Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 17

Aplicação da lei no tempo

Regente: Prof.ª Doutora Anja Bothe


• Porfírio foi reeleito vereador da Câmara Municipal de Baixezas dos Compassos
em 1985 (depois de exercer as mesmas funções desde 1983).
• O Ministério Público instaurou no competente Tribunal Administrativo de Círculo
uma ação na qual se pedia a perda do mandato de Porfírio com fundamento em
graves ilegalidades por este praticadas, enquanto vereador, em 1983 (mas
verificadas só em 1988), nos termos do art. 9.º/3 da Lei n.º 87/89, de 9 de
setembro: “Constitui ainda causa de perda de mandato a verificação, em
momento posterior ao da eleição, por inspeção, inquérito ou sindicância, de
prática por ação ou omissão, de ilegalidade grave ou de prática continuada de
irregularidades, em mandato imediatamente anterior exercido em qualquer
órgão de qualquer autarquia.” Porfírio alega em juízo qua a norma do n. 3 art.
9.º daquele diploma, tendo entrado em vigor apenas em 14 de setembro de
1989, não podia ser aplicada às suas condutas (que eram anteriores a essa
data), sob pena de violação do direito fundamental de acesso a cargos públicos.
retroatividade
• Não admitida ou apenas admitida no Direito
Penal:
• LN afeta situações definitivamente decididas
(retroatividade máxima)
• LN afeta efeitos já produzidos (retroatividade
extrema)
• Retroatividade admitida:
• LN respeita efeitos já produzidos
Retroatividade e Constituição
• Art. 18.º, n. 3 CRP: leis restritivas de direitos, liberdades e garantias
• Art. 29.º n. 1, 3, 4 CRP: Direito Penal: sempre a favor do agente
• Art. 111.º CRP: o legislador não poderia invalidar o decidido pelo
poder judiciário, separação de poderes
• Art. 282.º, n. 2 e 3 CRP: mesmo sendo o Tribunal Constitucional a
declarar a inconstitucionalidade, “ficam ressalvados os casos
julgados,”; apenas no Direito Penas é admissível a retroatividade
máxima
• Art. 103.º, n. 3 CRP: impostos não podem ser estabelecidos com
retroatividade
• Caso prático 1: A pratica um ato que, na altura, não era
considerado punível. Antes do julgamento, surge uma
LN que considera tal facto como criminoso e punível
com prisão até seis meses. Deve esta lei ser aplicável
àquele facto de A?
• 2. suponha-se a hipótese inversa da anterior: o facto
era punível pela LA mas deixou de o ser pela LN.
• Caso prático 3: A lei antiga admitia a inserção de uma
cláusula resolutiva no contrato de arrendamento. A lei
nova vem proibir esta cláusula no referido contrato.
Aplica-se esta última lei a contrato de arrendamento
ainda em vigor celebrado sob a lei antiga?
• Caso prático 4: Segundo a lei antiga, o senhorio tinha
direito de exigir, além das rendas em atraso, uma
indemnização igual ao dobro das mesmas. Segundo a
lei nova, o senhorio só tem direito às rendas em atraso
e a 50% do valor das mesmas. Que indemnização pode
exigir o senhorio relativamente às rendas que já
estavam em atraso no momento do início da vigência
da lei nova?
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
Lei antiga conforme 1ª parte:
Condições de validade :
• Substancial: corresponde aos requisitos de validade de um negócio
jurídico quanto à idoneidade do objecto, capacidade e legitimidade
das partes, erro, dolo ou coação
• Formal: corresponde aos requisitos de validade de um negócio
jurídico quanto à forma e formalidades
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
Lei antiga conforme 1ª parte:
Factos ou efeitos:
• Factos: se encontram na previsão da norma
• Efeitos dos factos: se encontram na estatuição da norma
• os efeitos não se podem abstrair dos factos que
lhes dão origem, ou seja, os efeitos que não podem ser desligados dos
factos que os geram
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
• Lei nova conforme 2ª parte:
• A nova lei incide sobre o âmbito das relações jurídicas ou os seus
efeitos depois de constituídas
• A nova lei incide sobre os efeitos que se encontram autonomizados
do facto constitutivo
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
• Os factos constitutivos – modificativos ou
extintivos) de situações jurídicas determinam a
competência da lei aplicável
• A lei nova não se aplica a factos constitutivos
• A questão decisiva é: existe já a situação
jurídica constituída quando entra em vigor a
LN?
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
Estatuto da responsabilidade extracontratual:
• Se a LN altera os pressupostos de facto que se devem verificar para
haver responsabilidade civil, está em causa um facto constitutivo,
aplica-se a lei em vigor no tempo da occorrência do facto que gera a
responsabilidade
• Se a LN altera, p.ex., os termos do cálculo e montante da
indemnização, estamos perante um efeito que não abstrai do facto
que lhe dá origem, aplicamos a LA
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
• Estatuto pessoal
• Constituição de um estado pessoal – está em causa um facto
constitutivo, aplica-se a LA, p.ex., a LN altera as condições em que as
pessoas podem ser inabilitadas
• Conteúdo de um estado pessoal, p.ex., a LN altera o regime de
administração dos bens do inabilitado
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
• Estatuto da família (casamento e filiação)
• Constituição de um estado de família (inclui os aspetos ligados à sua
existência, validade, objeto e parte do conteúdo ligado à
constituição): LA
• Conteúdo de um estado de família, desligado/ autonomizado da sua
constituição: LN
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
• Estatuto dos contratos
• Constituição: LA
• Conteúdo: LN
• Regra geral do estatuto dos contratos: manutenção da situação legal
em vigor no momento da constituição do contrato,
• No entanto!!
• Pode ser exigida a aplicação da lei nova por motivos da defesa de
interesses sociais fundamentais
Distinção entre a 1ª e a 2ª parte do n.º 2 do
art. 12.º do C.C.
• Estatuto dos contratos: a partida, a LA é incorporada no contrato
• Problema: existem normas que dispõe sobre o conteúdo de uma
situação jurídica contratual sem abstrair do facto (o contrato) que lhe
deu origem, p.ex.: criação de organizações de pessoas e bens
(sociedades)
• O argumento a favor da LA em caso de contrato é o equilíbrio gizado
pelas partes na sua autonomia privada
• No entanto: grande parte dos contratos são de adesão ou de primeira
necessidade ou obrigatórios (seguros, transportes, fornecimentos vários,
etc.); legislador visa motivos sociais, de proteção do consumidor, do
trabalhador, e giza equilíbrio de maior justiça social
Bibliografia
• Luis, Sandra Lopes, Introdução ao Estudo do Direito, 2018, AAFDUL
• Machado, João Baptista; Introdução ao Direito e ao Discurso
Legitimador, Almedina, 2006

Você também pode gostar