■ A atenção pode ser definida como a direção da consciência, o estado de concentração da
atividade mental sobre determinado objeto (Cuvillier, 1937). ■ William James (1952, p. 260-261) dizia sobre a atenção que: Milhões de itens [...] que são apresentados aos meus sentidos nunca ingressam propriamente em minha experiência. Por quê? Porque esses itens não são de interesse para minha pessoa. Minha experiência é aquilo que eu consinto em captar... Todos sabem o que é a atenção. É o tomar posse pela mente, de modo claro e vívido, de um entre uma diversidade enorme de objetos ou correntes de pensamentos simultaneamente dados. Focalização, concentração da consciência são a sua essência. Ela implica abdicar de algumas coisas para lidar eficazmente com outras. ■ A atenção se refere, portanto, ao conjunto de processos psicológicos que torna o ser humano capaz de selecionar, filtrar e organizar as informações em unidades controláveis e significativas. ■ Os termos “consciência” e “atenção” estão estreitamente relacionados. A determinação do nível de consciência é essencial para a avaliação da atenção (Cohen; Salloway; Zawacki, 2006). ■ A atenção é um construto psicológico complexo que se refere a uma variedade de componentes, sendo eles, principalmente: ■ 1) início da atividade consciente e focalização; ■ 2) atenção sustentada e nível de alerta (vigilance); ■ 3) atenção seletiva ou inibição de resposta a estímulos irrelevantes; e ■ 4) capacidade de mudar o foco de atenção (set-shifting), ou atenção alternada. Conceitos Básicos
■ Há dois tipos básicos de atenção: a voluntária, que exprime a concentração ativa e
intencional da consciência sobre um objeto, ■ A espontânea, que é aquele tipo de atenção suscitado pelo interesse momentâneo, incidental, que desperta este ou aquele objeto. ■ A direção para atenção seria a atenção externa projetada para fora do mundo subjetivo do sujeito, voltada para o mundo exterior ou para o corpo, geralmente de natureza mais sensorial, utilizando os órgãos dos sentidos. ■ E a atenção interna: que se volta para os processos mentais do próprio indivíduo. É uma atenção mais reflexiva, introspectiva e meditativa. ■ E a amplitude atencional, há a atenção focal, que se mantém concentrada sobre um campo determinado e relativamente delimitado e restrito da consciência, em contraposição à atenção dispersa, que não se concentra em um campo determinado, espalhando-se de modo menos delimitado. ■ O psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1857-1939) que sugeriu, no início do século XX, que a atenção tinha duas qualidades fundamentais: tenacidade e vigilância. ■ A tenacidade consiste na capacidade do indivíduo de fixar e manter sua atenção sobre determinado estímulo, em um tema da conversa ou em um campo de atenção. Na tenacidade, a atenção se prende a certo estímulo, fixando-se sobre ele. ■ A vigilância (nessa conceitualização de Bleuler) é definida como o aspecto da atenção relacionado a mudança de foco, de um objeto para outro. Tais qualidades são com frequência antagônicas; por exemplo, nos estados maníacos, os pacientes costumam apresentar hipotenacidade (redução da capacidade de fixar a atenção) e hipervigilância (uma atenção que salta rapidamente de um estímulo para outro). ■ Freud (1856-1939) cunhou o conceito atenção flutuante, relativo ao estado de como deve funcionar a atenção do psicanalista durante uma sessão analítica. A atenção do analista não deve privilegiar a priori qualquer elemento do discurso ou comportamento do paciente, o que implica deixar funcionar livremente sua própria atividade mental, consciente e inconsciente, deixando livre a atenção e suspendendo ao máximo as motivações, os desejos e os planos próprios. Neuropsicologia da Atenção ■ Os subtipos mais utilizados e estudados são (Cohen; Salloway; Zawacki, 2006; Buschman; Kastner, 2015): ■ 1. capacidade e foco de atenção (atenção concentrada ou concentração) ■ 2. atenção seletiva ■ 3. atenção dividida ■ 4. atenção alternada ■ 5. atenção sustentada (sustained attention) ■ 6. seleção de resposta e controle executivo ■ 1. Capacidade e foco de atenção: referem-se à focalização da atenção e estão intimamente associados à experiência subjetiva de concentração. A capacidade de atenção concentrada sobre um estímulo ou um campo atencional se verifica quando o indivíduo consegue aplicar e focar toda sua atenção em tal campo ou estímulo. ■ 2. Atenção seletiva: diz respeito aos processos que permitem ou facilitam a seleção de estímulos e informações relevantes para o sujeito e seu processamento cognitivo. Ela resume a qualidade mais importante dos processos atencionais: a seletividade. A atenção seletiva diz respeito, portanto, à manutenção da atenção apesar da presença de estímulos distratores e/ou concorrentes ■ 3. Atenção dividida: Os processos atencionais não se limitam a um único alvo ou foco da atenção (abordado no item anterior, como atenção seletiva); com frequência, ocorre o processamento simultâneo e paralelo de dois ou mais estímulos captados pela atenção ao mesmo tempo. ■ 4 Atenção alternada: diz respeito à capacidade de mudança do foco de atenção (set- shifting), alternando voluntariamente o foco atencional de um estímulo a outro durante a execução de tarefas. ■ 5 Atenção sustentada: (sustained attention) diz respeito à capacidade de manter a atenção ao longo do tempo, geralmente durante uma atividade contínua e repetitiva. ■ 6 seleção de resposta e controle seletivo: