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Universidade Estadual Paulista

Júlio de Mesquita Filho


Campus de Assis

História Medieval I (Resumo-Síntese)


Prof. Ruy de Oliveira Andrade Filho
Aluno Dalmo Alexsander Fernandes
BARK, W.C. Origens da Idade Média. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
O livro de Willian Carroll Bark, "Origens da Idade Média", é uma tentativa de
demonstrar que o fim do Império Romano para se transformar na Idade Média não é um
retrocesso e sim uma fase de modificações rápidas e extremamentes importantes para a
criação da nossa atual sociedade.
Logo no início do livro Bark começa a discutir sobre a queda de Roma,
analisando a relação entre civilização, classes e massas com questões feitas por Michael
Rostovtzeff , dando uma lição de advertência em nossa sociedade.
Com isso o autor nos mostra que a Idade Média é vista com preconceitos desde os
Renascentistas até os Iluministas e só há alguns anos atrás que pensadores com uma outra
visão começaram a surgir, um deles é Henry Pirenne, que apesar de sua opinião então
inovadora seu estudo não é aceito por nenhum historiador hoje.
Numa análise minuciosa do estudo de Pirenne, "Mahomet et Charlemagne", Bark
nos mostra os equívocos nas afirmações de Pirenne. Sendo que Bark afirma que o estudo
de Pirenne o espanta com tantas omissões, exageros e reduções de importância, que Bark
chega a mencionar no livro que a incapacidade de Pirenne em reconhecer fatos, como a
importância que a religião cristã teve na Europa ocidental, levou esse estudo a descrédito
atualmente.
Nos mostrando onde e em que Pirenne errou ou omitiu, Bark nos mostra com
fatos e argumentos destruidores, digamos assim, que afirmações como a de que Carlos
Magno é inconcebível sem Maomé e outras. Nos convencendo que nem todo estudo com
argumentos inovadores contem verdades e é de inteira confiança.
O autor passa a examinar a ruína do império romano, aquilo que se rompeu,
porque rompeu e como rompeu, começando pelas modificações políticas que ocorreram
na Europa nessa época. Nos afirmando que qualquer que seja nossa opinião sobe os
imperadores romanos nessa época, temos de levarmos em consideração que a restauração
feita por Diocleciano e a adoção do cristianismo por Constantino ajudaram a substituir a
política em queda de Roma e empregando a nova política cristã, mesmo com bárbaros de
olhos abertos esperando a melhor hora para atacar.

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Na área socioeconômica o autor afirma que o então ocidente possuía uma extrema
dependência do oriente, já que o oriente era mais populoso, mais rico, mais sólido e
possuía as então principais cidades: Alexandria e Constantinopla, e com a destruição
causada no século III sua economia não teria se preservado sem a ajuda bizantina. Com
sua economia em baixa e cidades saqueadas ou despovoadas, Roma adota a economia
natural, com impostos e salários in natura, sendo custoso tanto para o governo como para
o povo. Sendo que o oriente forte e consolidado, representa uma vitória sobre a economia
natural e sobre um estado que não foi capaz de recuperar sua autoridade e poderio.
Com a afirmação de que o comércio não depende do ouro, mas o ouro depende do
comércio, Bark passa a discutir o ouro em Roma, alegando que pela má administração e
do mau uso do ouro o ocidente perdeu seu estoque e declinou seu comércio. Com isso o
século IV foi crucial a adoção de impostos naturais, causando o sistema de patronagem,
que logo acabou mais forte do que o Estado.
Logo o povo mais pobre foi deixado de lado, como afirma em seu estudo o padre
Salvino de Sevilla, tanto que o povo preferiu viver sob o domínio bárbaro ao romano,
pois os tratavam melhor, que Bark considera um dos mais claros motivos da ruína do
Império ocidental, mas nos advertindo que não reconheçamos essas mudanças como uma
“involução social”, pois muito do que consideramos progresso hoje, pode ser um
retrocesso, logo devemos analisar os fatos.
O autor afirma que é uma regra, mesmo em períodos de “transição” – fim de
Roma e o início da Idade Média – as modificações são passadas por cada setor social,
logo são lentas, ou seja, a sociedade medieval começou sua transformação muito antes,
transformando uma sociedade imperial e um regime de senhores de terra.
Isso era inevitável no ocidente, como afirma Rostovzeff, o povo não considerava
vital o que o homem do Último Império considerava. Mesmo parecendo um retrocesso
para os dias atuais, essas pessoas não tinham muitas escolhas, escolhendo serem servos,
senhores feudais e outros personagens da Idade Média. No oriente os grandes
proprietários de terras não ficaram tão poderosos como os ocidentais, pois o governo
possuía mais estabilidade política e econômica, contendo-os e fazendo um governo
centralizado.

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A função do historiador é interpretar modificações históricas, afirma Bark. Como
as do começo da Idade Média, assim perceberemos que a Idade Média não foi uma era de
inconsciência, violência e invasões. Foi um período de intensas modificações.
A Igreja possuía um forte poderio no ocidente, ocorrendo mudanças no campo da
arte, na sociedade e no campo intelectual. Que Bark o assemelha com o poderio romano,
mas com as devidas adaptações da antiguidade para a Idade Média.
Adaptações que enviaram pessoas para viver nas comunidades existentes para
conhecê-las e formar uma nova cultura, tais pessoas eram em sua maioria monges
missionários, que ao chegarem numa nova comunidade traziam novidades não só
religiosas como tecnológicas para a época, como edifícios e moinhos, por exemplo. No
campo social essas adaptações modificaram os escravos, camponeses e grandes
proprietários de terra em servos e senhores, formando o sistema senhorial.
Na dedicação de nos mostrar que a Idade Média não foi uma época de “trevas” e
sim de inovações, Bark alega que influenciados por outros povos como os celtas e os
orientais, o homem medieval fez inovações no vestuário, na agricultura e na manutenção
do uso na água, com a criação de moinhos, sendo a sua principal motivação as
adversidades encontradas na época.
Nos apresentando uma pesquisa livre de preconceitos e clichês, Bark nos dá uma
nova visão da era medieval. Sendo o que aconteceu nessa época atingiu idades
posteriores, mesmo com os fracassos da economia, da sociedade, do poderio religioso e
da política descentralizada, o homem medieval pode viver e trazer inovações para os dias
atuais.

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