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Recursos

Data: 26.08.2010

Prof. Guilherme

 Noções Gerais

O recurso não cria uma nova relação processual, é uma decorrência desta.

Não é autônomo.

É sempre criado por lei (princípio da taxatividade).

Busca anular ou reformar uma decisão.

É ato voluntário, a parte resolve ou não interpor.

Excepcionalmente, ele complementa ou aclara uma decisão (este é os embargos de


declaração).

Princípios Recursais
A. Princípio do Duplo grau de Jurisdição

O Ordenamento prevê no mínimo uma revisão de uma decisão.

STF = os autos do recurso ordinário em habeas corpus de n.º 79856 do RJ (pleno do


STF) para que tenhamos é necessário que se tenha dois elementos: a possibilidade
do reexame integral da decisão e ainda, este reexame deve ser feito por Órgão
diverso do que proferiu a decisão (órgão hierarquicamente superior).

*Se for o mesmo órgão não é recurso e sim apenas um pedido de revisão.

Mesmo que este princípio não esteja expresso na nossa CF, de forma textual, tem
previsão de forma reflexa na nossa CF, isto é porque a CF prevê uma série de
Tribunais e a competência recursal destes (art. 102, III da CF e art. 105, III da CF).

B. Princípio da Fungibilidade

É a aceitação de um recurso por outro.

Para que este princípio seja aplicado, a jurisprudência vem exigindo 03 requisitos:

a. Que não haja o erro grosseiro;

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b. Que tenha havido boa-fé do Recorrente; *Ao solicitar esse princípio, o
Recorrente não pode estar se favorecendo de algum benefício leviano,
vontade escusa, etc.

c. O recurso tem que ser apresentado no prazo do menor recurso; *Sob pena de
favorecer o Recorrente, por exemplo: dúvida objetiva no agravo ou apelação,
porém, tem que entrar no prazo do agravo, que o prazo é de 10 dias, mesmo
que for apelação, e se for agravo, estará tempestivo.

C. Princípio da Taxatividade

O recurso deve estar previsto em lei.

Vide art. 496 do CPC.

Mandado de Segurança = tecnicamente o MS não é recurso; mas a própria lei


12.016/2009 autoriza no art. 5º que este seja utilizado como sucedâneo recursal
quando da decisão não couber nenhum outro mais recurso previsto em lei ou quando
não houver recurso com efeito suspensivo.

Vide S. 267 do STF – interpretação contrario senso.

STJ, através do julgamento da sua corte especial, entendeu que frente à decisão
proferida nos termos do art. 527, II do CPC; o § único deste artigo traz uma redação
que nos faz entender que não existe recurso; logo, decidiu o STJ que nestes casos
poderá impetrar o mandado de segurança ante a ausência do recurso específico.

D. Princípio da Singularidade/Unicorribilidade

Para cada decisão, só cabe um único recurso de cada vez.

Ex: acórdão que pode ser atacado por RE e REsp. não ofende este princípio, pois
cada recurso atacará um tópico da decisão; ou seja; na lei federal o recurso previsto
é o Recurso Especial, entretanto, a ofensa à CF será solucionada pelo Recurso
Extraordinário.

Art. 498 do CPC = o acórdão tem parte de julgamento unânime e parte julgado por
maioria; logo, este artigo diz que primeiramente vai interpor os embargos
infringentes, nos primeiros 15 dias, em relação à matéria não unânime e no NOVO
ACÓRDÃO que vai apreciar esses embargos, que começará a contar o prazo dos

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recursos extraordinário e especial, pois estes se suspendem, ou seja, ficam no
aguardo da decisão dos embargos infringentes.

E no prazo de 15 dias não forem interpostos embargos infringentes; a conseqüência


é de que a parte não unânime da decisão transita em julgado, poderá apresentar o
recurso (RE ou Resp.) da data que transitou em julgado essa parte da decisão.

E. Princípio da proibição da Reformatio in Pejus

É a reforma para pior. Temos regra, ainda que não positivada no nosso Código, que a
parte não pode ser surpreendida com uma decisão pior do que aquela que está
recorrendo, sob pena de um desestímulo de se recorrer.

Porém, se ambas as partes recorrem, pode ter um agravamento da situação, não por
uma conseqüência, mas sim, pelo provimento do recurso da parte contrária.

F. Princípio da Colegialidade

Vide art. 555 do CPC.

E a ideia de que recurso é sempre por julgamento colegiado.

P. Como ficou o art. 557 do CPC frente ao princípio da colegialidade?

R. Este artigo prevê que o relator pode deferir decisões monocráticas


quando diante de algumas situações, sem colocar em pauta, nessas
hipóteses da decisão caberá AGRAVO, no prazo de 05 dias, obrigando-o
colocar o assunto em pauta para julgamento do colegiado.

Tem entendido a nossa doutrina, que essa decisão monocrática do relator, é uma
antecipação das ideias do colegiado (súmulas; jurisprudência dominante; etc.). Logo,
há grandes indícios que a turma julgará da mesma forma.

Pressupostos Recursais
1. Pressupostos recursais subjetivos – dizem respeito à pessoa;

a. Legitimidade;

Art. 499 do CPC, legitimados:

 Partes;

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 MP; *MP pode recorrer em qualquer situação que tenha intervindo no
processo, seja como parte ou fiscal da lei, mesmo que as partes não tenham
recorrido (autor e réu), pode o MP apresentar recurso entendendo que a
decisão não foi benéfica ao menor.

 Terceiro prejudicado. *Em preliminar do recurso, deve apresentar o nexo de


relação do seu interesse jurídico e o prejuízo desencadeado pela decisão.

Já entendeu a nossa jurisprudência que o advogado também pode recorrer quando


for situação envolvida seus honorários advocatícios fixados em verba de
sucumbência (na defesa do seu interesse próprio).

Art. 501 do CPC = a parte também tem legitimidade para desistir do recurso,

salvo

Tanto desistir um recurso como renunciar, ambas as práticas independem da


aceitação da outra parte.

Desistência = depois de interposto ao recurso.

Renúncia = renuncia ao direito de recorrer.

Art. 503 do CPC – fala da renúncia tácita. O § único dispõe da aceitação tácita. Ex:
réu começou a cumprir a decisão.

b. Interesse recursal.

A parte terá interesse quando de alguma forma tenha sucumbido (perdido) em algo.

Há a possibilidade de recorrer de uma sentença totalmente procedente, quando as


verbas de sucumbência não foram fixadas no máximo. Ex: honorários advocatícios
em 10%. *caso a sentença tenha fixado a porcentagem no máximo, qual seja, 20%, a
parte não poderá recorrer, pois não há interesse.

2. Pressupostos recursais objetivos – dizem respeito ao recurso


propriamente dito.

a. Tempestividade;

Determina que todo recurso tenha que ser apresentado dentro do prazo próprio, sob
pena de sofrer com a preclusão temporal.

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Vide art. 506 do CPC.

Exceção: art. 507 do CPC.

b. Recorribilidade do ato;

Despacho é um ato irrecorrível, porque não tem cunho decisório.

c. Adequação;

Para cada manifestação há um recurso adequado, não adequado não será conhecido,
exceto quando se aplicar a fungibilidade.

d. Preparo.

No ato da interposição do recurso, deve se pagar o preparo, sob pena de deserção


(art. 511 do CPC).

P. E se o preparo for insuficiente?

R. Art. 511, §2º do CPC. Deverá haver o suprimento no prazo de 05 dias,


para que o valor do preparo seja complementado.

Art. 511, §1º são dispensados de recolher o preparo, “isenção legal”: MP;
União; Estados/DF e Municípios e suas autarquias.

A remessa oficial é uma condição especial da sentença.

Disposições gerais – art. 496 ao


512 do CPC
01ª Situação: Recurso adesivo.

Previsto no art. 500 do CPC.

Requisitos:

 Decisão parcialmente procedente (autor e réu devem ter perdido; para haver
interesse de recorrer);

 Ausência do recurso daquele que quer recorrer adesivamente; *No momento


para responder o recurso da outra parte; além das contra-razões apresenta

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também o recurso adesivo, isto é, fica subordinado ao recurso principal,
estende-se esse prejuízo ao recurso adesivo.

 Ter o recurso adesivo a interposição no momento da resposta do outro recurso


(principal).

No inciso II fala das situações onde cabível o recurso adesivo.

02ª Situação: Recurso Extraordinário e especial.

Esses recursos, em regra geral, não têm efeito suspensivo, conforme se prevêem o
art. 497 do CPC, quando dispõe que não impedem a execução da sentença.

03ª Situação: Litisconsortes.

Em sendo litisconsórcio unitário (decisão igual a todos os litisconsortes) a decisão


será a mesma para todos, logo, o recurso por um interposto, aproveita a todos;
diversamente do que ocorre se for litisconsórcio simples, onde a decisão pode ser
diversa entre os litisconsortes, o recurso interposto por um não aproveitará aos
demais.

Apelação, Agravo e Embargos de


Declaração
Apelação = 15 dias; visa a atacar qualquer modalidade de sentença (267 e
269 do CPC);

Recebida no efeito devolutivo e suspensivo (art. 520 do CPC).

Temos com exceção, alguns casos em que a apelação é recebida apenas no efeito
DEVOLUTIVO, permitindo-se assim, a execução provisória. Vejamos (incisos do art.
520 do CPC):

1. Homologar a divisão ou demarcação de terras;

2. Alimentos;

3. Processo Cautelar;

4. Rejeitar liminar os embargos ou os julga improcedentes;

5. Instituição de arbitragem;

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6. Confirmar a antecipação dos efeitos da tutela.

OBS: lei de locação; mandado de segurança.

O efeito devolutivo da apelação é bastante abrangente. Vide art. 515 e 516 do CPC =
extensão do efeito devolutivo: devolve a matéria impugnada + situações em que a
sentença não enfrentou + o sujeito fez vários pedidos, porém, a sentença tratou
apenas de um, mas o Tribunal pode analisar outros pedidos + questões anteriores à
sentença, ainda não decididas pelo Juiz de 01º Grau.

A abrangência seja no plano vertical ou horizontal é bastante extensa.

O Juiz não pode se retratar, na regra geral. Exceto (hipóteses de retratação):

 No caso de indeferimento da inicial (art. 296 do CPC – 48 hs);

 Art. 285-A (reprodução de sentença de improcedência – 05 dias);

 Art. 463 do CPC (se subdivide em dois casos de retratação: a. erros materiais
(não comprometem o resultado da decisão, até mesmo de ofício pode corrigir)
+ b. No caso dos embargos de declaração, ainda que não tenham por objeto
específico modificar uma decisão, podem vir a modificá-la).

Observações:

Art. 515, §3º do CPC = o julgamento de mérito se deu pela primeira vez no Tribunal.

Tribunal em ato contínuo poderá anular a sentença e decidir sem mérito quando o
processo já estiver maduro para julgamento, ou seja, quando a causa versar questão
exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.

Processo maduro ao julgamento = quando a causar versar sobre questão


exclusivamente de direito. E por conta disso, está nas condições de imediato
julgamento.

§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art.


267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão
exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.
(Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável (só vale a regra para a


nulidade sanável), o tribunal poderá determinar a realização ou renovação

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do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que
possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº
11.276, de 2006) Visa em última instância dar celeridade ao processamento.

Art. 518, §1º do CPC = para alguns é chamado de “súmula impeditiva de recursos” –
deste despacho cabe agravo de instrumento que não recebe a apelação – porque
uma decisão com base em súmula, que impede que ela recorra, mas cabe agravo,
como se viu acima.

Art. 519 do CPC = essa decisão é irrecorrível.

Agravo = 10 dias; visa a atacar decisão interlocutória (162, §2ª do CPC).

Regra geral = apenas efeito devolutivo.

Temos duas modalidades de agravo (retido e de instrumento). O agravo retido


sempre vai ter o devolutivo; já o de instrumento que regra geral será devolutivo; e
dada a sua urgência em algum caso excepcional receber o efeito suspensivo (art.
527, III do CPC – o Relator pode conceder o efeito suspensivo bem como o efeito
suspensivo ativo, que é a antecipação da decisão praticamente).

O agravo admite retratação, e se houver, tem que notificar o Tribunal, para que o
agravo perca seu objeto.

O Juiz tem essa possibilidade, conforme art. 526 do CPC (só se aplica ao agravo de
instrumento), o prazo de 10 dias para interpor o agravo e depois em 03 dias, deve
avisar o Juiz que agravou, a partir daqui abre-se o prazo para o Juiz se retratar. E se
esquecer de avisar o Juiz? De ofício o Tribunal não pode conhecer do agravo; porém,
se a parte contrária (agravado) avisar o Tribunal essa omissão, este poderá deixar de
conhecer o agravo, pois não preencheu os requisitos da admissibilidade.

Observações:

Art. 522, caput do CPC = regra geral é que o agravo seja retido.

Exceção: agravo de instrumento, em 03 casos:

 Lesão grave de difícil reparação (matérias urgentes);

 Inadmissão da apelação;

 Efeitos em que a apelação é recebida.

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Vide art. 527, II do CPC ato do relator que converte o agravo de instrumento em
agravo retido.

Vide art. 526 do CPC: comunicação ao Juiz sobre a interposição do agravo, pelo prazo
de 03 dias. A retratação aqui, diversamente da apelação, é algo inerente ao agravo.

Vide art. 527, III do CPC: Relator e o recebimento dos efeitos.

Vide art. 527, IV do CPC: informação prestadas pelo Juiz da causa, em 10 dias,
informando o porquê daquela decisão.

Vide art. 528 do CPC: prazo impróprio de 30 dias, caso não o respeitem, não tem
nenhum efeito.

O agravo retido nos autos será julgado apenas no momento da apelação, por isso
falamos que tem a eficácia deferida no tempo. Para que este agravo seja apreciado,
conforme art. 523, §1º do CPC, determina esse dispositivo que a parte deverá
reiterar o interesse do julgamento do agravo retido nas PRELIMINARES da apelação.
Caso não reitere, presume-se que a parte perdeu o interesse no julgamento do
agravo retido.

Agravo retido oral = previsto no art. 523, §3º do CPC.

§ 3o Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e


julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e
imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele
expostas sucintamente as razões do agravante. (Redação dada pela Lei nº
11.187, de 2005)

O Juiz neste momento poderá fazer o juízo de retratação, caso não ocorra, o agravo
retido oral já está interposto, porém, tem que fazer a confirmação no futuro,
conforme o §1ª do art. 528.

O art. 525 do CPC prevê as peças obrigatórias:

 Cópias das decisões agravadas;

 Certidão da respectiva intimação;

 Publicação (para que o tribunal analise o prazo);

 Procurações do Agravante e do Agravado.

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São as peças que fazem parte do núcleo do agravo.

Logo, sem prejuízo das peças obrigatórias acima, sob pena do agravo não ser
conhecido, pode apresentar as peças facultativas conforme prevê o inciso II do
mesmo artigo.

Embargos de declaração = 05 dias; podem atacar qualquer pronunciamento


do Juiz, até mesmo um despacho.

Caso tenha sido obscura, contraditória ou omissa cabem aos embargos de


declaração. Existe uma ressalva nos Juizados, entendem que no caso de DÚVIDA
também pode interpor os embargos.

Tem o efeito de interromper o prazo para a propositura do recurso, conforme prevê o


art. 538 do CPC. Por conta da interrupção, os embargos de início não podem ser
considerados protelatórios.

Interrupção = para a contagem do prazo, e na volta tem a devolução total do prazo,


ou seja, o prazo começa a contar do zero. Diversamente do que ocorre na
suspensão, onde o prazo recomeça de onde parou.

“Recurso intempestivo por antecipação ou por prematuridade” = quando a parte


recorre e o prazo ainda não estava aberto, e sim estava interrompido. A
jurisprudência entende que é prematuro.

A solução é que este recurso seja ratificado após o prazo dos embargos de
declaração. Mesmo quando os embargos não foram aceitos? Logo, a sentença é a
mesma. Porém, não interessa a Jurisprudência, interessa que a apelação deve ser
interposta depois do prazo dos embargos.

O Juiz no caso de embargos protelatórios poderá aplicar uma multa de 01% e no caso
de reiterar, a multa poderá chegar a 10%.

Em regra, esses embargos não têm efeito modificativo, pois não é este o objetivo e
sim integrar o julgado, ou seja, o julgado não está completo. Para modificar temos a
apelação e agravo.

Quando dizemos que não tem efeito modificativo significa que não tem efeito
infringente, porém, excepcionalmente os embargos podem modificar o julgado por
VIA REFLEXA.

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Não existe preparo nos embargos, conforme prevê o art. 536 do CPC, pois não se
pode pagar por “omissão” do Judiciário, logo, pela natureza dos embargos e pelo
direito que a parte detinha a uma decisão inteligível.

Cautelares
Livro III: art. 796 a 812 do CPC.

 Disposições Gerais – TEORIA GERAL DOS PROCESSOS CAUTELARES

Classificação quanto ao momento:

a. Cautelares Preparatórias = serão apresentadas antes do processo


principal;

Incidirá a regra do art. 806 do CPC, ou seja, caberá a parte propor em 30 dias a ação
principal.

Esses 30 dias começam a contar da EFETIVAÇÃO da medida cautelar, quando for


concedida em procedimento preparatório, sob pena de cessar a eficácia da medida
cautelar (art. 808, I do CPC).

Art. 801, III do CPC = traz uma regra que só vale para a cautelar preparatória, qual
seja: o Requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita e indicará a lide e
seu fundamento (ou seja, já tem que avisar ao Juiz qual será a ação principal, sob
pena do indeferimento da liminar da cautelar preparatória).

A cautelar é um processo autônomo em relação ao processo principal, logo terá os


requisitos:

 Petição inicial própria;

 Citação do réu com apenas 05 dias para a resposta;

 Sentença própria (existe a possibilidade de o Juiz usar a mesma sentença na


cautelar e na ação principal).

Há a possibilidade de haver a produção de provas na cautelar (instrução).


Geralmente, após a citação do réu, a cautelar se suspende e tudo será decidido na
via principal.

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Caso não haja a resposta do réu no prazo de 05 dias, teremos o efeito da REVELIA
na cautelar (art. 803 do CPC).

Os atos da cautelar são independentes e não se confundem com os atos da ação


principal.

b. Cautelares Incidentais = serão apresentadas no curso do processo


principal.

Quanto à Tipicidade ou Previsão Legal:

a. Nominadas (específicas) = previstas em lei.

Como o legislador não teve como prever todas as cautelares, existe a previsão das
cautelares inominadas.

b. Cautelares inominadas = o Juiz possui “Poder Geral de Cautela” (art. 798 do


CPC), ou seja, o Juiz poderá conceder outras cautelares observando-se o risco
de dano, além das previstas em lei. Visa a garantir a eficácia da decisão,
garantir um justo processo.

Ex: cautelar de protesto – é uma cautelar inominada, pois foi criada pela prática, não
tem previsão legal.

Art. 804 do CPC admite a concessão da liminar, que pode ser deferida até mesmo
sem a oitiva da parte contraria (inaldita altera parts) ou deferida após a audiência
de justificação prévia ou ainda, que seja deferida condicionada a apresentação de
uma caução (podendo ser real ou pessoal - fidejussória).

Caução = porque existe a responsabilização (art. 811 do CPC) daquele que se


beneficiou da medida liminar na cautelar.

Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do


procedimento cautelar responde ao requerido pelo prejuízo que Ihe causar
a execução da medida:

I - se a sentença no processo principal Ihe for desfavorável;

II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não
promover a citação do requerido dentro em 5 (cinco) dias;

III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos


previstos no art. 808, deste Código;

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IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência
ou de prescrição do direito do autor (art. 810).

Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento


cautelar.

Caso a parte for omissa e não propor a ação principal no prazo de 30 dias, haverá
responsabilidade de indenizar do Requerente da medida liminar na cautelar.

A liminar pode ser modificada ou revogada a qualquer tempo.

Para a concessão da liminar, requisitos:

a. Periculum in mora e

b. Fumus boni iuris. *a parte precisa demonstrar a “aparência” do bom direito,


ou seja, demonstrar uma plausibilidade.

Art. 810 do CPC = o indeferimento da medida não obsta que a parte intente a ação

ou influa no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a


decadência ou a prescrição no direito do autor (porque é mérito da ação, e este
reconhecimento se estende à ação principal).

*Não interfere no objeto da ação principal, pois os pedidos são diferentes (cautelar e
principal).

Cautelares Específicas
ARRESTO

Art. 813 do CPC.

O arresto serve quando precisar do bloqueio de um bem INDETERMINADO,


porque este bem no futuro será convertido em PENHORA, para saldar uma
execução de quantia certa (finalidade).

Pode ser decretado de ofício. As hipóteses de cabimento estão previstas no art. 813
do CPC.

*Neste caso, as hipóteses de arresto sempre tem a probabilidade do bem sumir, ou


seja, o credor tem o receio de não receber o que é do seu direito, por isso, o arresto

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visa bloquear o patrimônio do devedor. Logo, o requerente além de provar a dívida
literal deve comprovar também que o devedor esteja se ausentando.

O arresto na verdade é uma penhora “fora de época”, porque não tem como esperar
o momento da penhora, qual seja: execução ou cumprimento de sentença.

Art. 820 do CPC = hipóteses do cessamento do arresto.

SEQUESTRO

Ao contrário do seqüestro, que recaí sobre BEM DETERMINADO (objeto da ação),


que futuramente será convertido em depósito, justamente porque irá permitir uma
execução de entrega de coisa.

As hipóteses de cabimento do seqüestro estão previstas no art. 822 do CPC.

O seqüestro NÃO pode ser dado de ofício, deve ter requerimento da parte.

Para a segurança, o bem é entregue ao depositário, e ao final, será entregue à


pessoa que o Juiz determinar.

BUSCA E APRRENSÃO

Previsão: art. 842 do CPC.

O mandado deve ser cumprido por 02 OFICIAIS DE JUSTIÇA + 02 TESTEMUNHAS


(particularidade desse mandado de busca e apreensão).

É uma cautelar que visa obedecer a uma ordem judicial.

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS

Perigo de perecimento ou incidental (entra com a ação principal, e como a fase de


instrução é longa, pode entrar de forma incidental).

A preparatória de prova incide também no interrogatório da parte, inquirição de


testemunhas e perícias.

Não incide a regra do art. 806 do CPC. Ou seja, mesmo que não entra com a ação no
prazo de 30 dias (só vale para as cautelares constritivas de direito – constrangimento
do patrimônio), neste caso, essa cautelar de produção antecipada de provas não é
constritiva de direitos e sim conservativas de direito, logo, não acarreta prejuízo a
outrem, por isso não cessará o efeito.

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Antecipa a prova que vai se utilizar no mesmo processo.

DA JUSTIFICAÇÃO

Art. 861 do CPC = também não se aplica o art. 806 do CPC, pois quer o
reconhecimento deste fato em Juízo. Já essa justificação é feita em juízo, mas se
utiliza em outros casos, de forma administrativa (diferença da produção antecipada
de provas).

Art. 865 do CPC = não há nem traslado. Pois, o Requerente precisa do original.

ALIMENTOS PROVISIONAIS

Art. 852 do CPC.

Admitidos em cautelar incidental. O objetivo da parte é outro (ex: divórcio), mas no


curso do processo necessitou dos alimentos.

Aqui tem natureza de cautelar. Pode levar a prisão como são obrigatórios (ambos).

ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Obtidos na ação de alimentos, regidos na lei especial.

Pois o objetivo é o mesmo, na verdade é uma antecipação de tutela do mesmo


processo.

ARROLAMENTO DE BENS

Art. 856 do CPP.

§1º = o interesse pode resultar de um direito já constituído ou que deva ser


declarado em ação própria.

Ex: reconhecimento e dissolução de união estável (precisa da demonstração); por


isso se difere do Seqüestro, onde o casamento já é reconhecido e no divórcio se usa
o seqüestro, a ideia é a mesma na verdade.

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