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ESTRUTURA

de
CARBOIDRATOS

Maria Kouyoumdjian

Medicina 2007

Departamento de Bioquímica

Disciplina de Bioquímica
Objetivos

1. Reconhecer as características de um carboidrato


2. Reconhecer a estrutura da glicose
3. Reconhecer a relação entre glicose e outras hexoses
4. Entender o conceito de carbono assimétrico e
os diferentes tipos de isomeria de monossacarídeos
5. Entender a natureza da ligação glicosídica
6. Reconhecer a estrutura de dissacarídeos
(lactose, sacarose, maltose)
7. Reconhecer derivados de açúcares
8. Reconhecer a estrutura de polissacarídeos
(reserva e estruturais)
9. Reconhecer oligossacarídeos conjugados
(proteínas e lipídeos)
Carboidratos
Açúcares Hidratos de carbono

Saccharides - grego sakcharon - açúcar

Moléculas biológicas mais abundantes na natureza

Moléculas relativamente simples que podem se ligar de


diversas maneiras para formar moléculas maiores

Fonte primária de energia em vários alimentos

Reserva
Estrutural
suco de maçã batata
arroz
mel

folha de papel pinheiro

leite pão

lenha

coca-cola
combustível para nossas emoções
açúcar: fonte de energia
glicose sangüínea
Glicose

livre ou ligada

forma que possamos digerir

amido
glicogênio forma que não podemos digerir
leite
celulose
sacarose
Monossacarídeos

D-Frutose
D-Glicose
Dextrose Açúcar do sangue

6 carbonos

grupo aldeído

5 hidroxilas
D-Galactose D-Frutose

6 carbonos 6 carbonos

grupo aldeído grupo cetona

5 -OH 5 -OH
Carboidratos
Compostos que contém C, H e O
Fórmula geral: (C.H2O)n (n≥3)
Todos possuem os grupos funcionais C=O e -OH

Classificação baseada em:


1. tamanho da cadeia carbônica
2. localização do grupo C=O
3. número de unidades sacarídicas
4. estereoquímica
1. Classificação baseada no tamanho da
cadeia carbônica:

3 carbonos - triose
4 carbonos - tetroses
5 carbonos - pentoses

6 carbonos - hexoses
7 carbonos - heptoses
2. Classificação baseada na localização
do grupo C=O

aldeído aldoses

cetona cetoses
3. Classificação baseada no número de
unidades monossacarídicas:

Monossacarídeos unidade única de açúcar


(açúcar simples)

Dissacarídeos duas unidades de açúcar

Oligossacarídeos 3 a 10 unidades de açúcar

Polissacarídeos mais de 10 unidades


4. Classificação baseada na estereoquímica:
múltiplos centros de assimetria

DeL
Enantiômeros (D e L)

D L ???
Diastereoisômeros

Epímeros
D-aldoses
D-cetoses
Poder redutor
Álcoois reagem com grupos carbonilas de aldeídos

aldeído álcool hemiacetal

e de cetonas

cetona álcool hemicetal


Ciclização da glicose
α D-Glicose β
β-D-glicose

Projeção: Fischer Haworth


Ciclização da frutose
Isômeros α e β
Mutarrotação
Derivados de açúcares

1. Oxidação química suave ou enzimática


(ácidos aldônicos adição do sufixo -ônicos)

Ácido D-glucônico

2. Oxidação específica de álcool primário


(ácidos -urônicos):

Ácido D-glucurônico
Lactonas dos ácidos D-glucônico e D-glucurônico
3. Redução em condições suaves
(poli-hidroxiálcoois alditols adição do sufixo -itol)

H H

glicerol
D-ribitol
xilitol

4. Substituição de -OH por -H:


deoxi-açúcar
5. Substituição de uma ou mais -OH por grupos amino
(imino-açúcares)

ácido siálico
6. Condensação do grupo anomérico com álcool
(α- e β-glicosídeos)

Ligação glicosídica
Glicosídeos com ação cardíaca

Usado para aumentar a intensidade


de contração do músculo cardíaco

Produto da árvore Ouabio (África)


Usado como veneno em pontas de lança
Ligação glicosídica - dissacarídeos
Dissacarídeos
Maltose
Celobiose
2 glicoses unidas por ligação β (1→4)
Deficiência de dissacaridases
Intolerância à lactose - deficiência da enzima envolvida
na degradação de lactose
(lactase: β-galactosidase)
congênita ou temporária

Galactosemia - deficiência de enzima envolvida no


metabolismo de galactose
(galactose 1-uridil transferase)

Frutosúria - deficiência de enzima envolvida no


metabolismo da frutose (aldolase)
Quão doce é !!!!

Açúcar doçura
lactose 0,16
galactose 0,32
maltose 0,33
sacarose 1,00
frutose 1,73
aspartame 180
sacarina 450
Polissacarídeos

Estrutura e função
Polissacarídeos
Polímeros de carboidratos

Polissacarídeos de reserva
Armazenamento de energia: amido e glicogênio

Polissacarídeos estruturais
Constituintes da parede protetora ou camada
lubrificante de células: celulose e
glicosaminoglicanos (GAGs)

Peptideoglicanos estruturais
Parede celular de bactérias
Polissacarídeos
Amido
Armazenamento de energia de plantas
Longa cadeia constituída apenas com α-D-glicose
Cadeias com até 4000 unidades

- Amilose
cadeia linear

- Amilopectina
estrutura ramificada
maior parte do amido (batata)
Usada para fazer cremes, geléia ou gelatina
Amilose: α (1→4)
Amilopectina:
α (1→4) e α (1→6)
Glicogênio

Armazenamento de energia de animais


Glicogênio

Estocado em grânulos:
Músculo (300-400 g)

e hepatócitos (~90g)
Celulose
Polissacarídeo mais abundante
Fibras longas para estrutura de plantas
Celulose
ligação β (1→4)
Modelo estrutural proposto para celulose
Quitina
Exoesqueleto de artrópodes
(insetos, aranhas, lagostas, camarões)

ligação β (1→4)
Outros polissacarídeos
Glicosaminoglicanos (GAGs)
Unidades dissacarídicas repetitivas:
amino açúcar e carga negativa
Material que envolve as células com camada fina,
viscosa e aspecto gelatinoso - matriz extracelular

Forma mais abundante: ácido hialurônico

Ácido D-glucurônico ligação β(1→4)

N-acetilglucosamina

ligação β(1→3)

Componente do tecido conjuntivo, liquído sinuvial e humor vítreo dos olhos


250 a 25.000 unidades dissacarídicas
Glicosaminoglicanos
cartilagem

córnea, cartilagem, osso


cabelo, chifre, unha, garras
Glicosaminoglicanos
Sulfatação variável
polímero altamente carregado

Grânulos intracelulares de mastócitos


(da parede de artérias)
ação anticoagulante

Flexibilidade da pele
vasos sangüíneos e
válvulas cardíacas
Proteoglicano
Matriz extracelular

- Lubrificantes
- Componentes estruturais deo tecido conjuntivo
- Adesão das células à matriz extracelular
- Ligam-se a fatores que estimulam a proliferação celular
Proteoglicano de proteína de membrana
Doenças relacionadas com glicosaminoglicanos (GAGs)
síndrome defeito GAG afetado Sinais
enzimático
Hurler’s α -L-iduronidase dermatan sulfato opacificação da córnea, doença do coração,
heparan sulfato deformidades esqueléticas, visceromegalia,
nanismo, retardo mental severo, mortalidade
precoce, hiperplasia gengival
Sanfilippo A Heparan heparan sulfato retardo mental severo, hiperatividade
N-sulfatase pele, cérebro, pulmões, coração e
músculo esquelético podem ser afetados
Sanfilippo B α-N-acetil-D- heparan sulfato semelhante ao tipo A
glucosaminidase
Sanfilippo C α glucosaminide- heparan sulfato semelhante ao tipo A
acetiltransferase
Sanfilippo D N-acetilglucosa- heparan sulfato semelhante ao tipo A
mine-6-sulfatase
Maroteaux- N-acetilgalacto- dermatan sulfato 3 formas distintas (amena a grave),
Lamy samine-4-sulfatase cardiomiopatia, deformidades esqueléticas
severas; inteligência normal,
opacificação da córnea
Peptideoglicano: parede celular de bactérias

Parede de células de bactérias:


polímero de unidades repetitivas
N-acetilglucosamina e
ácido N-acetilmurâmico

Ligação deste polímero com


peptídeos proporciona resistência
extra que varia de acordo com
a bactéria
Glicoproteínas
Proteínas podem ser ligadas covalentemente
a unidades sacarídicas (oligosídeos): glicoproteínas

Funções biológicas:
 proteção imunológica
 reconhecimento célula-célula

 coagulação sangüínea
 interação com outras substâncias
Estrutura de glicoproteínas
Conteúdo de carboidratos: 1-30% do peso total

Carboidratos mais comuns:


glicose
galactose
ácido siálico
N-acetilgalactosamina
N-acetilglucosamina
manose
fucose
Glicoproteínas
Glicolipídeos
Sistema ABO

GalNAc Gal
α-1,3 α-1,3
Interação entre células e matriz extracelular
Reconhecimento célula-célula
lectinas
amido
sacarose

Digestão de
lactose α-amilase
salivar

Estômago

carboidratos
sacarose
lactose
α-dextrinas Pâncreas

α-amilase
HCO3-
Intestino
Tri- e delgado
Oligossacarídeos
Maltose,
isomaltose

maltase glicose
isomaltase

sacarose
sacarase glicose
sacarose
lactase glicose
lactose
galactose
fibras

Colo

fezes
Estrutura e função de alguns homopolissacarídeos

Polímero Unidade repetitiva Função biológica

Amido armazenamento energia


amilose α(1→4) Glc em plantas
amilopectina α(1→4) Glc com
ramif. α(1→6)
Glicogênio α(1→4) Glc com armazenamento energia em
ramif. α(1→6) células animais, bactérias

Celulose β(1→4) Glc estrutural: rigidez e


resistência para parede
celular de plantas

Quitina β(1→4) GlcNAc estrutural: rigidez e resistência


para exoesqueletos de insetos,
aranhas e crustáceos
Estrutura e função de alguns heteropolissacarídeos

Polímero Unidade repetitiva Função biológica

Peptideoglicano MurNAc β(1→4) GlcNAc estrutural: rigidez e resis-


(ligado com peptídeos) tência para parede celular
de envelopes de bactérias

Glicosaminoglicano GlcUA β(1→3) GlcNAc estrutural: matriz extracelular


(hiarulonato acídico) na pele, tecido conjuntivo;
viscosidade, lubrificação nas
articulações de vertebrados

Proteoglicano Ác urônico β(1→3) - estrutural: elasticidade,


(ligado com proteínas hexosamina sulfatada viscosidade e lubrificação
maior porção de HC) de articulações de
vertebrados

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