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INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS


SOCIOLOGIA III

Prof. Edison Miagusko

Lucas do Amaral Afonso

Resenha do texto: PARSONS, Talcott O conceito de sociedade: os componentes e suas


interrelações, in: Sociedades: perspectivas evolutivas e comparativas, São Paulo, Ed.
Pioneira, capítulo II (O conceito de sociedade: os componentes e suas interrelações),
1974, pp. 16-50.

Tacoltt Parsosns define a sociedade como um sistema social autônomo, isto é, a


auto suficiência é uma caracterização da sociedade em relação ao seu ambiente.
Segundo o autor: “(...) Uma sociedade é um tipo de sistema social, em qualquer
universo de sistemas sociais, e que atinge o mais elevado nível de auto-suficiência,
como um sistema, com relação aos seus ambientes. (PARSONS, 1974, p. 21).

Parsons divide o sistema social em subsistemas, no entanto, é apenas uma


divisão epistemológica, na medida em que o autor não acredita que essas visões não se
concretizam no campo da realidade. Estes subsistemas estão relacionados à ação
humana. Deste modo, o autor, na descrição de ação social afirma:

A ação social consiste em estruturas e processos através


dos quais os seres humanos formam intenções significativas e
com maior ou menor êxito, as executam em situações concretas
(...) Consideradas em conjunto, as intenções e a execução supõem
uma disposição do sistema de ação- individual ou coletiva- para
modificar, numa direção pretendida, sua relação com sua situação
ou ambiente. (PARSONS, 1974, p. 16).
A definição de ação social em Parsons nos permite perceber que os sentidos e
significado são fundamentais para que ocorra uma ação social, para que o ser humano,
em sociedade, se relacione socialmente. Neste sentido, o autor afirma que: “A ação
humana é “cultural” na medida em que os sentidos e as intenções referentes aos atos são
formados através de sistemas simbólicos (...) que quase sempre se centralizam no
aspecto universal das sociedades humanas, isto é, na linguagem, (PARSONS, 1974, p.
17).

Sendo assim, “(...) toda ação é a ação de indivíduos. No entanto, o organismo e o


sistema cultural incluem elementos essenciais que não podem ser pesquisados no nível
individual.” , isso significa que os indivíduos não estão descolados da sociedade, não
podem, portanto, ser analisados de maneira isolada. (PARSONS, 1974, p. 17).

Para Parsons:

Os padrões culturais simbolicamente organizados, como


todos os outros componentes de sistemas vivos, certamente
apareceram através da evolução. No entanto, o nível linguístico
humano de seu desenvolvimento é um fenômeno singular do
homem. A capacidade para aprender e usar a linguagem depende,
evidentemente, da constituição genética específica do homem (...)
Mas apenas essa capacidade geral é geneticamente determinada, e
não os sistemas simbólicos específicos que são aprendidos,
usados e desenvolvidos por grupos humanos específicos.
(PARSONS, 1974, p. 17-18).
Os sistemas simbólicos são produtos do ser humano em sociedades específicas
por exemplo: digamos que toda vez que um copo com água estiver em cima de uma
mesa e um grupo humanos específicos tem dessa ação o significado de que um “Deus”
está presente, então é necessário bater palmas. Então, quando algum integrante desse
grupo entrar em contato com algum outro grupo humano específico que não deposita
nenhum significado a esta ação ele saudará com palmas. O grupo de humanos
específicos que não atribui significado à ação não irá entender o porquê das palmas e,
do mesmo modo, o indivíduo não irá entender o porquê das “não palmas”.

Portanto, a linguagem é fruto de uma evolução, segundo Parsons e, no entanto, a


simbologia depositada nos aspectos da linguagem são, sobretudo, “desenvolvidas por
grupos humanos” específicos no campo dos sistemas simbólicos. Assim como vimos no
exemplo, “Uma linguagem não é apenas uma reunião de símbolos que já foram usados
anteriormente; é um sistema de símbolos que tem sentido nun código.” (PARSONS,
1974, p. 39).
Deste modo, “(...) nenhum indivíduo pode criar um sistema cultural...”,
perguntamos, Parsons não trabalha um conflito entre indivíduo e sociedade? Se sim,
qual conflito é possível entre indivíduo e sociedade quando a menor unidade de análise
da sociedade é isolada de si mesma?

INTERAÇÃO

“(...) O sistema de interação constitui o sistema social, subsistema de ação que é


o principal interesse deste livro.”

O CONCEITO DE SISTEMA SOCIAL

A interação entre pelo menos dois indivíduos pode gerar um sistema estruturado,
que não consiste apenas das personalidades desses agentes, é diferenciado dos demais
sistemas e, ao mesmo tempo, integrado: um sistema social. Isso ocorre quando tal
interação funda-se em expectativas mútuas a respeito da conduta um do outro, cada um
dos quais podendo compartilhar elementos simbólicos presentes num sistema cultural
comum, que lhes permite dar significado à situação, ou ainda constituir m sistema
próprio.

(...) como seres humanos, só conhecemos o mundo físico através do organismo.


Nossas mentes não tem experiência direta de um objeto físico externo, a não ser que
percebamos através de processos físicos e que o cérebro “processe” a informação a
respeito. No entanto, em seu sentido psicologicamente conhecido, os objetos físicos são
aspectos da ação. (p. 20).

O CONCEITO DE SOCIEDADE

A sociedade é um sistema social complexo e relativamente autônomo. Ela é


definida como "o tipo de sistema social caracterizado pelo nível mais elevado de auto-
suficiência com relação a seu ambiente, onde se incluem outros sistemas sociais", ou
ainda como "um sistema social que possui todos os pré-requisitos funcionais para uma
existência de longa duração com seus próprios recursos. Um sistema social complexo
consiste numa "rede de sistemas interdependentes e que se recortam" sendo cada um
deles um sistema social com suas próprias exigências, como é o caso de uma
universidade, com seus departamentos, seções, órgãos colegiados, biblioteca, cantinas,
grupos de pesquisa, entidades estudantis, etc.
Ao definir uma sociedade, podemos usar um critério que remonta, elo enos, a
Aristóteles. Uma sociedade é um tipo de sistema social, em qualquer universo de
sistemas sociais, e que atinge o mais elevado nível de auto-suficiência, como um
sistema, com relação aos seus ambientes. (p. 21).

A COMUNIDADE SOCIETÁRIA E SEUS AMBIENTES

OS SUBSISTEMAS DE AÇÃO E SUAS RESPECTIVAS FUNÇÕES

SISTEMA CULTURAL- Formado pela organização dos valores, ideias, crenças,


gostos comuns, normas e símbolos que guiam a conduta e oferecem opções segundo as
quais os agentes compreendem sua seleção de fins e de meios. Enfim, o sistema cultural
controla ou orienta, direciona, o agir de cada sociedade.

SISTEMA DE PERSONALIDADE- O sistema de personalidade é aquele que


organiza as orientações e motivações da ação de um agente individual. Os indivíduos
interiorizam objetos sociais e normas culturais em sua personalidade. Esse sistema
interage com os outros dois ambientes: o sistema social, que incentiva seus membros
para que as metas coletivas sejam atingidas, e o cultural, que fornece os fins e os meios
desejáveis.

SISTEMA SOCIAL- Diz respeito à interação entre pelo menos dois indivíduos,
fundamentadas em expectativas mútuas a respeito da conduta um do outro, ou seja, o
sistema social se forma a partir do momento em que ocorre interação entre os
indivíduos.

SISTEMA ORGANISMO COMPORTAMENTAL- Leva a que o agente


individual- motivado pela coletividade de que é membro ou por suas próprias
necessidades ou interesses ( a sede, a produção de alimentos, etc.) estabeleça relações
diretas com um quinto sistema: o sistema ambiental. Organismo comportamental diz
respeito à aquisição de energia para a realização de atividades, diz respeito ao ato de
alimentar-se.
OS COMPONENTES ESTRUTURAIS DA SOCIEDADE

Os componentes estruturais da sociedade são os valores, as normas,


coletividades e papéis. Embora possam ser abstraídos, esses quatro elementos
estruturais não existem independentemente, e qualquer unidade estrutural concreta de
um sistema social é sempre uma combinação entre eles.

Os valores funcionam como elo de ligação entre o sistema cultural e o social. Os


valores são compartilhados por todas as pessoas. As normas são regulamentações da
execução de leis e cada sociedade possui suas normas próprias. As coletividades são
responsáveis pela execução de objetivos e os papéis se referem à execução de práticas
padronizadas de valor, ou seja, funções atribuídas aos sujeitos a partir dos valores
sociais.

A QUESTÃO DO EQUILÍBRIO E O DESVIO

Quando um agente ignora ou contesta certas orientações, iniciando uma


mudança ou afastando-se da conformidade com os critérios normativos presentes numa
cultura comum, caracteriza-se um desvio, ou seja, há uma ruptura em relação às
expectativas do sistema, e se o sistema não consegue tolerá-lo além de certos limites,
poderá utilizar-se de algum mecanismo de controle social a fim de não correr o risco de
desintegração. Equilíbrio diz respeito a conformação do indivíduo com as exigências do
sistema.

A PERSPECTIVA DA DIFERENCIAÇÃO SOCIAL

Quando ocorre um processo de diferenciação, isto é, de nascimento de novas


funções devido a subdivisões internas, é necessário coordenar as unidades recém
formadas, ou seja, resolver os problemas de integração. A função de integração refere-se
aos ajustes que subsistemas, segmentos ou unidades relativamente independentes devem
efetuar, juntamente com o sistema no qual se inserem. Ela permite incorporar as partes
que acabam de surgir, fazendo com que uma nova estrutura se estabeleça. Ao tratar do
processo de mudança no interior de uma sociedade, Parsons coloca que a diferenciação
leva à separação de funções antes unificadas. Nesse caso, o conteúdo das normas que as
regiam anteriormente precisa ser modificado. As novas estruturas expressam a
capacidade adaptativa do sistema, de modo que ele atenda às demandas que lhe são
apresentadas.

O PONTO DE PARTIDA DA TEORIA GERAL DA AÇÃO

A ação implica a existência de um agente dotado de orientações em uma


situação. O agente- individual ou coletivo- atua tendo em vista um fim- um futuro
estado de coisas para o qual se orienta- que o agente estima ser desejável e que difere do
estado que sobreviria se não houvesse sua intervenção, e supõe opções entre meios
alternativos para seu alcance.

*OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO SISTEMA DE AÇÃO

Os elementos constitutivos do sistema são:

ESTRUTURA- Ou seja, elementos estáveis, aquilo que é mais duradouro, como


por exemplo a linguagem, moeda, instituições.

FUNÇÃO: Papel atribuído a cada ator, a cada indivíduo, onde cada um deve
cumprir o seu papel, visando o funcionamento do todo.

PROCESSO INTERIOR DO PRÓPRIO SISTEMA: Diz respeito às mudanças


que existem a partir de certas regras.
* CONSIDERAÇÕES SOBRE A SOCIALIZAÇÃO E/OU APRENDIZAGEM

A socialização é um processo ligado à motivação do agente individual, que


necessita aprender orientações que lhes serão exigidas num sistema de orientações
supostamente estabilizado. Diz respeito ao desenvolvimento de capacidades dos
indivíduos para o futuro desempenho de papéis. Aprendizagem se refere à capacidade
de cada indivíduo 'filtrar' informações no meio social, segundo a sua personalidade, e
colocar em prática esses conhecimentos. 'Filtros' podem ser entendidos como o interesse
de cada indivíduo por determinados aspectos do meio em que se encontra. Mudanças na
situação apresentam novos problemas de aprendizagem. O processo de informatização
pelo qual passam as sociedades tem levado a que os cidadãos que pretendem manter sua
autonomia precisem aprender a lidar com aparatos computadorizados, do mesmo modo
como tiveram que aprender a utilizar o idioma nacional. as mudanças no sistema
monetário brasileiro são um exemplo dessa necessidade de ressocialização.

* A CONSIDERAÇÃO DE QUE APENAS O SISTEMA SOCIAL E O


SISTEMA DE PERSONALIDADE SÃO SISTEMA DE AÇÃO

O sistema organismo comportamental e o sistema cultural não são considerados


sistemas de ação porque a função de ambos é, respectivamente, oferecer energia aos
organismos e oferecer normas, valores e regras aos mesmos. O sistema de personalidade
é de ação porque o indivíduo, através deste, internaliza regras e valores e os coloca em
prática, interagindo com outros indivíduos, formando o sistema social.

* COMO PARSONS DEFINE A COMUNIDADE SOCIETÁRIA


Tomada como sistema, a sociedade possui um núcleo através do qual a vida de
sua população organiza-se coletivamente. Esse núcleo é a comunidade societária, uma
rede complexa de coletividades interpenetrantes e de lealdades coletivas, um sistema
caracterizado por diferenciação funcional e segmentação, que inclui múltiplas unidades
de parentesco, empresas, órgãos do governo, escolas, hospitais, sindicatos etc. que
formam uma rede complexa.

* QUAL A RELAÇÃO DA COMUNIDADE SOCIETÁRIA E A


MANUTENÇÃO DE PADRÃO

Para sobreviver e desenvolver-se, a comunidade social precisa manter, como a


base de sua identidade societária, a integridade de uma orientação cultural comum, de
modo geral ( embora não necessariamente de maneira uniforme ou unânime)
compartilhada por seus participantes.

* COMO TRABALHA A QUESTÃO DA HIERARQUIA CIBERNÉTICA.

Ao analisar os quatro sistemas de ação, Parsons identifica uma hierarquia de


relações de controle entre eles, relativa à quantidade de informações contida em cada
um ou em suas partes. O sistema cultural ( que contem o máximo de informação)
controla o social, o qual faz o mesmo com o de personalidade e este com os organismos.
Partindo do extremo oposto, aqueles sistemas subordinados possuem energia mais
elevada, são como provedores dos demais, procuram responder às suas carências.
Existem então dois pólos: desde o mais alto nível de informação operam os controles,
desde o da energia, atuam as condições colocadas pelo meio ambiente físico. O
organismo comportamental possui elevada energia, e o sistema cultural a máxima
capacidade de controle sobre os demais.

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