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AULA: CÂNCER DE OVÁRIO

Paciente de 68 anos, branca, viúva, do lar, natural e procedente de Patrocínio Paulista

QP: Desconforto abdominal há 8 meses

HPMA: Paciente refere que há 8 meses vem apresentando sensação de “empachamento” em


abdome, com sensação de má digestão e inchaço local. Também refere episódios frequentes de
dor em região pélvica, de leve intensidade, que melhora quando usa buscopan. Fez consulta
com cirurgião geral, que solicitou endoscopia e colonoscopia, com resultados normais. Último
exame ginecológico há mais de 5 anos.

AP: G4P4A0
Menarca aos 10 anos
Menopausa aos 48 anos (nega uso de terapia hormonal)
Sexarca aos 16 anos (2 parceiros)
HAS desde os 30 anos após a última gestação (em uso de enalapril)
Hipotireoidismo ( em uso de levotiroxina 75 mcg )
Nega tabagismo e etlismo;
Nega alergias
Sedentária
Cirurgias = setor de mama esquerda há 15 anos ( Anátomo: adenose esclerosante )

AF: HAS (mãe e primas)


CÂNCER DE OVÁRIO (tia materna aos 45 anos)

EF: BEG, corada, hidrat, eupneica, Peso = 98 kg, Estatura = 1,60cm, PA = 110/80 mmHg
Mamas: simétricas, volumosas, sem abaulamentos ou retrações às inspeções estática e
dinâmica, Ausência de linfonodos palpáveis em axilas e fossas supra e infra claviculares, sem
nódulos à palpação
Abdome: flácido, indolor, globoso, RHA + e normais, com massa palpável a 5 cm da sínfise
púbica, consistência endurecida, pouco móvel, sem sinais clínicos de ascite
MMII: sem edema
OGE: vulva atrófica; pilificação adequada para idade; sem distopias
Especular: colo uterino atrófico, incorporado à parede vaginal, sem secreções e lesões
associadas
TV: presença de massa palpável em fundo de saco Douglas à direita, pouco móvel, a 5 cm da
sínfise púbica, indolor à palpação.

Diante do caso:
1) Quais os diagnósticos sindrômicos dessa paciente?
Massa pélvica

2) Existem fatores de risco para o câncer de ovário? Quais? E de proteção?


Fatores de risco:
– Hist. Familiar (aumenta 3x)
– Idade (+/-60 anos)
– Mutação BRCA (Sínd. CA Mama-ovário hereditária)
– Sind. Lynch II
– Menacme longa (menarca precoce e menopausa tardia)
– Nuliparidade: maior que 30-60%
– Indutores de ovulação
– Obesidade: IMC > ou = 30 Kg/m2, predispõe a conversão periférica do estrogênio
– Tabagismo: mucinoso
– Endometriose: estado inflamatório crônico e infertilidade associada.
Fatores de proteção:
– Amamentação: inibe função ovariana
– Multiparidade
– Uso de anovulatórios: quimioprevenção (queda de 50%)
– Salpingo-ooforectomia profilática: mutação BRCA
– Laqueadura tubária: redução do fluxo sanguíneo e diminuição da ascensão para o ovário
de de fatores carcinógenos (queda de 30%)

3) Quais exames deve-se solicitar? Qual a recomendação para o rastreamento das patologias
ovarianas?
Rastreio (controvérsias - não existe rastreio para câncer de ovário)
Síndromes genéticas (Síndrome de Sind. Lynch II, começaria o rastreio a partir de 35 anos):
– Semestral a anual: dosagem de CA125, USGTV
– Anual: exame pélvico e dopplerfluxometria

4) Foi realizado o ultrassom transvaginal, que evidenciou: útero AVF 28cc, endométrio = 2,5 mm
e presença de imagem cística em ovário direito, de aproximadamente 6 cm, com vegetação em
seu interior. Baixa resistência ao doppler. Em ovário esquerdo, nota imagem cística de contornos
irregulares, também com baixa resistência ao doppler. Como essa massa é classificada nos
critérios de IOTA? Descreva os parâmetros considerados.
Massa altamente suspeita
Parâmetros de malignidade identificados: baixa resistência, contorno irregular, vegetações,
bilaterais
5) Em relação aos marcadores tumorais, correlacione-os com suas linhagens epiteliais
preferenciais.
Marcadores tumorais:
– O CA 125 (positivo > 35 ui/ml) é o marcador tumoral mais sensível para os tumores
epiteliais, especialmente os serosos.
– O CA-19-9 é particularmente mais sensível para tumores ovarianos mucinosos (positivo >
40 ui/ml)
– CEA: tumores mucinosos e tumores embrionários
– Alfafetoproteína e HCG: coriocarcinoma que é um tumor germinativo.
– LDH: Disgerminoma (infância)
– Estradiol: Tumor de células da granulosa
– Progesterona: Tecoma
– Testosterona: Tumores das células de Sertoli e Leydig

6) Qual a principal função da coleta de Ca125 nesse caso?


O CA-125 complementa à avaliação tumoral e é útil para o seguimento pós-tratamento.

7) Como fazer o diagnóstico e estadiamento da doença? Cite os passos


Diagnóstico:
– Diagnóstico definitivo é histopatológico.
– Sintomas inespecífico: sangramento genital, aumento do volume abdominal, dor

abdominal e pélvica.
– USGTV: exame de imagem de 1° escolha
– TC: analisa extensão e metástase
Estadiamento: cirúrgico
– Laparoscopia
– Congelamento
○ Se - para malignidade: laparoscopia
○ Se + para malignidade: laparotomia (é o procedimento mais indicado pela maioria
dos autores no caso de malignidade)
Tumores malignos
– Cirurgia minimamente invasiva (CMI) (laparoscopia-LSC/robótica) ou laparotomia
exploradora (preferencial)
– Citologia peritoneal (lavado ou ascite): a disseminação do câncer de ovário é pelo
peritônio
– Avaliação da pelve
○ Radical: Histerectomia total e SOB
○ Conservador: Salpingo-ooforectomia unilateral (exceção, paciente jovem)
– Avaliação do abdome
○ Biópsias peritoneais e exérese de implantes
○ Omentectomia infracólica
– Avaliação de linfonodos pélvicos e para-aórticos

8) Cite os estadiamentos possíveis

9) Quais as modalidades de terapia complementar disponíveis? Quando indicar?


– ESTÁDIOS Ia e Ib, graus I e II: Cirurgia.
– ESTÁDIOS Ia e Ib, grau III e Estadio Ic: cirurgia + quimioterapia adjuvante
– ESTÁDIOS II e III: cirurgia citorredutora + poliquimioterapia.
– ESTÁDIO IV: tratamento cirúrgico ou poliquimioterapia exclusiva.

10) Como fazer o seguimento dessa paciente?


Seguimento : acompanhamento a cada 2-4 meses nos primeiros 2 anos, 2x por ano por mais 3
anos, e então, anualmente.
– Dosar CA125 caso este estivesse elevado no início do diagnóstico.

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