DM1 consiste encontrados nos pacientes com DM1 e as suas
na destruição autoimune das células ß das ilhotas principais características são apresentados na
pancreáticas.1 Os marcadores de autoimunidade tabela 1.
Frequência de
Anticorpo Sigla Peculiaridades
positividade do DM1
50 a 60%
e > 90%
Anti-insulina IAA Pode estar presente em pacientes insulinizados.
em pacientes
com < 15 anos
70% ao diagnóstico
Antidescarboxilase Presente em > 40% dos pacientes com síndrome poli-
Anti-GAD e 50% após 10 anos
do ácido glutâmico glandular autoimune. Auxilia no diagnóstico do LADA.
de diagnóstico
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No início do DM1, quase todos os pacientes apresentam anticorpos negativos, menos de
apresentam algum anticorpo. Quando quatro 10% têm apenas um marcador, e cerca de 70%
marcadores são medidos, IAA, anti-GAD, IA2 e têm três ou quatro marcadores.4
ICA ou anti-ZnT8A, somente 2-4% dos pacientes
Diversos estudos indicam que medir os anticor- são indicados no contexto de ensaios clínicos
pos em indivíduos geneticamente predispostos de prevenção em DM1. A presença de anticor-
permite a identificação daqueles sob maior risco pos em indivíduos sem diabetes clinicamente
de desenvolver DM.15 Porém, dosar os anticor- manifesto tem sido denominada diabetes tipo 1
pos rotineiramente deve ser feito com cautela, pré-clínico, que corresponde aos estágios pre-
uma vez que pode gerar ansiedade no pacien- coces da doença (estágios 1 e 2), conforme
te e seus familiares. Normalmente, tais testes apresentado na tabela 2.5
Estágios
1 2 3
Hiperglicemia evidente e
Disglicemia: níveis glicêmicos
de início recente, crité-
Normoglicemia: alterados, compatíveis com
rios clássicos para diag-
pré-diabetes (jejum entre
Níveis glicêmicos glicemia de jejum, nóstico de DM (glicemia
100 e 125 mg/dL, 2 horas no
para diagnóstico TOTG e HbA1c de jejum ≥ 126 mg/dL,
TOTG entre 140 e 199 mg/
normais 2 horas no TOTG ≥ 200
dL, ou HbA1c entre 5,7
mg/dL, ou HbA1c
e 6,4%)
≥ 6,5%*)
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4. Como avaliar a predisposição ao DM1?
O DM1 tem forte associação com os antígenos anticorpos específicos (anti-GAD, anti-IA2 e
leucocitários humanos (human leukocity antigen; antiinsulina) apresentam chance considerável de
HLA) e, recentemente, a descoberta de muta- desenvolver a doença.2 Essas particularidades
ções em determinados genes relacionados ao genéticas têm importância clínica, pois a maio-
HLA (genes DQA e DQB) tem potencial papel na ria das mutações que causam DM1 tem padrão
avaliação da predisposição ou proteção ao DM1.1 de herança autossômica dominante, permitindo
Por exemplo, pacientes que apresentam o alelo que o médico tenha acesso a mais informações
de risco HLA-DRw3 e DRw4 e pelo menos dois que subsidiem o aconselhamento genético.1
Indivíduos com DM1 têm maior predisposição a Na prática clínica, o screening para doença ti-
outras doenças autoimunes, incluindo tireoidite reoidiana e doença celíaca deve ser considerado
de Hashimoto, doença de Graves, doença ce- mesmo em indivíduos assintomáticos.7 As prin-
líaca, doença de Addison, vitiligo, hepatite au- cipais recomendações da American Diabetes
toimune, dermatomiosite, miastenia gravis e Association (ADA)8 e das Diretrizes da Sociedade
anemia perniciosa.6 Brasileira de Diabetes (SBD)2 para esse rastreio
estão apresentadas na tabela 3.
Tabela 3 - Screening para doenças autoimunes no paciente com diabetes mellitus tipo 1.
Em adultos com DM1, a investigação de doença celíaca DEVE SER CONSIDERADA na presença de ma-
nifestações gastrointestinais, perda de peso, controle metabólico ruim ou hipoglicemias inexplicáveis.
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6. Mensagens finais
No seguimento, realizar
rastreamento periódico
para doenças autoimunes,
especialmente doença
tireoidiana e
doença celíaca
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Referências
Bibliográficas
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