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A História do Vinho

Já quando Palmela recebeu o seu primeiro foral, dado por D. Afonso Henriques, neste se
falava da vinha e do vinho na região, o que confirma a sua tradição vitivinícola. Na Arrábida
ninguém sabe ao certo quando começou o cultivo da vinha, mas sabe-se que os Fenícios e os
Gregos trouxeram do Próximo Oriente algumas castas de uvas que plantaram, por
considerarem o clima ameno e as terras das encostas da Arrábida boas para o cultivo da
vinha.
Em 1831, a Inglaterra importa vinho de Portugal e o rei Ricardo II menciona a importação de
vinho da vila de Setúbal. Embora já antes, em 1675, existam referências à exportação de 350
barricas de Moscatel de Setúbal. Em 1868, num estudo ampelográfico feito na região de
Azeitão foram descritas 19 castas de uvas brancas e 10 castas de uvas tintas para a produção
de vinho. Ferreira Lapa, em 9 de Setembro de 1875, na sua 6ª conferência sobre vinhos refere
"a notável e importante comarca vinhateira de Setúbal, a região privilegiada do moscatel,
com reputação na Europa e nome feito em Portugal".
A Península de Setúbal é, pois, uma região pioneira na elaboração de produtos vinícolas de
reconhecida qualidade, como é o caso do Moscatel de Setúbal, vinho generoso cuja área
produtiva se encontra delimitada desde 1907, não obstante a sua produção ser bastante
anterior.

As Castas
Relativamente às castas, verifica-se hoje que o Castelão Francês
("Periquita") constitui mais de 95% do encepamento das castas
tintas na região de Palmela e aproximadamente 75% da região da
Arrábida. Relativamente ao encepamento das castas brancas, em
Palmela predomina a Fernão Pires e na Arrábida a Moscatel de
Setúbal. É de referir, no entanto, que nos anos 70, alguns
produtores movidos, talvez, por uma necessidade de diversificar e
procurando ir de encontro à evolução do gosto do consumidor, incrementaram de forma
significativa na região, o Cabernet Sauvignon, o Merlot e o Chardonnay.

Os Vinhos
Os Vinhos da Península de Setúbal, cuja qualidade é certificada, podem ostentar 3
denominações, DOC Setúbal, DOC Palmela e Regional Terras do Sado, a cada uma
correspondem castas e áreas geográficas específicas.
DOC Setúbal - Os vinhos com direito à denominação de origem Moscatel de Setúbal são
produzidos numa região delimitada pelos concelhos de Palmela, Setúbal e parte do concelho
de Sesimbra. Existem dois tipos de Moscatel de Setúbal, o branco e o roxo, elaborados,
respectivamente, a partir das castas Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo. De acordo com a
legislação as designações tradicionais "Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo" só podem ser
usadas quando estas castas contribuirem com, pelo menos, 85% do mosto utilizado (67%, no
caso do "Setúbal"). Os vinhos só podem ser engarrafados após um estágio mínimo de 24
meses.

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Moscatel Roxo - Tem uma produção muito limitada e por isso é menos conhecido do que o
branco, tem o aroma mais seco e complexo, mas não menos rico. À prova excede as
expectativas criadas pelo aroma. Ferreira Lapa chamou-lhe "a quinta essência dos
moscatéis". Envelhecem nobremente.
Moscatel de Setúbal - Este vinho licoroso é caracterizado pelas suas especiais qualidades de
aroma e sabor, peculiares e inconfundíveis, resultantes das castas e das condições edafo -
climáticas. De cor dourada que vai do topázio claro ao âmbar, e aroma floral exótico com
toques de mel, tâmaras e laranja.
DOC Palmela - Esta região abrange todo o concelho do Montijo, Palmela, Setúbal e parte do
concelho de Sesimbra. Estende-se pela planície arenosa confinando com o Alentejo. Produz
vinhos tintos, predominantemente a da casta Castelão Francês, encorpados, de cor intensa e
aroma cheio onde predominam os frutos secos e as especiarias. Com o envelhecimento
amaciam tornando-se mais finos. Os vinhos brancos, elaborados com predominância da casta
Fernão Pires, têm uma boa estrutura e um aroma elegante e frutado.
As casta tintas recomendadas são o Castelão Francês (Periquita), com um
mínimo de 67%, Alfrocheiro-Preto, Bastardo, Cabernet-Sauvignon e
Trincadeira-Preta. Os vinhos tintos só podem ser comercializados após um
estágio mínimo de 12 meses. As casta brancas recomendadas são a Fernão
Pires, Arinto, Moscatel de Setúbal, Moscatel de Bago Miúdo, Moscatel
Roxo, Síria, Rabo de Ovelha, Tamarez e Vital.
Vinho Regional Terras do Sado - A área geográfica de produção do vinho
regional Terras do Sado abrange todo o distrito de Setúbal.
A grande diversidade e qualidade das castas que podem ser utilizadas na
elaboração destes vinhos, leva a que se produzam vinhos regionais de destacada qualidade e
diferentes características, que podem ir ao encontro de uma vasta gama de preferência dos
consumidores.

A Certificação
O controlo da genuinidade e qualidade dos vinhos das referidas denominações, assim como a
sua certificação e promoção comercial, são da competência da Comissão Vitiviní cola
Regional da Península de Setúbal (CVRPS), associação de direito privado, que agrega os
vitivinicultores de vinhos de qualidade produzidos no distrito de Setúbal. Este controlo
consta do cadastro de todas as parcelas de vinhas voluntariamente inscritas , e a consequente
verificação da sua aptidão para produzirem aqueles vinhos, o acompanhamento da sua
vinificação, armazenagem e engarrafamento, assim como a sua análise físico -química, e
apreciação organoléptica que é efectuada por uma câmara de provadores, que determina se os
vinhos apreciados merecem, ou não, serem certificados, caso afirmativo, às respectivas
garrafas é atribuído o selo de garantia da CVPRS.

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