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IE 328

AULA 3: FUNDAMENTOS
HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Professora: Luciana Lima de Albuquerque da Veiga
Concepção Pedagógica

A expressão “concepções pedagógicas” é correlata de “ideias
pedagógicas”. A palavra “pedagógico” têm marcadamente
ressonância metodológica, denotando o modo de operar, de
realizar o ato educativo. (Saviani, 2008, p.166/167).
Periodização das Ideias Pedagógicas no Brasil
(SAVIANI, 2007)
1º Período (1549-1759): monopólio da vertente religiosa da pedagogia tradicional, subdividido nas seguintes fases:
1. Uma pedagogia brasílica ou período heroico (1549-1599);
2. A institucionalização da pedagogia jesuítica ou o Ratio Stidiorum (1599-1759).

2º Período (1759-1932): Coexistência entre as vertentes religiosa e leiga da pedagogia tradicional, subdividido nas
seguintes fases:
1. A pedagogia pombalina ou as ideias pedagógicas do despotismo esclarecido (1759-1827);
2. Desenvolvimento da pedagogia leiga: ecletismo, liberalismo e positivismo (1827-1932).

3º Período (1932-1969): Predominância da pedagogia nova, subdividido nas seguintes fases:


1. Equilíbrio entre a pedagogia tradicional e a pedagogia nova (1932-1947);
2. Predomínio da influência da pedagogia nova (1947-1961);
3. Crise da pedagogia nova e articulação da pedagogia tecnicista (1961-1969).

4º Período (1969-2001): Configuração da concepção pedagógica produtivista, subdividido nas seguintes fases:
1. Predomínio da pedagogia tecnicista, manifestações da concepção analítica de filosofia da educação e concomitante
desenvolvimento da visão crítico-reprodutivista (1969-1980);
2. Ensaios contra-hegemônicos: pedagogias da “educação popular”, pedagogias da prática, pedagogias crítico-social.
dos conteúdos e pedagogia histórico-crítica (1980-1991);
3. O neoprodutivismo e suas variantes: neo-escolanovismo, neoconstrutivismo e neotecnicismo (1991-2001)”.
TENDÊNCIAS NÃO-CRÍTICAS E CRÍTICAS
NÃO CRÍTICAS CRÍTICAS
não consideram consideram

A influência da realidade social,


política, econômica e cultural na prática
de ensinar.

CONCEPÇÃO / ENFOQUE:
CONCEPÇÃO / ENFOQUE:
TRADICIONAL;
PROGRESSISTA LIBERTADOR;
LIBERAL ESCALONOVISTA
LIBERTRÁRIO;
E
CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS.
LIBERAL NÃO-DIRETIVA;
LIBERAL TECNICISTA.
TENDÊNCIAS NÃO-CRÍTICAS
ABORDAGENS CONCEPÇÃO /ENFOQUE TENDÊNCIAS

DIDÁTICA TRADICIONAL: Pedagogia tradicional


Didática deve estar voltada para a
TRADICIONAL divulgação dos conteúdos de
1549 - 1930 ensino, com fim em si mesmo.
É a valorização do conteúdo pelo
conteúdo.

CENTRO DO PROCESSO DE
PROFESSOR
ENSINO-APRENDIZAGEM

ALUNO PASSIVO

AVALIAÇÃO CLASSIFICATÓRI
A
TENDÊNCIAS NÃO-CRÍTICAS
ABORDAGENS CONCEPÇÃO /ENFOQUE TENDÊNCIAS
DIDÁTICA BUSCA LIBERAL RENOVADA: Pedagogia Renovada:
A RENOVAÇÃO Faz oposição a tendência tradicional, mas ainda • Escalanovismo (ou
prevalece na prática da maioria dos professores
brasileiros. Influenciado pela psicologia traz a
progressivista)
DIDÁTICA seguinte novidade: o indivíduo que aprende, a • não-diretiva
RENOVADA aprendizagem se dá na pessoa.
(1930 – 1960)

CENTRO DO PROCESSO DE
ALUNO
ENSINO-APRENDIZAGEM

ALUNO ATIVO

AVALIAÇÃO QUALITATIVA
TENDÊNCIAS NÃO-CRÍTICAS
ABORDAGENS ENFOQUES TENDÊNCIAS
TECNICISTA
DIDÁTICA: os Todos são capazes de aprender qualquer coisa desde Pedagogia tecnicista
descaminhos que estimulados; os indivíduos devem ser mais
(pós 1964/1970) produtivos; enfatizou o caráter prático-técnico do
ensino, desconsiderando, como as tendências
anteriores, os condicionantes sociais.

CENTRO DO PROCESSO DE
OS MEIOS
ENSINO-APRENDIZAGEM

ALUNO PASSIVO

AVALIAÇÃO OBJETIVA
PEDAGOGIA LIBERAL TECNICISTA

Pedagogia liberal tecnicista aparece nos Estados Unidos na segunda
metade do século XX e é introduzida no Brasil entre 1960 e 1970.

Nessa concepção comportamentalista, o homem é considerado um
produto do meio.

É uma consequência das forças existentes em seu ambiente.

A consciência do homem é formada nas relações acidentais que ele
estabelece com o meio ou controlada cientificamente através da
educação, sendo possível prever os resultados de determinadas
abordagens em relação ao homem/produto final.
Fonte: www.bichinhosdejardim.com.br

A partir do pressuposto da neutralidade científica e inspirada nos
princípios de racionalidade, eficiência e produtividade, a
pedagogia tecnicista advogou a reordenação do processo
educativo para torná-lo objetivo e operacional.

De modo semelhante ao que ocorreu no trabalho fabril, pretendeu-
se a objetivação do trabalho pedagógico. Com base em
justificativas teóricas derivadas da correte filosófico-psicológica do
behavorismo, planejar a educação para dotá-la de uma organização
racional capaz de minimizar as interferências subjetivas que
pudessem pôr em risco a eficiência.

(SAVIANI, 2008, p. 202)

Na pedagogia tecnicista o elemento
principal passou a ser a organização
racional dos meios, ocupando o
professor e o aluno posição
secundária.

A organização do processo
converteu-se na garantia da
eficiência, compensando e
corrigindo as deficiências do
professor e maximizando os efeitos
de sua intervenção.

(SAVIANI, 2008, p. 202)
Na tendência liberal tecnicista a educação escolar organiza, o
processo de aquisição de habilidades e atitudes, conhecimentos
específicos, úteis e necessários para que o indivíduo se integre na
máquina do sistema social global.
Seus conteúdos de ensino (currículo) são as informações, princípios
científicos, leis etc, estabelecidos e ordenados numa sequência lógica
e psicológica por especialistas.
É matéria de ensino apenas o que é redutível ao conhecimentos que
pode ser observado, os conhecimentos decorrem da ciência objetiva.
(LUCKESI,1994,p 60-61)

A educação atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social
vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o
sistema produtivo; para tanto emprega a ciência da mudança de
comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu
interesse imediato é o de produzir indivíduos "competentes para o
mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações
precisas, objetivas e rápidas“.

(LIBÂNEO, 1989, p. 290).
A "Pedagogia Tecnicista" e as aulas
Na "Pedagogia Tecnicista", o aluno e o professor ocupam uma posição
secundária, porque, o elemento principal é o sistema técnico de
organização da aula e do curso: Orientados por uma concepção mais
mecanicista, os professores brasileiros entendiam seus planejamentos e
planos de aulas centrados apenas nos objetivos que eram operacionalizados
de forma minuciosa.
Faz parte ainda desse contexto tecnicista o uso abundante de recursos
tecnológicos e audiovisuais, sugerindo uma "modernização" do ensino.
Luckesi, C. C. Filosofia da Educação- São Paulo: Cortez,1994.
Tecnicismo

Educação para o trabalho e para o mercado de trabalho;

Educação para o desenvolvimento econômico

Educação voltado ao aprendizado da técnica e da organização do
trabalho produtivo

Com usos de manuais e recursos tecnológicos para o
desenvolvimento do aprendizado

Especialistas

Educação profissional e técnica.
Correlatos da pedagogia tecnicista:

Concepção pedagógica produtivista;

Pedagogia das competências;

Pedagogia corporativista;

Pedagogia neoprodutivista;

Pedagogia neotecnicista;

Pedagogia da qualidade total.
TENDÊNCIAS CRÍTICAS
ABORDAGENS CONCEPÇÃO /ENFOQUE TENDÊNCIAS

DIDÁTICA CRÍTICA CRÍTICO-REPRODUTIVA a) Pedagogia Libertária;


Fortaleciam a necessidade de analisar a relação
(1980 até ...) educação-sociedade, principalmente como
instância de reprodução das relações sociais e b) Pedagogia Libertadora;
capitalistas
c) Pedagogia Histórica-
crítica ou Pedagogia
PROGRESSISTA Crítico-Social dos
Influência das Teorias Críticas, partindo de uma conteúdos.
análise crítica das realidades sociais sustentam
implicitamente as finalidades sócio-políticas da
educação
Visão Reprodutivista da Escola
 Também chamada de crítico-reprodutivista, essa perspectiva de olhar para a
educação escolar recebeu essa denominação por fazer a crítica às teorias
conservadoras (funcionalista e estruturalista) e afirmar, com base na teoria
marxista, que a escola tem um papel fundamental à reprodução da ideologia
burguesa desmistificando a imagem da educação como um fator
determinante de equalização e de mobilidade social.
 No interior dessa perspectiva de olhar para a escola, encontramos duas
vertentes: aquelas que Burocracia - “Uma estrutura social na qual a direção
das atividades coletivas fica a cargo de um aparelho impessoal
hierarquicamente organizado, que deve agir segundo critérios impessoais e
métodos racionais” (MOTTA, 1988, p. 07) veem na escola a função de
reprodução social e aquelas que veem na escola a função de reprodução
cultural.
 Representando a abordagem da reprodução social, os franceses Baudelot &
Establet no livro “La Escuela Capitalista” (1986), argumentam que a escola
única, apregoada pelo Sistema de Ensino Francês, não existe. A divisão em
redes diferentes percorre o mesmo caminho da divisão de classes na
sociedade capitalista.
 As teorias da reprodução cultural afirmam a função reprodutora da educação
escolar sem, no entanto, traçar uma correspondência entre a esfera
econômica e a esfera da educação. O elemento distintivo dessa perspectiva,
que tem como principal representante o autor francês Pierre Bourdieu, se
encontra no fato de a educação e, portanto, a escola possuir seus próprios
princípios de organização.
TENDÊNCIAS CRÍTICAS LIBERTÁRIA
Antiautoritarismo e autogestão são os princípios fundamentais da proposta pedagógica
anarquista que abrange as correntes libertárias, psicanalistas e sociológicas.

a) DESENVOLVER MECANISMOS DE MUDANÇAS


INSTITUCIONAIS E NO ALUNO, COM BASE NA
PAPEL DA ESCOLA PARTICIPAÇÃO GRUPAL, ONDE OCORRE A PRÁTICA DE
TODA A APRENDIZAGEM. b) EXERCE UMA
TRANSFORMAÇÃO NA PERSONALIDADE DO ALUNO NO
SENTIDO LIBERTÁRIO E AUTOGESTIONÁRIO. c)
RESISTÊNCIA CONTRA A BUROCRACIA COMO
INSTRUMENTO DE AÇÃO DOMINADORA E CONTROLADORA
DO ESTADO.
ALUNO ATIVO

AVALIAÇÃO NÃO PREVISTO


TENDÊNCIAS CRÍTICAS LIBERTADORA
Atribui à educação o papel de denúncia das condições alienantes do povo, passando a
fundamentar as críticas dos professores que apontavam os mecanismos de opressão da
sociedade de classes. Didática
implícita na orientação do trabalho escolar, cujo ensino é centrado na
realidade social.
a) FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA POLÍTICA DO ALUNO PARA
ATUAR E TRANSFORMAR A REALIDADE.
PAPEL DA ESCOLA b) PROBLEMATIZAÇÃO DA REALIDADE, DAS RELAÇÕES
SOCIAIS DO HOMEM COM A NATUREZA E COM OS OUTROS
HOMENS, VISANDO A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL.

ALUNO ATIVO CONTEÚDOS DE


ENSINO: TEMAS
GERADORES
AVALIAÇÃO PRÁTICA EMANCIPADORA
Paulo Freire: TENDÊNCIA CRÍTICA LIBERTADORA
PAULO REGLUS NEVES FREIRE (1921-1997): Atribui à educação o papel de denúncia das condições
alienantes do povo, passando a fundamentar as críticas dos professores que apontavam os mecanismos de
opressão da sociedade de classes.

Segundo Libâneo (1993), a teoria pedagógica de Paulo Freire não tem uma proposta explícita para a Didática.
Há, no entanto, uma didática implícita na orientação do trabalho escolar, cujo ensino é centrado na realidade
social: “é uma didática que busca desenvolver o processo educativo como tarefa que se dá no interior dos
grupos sociais e por isso o professor é coordenador das atividades que se organizam sempre pela ação
conjunta dele e dos alunos” (p. 69-71).

A preocupação de Freire girava em torno da educação das classes populares, inicialmente de caráter
extraescolar, não oficial.
Paulo Freire: TENDÊNCIA CRÍTICA LIBERTADORA
Seus princípios e práticas tornaram-se pontos de referências para professores no mundo
todo.

Para citar alguns: a valorização do cotidiano do aluno;


◦ a construção de uma práxis educativa que estimulava a sua consciência crítica, tornando-
o sujeito de sua própria história;
◦ o diálogo amoroso entre professor e aluno;
◦ o professor como mediador entre o aluno e o conhecimento;
◦ o ensino dos conteúdos desvelando a realidade.
◦ Toda a sua obra é voltada para uma teoria do conhecimento aplicada à
educação, sustentada por uma concepção dialética em que o educador e o
educando aprendam juntos numa relação dinâmica na qual a prática,
orientada pela teoria, reorienta essa teoria, num processo de constante
aperfeiçoamento. (...) Sua contribuição à teoria dialética do conhecimento,
para a qual a melhor maneira de refletir é pensar a prática e retornar a ela
para transformá-la. Portanto, pensar o concreto, a realidade, e não pensar
pensamentos” (Gadotti, 1993, pp. 253 e 254, grifos meus).
Principais obras

◦Educação: prática da liberdade (1967)


◦Pedagogia do oprimido (1968)
◦Cartas à Guiné- Bissau (1975)
◦Pedagogia da esperança (1992)
◦À sombra desta mangueira (1995)
Pedagogia do Oprimido
◦O livro propõe uma pedagogia com uma nova forma
de relacionamento entre professor, estudante, e
sociedade. O livro continua popular entre educadores
no mundo inteiro e é um dos fundamentos da
pedagogia crítica.

◦Com mais de um milhão de cópias vendidas, é a


terceira obra mais citada em trabalhos acadêmicos da
área de humanas em todo o mundo, à frente de
clássicos como Vigiar e Punir de Michel Foucault e O
Capital de Karl Marx.
TENDÊNCIAS CRÍTICAS HISTÓRICO-CRÍTICA OU CRÍTICO-
SOCIAL DOS CONTEÚDOS
Fundamenta-se em uma teoria crítico-pedagógica capaz de orientar a prática cotidiana dos
Rompimento
professores, assumindo a pedagogia comdaaeducação e para a educação.
como ciência
A prática pedagógica propõe uma interação
tendência entre conteúdo e realidade concreta, visando a
crítico-
transformação da sociedade açãoreprodutivista
– compreensão ação. Enfoque no conteúdo como produção
histórico social de todos os homens. Superação das visões não críticas e críticos de reprodutivas de
educação.
Atribui grande importância à Didática, considerando que esta tem como objetivo a direção do
processo de ensinar, tendo em vista as finalidades sociopolíticas e pedagógicas e as condições e
meios formativos, convergindo para promover a auto atividade dos alunos que é a aprendizagem.
Os conhecimentos sistematizados devem ser confrontados com as experiências socioculturais e
com a vida concreta dos alunos, de forma a assegurar o acesso aos conhecimentos sistematizados
a todos como condição para a efetiva participação do povo nas lutas sociais.
TENDÊNCIAS CRÍTICAS HISTÓRICO-CRÍTICA OU CRÍTICO-
SOCIAL DOS CONTEÚDOS
PAPEL DA ESCOLA a) FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA POLÍTICA DO ALUNO PARA
ATUAR E TRANSFORMAR A REALIDADE.
b) SOCIALIZAÇÃO DO SABER ELABORADO ÀS CAMADAS
POPULARES, ENTENDENDO A APROPRIAÇÃO CRÍTICA E
HISTÓRICA DO CONHECIMENTO ENQUANTO INSTRUMENTO
DE COMPREENSÃO DA REALIDADE SOCIAL E ATUAÇÃO
CRÍTICA E DEMOCRÁTICA PARA A TRANSFORMAÇÃO DESTA
REALIDADE

ALUNO ATIVO
PRÁTICA EMANCIPADORA;
FUNÇÃO DIAGNÓSTICA PERMANENTE E CONTÍNUA;
AVALIAÇÃO PRESSUPÕE TOMADA DE DECISÃO;
O ALUNO TOMA CONHECIMENTO DOS RESULTADOS DE
SUA
APRENDIZAGEM E ORGANIZA-SE PARA AS MUDANÇAS
NECESSÁRIAS.
A escola como um lugar de resistência
1) As chamadas pedagogias crítica e da resistência constituem o acervo
das reflexões importantes construídas em torno das teorias da reprodução
social.

 Os estadunidenses Henry Giroux e Michel Apple são os principais


representantes dessa perspectiva de análise da escola.

 A intenção desses autores é a de conjugar, no domínio da educação, a


teoria da reprodução cultural com uma análise da resistência e dos
movimentos sociais, capaz de apreender a diversidade das potenciais
fontes de ação transformadora da educação escolar. Críticas a escola
capitalista.
2) Histórico-Crítica:
 Prática social – problematização – instrumentalização – catarse – prática
social.
 Relação conteúdo-forma.
 Transformação da realidade.
Pedagogia Histórico-
Crítica sabemos que sua
3) Fundamentos da Escola do Trabalho: filosofia é o marxismo ou
 Programas de vida escolar.
o materialismo histórico.
 Sistemas de Complexos.
 O Trabalho na escola.
 Coletivo escolar.
 Auto-organização dos sujeitos.
A escola como um espaço sociocultural
• Atribui à escola uma esfera de autonomia que lhe possibilita filtrar as
determinações exteriores.
• Atribui-lhe a condição de produtora de cultura, ou seja, possibilita
compreender a escola como um “mundo social” com ritmos e ritos,
linguagens, imaginários, modos de regulação ou de transgressão, que lhes são
singulares; um sistema próprio de produção e de gestão de símbolos.
• E por último, nos diz que qualquer mudança de prática só será possível se
estas estiverem em consonância com as dinâmicas construídas pelos sujeitos
(adultos, jovens, crianças, homens, mulheres, negros, brancos) no interior de
cada escola.
• Enfim, a escola é concebida como um espaço sociocultural. Ainda que estejam
integradas, fazendo parte de um contexto cultural mais amplo, as escolas
produzem uma cultura interna que lhes é própria e que exprime os valores e as
crenças que os membros da instituição partilham ou deixam de partilhar.
Assim, conceber a escola como um espaço sociocultural é reconhecer os
múltiplos sentidos presentes no cotidiano escolar, frutos das interações que
ocorrem entre os diferentes atores, cada um deles com interesses,
experiências e maneiras diversas de olhar o mundo; isso torna possível
compreender cada escola como uma instituição singular, que constrói uma
identidade própria, o que possibilita o reconhecimento desta como um
espaço cultural.
Essa abordagem amplia a visão da organização escolar, uma vez que leva
em conta os processos reais que ocorrem no seu interior, ao mesmo tempo
em que resgata o papel ativo dos sujeitos na trama social cotidiana que a
constitui.
Cultura da Escola - sociocultural
a) Dimensão da Instituição Escolar: um conjunto de posições, normas e
regras que tendem a unificar e delimitar a ação dos sujeitos. Essa dimensão
compreende as políticas de gestão da educação, a história da Escola e do
seu funcionamento;

b) Dimensão do cotidiano: uma complexa trama de relações sociais e


afetivas levada a cabo pelos sujeitos que diariamente transitam e se
relacionam, tecem alianças e conflitos, transgressões e acordos. Sujeitos
históricos e culturais, com capital cultural e social diversos, ocupando
diferentes lugares no interior da escola (docentes, especialistas, diretor,
alunos, etc.) e que trazem essa diversidade para as relações que
estabelecem no cotidiano da escola;
c) Dimensão do contexto: a cultura local do lugar em que está situado o
estabelecimento de ensino, isto é, se a escola está localizada no campo, na
cidade, no centro, na periferia; se a predominância étnica e cultural da
população é alemã, italiana, açoriana, negra, cabocla, por exemplo, a teia
de significados que constitui a cultura do lugar se junta às outras
dimensões para constituir a identidade da escola;

d) Dimensão da arquitetura: o espaço construído não é neutro, de um


lado ele é delimitado formalmente e expressa uma expectativa de
comportamento daqueles que o utiliza. De outro lado, os sujeitos no uso
destes espaços atribuem novos/outros sentidos à arquitetura, atribuindo-
lhes estéticas de colhimento, de distanciamento, de vigilância, de
sociabilidade.
4 Pilares da Educação do século XXI:
aprender a aprender;
aprender a fazer;
aprender a ser;
aprender a conviver.

7 Saberes: erro e ilusão, o conhecimento pertinente, ensinar a condição


humana, identidade terrena, enfrentar as incertezas, ensinar à compreensão,
ética do gênero humano. (Morin)

Educação e complexidade – Morin.


Fica então a pergunta:
Qual a função da escola no processo de formação humana nas
sociedades atuais?

Se a educação é uma exigência humana – individual e coletiva –


e a escola foi, historicamente, a instituição social “escolhida”
pela humanidade para cumprir esta tarefa, como podemos
considerar a função específica da escola atualmente?

TOZONI-REIS (p.4)
ATIVIDADES

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