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A família deve ser ativamente incorporada nos cuidados prestados aos doentes
e, por sua vez, ser ela própria objeto de cuidados, quer durante a doença, quer
durante o luto. Para que os familiares possam, de forma concertada e
construtiva, compreender, aceitar e colaborar nos ajustamentos que a doença e
o doente determinam, necessitam de receber apoio, informação e educação.
c) Considera que o doente vale por quem é e que vale até ao fim;
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A Portaria n.º 52/2012 referência os seguintes os direitos do doente em fim de vida:
4.Ser informado sobre o seu estado clínico, se for essa a sua vontade;
5.Participar nas decisões sobre cuidados paliativos que lhe são prestados,
nomeadamente para efeitos de determinação de condições, limites ou
interrupção dos tratamentos;
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1.2.Necessidades de um idoso com doença terminal
no entanto a morte pode ser esperada, como por exemplo no curso de uma
doença prolongada, em que as pessoas vivem num período
particularmente difícil da sua existência que corresponde à fase terminal da
vida.
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Estamos a falar de pessoas com doenças avançadas, incuráveis e de 53
O idoso que se encontra em fim de vida pode ser denominado como doente
terminal, moribundo ou mesmo como próximo da morte.
Não pode ser esquecido que o doente em fim de vida é um ser único, mas
tem caraterísticas comuns. Salientamos um conjunto de características
comuns aos doentes em fim de vida:
Deterioração evidente e progressiva do estado físico, acompanhada de diminuição do
nível de consciência, desorientação e dificuldade na comunicação;
Dificuldade progressiva na ingestão de deglutição, com origem na
debilidade crescente ou nas alterações do estado de consciência, desinteresse pelos
alimentos;
Falência de muitos órgãos, acompanhada por vezes, de falência de
controlo de esfíncteres;
Sintomas físicos variáveis de acordo com a patologia de base, embora as
alterações da respiração e as perturbações da consciência possam ganhar relevo;
Sintomas psico-emocionais: como angustia, agitação crises de medos ou
pânico, pesadelos, manifestados de acordo com a gravidade do estado do doente;
Evidência e/ou perceção emocional, verbalizada ou não, da realidade da
situação terminal.
A fase seguinte é a fase crónica que compreende o período de tempo entre o diagnóstico e o resultado do
tratamento. É a fase em que o doente tenta lidar com as novas e antigas exigências da vida, enquanto tenta
por em prática (novas) estratégias de coping com os efeitos secundários do tratamento e sintomas da
doença.
A fase de recuperação segue esta fase, e caracteriza-se pela capacidade do doente lidar de forma adaptada
com os efeitos mentais, sociais, físicos, religiosos e financeiros da
doença.
Por fim, a fase final ou terminal de uma doença fatal, que se caracteriza pela proximidade da morte. O foco
de atenção transita de tentar curar a doença para prolongar a vida e providenciar o máximo de conforto
possível.
Esta última fase da vida decorre de uma forma gradual e natural, com um agravamento que se constata de
dia para dia e com evidente deterioração do estado geral.
as fases de adaptação do meio familiar de doentes em risco de vida por doenças paliativas, compreendem
quatro grandes fases.
Na primeira, a fase de enfrentar a realidade, o doente acabou de receber o diagnóstico, mantendo-se ainda
as suas funções no meio familiar.
2) Desorganização funcional: os membros da família são incapazes de manter os seus papéis habituais,
existe a diminuição da estabilidade e da autonomia familiar, e a família torna-se menos capaz de
procurar outros sistemas de apoio social;
A segunda fase desta adaptação familiar é a fase de reorganização durante o período precedente à morte,
caracterizada pela fase em que o doente suspende as suas funções familiares habituais em detrimento de
receber cuidados médicos. A família passa então pela redistribuição de papéis e reorganização das
memórias.
É uma fase onde se passa bastante tempo a recordar a história pessoal do doente.
A terceira fase, a fase da perda, coincide com a eminência da morte. A separação ocorre quando existe a
alteração de consciência do doente e a família experiencia a crueldade e frieza da perda e da solidão.
Segue-se o luto, onde pode haver culpabilização por parte dos membros da família, e mesmo ativação de
processos de luto anteriores mal resolvidos.
A última fase, do restabelecimento, é a etapa final de adaptação da família, que se desenvolve após a
resolução com sucesso do luto, e abrange a expansão da rede social.
As pessoas que tomam consciência da sua morte iminente (e, por vezes, as pessoas que lhes são mais
vinculadas) tendem a desenvolver um processo que contém cinco fases que podem não seguir,
obrigatoriamente, uma sequência ou ser vivenciadas da mesma forma por todos
os indivíduos: negação e isolamento, raiva, negociação, depressão e aceitação.
Na fase de negação e isolamento, o doente diante da informação da inevitabilidade da sua morte, inicialmente
não acredita naquilo que os profissionais de saúde lhe dizem.
Quando não é possível negar o que é uma certeza, entra numa segunda fase, da raiva, da
ira, da inveja, “Porque eu?”, as pessoas que acreditam em Deus começam a culpá-lo, “Que
Deus é este que me deixa morrer”.
Os profissionais que trabalham com doentes terminais percebem que esta raiva assenta
num profundo desespero, por parte do doente que se vê confrontado com a morte, que lhe
inspira medo e do qual quer fugir.
A superação desta raiva carateriza a terceira fase, a negociação, em que o doente tenta
negociar um prazo maior, “Vou morrer, sim, mas não já, e sim no ano que vem”. Na fase da
depressão, o doente terminal chega ao momento da despedida do mundo, e nesse
momento, percebe o verdadeiro valor da vida. A despedida torna-o triste, mas realizá-la é a
condição para poder aceitar a morte.
Apesar de a morte estar para breve o doente em fim de vida é um ser humano que ama, e
como tal deve continuar a ser amado, cuidado e respeitado porque continua vivo até que o
momento da morte se estenda sobre ele.
Deste modo, cada elemento da equipa deve tomar consciência das mensagens que envia no
processo de cuidar e dos direitos de que idoso em fim vida dispõe.
No centro de todas as atitudes a tomar deve estar garantido o conforto, o apoio psicológico
e espiritual do idoso em processo de fim de vida e família proporcionando uma boa morte.
2.Sintomas mais comuns do idoso em fase terminal
2.1.Dor
A dor é descrita como “uma experiencia sensitiva e emocional desagradável, associada a dano
real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais danos”.
Esta definição reforça que a dor é uma experiência única, individual, modificada pelo
conhecimento prévio de um dano que pode ser existente ou presumido.
A prevalência da dor é alta mas varia consoante o estudo, sendo um dos sintomas mais
prevalentes. Este sintoma tem um grande impacto na qualidade de vida dos doentes.
A dor pode ser classificada, relativamente à sua base temporal, como aguda ou crónica.
A dor aguda tem um início bem definido e geralmente está relacionada com sinais físicos e
objetivos, com ativação do sistema nervoso simpático, e a duração pode ser de horas a
semanas.
Na dor crónica o padrão temporal normalmente é menos bem definido, persistindo por meses ou
até mesmo anos, estando associada a alterações da qualidade de vida do doente.
A dor pode ainda ser dividida em três grandes categorias, relativamente aos mecanismos
responsáveis pela sua sustentação, nomeadamente em nociceptiva, neuropática e idiopática.
A dor nociceptiva está relacionada com o dano tecidular e pode ser subdividida em dor somática
ou visceral consoante seja causada por lesões somáticas ou viscerais.
Nos doentes com esta alteração normalmente há indícios que indicam um predomínio dos
fatores psicológicos.
Na avaliação da dor, para além dos aspetos já mencionados para a avaliação de todos os
sintomas, deve-se ter em atenção a localização da dor e se existir dor em vários locais estes
devem ser avaliados individualmente.
Pode existir uma posição de conforto que ajude a diminuir a dor enquanto a medicação de
resgate não surte efeito pelo que é importante, se for possível, encontrar essa posição.
2.2.Dispneia
A ansiedade e o “pânico da morte” podem atuar como um ciclo vicioso, agravando a sintomatologia.
Para além destes aspetos, o desgaste orgânico característico da fase agónica condiciona o
aparecimento de alterações significativas no padrão respiratório, muitas vezes de difícil controlo.
Nas últimas horas a minutos, a respiração agónica traduz-se em episódios de gemido intercalados por
apneias de 1 a 3 minutos. O gemido é um reflexo de Auto ressuscitação gerado a nível bulbar. Ocorre
em resposta à hipoxémia severa, resultando na abertura espástica da boca com contração do
diafragma e retração do osso hióide
Se não for possível identificar ou intervir sob a causa da dispneia (por exemplo se o estado
de saúde do doente não permitir intervenções invasivas), ou ainda se este fator não
reverter com as intervenções realizadas, até porque as causas, como já referido
anteriormente, tendem a ser múltiplas, o tratamento passa a incidir sobre o alívio da
dispneia.
Quanto à etiologia das náuseas e dos vómitos pode ser única ou múltipla. De forma a
sistematizar a avaliação, podem ser divididas em quatro etapas.
A quarta e última etapa referem-se à reavaliação, uma vez que só com a avaliação
periódica, diária, ou mesmo várias vezes ao longo do dia se necessário, e atenta dos
sintomas é possível uma correta identificação do problema e a definição da melhor
estratégia para o seu controlo.
Deve-se garantir uma ingestão adequada de líquidos e no caso de intolerância oral pode-se
recorrer à via SC para hidratação.
A correta higiene oral é fundamental mas também pode ser necessário incentivar banhos
regulares de forma a evitar maus odores, o que pode desencadear a náusea.
2.4.Obstipação
A obstipação é um sintoma definido pela WGO (2010) como uma dificuldade persistente
para evacuar, uma sensação de esvaziamento incompleto e/ou movimentos intestinais
pouco frequentes, a cada três ou quatro dias ou com menor frequência, na ausência de
sintomas de alarme ou causas secundárias.
A obstipação deve ser prevenida para evitar situações mais complicadas como a oclusão
intestinal. Pacheco, quanto mais precoces forem as intervenções, maiores são as
possibilidades de se evitar o instalar de uma obstipação/oclusão.
Devem ser criadas condições favoráveis ao respeito dos hábitos de eliminação, como a
privacidade. A imobilidade deve ser evitada, reforçando e incentivando a prática do
exercício físico realçando os seus benefícios e se tal não for possível favorecer as
mudanças de posição.
A massagem abdominal visa o conforto e a diminuição da dor local provocada pelas cólicas,
ajudando também à progressão do bolo fecal e das fezes no tubo digestivo. Deve ser feita
com movimentos circulares efetuados no sentido dos ponteiros do relógio e o próprio
doente pode fazer isto, se tiver força para isso, ou pode-se ensinar à família.
Esta intervenção pode favorecer uma relação do doente com a família e com os
profissionais que o ajude a reencontrar conforto e segurança num momento em que o corpo
emite ruídos ou odores muitas vezes vividos com embaraço.
2.5.Anorexia
Este sintoma tem múltiplos fatores etiológicos mas apenas alguns são reversíveis o que torna
fundamental a ajuda ao doente e à família de forma a aceitarem e a adaptarem-se a esta situação.
As intervenções devem ter em consideração a fase da doença, porque em fases mais avançadas a
anorexia é natural e deve ser aceite, favorecendo a adaptação a uma redução na ingestão e
mantendo o prazer e a satisfação na comida e bebidas ingeridas.
Desta forma os objetivos devem ser adequados ao doente e podem ser manter o peso e a
funcionalidade, ou manter o prazer na ingestão de alimentos e bebidas conforme o gosto e a vontade
do doente ou até mesmo apenas o conforto.
Existem diversos estudos que demonstram que devido às alterações metabólicas, as dietas
hipercalóricas, com recurso à alimentação entérica ou parentérica, não trazem benefícios nestas
situações.
Deve-se tentar maximizar a via oral flexibilizando o tipo, a quantidade e o horário das refeições.
A nutrição por via oral é a primeira opção na dieta individualizada, sempre que possível iniciada por
alimentos correntes e se necessário com suplementos hipercalóricos e hiperproteicos. As refeições
devem ser mais frequentes, em menor volume e com conteúdo calórico e proteico superior.
2.6.Depressão
A depressão carateriza-se pelos critérios de diagnóstico, que incluem sintomas psicológicos e físicos.
Verifica-se uma dificuldade na adaptação à doença e um sofrimento intenso e evidente que interfere no dia
a dia de doente com depressão.
A avaliação da depressão é importante porque o tratamento tem uma boa resposta em cerca de 80% dos
casos. Mas encontram-se algumas dificuldades nesta avaliação por falta de formação específica na área
dos profissionais, subjetividade do sintoma e sobreposição de sintomas, como a tristeza por conhecimento
do prognóstico e os sintomas físicos como por exemplo a anorexia, obstipação e perda de peso.
Nos doentes oncológicos em estádio avançado deve-se ter em consideração que os sintomas somáticos
da depressão não podem ser elementos de avaliação, uma vez que são inerentes a esta fase. Devido a este
fato alguns autores substituíram estes sintomas somáticos por sintomas psicológicos.
Da não correta avaliação e tratamento da depressão podem advir diversas consequências como a
diminuição da qualidade de vida, agravamento de outros sintomas, sobrecarga emocional e física para a
família, redução da adesão ao tratamento e maior tempo de internamento, entre outros.
As medidas não farmacológicas requerem que se estabeleça uma relação de empatia entre os profissionais
e o doente, criando-se disponibilidade para uma escuta ativa.
Com uma comunicação honesta, em que é fornecida informação atualizada sobre o tratamento e
prognóstico (consoante a vontade do doente), corrigem- se preconceitos e ideias erradas e estabelecem-
se expectativas e finalidades a curto prazo.
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3.1.Posição do técnico de geriatria
Os enfermeiros têm uma preparação única para prestar cuidados compassivos aos doentes terminais e
respetivas famílias.
O Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) sustenta que os enfermeiros são membros chave das
equipas multidisciplinares que cuidam dos doentes terminais e respetivas famílias.
O técnico de geriatria tem como função essencial, de acordo com o respetivo perfil profissional, restar
cuidados de apoio direto ao idoso, em contexto domiciliar e institucional, contribuindo para o seu
bemestar biopsicossocial, tendo em consideração os objetivos definidos pela equipa técnica local e os
princípios deontológicos de atuação.
Deve estabelecer a articulação com a equipa técnica responsável, a fim de reportar a evolução do
estado físico, psíquico e emocional, situações anómalas e/ ou agravamento do estado de saúde do
idoso, tendo em consideração as orientações e procedimentos definidos pela equipa.
No que respeita aos cuidados de saúde a pessoas em fim de vida, o técnico de geriatria deve auxiliar na
prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do enfermeiro:
Identificar as necessidades das pessoas com doença crónica
incapacitante e terminal, seus cuidadores e familiares;
Promover intervenções junto de pessoas com doença crónica
incapacitante e terminal, cuidadores e seus familiares;
Envolver os cuidadores da pessoa em situação de doença crónica,
incapacitante ou terminal, para otimizar resultados na satisfação das necessidades;
Promover parcerias terapêuticas com o indivíduo portador de doença
crónica incapacitante, cuidadores e família;
Respeitar a singularidade e autonomia individual, quando responde a
vivências individuais específicas, a processos de morrer e de luto;
Negociar objetivos/ metas de cuidados, mutuamente acordadas dentro
do ambiente terapêutico;
Reconhecer os efeitos da natureza do cuidar em indivíduos com doença
crónica e incapacitante e terminal, nos seus cuidadores e familiares, sobre si e outros
membros da equipa, respondendo de forma eficaz;
Colaborar com outros membros da equipa de saúde.
Cuidar do doente em fase terminal, não é deveras uma tarefa fácil. Torna-se premente satisfazer as suas
necessidades: físicas, psíquicas emocionais e ou afetivas e espirituais, o que requer do profissional de
saúde, para além dos conhecimentos técnico-científicos adequados, comprometimento, sensibilidade,
facilidade de comunicação, entre outros.
A arte de cuidar do outro, assume duas componentes essenciais: a arte de cuidar físico e a arte de
cuidar do outro.
Torna-se pois fundamental que o doente se sinta seguro e confiante e não se sinta sozinho, entregue à
sua própria morte.
O cuidar em fim de vida implica o desenvolvimento de uma relação de ajuda e empática do enfermeiro
pelo doente/família, tal como a Sociedade francesa de acompanhamento e de cuidados paliativos
(SFAP), afirma “A função do cuidar só se pode exercer na relação com o outro, gravemente doente e
por vezes a morrer.
A melhor maneira de viver a experiência de cuidar doentes terminais é vivê-la de forma desarmada,
não banalizando a morte e aprendendo com todos aqueles que estão a morrer
Cuidar é, ainda, desenvolver atitudes de conforto e encorajamento, mesmo quando a cura já não é
possível e, neste caso, ajudar a pessoa a viver melhor até ao momento da sua morte, em suma Cuidar é
o ideal moral da enfermagem, pelo que o seu objetivo é proteger, melhorar, e preservar a dignidade
humana.
Ao cuidar do doente terminal deve ter-se em mente que todos os momentos deverão ser privilegiados,
deve empenho para escutar, transmitir segurança e proporcionar um ambiente de conforto, não
esquecendo, nunca, que essa pessoa tem o direito a morrer com dignidade.
3.2.Comunicação neste tipo de panorama
A comunicação constitui uma área de extrema importância em Cuidados Paliativos enquanto instrumento
básico de relação do ser humano e enquanto ferramenta terapêutica com objetivos específicos.
Objetivos que se prendem com a compreensão do processo de doença e na forma como esta afeta o
doente, para que os profissionais possam ajudar no processo de adaptação à sua nova realidade, com
sinceridade e respeito pelo princípio da autonomia.
Comunicar eficazmente com o doente, com a família e com a equipa exige uma tarefa árdua aos
profissionais para que utilizem e desenvolvam as perícias basilares e essenciais.
Foi realçada a importância que a comunicação assume na transferência dos cuidados curativos para os
cuidados paliativos frequentemente associada a um défice na informação fornecida aos doentes sobre a
filosofia dos cuidados paliativos e a não desmistificação de ideias pré concebidas sobre esta filosofia
de cuidados que fomenta a instauração de expectativas irrealistas, o aumento da insegurança, de
desesperança e da dependência assim como, um corte afetivo e físico com profissionais de saúde que
assistiam anteriormente o doente.
Outro dos problemas comunicacionais reside no surgimento da conspiração do silêncio, isto é, o pedido
para ocultar informação relacionada com o diagnóstico e/ou prognóstico. Trata-se de uma questão de
difícil solução, dada a sensibilidade contextual a questões como a dor, o sofrimento e mesmo a morte.
Muitas famílias tendem a reduzir o padrão de comunicação com o seu familiar doente, com o objetivo de
protegê-lo e protegerem-se a si próprios, por receio que o doente não suporte a realidade por medo do
sofrimento e/ou por dificuldade em lidar com a situação.
Estas situações permitem uma consciencialização dos profissionais para a problemática da comunicação,
levantando a necessidade de formação e desenvolvimento de estratégias a este nível, quer para o seu
reconhecimento, quer para o evitamento de juízos de valor.
O universo dos objetivos da comunicação em cuidados paliativos inclui:
4. Determinar se o doente quer incluir os seus significativos (determinar quais são) na disseminação
da informação disponível e nas tomadas de decisão.
5. Nos objetivos 1., 2., e 3., respeitar sempre as pessoas significativas para o doente.
6. Ativamente desenvolver compreensão pela pessoa que o doente é. Saber qual o significado desta
doença para este doente. Saber qual é a personalidade deste doente, quais as suas estratégias de
coping, dimensão espiritual, objetivos, prioridades, valores, etc. Qual a natureza do sofrimento
deste doente.
9. Utilizando a informação constante dos objetivos anteriores, tentar facilitar as decisões que sejam
no melhor interesse do doente, mas ter sempre presente que o doente é autónomo, ativo e
superior na sua tomada de decisão.
10.Atentar nas necessidades emocionais de todos os envolvidos, afim de relevar a sua individualidade
e dignidade.
Assim, é importante compreender os motivos inerentes à situação, tendo sempre como base os
princípios da honestidade, da verdade e do custo/benefício da divulgação da informação, assumindo
uma atitude de suporte e de ajuda na construção de elos de comunicação entre os vários
intervenientes, tanto a nível individual como através de conferências familiares, permitindo a partilha da
informação e a expressão emocional.
3.3.Questões mais frequentemente levantadas pelos idosos
ninguém pretende terminar a sua vida na indiferença, nem ser enviado para outro mundo sem o saber.
Paralelamente, todos os doentes têm direito a receber informação clara e objetiva da sua doença,
tratamento e prognóstico. Tal como definido pela Carta dos Direitos e Deveres do
Doente (2008), esta informação deve ser prestada de forma clara, devendo ter- se sempre em conta a
personalidade, o grau de instrução e as condições clínicas e psíquicas do doente.
De facto, os dilemas na informação não se colocam a nível da informação funcional, mas essencialmente
a nível da informação técnica "potencialmente dolorosa" - comunicar más notícias relativas a
diagnóstico/prognóstico graves - pois este tipo de informação tem sempre algo de relativo, subjetivo,
provoca desprazer nos profissionais e a sua transmissão tende a
ser evitada.
Contudo, embora existam imperativos éticos e legais, o profissional de saúde nunca deve esquecer, que
dar uma má notícia a um doente, é um ato inquestionavelmente
Humano.
Neste contexto, a forma como o profissional dialoga e comunica com o doente tem por vezes mais
importância que o próprio conteúdo da mensagem.
Existem duas grandes tendências sobre o tipo de informação a dar ao doente: a corrente norte-
americana que defende que o doente deve ser informado sobre tudo o que diz respeita ao seu
diagnóstico, prognóstico, tratamentos e riscos
inerentes; e a corrente europeia que é apologista de que não deve ser proporcionada toda a verdade,
sobretudo em caso de doença com mau prognóstico.
Com efeito, na actualidade, a polémica mantém-se e as opiniões ainda são diversas no domínio da
informação, colocando-se entre dois pólos extremos, a "verdade" e a "mentira", sendo que uns se
aproximam mais da verdade e outros da mentira e outros, ainda, optam pelo silêncio.
Encontrar o equilíbrio é o ideal, pois dizer a verdade não significa dizer toda a verdade, mas sim aquela
que o doente, é capaz de receber e suportar. Deve ser dada ao ritmo e circunstância de cada pessoa.
O importante é nunca mentir. Em saúde não há lugar para a mentira nem para a arrogância médica. A
relação profissional de saúde deve ser uma relação de verdade e de cumplicidade.
Os doentes e os seus cuidadores valorizam muito a comunicação face a face com os profissionais de
saúde/sociais que são capazes de se envolver a nível emocional com os doentes, de ouvir, de perceber
que tipo de informação os doentes querem saber, e de fornecer informação com simpatia e clareza.
No entanto existem insatisfações quer por parte dos doentes, quer dos seus significativos, quer mesmo
dos profissionais, que reconhecem as suas dificuldades e limitações nas competências de comunicação
nesta área tão articular.
As principais queixas de insatisfação apresentadas pelos doentes paliativos e suas famílias, relativamente
aos profissionais de saúde, incluem relações problemáticas doente/família – profissional de saúde;
desvalorização das opiniões do doente e família; transmissão pobre de informações relevantes, incluindo
insensibilidade nesta transmissão; e dificuldade do profissional de saúde em perceber a perspetiva do
doente e/ou família.
Trabalhar em cuidados paliativos não é fácil, é um longo caminho a ser percorrido através de diferentes
aprendizagens vividas em diferentes situações até o atingir da maturidade plena que permite
acompanhar e proporcionar ao doente terminal uma morte digna.
Com o aproximar do último porto, o receio da morte, da dor e do sofrimento, fazem reemergir as
questões fundamentais que marcaram a sua existência.
Esse processo pode eventualmente causar ansiedade, medo, angústia e desespero existencial, mas,
quando ultrapassado, pode conduzir a um estado de serenidade, paz e bem-estar espiritual
culminando no encontro do eu mais íntimo.
Assim, perante o fim, a espiritualidade tem sido um ponto fulcral, de extrema importância, de ajuda aos
doentes, sobretudo em fases terminais, a efectuar a sua última caminhada de forma serena, em paz
consigo e com o mundo.
A espiritualidade pode ser definida como uma tendência natural do Ser Humano em procurar um sentido
para a vida através de juízos que ultrapassam o palpável: um sentido de ligação a algo superior,
podendo incluir ou não uma participação religiosa formal.
A espiritualidade é a alusão a um poder superior, a uma força que se torna numa fonte de ajuda,
que proporciona uma resiliência, na presença de fatores e condições adversas, ultrapassando a
experiência imediata e restabelecendo a esperança.
Está intimamente ligada a questões existenciais, do significado e propósito da vida, acreditando em
ideias do foro espiritual para explicar o porquê da sua existência.
A espiritualidade faz parte da condição humana, sendo descoberta à luz das experiências e descobertas
de cada um. É marcada por uma unicidade incomparável, podendo ser reconhecida como propósito de
vida, forma de autoconhecimento, ligação a algo superior, entre outras.
Com tudo isto, podemos afirmar que o Homem em toda a sua plenitude, é um ser de necessidades
espirituais, seja a necessidade de encontrar respostas para a sua existência, para o sentido e valor da
sua vida, a necessidade de amor e de relacionamento com os outros, ou de perdão e esperança.
A realização dessas necessidades espirituais é por uns conseguida através de práticas religiosas, por
outros através do contacto com a natureza, das relações com os outros ou mesmo através da música, da
leitura, da pintura ou de outras formas de arte.
Quando as referidas necessidades espirituais, próprias de cada um, não são alcançadas, o Ser Humano
cai no designado sofrimento existencial, marcado por mecanismos de clivagem do eu, isolamento da
comunidade humana e separação com o transcendente, manifestando-se sobretudo por sentimentos
de culpa, medo e isolamento, descontrolo e desespero e, por último, vazio existencial.
Este tipo particular de cuidado, orientado para a dimensão espiritual, não deve ser desvalorizado, da
mesma forma que não se desvalorizam as dimensões física, psicológica e social.
Desta forma, poder-se-á dizer que o cuidado espiritual é um cuidado individualizado e singular.
Na etapa final da vida é natural que haja um (re)despertar da dimensão espiritual, uma vez que o
sofrimento intensifica as questões relacionadas com o sentido da vida e intensifica a necessidade de
procurar ou fortalecer as relações
que a pessoa estabelece consigo, com os outros, com a natureza ou com uma entidade superior.
Por outras palavras, é necessário, antes de mais, que o enfermeiro ou profissional de saúde esteja
desperto para as necessidades espirituais do doente (intuição) identificando, depois, o momento
adequado para intervir.
Apesar destas considerações, a presença física, por si só, não é suficiente, sendo necessário comunicar
de forma assertiva e eficaz (relação interpessoal), colocando, sempre em primeiro plano as necessidades
da pessoa (altruísmo).
Por fim, importa ter presente que a espiritualidade e, por conseguinte, as necessidades espirituais
repercutem-se em todos os aspetos da vida humana (integração), o que impõe uma abordagem global,
holística.
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4.Análise da informação proveniente de um instrumento de avaliação
para a obtenção das principais necessidades dos doentes paliativos
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O controlo de sintomas tem na sua base alguns pontos comuns a todos os sintomas, tanto na avaliação como na
monitorização e no tratamento.
A avaliação de sintomas deve ser realizada de forma sistemática na admissão e nas evoluções diárias, tendo em
consideração as discrepâncias encontradas entre o que o doente refere e o que os profissionais e até a própria família
referem como sintomas e intensidade dos mesmos.
É fundamental acreditar sempre no que o doente diz e ter em consideração que os sintomas subjetivos são influenciados
por muitos fatores. A subjetividade é inerente à avaliação de sintomas e deve-se ter em atenção que uma causa de
sofrimento num doente pode não o ser noutro, ou num seu familiar, ou no profissional de saúde.
Deve-se tentar determinar as características e o início dos sintomas, fatores de alívio e de exacerbação, os sinais e
sintomas associados, impacto no dia a dia e resposta a terapêuticas anteriores.
Deve-se ter em consideração a causa dos sintomas que podem advir da própria doença, do tratamento, da debilidade e
da comorbilidade.
É importante verificar qual o mecanismo patológico subjacente a um determinado sintoma, para o poder tratar
adequadamente, e registar a resposta obtida, seja positiva ou negativa, o que vai ajudar no planeamento da estratégia
de controlo eficaz.
Ao longo dos anos foram desenvolvidos diversos instrumentos para a avaliação de sintomas, entre os quais alguns
específicos para determinados sintomas.
Apesar destes instrumentos, em qualquer avaliação a principal ferramenta envolve múltiplas conversas com o doente e
os familiares em que o profissional deverá conhecer os antecedentes do doente antes de se concentrar na avaliação
dos sintomas, de forma a poder responder às questões colocadas e conseguir lidar com as emoções demonstradas pelo
doente e a sua família, e em que se deve ter em consideração:
A posição do doente e do profissional, visto que se o doente estiver
virado de forma a não ver o profissional, por exemplo, ou se o profissional se mantiver em pé, distante, virado
para a porta não vai ser possível estabelecer uma conversa produtiva entre os dois;
O tempo disponível para a conversa, pois o doente poderá ter dificuldade em comunicar ou até
querer esclarecer alguns aspetos acerca dos sintomas o que exige tempo;
A presença de familiares, que podem ajudar na avaliação dos sintomas
quando estão presentes diariamente e conhecem a situação clínica. Esta presença deverá ser
desejada pelo doente e não deverá perturbar a conversa;
O desejo do doente em comunicar, pois o doente deverá querer
participar na conversa que pode decorrer noutra altura se assim o desejar.
O controlo inadequado dos sintomas ao longo da trajetória da doença não só produz mais sofrimento
como pode ter um efeito adverso na progressão da própria doença.
Sem nunca esquecer que os cuidados paliativos valorizam a vida e consideram que o objetivo central é a
redução do sofrimento e a promoção da máxima qualidade de vida possível.
A tarefa de avaliação e controlo de sintomas é complexa pelo que a descrevemos alguns princípios
gerais do controlo sintomático:
Avaliar antes de tratar: determinar a causa ou causas dos sintomas;
Explicar as causas dos sintomas e as medidas terapêuticas de forma
clara e acessível ao doente e à família;
Não esperar que o doente se queixe mas perguntar e observar de forma
a antecipar, tanto quanto possível, o aparecimento dos sintomas;
Adotar uma estratégia terapêutica mista, com recurso a medidas
farmacológicas e não farmacológicas.
Estabelecer prazos para o cumprimento dos objetivos terapêuticos e adotar estratégias de
prevenção de sintoma que possam surgir, como deixar medicação de resgate prescrita.
Monitorizar os sintomas: utilizando instrumentos de medida
estandardizados e recorrendo a métodos de registo adequados;
Reavaliar regularmente as medidas terapêuticas;
Dar atenção ao detalhe: de forma a otimizar o controlo dos sintomas e a
minimizar os efeitos secundários adversos das medidas terapêuticas instituídas.
Encontram-se diversas escalas para avaliar a intensidade dos sintomas. Destacamos a Escala Visual
Analógica, a Escala Numérica e a Escala Verbal pois são simples de serem utilizadas em todos os
sintomas do doente no dia-a-dia e permitem a avaliação e a monitorização dos sintomas.
Na Escala Numérica (figura 2) já estão presentes os números, que podem ser de 0 a 10 como o
exemplo representado na figura 3 ou de 0 a 4 por exemplo, e o doente escolhe entre estes a
intensidade da sua dor.
Nas Escalas Verbais (figura 3) a intensidade é representada em palavras, como por exemplo: ausente,
ligeira, moderada, intensa e a maior intensidade imaginável.
O tratamento de qualquer sintoma deve-se iniciar pela explicação das razões que justificam os
sintomas, de forma a reduzir o seu impacto psicológico e, sempre que possível, deve-se incluir o doente
no processo de decisão terapêutica, fazendo com que este se sinta respeitado, aumentando a sua
autoestima
Esta reavaliação constante permite não só avaliar a eficácia terapêutica mas também identificar a
progressão da doença, desenvolvimento da tolerância aos fármacos e o aparecimento de efeitos
adversos dos mesmos.
5.Técnicas de intervenção no idoso em estado terminal
Alimentação
Existem vários sintomas preocupantes que devem ser minimizados, para que o doente possa viver o
mais confortavelmente possível:
Para o doente poder recuperar energias é necessário aumentar a ingestão diária de calorias
e proteínas;
Derreta margarina em comidas como torradas, sopas, vegetais, massas,
arroz ou ovos cozidos;
Fraqueza
Opte por maionese em vez de molhos para saladas;
Sirva manteiga de amendoim e adicione natas ao chocolate quente, à
fruta ou outras sobremesas;
Junte sementes ou nozes aos vegetais, saladas, massas ou sobremesas;
Faça batidos com uma dose extra de gelado;
Cozinhe com leite em vez de água; acrescente carne ou peixe às sopas e
gratinados;
Utilize queijo gratinado em pratos de massa, vegetais ou gratinados;
Sirva fruta com todo o tipo de queijo.
Perda de apetite
Sirva as refeições do doente quando ele tiver fome, mesmo que não seja
dentro do horário “normal”;
Um pouco de exercício (como um pequeno passeio a pé) estimula o apetite;
Varie as refeições e sirva-as de forma apelativa;
Utilize temperos como sumo de limão, menta, manjerico e outras
especiarias para conferir aos alimentos sabores e cheiros estimulantes;
As suas atenções e reparos devem limitar-se àquilo que o doente
conseguiu comer e não no que deixou no prato.
Náuseas e vómitos
O doente deve ingerir líquidos uma hora antes ou depois da refeição para não se sentir
muito cheio;
Comer alimentos ricos em hidratos de carbono (como tostas ou
torradas), especialmente logo de manhã;
Deve comer sempre devagar, mastigando bem a comida;
Descansar após as refeições para facilitar a digestão;
Se o próprio cheiro da confeção dos alimentos incomodar o doente,
mantenha-o fora da cozinha ou opte por servir refeições frias compostas por produtos lacticínios,
sandes, saladas, sobremesas ou fruta.
Diarreia
O doente deve comer várias refeições ao longo do dia, em vez das
habituais três principais;
Evitar alimentos gordos e fritos; eliminar temporariamente da sua dieta
os produtos lacticínios se forem estes a causa da diarreia;
Beber muitos líquidos para repor rapidamente aqueles que perdeu.
Prisão de ventre
O doente deve seguir uma dieta rica em fibras (cereais, arroz e massas integrais, fruta
e vegetais frescos),
Beber muitos líquidos,
Se o doente tiver dificuldades em engolir, deve cozer ou passar a fruta e
os vegetais.
Se o doente mantém a capacidade de deglutição, devem oferecer-se
líquidos frios, sumos de fruta, gelados, gelatinas, pedaços de ananás de acordo com o
gosto pessoal.
Se a deglutição não está presente, pequenas porções água semilíquida,
gelo, uma gaze húmida ou, em alternativa, o uso de um humidificador ou de um
nebulizador, poderão ser uma opção viável. Pode recorrer-se à aplicação de lágrimas
artificiais para minimizar o desconforto ocular. Estes cuidados deverão ter lugar
idealmente a cada 2 horas.
Eliminação
Devem ser utilizados materiais absorventes como fraldas e resguardos que permitam
manter o doente confortável o máximo tempo possível. No que se refere à
eliminação intestinal, a obstipação é frequente. Não devem ser tomadas medidas
invasivas, a não ser que o doente manifeste sinais de desconforto.
A mucosa oral e nasal deve ser humedecida a cada quinze a trinta minutos, recorrendo à utilização de
água em aerossol ou aplicação de esponja humedecida.
Na mucosa oral pode usar-se água com chá ou pode ser ainda aplicada uma solução de saliva artificial.
Estas medidas contribuem para a diminuição de sensação de sede, reduzir a halitose e o risco de
solução de continuidade.
A utilização de um preparado gelificado (por exemplo saliva gelificada para a mucosa oral e soro
fisiológico gelificado para as narinas) pode ser útil para reduzir a evaporação da mucosa oral e nasal
quando o doente não está a cumprir oxigenoterapia (se estiver com oxigénio, a solução gelificada não
deve conter petróleo).
Devem ser evitados os produtos com glicerina ou bálsamos que contenham limão na sua composição,
pelo facto de poderem provocar irritação e contribuírem para uma maior desidratação dos lábios.
A hidratação da mucosa oral deve, portanto, ser reforçada e constitui uma intervenção que pode ser
conduzida pela família, que, na impossibilidade de alimentar o doente, se vê envolvida num cuidado que
lhe proporciona bem- estar.
Quando o doente não é capaz de pestanejar, a conjuntiva deve ser hidratada com gel oftálmico
lubrificante a cada três ou quatro horas, ou com soro fisiológico a cada quinze a trinta minutos.
O doente pode ainda preocupar-se com a sua aparência – a perda de cabelo, peso, as olheiras e a
mudança de cor da sua pele são alterações físicas significativas e, por vezes, chocantes. O cuidador
pode ajudar o doente a sentir-se melhor com a compra de alguns chapéus divertidos ou lenços bonitos
para cobrir a cabeça.
Sono e Repouso
O conforto pode ser definido como uma experiência imediata e holística, consolidada pela satisfação das
necessidades básicas relativamente aos estados de alívio, tranquilidade e transcendência.
O alívio é o estado em que uma necessidade específica foi satisfeita; a tranquilidade corresponde a um estado de
calma ou satisfação e a transcendência diz respeito ao estado no qual a pessoa sente que tem potencial para
superar os seus problemas ou o seu sofrimento.
Este é o grande desafio para as práticas profissionais que devem atender à integridade de cada pessoa e conseguir
ultrapassar uma dinâmica, geralmente complexa, tensa, desgastante e traumatizante, que corrobora para que as
relações entre as pessoas nem sempre sejam pautadas pelo respeito e pela compreensão.
Dessa forma, tornam-se possíveis práticas que contemplem as necessidades e minimizem o sofrimento de pessoas
que, num determinado momento de suas vidas, necessitam de um atendimento complexo e especializado em
saúde.
É importante que a equipa terapêutica transmita segurança e mantenha uma atitude de respeito face ao
comportamento do doente. Manter constantes os elementos da equipa responsáveis pelo seu acompanhamento
pode ser útil para evitar maior confusão e desorientação.
O descanso noturno deve ser facilitado. O ambiente deve também transmitir segurança, calma e tranquilidade,
permitindo, por exemplo a presença de objetos familiares ao doente, uma luz de presença durante a noite e evitar
que o doente permaneça sozinho.
A instalação de um quadro de delírio constitui fonte de stress para a família e para a equipa prestadora de cuidados.
O papel do profissional de saúde é muito importante no controlo deste tipo de sintomas.
Deve tranquilizar a família, referindo que o facto de o doente manifestar comportamentos que não eram habituais
(como utilizar “calão” ou mesmo linguagem obscena, ser “desobediente”…) tem relação com a evolução do declínio
do estado geral.
A comunicação constitui uma arma importante, mas a sua eficácia é maior quando as questões emocionais e de
conflito são exploradas numa fase mais precoce, de forma a permitir que se esclareçam e resolvam.
Controlo da dor e outros sintomas
Uma das maiores preocupações de um doente terminal é o controlo da dor aguda ou crónica que
debilita a pessoa até esta já não conseguir executar as suas tarefas diárias. Muitas vezes, o doente pode
estar a sofrer desnecessariamente, o que pode ter um efeito negativo na sua luta pela vida.
Ter qualidade de vida até ao final de uma doença terminal é fulcral, por isso, é necessário averiguar e
experimentar quais os medicamentos e/ou tratamentos que possam controlar essa dor. Mantenha um
historial sobre todos os medicamentos que o doente toma e possíveis reações, assim como uma análise
sobre quais os tratamentos mais efetivos ou não, para poder informar o médico.
O controlo da dor continua a ser prioridade nesta fase, pelo que é fundamental mantê-lo, se for o caso,
ou consegui-lo, caso esse objetivo ainda não tenha sido atingido. Quando o doente, nesta fase, ainda
mantém dor, é, como referi, difícil avaliá-la pelas dificuldades de comunicação que entretanto vão
surgindo.
Deste modo, torna-se muito importante estar atento a sinais de desconforto, quer estes aconteçam em
repouso ou durante a prestação de um cuidado, como a mobilização, alternância de decúbito,
tratamento de uma ferida. Nestes casos, a dor irruptiva deve ser previsível e, portanto, evitada, através
da administração de analgesia adequada.
Os sinais de dor ou desconforto devem ser avaliados, pelo menos de quatro em quatro horas, pelo
médico ou pelo enfermeiro.
Considerações finais
Para isso cudar do idoso dignamente, fora das possibilidades terapêuticas deve
passar pelo respeito da integridade da pessoa, garantindo que as suas
necessidades básicas sejam honradas:
1. Seja mantido livre de dor tanto quanto possível e que o sofrimento seja
cuidado;
2. Receba continuidade de cuidados e não seja abandonado;
3. Tenha controle tanto quanto for possível no que se refere a informações
e decisões a respeito de seu tratamento;
4. Seja ouvido e acolhido como pessoa, em seus medos, pensamentos,
sentimentos, valores de fé e esperanças;
5. Tenha a possibilidade de escolher despedir-se da vida, onde ele achar
melhor.
Bibliografia
AA VV., Estratégia para o Desenvolvimento do Programa Nacional de Cuidados Paliativos, Ed. Unidade de
missão para os cuidados continuados integrados, 2010
AA VV., Manual de boas práticas – um guia para o acolhimento residencial de pessoas mais velhas, Instituto
da Segurança Social, 2005
Neto, Isabel et al. Manual de Cuidados Paliativos, 29 Edição, Ed. Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa, 2010
Sites Consultados
Direção-Geral da Saúde
http://www.dsg.pt
Conclusão
Conclusão