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Kleber Aparecido da Silva

Paula Cobucci
Tatiana Rosa Nogueira Dias

LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO OFICIAL

BRASÍLIA, 2018
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 2

MÓDULO 1 – COMUNICAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA

Para que pudesse expressar aos demais seres de sua espécie, de seu grupo, seus
conhecimentos, suas experiências, seus desejos, enfim, sua visão de mundo, o homem –
também graças à sua inteligência – inventou a LINGUAGEM, conjunto de signos que
representam o mundo real quando o homem o codifica para si (o que é uma forma de
conhecer esse mundo), para o outro (na expressão do que deseja transmitir ao outro) e quando
decodifica a visão de mundo do outro para si. A transmissão de informações de uma geração
para outra por meio da linguagem, a Antropologia chama de CULTURA. A transmissão
(expressão) de informações de um ser para outro por meio da linguagem chama-se
COMUNICAÇÃO:
“Comunicação é o modo através do qual as pessoas compartilham experiências, ideias e
sentimentos. Ao se relacionarem, como seres interdependentes, influenciam-se mutuamente
e, juntas, modificam a realidade onde estão inseridas.” (“O que é comunicação”, Juan Dias
Bordenave)
O homem, assim, se expressa (se COMUNICA) por meio da linguagem. A ciência que
estuda TODOS os sistemas de signos, ou seja, todas as linguagens que existem e quaisquer
que sejam suas esferas de utilização, chama-se SEMIÓTICA OU SEMIOLOGIA. Em suma:
a Semiótica estuda a “realidade cultural” de uma comunidade, todas as espécies de sistemas
signícos que o homem criou ao longo da sua História no planeta.
A Linguística, que é um ramo da Semiótica, delimita seus estudos à LINGUAGEM
VERBAL OU LÍNGUA, que, sabemos, pode ser oral e/ou escrita. A Língua é um código que
consiste num conjunto de signos linguísticos (SLs) formados por duas faces coesas e
indissociáveis: significante e significado. O significante é um conjunto de letras e/ou de sons
que, combinados, são dotados de significação. No Português, por exemplo, a sequência
CSAA não é significante porque não tem significado. O significado, por sua vez, é um
conceito, é aquilo do mundo real que o signo está REPRESENTANDO linguisticamente. A
sequência CASA é significante porque significa, vale, representa, a “casa” que existe na
realidade. Assim, só é significante o que tem significado, e um significado só pode ser
materializado por um significante.
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No processo de comunicação o linguista Jakobson identificou elementos para o processo


de comunicação, sendo estes:
▸ A própria situação ou realidade de comunicação em que ela se realiza: o lugar, a
época, o tipo de cultura a que pertencem as pessoas que se comunicam, o seu grau de
escolaridade, sua faixa etária e tudo aquilo que pode modificar o sentido da
mensagem que está sendo transmitida. São as CIRCUNSTÂNCIAS todas em que uma
comunicação se efetiva (enunciação);
▸ Os interlocutores que dela participam.
Como interlocutores no processo de comunicação, temos:

▸ EMISSOR: é quem transmite uma mensagem durante a comunicação ( é a pessoa que


fala no discurso – a 1ª pessoa – equivalente a EU ou NÓS);

▸ RECEPTOR: é para quem se transmite uma mensagem durante a comunicação (é a


pessoa para quem se fala no discurso – a 2ª pessoa – equivalente a TU e VÓS);
Além dos interlocutores, participam do processo os seguintes elementos:
▸ MENSAGEM: é cada conteúdo que os interlocutores compartilham. A mensagem
normalmente tem um tema central, um assunto predominante. Ela pode ser sobre
alguém, algo (real ou não, concreto ou abstrato), algum lugar, etc. Em comunicação, o
objeto ou tema central da mensagem chama-se REFERENTE. Assim, o referente é
sobre que ou sobre quem se fala na mensagem: corresponde a 3a pessoa do discurso –
ele, ela, eles, elas;

▸ CÓDIGO: é a linguagem ou conjunto de signos usados na elaboração e/ou na


transmissão da mensagem na comunicação.

▸ CANAL: é cada um dos meios de comunicação utilizados na transmissão de


mensagens na comunicação. São os meios de comunicação. Ex.: revista, jornal, rádio,
televisão, telefone, fax, telégrafo, computador (Internet), rádio, carta, etc.
Em suma, segundo JAKOBSON, os elementos da comunicação são os seguintes:

(REFERENTE)

EMISSOR --------- MENSAGEM -------  RECEPTOR

CÓDIGO

CANAL
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RUÍDO é todo e qualquer problema que possa ocorrer na transmissão/elaboração ou na


recepção/entendimento de uma mensagem. As diferenças culturais, as condições acústicas
e/ou visuais da situação de comunicação, a predisposição dos interlocutores e suas diferenças
e tantos outros fatores podem impedir que uma mensagem seja recebida da mesma maneira
que foi enviada.
Pensando na questão de finalidade, Jakobson identificou que quando a linguagem é usada
para dizer respeito:
▸ ao próprio EMISSOR: a linguagem está exercendo a sua FUNÇÃO EMOTIVA ou
expressiva. São mensagens em que um “eu” expressa seus desejos, suas emoções,
seus conhecimentos, suas experiências, enfim, sua VISÃO DE MUNDO. Os
elementos da mensagem que indicam que a linguagem nela usada é a emotiva são:
presença de palavras – verbos e pronomes – em 1a pessoa (do singular e/ou do plural),
presença de interjeições, de pontos de exclamação e de interrogação. É a mensagem
SUBJETIVA;

▸ a um REFERENTE qualquer, que não seja nem o emissor, nem a própria linguagem:
a linguagem está exercendo a sua FUNÇÃO REFERENCIAL. O que indica que a
linguagem de uma mensagem é predominantemente referencial são os VERBOS EM
3a pessoa. É a mensagem objetiva, muito comum nos textos científicos (no discurso
científico), dissertativos;
▸ à própria LINGUAGEM OU CÓDIGO: quando, numa mensagem, a linguagem é
usada para falar dela mesma (o referente é a própria linguagem, seja ela verbal ou não
verbal), ou quando uma mensagem lembra ou faz alusão a uma outra
(intertextualidade), a linguagem está exercendo a sua FUNÇÃO
METALINGUÍSTICA. Um texto que fala sobre Língua Portuguesa, sobre poesia,
sobre cinema, sobre qualquer meio de comunicação de massas, é predominantemente
metalinguístico. Uma gramática, um dicionário, são obras metalinguísticas. Uma obra
literária em prosa ou em versos que lembra que faz alusão ou que é uma adaptação de
outra obra literária famosa ou anterior (uma paródia, por exemplo) também é
metalinguagem.

▸ à própria MENSAGEM, quando, numa mensagem a linguagem usada é incomum, é


conotativa, é ambígua, é polivalente, é musical, quando seu autor rompe com as
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normas de uso dos signos (Linguística/Saussure) e com as normas gramaticais, ou


seja, quando chama a atenção para a seleção e a combinação especial dos signos que a
compõem (demonstrando que o autor fez um trabalho artesanal, artístico com eles), a
linguagem é predominantemente POÉTICA. A POESIA ou LINGUAGEM POÉTICA
(função poética da linguagem) pode estar tanto num texto em versos como na prosa
literária. É a mensagem literária, poética, artística.
▸ a algo que influencie, leve o RECEPTOR a pensar e a agir de modo diferente depois
de receber tal mensagem, ou seja, a linguagem é usada para persuadir, para convencer
(ARGUMENTAR) o receptor da mensagem a respeito de algo ou de uma ideia, ela
está exercendo a sua FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA. O índice máximo da
função apelativa da linguagem predominando numa mensagem é o uso dos verbos no
modo IMPERATIVO;
▸ apenas para testar se o CANAL está funcionando, ou seja, a mensagem não tem
conteúdo informativo, emotivo, poético, metalinguístico ou apelativo, ela apenas é
usada para que a comunicação se mantenha estabelecida, sem interrupções ou ruídos,
a linguagem está exercendo sua função FÁTICA. Quando dizemos “alô”, num
telefone, para começar um diálogo ou para saber se nosso receptor está nos ouvindo, a
palavra dita serve apenas para isso. Quando o comunicador Chacrinha queria saber se
seu público estava atento ao que ele dizia, gritava: “_Terezinha”. Se o público gritasse
bem forte “_U,U!”, era sinal de que estavam atentos. Se não, ele insistia em gritar
aquele nome que era apenas um teste de canal, de comunicação. “Vocês querem
bacalhau”?
Observamos, então, o seguinte esquema para as funções da linguagem:

(REFERENTE)
Função REFERENCIAL

EMISSOR ------------- MENSAGEM ------------  RECEPTOR


Função EMOTIVA Função POÉTICA Função APELATIVA

CÓDIGO OU LINGUAGEM
Função METALINGUÍSTICA

CANAL
Função FÁTICA
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Para que possamos desenvolver uma comunicação eficiente e sem ruídos, devemos
estar atentos aos elementos de comunicação, bem com a finalidade da interação.
Para os documentos oficiais, foi desenvolvido um Manual de Redação da Presidência
da República, cuja finalidade é “atualizar, uniformizar e simplificar as normas de redação de
atos e comunicações oficiais”.
Segundo o Manual de Redação da Presidência da República:
“Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder
Público redige atos normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de
vista do Poder Executivo. A redação oficial deve caracterizar-se pela
impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão,
formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da
Constituição, que dispõe, no artigo 37: ‘A administração pública direta, indireta ou
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência (...)’. Sendo a publicidade e a impessoalidade
princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem
igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.” (MRPR, p. 12)

Impessoalidade:
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em
atendimento ao interesse geral dos cidadãos.
As comunicações oficiais restringem-se a questões que dizem respeito ao interesse
público; é natural que não tenham qualquer tom pessoal.
Sendo assim, é inconcebível que os assuntos, objetos dos expedientes oficiais, sejam
tratados de outra forma que não a estritamente impessoal.
Observando os elementos e funções propostas por Jakobson, a maneira pelo qual se
evidencia o referente é por meio na função referencial, estabelecida pelo uso de terceira
pessoa, portanto, quando, em uma redação oficial, objetiva-se evidenciar tal elemento da
comunicação, deve-se primar pelo uso da 3ª pessoa.

Formalidade:
As comunicações oficiais devem obedecer a certas regras de forma, unindo à
impessoalidade e ao padrão culto de linguagem um tratamento marcado pela
formalidade, a qual consiste não apenas no emprego de pronomes de tratamento
adequados, mas também na polidez, civilidade e uniformidade dos textos.
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Padronização:

A estética e clareza da apresentação do documento, o uso de papéis


uniformes para o texto definitivo e a sua correta diagramação é indispensável
para a padronização.

Concisão:
A concisão consiste em expressar com um mínimo de palavras um máximo de
informações, desde que não se abuse da síntese a tal ponto que a ideia se torne
incompreensível. Afinal, o tempo é precioso, e quanto menos se rechear a frase
com adjetivos, imagens, pormenores desnecessários ou perífrases (rodeios de
palavras), mais o leitor se sentirá respeitado.

Clareza:
Uso de expressões simples e objetivas, de fácil entendimento, e utilização
de frases bem construídas que evitem interpretação dúbia.
Claro é aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor.
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EXERCÍCIOS
1. Atendendo ao proposto pelo Manual de Redação da Presidência da República, com a
declaração de que os textos devam primar pela impessoalidade. Como podemos, por meio de
escolhas lexicais, atender a tal critério:

a) por meio de citação indireta e o uso de primeira pessoa;


b) por meio de escrita em primeira pessoa;
c) por meio de escrita em terceira pessoa;
d) por meio de citação indireta em primeira pessoa.

2. A utilização da Norma Padrão pelos atos oficiais segue uma norma proposta pelo Manual
de Redação da Presidência da República somente por fins estruturais, não objetiva produzir
um texto que atinja o maior público possível. ( ) V ( ) F

3. O critério de clareza proposto pelo Manual de Redação da Presidência da República para


os atos oficiais propicia ao receptor uma maior informatividade possibilitando menos ruído
no processo de comunicação. ( ) V ( ) F

4. O critério de concisão deve ser utilizado nos atos oficiais, pois:

a) estabelece a possibilidade de exercer maior persuasão ao receptor;


b) estabelece uma padronização nos textos oficiais;
c) estabelece uma maior informatividade ao texto;
d) estabelece uma relação indefinida de comunicação com o receptor;
e) estabelece uma leitura efetiva e direta.

5. Para que haja uma melhor comunicação e consigamos atingir o maior número de
receptores possível, os textos oficiais devem seguir padrões estabelecidos por pessoas de
maneira individual, possibilitando uma maior comunicação entre interlocutores, pois
estabelecem variedades linguísticas de maneira individual e personalizada. ( ) V ( ) F
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MÓDULO 1 – COMPREENSÃO, LEITURA E ESCRITA

Para podermos desenvolver qualquer texto é necessário avaliar como a mensagem pode
ser interpretada ou compreendida pelo receptor. Segundo Faulstich (1987, p. 23), entender
um texto é compreender claramente as ideias expressas pelo autor para depois extrapolá-las.
Nesse momento, os leitores devem ajustar as informações contidas no texto àquelas que
possuem em seus arquivos de conhecimento.
A autora apresenta ainda o seguinte esquema de capacidades cognitivas (Bloom):

▸Compreensão – é a capacidade de entender a mensagem literal. Em um primeiro


momento o leitor deve ater-se ao ponto de vista do autor.

▸Análise – é a capacidade de desdobrar o material em suas partes constitutivas,


percebendo suas inter-relações e os modos de organização. É a capacidade de
decompor o todo em tópicos.
▸Síntese – é a capacidade de colocar em ordem os pensamentos essenciais do autor. A
síntese manifesta-se pela reconstituição do todo, eliminando-se o que secundário e
acessório, fixando-se no essencial.
▸Avaliação – é a capacidade de emitir um juízo de valor e de verdade a respeito das
ideias essenciais de um texto. Manifestando-se por meio de julgamento, de críticas às
relações lógicas evidenciadas no texto e sua possível aplicação científica.
▸Aplicação – é a capacidade de resolver situações semelhantes à situação explicitada no
texto. Manifesta-se pela habilidade de, ao associarem-se assuntos paralelos, utilizar-se
de princípios apreendidos num contexto em contextos semelhantes.
Assim, podemos interpretar um texto respondendo aos seguintes itens:

▸Compreensão: que tese é defendida no texto?


▸Análise: quais as partes constitutivas do texto?
▸Síntese: qual a síntese ideal deste texto?
▸Avaliação: as ideias essenciais do texto merecem crítica? Positiva? Negativa?
▸Aplicação: em que outros contextos podem ser aplicadas as ideias essenciais do
texto?
Observando os referido critérios para compreensão textual no processo de Leitura
percebemos que os textos não são apenas objetos sem importância. No processo de
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comunicação, principalmente nas redações oficiais, é necessária uma atenção especial a


determinados itens lexicais (palavras).
Para que haja uma real compreensão de um texto, deve haver, em um primeiro momento,
a compreensão literal. Nesse sentido, cabe apresentar palavras, léxicos, com interpretações
coerentes e que sejam capazes de transmitir o verdadeiro significado.
Existem estudos empenhados em demonstrar que dependendo da escolha vocabular, do
léxico, que é apresentado em um texto, é possível identificar questões ideológicas e
hegemônicas, evidenciando características, inclusive pessoais.
Quando se agrupam vocábulos (palavras,itens lexicais) tendo por base a caracterização
dos mesmos, temos o campo lexical.
Campo lexical é, portanto, uma técnica, um conjunto de vocábulos empregados para
designar, qualificar, caracterizar, significar uma noção, uma atividade, uma pessoa.
Pode-se considerar sinonímia sob duas acepções:

▸Quando um termo pode substituir outro em um determinado


enunciado/contexto;

▸Quando são intercambiáveis em todos os contextos.


Ex: obrar – realizar – fazer
Pensando em sinônimos, devemos estabelecer uma divisão em Hiponímia (quando um
termo é substituído por outro apenas em alguns contextos) e Hiperonímia (quando um termo
pode substituir outro em todos os contextos).

Hiperonímia – refere-se, como o próprio prefixo já nos indica, como uma ideia de um
todo, sendo que, deste todo, originam-se outras ramificações. Tomemos como exemplo a
palavra veículo. Ora, dela partem outras, tais como: carro, caminhão, trem, carroça, entre
outros.
Assim sendo, pode ser compreendida como um conjunto, um grupo maior, que origina
outros subconjuntos.
Hiponímia – refere-se exatamente a esses subconjuntos citados anteriormente,
representando a parte de um todo. Dessa forma, caso estivéssemos fazendo referência ao
grupo “frutas”, por exemplo, teríamos como hipônimas todas as palavras que estivessem
relacionadas a esse grupo maior, como, por exemplo, maçã, banana, melão, melancia,
morango, abacaxi, entre outras.
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Por exemplo:

HIPERÔNIMO HIPÔNIMO

ANIMAL

VERTEBRADO

MAMÍFERO

ROEDOR

Animal é hiperônimo de vertebrado.


Vertebrado é hipônimo de animal e hiperônimo de mamífero.
Mamífero é hipônimo de animal e vertebrado, mas é hiperônimo de roedor (Koch e Elias,
2008).
Considerando os sinônimos e campos lexicais, podemos utilizar um maior número de
palavras, itens lexicais, para expressarmos os mais variados sentidos objetivando uma maior
clareza e evitando repetições desnecessárias.
Os conhecimentos prévios exercem uma influência muito grande ao compreender um
texto. Destes conhecimentos, fazem parte os seguintes:
1. Conhecimentos linguísticos;
2.Conhecimentos factuais (enciclopédicos);
3.Conhecimentos específicos (pessoais);
4.Conhecimentos de normas (institucionais, culturais, sociais);
5.Conhecimentos lógicos.
Olhando sob esse prisma, temos elementos apresentados no texto como elementos explícitos,
e os produzidos de maneira dedutiva como implícitos ao texto, considerando também fatores
discursivos.
Dentre os elementos explícitos e implícitos, precisamos identificar os pressupostos e os
subentendidos. Fatores que podem gerar ambiguidade nos textos oficiais.
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▸ Pressupostos são ideias que não estão explícitas no texto, mas o leitor pode inferir
por meio de palavras no texto.

▸O leitor pode questionar ou discordar da informação explícita, mas sobre o pressuposto


não.
Ex.: Ainda estamos na época de sofrimento (pressupõe muito tempo de sofrimento).
Geralmente expresso por advérbios (ainda, já); verbos (continuar, torna-se, chegar, fazer
etc.) e adjetivos.
▸Subentendido é a “insinuação contida por trás de uma afirmação”.
O pressuposto não pode ser discutido, já o subentendido, depende do ouvinte.
Ex.: suponha que alguém em uma festa afirma que gosta de caipirinha na praia. A frase
pode ser levar ao subentendido que essa pessoa considera que casamento não é lugar de
caipirinha.
Deve-se estar atento aos pressupostos e subentendidos para que não haja duplicidade ou
circulação de informações incorretas nos textos oficiais.

EXERCÍCIOS

1. Quando apresentamos a questão lexical, observamos que, dependendo do item que se


insere no texto, temos um significado diferente. A repetição do mesmo item lexical pode
levar a um ruído. Considerando o exposto, identifique como podemos reduzir a questão do
ruído:

a) por meio de escolhas vocabulares de um mesmo campo lexical;


b) por meio de mesma escolha lexical;
c) por meio de vocábulos iguais que representem o mesmo significado;
d) por meio de vocábulos semelhantes com campos lexicais diferenciados;
e) por meio de vocábulos iguais que representam campos lexicais diferentes.

2. Segundo Faulstich, “entender um texto e entender as ideias apresentadas e depois


extrapolá-las”. Qual item representa o critério da cognição proposto por Bloom que
determina a extrapolação do texto:

a) síntese;
b) análise;
c) compreensão;
d) aplicação.

3. Para real compreensão do texto, precisamos aprender todos os aspectos lexicais


apresentados. Trabalhamos com sinônimos para identificar termos de um mesmo campo
lexical.
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Tendo como base a questão da hiponímia e hiperonímia, identifique a relação que não
apresenta a real conexão:

a) mamífero é hiperônimo de animal;


b) animal é hiperônimo de mamífero;
c) mamífero é hipônimo de animal;
d) vertebrado é hipônimo de mamífero;
e) animal é hiperônimo de vertebrado.

4. Identificamos que os textos podem apresentar pressupostos e subentendidos considerando


que nos pressupostos temos uma ideia que não pode ser questionada, já, nos subentendidos
depende do receptor.
Apresentando muitos pressupostos e subentendidos, o texto será compreendido de maneira
adequada por seu receptor, mesmo sendo oficial. ( ) V ( ) F

5. Considerando as capacidades cognitivas apresentadas por Bloom, quando fazemos a leitura


de um texto objetivamos identificar e apreender a maior quantidade de significados possível.
Identifique quais os critérios inicial e final para que possamos ter uma real compreensão do
texto:

a) análise e interação;
b) identificação e aplicação;
c) compreensão e aplicação;
d) identificação e análise;
e) síntese e aplicação.
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MÓDULO 1 – TEXTO, GÊNERO E DISCURSO

Segundo Marcuschi (2008), tipo textual designa uma espécie de construção teórica,
definida pela natureza linguística. Caracteriza-se muito mais como sequência linguística do
que como texto materializado. Em geral abrangem cerca de meia dúzia de categorias
conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção. Quando
predomina um modo num dado texto concreto dizemos que é um texto argumentativo,
narrativo, expositivo, descritivo ou injuntivo.
O texto possuí como finalidade:

▸Narrar;
▸Argumentar;
▸Expor;
▸Descrever; ou
▸Mandar.
Gêneros textuais são textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam
padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais.
Os gêneros podem apresentar diversas designações, constituindo tipos de gênero:
romance, bilhete, carta, notícia, resenha, edital, piada etc.
O discurso é o texto mais as condições de produção. Seria o texto mais o contexto.
Gênero seria a prática-social e prática textual-discursiva.
Gêneros são modelos correspondentes a formas sociais reconhecíveis nas situações de
comunicação que ocorrem. Sua estabilidade é relativa ao momento histórico-social em que
circula.
Texto é um sistema atualizado de escolhas extraído de sistemas virtuais entre os quais a
língua é o sistema mais importante.
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Marcuschi (2008)
Conforme Koch (2015), os gêneros apresentam a seguintes características, observando a
perspectiva bakhtiniana:

▸São tipos relativamente estáveis de enunciados, possuem uma forma de composição:


plano composicional;

▸Além do plano composicional, distinguem-se pelo conteúdo temático e estilo;


▸São entidades escolhidas, tendo em vista as esferas de necessidades temáticas, o
conjunto de participantes e a vontade enunciativa ou a intenção do locutor, sujeito
responsável por enunciados, unidades concretas da comunicação verbal.
Dessa maneira, devemos perceber que cada gênero textual possui uma estrutura, uma
composição, deve ter um conteúdo específico e uma forma de estrutura condizente.
Na Redação Oficial temos alguns Gêneros Textuais específicos, como Ofício,
Memorando, Relatório, Parecer, entre outros que abordaremos no Módulo 2.

EXERCÍCIOS
1. Os gêneros textuais são textos relativamente estáveis, pois apresentam uma estrutura
composicional, conteúdo e estilos específicos. ( ) V ( ) F

2. Possuímos uma infinidade de gêneros textuais. Considerando a questão teórica proposta


por Marcuschi, não é tipo textual:

a) argumentação;
b) relatório;
c) descrição;
d) injunção.
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3. Pensando na relação entre linguagem e sociedade, podemos perceber que os gêneros


textuais não apresentam características próprias, nem estão relacionados a questões
temporais. ( ) V ( ) F

4. Os textos estão inseridos em um padrão histórico. Podemos observar tal fato quando
percebemos que determinados gêneros textuais modificam-se ou deixam de existir, é o caso
de:

a) ofício;
b) memorando;
c) relatório;
d) carta.

5. Os textos apresentam características composicionais que favorecem a identificação. Entre


os critérios, o conteúdo é um dos principais elementos para a construção de um gênero
textual. ( ) V ( )F
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MÓDULO 1 – COESÃO E COERÊNCIA

Texto será entendido como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou
audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma
situação de interação comunicativa, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma
função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão
(KOCH & TRAVAGLIA, 2004, p. 08).
Como produto linguístico, o texto é um tecido, o resultado de uma tessitura. É o conjunto
de cadeias referenciais. Nelas, alguns elementos retomam outros ou, mesmo, antecipam-nos
formando um todo de sentido. As cadeias referenciais podem constituir-se de forma linear ou
“tentacular”;
Por textualidade define-se a “qualidade de coerência/conectividade do texto” (HANKS,
2008, p. 120). Ela pode depender, em maior ou menor grau, das propriedades inerentes do
artefato e das atividades interpretativas de uma dada comunidade.
A coesão textual é a conexão interna ao texto. É estabelecida entre seus vários
enunciados. A coesão promove a articulação das partes do texto; ela diz respeito aos
“procedimentos por meio dos quais os componentes da superfície do texto são mutuamente
conectados no interior de uma sequência” (BEAUGRANDE & DRESSLER, 1981). É ela que
oferece estabilidade ao texto, para que ele se mantenha como uma unidade de sentido.
Além da pontuação, essas relações de sentido se manifestam principalmente mediante o
uso, por parte do produtor do texto, de um conjunto de palavras denominadas conectivos
textuais – também conhecidos como articuladores textuais ou também operadores
discursivos.
A coesão diz respeito ao conjunto de recursos semânticos por meio dos quais uma
sentença se liga com a que veio antes, aos recursos semânticos mobilizados com o propósito
de criar textos.
A cada ocorrência de um recurso coesivo no texto, denomina-se de “laço”, “elo coesivo”.
(Koch & Travaglia, 2000:15).
Coerência “Está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o
texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo,
portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do
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texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o
sentido desse texto. Esse sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global”.
(Koch, 2000:18-9)
Segundo Koch, temos:
• Coesão referencial: é quando um termo ou expressão substitui, refere-se a um outro
pertencente ao universo textual. Esse tipo de coesão ocorre quando os elementos
coesivos ou conectivos retomam ou anunciam palavras, frases e sequências que
exprimem fatos ou conceitos.

• Coesão sequencial: ocorre por meio dos componentes do texto que estabelecem relações
semânticas entre orações, períodos ou parágrafos à medida que o texto progride.

Podem-se observar os seguintes tipos de coesão:

 Coesão por referência:  Coesão por elipse:

▸Pronomes (pessoais, possessivos, ▸Omissão de alguma informação


demonstrativos) recuperável no contexto linguístico.
Ex: Pegue três maçãs. Coloque-as sobre a mesa) Ex: Ele chegou atrasado. Ø Tinha errado o
caminho.
▸Advérbios de lugar (lá, ali, aqui...)
Bruno vai ao teatro? Ø vai Ø.
Ex: Paula não irá à Europa em janeiro. Lá faz muito
frio.

▸Artigos definidos (o, a, os, as)


Ex: Pegue o texto da aula de hoje.

 Coesão por conjunção:  Coesão por item lexical:

▸Estabelecimento de determinadas relações de ▸Retomada de um termo por meio de


sentido entre as informações presentes no sinônimo ou termo genérico.
texto. Tais relações são explícitas por
Ex: João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia.
elementos conjuntivos que relacionam o que
Na capital da Polônia, o papa disse...
vai ser dito ao que foi dito.
Ex: se, e, bem como, ainda que, porque mesmo, antes
de mais nada...
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EXERCÍCIOS

1. Para que possamos estabelecer uma maior interação com o leitor, não é necessária a coesão
textual nos gêneros oficiais, pois podemos estabelecer coerência sem os articuladores textuais
em um texto oficial. ( ) V ( ) F

2. Pode-se estabelecer coesão evitando a repetição por meio da elipse. ( ) V ( ) F

3. Além da pontuação, as relações de sentido se manifestam principalmente mediante o uso


por parte do autor de um conjunto de palavras denominado conectivos textuais, também
conhecidos como articuladores textuais ou operadores discursivos. Dentre os referidos
articuladores, podemos utilizar:

a) verbos e enumerações;
b) pronomes e enumerações;
c) conjunções e advérbios;
d) advérbios e enumerações.

4. A cada ocorrência de um recurso coesivo no texto denomina-se laço ou elo coesivo.


()V()F

5. A coesão por elipse se dá com o uso de pronomes (pessoais, possessivos, demonstrativos).


Exemplo: pegue três maçãs, coloque-as sobre a mesa. ( ) V ( ) F
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MÓDULO 1 – NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi estabelecido entre os Governos da


República de Angola, da República Federativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da
República de Guiné-Bissau, da República de Moçambique, da República Portuguesa e da
República Democrática de São Tomé e Príncipe, produzindo efeitos somente a partir de 1 o de
janeiro de 2009.
O objetivo do Acordo é instituir uma ortografia oficial única da Língua Portuguesa, ou
seja, revogar a existência de duas normas ortográficas oficiais distintas – uma do Brasil e
outra dos demais países de língua portuguesa –, aumentando, assim, seu prestígio
internacional.
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.
Utilizadas usualmente:
◦ Na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), W (watt);
◦ Na escrita de palavras estrangeiras: show, playground, windsurf, kung fu, kaiser,
Kafka, kafkiano.
NÃO se usa mais o trema, permanecendo somente nas palavras estrangeiras e em suas
derivações. Exeplos: Müller, mülleriano.
▸Antes: agüentar, delinqüente, eloqüente, eqüestre, seqüestro, seqüência.
▸Agora: aguentar, delinquente, eloquente, sequestro, sequência.
Uso do hífen com compostos:
Usamos o hífen em palavras compostas sem elementos de ligação. Exemplos: guarda-
chuva, arco-íris, mesa-redonda.
Exceções: não se usa hífen em palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos: girassol, madressilva, paraquedas, paraquedismo.
Usa-se hífen em compostos com palavras iguais ou quase iguais em elementos de ligação.
Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum.
NÃO se usa hífen nos compostos com elementos de ligação, inclusive os compostos de
base oracional. Exemplos: pé de moleque, dia a dia, ponto e vírgula, camisa de força, olho de
sogra, maria vai com as outras, faz de conta, leva e traz.
Usa-se hífen nos compostos cujos elementos apresentam o apóstrofo. Exemplos: gota-
d’água, pé-d’água.
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Usa-se hífen nas palavras derivadas de topônimos (nomes próprios de lugares), com ou
sem elemento de ligação. Exemplos: Belo Horizonte – belo-horizontino; Rio Grande do
Norte – rio-grandese-do-norte.
Usa-se hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de
plantas, flores, frutos etc.), tendo ou não elemento de ligação. Exemplo: bem-te-vi, peixe-
espada, erva-doce.
NÃO se usa hífen quando os compostos forem empregados fora do contexto original.
Exemplo: bico-de-papagaio (planta) – bico de papagaio (deformação nas vértebras).
Usa-se hífen se o prefixo terminar com a mesma letra que se inicia a outra palavra.
Exemplos: micro-ondas, anti-inflamatório, anti-inflacionário, inter-regional.
NÃO se usa hífen se o prefixo terminar com letra diferente da que se inicia a outra
palavra. Exemplos: autoescola, antiaéreo, intermunicipal, aeroespacial, agroindustrial.
Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, dobram-se essas
letras. Exemplos: minissaia, antirracismo.
Usa-se hífen diante de palavras iniciadas por h. Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico,
ultra-humano.
Com o prefixo sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavras iniciadas por r.
Exemplos: sub-região, sob-roda, sub-reitor.
Com prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavras iniciadas por m, n e vogal.
Exemplos: circum-navegação, pan-americano.
Usa-se o hífen com prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice.
Exemplos: além-mar, aquém-mar, ex-aluno, pós-graduação, pré-vestibular, recém-nascido,
sem-terra, vice-rei.
O prefixo co se junta com o segundo elemento, mesmo quando iniciado por o ou h. Neste
último caso, corta-se o h. se a palavra seguinte começar com r ou s, dobram-se essas letras.
Exemplo: coobrigação, coabitação, coeducar, corréu, corresponsável, coerdeiro.
Com prefixos pre e re não se usa hífen, mesmo diante de palavras iniciadas por e.
Exemplos: preexistente, reescrever.
Na formação de palavras com ab, ob e ad, usa-se hífen diante de palavra começada por b,
d ou r. Exemplos: ad-digital, ab-rogar, ob-rogar.
NÃO se usa hífen na formação de palavras com não e quase. Exemplos: (acordo de)
não agressão, (isso é um) quase delito.
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Com a palavra mal se usa hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l. se
significar doença, usa-se hífen se não houver elemento de ligação. Exemplos: mal-entendido,
mal-estar, mal-humorado, mal de lázaro, mal de sete dias.
Usa-se hífen nos sufixos de origem tupi-guarani. Exemplos: capim-açu, anajá-mirim.
Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que dão a ideia de encadeamento.
Exemplo: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo
Para clareza gráfica, se no final da linha a partição da palavra coincidir com o hífen, deve
ser repetido na linha seguinte.
ACENTUAÇÃO

▸Monossílabos tônicos: A, E e O, seguidos ou não de S.


Ex: pá, pás, pé, pés, pó, pós.

▸Oxítonas: A, E, O, EM, seguidos ou não de S.


Ex: Amapá, atrás, português, alguém, parabéns.

▸Proparoxítonas: TODAS
Ex: bípede, trágico, cômico

▸Paroxítonas terminadas em:


▸R-I-N-L-U-X
EX: cadáver, júri, hífen, fácil, tórax

▸UM – UNS
Ex: álbum – álbuns

▸Ã – ÃS
Ex: órfã – orfãs

▸PS
Ex: bíceps

▸Ditongo:
Ex: comércio, sócio, órgão, negócio

▸Não se usa mais acento dos ditongos abertos ÉI e ÓI das palavras paroxítonas.

ANTES AGORA
Alcalóide alcaloide
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Bóia boia
Colméia colmeia
Idéia ideia
Heróico heroico
Jóia joia
Odisséia odisseia

Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no I ou U tônicos quando vier depois de
ditongo decrescente:
ANTES AGORA
feiúra feiura
bocaiúva bocaiuva

Depois de ditongos crescentes o acento permanece.


Ex: guaíba, guaíra
Não se usa mais acento nas palavras terminadas em ÊEM e ÔO(S).

ANTES AGORA
abençôo abençoo
crêem creem
lêem leem
magôo magoo (verbo magoar)
vôos voos
vêem veem

Não se usa acento diferencial.


ANTES – AGORA
Ele PÁRA o carro – ele PARA o carro.
Ele gosta de jogar PÓLO – ele gosta de jogar POLO.
Permanecem:
PÔDE – PODE (ontem, ele não pôde sair, hoje pode)
PÔR –POR (vou pôr o livro, que foi feito por mim, na estante)
TER – VIR (SINGULAR E PLURAL) – ele tem dois carros – eles têm dois carros
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Não se usa mais acento agudo no U tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem,
do presente do indicativo do verbo arguir e redarguir.
Verbos enxaguar, delinquir admitem em sua conjugação: enxáguo ou enxaguo; delínquem ou
deliquem; dependendo da pronúncia.
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EXERCÍCIOS
1. De acordo com as novas regras para o hífen, são corretas as grafias:

a) Coautor, antissocial e micro-ondas


b) Co-autor, anti-social e micro-ondas
c) Coautor, antissocial e microondas
d) Co-autor, antissocial e micro-ondas
e) Coautor, anti-social e microondas

2. Em quais das alternativas abaixo há apenas palavras grafadas de acordo com a nova
ortografia da língua portuguesa?

a) Pára-choque, ultrassonografia, relêem, União Européia, inconseqüente, arquirrival, saúde


b) Para-choque, ultrassonografia, releem, União Europeia, inconsequente, arquirrival, saude
c) Para-choque, ultrassonografia, releem, União Europeia, inconsequente, arquirrival, saúde
d) Parachoque, ultra-sonografia, releem, União Européia, inconsequente, arqui-rival, saúde
e) Pára-choque, ultra-sonografia, relêem, União Européia, inconseqüente, arqui-rival, saúde

3. Identifique a alternativa em que há um vocábulo cuja grafia não atende ao previsto no


Acordo Ortográfico:

a) aguentar – tranquilidade – delinquente – arguir – averiguemos;


b) cinquenta – aguemos – linguística – equestre – eloquentemente;
c) apaziguei – frequência – arguição – delinquência – sequestro;
d) averiguei – inconsequente – bilíngue – linguiça – quinquênio;
e) sequência – redargüimos – lingueta – frequentemente – bilíngue.

4. Conforme o Acordo Ortográfico, os prefixos pós-, pré- e pró-, quando átonos, aglutinam-se
com o segundo elemento do termo composto.
Marque a alternativa em que, segundo as novas regras, há erro de ortografia em todas as
palavras:

a) posdatar – predatar – proamericano – progermânico;


b) predefinir – predestinar – predizer – preexistência;
c) prejulgar – prelecionar – prenomear – preordenar;
d) preanunciar – preaquecer – preconcebido – precognição;
e) preposto – procônsul – procriação – prolação.

5. Identifique a alternativa em que todas as palavras compostas estão grafadas de acordo com
as novas regras:

a) miniquadro – minissubmarino – minirretrospectiva – mini-saia;


b) sub-bibliotecário – sub-humano – sub-hepático – sub-região;
c) infra-assinado – infra-estrutura – infra-hepático – infravermelho;
d) hiperácido – hiperespaço – hiper-humano – hiperrealista;
e) contra-acusação – contra-indicação – contraespionagem – contra-harmônico.
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RESPOSTAS

Página 8 – 1. c); 2. F; 3. V; 4. e); 5. F


Página 12 – 1. a); 2. d); 3. d); 4. F; 5. c)
Página 15 – 1. V; 2. b); 3. F; 4. d); 5. V
Página 19 – 1. F; 2. V; 3. c); 4. V; 5. F
Página 25 – 1. a); 2. c); 3. e); 4. a); 5. b)
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REFERÊNCIAS

FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. Ed. Vozes, 1988.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Fundação Getúlio Vargas, 1986.
KOCH, Ingedore G. V. Argumentação e linguagem. Cortez, 1999.
. O texto e a construção dos sentidos. Contexto, 2000.
. Coesão textual. São Paulo: Cortez Editora, 1987.
. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3ªed. São Paulo: Contexto,
2015.
KOCH, Ingedore G. V.; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo: Cortez,
1989.
KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Compreender os Sentidos do Texto.
São Paulo: Contexto, 2008.
KLEIMAN, Ângela. Leitura: ensino e pesquisa. Pontes, 1989.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. SP: Parábola,
2008.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 28

MÓDULO II

REDAÇÃO OFICIAL

Você sabia que o Poder Executivo Federal possui um Manual de Redação que se aplica,
portanto, ao Ministério das Cidades e estabelece critérios, procedimentos e instrumentos
para a comunicação interna e externa?

Estudaremos a seguir a versão do Manual de Redação da Presidência da República


oficializada em dezembro de 2002.

Este módulo, foi dividido em três partes. Na primeira, trataremos sobre:

Formas de tratamento
Vocativo
Endereçamento

Na segunda, falaremos sobre:

O fecho nas comunicações


A identificação do signatário (quem assina o documento)
A grafia das datas.

Na terceira parte, abordaremos com detalhes os documentos de comunicação mais


utilizados no Ministério das Cidades.

Na quarta parte, estudaremos os documentos técnicos adotados com mais frequência.

Na quinta parte, identificaremos a linguagem adequada a documentos de comunicação e


a documentos técnicos.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 29

PARTE I

Vamos começar, falando sobre os pronomes de tratamento adequados para cada caso:

FORMAS DE TRATAMENTO

O emprego dos pronomes de tratamento obedece à secular tradição.

Você sabe quais são as autoridades do Poder Executivo que devem receber por
tratamento “Vossa Excelência”?

Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:

▸ do Poder Executivo;

Presidente da República;
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado;
Secretário-Geral da Presidência da República;
Consultor-Geral da República;
Chefe da Casa Civil da Presidência da República;
Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República;
Secretários da Presidência da República;
Procurador-Geral da República;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
Chefes do Estado-Maior das Três Armas;
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores;
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza
especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 30

E no Poder Legislativo, quais são as autoridades?

b) do Poder Legislativo:

Deputados Federais e Senadores;


Ministro do Tribunal de Contas da União;
Deputados Estaduais e Distritais;
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.

Você se lembra de todos que recebem o tratamento de Vossa Excelência no Poder


Judiciário?

c) do Poder Judiciário:

Ministros dos Tribunais Superiores;


Membros de Tribunais;
Juízes;
Auditores da Justiça Militar.

Para os demais cargos, não listados acima, e para particulares use Vossa Senhoria.

É claro que você não terá que memorizar todas essas autoridades! Para facilitar,
colocamos a opção para você imprimir uma tabela com todas essas autoridade. Quando
estiver redigindo um documento, consulte o quadro. Você não erra!

VOCATIVOS

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é


Excelentíssimos Senhores seguidos do cargo respectivo. Você sabe quem são os Chefes
dos Poderes?

O Chefe do Poder Executivo é o Presidente da República. Então, o vocativo em


um documento endereçado para ele será:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,


Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 31

O Chefe do Poder Legislativo é o Presidente do Congresso Nacional. O vocativo


em um documento endereçado para ele será:

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,

O Chefe do Poder Judiciário é o Presidente do Supremo Tribunal Federal. E o


vocativo em um documento endereçado para ele será:

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal,

As demais autoridades e os particulares serão tratadas com o vocativo Senhor,


seguidos do cargo respectivo:

Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,
Senhor Secretário de Previdência Complementar,

Importante: após o vocativo, usa-se vírgula.

Endereçamento

No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades


tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:

A Sua Excelência o Senhor


A Sua Excelência o Senhor
A Sua Excelência o Senhor Fulano de Tal
Fulano de Tal
Senador Fulano de Tal Juiz de Direito da 10a Vara
Ministro de Estado da
Senado Federal Cível
Justiça
70165-900 – Brasília. DF Rua ABC, no 123
70184-900 – Brasília. DF
01010-000 – São Paulo. SP

No envelope, para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa


Senhoria deve constar do endereçamento:

Ao Senhor
Fulano de Tal
Rua Almirante Barroso, nº 125
São Paulo – SP

Ou
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À Senhora (com crase, já que significa para a senhora)


Beltrana das Quantas
SQS 518 Bloco B Ap. 202
Asa Sul
Brasília – DF

Atenção: A Sua Senhoria o Senhor NÃO existe!

Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo


ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para
particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.

Está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades da lista


anterior. A dignidade é pressuposta para que se ocupe qualquer cargo público, sendo
desnecessária sua repetida evocação.

PARA RELEMBRAR

FORMAS DE TRATAMENTO mais utilizadas na comunicação oficial

Vossa Excelência
Vossa Senhoria

VOCATIVOS mais utilizados na comunicação oficial

Excelentíssimo Senhor (para os Chefes dos Poderes)


Senhor + Cargo (para as demais)

ENDEREÇAMENTOS mais utilizados na comunicação oficial

A Sua Excelência o(a) Senhor(a) (para as autoridades que recebem o tratamento de


Vossa Excelência)

Ao(À) Senhor(a) (para as demais)


Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 33

EXERCÍCIOS:

▸ Assinale a opção com vocativo inadequado ao cargo:

▸ Excelentíssimo Senhor Presidente da República,


▸ Senhor Juiz,
▸ Senhor Embaixador,
▸ Excelentíssimo Senhor Ministro,
▸ Senhor Deputado,

RESPOSTA: d.

COMENTÁRIOS: o vocativo correto é “Senhor Ministro,”.

▸ Assinale a opção correta, quanto à redação de documentos da Ministério das


Cidades. Fiquem atentos porque os exercícios vão tentar confundir vocês para ver
quem está atento!

• Vocativo para Secretário do Governo do DF: Excelentíssimo Senhor.


• Vocativo para Deputado: Vossa Excelência
• Tratamento para Prefeitos: Senhor Prefeito,
• Tratamento para Secretários-Executivos de Ministérios: Vossa Senhoria
• Tratamento para Auditor da Justiça Militar: Vossa Excelência.

RESPOSTA CORRETA: e

COMENTÁRIOS:
▸ Vocativo para Secretário do Governo do DF: Senhor Secretário,
▸ Vossa Excelência não é vocativo, é a Forma de tratamento. O vocativo é:
Senhor Deputado,
▸ Tratamento para Prefeitos: Vossa Excelência. “Senhor Prefeito,” é o vocativo.
▸ Tratamento para Secretários-Executivos de Ministérios: Vossa Excelência
▸ Correto!Tratamento para Auditor da Justiça Militar: Vossa Excelência.

▸ Em um documento dirigido aos governadores o vocativo é:

▸ Senhor Governador,
▸ Excelentíssimo Senhor Governador,
▸ Digníssimo Senhor Governador,
▸ Ilustríssimo Senhor Governador,
▸ Mui digno Senhor Governador,

RESPOSTA CORRETA: a
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 34

4- Julgue os itens e assinale a opção correta:

I- O tratamento para chefe de gabinete num tribunal é Vossa Excelência.


II- O tratamento para embaixador é Vossa Excelência.
III- O vocativo para Juiz é Vossa Excelência.

a) Apenas o II está correto.


b) II e III são corretos.
c) I e II são corretos.
d) Apenas III é correto.
e) Todos são incorretos.

RESPOSTA: a

COMENTÁRIOS:
I- O tratamento para chefe de gabinete num tribunal é Vossa Senhoria.
II- O tratamento para embaixador é Vossa Excelência.
III- O vocativo para Juiz é Senhor Juiz.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 35

PARTE II

FECHO

O fecho das comunicações possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto,


a de saudar o destinatário.

Para uniformizá-los, foi estabelecido o emprego de somente dois fechos


diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:

▸ para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:


Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente,

IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO

As comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as


expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a
seguinte:

a) o nome da autoridade que a expede, em caixa alta;

b) o cargo (por extenso, sem o uso de abreviaturas), logo abaixo do local


reservado para assinatura, em caixa alta e baixa conforme o exemplo:

(espaço para assinatura)


NOME
Diretor Executivo

(espaço para assinatura)


NOME
Ministro de Estado da Justiça
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do
expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

Atenção: Não se deve deixar linha para o signatário assinar o documento.

Ex. de erro:

JOÃO GILBERTO PEREIRA


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Superintendente

GRAFIA DAS DATAS

A datação dos expedientes serve para registrar o local e a data de emissão do


documento e deve obedecer a algumas regras básicas

▸ Começar com letra maiúscula e terminar com ponto.


▸ Sem citar a cidade, usa-se “Em” não seguido de vírgula.
▸ Não se deve acrescentar a sigla da Unidade da Federação ao nome da cidade.
▸ O dia do mês é escrito sem o zero à esquerda.
▸ O primeiro dia do mês é sempre escrito em numeral ordinal.
▸ O mês é escrito por extenso, em letra minúscula.
▸ O ano não recebe ponto para dividir a casa do milhar.

Ex.: Brasília, 18 de maio de 2018.

EXERCÍCIO:

Identifique os erros nas datas abaixo:

Brasília-DF 09 de Abril de 2.018

ERROS:

DF – Não há necessidade de acrescentar a sigla da Unidade da Federação ao nome da


cidade.

Faltou a vírgula depois de Brasília, para separar o local da data.

09 - O dia do mês é escrito sem o zero à esquerda.

Abril – Na língua portuguesa, o nome do mês é escrito sempre em letra minúscula.

2.018 - O ano nunca recebe ponto para dividir a casa do milhar.

Faltou o ponto no final da data.

Resposta correta: Brasília, 9 de abril de 2018.

Em, 01 de jul. de 18.


Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 37

ERROS:

Em, - Sem citar a cidade, usa-se “Em”, não seguido de vírgula. É o caso dos
memorandos, por exemplo.

01- O primeiro dia do mês é sempre escrito em numeral ordinal: 1º.

Jul. – Não se deve abreviar o nome do mês, quando a data é escrita por extenso.

18 - Quando a data é escrita por extenso, use o ano completo: 2018.

Resposta correta: Em 1º de julho de 2018.


Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 38

PARTE III – DOCUMENTOS DE COMUNICAÇÃO OFICIAL

Trataremos, agora, detalhadamente, dos documentos de comunicação utilizados com


maior frequência no Ministério das Cidades:

Ofício;
Memorando;
E-mail;
Despacho.

Ofício

Definição: é a forma de correspondência endereçada a uma pessoa ou instituição


pública. É utilizada para a comunicação entre a MINISTÉRIO DAS CIDADES e o
público externo.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 39

Modelo de Ofício

Ofício n. 187/2018/Siglas do Setor que expede o Ofício

Brasília, 10 de março de 2018.

Ao Senhor
GENÉSIO DE ALMEIDA
Presidente do Instituto Mauro Guedes
Rua Jorge Amado, nº 50
Bairro Santa Tereza
40000-000
Salvador – BA

Senhor Presidente,

1. Conforme entendimentos mantidos em reunião ocorrida em Brasília, no último dia 25


de fevereiro, encaminhamos a Vossa Senhoria documentação referente à contratação do Projeto
Cidades Limpas: Ficha de Cadastro de Prestador; Modelo de Convênio e Proposta de Tabela de
Procedimentos.

2. A documentação, devidamente preenchida e assinada, deverá ser retornada a esta


Diretoria até 30 de março de 2018.

3. Agradecemos sua atenção e aguardamos breve retorno.

Atenciosamente,

LUIZ VIDAL DE ALMEIDA


Diretor
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 40

Memorando

Definição: é a forma de correspondência interna, utilizada para a troca de informações


entre as unidades organizacionais do Ministério das Cidades. Poderá ter caráter
meramente administrativo ou ser empregada para a exposição de projetos, ideias,
diretrizes e outros. Sua característica principal é a agilidade.

Assunto: o memorando deve explicitar o assunto ou teor da Comunicação Interna e este


deverá ser resumido.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 41

Modelo de Memorando

Memorando n. 12/ CGRH

Em 13 de março de 2018.

Ao Sr. Diretor de Recursos Humanos

Assunto: Solicitação de ficha de cadastro de servidores.

Solicitamos o envio da Ficha de Cadastro dos servidores JOÃO PEDRO DA


SILVA e MANUEL JOAQUIM DE OLIVEIRA, nomeados no último concurso para
Analista Administrativo.

Atenciosamente,

JOÃO GILBERTO PEREIRA


Diretor
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 42

Correio Eletrônico (E- mail) – é um tipo de comunicação escrita, cuja maior


diferença entre ela e uma correspondência, via correio tradicional, é a forma de
transmissão, por se constituir mais rápida e eficiente.

Para – nos casos do E-Mail tem-se, apenas, o campo Para a ser preenchido com o
endereço eletrônico do destinatário e, para o envio de cópias a outros destinatários
preenche-se o campo Cc (Com cópia);

Assunto - o teor do E-Mail deverá ser resumido, porém, claro;

Assinatura - o responsável pela informação ou solicitação contida no


documento deverá fazer constar seu nome completo, seguido do cargo.

Recomenda-se ao remetente registrar as seguintes informações: nome, cargo,


setor, telefone e endereço;

Espaço destinado à mensagem - todo E-Mail elaborado no MINISTÉRIO DAS


CIDADES deverá ter o espaço destinado à mensagem na cor branca;
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 43

PARTE IV – E-MAILS

Definição e finalidade
A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não
só em âmbito privado, mas também na Administração Pública. O termo e-mail pode ser
empregado com três sentidos. Dependendo do contexto, pode significar 1) gênero
textual, 2) endereço eletrônico ou 3) sistema de transmissão de mensagem eletrônica.

Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento


oficial, assim como o ofício e o memorando. Portanto, deve-se evitar o uso de
linguagem incompatível com uma comunicação oficial.

Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail


deve ser oficial, utilizando-se @ seguido do nome da instituição e a extensão .gov.br,
por exemplo.

Como sistema de transmissão de documentos, por seu baixo custo e


celeridade, transformou-se na principal forma de envio e recebimento de documentos na
Administração Pública.

Se até muito recentemente a maior parte das trocas de mensagens


aconteciam por meio de redações protocolares – como cartas comerciais, ofícios,
memorandos, etc. –, hoje a capacidade de produzir textos claros e com bom
encadeamento de ideias por escrito já é um item imprescindível para profissionais de
primeiro a terceiro escalões. O e-mail mudou as nossas vidas para melhor sob muitos
aspectos. Tudo o que queremos é utilizá-lo bem.

Essa nova tecnologia tomou conta do mundo em mais ou menos uma


década. Da mesma maneira que as gerações anteriores despenderam esforços para
integrar o primeiro telégrafo e, a seguir, o telefone às suas vidas, nós estamos tentando
integrar o e-mail às nossas.

Ainda assim, nossas dificuldades com o e-mail não se devem apenas ao


fato de ser um meio recente de comunicação. Elas também se originaram das suas
características únicas – ou da ausência delas.

Por que amamos o e-mail?

▸ É possível entrar em contato com qualquer pessoa


▸ Permite compor mensagens em qualquer tempo e condição
▸ Fuso horário não é problema
▸ Muitas vezes, substitui o telefonema
▸ Pode ser gravado e sofrer buscas
▸ Permite anexar e incluir informações

Desvantagens do e-mail
▸ Você pode entrar em contato com todo mundo, mas todo mundo também pode
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 44

entrar em contato com você


▸ Facilidade estimula trocas desnecessárias
▸ Desafia fusos horários, mas diminui a produtividade
▸ Substitui o telefonema, mas nem todo telefonema pode ser substituído
▸ Pode ser gravado, mas pode fazer você ser responsabilizado por ele: deixa
rastros
▸ Pode ser alterado
▸ E-mails com anexo podem vir com mais do que se deseja (vírus, excesso que
estoura a caixa de entrada).

A ESTRUTURA DE UM E-MAIL

Costumamos nos concentrar tanto no que queremos dizer num e-mail, que pensamos
muito pouco na sua estrutura, principalmente quando estamos respondendo a uma
mensagem em vez de dando início à comunicação. Isso acontece porque os campos
PARA, CC, Cco e Assunto são automaticamente preenchidos quando clicamos em
Responder.

Essa falta de atenção também se aplica a outros elementos básicos dos e-mails.
Encaminhar ou não um anexo; usar que tipo, tamanho e cor de fonte; como fazer a
saudação inicial ou se despedir de alguém – todas essas escolhas tendem a receber
menos atenção do que deveriam. É uma pena, porque utilizar alguns segundos para
pensar em como você quer compor o seu e-mail pode fazer toda a diferença.

Vamos examinar os componentes de um e-mail, a partir do destinatário:

1. Para

Não confunda o campo Para com o Cc. Por exemplo, se você quer agradecer uma
pessoa, mas deseja que outras pessoas fiquem sabendo disso, coloque as outras no
campo Cc. Se você espremer todo mundo no campo Para, a pessoa a quem está
agradecendo pode se sentir menosprezada.

▸ Endereços privados

Quando você quer escrever para muitas pessoas ao mesmo tempo, lembre-se de que está
compartilhando endereços privados de e-mail com o mundo – endereços que os
destinatários talvez não queiram compartilhar.

• O melhor endereço

Muitos de nós temos vários endereços eletrônicos. Antes de enviar o e-mail, certifique-
se de que está enviando a sua mensagem para o endereço mais apropriado (Quantas
vezes você já ouviu algo assim: “Não acredito que você enviou a mensagem justo para
aquela conta do Yahoo. Eu nunca entro lá.” Ou pior: “Não acredito que você enviou
aquela mensagem para o meu e-mail de trabalho. Você não sabe que eles leem tudo?”).
Isso serve não só para garantir que o destinatário receba o e-mail, mas também para
fazer a mensagem chegar às mãos de alguém no contexto em que ele estará mais
propenso a pensar naquele assunto.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 45

Quando não for óbvio, você pode perguntar ou, então, enviar o e-mail para todos os
endereços que tiver, lembrando-se de duas coisas:

▸ Normalmente, não há como errar se você responder para o e-mail de onde veio a
mensagem.
▸ Nunca escolha o endereço profissional de alguém para mandar um e-mail que
envergonharia o destinatário caso outras pessoas o lessem.

• A ordem

Muita gente se importa com hierarquia. Certifique-se de que você está colocando os
nomes no campo Para na ordem apropriada (em geral, de acordo com a posição).

Exemplo: Ministro, Secretário-Executivo, Diretor, Coordenador

Em caso de haver hierarquia, você poderá priorizar por relevância à tarefa em questão.
Em caso de dúvida, ponha em ordem alfabética.

d) Cc

Se você só quer manter as pessoas a par do assunto, elas não pertencem ao campo Para,
pertencem ao Cc (cópia carbono).

O que a Cc diz, pura e simplesmente é isto: eu quero que saiba o que está acontecendo,
embora você provavelmente não precise fazer nada a respeito. Por ter o objetivo um
tanto obscuro, a Cc é um campo minado do ponto de vista político e hierárquico.

Quando você usar o campo Cc numa mensagem, pense bem em quem deseja incluir e
quem deseja excluir, independentemente de estar iniciando uma troca ou respondendo a
um e-mail, o simples fato de uma pessoa ter feito parte desde o início do processo de
comunicação, não significa que deva permanecer para sempre, mas se alguém estiver
tentando excluir de uma conversa alguém que tenha o direito de fazer parte dela, uma
Cc poderá colocar todo mundo no seu devido lugar.

e) Responder ou Responder a Todos?

Ninguém gosta de ser excluído. Mas não dá para incluir todo mundo em tudo. É por isso
que a Cc está entre os assuntos mais problemáticos dos e-mails. Verifique se o conteúdo
da sua mensagem é do interesse de apenas um interlocutor ou de todos interlocutores
relacionados com aquele assunto.

f) Cco

Por sua própria natureza, cópias ocultas são furtivas. Precisam ser manuseadas com
extremo cuidado. As cópias ocultas quase nunca devem ser usadas para comunicação
dentro da instituição, porque você não vai querer falar pelas costas das pessoas com
quem trabalha.

Ccos podem ser úteis quando o e-mail é destinado a pessoas de fora de sua instituição.
Digamos, por exemplo, que você precise manter o seu chefe a par de suas negociações
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 46

com outra empresa.

Resumo:
Cc: Eu quero que você saiba e quero que os demais saibam que eu quero que você saiba.

Cco: Eu quero que você saiba e NÃO quero que os demais saibam que você sabe.

2. Assunto

O campo Assunto é o mais importante e o mais negligenciado do seu e-mail. Use-o


sempre. O Assunto deve ser o mais preciso possível. Ele facilita tanto para quem irá
receber a mensagem, que já identificará logo do que se trata; quanto para quem está
enviando que posteriormente poderá facilmente localizar o e-mail, na caixa de
mensagem.

Certifique-se de que esteja dizendo algo de informativo. Assegure-se de que não soe
como spam; de que não reflita apenas o primeiro item da sua mensagem, mas, sim, o
conteúdo completo. E certifique-se de usar palavras identificáveis para o destinatário.
Não diga “Reunião”, diga “Reunião de Diretoria, dia 5 de junho”.

Lembre-se de que o e-mail é democrático. É difícil saber o que é e o que não é


importante. O campo Assunto constitui uma das poucas dicas que você pode oferecer ao
seu receptor para que ele saiba quando e como ler a sua mensagem.

Muitas mensagens são deletadas porque chegam com o título em branco ou inadequado.
Títulos como "Não esqueça"; "Conto com você" etc., talvez levem o receptor a pensar
que pode ser algum vírus pronto para atacar a Rede.

a) Destaque do assunto

Para enfatizar um assunto, você pode colocar palavras-chaves em itálico, negrito ou


sublinhado. Por exemplo: A partir de 10 de setembro, crachá obrigatório.

Alguns assuntos que não dizem nada:


O que fazer?
Para sua informação
Duas coisas
Ótimas notícias
Urgente
Amanhã
O que você acha disso?
Pergunta rápida

Alguns assuntos que dizem o que o aguarda


Reunião com o Diretor em 29/4
Comentários sobre o Plano Estratégico
Itinerário do Marcos Brandão
Prazo de entrega do livro
Convite para despedida dos estagiários
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 47

Pauta da reunião de 20/7


Ata da reunião de 20/7

b) Atualização do campo Assunto

O campo Assunto pode precisar ser atualizado ao longo de uma correspondência por e-
mail mais extensa, para dar às pessoas um quadro mais preciso do que se trata. Antes de
enviar a resposta, certifique-se de que o campo Assunto corresponde à mensagem e que
diz ao destinatário se o e-mail mais recente difere de todos os outros que o precederam.
Isso é extremamente importante quando o assunto der uma guinada em relação ao tema
original.

Evite o infinito “Re: Re: Re”.

3. Saudação inicial e vocativo

A saudação inicial é a primeira e, provavelmente, mais importante oportunidade de


mostrar aos seus correspondentes como você vê a relação com eles. Uma saudação
inadequada pode influenciar tudo que vem a seguir.

É importante lembrar que cada instituição tem as próprias regras internas. Em alguns
lugares, o “Caro/Cara” costuma fazer parte dos e-mails internos; em outros, usa-se
apenas o primeiro nome “Paula”, “Suely”.

E-mails entre colegas costumam ser encarados como parte de uma conversa contínua e
não exige uma saudação. Isso é apropriado quando os colegas estão no mesmo nível
hierárquico, mas não quando você se encontra em um nível hierárquico abaixo ou
intermediário e está escrevendo para alguém que se encontra em um nível hierárquico
superior.

▸ A medida da formalidade

Os e-mails não têm um vocativo padrão, como os documentos da redação oficial. Mas
se você não conhece a pessoa, trate-a sempre com certa formalidade. No entanto, o
hábito de se dirigir às pessoas pelo nome completo – como Senhor Murilo Campos, em
vez de Murilo – deixa a correspondência com cara de mala direta. Você cumprimentaria
alguém assim: “Olá, Sr. Murilo Campos”? Então não deve iniciar um e-mail ou carta
assim.

▸ Várias pessoas

Outro problema frequente em e-mails é como se dirigir a vários destinatários (Quando


se trata de um único destinatário com muitas Ccs, só é necessário endereçar a ele). Aqui,
a escolha de um cumprimento é particularmente importante porque, com ele, você
explica por que todas essas pessoas – algumas, presumivelmente, de nível hierárquico
diferente – foram agrupadas lado a lado para receber alguma informação de você.

“Caros Colegas” é aceitável, assim como “Prezados Senhores”, “Senhores


Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 48

Coordenadores” e outros. “Caros Colegas que participaram da campanha de doação de


sangue” proporciona informações sobre o que virá a seguir.

▸ Títulos honoríficos

Use títulos quando apropriados – doutor, senador, professor, cardeal e assim por diante.

Quanto ao uso de doutor, lembre-se de que:


1º) Não é forma de tratamento, e sim título acadêmico para quem concluiu o grau de
Doutorado.
2º) É costume designar por doutor os bacharéis em Direito e em Medicina.
3º) Nos demais casos, o tratamento “Senhor” confere a desejada formalidade às
comunicações.
4º) Evite usá-lo indiscriminadamente.
De acordo com o Manual de Redação da Presidência da República, fica dispensado o
emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de
Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento
Senhor.

▸ Quem é você?

Endereços eletrônicos podem dar dicas sobre a identidade de quem escreve ou não;
berlim0014@provedor.com.br não lhe dirá como se dirigir ao remetente. E só porque
você recebe um e-mail de nico@enviar.edu.br não significa que pode escrever “Prezado
Nico”, se você não o conhece. Na realidade, é possível que “Nico” nem seja o nome de
quem enviou o e-mail; pode ser o nome do gato do remetente ou letras aleatórias.

▸ Sem saudações iniciais

Há muitas ocasiões em que faz sentido enviar um e-mail sem saudações. Uma
mensagem recebida sem saudações lhe dá o direito de enviar uma resposta do mesmo
tipo. Se o remetente não o cumprimenta em um e-mail no qual ele lhe pede o endereço
de uma reunião, não há nada de errado em responder apenas fornecendo a informação,
em especial porque o acréscimo de uma saudação poderá sugerir uma crítica à falta de
uma, por parte do outro. Também é aceitável omitir o cumprimento em um e-mail que
faz parte de uma sequência mais longa.

Temos de confessar que, no final das contas, quando estamos tentando responder a todo
mundo que nos escreve, já respondemos sem cumprimentar gente que provavelmente
merecia uma saudação. Mas nós também aprendemos a reconhecer essa omissão pelo
que ela de fato é: a manifestação do nosso cansaço e de nossa impaciência, e um sinal
de que talvez seja melhor desligar o computador e dar o dia por encerrado, ou tomar
uma xícara de café e começar do zero.

A terceira edição do Manual de Redação da Presidência da República (no prelo)


estabelece que o texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma saudação.
Quando endereçado para outras instituições, para receptores desconhecidos ou para
particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais documentos oficiais, ou
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 49

seja, Senhor ou Senhora, seguido do cargo respectivo, ou Prezado Senhor, Prezada


Senhora. Exemplos:
Senhor Coordenador,
Prezada Senhora,

4. Fecho

A linguagem usada no e-mail tende para a informalidade. Por esse motivo, muitas
culturas institucionais eliminam o fecho, em especial no caso de comunicações internas
e das que terão continuidade. Entretanto, existem algumas observações importantes
sobre o fecho dos e-mails:
▸ “Atenciosamente” é o fecho mais utilizado nas comunicações escritas. Com o
uso do e-mail, popularizou-se o “Att” que, apesar de amplamente usado, hoje,
ainda não é um fecho oficial.
▸ “Cordialmente” é um fecho apropriado apenas para comunicações que partem de
empresas privadas.
▸ “Respeitosamente”, de acordo com o Manual de Redação da Presidência da
República, deve ser empregado para autoridades, quando elas forem de
hierarquia superior à sua.

O mais importante é se certificar de que você não está sendo inadequadamente formal
ou informal. Se alguém lhe enviar e-mails, repetidamente, terminados com “Bjs” e você
terminar as suas respostas com “Atenciosamente”, vocês provavelmente têm noções
diferentes sobre a natureza do relacionamento, ficará sinalizada uma mudança se ele
esfriar. Um correspondente que estivesse merecendo um “Abração” poderia se
perguntar o que fez de errado se subitamente fosse rebaixado a “Cordialmente”.

Com isso vem o problema de tentar se manter a par de em que pé você se encontra com
cada pessoa. Há duas formas simples de fazer isso. Uma, é escolher um encerramento e
se ater a ele uma vez que atingir certo nível de relacionamento. Outra estratégia é usar o
mesmo que o seu correspondente usou. Mas isso não ajuda você a começar uma troca e
pode colocá-lo em situações piores do que deseja estar. Você pode se ver em “Beijos”
quando só está se sentindo “Att”. Para complicar, há a sensação de que, quando alguém
está sendo afetuoso demais com você, pode ser grosseiro não retribuir o sentimento.

5. Assinatura

Você deve manter duas coisas em mente se escolher digitar seu nome ao final de um e-
mail.

Primeiro, assim como no caso da saudação inicial e do encerramento, a forma com que
você apresenta o seu nome comunica aos seus destinatários como se vê em relação a
eles.

Segundo, assinatura diz às pessoas como você gostaria de ser chamado. É uma boa
forma para, digamos, uma Elizabeth dizer aos outros se gosta de ser chamada de Lili ou
Bete – ou Elizabeth.

▸ Bloco de texto da assinatura


Se você quer que as pessoas o encontrem com facilidade, um bloco de assinatura com o
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 50

nome completo, cargo e informações de contato é útil, sobretudo se a pessoa a quem


você está escrevendo disponibilizou as mesmas informações.

Como regra geral, se você está escrevendo para alguém, quer alguma coisa dele e deseja
que ele responda, é inteligente e cortês incluir o contato no fim do texto do seu e-mail.
Se você está escrevendo para alguém e não quer que essa pessoa tenha o seu contato,
lembre-se de remover o bloco de assinatura antes de clicar em Enviar.

Os elementos que podem constar de um bloco de assinatura:

Nome completo
Cargo
Instituição
Endereço
Telefone
Fax
E-mail
Página da Internet
Logomarca
Marketing gratuito

▸ Aviso de Confidencialidade

A última década se caracterizou pela multiplicação dos alimentos orgânicos e de avisos


de confidencialidade ao final de mensagens que você recebe de advogados, contadores e
outros profissionais que lidam com informações sigilosas. Acreditamos que essas
mensagens de rodapé tenham saído do controle e informamos que a capacidade de
compor tais avisos de forma concisa diz muito sobre sua competência profissional.
Algumas organizações já tentaram lançar mão de gracejos para compensar a natureza
desajeitada desses avisos: “E agora, amigos, vamos ao aspecto legal da coisa”. Se for
seguir essa abordagem, assegure-se de que ela reflita a cultura da sua instituição.

Uma mensagem de confidencialidade padrão é: “Esta mensagem é enviada


exclusivamente a seu(s) destinatário(s) e pode conter informações confidenciais,
protegidas por sigilo profissional. Sua utilização desautorizada é ilegal e sujeita o
infrator às penas da lei”.

6. Anexos

A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de diversos formatos é uma


das vantagens do e-mail. Se você for enviar um anexo, avise aos seus destinatários do
que se trata no campo Assunto ou no corpo do e-mail.
Antes de enviar um anexo, é preciso se perguntar se ele é realmente indispensável. Você
poderia colocar no corpo do e-mail o material que deseja enviar? Poderia colocar as
informações num diretório compartilhado ou numa página da internet e dar ao seu
receptor um link no corpo da mensagem?

Devemos evitar o excesso de anexos, porque eles ocupam espaço valioso nos
servidores, podem ser difíceis de visualizar em palmtops; carregam vírus; e algumas
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 51

pessoas ajustam os filtros para pegarem mensagens com anexos. Assim, use-os apenas
quando necessário e não adquira o hábito de anexar o logotipo da instituição ou a
representação gráfica da sua assinatura a cada e-mail que enviar.

Para tornar as coisas ainda mais claras, dê nomes úteis para os seus anexos, como
“Relatório de Gestão 2011.doc”, em vez de “Relatório.doc”.

7. Tipo de fonte, tamanho e cor

Atualmente, com a imensa lista de fontes disponíveis nos computadores, é tentador


tentar transmitir um tom e expressar individualidade escolhendo uma fonte mais
incomum do que a Arial ou a Times New Roman, mas resista e mantenha o tipo de
fonte padrão aos documentos profissionais.

A norma para e-mails corporativos é tamanho de fonte 10, 11 ou 12; corpo 8 é pequeno
demais e 14 ou mais são inadequados, a não ser que você esteja escrevendo a alguém
com deficiências visuais. Além disso, o que você vê na tela pode não ser o que o seu
destinatário irá ver.

Quando o assunto é cor, atenha-se ao preto, simplesmente porque é a cor mais fácil de
ler (a não ser que você esteja respondendo para alguém e precise que a linguagem que
acrescentou seja facilmente diferenciada da dele). Em casos assim, escolha o azul.

Com relação ao fundo ou a papéis de parede eletrônicos, nenhum dos dois é apropriado
para mensagens profissionais sérias.

Modelo de Correio Eletrônico (E-mail)

Para : assunta@camara.gov.br
Cc:
Assunto: Solicitação de cópia de parecer

Senhora Assessora,

Solicito cópia do Parecer 0224/2018, emitido em 20/4/2018, pela Comissão de


Desenvolvimento das Cidades, referente ao Projeto de Lei Complementar 2582/2005 de
autoria do Deputado João José.

Atenciosamente,

Sonia Silva
Coordenadora
Setor de Autarquias Sul
Q. 1 – Brasília – DF
70297-400
Fone: (61) 2108-4609
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 52

PARTE V. Documentos Técnicos

I. Definição de alguns documentos técnicos

Relatório:

1. Narração ou descrição ordenada e mais ou menos minuciosa daquilo que se viu,


ouviu ou observou.

2. Exposição dos principais fatos colhidos por comissão ou pessoa encarregada de


estudar determinado assunto.

Parecer:

1. Opinião fundamentada sobre determinado assunto, emitida por especialista.

2. Análise e pronunciamento sobre assunto em que o parecerista seja especialista,


visando ao fornecimento de subsídios para tomada de decisão.

Nota Técnica:

1. Resultado de um levantamento de informações, que serve de orientação técnica e de


instrução às deliberações.

2. Expediente expositivo-analítico que apresenta e analisa fato ou informação de caráter


técnico, administrativo ou financeiro, visando ao fornecimento de orientações,
instruções ou subsídios para tomada de decisão.

Nota Informativa

Documento solicitado ao setor competente para que apresente informações sobre caso
concreto ou legislação que regula matéria objeto de análise.

Despacho:

1. Decisão ou encaminhamento emanados de autoridade administrativa ou servidor


acerca de assunto submetido a sua apreciação.

2. Pode ser:
decisório – Decisão, informação ou encaminhamento de autoridade
administrativa ou servidor acerca de assunto submetido a sua apreciação;
interlocutório – aquele que dá andamento ao documento ou transfere à
autoridade hierarquicamente superior ou a outra unidade administrativa a questão posta.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 53

II. A linguagem dos documentos

A linguagem dos documentos pode variar de acordo com o tipo de documento


(ofício, memorando, informação, relatório, parecer), a relação do emissor com o
receptor, o tipo de emissor da mensagem (individual ou grupo), o assunto e a intenção
do documento.
Ofício, memorando e e-mail
Observando-se o Manual de Redação da Presidência da República, verifica-se
que os modelos adotam a 1a pessoa do singular: “informo, comunico, solicito”.
Argumenta-se que esses documentos são assinados por um único emissor, o qual
responde pela comunicação oficial.
Entretanto, a tendência atual é que esses documentos sejam emitidos em nome
da equipe, do departamento ou da instituição como um todo; assim, é possível optar-se
pela 1a pessoa do plural: “informamos, comunicamos, solicitamos”. Argumenta-se que,
embora apenas um responsável assine o documento, ele o faz em nome do grupo, do
departamento, da instituição.
No caso de o documento de comunicação oficial ser elaborado em nome de um
único servidor, não há sentido utilizar a 1a pessoa do plural. Por exemplo, se um
servidor tivesse que elaborar um memorando para solicitar férias ao superior
hierárquico. Não seria coerente adotar a seguinte linguagem: “Solicitamos férias de 1o a
30 de março de 2014”. O verbo “solicitamos”, no plural, faria referência a quem?
Portanto, nesse caso, deve-se utilizar a 1a pessoa do singular “Solicito férias de 1o a 30
de março de 2014”.
Deve-se considerar também a relação do emissor com o receptor, o assunto e a
intenção do documento, a fim de que a linguagem seja adequada à situação. Por
exemplo, se a autoridade máxima de uma instituição, como um Ministro de Estado, for
emitir um comunicado a todos os servidores do Órgão, provavelmente, ele não utilizaria
a seguinte linguagem: “Gostaria de convidar todos os servidores a realizarem um
plantão no sábado, das 9h às 17h, para atualizar as tarefas pendentes”. Certamente, ele
adotaria uma linguagem mais firme e enfática, condizente com a sua autoridade, com a
seriedade do assunto e a intenção da mensagem. A linguagem adotada poderia ser a
seguinte: “Convoco todos os servidores...”.
A forma “gostaria” é utilizada, em geral, quando há uma tentativa de aceitação,
como de um nível hierárquico inferior para um superior. Além disso, o verbo
“convocar” soa mais firme que “convidar”. Por fim, a escolha do verbo na primeira
pessoa do singular, representando o Ministro de Estado, autoridade máxima da
instituição, ajuda a compor o rigor da mensagem.
Portanto, para elaborar um documento eficiente, é necessário adotar a
competência comunicativa, observando-se o assunto do documento, a relação entre o
emissor e o receptor e a intenção da mensagem.
Documentos técnicos
Os documentos técnicos são mais impessoais. Eles têm como objetivo
apresentar/relatar/discutir informações, situações, fatos, eventos, atividades executadas,
para subsidiar tomadas de decisões. Para que tais decisões sejam baseadas em
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 54

argumentos técnicos, o documento deve ser elaborado com a maior objetividade e


impessoalidade possíveis. Assim, deve-se buscar essa impessoalidade na linguagem
com as seguintes estratégias:
1) Adotar um agente inanimado:
O Ministério decidiu que...
A Diretoria determinou...

2) Utilizar a voz passiva analítica:


Irregularidade no processo administrativo foi verificada pela Comissão de
Sindicância.
Problemas administrativos foram constatados na análise documental.

3) Utilizar a voz passiva sintética:


Verificou-se irregularidade no processo administrativo.
Constataram-se problemas administrativos na análise documental.

4) Adotar um sujeito indeterminado:


Trata-se de questões fundamentais para o Departamento.
Necessita-se de mais elementos comprobatórios.

5) Utilizar a 1a pessoa do plural, considerando-se a posição do grupo, da


comissão, do departamento, em relação ao assunto do documento técnico:
Verificamos a necessidade de apresentação de documentos comprobatórios.
Sugerimos a adoção das medidas propostas, a fim de regularizar o Edital de
Licitação.

EXERCÍCIO
Observe os trechos abaixo e verifique se a linguagem e/ou o teor do texto são mais
adequados a um documento de comunicação (C) ou a um documento técnico (T):
( ) 1. Considerando que os incisos I e II, do art. 1o, da Lei Complementar nº
90, de 1o de outubro de 1997, estabelecem que cabe ao Presidente da República permitir
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente, submeto o assunto à apreciação de Vossa Excelência, no sentido de
obter a necessária autorização de sobrevoo e pouso das mencionadas aeronaves no país.

( ) 2. Verifica-se que o resultado dos trabalhos vem atendendo às necessidades


do Ministério X.

( ) 3. ESTE DOCUMENTO quadrimestral, elaborado pela Comissão


Desportiva, tem a finalidade de manter atualizada a Secretaria de Organização
Institucional (Seori), sobre o desenvolvimento de suas atividades, oferecendo subsídios
para a análise e o aprimoramento de suas ações de planejamento.

( ) 4. Enviamos a documentação anexa para análise e providências no sentido


de nomear os servidores aprovados no concurso público de provas e títulos.

( ) 5. ESTE DOCUMENTO demonstra informações concernentes ao


acompanhamento realizado por esta Gerência, por amostragem, mediante consulta no
Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), acerca da
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 55

execução orçamentária e financeira da Fundação Y.

( ) 6. ESTE DOCUMENTO tem a finalidade de analisar a proposta de


Portaria Interministerial a ser celebrada entre os Ministérios D e E, com o objetivo de
realçar os vínculos de parceria e colaboração entre os dois Órgãos componentes do
Comitê Q, criado por Decreto do Poder Executivo, de 9 de junho de 2014.

( ) 7. Comunicamos a aprovação do Projeto, conforme proposto pela


Superintendência de Recursos Humanos.

( ) 8. Ante o exposto, esta Seção retorna o assunto à consideração da


Secretaria-Geral da Presidência, ressaltando ser necessária, se deferido o pedido, a
dispensa do servidor Alexandre dos Santos da função que atualmente exerce.

Respostas

▸ C

▸ T

▸ T

▸ C

▸ T

▸ T

▸ C

▸ C

III. Classificação de Documentos Técnicos

Informativo – aborda um problema ou situação e oferece informações.

Reativo – aborda um problema, examina as questões e oferece uma solução, dizendo “o


que” fazer.

Conclusivo - aborda um problema ou situação e oferece conclusões.


Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 56

EXERCÍCIO

Analise os trechos abaixo e verifique se, pelo teor do texto, o documento é


informativo (I), reativo (R) ou conclusivo (C):

( ) 1. Esta Coordenadoria tem interesse na prorrogação do Contrato Nº 17/2017 até


30/6/2018, por considerá-la vantajosa e conveniente à Administração.

( ) 2. Diante do exposto, encaminhamos os autos à consideração superior, sugerindo


que seja efetivada a contratação do Instituto dos Auditores Internos do Brasil, por
inexigibilidade de licitação, com base no artigo 25, II, c/c art. 13, VI, da Lei 8.666/93.

( ) 3. Não existe ordem de serviço (OS) ou ato da Presidência regulamentando, de


forma global, a política de compras. Existem algumas normas internas que produzem esse
efeito em forma particionada, como as OS citadas, o Ato TRT Presi 27/2017 (atribuições
Semap, atual Comlog), atos de regulamentação do Siamat e Siapat (sistemas informatizados de
controle de estoques de material de consumo e de posse de bens permanentes – Ato Diger Presi
n. 04/2016 e Ato Presi n. 89/2010, respectivamente), além de técnicas comumente utilizadas no
mercado para gestão de aquisições, cuja aprovação é tácita, que são: Aplicação de Ponto de
Compra ou de Reposição de Estoque (mat. de consumo), Curva ABC (mat. de consumo),
método PEPS (Primeiro que Entra Primeiro que Sai) para distribuição de material, codificação
de itens de almoxarifado e divisão em contas distintas (em decorrência da natureza do bem –
mat. de limpeza, de expediente, áudio visual e assim por diante).

( ) 4. Dessa forma, a importância total devida à servidora NÚMERO 2, no período


compreendido entre 12/6/2013 a 24/4/2014, é de R$7.573,25 (sete mil, quinhentos e setenta e
três reais e vinte e cinco centavos), conforme tabela à fl. 6, contendo a discriminação mensal
dos valores.

( ) 5. Devem ser reavaliados pavimentos com cargas especiais como: Cobertura (futuro
Heliporto), Sala Cofre, Laje de Acesso de Caminhão de Bombeiros, etc.

( ) 6. Recomenda-se a contratação de consultoria em engenharia civil, especializada em


estrutura, fundações e geotecnia para análise geral do projeto de fundações e estruturas.

( ) 7. Seguem as informações solicitadas pela Direção-Geral à Comlog, referentes à


RDI n.º 78/2015, emitida pelo CSJT/CCAUD.
a) Plano Tático da área de aquisições referente ao exercício de 2014. Embora
não exista plano tático formal, de modo tácito, o TRT estrutura sua atuação da seguinte forma:
I. Atuação de equipes especializadas divididas em três áreas – Licitações
(Núcleo de Licitações - Nulic – 3 membros), compras por
dispensa/inexigibilidade (Seção de Compras – Secom – 2 membros) e contratos
(Seção de Contratos Administrativos – Secad – 2 membros).
II. Prioridade na formação de atas de registro de preços e o uso da
modalidade pregão eletrônico.

Respostas

▸ C
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 57

▸ R
▸ I
▸ C
▸ R
▸ R
▸ I

IV. Organização

Os documentos técnicos têm a seguinte estrutura básica:

Abertura: Informa por que foi escrito. Explica a finalidade do documento. Quem
solicitou.

Corpo: Traz o desenvolvimento das ideias.

Fechamento: É a consequência lógica das ideias.

V. Estrutura

Os documentos técnicos não têm uma estrutura padrão estabelecida pelo Manual de
Redação da Presidência da República. Para padronização e uniformização, sugere-se
observar os seguintes aspectos:

a) Cabeçalho:
Pode-se seguir o modelo de ofício, utilizando-se o brasão das armas da República ou a
logomarca da instituição, além da identificação do órgão, departamento e setor que o
expede, com uso facultativo de endereço, telefone, fax e e-mail no cabeçalho ou no
rodapé.
Ou
Pode-se apenas identificar o documento (ver regras a seguir).

b) Identificação do documento:
Pode-se identificar o documento, como no ofício (número, ano e setor e instituição que
emite)

Ex.: Parecer n. 30/2015/SG-PR


Ou
Pode-se adotar um título, com identificação do tipo de documento, geralmente
centralizado, com iniciais maiúsculas em negrito ou todo em caixa alta.

Ex.: Relatório Anual de Gestão/2014


Ex.: RELATÓRIO ANALÍTICO E PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

c) Data
Normalmente, no parecer, a data é registrada ao final, seguida da assinatura do
parecerista.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 58

Nos demais, o mais comum é a data seguir o padrão ofício, e ser registrada no início do
documento, alinhada à direita, abaixo da identificação do documento.

d) Assunto ou ementa
Em geral, o parecer tem ementa e os demais documentos técnicos têm assunto.

O assunto deve apresentar uma ideia geral do que trata o documento. Se bem elaborado,
facilita para o receptor, saber o tema do documento antes mesmo de lê-lo. Facilita
também para o emissor, quando da localização de um documento entre muitos outros
em um arquivo.

O assunto e a ementa devem iniciar por um substantivo e não por um verbo.

O assunto deve conter até 5 palavras. Exceto se houver um nome de curso, projeto,
norma etc., que permitirá que o assunto seja mais longo.

Ex. de assunto correto: Solicitação de férias.


Ex. de assunto incorreto (uso de verbo): Solicitar férias.

Ex. de assunto correto: Necessidade de aquisição de novos computadores.


Ex. de assunto incorreto (muito longo): Necessidade de aquisição de novos
computadores para o setor de Recursos Humanos do Ministério de Minas e Energia.

Ementa é uma síntese geral do parecer, identificando seus principais aspectos. Pode
trazer a conclusão do parecerista. Geralmente é expressa por frases curtas. Fica alinhada
à direita do texto. Pode-se escrever a palavra “ementa” ou não. Recomenda-se alinhar à
direita (9cm).

Ex.:
Ementa: Aposentadoria especial.
Magistério. Proventos integrais.
Tempo de serviço fora de sala de
aula. Parcela irregular.
Insuficiência do requisito temporal
exigido para a modalidade em
espécie. Ilegalidade.
Ex.:

Tomada/prestação de contas anual.


Contas julgadas regulares com
ressalva. Quitação aos
responsáveis. Recomendação de
providências corretivas.

e) Referência
Pode-se adotar, logo abaixo do assunto, a referência ao documento que originou o texto
que está sendo elaborado.
Dias, Cobucci e Silva / Língua Portuguesa e Redação Oficial / 59

Referência: Processo n. 785.368/2018

f) Destinatário ou vocativo e fecho


Em geral, o documento técnico não tem nem destinatário nem vocativo. Alguns
documentos técnicos, no entanto, podem ser destinados a um gestor específico (como
um relatório de viagem, por exemplo). Nesse caso, eles podem seguir o padrão ofício e
ser endereçados a quem a solicitou.

Se o redator utilizar destinatário ou vocativo, deve adotar também o uso do fecho; caso
contrário, o fecho não deve ser utilizado.

g) Numeração de parágrafos e tópicos


Geralmente, numeram-se os parágrafos apenas de documentos mais curtos, de até,
aproximadamente, cinco, dez páginas.

O uso de tópicos é interessante em documentos técnicos, principalmente se eles forem


mais longos. A organização do documento em tópicos e subtópicos facilita a
identificação dos assuntos no texto e a leitura específica dos temas que o receptor busca.

h) Gráficos, tabelas, quadros e figuras


O uso de gráficos, tabelas, quadros e figuras é bastante recomendado em documentos
técnicos, porque eles facilitam a leitura das informações. Observe o padrão
recomendado pela ABNT, (no tópico de elementos que podem compor a estrutura
desses documentos).

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