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SILVIO

SILVIO ROMERO
ROMERO
Breve Biografia
• Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero, nasceu
em Lagarto, município de Sergipe, em 1851, e faleceu
no Rio de Janeiro em 1914. Em 1863, partiu para a
corte, a fim de fazer os preparatórios no Ateneu
Fluminense, e em 1868, matriculou-se na Faculd ade de
Direito do Recife. Conclui o curso de bacharel em
direito em 1873. Iniciou sua atividade intelectual no
jornalismo e na crítica literária no primeiro ano do
curso. Em um primeiro momento advoga o positivismo
de Comte, embora mais tarde veio a se afastar das
idéias deste para se aproximar da perspectiva
evolucionista de Herbert Spencer .
Questões
• Um povo branco ou mestiço?

• Cultura ou barbárie?

• Poderá haver civilização?


Dilema Sociológico
• A perplexidade de uma elite letrada, preocupada com a
identidade e o destino da sociedade nacional.

• “Em relação ao contexto que estavam inseridos: vendo-


os com os olhos do europeu, exacerbavam seus aspectos
negativos, sem conseguir romper com os laços afetivos
que a ele os prendiam” (Nogueira, 1978, p. 185)
Análise da Sociedade
Brasileira
• Buscou a nação latente nas diversas manifestações da
cultura brasileira.

• As obras literárias e artísticas eram consideradas como


dados e sintomas que revelariam a psicologia de um
século, de um povo, de uma nação.

• Critica o romantismo indianista

• Singularidade do Brasil é o mestiço.



Vantagens da mestiçagem
• O incorporamento direto do índio e do negro entre nós foi
conveniente para garantir o trabalho indispensável à produção da
vida econômica do povo novo ia se formar; e o mestiçamento deles
com o europeu foi vantajoso:
• a) para a formação de uma população aclimada ao novo meio
• b) para favorecer a civilização das duas raças menos avançadas
• c) para preparar a possível unidade da geração futura, que jamais
se daria se os três povos permanecessem isolados em face um do
outro sem se cruzarem
• d) para desenvolver as faculdades estéticas da imaginativa e do
sentimento, fato real no próprio antigo continente, como
demonstrou o ilustre de Gobineau. (ROMERO; 2001:59)
Mestiço
• Todo brasileiro é um mestiço, quando não no sangue,
nas ideias. Portanto, o que simboliza a nossa identidade
é a mestiçagem.

• O povo brasileiro não é um grupo étnico nem uma


formação histórica; mas a mestiçagem é capaz de
contribuir para a unidade nacional.

• Ideal de branqueamento diverge com o discurso


reivindicador.
Relações econômicas
• Durante mais de três séculos foi o Brasil governado por prepostos
de um governo absoluto. Retalhado a principio em capitanias, mal
divididas e mal determinadas, que foram entregues a alguns
aventureiros e áulicos, que nos fez ter também nossa idade feudal,
passou depois ao domínio direto da coroa, que tratou de segregá-lo
do mundo e explorá-lo. Num e noutro sistema o índio era
considerado uma fera, que devia ser caçada; o negro uma máquina,
que devia estupidificar-se para produzir; o peão português, o
colono, um ente de sangue bastardo, distante do sangue azul,
escravos dos fidalgos e de El rei, nosso senhor! ... Nestas
condições, as populações que se iam formando no país, traziam a
marca da origem: - a submissão (p. 160/161)
Intenção do livro
• Que seja um protesto, um grito de alarma de
são brasileirismo, um brado de entusiasmo
para um futuro melhor (p.162)
América
América Latina:
Latina: Males
Males de
de Origem
Origem

MANOEL BOMFIM
1868- 1932
Biografia
O seu pai, quase analfabeto, desprovido de certidão de nascimento, Paulino José adotou
o nome de Paulino José do Bomfim, como referência à sua cidade natal, Bom Fim do
Carira. O vaqueiro se casou com a viúva de um comerciante português e foi morar em
Aracaju, onde se tornou um próspero comerciante, além de ser proprietário de um
Engenho Bomfim. O casal teve 13 filhos, dentre eles, Manoel José Bomfim, nascido em
Aracaju, em 08 de agosto de 1868. Como demais pensadores do seu tempo (Silvio
Romero, José Lins do Rego), Bomfim trabalhou no engenho da sua família, dos 12 aos
17 anos, onde conviveu com escravos e seus descendentes. Mais tarde algumas dessas
pessoas tornaram-se inspiração de personagens do seu livro didático Através do Brasil.
Bomfim foi estudar medicina em Salvador em 1886, onde conheceu o jornalista Alcindo
Guanabara. No entanto, ele se transfere para o Rio e através de Guanabara conhece as
redações de jornais e Olavo Bilac. Completou o curso de medicina, mas devido a morte
da sua filha causada pelo tifo, e de não admitir o fracasso em salvá-la, ele abandona a
medicina. Passou a se dedicar à educação e escrever obras de psicologia, escrevendo
várias obras e revistas. Em 1902 publica a obra Compêndio de Zoologia Geral e recebe
uma bolsa do governo brasileiro para estudar psicologia experimental em Paris. Lá em
Paris, um jornal parisiense solicita ao autor um artigo sobre a América Latina. Sendo que
é desse artigo que Bomfim começa a escrever a América Latina: males de origem.
A Europa e a América
Latina
I- A OPINIÃO CORRENTE SOBRE A AL
 Uma opinião profundamente, absolutamente arraigada no animo
dos governos, sociólogos e economistas europeus. Como
variantes a essas sentenças, eles se limitam a ditar, de tempos em
tempos, uns tantos conselhos axiomáticos; mas o ditam da ponta
dos lábios, no tom em que o mestre-escola repete ao aluno
indisciplinado e relapso: se você me ouvisse, se não fosse um
malandro, faria isto, mais isto e isto, mas você não presta pra
nada! Nunca fará nada! Nunca saberá nada! Nunca será nada. (38)
• A condenação do povo latino americano
tinha uma dupla causa: a causa afetiva,
interesseira, visando a conquista do
território; e uma causa intelectual, que
decorre do desconhecimento da realidade
latino-americana, de sua história, do seu
passado colonial.
CONSEQÜÊNCIAS DA MALEVOLÊNCIA
EUROPÉIA

As conseqüências desta condenação:


1) uma descrença e condenação que acaba
por ser aceita e acatada, inibindo os
estímulos necessários a rever esta situação.
2) esses julgamentos acabam legitimando
o ataque a nossa soberania e a nossa
independência, perturbando o
desenvolvimento das sociedades sul-
americanas.
• Não há na história da América Latina um só fato
provando que os mestiços houvessem degenerado de
caráter, relativamente às qualidades essências das
raças progenitores. Os defeitos e virtudes que
possuem vêm da herança que sobre eles pesa, da
educação recebida e da adaptação às condições de
vida que lhes são oferecidas (BOMFIM, 2005, p.291)
Biologismo sociológico

 Ora, uma sociedade que viva parasitariamente sobre a outra


perde o hábito de lutar contra a natureza; não sente
necessidade de apurar os seus processos, nem de pôr em
contribuição a inteligência, por que não é da natureza
diretamente que ele tira a subsistência, e sim do trabalho de
outro grupo; com o fruto deste trabalho ele pode ter tudo.... em
tais condições, é lógico que a inteligência não poderá
progredir, decairá. (BOMFIM, 2005, p.60)
Parasitismo Social
• Sobre os grupos sociais humanos, os
efeitos do parasitismo são os mesmos.
Sempre que há uma classe ou uma
agremiação parasitando sobre o trabalho
de outra, aquela – o parasita – se
enfraquece, decai, degenera, extingue-se.
(63)
• Chondracanthus gibbosus
Efeitos
• Mentalidade conservadora;

• Cultura de sentimentos egoístas e perversos;

• Estado – mecanismo das classes dominantes;

• Cultura livresca.
 Não se lembram de que, ao condenar o
nacional – elemento povo – como incapaz
e inaproveitável, eles se condenam a si
mesmos, porque, em suma, o povo não se
dirige por si, não se fez por si, não ter sido
dirigido, governado, educados pelas
classes dominantes; eles é que o fizeram,
e, se não presta, a culpa é de quem não
soube educar. (Bomfim)
 O progresso há de ser da própria sociedade, no
seu todo, isto só se obtém pela educação e
cultura.

 Sem a instrução da massa popular, não é só a


riqueza que nos faltará – é a própria qualidade de
gentes entre as gentes modernas (...) Como
estamos, não somos nem nações, nem repúblicas,
nem democracias. A democracia moderna é um
produto do progresso; e nós somos, ainda, uma
presa do passado, ancorado em tradições e
preconceitos, que não soubemos vencer ainda.
Romero x Bomfim
• Romero escreve um livro “A América
Latina análise do livro de igual título do
Dr. M. Bomfim”
• Desastroso defensor da doutrina da
igualdade de raças;
• Base científica, etnográfica, histórica e
econômica falsas.
• Critica o uso de metáforas quanto ao
parasitismo social
• O meu livro é uma obra de amor – de muito amor à minha terra.
Quando o escrevi, roubando o meu tempo às excursões, aos passeios e
aos estudos que deveria fazer na Europa [...] estava convencido que se
deviam dizer e propagar as verdades que neles se dizem. Eu bem sabia
que o reacionarismo dos eternos exploradores acharia penas que me
enxovalhassem. Esperava por isso. Eu o bem o disse: que a
exploração, o parasitismo, a violência e a injustiça - dispõem de uns
pseudosábios para defender-se. São esses mesmos que, há duzentos
anos, seriam negreiros ou pegadores de índios — se tivessem coragem
de afrontar a morte; hoje são teoristas, a serviço dos sugadores
• Manoel Bomfim enquanto médico foi levado a perceber os limites
das teorias raciais e seus usos políticos com intuito de identificar o
histórico e um prognóstico para a sociedade brasileira, ao passo
que Silvio Romero, enquanto estudioso da literatura brasileira,
buscou antever o malogro e as possibilidades que o processo da
miscigenação acenava. Enquanto o primeiro pensou a revolução
com espécie de intervenção cirúrgica da sublevação das classes
populares, o segundo esperou que a miscigenação operasse o
branqueamento moral necessário ao mundo civilizado, endossando
os aspectos políticos do fatalismo evolucionista.

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