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Émile Durhkheim
(1858-1917)
As formas elementares da vida religiosa (1912), obra que pretende colocar o fato religioso em bases
teóricas distintas do evolucionismo, é um verdadeiro mapa do pensamento do século XIX relativo ao
estatuto da religião em suas relações com a filosofia e a teoria do conhecimento. Nesse trabalho, Durkheim
toma o totemismo como uma forma elementar de religião que, pela sua simplicidade, permitiria acessar o
fundamento de toda configuração religiosa como um modo de conhecimento sistemático do mundo a partir
de sua divisão nas categorias sagrado e profano, formas primeiras e universais de "representação". O
totemismo também é estratégico para a tese durkheimiana de que as categorias de pensamento não são
dadas a priori, isto é, não são anteriores à experiência nem imanentes ao espírito.
Após a morte de Durkheim, em 1917, a cátedra foi assumida por Marcel Mauss (1872-1950), Henri Hubert
(1872-1927) e Maurice Leenhardt (878-1954) que vão escrever sobre rituais e sacrifícios nas Ilhas da
Melanésia, esse trabalho é peça chave para o desenvolvimento das teorias sobre Dádiva e sobre as
formas de classificação das sociedades pensadas nesse período pela noção de sociedades primitivas
Roger Bastide ingressa como pesquisador da Cátedra entre os anos 30, quando resolve se distanciar dos
recorte empírico escolhido por Mauss e decide pensar religião e sistemas de pensamento nos ritos
africanos.
Em 1951 Claude Levi-Strauss assume a cátedra alterando seu nome para Religiões das Sociedades sem
escrita
RELIGIÃO E CONHECIMENTO
O interesse pelos mitos, ritos de iniciação, pela religião e pela magia foi uma constante na
antropologia francesa do século XX, e se mantém consideravelmente estável até hoje.
Além de defender a posição de que as ideias religiosas não podem ser consideradas indícios
de um pensamento ou emoção aberrantes ou equivocados, ainda se postula que a
mentalidade religiosa constitui um modo particular de expressar o real e a vida social.
"[...] [D]ebaixo do símbolo, é preciso saber atingir a realidade que ele figura e que lhe dá sua
significação verdadeira [...]” (Durkheim, 1912, p.83)
Roger Bastide (1898 – 1977)
Nascido em Nimes, França em abril de 1898, no seio de uma família protestante, desde muito jovem se
interessa por temáticas religiosas
Como membro da "missão francesa" contratada para núcleo do corpo docente da Faculdade de Filosofia de
São Paulo, lecionou quase vinte anos no Brasil (1937-1954), onde recebeu o título de "doutor honoris causa"
pela Universidade de São Paulo
Bastide dedicou seu trabalho ao estudo de ‘manifestações religiosas de matriz africana’, com experiências
etnográficas na Bahia e em São Paulo, além das pesquisas realizadas no Nordeste da África, transitando pela
Nigéria e por Daomé (atual República do Benin).
No Brasil, seus interesses pessoais e profissionais voltam se especialmente para o Candomblé, iniciando sua
pesquisa nos anos 1940 na Bahia
. Foi membro das sociedades de sociologia e psicologia de São Paulo, de antropologia no Rio de Janeiro, de
folclore no Rio Grande do Norte, e do Instituto Histórico do Ceará.
O candomblé na Bahia: Rito nagô (1944) –
Roger Bastide
Quem foi trazido e escravizado no país
durante o século XIX?
- Golfo de Benin
• A Bahia recebeu 371 mil pessoas nagôs entre 1800 e1850, quase 7 vezes a
população da cidade de Salvador e 1850
• O grande êxodo desses africanos para o Rio de Janeiro – em ritmo jamais visto antes na
história – começou com a Revolta dos Malês, que sacudiu a Bahia em 1835. O levante,
organizado pelos africanos muçulmanos, tinha como objetivo o fim da imposição do
catolicismo, a libertação dos escravos e a tomada do poder político da província. O governo
de Salvador respondeu aos rebeldes com atos duríssimos, e os proprietários baianos de
escravos passaram a temer a “índole rebelde” dos cativos oriundos da Costa da Mina. Fora
isso, a queda contínua do preço do açúcar no mercado internacional, a partir de 1830, levava
os senhores de engenho a buscar novas formas de enfrentar a crise. Com a Revolta dos Malês,
a solução encontrada foi vender, em grande quantidade, seus escravos para a Corte carioca.
Porto de benin/ costa da mina
´nagôs´ escravizados chegando na Bahia em
1862
Pensando a África no Brasil
Porções africanas: Para Bastide essa África brasileira não seria uma cópia original do modelo das
relações africanas, mas sim, algo que se constitui num processo de decantação das memórias
africanas, constituída pela relação entre pessoas negras e pessoas brancas
Não existe fronteiras entre o real e o sobrenatural – a observação do candomblé contribui para o
distanciamento da noção de mentalidade primitiva
Os rituais do candomblé e a compreensão da epistemologia afro-americana
- Pensar como os ritos de iniciação (rituais privados) são mais importantes que os cultos públicos
A centralidade do sacrifício
(Bastide se distancia da noção de participação desenvolvida por Levi Bruhl ao falar da mentalidade primitiva )
as relações de continuidade entre os orixás e alguns santos católicos permitem pensar uma episteme baseada
na produção de sistemas de complementariedade orientada