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HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO

PSICOLÓGICA
DA EXPERIMENTAÇÃO PARA A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Primórdios: Psicologia Experimental; nascimento
da Psicologia Moderna (Wundt);
A origem do uso da avaliação psicológica parece
estar associada a um encadeamento de eventos e
de relações entre pesquisadores que remetem a
Wilhelm Wundt (1832-1920);
Hermann Ebbinghaus (1850-1909), autor dos
primeiros estudos experimentais sobre memória.

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A Década de Galton: 1880
Para Francis Galton (biólogo inglês), a avaliação das aptidões
humanas se dava por meio da medida sensorial, por meio da
capacidade de discriminação do tato e dos sons.
A contribuição de Galton para a psicometria ocorreu em três
áreas:
 Criação de testes antropométricos para medida de
discriminação sensorial (barras para medir a percepção de
comprimento); Apito para percepção de altura do tom;
 Criação de escalas de atitudes (escala de pontos,
questionários e associação livre);  
 Desenvolvimento e simplificação de métodos estatísticos
(método da análise quantitativa dos dados coletados).
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A Década de Cattell: 1890
Influenciado por Galton, James M. Cattell (psicólogo
americano) desenvolveu medidas das diferenças
individuais, o que resultou na criação da terminologia
Mental Test (teste mental).
Elaborou em Leipzig sua tese sobre diferenças no Tempo
de Reação.
Este estudo consiste em registrar os minutos decorridos
entre a apresentação de um estímulo ou ordem para
começar a tarefa, e a primeira resposta emitida pelo
examinando.
Cattell seguiu as idéias de Galton, dando ênfase às medidas
sensoriais, porque elas permitiam uma maior precisão.
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A Década de Binet: 1900
Seus interesses se voltavam para a avaliação das
aptidões mais nas áreas acadêmica e da saúde.
Em 1905, Binet e Simon desenvolveram o primeiro
teste com 30 itens (dispostos em ordem crescente de
dificuldade) com o objetivo de avaliar as mais variadas
funções como julgamento, compreensão e raciocínio,
para detectar o nível de inteligência ou retardo mental
de adultos e crianças das escolas de Paris.
Estes testes impulsionaram a era dos testes com base
no Q.I. (idealizado por W. Stern).
Q.I. = 100 (IM / IC)

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A Década de Binet: 1900
O período de 1910-1930 é considerado a era dos testes de
inteligência sob as influências:
 do segundo teste de Binet e Simon (1909);
 do artigo de Spearman sobre o fator G (1909);
 da revisão do teste de Binet para os EUA (Terman, 1916);  e
 do impacto da Primeira Guerra Mundial com a necessidade
de seleção rápida e eficiente, de contingente para as Forças
Armadas.
Na Bahia, em 1924, Isaias Alvez fez a adaptação da escala
Binet-Simon, considerada como um dos primeiros estudos
de adaptação de instrumentos psicométricos no Brasil .

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A Década da Análise Fatorial: 1930
Por volta de 1920, diminuiu o entusiasmo pelos testes
de inteligência, sobretudo por se demonstrar
dependentes da cultura onde foram criados, o que
contrariava a idéia de fator geral universal de
Spearman.
Thurstone é relevante para a época, em vista de que,
além de desenvolver a análise fatorial múltipla, atuou
no desenvolvimento da escalagem psicológica
(Thurstone e Chave, 1929) fundando, em 1936, a
Sociedade Psicométrica Americana e a revista
Psychometrika.

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A Era da Sistematização: 1940-1980
Esta época é marcada por duas tendências opostas: os trabalhos de
síntese e os de crítica.
Em 1954, Guilford reedita Psychometric Methods e tenta
sistematizar a teoria clássica, e Torgerson (1958) lança a teoria
sobre a medida escolar.
Além disso, Cattell e Warburton (1967) procuraram sintetizar os
dados de medida em personalidade, e Guilford (1967) reedita a
teoria sobre a inteligência.
Entre os trabalhos da crítica, destaca-se Stevens (1946), que
levantou o problema das escalas de medidas.
Divulgou-se também a primeira crítica à teoria clássica dos testes
na obra de Lord e Novick, que iniciou o desenvolvimento de uma
teoria alternativa, a do traço latente, que se junta à teoria moderna
de Psicometria, e a Teoria de Resposta ao Item - TRI.
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A Era da Psicometria Moderna (Teoria
de Resposta ao Item - TRI): 1980
Talvez chamar a era atual de TRI seja inadequada,
porque:
a) Esta teoria, embora seja o modelo no Primeiro
Mundo, ainda não resolveu todos seus problemas
fundamentais para se tornar um modelo definitivo de
psicometria; e,
b) Ela não veio para substituir toda a psicometria
clássica, mas, apenas partes dela. Porém, é o que há de
mais novo nesse campo.

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Teoria da Resposta ao Item
A Teoria da Resposta ao Item, muitas vezes abreviada apenas
por TRI, é uma modelagem estatística utilizada em medidas
psicométricas, principalmente na área de avaliação de habilidades
e conhecimentos.
A aplicação mais freqüente da TRI são as avaliações de
habilidades e conhecimentos em Testes de Múltipla Escolha.
A TRI, contudo, pode abranger também testes dissertativos além
de poder abarcar várias outras áreas onde se deseje obter uma
medida indireta de alguma característica, por exemplo: estimar a
altura de uma pessoa através de um questionário com perguntas
indiretas como "Você costuma abaixar a cabeça ao passar por uma
porta?" onde sabemos que as respostas "sim" e "não" estão
correlacionadas com a característica a ser medida indiretamente,
no caso a altura da pessoa.
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QUOCIENTE DE INTELIGÊNCIA - QI
Quociente de inteligência (abreviado para QI, de
uso geral) é uma medida obtida por meio de testes
desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas de
um sujeito, em comparação ao seu grupo etário.
A medida do QI é normalizada para que o seu valor
médio seja de 100 e que tenha um determinado desvio-
padrão, como 15, por exemplo.

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História do Estudo do Q.I.
Os testes de inteligência surgiram na China, no século V, e
começaram a ser usados cientificamente na França, no Séc. XX.
Em 1905, Alfred Binet, e o seu colega Theodore Simon criaram
a Escala de Binet-Simon, usada para identificar estudantes
que pudessem precisar de ajuda extra na sua aprendizagem
escolar.
Em 1912, Wilhelm Stern propôs o termo “QI” (quociente de
inteligência) para representar o nível mental, e introduziu os
termos “idade mental” e “idade cronológica”.
Stern propôs que o QI fosse determinado pela divisão da
idade mental pela idade cronológica. Assim uma criança
com idade cronológica de 10 anos e nível mental de 8 anos teria
QI 0,8, porque 8 / 10 = 0,8.
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História do Estudo do Q.I.
Em 1916, Lewis Madison Terman propôs multiplicar o QI
por 100, a fim de eliminar a parte decimal: QI = 100 x IM /
IC, em que IM = idade mental e IC = idade cronológica.
Com esta fórmula, a criança do exemplo acima teria QI 80.
A classificação proposta por Lewis Terman era a seguinte:
 QI acima de 140: Genialidade
 121 - 140: Inteligência muito acima da média
 110 - 120: Inteligência acima da média
 90 - 109: Inteligência normal (ou média)
 80 – 89: Embotamento (dificuldade de expressão)
 70 - 79: Limítrofe
 50 - 69: Cretino
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História do Estudo do Q.I.
Sendo assim, a fórmula exata do QI é:

Q.I. = 100 (IM / IC)


 

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História do Estudo do Q.I.
Em 1939, David Wechsler criou a primeiro teste de QI
desenvolvido explicitamente para adultos, tendo abandonado o
sistema da divisão da "idade mental" pela cronológica (metódo
que não faria grande sentido para adultos). Em vez disso, os testes
passaram a ser calibrados de forma a que o resultado médio fosse
100, com um desvio-padrão de 15.
Em 2005, o teste de QI mais usado no mundo foi o Raven
Standard Progressive Matrices. O teste individual mais usado é o
WAISS-III. O teste de Q.I. individual mais administrado em
pessoas de 6 a 16 anos é o WISC-III (Escala de Inteligência
Wechler para Crianças).
Outro teste de Q.I. comumente utilizado em crianças é a Escala de
Bailey de Desenvolvimento Infantil, que diagnostica situações de
retardo mental com grande precisão.
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História do Estudo do Q.I.
A classificação, originalmente proposta por Davis Wechsler era
a seguinte:
 QI acima de 127: Superdotação
 121 - 127: Inteligência superior
 111 - 120: Inteligência acima da média
 91 - 110: Inteligência média
 81 - 90: Embotamento ligeiro
 66 - 80: Limítrofe
 51 - 65: Debilidade ligeira
 36 - 50: Debilidade moderada
 20 - 35: Debilidade severa
 QI abaixo de 20: Debilidade profunda
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Reflexão Crítica
Embora não haja um consenso sobre o que é a
"inteligência" e sobre o que é medido por um teste
teoricamente projetado para medir a inteligência, o
fato é que os testes de QI medem um conjunto de
habilidades que correlacionam fortemente aptidões
acadêmicas e produção intelectual, especialmente no
intervalo de QI´s entre 50 e 140.
Os testes medem a inteligência mesclada com outras
características "residuais", por assim dizer, e também
deixam de medir algumas facetas da inteligência.

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QUADRO RESUMO DOS
ANTECEDENTES HISTÓRICOS

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A década de 1880 Principal responsável pelo lançamento do movimento de
Galton testagem;
Avaliação das aptidões por meio de medidas sensoriais;
Estava interessado na hereditariedade humana;
Defendia analises estatísticas aplicadas aos fenômenos
mentais e comportamentais.
A década de 1890 Medida de diferenças individuais;
Cattell  Inaugura o termo “teste mental”;
Valorizava a acuidade e velocidade perceptiva.
A década de 1900 Avaliação das aptidões visando à predição na área acadêmica
Binet e da saúde;
Crítica aos testes usados;
Elabora testes com  conteúdos mais cognitivos;
Inaugura a era dos testes incluindo de Q.I.

A era dos 1910-  Teste de inteligência de Binet-Simon (1905);


testes de 1930  O artigo de Spearman sobre o fator g – 1904.
inteligência [Spearman propõe a teoria bifatorial de inteligência: um fator
de inteligência geral (g) e um fator de inteligência específico
(s)];
 Revisão do teste de Binet para os EUA (1916);
 Impacto da 1ª guerra mundial (ocasião em que foram
construídos centenas de testes).
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Década da 1930  Declínio dos testes de inteligência;
Análise Fatorial  Thurstone desenvolve a análise fatorial múltipla e
técnicas de escalonamento.

A era da 1940- Duas tendências opostas: a) síntese e b) crítica


sistematização 1980 a) Guilford / Turstone / Cattell
Visão multidimensional de inteligência
Sistematização da psicometria e de uma teoria sobre
inteligência/;
Construção de normas para elaboração de testes.
b) Stevens e Sternberg
Pesquisas direcionam-se para explicar a inteligência a
partir de uma inter-relação do sujeito com o mundo e
suas diversas habilidades mentais;
Início da teoria cognitiva buscando superar as
dificuldades da psicometria.

A era da 1980 TRI (teoria de resposta ao item)


Psicometria  Ainda não está pronta. Não substitui toda
Moderna psicometria,apenas parte dela.
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E no Brasil ...
De acordo com Pasquali e Alchieri (2001), é
possível apreender a história da avaliação
psicológica brasileira em cinco grandes
períodos, decorrentes do desenvolvimento
do campo de conhecimento científico e
cultural.

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E no Brasil ...
O primeiro período, entre 1836 a 1930:
1. Psicologia como novo campo de estudo das
faculdades de medicina
2. Uso de métodos da psicologia nas escolas normais
3. Surgimento de centros de pesquisa psicobiológica
junto aos laboratórios em instituições relacionadas à
área de saúde;
O segundo período, entre 1930 e 1962, os autores
situam a criação das primeiras universidades e
conseqüente movimento de organização da Psicologia,
tanto no ensino e pesquisa quanto na própria profissão.
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E no Brasil ...
No terceiro período, entre 1962 e 1970, houve a
regulamentação da Psicologia como disciplina e como
profissão (Lei nº 4.119 de 1962), culminando com a criação
do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e os Conselhos
Regionais de Psicologia (CRP), Lei 5.766 de 1974.

A rápida expansão da Psicologia acarretou na queda de


qualidade dos cursos por falta de docentes qualificados,
especialmente na área de avaliação psicológica, provocando
um crescente desinteresse pela aprendizagem de medidas
psicológicas, descrédito e banalização no uso dos
instrumentos objetivos, associados ao engessamento na
construção e atualização de instrumentos nacionais
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E no Brasil ...
No quarto período, entre 1970 e 1990, Pasquali e Alchieri
(2001) retrataram um momento de expansão da Psicologia,
mas marcado por crises.
Enquanto surgiam cursos de pós-graduação, que
possibilitaram o aumento do ensino e de pesquisas em
avaliação psicológica, faltavam docentes qualificados.
Em relação aos testes psicológicos, este período foi pobre,
havendo sido abandonados ou usados sem atualização de
suas normas.
A pesquisa foi nula, assim como a produção e publicação de
artigos, o que se faz sentir no despreparo dos profissionais e
docentes da área de avaliação psicológica até os dias de hoje.
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E no Brasil ...
No quinto período, entre 1990 até hoje, as
repercussões negativas dos testes psicológicos,
resultantes dos processos judiciais contrários aos
resultados de avaliações psicológicas, geraram a
mobilização de alguns profissionais, pesquisadores e,
em especial, do CFP.
As ameaças de ordem judicial para extinguir o
Psicotécnico no Trânsito em 1997 culminaram com uma
tomada de atitude por parte da classe dos psicólogos e
dos Conselhos para verificar os problemas das técnicas
de avaliação psicológica.

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Os testes psicológicos no Brasil
No Brasil, o declínio do interesse pelos testes psicológicos,
perdurou até quase o final da década de 80. Isso ocorreu,
principalmente, porque: 
 Enfoque humanista na compreensão do comportamento humano;
 Ênfase na liberdade como característica fundamental;
 Reflexão de que a medida em Psicologia é impraticável ou uma
maldição. Medir era como destruir o objeto psicológico;
 Falta de recursos humanos especializados na Psicometria, o
que tem sido, ainda, um desastre para a credibilidade e
construção de testes no Brasil;
 Baixa qualidade gráfica do material comercializado pelas
editoras.
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Os testes psicológicos no Brasil
atualmente
Um novo movimento pode ser identificado entre os
psicólogos deste país: uma atitude mais sóbria e ponderada
com relação aos instrumentos psicológicos, sobretudo os de
abordagem qualitativa.
Atualmente, algumas universidades, já reconhecem os
testes como instrumentos valiosos e necessários para a
prática e a investigação, bem como uma visão mais crítica
do poder de alcance deles no diagnóstico, na predição e na
tomada de decisão sobre seus resultados.
O Conselho Federal de Psicologia vem se preocupando com
o problema dos testes no Brasil desde o início da década de
90, enfatizando a necessidade de pesquisa em psicometria
no Brasil.
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Os testes psicológicos no Brasil
atualmente
A legislação não vem resolver os problemas decorrentes do uso ou
abuso das avaliações psicológicas ou do mau uso dos testes, mas
vem impondo mais responsabilidade ao psicólogo com respeito à
qualidade dos instrumentos que utilizam.
A legislação forçou o psicólogo a assumir com maior
responsabilidade seu papel de profissional na avaliação
psicológica, sujeito às leis da qualidade e de prestação de serviços
à sociedade, qualidade esta que pode ser judicialmente exigida
pela sociedade.
O Conselho Federal de Psicologia promove a resolução CFP
022/2003 criando um sistema de avaliação de testes psicológicos.
O instrumento de avaliação é o recurso usado para este fim e deve
ser escolhido cuidadosamente, levando-se em conta cada caso e
cada situação. 28

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