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A PSICOLOGIA NA ESTRATÉGIA DE

SAÚDE DA FAMÍLIA:
VIVÊNCIAS DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL

Autores: Pâmela Kurtz Cezar, Patrícia Matte Rodrigues & Dorian Mônica Arpini
Programa de Residência Multiprofissional (PRM) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Cyntia Mara Siqueira Leite – R1 em Psicologia


Residência Multiprofissional “Atenção à Saúde em Rede”
A Psicologia na Estratégia de Saúde da Família:
Vivências da Residência Multiprofissional

 Relato de experiência publicado em 2015 pela Revista Psicologia: Ciência e Profissão

 Objetivo: Apresentar o processo de inserção da Psicologia em serviços de Estratégia de Saúde da Família numa
cidade do interior do Rio Grande do Sul
A Psicologia na saúde pública: questões históricas e atuais

 Psicologia regulamentada no Brasil em 1962, mas foi inserida nos serviços de saúde em meados de 1950 –
principalmente na área hospitalar

 A ampliação do curso de Psicologia foi decorrente da ampliação dos serviços em saúde “como hospitais,
ambulatórios, unidades básicas de saúde, centros de saúde, programas de orientação, prevenção e educação em
saúde” (Menegon & Coêlho, 2010; Sebastiani, 2000)

 Trajetória de construção do SUS: Saúde não é ausência de doença

 Ampliação das intervenções em saúde – criação dos 3 níveis de atenção (integralidade do cuidado)
Atenção Primária À Saúde

 Um modelo prioritário de organização do sistema de saúde (Conferência de Alma-Ata, em 1978)

 Brasil: 2006 aprovou a Política Nacional da Atenção Básica, sendo revisada em 2011 estabelecendo novas
diretrizes e normas

 “Atenção Básica é caracterizada por ações em saúde de cunho individual e coletivo que englobam intervenções de
promoção, proteção, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção
da saúde, sendo orientadas por princípios como universalidade, acessibilidade,
coordenação do cuidado, vínculo, integralidade, participação social e humanização.”
(CEZAR, RODRIGUES e ARPINI, 2015, p. 213)
O Psicólogo na Atenção Básica
 Em 1994 foi implantado o Programa de Saúde da Família, atualmente denominado Estratégia de Saúde da
Família.

 O psicólogo não faz parte da equipe mínima da ESF, embora a Psicologia já estivesse presente em serviços de
Atenção Básica desde 1980.

 Em 2008, com a criação dos Núcleos de Ampliação à Saúde da Família, a Psicologia passou a ser uma profissão
integrante da Atenção Básica.

 Obstáculos encontrados na atuação do psicólogo na Atenção Básica:


- Permanência do modelo clínico individual/ dificuldade da abordagem em grupo
- Ações pouco contextualizadas
- Dificuldades no trabalho em equipe

Reflexo da formação em Psicologia: Descompasso entre práticas


psicológicas e princípios do SUS
Residência Multiprofissional

 Promulgada em 2005, Residência em Área Profissional de Saúde e criada a Comissão Nacional de Residência
Multiprofissional em Saúde (CNRMS).

 Ensino de pós-graduação lato sensu, destinada às categorias profissionais que fazem parte da área de saúde, com
exceção da Medicina

 A residência multiprofissional da UFSM se deu início no ano de 2009, abrangendo 3 áreas: Atenção Básica
em Saúde da Família, Atenção Hospitalar e Gestão de Políticas Públicas

Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Odontologia,


Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Educação Física
Residência Multiprofissional da UFSM

1ª ano de residência (R1) disciplinas teóricas três vezes na semana, tutorias e prática nos campos de atuação
(80% da carga horária)

2ª ano de residência (R2) disciplinas teóricas uma vez na semana, tutorias, seminários preparatórios,
elaboração do TCR e prática nos campos de atuação

 Foco na Atenção Básica/Saúde da Família: residentes são subdivididos em 3 unidades do ESF para composição
das equipes.
Inserção e intervenções da Psicologia na ESF

 1ª e 2ª turma do PRM (2009 a 2011):

- Prática fragilizada pelo fato de a equipe do ESF estar incompleta e por compor profissionais contratados
- Agentes comunitários recém integrados
- Dificuldade de articulação com a equipe
- Atenção longitudinal e vínculo com as famílias pouco estabelecidos
- Iniciou-se um mapeamento e territorialização do espaço
- Diagnóstico das demandas e recursos disponíveis (através de visitas domiciliares)
- Mapeamento da rede de serviços em saúde disponíveis pelo município, principalmente a RAPS
- Após este diagnóstico situacional, foram discutidas as possíveis ações,
ampliando para os diferentes modos de vida
Atuação dos residentes de Psicologia na ESF

 Dificuldade de aceitação da equipe e comunidade diante da nova proposta de atuação


 Visão reducionista ao modelo clínico e individual (Psicologia ≠ Psicoterapia)
 Ausência de psicólogo na rede básica do munícipio, apenas CAPS
 Ações desenvolvidas: atendimentos psicológicos (breve-focal), visitas domiciliares (semanal, quinzenal, mensal)
 Visitas domiciliares foi um importante instrumento utilizado pelas residentes
 Encaminhamentos para a rede
 Participação em grupos: Hiperdia, Caminhada, Grupo para mulheres (Vida leve e vida alegre)
 Ações ampliadas: ações educativas na sala de espera, multirões e campanhas de vacinação,
eventos comemorativos, psicoeducação nas escolas.
Percepção dos residentes de Psicologia na ESF

 O profissional para atuar na atenção básica precisa estar disposto a articular e trabalhar com diferentes setores (como
Assistência Social, Educação) e públicos diversos, dentro da realidade do território

 Dificuldade na realização de ações integrativas e multidisciplinares, devido à falta de flexibilidade dos profissionais

 Poucos estudos foram desenvolvidos e publicados com essa temática, o que dificultou a construção técnica

 O residente se forma especialista em Saúde da Família e não apenas em Saúde Mental, portanto,
esta não deve ser a função exclusiva de um psicólogo na AP

 A Psicologia na AP pode contribuir para o olhar integral do usuário, para além do processo
saúde/doença (vínculo, acolhimento)
Desafios encontrados pelos residentes de Psicologia na ESF

 Dificuldades em executar trabalho multiprofissional

 Escassez em discussão de casos e intervenções integrativas

 Equipe ESF desfalcada de profissionais base

 Rotatividade dos psicólogos na AP, visto que os residentes mudam a cada 2 anos
Considerações Finais

 Práticas e ações da Psicologia na AP vem sendo construídas gradativamente

 Importância do Psicólogo para contribuição no cuidado longitudinal (prevenção, promoção, tratamento, reabilitação

 A intenção não extinguir ações em saúde mental, apenas ampliar ações integrativas de inserção do psicólogo

 Desenvolvimento do trabalho multiprofissional (ações, discussões)

 Importância da residência multiprofissional para a comunidade, para as unidades de atenção e


para os próprios residentes
Referências

CEZAR, P. K., RODRIGUES, P. M., & ARPINI, D. M.. (2015). A Psicologia na Estratégia de Saúde da Família:
Vivências da Residência Multiprofissional. Psicologia: Ciência E Profissão, 35(1), 211–224.
https://doi.org/10.1590/1982-3703000012014

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