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Adenocarcinoma de próstata

Múcio Costa Loureiro


Residente de Cirurgia Geral na Santa Casa de Montes Claros
Orientador: Sérgio Rameta
Epidemiologia
• O 2º tipo de câncer mais diagnosticado em homens, atrás apenas do
câncer de pele.
• Prevalência em menores de 30 anos é de 5%
• Para maiores de 79 anos chega a 59%
• Em 2018 tiveram 68.220 novos casos
• Em 2015 o número de mortes foi 14.484
Etiologia
• História familiar positiva
Se presente no pai aumenta o risco em 1.8 vezes
Se presente no pai aumenta e 1 irmão o risco em 5.51 vezes
Se presente no pai aumenta e 2 irmãos o risco em 7.71 vezes
Não é mais agressivo que o não familiar.
• Estilo de vida
Japonês vs Norte Americano
• Síndrome metabólica
- Circunferência abdominal, hipertensão - ↑ risco
- HDL, triglicérides e glicemia - ↓ risco se ≥ 3 fatores
• Fatores dietéticos
Bebida alcoólica - consumo moderado é protetor
Fitoestrógenos – fator protetor (maçã, uva, cenoura, amêndoas, café)
Tomate – comparado ao placebo não é estatisticamente significativo
Níveis de vitamina D – baixos ou elevados são fator de risco.
Anatomia
• Dimensões: 3cm de comprimento, 4cm de largura e 2cm de
profundidade
• O peso médio aos 20 anos de idade da próstata é de 20g e há um
crescimento de 0,4g/ano a partir dos 30 anos
• Posteriormente à sínfise púbica, superior à membrana perineal,
inferior à bexiga e anterior ao reto
• Suprimento arterial: aorta – ilíaca comum - ilíaca interna – vesical
inferior – prostática
• Drenagem venosa: veia dorsal profunda – veia ilíaca interna
• Drenagem linfática: canais linfáticos ilíacos internos
Rastreamento
Sociedade Europeia de Urologia
• É razoável rastrear quando a expectativa de vida superior a 10-15 anos
• Não solicitar o PSA sem informar ao paciente os riscos e benefícios
• Pode solicitar o PSA para homens bem instruídos com risco aumentado
- > 50 anos de idade
- > 45 anos de idade e história familiar
- > 45 anos de idade afro-americanos
Ministério da Saúde
Não há evidência científica de que traga mais benefícios do que riscos.
Investigar quando houver sintomas como:
• Dificuldade de urinar
• Diminuição do jato de urina
• Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite
• Sangue na urina
• Caso haja indicação deve-se realizar:
Toque retal + PSA

• Se assintomático, toque normal e PSA entre 2 e 10 ng/ml


Investigar com ressonância magnética

• Se biopsia negativa, repetir se:


PSA continuar aumentando
Toque com alteração bem perceptível
Complicações após biópsia
Ressonância Magnética
• Não usar como método de rastreio inicial
• Biopsias sistemáticas são aceitáveis na indisponibilidade da RM
• Em pacientes com biopsia negativa realizar RM antes de nova biopsia
• Quando PI-RADS ≥ 3 realizar a biopsia
• Quando PI-RADS ≤ 2 e a suspeita é grande deve-se realizar a biopsia
PI-RADS
• PI-RADS 1 – Muito baixo: A zona
periférica é totalmente hiperintensa
• PI-RADS 2 – Baixo: Lesão focal discreta e
hipointensa, apresentando forma de
cunha ou faixa e mal definida
• PI-RADS 3 – Intermediário: As alterações
não se enquadram nas categorias 1 e 2
nem nas 4 e 5
• PI-RADS 4 – Alto: Lesão focal bem
hipointensa, arredondada, bem definida
e sem extensão extracapsular
• PI-RADS 5 – Muito alto: Massa mais
hipointensa, redonda, volumosa, pode
ocorrer envolvimento capsular ou com
invasão da vesícula seminal
Classificação e estadiamento
Escore de Gleason
• É calculado com a soma dos 2 tipos histológicos mais encontrados
Câncer de próstata localizado

Câncer de próstata avançado

Câncer metastático
Câncer de próstata localizado

• Vigilância ativa
• Oferecer tratamento definitivo (prostatectomia radical ou radioterapia)
• Realizar estadiamento com TC ou RM e cintilografia óssea
• Recomendar prostatectomia radical ou radioterapia associada a
bloqueio androgênico
• Radioterapia isolada e criocirurgia podem ser usadas, mas tem fraca
evidência
• Vigilância ativa pode ser oferecida, mas há maior risco de metástase.
• Recomendar observação se expectativa de vida < 5 anos
• Realizar estadiamento com TC ou RM e cintilografia óssea
• Recomendar prostatectomia radical ou radioterapia associada a bloqueio
androgênico
• Vigilância ativa somente para assintomáticos com expectativa < 5 anos
• Criocirurgia e terafia focal não são recomendadas
• Encaminhar para aconselhamento genético o mesmo e familiares.
Câncer de próstata avançado
• Oferecer a prostatectomia a pacientes com T3b-T4 N0 ou qualquer N1
• Para pacientes com doença localmente avançada (N0), oferecer
radioterapia em combinação com terapia de privação androgênica
• Monoterapia com terapia de privação androgênica aos pacientes que
não desejam ou não podem receber outra forma de tratamento ou
para aqueles que o PSA dobra a cada 12 meses ou PSA> 50 ng /mL
Câncer metastático
• Oferecer tratamento paliativo e reduzir o risco de sequelas graves de
doença avançada (compressão da medula espinhal, fraturas
patológicas, obstrução ureteral)
• Oferecer castração combinada com quimioterapia a todos os
pacientes cuja primeira apresentação é a doença mestática
Prostatectomia
• Pode ser aberta, laparoscópica ou robô-assistida
• Técnica robô-assistida tem pós operatório melhor. Estudos mostram resultados
controversos relacionados a incontinência urinária e disfunção erétil
• Preservação dos nervos é associada a melhor recuperação da função erétil
• Linfadenectomia pélvica é recomendada para aqueles com doença de risco
intermediário desfavorável e alto risco
• Radioterapia adjuvante é aconselhada quando são identificados tumores
localmente avançados
• Persistência de PSA detectável pode significar: persistência de doença local,
metástase prévia ou resíduo benigno de tecido prostático. Investigar com PET-
TC
High-intensity focused ultrasound (HIFU)
• Usa energia de alta frequência para aquecer e destruir as células
cancerígenas na próstata
• Indicações:
Câncer localizado
Pode ser usado no avançado
Não indicado no metastático
• Efeitos colaterais: urinários e disfunção erétil
• Não substitui a terapia clássica, mas pode
adiar a necessidade de medidas invasivas
Referências
• Associação Europeia de Urologia. Guideline edição 2019
• CHAUSSY, C. G. et al. Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade para Tratamento de Câncer de
Próstata: Uma Revisão. Journal of endourology. Vol 31. Abr., 2017.
• Colégio Americano de Radiologia. Relatório de imagens de próstata e sistema de dados. PI-
RADS, 2015.
• KIYOSHIMA K. et al. Características anatômicas do tecido periprostático e seus arredores: uma
análise histológica de 79 espécimes de prostatectomia radical retropúbica. Jornal de
Oncologia. Ago., 2004.
• Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). ABC do
câncer, 2017
• Sociedade Brasileira de Urologia. Diretrizes: guia de bolso. Arquivo Brasileiro de Urologia, 2017
• WEINREB, J. C. et al. Sistema de relatórios e dados de imagem em próstata. Urologia europeia,
2016.

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