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ANAIS
IX
ENCONTRO
FLUMINENSE DE
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
- IX EnFEFE -
A Formação dos
Professores
A Licenciatura em
Foco
Niteroí - R.J.
Julho de - 2005
Ribeiro, Tomaz Leite (Org.)
IX ENCONTRO FLUMINENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 2005, Niteroí.
Anais... Niteroí: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, Departamento de Educação Física e Desportos, 2005.
REITOR
Prof. Cícero Mauro Fialho Rodrigues
COORDENADORES DO ENCONTRO
Prof. Dr. Edmundo de Drummond Alves Jr.
Prof. Dr. Waldyr Lins de Castro
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Waldyr Lins de Castro
Profa. Ms. Ana Beatriz Latorre F. Pinheiro
Prof. Ms. Egídio Romário Cardoso
Prof. Ms. Edmundo de Drummond Alves Jr.
Prof. Ms. Guilherme Ripoll de Carvalho
Prof. Ms Luiz Tadeu Paes de Almeida
Prof. Ms. Martha Lenora Queiroz Colillo
Prof. Ms. Nelson Teixeira de Carvalho
Profa. Ms. Neyse Luz Muniz
Prof. Ms. Tomaz Leite Ribeiro
Prof. Esp. Aurélio Pitanga Viana
COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof. Dr. Edmundo de Drummond Alves Jr.
Prof. Ms. Guilherme Ripoll de Carvalho
Prof. Ms. Luís Tadeu Paes de Almeida
Prof. Ms. Martha Lenora Queiroz Copolillo
Prof. Ms. Nelson Teixeira de Carvalho
Profa. Ms. Neyse Luz Muniz (Presidente)
Prof. Ms. Paulo Cresciulo de Almeida
Prof. Ms. Tomaz Leite Ribeiro
Prof. Dr. Waldyr Lins e Castro
APOIO OPERACIONAL
Equipe de funcionários do Departamento de Educação Física e Desportos
Assessoria de Comunicação Social
Pró- Reitoria de Extensão
Em novembro de 2004 encerramos com bastante sucesso o último EnFEFE, cinco meses após esta realização já
contabilizávamos o envio de 114 novos trabalhos candidatando-se a participarem deste IX EnFEFE que aqui temos o
prazer de apresentar.
O evento vem sendo organizado pelo Departamento de Educação Física da Universidade Federal Fluminense
desde o ano de 1996, e as temáticas escolhidas no decorrer desses anos priorizam as demandas do professor de
educação física que está nas escolas.
Se inicialmente tivemos como meta, atingir os professores de educação física do Estado do Rio de Janeiro, logo
percebemos que a cada ano se alterava o perfil dos que participavam do encontro. Com mais precisão, verificamos
que foi a partir da sua quarta versão que houve uma significativa mudança, seja observando os freqüentadores, mas
principalmente naqueles que também visavam apresentar, na forma de temas livres, suas investigações no campo da
educação física escolar. Atualmente, podemos afirmar que o EnFEFE passou a ser um encontro de proporções bem
mais amplas, podendo mesmo ser incluído no calendário nacional de eventos da área de educação física. Acreditamos
que esta respeitabilidade foi possibilitada não só pela qualidade do que temos conseguido apresentar mais também
pela ousadia de lutarmos contra a lógica mercadológica que orienta grande parte dos eventos acadêmicos.
A Universidade pública brasileira tem sido palco de cruéis tentativas de descaracterização das suas principais
funções, não sendo poucas as tentativas de enfraquece-la perante a opinião pública. Passa-se a impressão que
através de reformas como as que atualmente se discutem, teríamos enfim resolvido os problemas da educação
brasileira. Procuramos no EnFEFE manter uma coerência ideológica seguindo princípios norteadores que nos levam
sempre a por em questão importantes reflexões sobre o que está ocorrendo na sociedade brasileira, aliando isso ao
estreitamento das relações entre a atuação dos professores que lecionam no Ensino Básico e a dos que estão
preocupados com a produção acadêmica. O EnFEFE se apresenta como único no estado do Rio de Janeiro voltado
exclusivamente para o tema da Educação Física Escolar, sua importância pode ser confirmada pelo aumento do
número de pessoas que nos procuram a cada ano. Indo além, baseado na leitura das avaliações constantes nos anais
anteriores, verificamos que o crescimento não só pode ser creditado ao aspecto quantitativo, mas também pelo
aspecto qualitativo.
Se nos reportarmos ao que ocorreu nas versões anteriores, verificamos que nos três primeiros congressos os
inscritos não passavam de 70, e os trabalhos selecionados não ultrapassavam 25. No ano de 2004 ultrapassamos o
número de 637 inscrições, que foram preenchidas com um mês de antecedência, neste ano de 2005, ousadamente
ampliamos o numero de vagas, e após quatro semanas de serem abertas as inscrições, já tínhamos esgotado o
numero destinado aos acadêmicos. É importante lembrar que o teor das nossas discussões privilegia os professores
já licenciados que estão atuando ou gostariam de atuar nas escolas, porém, a cada ano que passa, verificamos a
grande procura dos acadêmicos pela discussão temática que empreendemos.
A fixação do EnFEFE no cenário dos congressos de educação física acabou ocorrendo tal qual tinha sido
previsto nas palavras do prof. Dr. Victor Andrade Melo que em 1998 foi o responsável pela avaliação do evento.
Naquele momento ele apontava que a estrutura do EnFEFE deveria servir de exemplo, ampliando-se a nível nacional,
e que outros congressos deveriam ser capazes, tal como o EnFEFE de vir a “atender aos mais diversos públicos, de
acordo com os mais diversos níveis de discussão, organizando mecanismos que possam apresentar alternativas aos
eventos de caráter exclusivamente mercadológico”. Esse último modelo de congresso que naquele momento já se
apresentava bastante numeroso, certamente na sua formatação inviabilizava-se o acesso à grande massa dos
freqüentadores do EnFEFE, que são os professores que atuam na da rede pública. Merece registro que uma das
preocupações da organização é no sentido de procurar datas para a realização do evento que fossem coincidentes
com a do recesso do meio de ano, possibilitando assim a presença maciça dos professores, sem que houvesse
interferência na vida profissional.
PAL E S T R A S E M E S A S R E D O N D A S
Proposta de ante-projeto da comissão para criação de uma escola de educação física na UFF 312
Waldyr Lins de Castro (Redator da Comissão)
Formação acadêmica e diretrizes curriculares nacionais. Proposta de curso de educação física 341
da Universidade Federal Fluminense
Gelta Terezinha Ramos Xavier
Críticas e propostas à formação do licenciado: “O que se discute na Escola de Educação Física 350
e Desportos –
Waldyr Mendes Ramos
Implantação do projeto pedagógico dos cursos de licenciatura básica e graduação plena em 355
educação física na UERJ: Proposta de uma filosofia de trabalho.
Guilherme Locks Guimarães e outros
Investigando as licenciaturas no Rio de Janeiro 361
Alicia Leite Fernandes
Vivências e algumas propostas 363
Orlando Gomes da Silva
Críticas e propostas à formação do licenciado. O que se discute na Universidade Rural 368
Amparo Villa Cupolillo
AVAL I A Ç Ã O D O V I I E n F E F E
Envelhecimento e consumo
Como não entender o processo natural da passagem dos anos, a mudança dos tempos, a influência devastadora
dos conceitos do capitalismo que gera nos seres humanos o individualismo, o consumo e o conceito do descartável. A
própria palavra velho, segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa , significa “desusado”, “antiquado” e
“obsoleto”. O termo serve para descartar coisas que já expiraram sua vida útil, é um termo cruel na concepção
cartesiana, diferente do velho humano que expressa carinho, como: “o meu velho pai, o meu velho amigo etc.”
O homem se tornou objeto de consumo na produção de bens e capital. O velho rio que corta meu bairro que
deixou de ser caudaloso, perdeu muito da sua magnitude e hoje tem o aspecto descuidado, largado, consumido e
diminuído, ou seja na ótica cartesiana meu velho rio está velho, sendo que, diante do bom senso dos que o usurpam a
vitalidade, poderia retomar o seu velho fluxo, obviamente em detrimento dos que de certa forma invadem os seus
leitos para se servir de suas riquezas.
Segundo Boff (2002)
“A nova ordem surgida após a implosão do mundo socialista não melhorou a situação do mundo. Ao
contrário, radicalizou as contradições internas. O fosso entre riqueza e pobreza aumentou. O
estado da terra é dramático. As promessas de paz duradouras esvaneceram-se logo. A lógica
individualista e não-cooperativa da cultura do capital destruiu os laços de solidariedade entre os
povos, exacerbou o individualismo, tentou desconstruir o Estado, visto como obstáculo à expansão
dos capitais, e desmoralizar a política como busca comum do bem do povo, transformado-a em
busca do bom funcionamento da globalização capitalista”.
A grande preocupação teológica da igreja, em sua defesa dogmática pela bioética, onde a preservação da vida é
algo indiscutível, inquestionável, a ponto de se contrapor ao incentivo da camisinha, ou outras formas que não
prevaleçam a procriação como homossexualismo ou uso de contraceptivos, onde, milhões de pessoas contraem AIDS,
e a preocupação é com a geração de vida para alimentar os mercados de mão de obra.
Segundo Romer (2003)
“Alemanha, Itália e Espanha, nações de uma vitalidade admirável há poucas décadas, com uma
taxa de natalidade boa, estão vivendo uma angústia. Políticos da Alemanha tem dito que daqui a
Walk Loureiro
Kenia dos Santos Francelino Loureiro
Resumo : Este ensaio tem como ponto de partida a experiência vivida pela co-autora do artigo, que se viu na
presença de alunos declarados soropositivos para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) em sua sala de aula.
Dos medos e aflições vividos pelos professores da escola em que trabalhava, surgiu a idéia dos autores deste texto
de apresentar uma possível solução para esse novo problema enfrentado pela escola. O papel que o professor de
Educação Física pode assumir na prevenção do aparecimento de novos casos entre alunos, professores e demais
membros da comunidade escolar, bem como a orientação e a conscientização que esse profissional é capaz de dar
para os professores das demais disciplinas na luta contra o preconceito são pensados neste trabalho.
Palavras-chave : Aids. Escola. Educação física .
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Nos últimos vinte anos, de acordo com dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, houve um
assustador crescimento da epidemia da Síndrome da Deficiência Imunológica Adquirida (aids), desde quando o
diagnóstico passou a ser realizado em nosso país.
Apesar da relativa estabilização do aparecimento de novos casos nos últimos oito anos, como podemos observar
no Gráfico 1, não podemos, nem devemos nos vangloriar com os resultados obtidos, pois, a cada ano, mais pessoas
se contaminam com o HIV e, conseqüentemente, mais cedo ou mais tarde, desenvolvem a aids e, normalmente,
chegam a óbito.
Gráfico 1 - Casos de aids segundo ano de diagnóstico no Brasil
Fonte: Boletim Epidemiológico – aids e DST, Ano I, n. 1. 2004
25
Número para cada 100.000 habitantes
20
15
10
0
1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
De acordo com Ayres (2000), a aids tem atingido atualmente os "menos cidadãos", que são os indivíduos que
possuem menos recursos materiais e intelectuais e, coincidentemente, possuem menores possibilidades de se
proteger dessa doença. Dessa forma, começou-se a enxergar o que foi denominada de pauperização da epidemia da
aids, que é, em suma, a tendência atual de uma maior incidência de novos casos de contaminação pelo HIV,
predominantemente entre as pessoas mais pobres.
Resumo: “A educação física escolar é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola de uma área
denominada aqui de cultura corporal” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, P.62). No seu corpo de conteúdos podem ser
abordados assuntos relacionados à saúde, valores éticos, sociais, culturais e políticos.
Ela pode proporcionar informações e estimular os estudantes à adoção de comportamentos favoráveis para a
manutenção ou aprimoramento de componentes do estilo de vida relacionados à saúde, através de intervenções que
promovam não só o desenvolvimento de habilidades físicas, mas também de habilidades cognitivas, afetivas e sociais
que por fim reflitam em comportamentos mais conscientes, autônomos e positivos em relação à saúde e qualidade de
vida.
Tendo isso em vista, este estudo justifica-se pelo intuito de propor uma avaliação antropométrica na escola como
forma de acompanhar o desenvolvimento dos alunos, tendo a intenção de fazê-los conhecer a diversidade de padrões
de saúde, beleza e desempenho que existem nos diferentes grupos sociais, analisando criticamente os padrões
divulgados pela mídia. Numa perspectiva de configurar, nas aulas de Educação Física, momentos de reflexão e
discussão sobre o corpo, sociedade, ética, estética e relações interpessoais.
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Introdução
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), um dos objetivos do Ensino Fundamental (3° e 4° Ciclos)
é:
“fazer com que os alunos sejam capazes de conhecer o próprio corpo e de cuidar, valorizando e adotando
hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à
sua saúde e à saúde coletiva” (pág. 7).
Tendo isso em vista, este estudo justifica-se pelo intuito de propor uma avaliação antropométrica na escola como
forma de acompanhar o desenvolvimento dos alunos, tendo a intenção de fazê-los conhecer a diversidade de padrões
de saúde, beleza e desempenho que existem nos diferentes grupos sociais, analisando criticamente os padrões
divulgados pela mídia. Dentro de uma perspectiva que não sirva apenas como uma forma de classifica-los ou para se
obter uma informação vazia e sem utilidade.
O objetivo deste trabalho é: analisar a possibilidade de uma avaliação antropométrica na escola nos quatro anos
finais do Ensino Fundamental como um ponto de partida para se configurar, nas aulas de Educação Física, momentos
de reflexão e discussão sobre o corpo, sociedade, ética, estética e relações interpessoais.
Não é intenção do autor tentar trazer de volta ideais da concepção higienista de Educação Física, onde havia a
preocupação singular de formar pessoas sadias, fortes, dispostas a ação, muito menos da concepção Eugenista com
uma perspectiva de seleção, eliminando os fracos e premiando os fortes, no sentido de “depuração da raça”
(Ghiraldelli, 1988).
E sim, desenvolver uma grande oportunidade de se trabalhar aspectos ligados a saúde, e abordar temas atuais
como: importância da prática de atividade física; mídia e o processo de criação de estereótipos; alimentação;
atualidades do esporte; características relacionadas ao gênero e respeito às diferenças; sexualidade, entre outros.
“A educação física escolar é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola de uma área denominada
aqui de cultura corporal” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, P.62). No seu corpo de conteúdos podem ser abordados
assuntos relacionados à saúde, valores éticos, sociais, culturais e políticos.
Ela pode proporcionar informações e estimular os estudantes à adoção de comportamentos favoráveis para a
manutenção ou aprimoramento de componentes do estilo de vida relacionados à saúde, através de intervenções que
promovam não só o desenvolvimento de habilidades físicas, mas também de habilidades cognitivas, afetivas e sociais
que por fim reflitam em comportamentos mais conscientes, autônomos e positivos em relação à saúde e qualidade de
vida.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) propõem três blocos de conteúdos, onde um deles é o
conhecimento sobre o corpo. Para se conhecer o corpo, além de abordar os conhecimentos anatômicos, fisiológicos e
biomecânicos, é importante a compreensão da dimensão emocional.
Segundo COLL (1996) e ZABALLA (1999), conteúdo está relacionado com conhecimento ou saber, portanto, é
tudo aquilo que possui um objetivo de aprendizagem em uma proposta educacional.
DANTAS (2005) trata incessantemente do tema corpo, abordando-o historicamente dentro de várias perspectivas
(ética, cultural, sócio-política, artística, estética, entre outras). E segundo Romero, autora de um dos capítulos do livro:
“urge uma mudança de mentalidade e de práxis educativa, a partir de uma conscientização
corporal, e, nesta mudança, é preciso que haja um pensamento uníssono em torno de um objeto: o
homem. Mas é preciso vê-lo não dissecado ou decantando seus movimentos, mas vê-lo na sua
totalidade, na sua corporeidade” (p. 89).
No entanto, a Educação Física em nosso sistema de ensino, geralmente, tem sido caracterizada pela prática de
exercícios físicos, ou práticas esportivas, desprovidas de um planejamento educacional com objetivos claramente
estruturados, uma metodologia bem fundamentada e uma avaliação criteriosa.
Sobre isso, SHIGUNOV & NETO (2002) relatam que observa-se que na Educação Física escolar não constam
objetivos direcionando o ensino desta disciplina para uma prática continuada das atividades físico-motoras, e em
muitas escolas, as aulas teóricas são praticamente inexistentes. Além disso, na preparação das aulas, poucos são os
que modernizam os conteúdos, os processos e os objetivos, ministrando todos os anos o mesmo assunto.
Isso tem contribuído para construção de uma concepção técnico-esportiva que permanece hegemônica,
reproduzindo e reforçando um modelo de homem e sociedade excludente, alienante e pouco significativo em termos
de valores para a qualidade de vida.
As aulas de Educação Física não devem atingir extremos: totalmente prática ou somente teorização. A Educação
Física é uma área de conhecimento que possui uma especificidade: o movimento humano consciente. É preciso que a
prática seja realizada com embasamento teórico, sem perder suas características.
Na maioria das instituições os professores têm priorizado e enfatizado os conteúdos técnicos e fisiológicos das
ciências do movimento humano, criando um esteriótipo tecnicista e pouco significativo as suas intervenções.
O movimento a ser privilegiado na ação educativa deve vir revestido de uma dimensão que extrapola limites
orgânicos e biológicos, deve ser analisado em sua totalidade, resultante segundo Castellani (1988) da interação bio-
fisiológica e sócio-cultural.
Por isso, é importante que o aluno perceba o ser humano como um todo (ser biológico, social e cultural) e não
mais numa visão cartesiana, onde o homem é dividido em partes.
A avaliação antropométrica não pode ser considerada como solução para a abordagem de conhecimentos
relacionados ao corpo. Na verdade, ela é apenas mais um instrumento que se utilizado de forma coerente, e
dependendo da intencionalidade, pode fornecer informações para aquisição de conhecimento sobre o próprio corpo e,
de valorização e adoção de hábitos saudáveis. Além de compor um programa de análise e reflexão da realidade com
seus grandes problemas sócio-culturais.
A prática desta avaliação deve partir de alguns pressupostos que direcionam, orientam, não só a
intencionalidade de quem propõe a avaliação mas, igualmente, a escolha dos procedimentos a serem adotados e,
principalmente, o que fazer com os resultados conseguidos.
O interesse dos alunos por temas ligados ao corpo e saúde é compreensível já que são conhecimentos que têm
significado e que podem ser utilizados em suas vidas diárias. Também são temas abordados constantemente pela
mídia. Além disso, fazem referência à estética, aspecto valorizado pelos adolescentes.
Esta aproximação com a realidade dos alunos, pode propiciar o confronto do conhecimento científico com o
saber que esses trazem do cotidiano. Além disso, o aprofundamento sobre a realidade através da problematização
desperta curiosidade e motivação nos alunos.
Porém, na atualidade a expectativa de corpo que se tornou hegemônica está fundamentada a partir de seu culto.
Assim, a mercadorização do corpo torna-se presente na sociedade atual, na qual esse corpo mercadoria é moldado e
vendido pelo mercado, constituído por academias, clubes, medicamentos e produtos de beleza, manuais de dieta e
intervenções cirúrgicas que têm se expandido cada vez mais.
Resumo : A capoeira faz parte do conteúdo de Educação Física do Ensino Fundamental. Apesar de muitos de
nós, professores, não termos em nossa formação acadêmica tal prática esportiva.
Busquei na práxis das aulas de Educação Física do 2º segmento do ensino fundamental(5ª série), da rede
pública de Duque de Caxias realizar tal desafio.
Embasada na sua cultura, história, origem e evolução, estimulando a pesquisa, o debate e a discussão, para que
o aluno tivesse uma participação efetiva do contexto da capoeira.
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Resumo: A construção do trabalho deu-se no período de 2004 - II da disciplina Prática de Ensino da Educação
Física I, com base nas primeiras experiências vivenciadas pelos graduandos de Educação Física da UFRuralRJ em
duas escolas públicas do município de Seropédica, com o intuito de desvelar suas atuais concepções sobre Educação
Física Escolar.
O principal objetivo do trabalho foi verificar a reflexão e reação dos alunos da disciplina frente à identificação e
intervenção relacionados a sua função social perante o primeiro contato com a realidade da profissão dentro da
escola.
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Introduçâo
A Educação Física escolar vive uma crise histórica de legitimidade, estando na maioria dos casos, relegada a
segundo plano no cotidiano escolar. E isso tem muita relação com a complexa e diferenciada construção que a
envolveu durante mais de um século de inserção no currículo escolar.
Envolvidos nas discussões presentes nesse contexto, que de alguns anos para cá, vem gerando uma vasta
produção teórico-crítica na área, estão os graduandos da UFRRJ, cursando a disciplina Prática de Ensino de
Educação Física I, que caracteriza-se por proporcionar a práxis do ensino da Educação Física no espaço escolar.
Antes dessa vivência prático-teórica nas escolas, os alunos discutem, ainda na universidade, conhecimentos e
problemáticas mais presentes na área, aprofundando-se em relevantes questões, como a crise de legitimidade, o
histórico da disciplina, abordagens pedagógicas, PCN’s, planejamento, dentre outros.
Partindo para o período prático, que dura em média três meses, percebeu-se anseios muito comuns entre os
alunos da Prática de Ensino: A incerteza sobre a presença e relevância da Educação Física no currículo escolar,
culminando numa certa crise de identidade da disciplina e do aluno-professor.
Percebendo a riqueza contida na tentativa de superação de tal “crise existencial”, gerando pensamentos,
materializados em aulas bastante diferenciadas, alguns estudantes, envolvidos com escolas diferentes, dispôs-se a
trocar idéias sobre suas primeiras experiências, ao final do período, fomentando um interessante espaço para a
manifestação de conhecimentos, anseios e propostas relacionados à escola, questões didáticas e principalmente
sobre a complexa identificação do “verdadeiro” papel da Educação Física Escolar, o que possibilitou a construção
deste trabalho.
Justificativa
O trabalho foi desenvolvido com base nas primeiras experiências vivenciadas pelos graduandos de Educação
Física da UFRuralRJ em duas escolas públicas do município de Seropédica, com o intuito de desvelar suas atuais
inquietações e concepções sobre Educação Física Escolar.
Verificar a reflexão e reação dos alunos frente a identificação e intervenção relacionados a sua função social nas
primeiras experiências em âmbito escolar.
Discutir o sentido que pode ser dado à Educação Física na escola e sociedade, fundamentados pelo complexo
histórico de inclusão e permanência no currículo escolar.
Apresentar e discutir manifestações dos alunos, referentes a tentativa de superação dos modelos tradicionais
que envolvem a Educação Física Escolar.
Metodologia
O trabalho foi desenvolvido com base nas experiências de alunos da Prática de Ensino de Educação Física I, da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, realizadas em duas escolas públicas do município de Seropédica (CAIC
“Paulo Dacorso Filho” e E.E. Prof. Waldemar Raythe), e foi motivado pelo complexo confronto entre a bagagem teórica
construída na universidade e a realidade do ensino de Educação Física Escolar com turmas de Ensino Fundamental e
Médio.
As reflexões a que se ateve este trabalho partiram principalmente das seguintes questões: o descompromisso
social de muitos professores das escolas de tal município, caracterizado por ações destituídas de qualquer projeto
político pedagógico; e as possibilidades de consolidação de um projeto de ensino-aprendizagem da Educação Física
contendo como eixo central, a integração crítico-reflexiva do educando no universo da cultura corporal de movimento.
No período “prático” da disciplina, que durou aproximadamente 3 (três) meses, divididos em 12 (doze) aulas, os
alunos, organizados em duplas, trios ou quartetos, estiveram em tais escolas onde, sob a orientação presencial do
professor da universidade, ministraram aulas para as turmas cedidas, cada grupo com uma mesma turma até o final
do período.
Foram elaborados planos de ensino referentes ao total de aulas a serem ministradas. Antes de cada aula
também, os alunos entregavam um plano de aula ao professor orientador, que por sua vez, encarregava-se da
observação e discussão de cada aula.
Na última avaliação do período, foi passado um trabalho para a turma, no qual eles deveriam relatar suas
experiências na escola em questão, expressando sua atual concepção sobre Educação Física escolar.
Então, após o final do período, deram-se seqüência às discussões, através de constantes reuniões com alguns
alunos interessados em elaborar esse trabalho, que foi possibilitado pelo embasamento em algumas das diversas
produções teóricas na área, principalmente as de referencial mais crítico.
Fundamentação teórica
No final do século XIX e na primeira metade do século XX, a Educação Física permaneceu ligada a questões de
higiene, saúde, eugenia e formação do homem forte disposto a servir a pátria e apto ao trabalho com maior eficiência.
Resumo : A Dermatoglifia, segundo Silva Dantas citado por Seixas da Silva et al. (2005), “caracteriza-se por ser
um marcador genético de amplo espectro, para utilização em associação com as qualidades físicas básicas e a
tipologia das fibras”. Este trabalho visa a analisar como a Dermatoglifia pode ser útil no ambiente escolar, sendo uma
ferramenta eficaz para a detecção de talentos para a prática dos desportos escolares. Através da Dermatoglifia pode-
se classificar um indivíduo segundo o seu genótipo, determinando se ele é aeróbico ou anaeróbico, se ele tem pré-
disposição à coordenação e resistência ou a força explosiva e também indicar se ele possui “pré-disposição a uma
maturação acelerada” (Alonso et al, 2005). A Maturação é um processo que “consiste em atingir a maturidade
passando pelo pico máximo de desenvolvimento, não sofrendo influências do meio externo, sendo um fenômeno
qualitativo que está sujeito ao controle da hereditariedade (genótipo)” (Moreira et al, 2004). No processo maturacional
ocorre uma diminuição significativa do nível de coordenação motora do adolescente, ocasionado pelo aumento da sua
dimensão corpórea. A atuação da Dermatoglifia seria na detecção das Qualidades Físicas de cada criança, onde em
trabalho conjunto com a Psicomotricidade, poder-se-ia trabalhar as habilidades motoras deficientes e escolher a
modalidade esportiva. Sendo assim a criança teria um desenvolvimento motor eficiente, o que possibilitaria uma
melhor qualidade de vida. Respeitando as diferenças e sabendo trabalhar as habilidades de cada um, principalmente
trabalhando a Coordenação Motora que é a grande mediadora das demais valências físicas, o Professor de Educação
Física consegue formar mais do que atletas, forma cidadãos bem preparados para a vida.
Palavras-Chave : Dermatoglifia, Maturação, Educação Física Escolar.
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Introdução
Atualmente fala-se muito na detecção e seleção de talentos, em que uma das ferramentas utilizadas é a
Dermatoglifia. A Dermatoglifia, segundo Silva Dantas citado por Seixas da Silva et al . (2005), “caracteriza-se por ser
um marcador genético de amplo espectro, para utilização em associação com as qualidades físicas básicas e a
tipologia das fibras”.
A objetivo principal desse trabalho é demonstrar como a Dermatoglifia pode ser utilizada na escola para a
detecção das qualidades físicas e da tipologia das fibras musculares das crianças, correlacionando a analise
dermatoglifia com a maturação. A utilização da Dermatoglifia na escola tem uma importância muito grande pelas
oportunidades de trabalho que ela cria para o Professor de Educação Física.
A dermatoglifia
“Dermatoglifia é a ciência que estuda o relevo da pele e desenhos da ponta dos dedos, da palma das mãos e da
planta dos pés, que revelam características qualitativas e quantitativas” (Fernandes Filho, 1997). Nikitiuk (1984)
acentua que os “índices dermatoglíficos se formam no homem no estado intra-uterino a partir de estrato blastogênico
entre o terceiro e o sexto mês de gestação e não se alteram durante toda a vida”. Pela praticidade da coleta e da
analise, utiliza-se o desenho das falanges distal dos dedos das mãos.
Trabalhos realizados pelo Laboratório de Antropologia, Morfologia e Genética Esportiva do VNIIFK – Moscou
direcionaram-se para duas linhas de estudo: Uma relacionada as Qualidades Físicas encontradas pela dermatoglifia e
a outra visando o tipo de atividade esportiva.
18 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
Pode-se dividir os desenhos digitais em três grupos: Arcos (A), Presilhas (L) e Verticilos (W). Esses grupos são
responsáveis pela analise qualitativa.
Arco (A) – Caracteriza-se pela ausência de trirrádios ou deltas e se compõe de cristas, que atravessam
transversalmente a almofada digital (Fernandes Filho, 1997)
Presilhas (L) – Trata-se de um desenho meio fechado em que as cristas da pele começam de um extremo do
dedo, encurvando-se, distalmente em relação ao outro, mas sem se aproximar daquele, onde se iniciam. A Presilha é
um desenho aberto e possui um delta (Fernandes Filho, 1997).
Verticilo (W) – Trata-se de uma linha fechada em que as linhas centrais se concentram em torno do núcleo do
desenho. Possui dois deltas (Fernandes Filho, 1997).
A analise quantitativa é feita pela Quantidade de Linhas (QL) que é feito em cada dedo, pelo Somatório
Quantitativo Total de Linhas (SQTL), que é a soma do QL dos dez dedos das mãos e pelo D10, que é a quantidade de
deltas presentes em cada desenho. Os deltas são pontos de encontro de 3 sistemas de linhas, sendo formado por
uma bifurcação ma qual as linhas deixam entre si três ângulos semelhantes. Para fazer a contagem do QL deve-se
traçar uma linha no desenho da impressão digital partindo do núcleo do desenho indo a direção ao delta e mensurar o
número de linhas presentes desprezando a primeira linha partindo do núcleo e a primeira linha do delta. Para se fazer
o cálculo do índice de deltas (D10), deve-se fazer o somatório de todos os desenhos, de acordo com a seguinte
correlação: Arco sempre igual a “0” (ausência de deltas), Presilha igual a 1 (um delta) e Verticilo igual a 2 (dois
deltas), ou seja D10= (L+[2*W]) (Fernandes Filho, 1997).
Analise dermatoglífica
Depois de feita a coleta e a analise dos desenhos das impressões digitais, começa ser feita a analise
dermatoglífica correlacionando os desenhos às qualidades físicas e as tipologias das fibras musculares, pré-
disposição a maturação tardia.
Quando encontramos em um indivíduo 10 W ou W > L, ele é classificado como um indivíduo aeróbio, ou seja, ele
tem uma predominância de fibras de contração lenta. Ao passo que quando encontramos indivíduos com 10 L ou L >
W classifica-se ele como sendo anaeróbio, que tem uma predominância de fibras de contração rápida. A presença de
13 ou mais deltas e um SQTL alto indicam uma pré-disposição à coordenação, assim como uma presença maior de
D10, SQTL, L ou W indicam que o indivíduo tem uma pré-disposição a maturação tardia. “A presença de A é um
elemento indicativo de manifestação de força pura e pré-disposição a uma maturação acelerada” (Alonso et al, 2005).
As Impressões Digitais formam 5 clãs principais que se distinguem pela dominante funcional diferente. Desse
modo a intensidade baixa de D10 e a baixa somatória de SQTL se correlacionam com o alto nível de manifestações de
força e potência, mas com baixo nível de coordenação e de resistência. E pelo contrário, a elevação do nível de D10 e
SQTL em grande medida se correlaciona com o reforço dominante da resistência e da coordenação; os valores
máximos de D10 e de SQTL são orientados para a acentuação das qualidades coordenadoras do organismo.
O processo maturacional
“A maturação é um processo que, ao nível biológico consiste em atingir a maturidade
passando pelo pico máximo de desenvolvimento, não sofrendo influencias do meio externo,
que simplesmente interage com o desenvolvimento do indivíduo. Ou seja, o processo de
maturação poder ocorrer independentemente das influências externas, sendo um fenômeno
qualitativo que está sujeito ao controle da hereditariedade (genótipo)” (Moreira et al, 2004).
Porém crescer, que significa aumento de tamanho do corpo, aumento progressivo do organismo e de suas partes
está relacionado com o processo de maturação biológica apesar de não ser a mesma coisa. Segundo Tanner (1962),
“as variáveis que afetem o crescimento físico são: condicionantes genéticos, efeitos da nutrição, diferenças étnicas,
efeitos sazonais e climáticos, efeitos de doenças, pressão psicossocial, urbanização, o tamanho do agregado familiar,
a posição socio-econômica e a tendência secular”. A determinação da maturação biológica pode ser feita de quatro
A nível escolar, a Dermatoglifia tem um amplo raio de ação. Através da analise dermatoglifica pode-se constatar,
por exemplo, se a criança tem pré-disposição à maturação tardia ou acelerada, o nível de coordenação motora, que é
a grande mediadora das outras valências físicas (Silva Dantas, 2005), dentre outras possibilidades de utilização
previamente discutidas. Ou seja, são informações importantes que vão direcionar o trabalho do Professor de
Educação Física na Escola, que no Século XXI trabalha cada vez mais com a ciência, seja no desporto ou no trabalho
de desenvolvimento motor da criança.
Se durante uma analise o Professor constata que uma determinada criança tem uma predominância de Arcos,
ele terá em mente que aquela criança tem um potencial de força explosiva, pré-disposição a maturação acelerada e
um baixo nível coordenativo, lembrando que o adolescente tem como um dos marcadores do processo maturacional, a
fase do estirão que diminui ainda mais o seu nível de coordenação motora. Sendo assim, ele deverá dar ênfase as
atividades que explorem a coordenação motora, e se for levar em consideração o desporto escolar saberá em qual
modalidade esportiva ou em qual posição nos desportos coletivos ela terá melhor rendimento. Além de poder trabalhar
na criança o fato de que, profissionalmente, ela não terá muita chance, visto que por ela ter um processo maturacional
acelerado, a sua idade biológica estará adiantada com relação aos dos outros alunos. Ou seja, biologicamente ela
será mais velha e, portanto, terá resultados melhores que os dos colegas nas competições escolares. Porém com o
passar do tempo ela será alcançada pelos colegas e ultrapassada por alguns, e para a criança isso é muito
complicado. Um dia ela é a melhor competidora que a sala ou que o colégio tem e no futuro ela não será mais a
melhor, afetando assim a sua auto-estima. Se isso não for muito bem trabalhado com a criança, pode-se perder um
possível atleta e, principalmente, um futuro praticante de atividade física. “Os sucessos e os fracassos da infância
podem parecer remotos e sem significado para nós, no presente, mas foram eventos importantes que influenciaram o
que e quem somos hoje. Muitos desses eventos centralizaram-se nas primeiras experiências com brincadeiras”
(Gallahue, 2003).
Conclusão
Cada vez mais o princípio da individualidade biológica é indicado no cotidiano da Educação Física Escolar.
A Psicomotricidade tem um fator importantíssimo na formação do futuro atleta, porque ele utilizará na sua
performance todo o vocabulário motor obtido durante a sua infância. Quanto maior for a quantidade de estímulos
dados a ele quando criança, melhor será o seu rendimento na fase adulta. Sem contar que a prática exercícios físicos
aumenta o seu auto-conceito, que está diretamente correlacionada ao seu desenvolvimento motor (Seixas da Silva et
al, 2005). Não podendo esquecer que todos os seres humanos possuem duas idades diferentes: a cronológica e a
Gilberto de Oliveira
Resumo : A partir da experiência no grupo Movimento Sócio-Cultural, através do curso de dança afro-brasileira,
ministrado por nós para alunos afro-descententes do Colégio Estadual Antônio Oliveira Salazar, esta pesquisa reflete
sobre a importância da dança como conteúdo da Educação Física Escolar (EFE), enfatizando o valor educacional da
dança afro-brasileira para o resgate cultural e a construção da identidade racial dos alunos afro-descendentes. Tem
como objetivo apresentar como a dança afro-brasileira, com suas dimensões culturais, filosóficas, mitológicas e
religiosas, pode contribuir para a construção da identidade racial do aluno (a) afro-descendente do segundo segmento
do Ensino Fundamental, resgatando elementos da identidade cultural brasileira. Por fim, propõe uma abordagem
construída na interação com o programa de outras disciplinas escolares do Ensino Fundamental.
Palavras-chave: Educação Física Escolar; Dança Afro-Brasileira; Identidade Racial.
________________________________________
Introdução
Em 1987, fomos convidados pelos coordenadores do grupo “Mosca” ( Movimento Sócio-Cultural) , dedicado a
projetos de arte-educação, para ministrarmos um curso de dança afro-brasileira no Colégio Estadual Antônio Oliveira
Salazar (atual Regina Célia dos Reis Oliveira ), instituição dedicada ao ensino fundamental, sediada na comunidade da
Venda Velha, em São João de Meriti, cidade da Baixada Fluminense.
Vários grupos de dança e teatro foram formados a partir da experiência em questão. Participamos de
apresentações, eventos comemorativos (como os realizados em torno do 20 de novembro e dos 300 anos de Zumbi
dos Palmares), festivais em escolas, teatros e praças, dentro e fora do município. Ganhamos prêmios e
condecorações, tanto pela qualidade dos espetáculos montados, quanto por compormos o primeiro grupo de dança e
teatro a divulgar a cultura negra em São João de Meriti. A partir da convivência com os alunos(as) (em sua maioria de
origem negra), percebemos como esses jovens reforçaram sua auto-estima, passaram a valorizar sua etnia, aceitaram
e a respeitaram as diferenças religiosas e culturais. Desta experiência, surgiu o interesse de investigar como a dança
afro-brasileira aplicada às aulas de Educação Física Escolar (EFE), pode contribuir para a construção destes valores.
Metodologia
A pesquisa focaliza aspectos relacionados à Dança, ao Corpo, à Ancestralidade e ao Sincretismo de
Movimentos, referenciando excertos das observações feitas por nós durante o período que ministramos aulas de
dança no grupo “Mosca”, na referida comunidade escolar.
A reflexão desta experiência levou ao seguinte problema : Qual a contribuição da dança afro-brasileira, enquanto
conteúdo da EFE, para a identidade racial dos alunos afro-descendente do segundo segmento do Ensino
Fundamental?
Devido à amplitude da questão, estabelecemos como objetivo geral apresentar como a dança afro-brasileira,
com suas dimensões e características culturais, filosóficas, mitológicas e religiosas, tende a contribuir para a
construção da identidade racial do aluno (a) afro-descendente do segundo segmento do Ensino Fundamental,
resgatando elementos da identidade cultural brasileira.
Os objetivos específicos a serem atendidos são: 1) Descrever o que é e quais são as danças afro-brasileiras; 2)
Investigar a dança como conteúdo da EFE, usado para promover a identidade racial; 3) Apresentar a dança afro-
brasileira como conteúdo da EFE capaz de resgatar a identidade cultural e promover a interdisciplinaridade. Para
atingir estes objetivos, temos algumas questões a investigar : 1) O que é dança afro-brasileira e quais são? 2) Como a
dança afro-brasileira pode contribuir para que o aluno construa sua identidade racial? 3) Como a afro-brasileira pode
contribuir para o resgate da cultura afro-brasileira e a interdisciplinaridade na escola?
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 23
Ao assistir algumas aulas de Educação Física nas escolas da rede pública, percebe-se que muitas utilizam
reduzem os seus conteúdos ao desporto e atividades recreativas para trabalharem as valências físicas e a integração
dos alunos do segundo segmento do ensino fundamental, marginalizando outros conteúdos, como a dança.
Entendendo que a Educação Física ainda passa por um processo de mudanças iniciado nas décadas de 1970/80
com o surgimento dos movimentos “renovadores”, como o que propõe a “Cultura Corporal” (Coletivos de Autores,
1992: 55), apresentamos algumas justificativas para o estudo: 1) A dança pode contribuir para que haja respeito às
diferenças culturais, étnicas e sociais, construindo conceitos e fortalecendo a identidade racial dos alunos afro–
descendente do segundo segmento do ensino fundamental.“Faz-se necessário o resgate da cultura brasileira no
mundo da dança através da tematização das origens culturais, sejam do índio, do branco ou do negro, como forma de
despertar a identidade social do aluno no projeto de construção da cidadania” (Coletivo de Autores, 1992:83); 2) A
contribuição da dança pode ser reforçada através da possibilidade de trabalhos feitos juntos a algumas disciplinas da
escola, através da formulação de um projeto interdisciplinar; e 3) A dança pode contribuir para que o aluno desenvolva
a sua consciência corporal, percebendo seu corpo como um todo ou parte de um todo. “A dança é um instrumento da
consciência corporal, cultural e social” (Santos, 2002: 117).
Revisão da literatura
A dança, representada através de gestos, expressões e movimentos corporais associados a um ritmo, pode ser
“considerada uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do homem. (...) como linguagem social que
permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos
costumes, hábitos, da saúde, da guerra” (Coletivo de Autores, 1992:82). A partir desta concepção, podemos perceber
e entender a dança como mais uma herança dos nossos ancestrais, expressão da nossa condição humana
manifestada nas diferentes culturas.
A dança afro-brasileira e suas vertentes
Entre todas as modalidades de dança, a afro-brasileira tem ritmos, instrumentos, movimentos e símbolos
próprios. A força dos seus movimentos é transmitida por três canais energéticos: a cabeça, o tronco e os pés
(Nóbrega, 1992). De acordo com experiências vividas com grupos de dança afro-brasileira e trabalhos feitos nas
escolas, constatamos que havia muitas indagações a respeito desta atividade como conteúdo disciplinar. O que é
essa dança que muitos amam e outros interpretam com preconceito? Os toques de instrumentos, os movimentos e até
mesmo os trajes usados nos rituais oriundos da África, são associados à “macumba” ou “coisa do mal”.
Para compreender e apreciar esta dança, se faz necessário o conhecimento da arte milenar que nos trouxe,
através de nossos ancestrais, riquezas culturais das quais não nos desligamos até hoje. Segundo Nóbrega (1992: 26-
28), o samba é derivado da palavra Semba, umbigada. O Maculelê é uma manifestação popular de origem africana,
que nasceu nos canaviais santo-maranhense há mais de duzentos anos nas festas religiosas da Bahia. A Capoeira foi
introduzida pelos escravos angolanos e conhecida no Brasil desde o século XVI. Em algumas tribos africanas, era
usada como ritual com nome de Ningolo, visando a disputa de uma donzela.
A dança afro-brasileira na construção da identidade racial
A bailarina, coreógrafa e professora de dança Inaicyra Falcão dos Santos (2002), ao fazer um trabalho com suas
alunas, utilizou o livro Bisa Bia, Bisa Bel , de Ana Maria Machado, que relata o interesse da menina Bel em conhecer
os hábitos de uma outra época. Assim, com a perda da foto de sua bisavó Bia, passa a ouvir sua voz dentro do seu
corpo. A sua fantasia se amplia, até que ouve, também, outra voz. Desta vez da bisneta vivendo no próximo século.
Bel passa a dialogar com o passado, o futuro e o presente, articulando-os na sua personalidade, no seu
comportamento. A partir deste trabalho, Santos (2002) acrescenta: As alunas passaram a ter uma melhor relação com
a dança, pois a leitura do livro ajudou na reflexão sobre a tradição-criação. Passaram a observar os movimentos
cotidianos da sociedade e perceber como são tradicionais, estando relacionados ao universo dos Orixás, tais como:
cantar, desbravar, lutar, atirar, arremessar e pilar.
Quando recebemos turistas, por exemplo, no período do carnaval, percebemos as diferenças culturais,
expressivas e corporais. A maneira como tentam sambar e a falta do gingado brasileiro. Masus (1974) nos ensina que:
“Os fatos relacionados aos movimentos, atitudes e hábitos do homem tem de ser entendidos no contexto em que
O professor de EFE que utiliza a dança para alcançar objetivos educacionais mais amplos, poderá estar
resgatando a cultura brasileira, desde que não se deixe dominar pelos imperativos da “cultura de massa”. Este
profissional não pode permitir que seus alunos penetrem em um mundo de dança ou “movimentos alienantes”,
empurrados pelas culturas hegemônicas, movimentos estes que vulgarizam e “coisificam” o sexo, a mulher e a relação
sexual. Nesse sentido, segundo Luiz e Silva (l989: 56): “Aparelhos de reprodução ideológica e instituições como
escola, a igreja e a própria família, passam a reproduzir a ideologia do dominador, apresentando como único padrão
aceito de beleza, inteligência, bondade e perfeição, o modelo branco europeu, sua cultura e seus valores”.
Para que haja mudança neste quadro é necessária promoção da nossa cultura:
“As divergências de opiniões sobre o que é Dança Afro e significado do ensino da capoeira nas
academias de ginástica são decorrentes de ideologia racista do sistema político brasileiro e da
falta de bibliografia não só sobre as danças, como também sobre as demais artes dos povos
negros e indígenas” (Nóbrega, (1992, p. 30).
A dança afro-brasileira, como conteúdo das aulas de EFE, pode contribuir para este resgate. Os alunos devem
conhecer espaços onde possam vivenciar e trocar experiências com outros grupos de crianças que trabalhem em
comunidades, como a da Serrinha, com seu grupo de jongo; além de grupos de dança afro-brasileira de outras
comunidades. Assim, a EFE, estará apresentando ao aluno outras possibilidades de expressão, para que possa
compreender as origens e influências que conformam a sua identidade cultural.
Segundo Sborquia e Gallardo (2002: 113): “para que essa conscientização seja possível, a escola no primeiro
momento precisa adaptar-se às necessidades do indivíduo enquanto este a freqüenta e prepará-lo para a vida, e não
fazer com que o indivíduo se adapte a ela”.
A interdisciplinaridade através da dança afro-brasileira
O professor de Educação Física que se prepõe a trabalhar com a dança na escola, não pode descartar a
possibilidade de trabalhar junto a outras disciplinas, pois estará contribuindo para que o aluno tenha um melhor
entendimento das disciplinas, da dança e do contexto cultural em que está inserido. Este aluno e os professores de
outras disciplinas passam a ressignificar a EFE para além da representação de uma disciplina recreativa, dispensável,
sem preocupação com avaliação. De acordo com Coletivo de Autores (1992 : 83):
“É necessário, considerar que algumas formas de dança utilizam símbolos próprios das culturas a
que pertencem, o que as torna de difícil compreensão e interpretação. É recomendável uma
abordagem de totalidade na qual as diferentes disciplinas podem contribuir, a partir dos diferentes
campos de conhecimento”.
Em um projeto interdisciplinar cujo conteúdo central seja a dança, a História, pode fazer o aluno criar
movimentos coreográficos que retratem os hábitos de diferentes culturas do povo brasileiro através dos tempos; a
Geografia possibilita situar o homem no espaço com suas particularidades culturais; a Educação Artística pode
contribuir na confecção de figurinos e cenários; a Matemática auxilia a dança com os desenhos geográficos; o
Faz-se necessária uma reflexão no ensino da dança na EFE. A contestação da cultura de massa, que nos
apresenta músicas eróticas como “Na boquinha da garrafa” ou “Só as cachorras”, é necessária para a construção da
identidade cultural brasileira, especificamente, dos alunos afro-descendentes.
A sensualidade está presente em todas as culturas e a dança afro-brasileira nos apresenta essa sensualidade de
várias formas, como por exemplo, no samba de roda, em que a mulher segura as pontas da saia levando-as a cintura
e movimentando, com graça, os quadris provocando seus parceiros. Questiona-se, contudo, a forma como esta
sensualidade nos é mostrada: se como parte de uma história e um contexto sócio-cultural ou de forma banal e erótica.
A dança, como conteúdo de ensino potencial da EFE, está sendo deixada à margem. As conseqüências desta
ação já são presentes em algumas escolas, que ingenuamente vêm contribuindo para a reprodução da cultura de
massa, alienante, que tem sido disponibilizada aos alunos, que consomem tais padrões como se fossem as únicas
opções culturais possíveis, uma vez que a estes alunos, a EFE não tem cumprido a sua função no resgate e
valorização da cultura nacional, da qual a Dança afro-brasileira faz parte.
Obs . O autor, Gilberto de Oliveira é acadêmico da UNISUAM e, neste trabalho, foi orientado pelo prof. Dr.
Fabiano Pries Devide do LEFEL-UNISUAM . E-mails: gilbertorj@ig.com.br e fabianodevide@uol.com.br
Referências bibliográficas
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NÒBREGA, Nadir. Dança Afro – sincretismo de movimento. Salvador: UFBA/Editora Santa Maria, 1992.
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DANTAS, Mônica F. Movimento: matéria-prima e visibilidade da dança. Revista Movimento . Porto Alegre, Ano IV, n. 6,
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COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física . São Paulo: Cortez, 1992.
Resumo : Esta pesquisa dá continuidade ao projeto “A inclusão da Ginástica Rítmica nas aulas de Educação
Física do ensino fundamental”, que recebeu o Prêmio de Incentivo à Educação Fundamental, instituído pelo MEC e
Fundação BUNGE em outubro de 2001 e logo em seguida foi extinto compulsoriamente. Entretanto, suas concepções
permaneceram norteando minha prática pedagógica na E.E. Maria Pereira das Neves em Niterói, onde atuo como
professora de Educação Física desde o ano de 2000.
A opção de incluir a dança como conteúdo das aulas de Educação Física possibilitou, a mim e aos alunos, a
oportunidade de vivenciar experiências significativas relacionadas com a capacidade de criação e participação
autônoma, elementos fundamentais para uma reflexão crítica da ação reprodutora sociedade.
________________________________________
O que é dança?
A Dança apesar de sua origem popular e rotineira é considerada Arte, sendo a mais antiga manifestação artística
criada pelo homem. No resgate da história da dança constatamos que as manifestações dançadas (rituais e cultos
primitivos) antecedem às formas de comunicação verbal, ou seja, em sua evolução, “o ser humano dançou antes de
falar. Esta foi sua primeira manifestação social que sempre serviu para auxiliá-lo a afirmar-se como membro da
sociedade” (FAHLBUSCH, 1990, p.1 apud BREGOLATO, 1994, p.57). Partindo da idéia de que os povos primitivos
dançavam sem precisar de aulas para isso, e se comunicavam pela dança, é impossível aceitar quando as pessoas,
hoje em dia, dizem que não sabem dançar. Todos sabem dançar, muitos não sabem que sabem.
A partir das manifestações dançadas dos povos primitivos, a dança passou por diversas fases originando
inúmeras vertentes. Estas diferenciações vão surgindo de acordo com o desenvolvimento histórico cultural dos povos.
Isso explica a diversidade de estilos da dança existentes na atualidade. Eles se interpenetram, trocam informações,
retrocedem a estilos às vezes esquecidos e vão se multiplicando e se desenvolvendo de forma dinâmica,
acompanhando as criações culturais das diferentes sociedades. Segundo Bregolato (1994, p.58 ) “A dança exprime a
alma de um povo, as características de sua formação étnica, seus hábitos, as tradições de seus costumes, um ritmo
próprio expresso no compasso de suas músicas”. Para Fahlbusch (1990 apud BREGOLATO, 1994, p.58) “ela tem
mudado assim como a cultura humana, pois a dança é criada por indivíduos que pertencem a meios particulares”. A
miscigenação dos estilos, possibilitou a diversificação e proliferação da dança; ao mesmo tempo em que a elitizou, na
medida em que a desviou da sua essência como manifestação individual, forma de comunicação entre os indivíduos.
Atualmente convivemos com estilos padronizados de dança, divulgados através da mídia, que determina como
se deve dançar cada música. Este modelo imposto faz da dança uma atividade inacessível para a grande maioria,
limitando a possibilidade de expressão através dela. Se um estilo de dança inibe a movimentação livre, através de
“regras” socialmente estabelecidas, a dança morre como arte. Com isso ela vai deixando de fazer parte da vida dos
indivíduos e, conseqüentemente, desaparece da aula de Educação Física na escola.
Da realidade a uma proposta concreta de mudança
A dança nas escolas costuma se limitar às festividades, eventos comemorativos e culminâncias. Nestas
ocasiões, a professora prepara uma coreografia para as alunas apresentarem, escolhe aquelas que tem a melhor
performance e no dia da festa o “show” acontece. Algumas vezes a música escolhida já remete a uma coreografia
pronta, veiculada pela mídia. Esta coreografia é imitada mecanicamente pelas alunas, que pretensamente dançam
bem. Desta forma a dança realmente não se enquadra na Educação Física Escolar que pretende ser inclusiva e
objetiva a formação do cidadão crítico e autônomo. Outro fator que influi de forma decisiva é o preconceito contra o
homem na dança, difundido pela sociedade de forma generalizada. Raramente os meninos participam das
apresentações de dança na escola.
Introdução
O ensaio trás uma breve menção a evolução histórica que trata da exclusão/inclusão em alguns documentos
internacionais, como a Declaração de Educação Para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca de 1994 e
abordando, no Brasil, a nova Lei de Diretrizes e Bases (1996).
Apresentando ainda algumas idéias de Rizzini (2000) quando afirma que a Humanidade é constituída
maciçamente de mentes enfermas e que a sociedade não pode ser mudada subitamente por meio de leis drásticas.
Sawaia (1999) que afirma que a exclusão/inclusão é uma dialética. Num terceiro momento esporemos pensamentos e
considerações de autores como Santos (1999d), Aranha (1996) e Oliveira (2000) que defendem ao seu turno idéias e
ideais sobre a exclusão/inclusão abordando as leis, os contextos político-sociais, filosóficos e seus respectivos
reflexos psicopedagógicos. Por fim, foram levantados aspectos do contexto filosófico-social a serem possivelmente
considerados na adoção e implementação do processo de inclusão, assim como avaliada as perspectivas de novos
papéis a serem assimilados (ou não) na prática psicopedagógicas do profissional de Educação Física.
Um breve histórico da educação inclusiva
Conforme Sawaia (1999), o que se tem é a dialética exclusão/inclusão, pois, “a sociedade exclui para incluir e
esta transmutação é condição da ordem social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão”.
A dialética inclusão/exclusão gesta subjetividades especificas que vão desde o sentir-se incluído até sentir-se
discriminado ou revoltado (SAWAIA:1999). Essas subjetividades não podem ser explicadas unicamente pela
determinação econômica, elas determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social e
individual, e manifestam-se no cotidiano como identidade, sociabilidade, afetividade, consciência e inconsciência.
Santos (1999d) considera a inclusão em educação de forma distinta como processos que aumentem a
participação e reduzam a exclusão de alunos de diferentes culturas, do currículo e de comunidades em centros locais
de aprendizagem. Esta perspectiva implica em compreender a inclusão como um processo permanente e dependente
de contínuo desenvolvimento pedagógico e organizacional dentro das escolas regulares, ao invés de vê-la como uma
simples mudança sistêmica nas redes de ensino (BOOTH & AINSCOW, 1998).
Em outras palavras, nenhuma escola é inclusiva. Mas as escolas podem (devem) estar incluindo. Isto porque, em
qualquer contexto, há uma série de fatores, tão importantes quanto a deficiência, que também podem afetar a
participação da criança na escola; sendo eles: a falta de acesso à educação, falta de mecanismos que assegurem sua
permanência na escola, evasão e repetência, sistemas rígidos de avaliação de desempenho acadêmico e rendimento
escolar, condições sócio-econômicas da família, localização geográfica em que reside a família e a falta de escola nas
redondezas, falta de transportes que facilite o acesso a escolas de outras localidades, quando não há escolas na
localidade de origem, necessidade de reformulações curriculares, questionável qualidade na formação profissional dos
professores, para mencionar apenas algumas variáveis (SANTOS 1999).
Portanto, argumentamos que, ao discutir políticas de inclusão, consideremos os “alunos que experimentam
barreiras à aprendizagem” (O termo “barreiras à aprendizagem” ainda vem sendo bastante discutido) como foco de
analise mais apropriado do que “alunos com necessidades educacionais especiais”. Acreditamos que, sob este “olhar”,
a ênfase na intervenção recaia nas barreiras à aprendizagem, que devem ser identificadas e minimizadas, ao invés de
identificar e tratar “defeitos” dos alunos.
De acordo com Aranha (1996), é impossível criar uma legislação eficaz para a educação sem ter como suporte
uma teoria pedagógica cujo rigor possa superar a compreensão empírica do fenômeno. Apoiando-se nessa teoria, a
solução para os problemas surge de forma intencional, coerente e não - fragmentada, ultrapassando o nível prático-
utilitário do senso comum.
Conforme Aranha, nas palavras de Saviani, o caráter precário da Lei de Diretrizes e Bases (LDB/61), decorrente
da não utilização de uma teoria que possibilitasse a construção de um verdadeiro sistema educacional brasileiro
(Educação brasileira; estrutura e sistema.).Para ele, não podemos falar em sistema educacional brasileiro, e sim em
estrutura. A estrutura é caracterizada por ausência de planos, assistematicidade da ação, inexistência de projetos
claramente expostos, ou seja, é algo que aí está, que o homem deixou de fazer ou fez sem o saber.
É preciso examinar os interesses subjacentes à elaboração e aprovação de uma lei, também é importante avaliar
sua eficácia, pois vários fatores interferem na sua aplicação.
Segundo Oliveira (PCN,1997)
Sendo assim, para a formação do Professor de Educação Física, é inadmissível pensar em um projeto curricular
fechado, formatado, que não seja flexível e aberto às inúmeras possibilidades que se oferecem a cada momento.
Como admitir um currículo fechado se as fronteiras do conhecimento caíram?
O que se propõe na atualidade é a concepção curricular com ênfase no enfoque social e político, como novo tipo
de valorização de conteúdo. Tudo neste século XXI deve estar fundamentado em princípios , valores, competências,
diferenciais.
Hoje, há de se rever à estrutura do currículo, como produto do processo da reflexão social, amparado nos
anseios comunitários. Para tanto só com parceria, interação, compromisso e resultado positivo, porque educação
envolve a definição da própria vida. Ela revela o grau de evolução dos seres no planeta. Isto exige mutualidade,
solidariedade,reciprocidade, interdependência: a saúde de uma gera bem estar no outro. E mais ainda: rigoroso
critério na seleção de conteúdos, de profissionais da educação, especificamente do profissional de Educação Física,
no acompanhamento dos resultados, dia a dia, para que os objetivos sejam alcançados, através das experiências de
aprendizagem, reais, práticas, operosas na busca de mudanças rápidas.
A escola atual deve rever, repensar sua proposta e a própria conduta pedagógica tendo interesse em ajudar a
formar o perfil do cidadão que se quer construir. Incomoda sobremaneira o desprestigio da escola junto à sociedade.
O índice de rejeição é alto, ainda mais quando se refere ao produto – o homem - que se forma (deforma? formata?)
tão incapaz de exercer a consciência cidadã. Analfabeto social, ele sai dali tropeçando nos fenômenos que acontecem
ao seu redor, não consegue sequer ler as próprias emoções e interpretá-las.
Considerações finais
É interessante analisar alguns aspectos sobre o tema estudado neste artigo. A importância do profissional de
educação, especificamente o profissional de Educação Física, no envolvimento político-social para que tenhamos leis
elaboradas pelo povo e para o povo e não leis que defendem os interesses de determinados segmentos da população.
A importância de nos reconhecermos doentes e incapazes em diversos momentos de nossas vidas e por isso
devemos nos conhecer, conhecer as nossas dificuldades e limitações para que não excluamos o novo, o
desconhecido, pois o ser humano é que pensa e goza de livre–arbítrio; ele é a cabeça da sociedade. Logo, ele é que
precisa modificar-se interiormente, o que acarretará automaticamente a modificação das condições do meio
comunitário. É preciso agir primeiro sobre a inteligência e a consciência dos indivíduos, porquanto, a origem de todos
os males está na ignorância e na inferioridade moral, afirma Léon Denis citado em Rizzini (2000).
Entender que nenhuma escola é totalmente inclusiva. Mas as escolas podem (devem) estar incluindo (SANTOS,
1999d) ao discutir políticas de inclusão, consideremos os “alunos que experimentam barreiras a aprendizagens” como
foco de análise mais apropriado do que “alunos com necessidades educacionais especiais”. Acreditamos que, sob
este “olhar”, a ênfase na intervenção recaia nas barreiras a aprendizagem, que devem ser identificadas e
minimizadas, ao invés de identificar e tratar “defeitos” dos alunos. Pois, em consonância com as idéias de Oliveira
(2002) todos necessitam entender que a luz que brilha em mim é a mesma luz que brilha em todos os homens nessa
esquina do Universo. É preciso decidir pela paz e derrubar de uma vez por todas qualquer muro de separação na
sociedade.
Obs . As autoras Aline de Oliveira Barba (alinebarba@ig.com.br ) e a fisioterapeuta Eliane Vilanova da Silva
Gomes (elianefisio@hotmail.com ) cursam a UNIABEU e foram orientadas neste trabalho pelas Ms Ana Patrícia da
Silva, Ms. Fabiana Rodrigues de Sousa e a prof Rosemary Barbeito Pais
32 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
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SANTOS, Mônica Pereira dos & CARVALHO, Rosita Edler (1999d) Desenvolvendo Políticas e Praticas Inclusivas
“Sustentáveis”: uma Revisão a Inclusão. Educação em foco. set/fev. 1999/2000vol 4, nº 2, pp.47-56.Juiz de Fora,
Ed. UF JF. INSS:0104-3293
SAWAIA Bader. As Artimanhas da Exclusão: Análise Psicossocial e Ética da Desigualdade Social. Vozes, Petrópolis,
1999.
Resumo : Nos últimos anos a prática da escalada vem crescendo e despertando interesse entre jovens e
crianças, sobretudo, após o surgimento dos muros artificiais. Esta modalidade, oriunda da escalada tradicional em
rocha, tornou-se comum em academias e conta também com espaços próprios, como clubes e associações de
montanhismo.
A Escalada vem se desenvolvendo no ambiente escolar por ser um esporte sócio-motor de cooperação. No que
se refere à Educação Física, a prática desta modalidade pelas crianças contempla tanto objetivos lúdicos, como
também pode ser útil nos processos de inclusão social, superação e obtenção de elevado grau de auto-estima.
O objetivo deste trabalho é levantar aspectos da escalada que favoreçam cada vez mais o desenvolvimento da
criança e do adolescente em busca de uma formação consciente e plena.
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1. Introdução
Este trabalho surgiu da iniciativa do GEPE, Grupo de Estudos em Projetos de Extensão da EEFD - UFRJ, na
busca de material que sustentasse nossas práticas nos projetos da Coordenação de Extensão. Esta pesquisa nos
mostrou uma lacuna na formação do profissional de Educação Física que não é capacitado, não só para trabalhar com
escalada, assim como todos os esportes radicais, que são uma área em franca expansão no Brasil. Como já
adquirimos certo conhecimento da área resolvemos escrever sobre os benefícios que a escalada pode proporcionar a
escola.
Os muros artificiais são fontes inesgotáveis de recursos pedagógicos para a escola. Eles proporcionam as
crianças e adolescentes uma vivência que transcende os domínios corporais e envolvem as relações inter e
intrapessoais bem como, o conceito de superação, autoconfiança, concentração, etc. O espaço da escalada também
favorece as relações transdisciplinares no que diz respeito à ligação direta com as disciplinas curriculares.
Falaremos neste trabalho sobre o histórico da escalada, nos muros artificiais e nas escolas, sobre as relações da
escalada com o ambiente escolar e sobre os benefícios da escalada na formação cidadã.
2. Desenvolvimento
2.1 Histórico da escalada “indoor”
A partir da década de 70, inicialmente na França, começou-se a escalar em Ambientes fechados, como uma
opção para os dias de muito frio ou de chuva, que impossibilitava a escalada nas pedras. Com o tempo, este esporte
veio alterando suas características e seus objetivos atuais englobam as mais diferentes faces da escalada, desde o
treinamento, para competições de escalada “indoor”, passando pelo treino de novos escaladores em um ambiente
mais controlado ou até mesmo para sessões recreativa de pessoas interessadas. Neste breve histórico podemos
comprovar a gama de possibilidades que os muros podem proporcionar, principalmente em termos de segurança,
condição primordial para a escalada.
2.2 Histórico da escalada na escola
E meados dos anos 90 algumas iniciativas pioneiras de escolas particulares do Rio de Janeiro e São Paulo
abriram esta porta para a escalada no Brasil. Foram criados muros para a aprendizagem da escalada nesses colégios
e alguns professores de Educação Física que também escalavam ou tinham conhecimento na área começaram a usar
a escalada como um dos conteúdos de suas aulas e a criaram atividades recreativas e de iniciação desportiva para as
crianças e os adolescentes.
O GEPE neste trabalho visou trazer a tona alguns dos questionamentos que a maioria dos escaladores se fazem.
Por que a escalada ainda não conseguiu um espaço significativo na escola mesmo com os inúmeros benefícios que
ela proporciona?
Apesar dos estudos serem muito recentes sobre o assunto já podemos dizer que a tendência não só da
Educação Física , mas de todas as disciplinas escolares é buscar cada vez mais recursos que favoreçam as relações
transdisciplinares e neste sentido a Escalada com certeza têm o seu espaço reservado.
Obs : Os autores, Bruna Nascimento Silva Lombardo (bulombardo@ig.com.br ), Fabio Gandra
(gandratrip@yahoo.com.br ) e Rafael Costa (rafaelsardi@oul.com.br ) são licenciandos em Educação Física – UFRJ
Resumo : A formação do professor de Educação Física e a importância dos jogos no processo de ensino-
aprendizagem da criança nos chamam bastante atenção, na medida que conseguimos utilizá-lo de maneira eficiente e
eficaz. No caso dos jogos é necessário que siga alguns passos, como por exemplo: estabelecer um objetivo para o
jogo; criar as regras; estabelecer se haverá pontuação e/ou tempo; delimitação de espaço; material e número de
participantes. A Educação Física e o jogo não são a única solução para os problemas pedagógicos, se o contexto for
significativo para a criança, o jogo, como qualquer outro recurso pedagógico, tem conseqüência importante em seu
desenvolvimento. Neste sentido a perspectiva que defendemos do professor como sujeito de transformação aplica-se
às várias dimensões da sua existência e realidade, desde a pessoal até a social mais ampla. Queremos neste
momento aprofundar alguns aspectos relativos à dignidade da profissão docente. A falta de condições de trabalho, o
não-reconhecimento social da tarefa educativa, a percepção da fragilidade da formação, etc.
Palavras-chave : Jogo, Formação, Professor.
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Introdução
A Educação Física pode colaborar no processo da alfabetização de várias maneiras. Uma delas é através dos
jogos. O jogo pode ser usado como instrumento para o desenvolvimento do processo de alfabetização da criança
influenciando-a de forma positiva. A criança pode ter maior facilidade de aprendizado se a atividade for proporcionada
de forma lúdica. Nas palavras de Smith (1997:17), a ludicidade é definida:
[...] como uma síntese de todo os comportamentos da criança, o mais amado e mais interessante, é
o comportamento lúdico. É o que ocupa grande parte das atividades livre das crianças e mais
amado porque é agradável fazer parte dele, porque da prazer, normalmente é inocente, mostra-nos
o interesse da criança através da espontaneidade e criatividade e dá-nos a conhecer a sua própria
personalidade.
Segundo Loudreth (1993), “ O jogo é a linguagem das crianças e por vezes os brinquedos são as palavras ”. A
análise da realidade educacional (e social) deixa evidente a necessidade do professor procurar novas formas de
estimular a aprendizagem dos seus alunos, pois eis aí o sentido e a relevância de seu trabalho. Mas revela também a
enorme complexidade de sua atividade, já que implica participar da formação do caráter, da personalidade, da
consciência, da cidadania do educando, tendo como mediação os conhecimentos historicamente elaborados e
relevantes. Além disto, este trabalho será constituído em salas com trinta, quarenta ou mais aluno, “ ao mesmo tempo ”;
se levarmos em conta, por exemplo, as contribuições de Vygotsky (1987:89), pois, podemos perceber que a
intervenção do professor não pode estar muito abaixo do desenvolvimento real do aluno, nem muito acima do
potencial, o que significa um esforço hercúleo para poder atingir a zona de desenvolvimento proximal de cada um dos
educandos. O professor tem um grande papel dado que trabalha com dois elementos da maior importância para
espécie: as novas gerações e o conhecimento. Sua atividade envolve conceitos, imagens, a produção de valores,
ideais, deveres, direitos, visão de mundo, decifração e desvelamento da realidade, projetos, propostas. Não se trata
absolutamente de uma tarefa fácil, mas, com certeza, é muito bonita! É uma das experiências mais fortes e
significativas do ser humano: poder participar da formação do outro. Tudo isto pede, pois, do professor uma revisão da
compreensão de sua atividade e de sua atitude profissional.
Resumo: Este trabalho tem como objetivo buscar uma reflexão sobre a formação acadêmica tendo a
intergeracionalidade como proposta de uma prática pedagógica. Pois, acreditamos em atividades onde a participação
de indivíduos de diferentes gerações pode ressaltar laços de respeito, amizade e solidariedade. Fazendo com que a
educação física transcenda do paradigma fisiológico para um mais humanista. Assim, a formação do licenciado em
educação física deve ultrapassar aspectos técnico-metodológicos da área, que muito das vezes enfatizam um
processo ensino-aprendizagem a-crítico, refletindo em atividades recreativas que reforçam o distanciamento entre as
teorias críticas e reflexivas com as práticas pedagógicas. Neste sentido, uma proposta intergeracional na formação
dos professores em licenciatura se faz necessário, para que todos que fazem parte deste processo educativo possam
fazer das diferenças pontes e não paredes.
Palavras chave: Formação, intergeracionalidade e Educação Física.
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Esta nossa inquietação nasceu a partir do momento que trabalhamos no Projeto de Esporte e Lazer (pela
Secretaria de Esportes do Município de Niterói - Ministério do Esporte) onde uma das propostas de trabalho é a
temática da intergeracionalidade. E observamos, a pouca referência bibliográfica de práticas pedagógicas
relacionadas ao tema intergeracionalidade, ou seja, atividades que envolvam indivíduos de gerações diferentes.
Sabemos que o envelhecimento da população brasileira, e mundial, é um fato. Desta forma a terceira idade
passa a ser um tema de grande importância, pois temos a lei brasileira Lei nº 4482 de 1994 que implanta a Política
Nacional do Idoso e até as campanhas voltadas para um envelhecimento saudável, mas apesar desse esforço ainda
presenciamos uma falta de estrutura sócio-cultural na nossa sociedade.
Citamos BOIS apud ALVES JUNIOR (1998, Mímeo, p.1) lembrado por Bianca Viana:
O envelhecimento da população mundial e acrescentamos também a do Brasil, ocorrido no século XX, como
também o aumento do número de pessoas consideradas como idosos, bem como da longevidade média, contribuíram
por fazer da velhice, mesmo se em todas as épocas existiram velhos, uma novidade para o nosso tempo: não resta
qualquer dúvida que a nossa velhice não será a mesma dos nossos pais, avós ou de nossos ancestrais mais
longínquos.
Assim, com este aumento do número dos idosos em relação aos jovens, ocorrido no século XX, cresce também
as chances de um contato entre estas gerações.
Como professores de Educação Física, onde atuamos tanto na área da educação(escola) quanto na área do
lazer, percebemos a importância de lidar com este fato, pois o desrespeito com este grupo já esta se tornando
comum, como por exemplo, nos asilos, nas filas dos bancos, por alguns motoristas de ônibus, nos hospitais e postos
de saúde, até dentro das próprias famílias e etc.
Objetivando amenizar estas situações precisamos criar situações de ensino e aprendizagem para resgatá-
los(idosos) para uma participação social ativa, interagindo-os com outras gerações, fortalecendo-os na sua auto-
estima e confiança, tanto para eles como para aqueles que fazem parte do processo.
Resumo : A necessidade do movimento é notória desde o início dos tempos, pois é vista como uma forma de
comunicação e de sobrevivência. Movimentos naturais que iniciam o processo de um posterior desenvolvimento da
integridade física, a inter-relação social, o desenvolvimento cognitivo e um desenvolvimento motor mais apurado.
Com o avanço tecnológico e o crescimento das cidades, a necessidade de movimentar-se vem diminuindo
constantemente. As adaptações no cotidiano estão ocorrendo de modo que o indivíduo não tenha tantas experiências
motoras, causando malefícios bio-psico-fisiologicos.
Sendo assim, é inconcebível ver o homem sem movimento, pois é pelo movimento que se chega ao
desenvolvimento (Borges, 1987).
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A definição destes dois termos é de grande importância para compreendermos como ocorre o processo de
desenvolvimento psicomotor na criança.
Quando nos referimos a esquema corporal vemos como a forma concreta de comunicação do indivíduo com o
mundo, sendo uma representação inconsciente, preconciente e consciente.
Se o esquema corporal é em principio o mesmo para todos, desde que sobre as mesmas condições, exemplo:
idade, a imagem corporal é peculiar a cada um, pois está ligado ao sujeito e a sua história, sendo a representação do
inconsciente, podendo se tornar em parte pré-consciente, e somente quando associada a linguagem, corporal ou
verbal, será consciente.
A imagem do corpo é a cada momento a memória inconsciente de todo vivido relacional, podendo ser visual,
motora, auditiva, tátil, entre outros, não devendo, portanto ser analisada separadamente ou adotar para cada estrutura
um padrão único para avaliação de alterações em todas as estruturas. Toda mudança reconhecível entra na
consciência comparando-se com situações já vivenciadas, realizando assim uma avaliação da nova situação que gera
uma mudança na imagem corporal.
Para uma comprovação podemos ter como base a teoria de Zona de Desenvolvimento Proximal enunciada por
Vygotsky (p.73, 2001), o qual enfatiza a todo o momento que o aprendizado e o posterior desenvolvimento se da a
partir da interação que o indivíduo tem com o meio. Segundo ele a aprendizagem ocorre a partir de um
desenvolvimento potencial para um desenvolvimento real. Isso explica a necessidade do indivíduo ter uma imagem
corporal que facilite a interação com o meio, sendo de fundamental importância à participação de um sujeito mais
experiente para que aquilo que ele consiga fazer hoje com a ajuda do mesmo, num estágio posterior seja capaz de
realizar sozinho.
Mediante esse conceito, é importante reconhecer que a imagem corporal deve estar estruturada o suficiente para
que essa relação ocorra através do esquema corporal, que é um facilitador na comunicação, de forma objetiva
promovendo uma constante alteração na imagem que o indivíduo possui. Sabemos que a base da imagem corporal se
estrutura até aproximadamente os seis anos de idade, o que corresponde ao final da educação infantil quando
relacionado à educação física escolar, porém a mesma sofre alterações posteriores, em função da continua relação
que o indivíduo mantém com o meio.
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 43
Assim ao esclarecermos de forma sucinta ambos os termos, podemos chegar a conclusão do quão
correlacionados estão os dois, devendo ser vistos e analisados como um todo, pois só assim na qualidade de
profissional de educação física, conseguiremos adquirir o ápice, ou seja, uma imagem corporal bem estruturada ao
ponto de promover um constante desenvolvimento psicomotor.
Estruturação da imagem corporal: Uma perspectiva para antifragmentação
O inicio do desenvolvimento, que corresponde a faixa etária de 0 a 2 anos, se processa a partir de movimentos
reflexos e básicos fundamentais que são inatos, tendo como conseguinte uma estimulação casual explicado como
parte de um processo maturacional e resulta da imitação e liberdade de movimentos. Quanto maior forem os estímulos
e a possibilidade de novas experiências do recém nascido durante seus primeiros anos de vida, mais completa será a
formação da sua imagem corporal, principalmente sobre o ponto de vista psicomotor.
A imagem corporal do bebê amadurece aos poucos na medida em que ele experimenta o toque, a exploração do
espaço, manipulação de objetos e o contato com os indivíduos.
As experiências corporais que determinam a imagem corporal colaboram para modelação de um esquema que
refletirá na adolescência e na vida adulta. Sua forma poderá ser lapidada, porém terá os elementos da construção
inicial preservado, apesar das transformações ocorridas ao longo da vida.
Segundo Le Bouche, a idéia de separação do seu corpo de outros corpos e objetos se da gradativamente. No
que diz respeito a isso podemos enfatizar a importância da “fase do espelho”, enunciada por Le Bouche segundo os
estudos de Wallon, a imagem do todo acontece quando ele se vê no espelho, passando então de imagem do corpo
fragmentado, a compreensão da unidade do seu corpo como um todo organizado.
Quando exposto à estimulação organizada proporcionando assim uma elevação de sua confiança e auto estima
através de suas habilidades e capacidades motoras, tendem a desenvolver além do que é esperado. Podemos
entender esta auto estima como sendo uma estruturação dos conceitos que o sujeito detém intrinsecamente, e
fundamentais para sua posterior auto compreensão.
O fortalecimento desta auto estima está diretamente ligado ao afetivo, isso explica a necessidade do afeto como
fonte primaria da estruturação da imagem corporal, pois segundo Vygostsky o pensamento é afetivo, isso vem facilitar
ou prejudicar o desenvolvimento cognitivo e consequentemente integral da criança.
Segundo Bee (1996), o afeto ate os três meses é fundamental para o fortalecimento da auto estima. Pois o
mesmo é o facilitador para que o indivíduo se sinta inserido no contexto social, com confiança em seus conceitos,
decisões e consequentemente em seu desenvolvimento, e assim facilitando a aprendizagem.
Outro fator que deve ser levado em consideração para estruturação da imagem corporal é o lúdico que segundo
Feijó pode ser entendido como um traço bio-psico-fisiológico inerente a todo ser humano, que traz em seu bojo,
facilmente os estados de satisfação, prazer, alegria e de envolvimento.
Isso é fundamental, pois tudo o que fazemos com emoção utilizamos boa parte do sistema nervoso central,
liberando neurotrasmissores que facilitam a aprendizagem. Sendo assim, cai a mística que o dualismo ainda insiste
em defender, o de que temos um corpo para o que somos um corpo.
Podemos observar que o individuo quando com o esquema corporal estruturado participa com prazer das
atividades se motivando, e isso facilitará a aprendizagem, na medida que através das sinapses glutamérgicas ele
consegue associações neurais em maior escala, podendo usufruir de suas experiências anteriores para a
aprendizagem.
A Imagem corporal apesar de ter uma base, esta em constante ruptura e adaptação permitindo ao educador
intervir através de dinâmicas, interpretações e até mesmo atividades recreativas, afim, de possibilitar o auto
conhecimento emocional e corporal..
Resumo : Ao nascer, a criança possuí 100 bilhões de neurônios, e sendo bem estimulada com afeto durante a
1º infância, ela terá mais chances de desenvolver sua inteligência. As funções motoras intelectuais e afetivas estão
intimamente ligadas. Ela faz a leitura do mundo bem cedo e participa com todos os seus sentidos. O corpo é um meio
para se conhecer a realidade. A psicomotricidade afeta diretamente a escrita da criança. De nada vale o enorme
esforço para alfabetizar se a aprendizagem não for significativa e o significado nessa fase da vida, depende mais que
em qualquer outra da ação corporal. Concluímos, neste módulo que a Educação Física através das brincadeiras, dos
órgãos e da sua ação corporal e valoriza a espontaneidade da criança. Sua criatividade, suas experiências corporais
e sua vivência social ou seja, seu desenvolvimento físico, social________________________________________
e didático tão importantes na sua alfabetização.
A criança durante toda a sua infância aprende a partir do estudo de material concreto de vivenciar experiências
concretas. Como diz Perrenoud, a criança deve vivenciar suas experiências, pois assim, ela será capaz de resolver
com competência os problemas que lhe surgirão. E só através de experiências concretas, a criança poderá elaborar
seu pensamento. Ao nascer, a criança possuí cem bilhões de neurônios e sendo bem estimulada com afeto, durante a
primeira infância, ela terá mais chances de desenvolver sua inteligência. As funções motoras, intelectuais e afetivas
estão estimadamente ligadas . Através do seu corpo, a criança vê, percebe tudo que a rodeia e procurar tocar,
manifestar suas necessidades, manipular objetos, imitar as pessoas, retribuir um sorriso, dar um feedback. Ela faz a
leitura do mundo bem cedo e participa com todos os seus sentidos. ( Platão 1922)
De acordo com Platão, o corpo para se conhecer a realidade. “É através do corpo que percebemos, ou melhor,
que conhecemos o mundo em que vivemos, pois o mundo nos chega, através da visão, audição, do olfato e paladar. O
que nos faz entender melhor aquela famosa frase de Emília Ferreiro : -“LER NÃO É DECIFRAR, ESCREVER NÃO É
COPIAR.”
A psicomotricidade afeta diretamente a escrita da criança. Tem que haver harmonia entre a ação e a emoção. A
criança antes de ir para a escola já aprendeu a andar e a falar e convive com a presença de material escrito e várias
linguagens.
O complexo organismo humano se relaciona com o mundo movendo-se. Quando o corpo se move, os sentidos
captam informações, ou seja, o aluno já traz para a escola sua experiência corporal e sua comunicação com o mundo
através do seu corpo.
Emília Ferreiro possivelmente concordaria em que de nada vale esse enorme esforço para alfabetizar se a
aprendizagem não foi significativa. E o significado, nessa primeira fase da vida, depende, mais que em qualquer outra
da ação corporal. Entre os sinais gráficos de uma língua escrita e o mundo concreto, existe um mediador, as vezes
esquecido, que é a ação corporal.
Se pensarmos que a criança aprende só quando é submetida a um ensino sistemático e que a sua ignorância
está garantida até que receba tal tipo de ensino, nada poderemos enxergar.
Saber quer dizer Ter construído alguma concepção que explica certo conjunto de fenômenos ou de objetos da
realidade.
A ludicidade é um instrumento de estimulação prático, utilizado em qualquer etapa do desenvolvimento infantil e
para qualquer criança. É uma forma global de expressão que envolve todos os domínios da natureza.
Resumo : É cada vez mais freqüente a inserção da criança na faixa etária de 3 à 6 anos no contexto da
educação infantil, tendo como finalidade o seu desenvolvimento, sobretudo relacionado com o preparo que ela deve
ter em relação ao mundo globalizado. A brincadeira é uma das linguagens utilizadas pela criança desde a mais tenra
idade, a atividade lúdica auxilia sua inclusão nesse contexto.
Para um observador desatento são apenas brincadeiras, coisas sem importância. Mas aos olhos de um
pesquisador, ou de um educador, são coisas importantes que estão ocorrendo. A questão é transformar o jogo infantil
em recursos pedagógicos pré-escolares em construção de conhecimento pelas crianças.
O brincar assume uma função fundamental no desenvolvimento do comportamento infantil pela criação da
situação imaginária, considerando que o que passa despercebido na vida da criança torna-se regra de comportamento
na brincadeira.
Através do brincar a criança se socializa, integra-se em diferentes grupos sociais, explora, compreende o
ambiente no qual está inserida e desenvolve diferentes formas de linguagem.
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Introdução
O período pré-escolar deve preparar as crianças para a escola. Neste artigo iremos abordar a importância não só
de prepará-las para a escola bem como vivenciar o presente, pois a primeira infância é um período da vida onde se
pode viver muito intensamente. Destacaremos o brincar como o fator principal para o desenvolvimento da criança
pequena para sua totalidade.
A educação física pré-escolar dá a criança o direito a um desenvolvimento integral e harmônico, dando-lhe
espaço para que desenvolva, primeiramente na área motora e conseqüentemente na cognitiva, social e emocional.
O primeiro momento da criança na pré-escola
Nos dias de hoje é cada vez mais freqüente a inserção da criança pequena no contexto da educação infantil,
tendo como finalidade o seu desenvolvimento, sobretudo relacionado com o preparo que ela deve ter em relação ao
mundo globalizado.
Sendo assim ao procurar uma instituição de educação infantil, o adulto preocupa-se com aquelas atividades ditas
escolarizantes, entendendo que, assim a criança estará sendo preparada para enfrentar os desafios impostos pela
sociedade.
A idade pré-escolar é considerada a fase áurea da vida, em termos de psicologia evolutiva, pois é nesse período
que o organismo se torna estruturalmente capacitado para o exercício de atividades psicológicas como, por exemplo,
o uso da linguagem articulada.
Quase todas as teorias do desenvolvimento humano admitem que a idade pré-escolar é de fundamental
importância na vida humana por ser o período em que os fundamentos da personalidade do indivíduo começam a
tomar formas claras e definidas.
Fatores que influenciam a inserção da criança na pré-escola
Devemos levar em conta que a criança inserida no contexto pré-escolar nem sempre terá uma aceitação por ela,
podendo gerar muitas vezes angústia, ansiedade, insegurança e sentimentos observados no adulto. Sendo assim o
O jogo permite uma assimilação e apropriação da realidade humana pelas crianças já que este não surge de
uma fantasia artística, arbitrariamente construída no mundo imaginário da brincadeira infantil; a própria fantasia da
criança é engendrada pelo jogo, surgindo precisamente neste caminho pelo qual a criança penetra na realidade.
Aos olhos de um observador desatento apenas brincadeiras, coisas sem importância. Aos olhos de um
pesquisador, ou de um educador, tantas coisas importantes estão ocorrendo. Como o fato de que, nem sempre as
brincadeiras são levadas em conta pelo currículo pré-escolar e quando são, aparecem apenas como recreação ou
possibilidade de desgaste de energia para que, em sala, as crianças possam concentrar-se em atividades didáticas
dirigidas. A questão é como levar em conta o jogo infantil ao serem elaborados planos pedagógicos pré-escolares. Ou
seja, como transformar o jogo infantil em recursos pedagógicos pré-escolar em construção de conhecimento pelas
crianças e como instrumento de organização autônomo e independente das mesmas.
O egocentrismo
Com a permanência da criança na pré-escola é observável a sua autocentração, que é uma centração da criança
nela mesma, chamada por Jean Piaget de egocentrismo.
Este é um aspecto que vai sendo modificado pouco a pouco, dando a liberdade e o ambiente de sua casa não
comprometendo-a física e intelectualmente ela chegará ao 1° grau razoavelmente socializada e estabelecendo
relações de troca com seus colegas de turma na escola.
Teorias da importância do brincar
Froebel (1782-1852) dá uma acentuada importância à criança, a seus interesses e atividades e valorizam sua
liberdade de expressão que pode acontecer por meios de brincadeiras livres e espontâneas, que segundo ele, devem
ser realizadas em cooperação com os outros, em trabalhos de que todos participem. Entende que é por meio do
brinquedo que a criança adquire a primeira representação do mundo.
Wallon defende que o brincar e o brinquedo participam, juntos, na estruturação do Eu e na aprendizagem da
própria vida, no desenvolvimento afetivo, motor, intelectual e social. O brinquedo, nessa perspectiva é vista como um
meio que possibilita à criança conhecer e analisar o mundo e construir sua personalidade. A organização do espaço e
a disponibilização do material são elementos fundantes para que a fluidez das emoções e do pensamento aconteçam
e necessário para o desenvolvimento da pessoa completa.
Vygotsky (1988) aponta o brincar como meio para criar situações simbólicas predominantes na primeira infância
e que configuram o desenvolvimento dos processos psicológicos e a inserção social e cultural da criança. O brincar
assume uma função fundamental no desenvolvimento do comportamento infantil pela criação da situação imaginária,
considerando que o que passa despercebido na vida da criança torna-se regra de comportamento na brincadeira.
Piaget (1860-1980) baseia-se na idéia da criança pesquisadora/exploradora que constrói o seu conhecimento
pela experiência. Dá ênfase ao processo de interação indivíduo-ambiente, procurando compreender os mecanismos
mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. O desenvolvimento cognitivo individual se dá por constantes
desequilíbrios e equilibrações causadas por mudanças internas do indivíduo ou do ambiente. O equilíbrio ocorre por
assimilação, ou seja, o indivíduo as estruturas que já tem para entender as demandas, ou por acomodação, isto é,
modificam-se as estruturas internas com a nova situação. Entende a criança como “sujeito”, atribui importância aos
Resumo : O objetivo deste estudo é abordar a importância do brincar na prática pedagógica e a inclusão da
ludicidade no cotidiano das escolas dentro de uma proposta pedagógica que atenda o educando nos aspectos
cognitivos, motores, sensoriais e afetivos próprios a aprendizagem, já que a criança é desde cedo afastada do jogo,
da experimentação e do ludismo para sobreviver no mundo escolar que se encontra afastado dessa sua realidade. A
escola surge na vida da criança como um marco. O mundo imaginativo da criança desenvolve-se ao lado do caráter
lúdico do processo de aquisição de conhecimento, proporcionando condições de aprendizagem, desenvolvimento da
linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção.
Desse modo, procuro abordar o brincar como atividades pedagógicas na escola e como o professor de Educação
Física pode contribuir nesse contexto, onde o brincar para os alunos constitui referência prioritária do processo de
ensino.
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O que é o brinquedo
O brinquedo apresenta a propriedade de construir o mundo, permitindo sua expressão quando há dificuldade em
verbalizar suas dificuldades. Sua escolha é motivada pôr processos e desejos íntimos, pelos seus problemas e
ansiedades. É brincando que a criança aprende que, quando perde no jogo, o mundo não se acaba.
Na confecção de um jogo, por exemplo, que envolva reproduções de
Um brinquedo que pretenda atender às necessidades educativas e prazerosas de uma criança deve estar
voltado para determinados fatores que contribuem para que as necessidades infantis sejam convenientemente
atendidas. Esses fatores são: interesse, adequação, apelo à imaginação, versatilidade, composição, cor e forma,
tamanho, durabilidade e segurança.
Todos esses aspectos são extremamente importantes na escolha do brinquedo; contudo não é demais ressaltar o
valor que o interesse desperta na criança para sua escolha. Tanto é assim que o objeto prazeroso nem sempre está
associado à beleza aparente ou sua sofisticação.
O interesse a ser despertado na criança é que vai determinar ser o brinquedo bom ou ruim. O brinquedo
considerado bom ou adequado para a criança é aquele que, implicitamente, a convida a brincar; desafia seu
raciocínio; estimula sua atenção e curiosidade; desperta a sua percepção.
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 53
Um brinquedo torna-se atraente para a criança quando representa um objeto de afeto, uma posição de status
perante as demais crianças, sensação de segurança, quando atendem a sua hiperatividade. Ainda despertam o
interesse da criança brinquedos que sirvam de ponte entre ela e uma situação difícil.
O interesse da criança ainda pode ser despertado por ter o brinquedo atendido a uma determinada carência ou a
uma fantasia; ainda por ser um desafio a uma habilidade específica.
Obs . A autora Ivone José Ivo é da UNIVERSO
Bibliografia
BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação . São Paulo, Summus, 1984.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O Jogo Como Elemento da Cultura . São Paulo: Perspectiva, 1990.
LEONTIEV, Alexis et al. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem . São Paulo: Scipione, 1988.
LEONTIEV, Alexis. Psicologia e Pedagogia . São Paulo: Ed. Moraes, 1991.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente . São Paulo, Martins Fontes, 1984.
__________ et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem . São Paulo, Ícone/EDUSP, 1988.
WINNICOTT, Donald W. O brincar e a realidade . Rio de Janeiro: Imago, 1975.
Resumo : Este trabalho objetiva elucidar a importância do trabalho neuromotor para o ganho do tônus da
postura em portadores de deficiência visual (MOSQUERA, 2000). Normalmente, os deficientes visuais fazem uso da
bengala que geralmente serve de recurso para uma movimentação mais segura no espaço em que vive. Porém,
mediante uma análise biomecânica da caminhada com e sem a bengala, a marcha sofre alteração e
consequentemente, a postura também. Isto se deve apenas a duas situações distintas: com a bengala, a percepção
que chega ao cérebro acontece em função das sensações percebidas através das vibrações que chegam aos
exteroceptores das mãos através da bengala, sendo transmitidos ao Sistema Nervoso que em feedback, responde ao
estímulo sob a forma de reação motora (MENDONÇA, 2005). Por outro lado, fora da ótica da atenção do SNC para
esta percepção manual, os proprioceptores plantares não influenciam ao ponto de provocar mudanças posturais a
partir do fornecimento de informações do corpo no espaço, por não serem relevantes mediante o uso da bengala.
Neste sentido, o corpo perde em equilíbrio, direção e controle postural, uma vez que os membros inferiores estão fora
do campo de atenção do SNC naquele dado momento.
Unitermos : deficiente visual, bengala, propriocepção e postura.
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Introdução
Este trabalho é fruto de uma experiência realizada no município de São Pedro da Aldeia/RJ, em um grupo de
alunos especiais, com atenção sobre os deficientes visuais alocados no NESP – Núcleo de Educação Especial-, o
qual faz parte do conjunto de escolas que formam a rede municipal de ensino.
Os portadores de deficiência visual utilizam vários subterfúgios para se locomoverem no espaço em que vive.
Tais subterfúgios estão ligados ao aparelho auditivo, proprioceptivo, cinestésico, cão-guia e até mesmo a bengala.
Comumente, vemos esta locomoção se fazer com maior freqüência a partir do uso da bengala, um recurso barato e
eficiente.
Contudo, no que se refere a esta pesquisa, uma questão passou a incomodar: ao realizar caminhadas em solos
diferenciados com os deficientes visuais, pudemos observar que os mesmos se comportavam de forma diferenciada
com e sem a bengala.
Comungando com tal questão, MOSQUERA (2000, p. 66) faz a seguinte indagação: “de que adianta o aluno
treinar a técnica da bengala longa, esboçar alguns movimentos de coordenação e se aventurar a sair pelas ruas da
cidade se nunca praticou uma atividade física que exigisse coordenação?”.
O uso da bengala – no grupo observado – provoca um movimento de rotação bilateral constante da porção
superior do tronco tanto quanto o deficiente visual for dependente dela. Uma referência secundária é o aparelho
vestibular, que informa ao indivíduo o tônus postural durante a caminhada.
Numa caminhada induzida com diálogo constante e sem a bengala, o que se percebe é que o aparelho auditivo
(des)orienta o deficiente mediante os níveis e distância das vozes dos interlocutores. Neste caso, estamos falando da
perda consciente do equilíbrio dinâmico e, que no caso dos deficientes visuais, não é uma ação motora segura. O
deslocamento do eixo e do centro gravitacional pelo desequilíbrio provoca uma espécie de escape tangencial durante
o movimento. Uma relação equilibrada do eixo, gravidade e equilíbrio para MENDONÇA (2005, p. 84) “permite-nos
captar esses escapes no momento preciso, por mais leves que sejam”. No caso daqueles que não possuem a função
do órgão de maior sensibilidade aos estímulos externos – os olhos-, ajustam-se a partir da ativação de outros
Para entendermos o que é deficiência visual, MOSQUERA (2000,p. 27) diz que “ é a perda total ou parcial da
visão, necessitando o seu portador, de recursos específicos, método braile, sorobã, bengala e outros, para a
alfabetização e a sociabilização”.
A todo instante, estamos recebendo estímulos do meio em que vivemos. Tais estímulos são percebidos por
estruturas denominadas receptores, variando de classificação de acordo com a função e o local em que se encontra.
De acordo com ACHOUR JÚNIOR (1998), “os receptores das terminações nervosas informam as alterações
mecânicas das estruturas músculo-articulares” advindas das inúmeras formas de expressão corporal do ser humano.
O movimento humano é controlado pelo sistema nervoso. Para que este controle seja o mais eficiente possível,
receptores existentes em estruturas como músculos, tendões e articulações informam ao Sistema Nervoso Central
sobre os estímulos recebidos (via aferente). Lá, processada a informação, há uma resposta (via eferente) de comando
que resulta numa ação – neste caso, motora.
Para GUISELINI (2001 apud MENDONÇA, 2005, p. 93):
As informações vindas das diversas partes do corpo são recebidas pelo órgão central, que, por
suas vez, interpreta-as devolvendo as respostas adequadas. A falta de experiência corporal
(movimentos), porém, pode dificultar tal funcionamento (grifonosso).
Podemos concluir, então, que apesar de o corpo ter um mecanismo de auto-funcionamento, a falta de
engramatizações das experiências motoras passadas advindas de atividades físicas contribuem para a não
funcionamento pleno das estruturas sensoriais superiores.
Para LEHMKUHL e SMITH (1989 apud COSTA, 2000):
a informação é integrada com aquela que chega de outros órgãos sensoriais, tais como a retina e o
aparelho vestibular do ouvido, e estes sinais integrados são usados pelos centros de controle
motor do cérebro para ajustar automaticamente a localização , tipo, número e freqüência da
ativação da unidade motora, de modo que uma tensão muscular apropriada seja desenvolvida para
a realização do movimento desejado. (p. 195)
Notamos então, a partir destes argumentos, que há um constante monitoramento das sensações e movimentos
tendo em vista estruturas específicas.
MITCHEL (1983, p. 12) reforça que:
o cérebro possui áreas especiais que comandam funções especializadas, por exemplo, atividade
muscular voluntária (área motora), ou recebem informações especializadas, por exemplo, de
posição de articulação (área sensorial), comando de equilíbrio e coordenação muscular (cerebelo).
(p. 12)
Dessa forma, toda sensação recebida só é distinguida a partir da sua seletividade por uma terminação nervosa
constituída especialmente para receber essa sensação. As informações sensoriais percebidas, segundo POWERS e
HOWLEY (2000, p. 115), se dá a partir da propriocepção ou cinestesia a partir da qual se realiza “o reconhecimento
consciente da posição de certas partes do corpo em relação a outras, assim como da amplitude do movimento dos
membros”.
O trabalho neuromotor assume uma grande importância para o melhoramento mecânico dos deficientes visuais.
Tal trabalho, tendo considerado as peculiaridades individuais de cada ser, pode contribuir consideravelmente para a
auto-correção, ajustamento e profilaxia de deformações relacionadas aos padrões posturais errôneos acometidos
devido à perda da visão. Certamente, nada é mais gratificante para o deficiente visual, do que se sentir mais a
vontade em suas ações motoras diárias.
Obs . O autor, especialista André de Brito Oliveira (profandre.ef@ig.com.br ) é professor do Núcleo de Educação
Especial - NESP
Referência bibliográfica
ACHOUR JÚNIOR, Abdallah. Bases para exercício de alongamento relacionado com a saúde e no desempenho
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ANDERSON, Bob. Alongue-se. Ed. Summus, São Paulo, 2003.
BURKHARDT, Roberto e ESCOBAR, Micheli Ortega. Natação para portadores de deficiências. Coleção de Educação
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COSTA, Marcelo Gomes da. Ginástica Localizada. 3ª ed., ed. Sprint, Rio de Janeiro, 2000.
FELDENKRAIS, Moshe. Consciência pelo movimento: exercícios fáceis de fazer, para melhorar a postura, visão,
imaginação e percepção de si mesmo. Novas buscas em psicoterapia, vol. 5. Ed. Summus, São Paulo, 1977.
GAGEY, Pierre-Marie e WEBER, Bernard. Posturologia: regulação e distúrbios da posição ortostática . Ed.
Manole, 2ª ed., São Paulo, 2000.
GANONG, William F. Fisiologia Médica. 15ª ed., ed. PHP, Rio de Janeiro, 1991.
MATTOS, Mauro Gomes de. Teoria e Prática da Metodologia da Pesquisa em Educação Física: construindo seu
trabalho acadêmico: monografia, artigo científico e projeto de ação. Ed. Phorte, São Paulo, 2004.
MENDONÇA, Meg. RP2: método de alongamento. Ed. Phorte, São Paulo2005.
MICHELL, Laura. Relaxamento Básico: o método fisiológico para aliviar a tensão . Ed. Martins Fontes, 1ª ed.
brasileira, São Paulo, 1983.
Resumo : A intergeracionalidade envolve os conflitos de gerações estando presente nas relações familiares, na
escola e na vida. Como nessas relações existe um reforço negativo do envelhecimento, cabe a escola tratar deste
assunto através da sua presença nos currículos, planejamentos e Projetos Políticos Pedagógicos de forma a utiliza-lo
como tema transversal para que haja uma compreensão da realidade e do respeito as diferenças interpessoais,
incluindo as diferenças fisiologias que a idade promove. As relações intergeracionais devem estar presentes nas
discussões da comunidade escolar de modo que possam ser tratadas de acordo com as necessidades de cada
comunidade, mas sem esquecer da consciência e do respeito mútuo que deve existir entre as gerações.
Palavras-chaves: intergeracionalidade; escola; envelhecimento; vida
________________________________________
Os conflitos de gerações acontecem de várias maneiras: seja quando a avó é desrespeitada pela filha na frente
da neta, do qual toma conta (o que pode levar esta criança a ter uma atitude similar com sua mãe no futuro); seja na
escola, quando há um reforço negativo em relação as atitudes falhas da criança, associando seu erro aos atos dos
idosos (como quando uma criança cai e o professor fala “parece uma velha”); ou mesmo a própria mídia, que ora
infantiliza o idoso,ora o transforma num estorvo que se arrasta para atender o telefone do neto que está em outro
país, entre outras situações que, se aqui descrevêssemos, daria um relato de muitas páginas. No entanto, nosso
interesse por este assunto está em discutir sobre os aspectos da intergeracionalidade dentro do ambiente escolar, que
hoje em dia é o meio onde (teoricamente) formamos cidadãos que serão conscientes de seu papel perante a
sociedade. Em um meio que privilegia o jovem, o belo e o forte, aqueles que não se enquadram dentro destas
características são marginalizados e, dentre estes, o fator idade é determinante. Desta forma, é mister tratarmos
sobre este assunto na escola, já que é nela onde encontramos o melhor meio para desmistificarmos para as novas
gerações os diversos tabus, mitos e preconceitos com relação à velhice.
Dentro das diversas possibilidades que temos de atuar na escola junto à sociedade, percebemos o
envelhecimento como um tema a ser tratado na perspectiva dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN`s) como
“tema transversal”. Estes têm como critérios de escolha a sua urgência social, sua abrangência nacional e levam em
conta a possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental, assim como devem favorecer a compreensão
da realidade e a participação social. O PCN, especificamente o que trata sobre temas transversais, versa sobre as
várias relações da sociedade, sem no entanto aprofundar-se no envelhecimento e suas conseqüências. Para
atingirmos esses critérios e com o intuito de através da educação para a cidadania modificar esta realidade que se
mostra desigual com o idoso, devemos trabalhar na escola “...questões sociais (que) sejam apresentadas para a
aprendizagem e a reflexão dos alunos, buscando um tratamento didático que contemple sua complexidade e sua
dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais. Com isso o currículo ganha em flexibilidade e
abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes realidades
locais e regionais e que novos temas sempre podem ser incluídos” (BRASIL, p.25).
Por isso vemos a necessidade deste tema estar presente nos conteúdos, nos planejamentos e inclusive no
Projeto Político Pedagógico (PPP), já que o processo de envelhecimento está, na maioria das vezes, associado à
improdutividade, inércia, dependência, doença e morte. Ora, sabemos perfeitamente que com os avanços da
medicina, além da média de idade ter avançado, a qualidade de vida também melhorou, proporcionando também um
Resumo : Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a relação entre Educação Física e Educação em Saúde
no universo escolar numa perspectiva histórica, bem como apontar a necessidade dessa temática ser abordada na
formação do professor.
Palavras-chave : Educação Física; Educação em Saúde; escola; formação do professor.
________________________________________
O interesse por essa temática surgiu a partir da minha trajetória acadêmica e profissional. Durante o curso de
Licenciatura em Educação Física na UFRJ, tive a oportunidade de vivenciar diversas experiências em academias,
clubes, condomínios e, finalmente, em escolas da rede pública, nas quais realizei o estágio curricular obrigatório,
denominado prática de ensino.
Surgiram muitos conflitos de identidade nessa trajetória. De forma cartesiana, a Escola de Educação Física e o
Centro de Ciências da Saúde, reproduziam uma visão militarista, funcionalista e fragmentada do ser humano (Freire,
1989), distanciando o corpo das questões que lhe são inerentes – sexualidade, gênero, etnia, classe etc.
Paradoxalmente, a formação pedagógica no Centro de Filosofia e Ciências Humanas, discutia a complexidade e
integralidade dos sujeitos, construídos historicamente, a partir das relações sociais que estabelecem ao longo da vida.
Tudo isso, somado à dissociação entre teoria e prática ainda muito presente no campo da Educação Física,
gerou inúmeros conflitos nas minhas primeiras experiências profissionais. A tão almejada práxis pedagógica tornou-se
um desafio.
Senti uma grande necessidade de ampliar meus horizontes enquanto educadora, o que me levou a continuar os
estudos em áreas que possibilitassem essas reflexões. A especialização em Educação em Saúde Pública foi uma
oportunidade de aprofundar os estudos sobre a saúde escolar e os fatores que determinam esse processo.
Ao me dar conta que a saúde não é um estado estável e sim um processo multideterminado, não somente pelos
fatores biológicos, mas também pelo contexto social, cultural, político e econômico, no qual os sujeitos estão
inseridos, comecei a perceber a importância dessa temática ser abordada em sua concepção mais ampla no campo
da Educação Física.
Ampliando o conceito de saúde
Os benefícios que a prática regular de atividade física proporciona às pessoas, no que se refere à prevenção de
doenças como diabetes, cardiopatias, obesidade e outras, são comprovados cientificamente (Palma, 2000).
Contudo, estabelecer uma relação da Educação Física com a Saúde apenas nessa perspectiva biológica e
individualizada seria minimamente reducionista.
O processo saúde-doença reflete as condições de vida das pessoas, pelas oportunidades que elas têm de fazer
escolhas e tomar decisões, além do acesso aos serviços essenciais – saúde, educação, assistência social etc.
O conceito ampliado de saúde proposto na VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, ultrapassa a
noção de simples ausência de doença e avança na definição de estado de bem-estar físico, mental e social, descritas
pela Organização Mundial de Saúde desde 1948 (PCN/Temas Transversais, 1998).
Historicamente, a saúde foi abordada no Brasil numa perspectiva higienista e eugenista, até o final do século
XIX. Na escola, este assunto foi discutido por muito tempo apenas nas disciplinas que tratam do corpo (Biologia,
Educação Física, Higiene etc.), acentuando seu determinismo biológico.
A transmissão bancária de conteúdos, a partir de uma visão preventivista, culpabilizava as pessoas por sua
condição de doença, visando a mudança de hábitos e comportamentos individuais, de forma desvinculada da
realidade social dos alunos, suas famílias e comunidade (Lencastre, 1992).
Em meados do século XX, outra tendência predominou o espaço escolar, tentando justificar o fracasso da
aprendizagem a partir de justificativas biológicas. O baixo rendimento escolar passou a ser considerado resultante de
patologias clínicas (médicas, psicológicas etc.), desconsiderando mais uma vez os determinantes sociais que estão
envolvidos nesse processo.
A inclusão dos Programas de Saúde na grade curricular das escolas, na década de 80, foi uma tentativa de
correlacionar algumas disciplinas das Ciências Sociais e Humanas com as da Saúde (Estudos Sociais, Educação
Física e Ciências), buscando-se romper com essa tendência dicotômica, que valorizava os aspectos biológicos em
detrimento dos sócio-culturais.
A introdução dos profissionais de saúde na escola proporcionou uma aproximação com os professores,
considerada um dos pontos mais positivos dessa tentativa de integração das duas áreas. Ela possibilitou a troca de
experiências e reflexões sobre uma mesma realidade - a saúde escolar - a partir de diferentes visões.
No entanto, a desarticulação das Secretarias Estaduais e Municipais de ambas a áreas, a inexistência de
investimento, de políticas públicas que favorecessem essa integração e a ausência de subsídios teórico-
metodológicos para as equipes de educação e de saúde responsáveis pelos Programas de Saúde, contribuíram para o
fracasso desse processo (SMS/GPSE, 1996).
Essa proposta de articulação foi discutida na VIII Conferência Nacional de Saúde, enfatizando a necessidade
urgente de capacitação dos profissionais para abordagem dessa temática, numa perspectiva de que o processo
saúde-doença dos escolares é resultante do seu contexto de vida.
A Educação em Saúde tornou-se uma área de conhecimento interdisciplinar, intersetorial e multiprofissional, que
tem como objetivos prevenir doenças e promover saúde. Adota uma metodologia participativa e uma pedagogia
problematizadora, que proporcione a reflexão sobre o conceito ampliado de saúde e os determinantes sociais,
políticos, econômicos e culturais do processo saúde-doença. Visa contribuir para o desenvolvimento da autonomia,
auto-estima e capacidade crítica dos sujeitos, acerca do papel dos diferentes atores sociais envolvidos nesse
processo, em busca da melhoria da qualidade de vida das pessoas, suas famílias e comunidades nas quais estão
inseridas.
Essa discussão foi intensificada nos fóruns dos profissionais de educação e de saúde, evidenciando a
necessidade urgente de instrumentalização para atuação nessa interface.
64 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
Na década de 90, o Ministério da Educação publicou documentos oficiais visando a construção de um referencial
curricular para todas as escolas brasileiras. Entre outras recomendações, afirma que as questões sociais deverão ser
tratadas na mesma intensidade dos conteúdos convencionais, oferecendo ao educando a oportunidade de refletir
sobre diferentes temáticas em sua totalidade e complexidade, de acordo com a realidade local.
Foram integrados ao currículo escolar, os Temas Transversais, selecionados de acordo com a sua relevância
social e abrangência nacional, incluindo-se na sua abordagem, o contexto histórico-social vivido no cotidiano das
comunidades, famílias, alunos e professores. São eles: Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação
Sexual, Trabalho e Consumo entre muitos outros que se mostrarem relevantes no contexto de cada escola, devendo
ser abordado intersetorial e interdisciplinarmente, de forma contínua, sistemática, abrangente e integrada (PCN/
Introdução, 1998).
O papel do professor no contexto da saúde escolar
O professor tem o papel de “motivador que introduz os problemas presentes, busca informações e materiais de
apoio, problematiza e facilita as discussões por meio da formulação de estratégias para o trabalho escolar” (PCN/
Temas Transversais, 1998).
Ele poderá estimular e viabilizar a discussão, reflexão e análise crítica sobre as questões de saúde dos
escolares, promovendo a troca de experiências, de opiniões e informações que contribuam para a (des)construção de
valores e concepções acerca da qualidade de vida, possibilitando o diálogo, o debate e a integração da escola com a
família e a comunidade.
Não se espera do professor que ele se torne um especialista em saúde, mas que seja um articulador desse
processo, possibilitando a reflexão crítica de assuntos como violência, DST/aids, drogas, gravidez, acidentes de
trânsito, trabalho entre muitos outros considerados prioritários para adolescentes e jovens em idade escolar, segundo
o Ministério da Saúde (Temas Transversais, 1998).
A parceria da escola com os serviços de saúde e de assistência social da comunidade será fundamental para a
qualidade de vida dos escolares, sendo o professor um dos articuladores nesse processo.
A interseção da educação física com a educação em saúde na escola
Se compreendemos a Educação Física enquanto área de conhecimento que atua na interface das dimensões
biológicas, afetivas, cognitivas e sócio-culturais, torna-se fácil estabelecermos a sua relação com a Educação em
Saúde.
Contudo, constata-se que, ainda hoje, a relação estabelecida entre a Educação Física e a Saúde está fortemente
marcada pelo viés exclusivamente biológico (Palma, 2001).
Na contraposição dos modelos reducionistas adotados por muito tempo nessa área, busca-se garantir no
momento, a atuação da Educação Física no desenvolvimento integral do aluno, para além do ensino técnico-mecânico
isolado (PCN/ Educação Física, 1998). Nessa perspectiva, o professor de Educação Física deverá assumir sua
responsabilidade no processo pedagógico, do qual esteve praticamente isento ao longo da história dessa profissão.
A Educação Física escolar terá um papel fundamental na reflexão sobre a concepção ampliada de saúde,
proporcionando aos estudantes a possibilidade de discutir sobre os fatores que estão relacionados ao processo de
saúde-doença, relacionando-os à capacidade dos escolares fazerem suas escolhas, tomarem decisões e buscarem o
acesso aos serviços essenciais que promovem a qualidade de vida da população.
Essa perspectiva visa desconstruir uma tendência histórica de culpabilizar os indivíduos por sua má performance
ou pela sua condição de doença. Tudo isso é determinado pela realidade social na qual os escolares estão inseridos e
pelas possibilidades que eles têm de adotar modos de vida mais saudáveis.
Obviamente, a abordagem da educação em saúde na escola não é uma prerrogativa do professor de Educação
Física, mas de todos os educadores. Todavia, não podemos negar alguns fatores que contribuem significativamente
Diante dessa trajetória e das suas evidências históricas, insisto na necessidade de incluir na formação
acadêmica do professor, inclusive o de Educação Física, a abordagem da Educação em Saúde, a fim de capacitá-lo
para lidar com as questões de saúde do escolar em sua complexidade e integralidade.
Acredito que construir junto com o professor as diretrizes teórico-metodológicas para a abordagem da saúde no
seu conceito mais amplo, favoreça o seu reconhecimento enquanto ator fundamental nesse processo. Assim, pode ser
que esse educador sinta-se mais seguro e competente para tratar dessas questões em sua prática pedagógica.
Obs . A autora, prof. Viviane Vieira de Freitas (vfreitas@sesc.com.br) é do SESC- / Div. de Programas Sociais/
Núcleo de Educação em Saúde
Referência bibliográfica
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Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
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LENCASTRE, Eris Focesi. Formação em saúde escolar. A criança em idade escolar. Revista brasileira de saúde
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PALMA, Alexandre. Educação Física, corpo e saúde: uma reflexão sobre outros modos de olhar. Revista Brasileira de
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Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Saúde. A atenção integral à saúde da criança em idade escolar: uma proposta
da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro . SMS/GPSE, 1996.
Resumo . A educação física, enquanto integrante da escola, participou de maneira efetiva de duas formas de
fazer educação: em um determinado momento, oportunizou a prática de movimentos corporais mecanizados,
homogêneos, com forte influência militar, e em um segundo momento, a prática de atividades, chamadas recreativas,
que surgiram como um mecanismo de aliviar tensões, liberar energias e de manter o controle sobre os corpos, de
maneira alegre e feliz.
Através destas atividades recreativas a ludicidade foi sendo utilizada de maneira instrumental, não se
valorizando os aspectos essenciais da ludicidade como: espontaneidade, imaginação, liberdade, etc. Neste sentido,
esta pesquisa procura, a partir do contexto da escola pública, identificar e compreender os sentidos de ludicidade
utilizados no discurso do professor de educação física no primeiro segmento do ensino fundamental.
A população/amostra deste estudo é composta por dois professores e quatro professoras de educação física que
trabalham no primeiro segmento do ensino fundamental, da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, nos Bairros:
Marechal Hermes e Vila Valqueire, Cidade do Rio de Janeiro.
O estudo veio confirmar que o lúdico nessas aulas de Educação Física Escolar não tem sido valorizado pelo(a)
professor(a) de Educação Física de forma essencial, valorizando alegria da participação, da imaginação acontecendo
ativamente no brincar da criança, sem preocupação com os objetivos externos ao próprio jogo. Os professores
entrevistados, em sua grande maioria, conduzem suas aulas baseadas na aprendizagem de regras, técnicas e
capacidades psicomotoras, utilizando-se da ludicidade de maneira a alcançar os seus objetivos.
________________________________________
Este estudo pretende investigar de que maneira o professor de educação física vem abordando a temática
ludicidade em suas aulas de primeiro segmento do ensino fundamental.
1.2 Questões a investigar
a) Qual perspectiva de ludicidade está sendo utilizada pelo professor de educação física: o lúdico instrumental
e/ou lúdico essencial?
b) Quais os conteúdos utilizados pelo professor de educação física que favorecem o aparecimento da
ludicidade?
c) Quais os procedimentos metodológicos utilizados pelo professor de educação física que facilitam o
aparecimento da ludicidade?
Esta pesquisa procura, a partir do contexto da escola pública, identificar e compreender os sentidos de
ludicidade utilizados no discurso do professor de educação física no primeiro segmento do ensino fundamental.
1.4 Estratégias metodológicas
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, de natureza qualitativa, do tipo exploratório,
com a intenção de descrever e de interpretar o conteúdo veiculado por meio de depoimentos de um determinado
grupo de atores sociais.
1.4.1 População e amostra
A população/amostra deste estudo é composta por dois professores e quatro professoras de educação física que
trabalham no primeiro segmento do ensino fundamental, da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, nos Bairros:
Marechal Hermes e Vila Valqueire, Cidade do Rio de Janeiro.
1.4.2 Instrumentação, coleta e análise dos dados
Como abordagem aos professores, utilizamos entrevistas semi-estruturadas, para analisar essas falas utilizamos
a técnica da análise do discurso (MAINGUENEAU,1997), onde foram construídos 9 quadros com as respostas de
todos os entrevistados, um para cada pergunta, analisando cada um deles, em separado, e posteriormente,
discutindo, de maneira geral, as respostas, tentando elucidar as questões a investigar do estudo.
2. Análise das entrevista
O lúdico nas aulas de Educação Física Escolar não está sendo valorizado pelo professor como essencial da
aula, não tem fim em si mesmo, porém todos sabem defini-lo e reconhecê-lo como fundamental na formação do aluno.
A aula em sua maioria tem início no lúdico essencial, para depois passar a ser instrumentalizado sendo inserido
fundamentos, regras, disciplinas, dando outra direção ao lúdico, que não é sua essência.
Para a escola o método de prática pedagógica através da auto reflexão, vem com um propósito de reformar
ações sociais, políticas, econômicas, culturais da sociedade atual. Tanto em relação as suas próprias ações, quanto
as ações que estão subjetivamente inseridas em seu próprio ser, tornado-se assim sujeitos de sua própria história e
consciente de suas possibilidades e impossibilidades. Busca desta forma valorizar produções próprias de sua cultura,
criação, imaginação, espontaneidade, interatividade e participação para evitar a reprodução e a copia de valores como
acontece nos esportes institucionalizados (FREIRE,2002).
Percebemos que o lúdico está presente nas aulas de Educação Física do primeiro segmento do ensino
fundamental no Município do Rio de Janeiro, em especial, nas escolas cujo os professores entrevistados fazem parte
deste material de pesquisa.
Para estes onde o lúdico é “tido como sério”, é importante no processo pedagógico educacional, porém durante
as aulas os professores não atribuem como conteúdo básico as atividades lúdicas essenciais, mas são instrumentais
que muitos julgam ser fundamental para o processo de ensino aprendizagem.
Como já apresentado por PASSOS (1995), o estudo veio confirmar que o lúdico nessas aulas de Educação
Física não tem sido valorizado pelo(a) professor(a) Educação Física de forma essencial, valorizando alegria da
participação, da imaginação acontecendo ativamente no brincar da criança, sem preocupação com os objetivos
externos ao próprio jogo. Os professores entrevistados, em sua grande maioria, conduzem suas aulas baseadas na
aprendizagem de regras, técnicas e capacidades psicomotoras, utilizando-se da ludicidade de maneira a alcançar os
seus objetivos.
3. Considerações finais
Tendo em vista a relação da ludicidade e da vida do ser humano, compreendemos que a importância da sua
manifestação está presente em nosso dia-a-dia: no trabalho, nas ruas, na escola; em todo âmbito que houver um
homem sabemos que poderá haver a manifestação do seu lado lúdico (brincadeira e jogo como necessidades
humanas).
Resumo : Projeto de monografia de final de curso que visa analisar através de um estudo de casos a situação
do espaço físico escolar e suas influências para as aulas de Educação Física. Seu objetivo é verificar se as escolas
estudadas se preocupam em estabelecer uma organização espacial escolar coerente a fim de contribuir com o
desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor do corpo discente. Nessa perspectiva, a Educação Física encontra
diversos empecilhos que afetam a dinâmica das aulas. ________________________________________
Introdução
A presença da disciplina Educação Física na escola depende, em parte, da existência, da diversidade das
instalações, bem como de sua acessibilidade. Cabe a cada instituição de ensino pensar em sua organização,
adequando as suas demandas para que o corpo discente não seja prejudicado no aprendizado.
A infra-estrutura de uma escola é um fator importante para um bom desempenho do aluno nas aulas de
Educação Física, seguindo critérios de distribuição harmoniosa e de qualidade estética, de forma a responder às
necessidades dos diversos tipos e níveis de prática esportiva.
Os sentidos e práticas sociais produzidos ao redor do esporte não podem ser negligenciados. É, portanto, nos
espaços da cidade e no cotidiano das pessoas que o esporte encontra formas variadas de existência e manifestação.
Dessa forma, a instituição escolar não pode estar ausente nesse contexto e também necessita de espaços
coerentes que comportem manifestações culturais diversas, que permitam um lidar pedagógico adequado com o
fenômeno esportivo.
Sendo assim, o objetivo deste estudo é analisar a importância da organização espacial escolar e sua influência
nas aulas de Educação Física. Posteriormente, verificaremos se os resultados revelam alterações na dinâmica das
aulas.
Logo, poderemos verificar se nessas escolas houve uma organização espacial escolar coerente ou se tais
escolas não se preocupam com um espaço físico adequado, podendo levar a uma deterioração do ensino da
Educação Física. Nesse contexto, certas questões devem ser refletidas, tais como: Nas escolas com uma organização
espacial escolar coerente, o espaço físico é bem explorado nas aulas de Educação Física? E as aulas de Educação
Física sofrem influência nas escolas com um espaço físico atrofiado?
Tal estudo se justifica por ser de fundamental importância para analisarmos como os espaços sejam eles
campos, quadras, piscinas, salas de dança e lutas etc são dimensões importantes no aprendizado motor, afetivo e
cognitivo do aluno, identificando os significados destes equipamentos para o ensino da Educação Física.
Metodologia
Buscaremos alcançar nosso objetivo a partir de um estudo de casos através de análises de quatro Instituições de
ensino do tradicional bairro da Tijuca, localizado na Zona Norte carioca. Analisaremos escolas de características
distintas: duas escolas públicas, sendo uma com amplo espaço para as aulas de Educação Física e a outra com uma
área imprópria para tal, e mais duas escolas particulares, também respeitando o mesmo critério das instituições
públicas, ou seja, uma com um espaço apropriado e a outra não. A pesquisa se baseará em observações de campo
nas respectivas escolas, analisando seu espaço físico e sua relação com as aulas de Educação Física. Ouviremos
relatos de professores e alunos das instituições a respeito da problemática em questão.
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 71
Após este embasamento teórico, o presente projeto coletará dados ao longo dos trabalhos de campos que serão
feitos nas escolas visitadas, além de analisarmos esses resultados. Dessa forma, teremos subsídios suficiente para
saber se o espaço físico tende a ser algo importante numa escola para atender as necessidades do professor de
Educação Física.
Desenvolvimento do trabalho
Para esclarecermos as questões acima, analisarmos a temática em tela e darmos embasamento ao trabalho,
trabalharemos de forma interdisciplinar em seu primeiro momento, abordando pertinentes contribuições que a
Geografia pode nos fornecer através do significado de espaço, área a qual me sinto a vontade em trabalhar, já que
tenho formação acadêmica neste campo – licenciado e bacharel pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Faremos também uma análise histórica sobre a questão da organização espacial escolar e a influência desta sobre a
Educação Física Escolar.
Conceito de espaço
Conceito oriundo da Geografia, existem diversas vertentes que explicam o significado de espaço e suas
complexidades.
A geografia crítica e a geografia cultural servirão como base principal para a construção do pensamento
abordado nesse estudo, pois elas nos trarão sólidos alicerces capazes de perceber que
“(...) o espaço constitui uma realidade objetiva, um produto social em permanente processo de
transformação. O espaço impõe sua própria realidade; por isso a sociedade não pode operar fora
dele. Consequentemente, para estudar o espaço, cumpre apreender sua relação com a sociedade,
pois é esta que dita a compreensão dos efeitos (...)” (SANTOS, 1985, p. 49).
Como podemos perceber através da citação acima, não podemos negligenciar as ações impostas pela sociedade
ao espaço, pois sem tais informações a análise torna-se incompleta. O espaço não é estático, pelo contrário, ele
encontra-se em constante processo de modificação e interação com o meio.
Dessa forma, ao encaminharmos a problemática em questão para o âmbito escolar, perceberemos também que a
população que freqüenta uma instituição de ensino age, interage e altera o espaço, seja negativa ou positivamente.
O espaço físico escolar possui grande importância para o corpo discente em diversos aspectos, uma vez que
este será cenário diário de estudo, discussões, debates, reflexões, convívios sociais e lazer. Deve ser convidativo
para os alunos, um lugar que represente relações de intimidade e afetividade, em que se manifesta através de
apreciação visual ou estética e pelos sentidos a partir de uma longa vivência (TUAN apud CORRÊA, 1995). Dessa
forma, podemos criar vínculos afetivos e possibilitar um ambiente facilitador para o desenvolvimento cognitivo, além
de estabelecer ou restabelecer valores como preservação e valorização de um espaço social.
Nesse contexto, é válido citarmos outro conceito muito trabalhado pela Geografia, mais precisamente a geografia
cultural. A escola com essas características torna-se para o aluno um espaço vivido, ou seja, um espaço íntimo
banhado com experiências pessoais e por representações simbólicas. Tais simbolismos vão traduzir “em sinais
visíveis (...) as suas aspirações, crenças, o mais íntimo de sua cultura” (ISNARD, 1982, p. 71).
Sendo assim, ao estabelecer com o espaço escolar esta relação, o corpo discente tende a gerar em sua mente
um espaço referente ao afetivo, ao mágico, ao imaginário, podendo proporcionar um melhor desenvolvimento do aluno
em diversos aspectos dentro da escola.
Ao enfocarmos para o âmbito escolar, o espaço é analisado por Escolano (1998), no qual comenta:
“Os espaços educativos, como lugares que abrigam a liturgia acadêmica, estão dotados de
significados e transmitem uma importante quantidade de estímulos, conteúdos e valores (...), ao
mesmo tempo em que impõem suas leis como organizações disciplinares” (p.27).
Numa escola alguns itens aparecem como necessários para um bom funcionamento e desenvolvimento da
instituição como um todo, principalmente para o corpo discente. Nessa perspectiva, pensar, planejar e organizar
espacialmente de maneira correta a infra-estrutura de uma escola proporciona um aprendizado diferenciado. Segundo
a LDB, lei 9.394 de 1996 de diretrizes e bases da educação brasileira, o Estado tem o dever de garantir “padrões
mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos
indispensáveis ao desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, SECRETARIA
DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA 1999, p. 40).
Sendo assim, o que de fato deve ser considerado indispensável dentro do ambiente escolar? Para isso, alguns
estudos por exemplo tem sido elaborados para avaliar a capacidade estrutural das escolas e reorganizar o ensino
básico do país. Entre os anos de 2000 e 2002, por exemplo, um grupo de profissionais trabalhou no projeto “Os
Padrões Mínimos de Funcionamento para o Ensino Fundamental — Ambiente Físico Escolar”, do Programa
Fundescola do MEC, responsável pelo desenvolvimento do projeto (BRANDÃO, 2004).
Chegou-se, por fim, ao consenso de que o trabalho seria abordado em três aspectos: mobiliário escolar, espaço
escolar e material didático. Estabeleceu-se que a escola é uma organização de prestação de serviços educacionais;
que todo e qualquer aluno tem direito aos mesmos serviços, no mesmo padrão de qualidade, independentemente da
localização ou do tamanho da escola que freqüentem, tentando acabar com alguns paradigmas no que se refere ao
tratamento do ambiente escolar (BRANDÃO, 2004).
Nesse contexto, a Educação Física encontra-se no meio desta grande problemática. Como publicado na
reportagem acima, mesmo com uma área inadequada de trabalho, nenhuma disciplina deve diminuir a sua qualidade
no ensino por questões estruturais e todos os alunos têm que possuir uma aprendizagem igualitária com o mesmo
tratamento pedagógico.
Assim, a sociedade escolar ao saber organizar e usar os espaços de ensino, explorados não só pela Educação
Física, mas pelas diversas disciplinas, poderá obter diversos ganhos pedagógicos e ser mais coerente com a própria
LDB e o PCN da Educação Física. Infelizmente, o que vemos atualmente é um desinteresse pela maioria das escolas
em analisar essa necessária questão. Podemos corroborar tal fato ao observarmos a criação de diversos colégios em
casas e edifícios - comprados ou alugados - que, na época de sua construção, não tinham o objetivo e nem
características funcionais e arquitetônicas para abrigar uma escola. Por isso, tal estudo pretende explicitar suas
conseqüências para a Educação Física.
“Uma sociedade só se torna concreta através de seu espaço, do espaço que ela produz e, por outro lado, o
espaço só é inteligível através da sociedade” (CORRÊA, 1995, p. 26).
Obs . O autor, Marcelo da Cunha Matos, é acadêmico da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ e
Geógrafo formado pela UERJ.
Referências bibliográficas
BRANDÃO, Maria Beatriz A. O MEC pagou e abandonou um belo projeto. Jornal O Globo. Rio de Janeiro, 10 de
novembro, 2004.
CORRÊA, Roberto L. Espaço, um conceito-chave da Geografia In: CASTRO, I. E., CORREA, R. L. e GOMES, P. C. C.
(orgs.). Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995, p. 15-47.
ISNARD, H. O Espaço Geográfico. Coimbra. Almedina, 1982.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA. Parâmetros Curriculares
Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
Resumo : As aulas de Educação Física ficam restritas muitas vezes as atividades tradicionais como os
desportos e jogos. É muito difícil encontrar um professor de Educação Física que experimente adicionar outras
práticas corporais em suas aulas. Por esta razão, diferentes práticas corporais devem fazer parte da aula para que os
alunos possam explorar as muitas possibilidades de ser opor, de forma que se conheça os seus limites e tente
ultrapassá-los. A formação do professor de Educação Física deve abordar elementos da corrida de aventura
relacionados com a imensa pluralidade cultural oferecida pelo nosso país. O estudo teve como ponto norteador os
PCNs (1998) pois, trata-se de um ensaio bibliográfico e exploratório do ponto de vista da abordagem do problema.
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Introdução
A pluralidade cultural é uma questão importante nos processos de âmbito escolar. Trata-se de incluir atividades e
construir alternativas que possibilitem a vivência com diferentes grupos étnicos, classes, religiões, cultura, com
objetivos minimizar os conflitos ideológicos existentes na sociedade. Essa diversidade de atividades, propostas pelos
PCNs (1998), começa a ser introduzida em instituições de ensino que se propõe a realizar mudança no seu método de
trabalho. Uma proposta curricular com esse objetivo estar diretamente voltada para a cidadania, uma das bases
concretas para os preceitos éticos. São eles que exigem da escola e de educadores, propostas e iniciativas que visem
a superação de limites, preceitos e desenvolvimento do espírito de equipe. Princípios estes contidos em muitas
atividades como a corrida de aventura.
Muitos estudos sobre a sociedade brasileira atual, fruto de produções de cientistas políticos, são unânimes em
afirmar a necessidade de se mergulhar na variedade cultural de conhecer o outro, desfazendo idéias preconcebidas e
discriminação impensada e compreender a heterogeneidade como um valor e um acervo precioso que deve ser
preservado.
Os parâmetros curriculares nacionais, a corrida de aventura e a pluralidade cultural Baseando-se nos
parâmetros curriculares nacionais (PCNs:1998) a prática pedagógica definida como prática social pretende romper a
tradicional dimensão atribuída à função docente, circunscrito ao espaço da sala de aula. A prática pedagógica assim
entendida abrange os diferentes aspectos do projeto pedagógico e as relações desta com a comunidade e a
sociedade.
As aulas de Educação Física ficam restritas muitas vezes as atividades tradicionais como os desportos e jogos.
É muito difícil encontrar um professor de educação física que experimente adicionar outras práticas corporais em suas
aulas. “ A educação física trabalha com o movimento corporal isto é, com o homem em sua totalidade .” (SANTIM,
1988, p. 144). Por esta razão, diferentes práticas corporais devem fazer parte da aula para que os alunos possam
explorar as muitas possibilidades de ser opor, de forma que se conheça os seus limites e tente ultrapassá-los.
A corrida de aventura engloba várias modalidades esportivas sempre com o objetivo de superação. Atividades
como caminhada e corrida de curta e longa distancia em diferente ambientes naturais, possibilitam o conhecimento do
meio em que vivemos e o cuidado que devemos ter para preservá-los.
Atividades como ciclismo, canoagem e técnicas verticais “ escalada, rapel e tirolesa” (AMORIM, 2004), são
também exploradas na corrida de aventura, são perfeitamente adaptáveis ao ambiente escolar. Uma vez que com
orientação do professor em local seguro, essas experiências podem ser vivenciadas e os alunos terão uma visão mais
ampla de uma corrida de aventura de competição.
Resumo : Nosso objetivo com este estudo é colocarmos em discussão a Educação Infantil e a qualificação dos
profissionais que atuam com atividades físicas neste segmento. Também analisamos as leis que regem os
profissionais da Educação Infantil e a história da Educação Física no Brasil para que possamos compreender o que
acontece no cotidiano escolar, além de abordarmos os conceitos básicos da Aprendizagem Motora e de aplicarmos
questionário para os profissionais deste setor. As conclusões preliminares encontradas indicam que não podemos
generalizar a realidade das instituições e que a qualificação profissional não está diretamente relacionada à formação
acadêmica da pessoa. E que é de suma importância para os professores que atuam com atividades físicas na
Educação Infantil o conhecimento dos conceitos de Aprendizagem Motora para que eles possam proporcionar as
crianças um desenvolvimento integral e completo em todos os domínios, sempre respeitando as diferenças
individuais.
Palavras Chaves: educação infantil, atividades físicas, aprendizagem motora e qualificação profissional
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Este trabalho é fruto da Monografia apresentada ao Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, como requisito para obtenção do grau de licenciatura Plena em Educação Física, sob a
orientação do Prof. Ms. Evaldo Chauvet Bechara, hoje doutor. Também houve a contribuição da profª Ms. Rosa
Malena de Araújo Carvalho que nos cedeu uma entrevista enriquecedora sobre o curso Normal Superior e sobre suas
experiências na área. O título apresentado foi: “Aprendizagem Motora no Estágio da Educação Infantil”.
Inicialmente fizemos uma revisão da literatura sobre o assunto para em seguida pesquisarmos “As Leis que
Regem os Profissionais na Educação Infantil”, já que tentamos entender porque encontramos poucos professores de
Educação Física atuando neste segmento. Para que haja um melhor entendimento foram consultadas a Constituição
da República Federal do Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, os Parâmetros Curriculares
Nacionais – Educação Física e outros decretos. Em seguida, contextualizamos as definições e os conceitos básicos
da Aprendizagem Motora, conhecimentos estes de fundamental importância para os profissionais que vão atuar com
estímulos motores na Educação Infantil. Por último, discutirmos “A Qualificação do Profissional que atua com a
Atividade Física na Educação Infantil”, sem rotular as pessoas, tentando apenas entender como esses profissionais
estão sendo preparados, por meio de análise dos currículos e de aplicação de questionários sobre conhecimentos
sobre a Educação Infantil, Aprendizagem Motora e sobre o interesse destes profissionais neste segmento da
educação.
Acreditamos que a discussão sobre a qualificação do profissional que atua com atividades físicas, recreação ou
Educação Física no estágio da Educação Infantil é de suma importância, pois, geralmente, nos deparamos com
professores formados no curso normal (ensino médio) ministrando essas atividades. Como estes não possuem em
seus currículos a disciplina Aprendizagem Motora, psicomotricidade ou outras que norteiam e embasam a adequação
dos exercícios e brincadeiras, assim como a aplicações de estímulos necessários a cada faixa etária, talvez não
estejam preparados para atuar nesta fase. Por outro lado, a maioria dos professores de Educação Física não possui
grande interesse por este segmento da educação. Além dos profissionais citados, existe também o graduando do
curso Normal Superior que podem estar atuando nesta área, já que sua formação os prepara para trabalhar,
especificamente, na Educação Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental.
Profissionais qualificados e interessados nesta fase são essenciais já que, principalmente neste estágio, os
estímulos devem respeitar os limites de cada criança, assim como devem ser compatíveis com as potencialidades e a
maturidade biológica. Segundo a LDB, a Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica e portanto deve
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 77
visar o “...desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual
e social, complementando a ação da família e da comunidade” (Capítulo II, Seção II, Art.29).
Justificamos nosso interesse por este assunto pois observamos que na prática encontramos muitas crianças na
idade escolar, maiores de 7 anos, que algumas vezes não possuem o desenvolvimento motor correspondente a sua
faixa etária, podendo ter como causa a falta de estímulos adequados na Educação Infantil e, por conseqüência, uma
difícil reestruturação nos níveis cognitivo, social, afetivo e principalmente motor, que é a nossa área de interesse. Com
isso, perguntamos: será que a formação dos professores interfere na adequação dos estímulos motores aplicados por
eles, portanto na qualidade do seu trabalho ?
Determinamos nesta pesquisa que a faixa etária para a Educação Infantil abrange crianças entre 3 a 7 anos.
MEINEL estabelece que é nesta fase que a criança aperfeiçoa as formas de movimento e as habilidades motoras,
além de adquirir as primeiras combinações de movimento. Na LDB a Educação Infantil deve oferecer atendimento em
creches e pré-escolas, na primeira atende até os três anos e na segunda as crianças de quatro até os seis anos.
O estudo seria realizado em estabelecimentos de ensino que oferecessem a Educação Infantil, no município do
Rio de Janeiro, que atendessem a faixa etária alvo, por meio de observação e aplicação de questionários estruturados
e semi-estruturados. Na escolha das instituições tentamos incluir escolas públicas e particulares, com o número
mínimo de 6 e máximo de 10. Além disso, também percebemos a necessidade de aplicar questionários aos
graduandos dos cursos de Educação Física e do Normal Superior e aos alunos do curso Normal (ensino médio). Não
conseguimos observar as aulas, pois em todos os lugares que visitamos houve a desconfiança de que o pesquisador
estaria fiscalizando as escolas, e tornando inviável observarmos as aulas e aplicarmos os questionários para os
profissionais que estão atuando com atividades físicas. Com relação aos estudantes do curso de licenciatura em
Educação Física, foram aplicados 50 questionários (uma amostra pequena), pois foi difícil convencê-los da
importância de sua participação. Destes, 26 eram alunos do 6° período ou de períodos acima. Não foi possível aplicar
o questionário no curso Normal Superior do ISERJ (Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro), pois a
instituição estava passando por um processo de seleção para compor o quadro discente, que não acontecia há dois
anos, o que levou a suspensão das aulas. Contudo, para suprir a ausência deste segmento foi entrevistada a
professora Ms. Rosa Malena de Araújo Carvalho, responsável pela disciplina Educação Física e por todas as
disciplinas relacionadas ao movimento do corpo, incluindo a disciplina Aprendizagem Motora. A professora tem na sua
formação a Licenciatura plena em Educação Física na UFRJ, com mestrado pela Faculdade de Educação da UFF,
trabalhando há 15 anos com Educação Física e Educação Infantil. Conversamos muito e uma das suas conclusões ao
longo desses anos de prática, foi à ocorrência de uma melhor evolução motora nas crianças quando os professores de
Educação Física trabalham em parceria com os professores regentes de Sala (Normalistas). Quanto ao curso Normal
ministrado no ensino médio, foram aplicamos 57 questionários na Escola Normal Carmela Dutra (número baixo, que
representa apenas 2 % dos alunos, já que esta instituição possui em média três mil alunos). Neste estabelecimento os
futuros professores possuem em seu currículo as disciplinas Educação Física, Didática e Prática Pedagógica
correspondentes a Aprendizagem Motora.
Os questionários visaram uma análise qualitativa, por isso foram feitos dois tipos: um para os graduandos de
Educação Física da UERJ que tinham a disciplina Aprendizagem Motora e outro para os estudantes do Curso Normal
médio e Normal Superior, sendo este adaptado, já que desconhecíamos qual disciplina (ou disciplinas) abordava o
desenvolvimento motor das crianças e a adequação dos estímulos a faixa etária; as demais questões constavam em
ambos que tratava do interesse de trabalhar com Educação Infantil, se a pessoa se considera capaz de adequar as
atividades físicas à faixa etária, quem seria o mais qualificado para este segmento, a importância de deixar a criança
com tempo livre para brincar sozinha, se estavam familiarizados com o local de atendimento para este estagio e se
possível, exemplificar uma atividade para crianças de 6 anos. Na Faculdade de Educação Física apenas, 25 alunos,
metade dos que responderam os questionários se encontram capazes de adequar os seus conhecimentos de
Aprendizagem Motora nas suas aulas, entretanto 14 alunos são capazes de adequar a atividade física à faixa etária
baseando-se em Aprendizagem Motora. O mais interessante é que a maioria confunde a nova nomenclatura utilizada
na escola, como por exemplo: Educação Infantil com Ensino Fundamental e este com primeiro ciclo. Este resultado
Resumo : Este estudo apresenta o Projeto “Sou Feliz... Ensino Educação Física”, que desde março de 2001 tem
desenvolvido trabalhos na área da Educação Física Escolar por estudantes universitários. Objetiva intervir na
educação de menores socialmente desfavorecidos do INPAR, auxiliando na formação de cidadãos críticos. Este
Projeto é uma ação intervencionista baseada na Pedagogia Crítico-superadora, que tem como finalidade a
transformação da sociedade através da formação crítica dos alunos. Dessa maneira, o foco de pesquisa é a
viabilidade da utilização da Pedagogia Crítico-superadora, mesmo fora da escola, para contribuição da transformação
da realidade dessas crianças. Como estratégia metodológica foi escolhida a Pesquisa-ação.
Palavras-chave : Pedagogia, Crítico-Superadora, Educação Física.
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Introdução
Este trabalho tem na sua origem o consenso do grupo de professores que atuam junto ao Projeto “Sou Feliz...
Ensino Educação Física” da necessidade de renovação do programa aplicado nas aulas. Após quatro anos de trabalho
percebemos que devido a inexperiência e ao anseio de atuarmos com maior qualidade acabamos criando um grupo de
objetivos fruto da miscigenação de ideologias muitas vezes contrárias. A busca deste paradigma ideológico, e de
objetivos comuns, devemos a um certo amadurecimento, mas, especialmente, às influências recebidas no interior e no
exterior da faculdade.
A idéia do Projeto “Sou Feliz... Ensino Educação Física” surgiu de universitários que queriam fazer de suas vidas
acadêmicas um processo de transformação da sociedade. Decidiram, então, realizar ações educativas com crianças
socialmente desfavorecidas.
A história do projeto e a seleção da linha pedagógica
Assim nasceu o Projeto, partindo de pessoas diferentes que tinham na cabeça a idéia de uma vida melhor para
todos, que, desde março de 2001 tem desenvolvido trabalhos na área da Educação Física escolar por estudantes
universitários de Educação Física da Cidade do Rio de Janeiro, em especial da Escola de Educação Física e
Desportos da UFRJ. Objetiva intervir na educação de menores socialmente desfavorecidos na Instituição (INPAR) que
os acolhe, através da Educação Física, de modo que a prática da cultura corporal auxilie na formação de cidadãos
conscientes, éticos, críticos e principalmente com autonomia, ou seja, ser um projeto de intervenção para mudar a
consciência, e assim a realidade dessas crianças. O Instituto Presbiteriano Álvaro Reis (INPAR) é uma sociedade civil
sem fins lucrativos, entidade filantrópica, tem por objetivo o amparo com a promoção gratuita da alimentação e
cuidados com a saúde, a orientação e o ensino de crianças e adolescentes órfãos ou necessitados. Opera de forma
aberta e aceita crianças independentemente de sexo, cor, raça e origem religiosa. Não funciona como escola, recebe
as crianças no horário invertido de suas idas escolares.
No ano de 2004 o Projeto passou a ser reconhecido como um pólo da prática de ensino da Licenciatura em
Educação Física pela UFRJ, vem atingindo plenamente seus objetivos, principalmente o de auxiliar na formação de
professores capazes de planejar, criar e executar um programa de qualidade, mas especialmente de contribuírem para
uma melhora na vida dessas crianças. A partir das reuniões pedagógicas realizadas com os professores chegamos a
conclusão de que deveríamos embasar nossos estudos nas idéias apresentadas na Pedagogia Crítico-superadora. Tal
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 81
escolha se deu devido à constatação de uma concepção pedagógica voltada exatamente para o nosso público alvo: as
classes populares e de coadunar com nosso objetivo de transformação da sociedade através da formação de seres
críticos e autônomos. Como Azevedo e Shigunov (2003) dizem que a Abordagem Crítico-superadora defende a justiça
social em sua prática, fazendo uma leitura de dados da realidade, da crítica social dos conteúdos questionando o
poder, o interesse e a contestação.
A pedagogia crítico-superadora
Na concepção do Coletivo de autores (1992), não se trata somente de aprender o jogo pelo jogo, o esporte pelo
esporte, ou a dança pela dança, mas esses conteúdos devem receber um outro tratamento metodológico, a fim de que
possam ser historicizados criticamente e aprendidos na sua totalidade enquanto conhecimentos construídos
culturalmente, e ainda serem instrumentalizados para uma interpretação crítica da realidade que envolve o aluno.
A Pedagogia Crítico-superadora defende uma perspectiva dialética, ou seja, uma visão de transformação
qualitativa, de mudanças, aquela que considera o constante movimento que presenciamos na realidade, uma visão de
totalidade para a construção do conhecimento, auxiliando assim na formação de um indivíduo inserido na sociedade.
Os conteúdos devem estar ligados diretamente com a realidade dos alunos, para que estes possam aprender
realmente, assimilando os conteúdos com os dados da realidade e não apenas decorando e praticando naquele
momento, mas entendendo o significado para a sua vida. Libâneo (1985) diz: “... os conteúdos são realidades
exteriores ao aluno que devem ser assimilados e não simplesmente reinventados” (p.39).
O Coletivo de Autores (1992) dita alguns princípios curriculares para auxiliar na seleção dos conteúdos de ensino
como: a relevância social do conteúdo, o da contemporaneidade do conteúdo, não esquecendo do que é considerado
clássico, a adequação às possibilidades sócio-cognitivas do aluno, a simultaneidade dos conteúdos enquanto dados
da realidade e a provisoriedade do conhecimento.
Os conteúdos formam a base objetiva para passar e trocar conhecimento. Libâneo (1994) entende que os
conteúdos são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social,
organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática
de vida. Foram pré-definidos para todas as turmas do Projeto cabendo aos professores de cada turma a escolha da
ordem, forma e relevância do conteúdo para sua turma. Não esquecendo que a Pedagogia Crítico-superadora é a
norteadora do projeto político pedagógico.
Tais conteúdos foram selecionados para, principalmente, ampliar o nível de conhecimento dos alunos, não só
nas atividades práticas, mas no confronto com dados da realidade, pois grande parte dos conteúdos nunca foi
oportunizada para essas crianças, por serem conteúdos “elitizados”, ou por utilizarem materiais de alto custo (esporte
sobre rodas) ou por ser necessária a utilização de pesquisa aprofundada, meios de transmissão (documentários) ou
também contato direto com culturas (dança, rodas,...), ficando fora do alcance dessas crianças. O Coletivo de autores
(1992) exprime esta idéia quando dando o exemplo da ginástica artística afirma que é um conhecimento expropriado
das crianças da classe trabalhadora, tendo a necessidade de desmitificá-la como prática para os “eleitos”.
Maneiras de atuação
As aulas deverão ser organizadas de forma clara e objetiva, fazendo um roteiro de atividades pensadas
previamente, mas que levam em consideração os conteúdos pré-determinados, as aulas anteriores e a construção
conjunta com a turma. Esse roteiro não é rígido, é perfeitamente adaptável a situação específica do dia da aula.
Terminada a sessão o professor anota observações acerca das atividades e sobre o comportamento da turma.
Serão realizadas reuniões mensais para a avaliação da relevância dos conteúdos e das atividades executadas,
além de trocarem anotações e observações dos alunos. Em cada reunião será proporcionado um aprofundamento de
conhecimento e da pesquisa desenvolvida.
Métodos de avaliação
Resumo : O presente artigo tem o propósito compreender a importância de se resgatar jogos e brincadeiras
tradicionais (populares) como forma de inserir o indivíduo na memória coletiva da comunidade em que vive e
estimular o desenvolvimento de hábitos e atitudes de respeito e valorização de si mesmo e dos outros verificando a
diminuição de fatores como a indisciplina e violência. É construindo o próprio saber que a criança irá se identificar
com o mundo que a cerca. Neste momento, os jogos e as brincadeiras, propiciam o aprender fazendo, e é
conveniente que se proporcione atividades dinâmicas e desafiadoras que, motivem e exijam a participação da criança,
gerando ações integradas no espaço escolar, trocando conhecimento e estabelecendo relações com as outras áreas
de conhecimento estaremos favorecendo o desenvolvimento integral da criança e FORMANDO-O CIDADÃO...
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Resumo : O texto trata da grande dimensão que a ciência do treinamento desportivo atingiu conduzindo os
atletas às suas máximas plenitudes técnica, psicológica e física. Enfatiza, precipuamente, os interesses escusos das
grandes empresas nessa área que visam a fomentar a prática de esportes sem considerar a saúde ou o bem–estar
dos alunos, tendo em vista a exacerbada venda do produto que elas fabricam. O artigo afirma a impossibilidade de
pôr em prática os princípios norteadores do treinamento desportivo na Educação Física escolar, enfatizando alguns de
seus problemas.
Palavras–chave : Educação Física escolar. Treinamento desportivo na escola.
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Resumo : Esta pesquisa financiada pelo programa de bolsas PIBIC/FAPEMIG é parte integrante de um projeto
de investigação aprovado no “Programa Especial de Pesquisa para Jovens Doutores da Universidade Federal de
Uberlândia” (PEP/UFU-2005-2006). Seu objetivo é conhecer e analisar a produção do conhecimento no campo da
área da Educação Física escolar no Brasil e na Espanha, considerando as publicações encontradas nos periódicos do
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (Brasil) e Revista Apunts (Espanha), assim como nos Anais do Congresso
Brasileiro de Ciências do Esporte e Congresso Nacional de Educação Física das Faculdades de Formação de
Professores (Espanha). Também temos como finalidade oferecer elementos que colaborem no aprofundamento da
temática que possam subsidiar estudos e intervenções no campo da prática pedagógica dos professores desta área.
No momento nos encontramos realizando as análises dos artigos e definindo as categorias para descrever o roteiro
de entrevistas a ser realizada em setembro de 2005. ________________________________________
A partir dos anos 60 a crescente tendência das investigações educativas no Brasil valorizou exclusivamente os
saberes específicos das disciplinas. Na década de 1970, entretanto, foram priorizados os aspectos didáticos
metodológicos voltados à tendência técnica e na década de 80 à dimensão sócio-política e ideológica da prática
pedagógica (Fiorentini, et al. 1998).
Pode-se dizer que há um “certo consenso” de que a década de 1980 foi reconhecida como um período de
grandes denúncias, principalmente ao enfoque positivista e ao processo de dicotomia teoria e prática, chamando a
atenção para necessidade de maior reflexão crítica dos profissionais quanto aos aspectos de ordem político-
pedagógicos mais amplos da educação e da realidade social como um todo.
No campo da Educação Física, nas últimas duas décadas, pode ser observado um aumento acentuado nas
produções acadêmicas relacionadas a sua inserção na escola, que estabeleceram críticas às práticas de caráter
técnico instrumental que priorizavam os conteúdos esportivos em detrimento a outros que refletiam os princípios da
instituição desportiva e competitiva. Também se questionou seu caráter de atividade frente ao de disciplina curricular e
se propunha a superação da relação linear entre o conhecimento científico-técnico e a prática em aula.
Autores como Caparróz (1997 e 2001) e Oliveira (2001) chamam a atenção ao fato de que, ainda que esta área
tenha conseguido dialogar com os setores educativos e avançado no aspecto da crítica em seu interior, esta
“interlocução ocorreu no âmbito das teorias gerais da educação, no sentido de buscar concepções que conformariam
as práticas pedagógicas”. Segundo os autores a impressão é de que a Educação Física não tem conseguido “olhar
para seu próprio interior e visualizar as questões da prática pedagógica, do componente curricular, da didática”
(Caparróz, 1997, p.15-16) sendo necessário pensa-la de forma a superar a dicotomia entre a produção acadêmica e o
reflexo para a transformação do cotidiano de trabalho do professor.
No âmbito educacional a busca da superarão da relação linear e mecânica entre o conhecimento científico-
técnico e a prática na aula, desde diversas perspectivas teóricas matizadas de maneiras diferentes, provocou o
surgimento do movimento de reflexão sobre a prática, surgindo metáforas alternativas que viessem a construir um
outro professor e uma outra prática pedagógica (Pérez Gómez, 2002).
Rodrigo Barbosa
Marcos Almeida
Introdução
Aspectos Nutricionais. Numa abordagem inicial, podemos considerar que a qualidade dos alimentos oferecidos
nas escolas tem deixado a desejar, pois é comum encontrarmos frituras, doces e refrigerantes apresentados em
primeiro plano nas cantinas, fato que contribui de forma negativa para a saúde dos educandos. A cultura do fast food
americano parece ter virado a primeira opção de refeição no nosso dia a dia. Não pretensão de nossa parte levantar
bandeiras nacionalistas ou mesmo doutrinar o leitor a não mais freqüentar estes locais. Todavia, não podemos deixar
de salientar um impressionante documentário realizado nos EUA em 2004 (Super size me – A dieta do Palhaço,
Fortíssimo Filmes) cuja proposta era justamente demonstrar os efeitos deletérios de uma dieta baseada neste tipo de
refeição. Ainda que de forma exagerada, há de se adotar políticas de orientação nutricional nas escolas, de forma a
educar a jovem população para uma alimentação mais saudável.
Educação Física. Parece bastante óbvio que as aulas de educação física não são suficientes para atender as
recomendações de atividades físicas semanais para as crianças (Daniels, Arnett etal, 2005). No entanto, outras
estratégias pode ser utilizadas para tentar aumentar os níveis de movimento corporal que posam resultar em
necessidades calóricas proporcionalmente mais altas. Uma oportunidade interessante é a hora do recreio, na qual
podem ser realizados torneios entre as turmas, com os jogos durando entre 15 e 20 minutos. Isso além da exploração
de espaços físicos da escola, onde as crianças participem de pequenos jogos e brincadeiras ou ainda, desenvolvam
suas próprias atividades.
Um outro momento a ser aproveitado, embora muito pequeno em termos de gasto calórico, são os intervalos
entre as aulas. Em muitas escolas, os alunos são obrigados a ficarem sentados a espera do próximo professor.
Entretanto, este pequeno tempo poderia ser utilizado para atividades mais simples, como por exemplo, se alongar ou
caminhar dentro da própria sala. De certa forma, isto pode gerar um discreto aumento do consumo energético e, e
adicionalmente, extravasar um pouco da energia acumulada durante o período que permaneceram sentados durante a
aula.
Finalizando, a escola pode ainda, propor algum tipo de atividade extracurricular, como participação em equipes
esportivas representativas da instituição em competições escolares. De forma a aumentar o nível de atividade física
semanal, através de jogos, olimpíadas internas, inter-salas, criação de equipes no âmbito escolar, incentivar
atividades nos fins de semana.
Considerações finais
Concluindo, muito embora as crianças no horário escolar tenham a tendência de manter-se o maior tempo de
forma sedentária sem contar as horas destinadas para as tarefas de casa, é possível desenvolver alternativas tanto no
horário escolar quanto extra-escolar, para que seja realizado algum tipo de atividade física ocasionando um balanço
calórico negativo de forma a reduzir os possíveis problemas relacionados a obesidade infantil (Steinberger e Daniels,
2003). A principal mensagem a ser passada aos professores de educação física infantil é que devemos orientar e
incentivar pais e alunos no sentido de adotarem um estilo de vida mais ativo.
Obs. Os autores, Rodrigo Barbosa (rodrigobcms@ig.com.br ) e Marcos Almeida, estudam na UNIABEU
Referências
Cleland, V., A. Venn, et al. Parental exercise is associated with Australian children’s extracurricular sports participation
and cardiorespiratory fitness: A cross-sectional study. Int J Behav Nutr Phys Act. 6; 2(1):3, v. 6, n. 2, p.1-9, 2005.
Resumo: Discorre a respeito das experiências docentes precoces em escolas, realizadas pelos acadêmicos do
curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo. Estas experiências oferecem
elementos que podem determinar os futuros rumos profissionais dos que se submetem a ela. Dessa forma, esse
trabalho vem mais no sentido de suscitar o debate, do que apresentar soluções.
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Introdução
Nesse breve trabalho tratarei de um problema que vem ocorrendo há mais de uma década no sistema de ensino
do Espírito Santo, que é a inserção nas escolas de acadêmicos dos mais variados cursos, assumindo a função de
professor regente de classe, mesmo de acadêmicos que sequer fazem algum tipo de licenciatura.Um fato de
relevância atual, no curso de Licenciatura Plena em Educação Física (EF) do Centro de Educação Física e Desportos
da Universidade Federal do Espírito Santo (CEFD/UFES), diz respeito a esses acadêmicos que se inserem no
mercado de trabalho muito precocemente, tornando-se, logo nos períodos iniciais, acadêmicos-docentes.
Propor trabalhar com esse tema é me dispor a falar de minhas experiências como acadêmico-docente que
começaram logo no primeiro período do curso de licenciatura supracitado. Enveredei-me cedo no trabalho docente
devido a questões financeiras; comecei, a princípio, lecionando ciências numa escola pública estadual,
concomitantemente com um trabalho numa escolinha de futebol de areia. Embora atuasse nesses dois campos,
almejava trabalhar com EF escolar, o que só foi possível a partir do terceiro período.
No início do quarto período, tive a oportunidade de me inserir no Laboratório de Estudos em Educação Física
(LESEF – esse laboratório foi criado em 1996, tem como perspectiva contribuir para a avanço da área de
conhecimento que diz respeito à EF, por meio de elementos que possibilitem a compreensão e fundamentação desta
como disciplina escolar, com o intuito de contribuir para a construção de uma teoria crítica para a EF). O contato com
os professores desse laboratório, a oportunidade de participar de uma pesquisa, o fato de ter construído como objeto
de estudo minha própria prática, acredito que tenham sido fatores que potencializaram mudanças significativas em
meu trato pedagógico na escola.
Meu trabalho na escola apresentou dois momentos distintos: o primeiro – ao chegar à escola, no qual lancei mão
dos conhecimentos que havia obtido até aquele instante (refiro-me aos conhecimentos adquiridos antes e durante a
graduação, com destaque aos conhecimentos referentes à aprendizagem motora); e o segundo – consistiu numa
mudança substancial de minha prática, ao menos de acordo com meu ponto de vista. Nessa ocasião comecei a
pensar objetivos mais audaciosos como: proporcionar aos alunos uma reflexão acerca dos problemas sócio-políticos e
econômicos da atualidade por meio do “movimentopensamento” (Bracht, 1999, p. 54).
Apesar de todas as adversidades que enfrento cotidianamente, construí uma história bem interessante na escola.
Embora esteja desenvolvendo um trabalho consideravelmente bem sucedido, uma questão veio me inquietando, qual
seja, o fato de que fui me construindo como acadêmico-docente em EF a partir de determinados elementos: estudos
individuais; minha relação com o LESEF; as experiências na escola, que constituíram momentos de grande relevância
durante minha formação inicial. Disso tudo, deu-se a construção de um problema de estudo: as incursões
pedagógicas precoces de acadêmicos de Educação Física em escolas: que influxos essas experiências podem ter
sobre a formação inicial e o trabalho docente em escolas?
Gostaria de ressaltar que as reflexões aqui contidas referem-se a um esforço de síntese de meu trabalho
monográfico de final de curso de graduação, que teve como objetivo: identificar como o trabalho docente precoce tem
Como referido anteriormente, as experiências docentes precoces são um fato concreto e acredito que merecem
um trato mais aprofundado do que o que foi dispensado até o momento. Pois, é preciso ressaltar que o trabalho
docente está constituído de momentos relevantes, que podem favorecer o avanço acadêmico da área de
conhecimento da EF e da educação em geral. Entretanto, no decorrer do curso de licenciatura, não pude identificar
nenhuma iniciativa que tivesse a intenção de sistematizar, aproveitar ou mesmo orientar tais experiências (salvo raras
exceções, como o meu caso, que tive a oportunidade de me inserir no LESEF, onde me foi oportunizado discutir em
alguns momentos sobre as questões que eram suscitadas em minha prática), o que penso que seria necessário, pois
vislumbro que essas experiências podem influenciar de forma bastante incisiva nos rumos da formação acadêmica.
É importante perceber que as experiências docentes precoces se concretizaram num momento crucial na
formação dos profissionais do ensino – a formação inicial. Visto dessa forma, o acadêmico-docente pode proporcionar
o embate dos conhecimentos produzidos academicamente, com os saberes que são construídos no cotidiano escolar,
para sua prática pedagógica.
Vale ressaltar que o sistema de ensino capixaba abre a possibilidade de nos tornarmos professores muito cedo,
proporcionando um considerável número de acadêmicos-docentes nas escolas, em todas as disciplinas. Aliado a isso,
está a política de não realização de concursos públicos, o que tem aumentado a cada ano o déficit de professores nas
redes; a pouca atratividade dos salários que são pagos, dentre outros problemas, numa política que privilegia o
privado em detrimento do público.
É importante destacar que foi a partir de minhas experiências na escola que direcionei meus estudos e
conseqüentemente minha formação, para buscar uma prática pedagógica que viesse ao encontro das exigências da
disciplina que leciono. Dadas essas circunstâncias, cabe identificar em que medida as experiências docentes
precoces e a formação inicial se inter-relacionam, e em que pontos se distanciam? Que pistas podem ser fornecidas
por essas experiências para a melhoria dos cursos de licenciatura? São questões que ainda demandam maior esforço
teórico e aprofundamento.
As experiências docentes precoces acontecem num momento que podem enriquecer sobremaneira o trabalho
pedagógico, consolidando uma formação inicial com alicerces mais rijos. O aproveitamento dessas vivências pode ser
considerado como o reconhecimento das influências que o cotidiano escolar possui na construção da identidade
docente. Pois, se por um lado pode engendrar práticas que se queiram mais inclusivas, por outro, pode favorecer até
mesmo a saída do candidato a professor da escola.
Minha preocupação com essa temática pode ser atribuída ao fato de acreditar veementemente que as
experiências docentes precoces durante a formação inicial, independentemente dos motivos que levaram os
acadêmicos a realizá-las, são decisivas para sua formação, com influxos decisivos para os futuros rumos
profissionais.
Considerações: Um final como recomeço
A questão que me dispus investigar vem de certa forma lançar um desafio para a formação inicial, pois tenta
articular os saberes que são constituídos nas docências precoces aos currículos. Inicialmente tem apresentado
limitações, aliás, talvez não tenham percebido o enorme potencial formador que essas experiências como professor já
na formação inicial possuem. Uma grande questão está em como valorizar os saberes pedagógicos, “[...] o saber que
o professor constrói no cotidiano de seu trabalho e que fundamenta sua ação docente, ou seja, é o saber que
Resumo : O estudo investiga as representações sociais de alunas do Ensino Médio sobre os motivos que
contribuem para sua auto-exclusão das aulas de Educação Física Escolar. Tem como objetivo encontrar os motivos
que levam as meninas a se comportarem com indiferença ausentando-se das aulas de Educação Física Escolar do
Ensino Médio. Para coleta de dados, utiliza a observação participante e um questionário estruturado a ser aplicado
em alunas regularmente matriculadas no ensino médio do Colégio Estadual Stella Matutina, localizado em
Jacarepaguá-RJ. Os resultados, analisados a partir da Análise de Conteúdo, permitem afirmar que a auto-exclusão
das alunas nas aulas está relacionada à dimensão de gênero: o uniforme adotado nas aulas tende a expor os seus
corpos, envergonhando-as na presença dos alunos; e a invasão dos alunos de outras turmas que as ridicularizam em
relação aos seus erros, devido à menor habilidade motora. Outros fatores contribuintes para esta exclusão foram: o
espaço físico inadequado da quadra para as atividades; a repetição dos conteúdos pelos professores(as); e a
ausência do vestiário para troca de roupa e asseio corporal. Conclui-se que a Educação Física necessita de uma
postura co-educativa, que identifique os fatores que contribuem na auto-exclusão das alunas, tornando-se mais
inclusiva para ambos os sexos.
Palavras-chave : Educação Física Escolar, Co-educação, Gênero, Auto-Exclusão.
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Introdução
A prática social da representação feminina nas aulas de Educação Física Escolar tem sido marcada por
manifestações de protestos, por vezes, representados pela indiferença e ausência de participação das discentes nas
atividades propostas (Altmann, 2002).
Em diálogo com uma aluna do Ensino Médio do Colégio Estadual Stella Matutina, integrante de um grupo que
tende a se auto-excluir das atividades propostas na aula de Educação Física, identificamos algumas marcas
discursivas, relacionadas à dimensão do prazer e às diferenças biológicas entre os meninos e as meninas, que
ancoram suas justificativas para explicar sua falta de participação, a saber: "Eu não participo porque é chato. Eu não
gosto de jogar. A gente fica suada! Os garotos são brutos".
No discurso da discente, “suar” e “brutalidade” são características associadas ao sexo masculino. Sendo assim,
ela tende a não se permitir experimentar as vivências que se manifestam em uma situação de jogo, preferindo ficar
isolada a ter que se expor aos “perigos” que julga existirem nas atividades, principalmente nos jogos coletivos.
Neste estudo, a prática social da auto-exclusão de meninas, freqüente em aulas de Educação Física Escolar, é
investigada a partir do referencial teórico das Representações Sociais e da Co-Educação, a partir da categoria de
gênero.
Metodologia
Este estudo apresenta como problema de pesquisa: Quais são os motivos que contribuem para auto-exclusão
das meninas nas aulas de EF escolar ministradas no Ensino Médio? Como Objetivo Geral , busca-se encontrar os
motivos que levam as meninas a se comportarem com indiferença, ausentando-se das aulas de Educação Física
Escolar do Ensino Médio. Como Objetivos Específicos , visamos: i) identificar e hierarquizar os motivos que causam
auto-exclusão; e ii) identificar estratégias que despertem o interesse das alunas para participação nas aulas de EF do
Ensino Médio.
Resumo: Este texto pretende discutir como o esporte vem sendo abordado dentro das aulas de Educação Física
Escolar, identificando os valores impressos nesta prática da cultura corporal, como por exemplo, a exclusão, a
seleção, a rivalidade, a competição e outros tantos presentes na macroestrutura social, que são conscientemente ou
inconscientemente reproduzidos e reforçados pelo professor.Neste sentido, serão apontados alguns fatores relevantes
que influenciam na relação Educação Física/Esporte, como a participação da mídia neste processo, a formação
acadêmica do professor e os interesses da comunidade escolar.Para que este debate possa ser realizado é
necessário recorrer a outras grandes discussões inerentes à Educação Física, dois destes permeiam todo o texto, são
eles: concepção de corpo e a construção da legitimidade da área frente à sociedade.O objetivo deste trabalho, além
de ampliar o debate acerca do tema, é de atingir e discutir a prática educativa do professor de Educação Física.
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1.1 Introdução
Este trabalho pretende discutir alguns fatores que vêm contribuindo para a forma como o esporte é tratado no
âmbito da Educação Física Escolar, que mesmo com a evolução no que concerne o embasamento teórico, tendo como
exemplo o avanço e surgimento de abordagens, o esporte escolar continua sendo uma caricatura do de alto nível.
Este tema foi objeto de alguns trabalhos que contestam a apresentação do esporte como único conteúdo da Educação
Física Escolar, já que, segundo Caparroz (2001) “Tratar do esporte como conteúdo da Educação Física tem sido um
dos temas mais presentes no meio acadêmico da Educação Física brasileira”.Porém, apesar de já ter sido debatido, a
sua discussão precisa ser aprofundada e ampliada de forma que consiga ir além do discurso e atingir a prática
educativa.
A discussão de determinados aspectos presentes na abordagem do esporte na Educação Física Escolar, não
pode ser realizada sem se estabelecer uma relação com outras grandes discussões existentes na atualidade dentro
da área.Dois desses grandes debates que permeiam todo o trabalho são: concepção de corpo e identidade da
Educação Física.O primeiro se relaciona com o objeto desse trabalho a partir do pressuposto que qualquer
abordagem de qualquer elemento da cultura corporal se remete a uma das diferentes concepções de corpo e as
reinventam produzindo outras novas concepções do mesmo, este que junto com os movimentos que produz são
“sujeitos” da Educação Física.O outro debate que está presente, por vezes explícito no texto, é sobre a identidade da
Educação Física, pois ao abordar o esporte nas aulas o professor procede de acordo com o seu entendimento da
função da mesma e, ao proceder pensando ou reproduzindo um conceito, este professor, estará construindo,
consciente ou inconscientemente, a identidade da Educação Física.
Sem a pretensão de esgotar o assunto serão apresentados alguns aspectos da abordagem do esporte na
Educação Física Escolar permeados por outros tantos debates a fim de ampliar e aprofundar este tema.
1.2 Justificativa
O presente trabalho se justifica pelo fato de tratar de um elemento da cultura corporal altamente difundido na
sociedade, o esporte.Este elemento apresenta - se como um fenômeno muito complexo, por estar impresso em sua
prática valores inerentes na sociedade no qual está inserido, por isso sua análise é extremamente relevante, como
mostra o Coletivo de Autores (p.70, 1992) “O esporte, como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura
corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da
sociedade que o cria e o pratica. Por isso, deve ser analisado nos seus variados aspectos, para determinar a forma
com que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte” da "escola e não como esporte"na" escola”.
Resumo : O Presente estudo mostra a grande importância da alfabetização inerente às atividades físicas e
melhoramento da sua performance como um ser humano global. Sabemos que a mente é inerente ao corpo,
entretanto a mente controla o corpo e o corpo é o alicerce da mente. Partindo desse pressuposto, é fundamental
ressaltarmos que um corpo bem tratado dará suporte a grandes desafios. O ensino através do corpo eleva a alma e
cada aprendizagem eleva o ser humano a refletir sobre o contexto de cidadania, como um todo. “Podemos até ter
divergência de idéias”, mas jamais de ideal. Cada um de nós tem seu objetivo, mas tê-lo só não basta, temos que
acreditar e fazê-lo acontecer. E esse processo não é fácil, pois para todos os propósitos, vários são os caminhos e
para você saber discerni-los terá que ter subsídios suficientes para não desistir deles. Terá que ser muito persistente
para alcançar o seu objetivo. Quando falo em alcançar, não falo só em um primeiro estágio, como a maioria, mas o
estágio a que me refiro é o de fazer a sua diferença, a sua história de cidadão, de ser humano, de cultura, de um
homem que não veio apenas para vencer a primeira etapa da vida, mas todas as possíveis e impossíveis, dentro dos
parâmetros éticos e sociais.
Palvavras chave: Alfabetização, Educação Física, Inteligência.
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Introdução
A Alfabetização deve ser um processo de desenvolvimento do ser humano ao longo da sua vida. Nos termos de
Paulo Freire, “a alfabetização é um processo contínuo com as inerentes invenções e reinvenções; é uma investigação
contínua” (ano). Entretanto, a educação deve transformar o ser humano num ser crítico e persistente com rumo à
melhoria da sua qualidade de vida. A escola deve priorizar a humanização como tarefa contínua e criativa; levando em
conta a visão crítica e dinâmica do ser humano, deve se auto-avaliar e ser auto-crítico e a escola deve dar condições
para isso.
É de suma importância que a escola reconheça e valorize as referências absorvidas por cada aluno, antes da
sua entrada na escola. Essa percepção da escola deve levar em conta o desenvolvimento afetivo do aluno e corrigi-lo
se necessário. A escola deve adaptar-se ao aluno, respeitando o seu individualismo e a sua cultura.
O senso crítico e auto-crítico de cada ser humano e a sua integração na sociedade, que a todo o momento o
influência, faz dele um ser com conhecimento, mesmo que ele não seja alfabetizado, até porque a visão de cada um
estimula o pensamento e sabemos que todo o pensamento busca realizar-se, dentro da sua ideologia de vida, para o
bem ou para o mal.
Então para Paulo Freire “a ignorância absoluta não existe” e “o ato de escrever é mais demandante do que o de
pensar sem escrever”. Tanto a leitura como a escrita devem estar a serviço do mundo. Não basta um aluno estar
alfabetizado para que ocorra uma transformação.
Segundo Freire e Macedo, “Ser a palavra e aprender como escrever a palavra de modo que alguém possa lê-la
depois, é precedido do aprender como escrever o mundo, isto é, ter a experiência de mudar o mundo e de estar em
contato com o mundo” (ANO: PÁGINA).
Alfabetização em foco
Alfabetização e letramento, distinções: O letramento refere-se às práticas sociais que os indivíduos trocam a
partir ou não de sua alfabetização.A sociedade exerce forte e ampla influência sobre o indivíduo, que dificilmente
consegue fugir desta interação. Nas palavras de (TFOUNI, 2002) in Silva e Silva (2004):
Resumo : O presente ensaio visa estimular reflexões em torno das práticas de atividades rítmicas existentes
nas escolas, tematizadas nas formas de danças e ginásticas além de propor uma sistemática que considere os
contextos e realidade. Reafirmando a importância das vivências de ritmo, nas suas manifestações, ressiguinificando
tais conteúdos e contribuindo para a formação das estruturas biopsicomotoras, situando os indivíduos no tempo e no
espaço, através de suas concepções individuais e coletivas, construindo-as historicamente.
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Hoje, estamos mergulhados em crises sociais e econômicas, recebemos influências e informações de diversas
outras realidades. Nossa sobrevivência tornou-se complexa devido a fatores como: violência, desemprego, fome (não
necessariamente na mesma ordem), e nossas crianças ainda sofrem a influência da mídia que massifica as
tendências e cria espaços para falsetas e valores controvertidos.
Não podemos, contudo, desprezar ou ignorar a vivência trazida para a realidade escolar, ou seguindo os
preceitos legais da tolerância e da inclusão educacional, devemos nos apropriar dessas manifestações e ainda
transformá-las em fonte de inspiração.
Partindo do estudo de casa da realidade de uma escola pública da periferia, mais precisamente da baixada
fluminense, sinalizou-se uma necessidade de encaminhamento e de tomadas de decisões no tocante aos cuidados
com a proposta de trabalho. A começar pelos aspectos sexistas das aulas de educação física e a desportivização das
mesmas, tão comuns em nossas práticas, foram necessárias a criação de aulas alternativas em pequenos projetos
como ponto de partida.
No entanto era preciso ir de encontro às necessidades e interesses dos alunos para tornar a aprendizagem cada
vez mais significativa.
Sempre que tocamos no tema dança ou ginástica, há uma reação, pois, o que propomos são conceitos
universais sobre balé, danças folclóricas, danças culturais ou de salão, etc. E geralmente é muito trabalhoso
convencer a clientela de que o ritmo não está ligado apenas a esses conceitos. É preciso então desconstruir
preconceitos e construir novas alternativas. É preciso estimular a descoberta de forma orientada.
A influência do contexto onde estamos inseridos influi na qualidade e quantidade das vivências rítmicas
essenciais para o desenvolvimento do ritmo biológico de cada um, já que sua construção é histórica e influi em sua
identidade social.
Construindo conceitos.
Etimologicamente a palavra Rhytmos, do grego, significa aquilo que flui, que se move. Que definiria não só a
natureza humana como também as diversas formas de vida encontradas na natureza.
Há alguns anos atrás, eram comum às festas juninas e folclóricas, que hoje, se transformaram registros menores
devido ao risco se tornaram nas localidades de periferias. Com isso, perdemos muitas oportunidades de
contextualizarmos as culturas de ritmo dentro da escola.
Tornou-se necessário criar alternativas para trazer a temática, e fazê-la operacional.
Ao criar momentos de expressão cultural de ritmo, logo se apresentam o funk, o axé, etc., que, longe de
descriminar ou deixar sem questionamento, é necessário polemizar, fazer análises críticas em torno dessas
manifestações tão massificadas e muitas vezes vinculadas à banalização da sexualidade de violência.
Contextualizar implica em criar uma sistemática de trabalho que nos possibilitem construir e ampliar as
possibilidades de buscar novos caminhos, minizando ou até neutralizando as distorções criadas no âmbito social.
Uma forma muito especial de sistematizar e desenvolver o ritmo corporal, nas aulas de educação física seria
propor a construção ou aproveitamento de materiais recicláveis para posteriormente organizar grupos que
experimentarão ritmos e sons variados e outros grupos que realizarão apenas com o corpo movimentos de tensão-
relaxamento, podendo partir de músicas já conhecidas e outras, trazidas como sugestão do professor do repertório
popular nacional ou mesmo internacional, ou ainda criar outros ritmos no momento.
Em seguida, cada grupo mostrará o que construiu a todo o grupo, organizando mostras especiais em momentos
distintos da escola. Como forma mais evoluída de trabalho com percussão corporal e movimento, lembrando o
exemplo do grupo profissional que muito contribui para ilustrar e incentivar nossa prática: o grupo STOMP, que
compõe peças através de seqüência de gestos e de passos definida pelo ritmo musical executado.
A proposta concretiza uma forma simples de trabalho, tomando como base o ritmo, sem entrar em conteúdos
mais profundos, através da prática consciente, trazendo desmembramento para o futuro aproveitamento em alguma
especialidade de dança e até mesmo de desportos como a ginástica rítmica.
Esta proposta pode ainda ser inserida de acordo com a série, nível, ciclos, conforme a disponibilidade e contexto
de cada professor.
Se o corpo é social e sua história de movimento e do gesto vem sendo escrita através de um mapeamento do
mesmo, é nele que podemos buscar o conhecimento.
Esse corpo vem sendo modelado em seu contexto biopsicossocial, e a história não pode desprezar o fato de que
o ritmo dos movimentos sociais, das massas, da consciência a respeito desse corpo passa por um trabalho de auto
conceito e o ritmo corporal é uma fonte imprescindível nessa formação.
Trazer ao contexto da escola os conteúdos da dança, através das atividades rítmicas, supõe uma sistemática
eficiente e que se justifica como temática definitiva da Educação Física escolar, basta buscarmos caminhos para
efetivarmos essas premissas.
Auxiliar de forma definitiva a construção da autonomia, através da história e realidade de vida de cada um país,
é preciso refletir sobre as polêmicas trazidas pelos conceitos conturbados de corpo e de cultura corporal que não
agridam sua natureza. Para que através da formação consciente, possamos torná-lo cidadão participativo e construtor
de sua própria historia, tornando agradáveis os seus gestos, palavras, falas e símbolos.
Obs . A autora, professora Kátia Monteiro Nardi leciona na rede estadual (RJ) e é posgraduanda na UFF.
Bibliografia.
Artaxo, Inês – Gisele de Assis Monteiro – Ritmo e Movimento. Phorte e Editora – ano 2000.
Barros, Dayse e Haroldo Braga – Ginástica e Música.Ed. Rhytmus – 1983.
Weineck, J. – Biologia do Esporte. Ed. Manole – 1991.
Anchieta, J. – Ginástica Afro-Aeróbica Ed. Shape – 1995.
Autores, Coletivo de – Metodologia de Ensino de Educação Física 1992.
Santin, S. – Educação Física – Uma abordagem filosófica da Corporeidade. Ijui, Editora – 1987.
Ludmilla Carvalho
Sueli Lemos
Simone Almeida
Resumo : A formação dos profissionais de Educação Física oferece duas vertentes distintas, contemplando
tanto a educação como a saúde. Por apresentar-se de forma complexa, abre lacunas questionáveis sobre a ausência
de saberes pertinentes a formação. Neste aspecto questiona-se a utilidade da música nas aulas de Educação Física e
o conhecimento adquirido ao longo da formação dos profissionais sobre teoria musical. A música é uma excelente
ferramenta pedagógica, pois oferece não só benefícios motores, como também o desenvolvimento afetivo, psíquico e
social. As universidades que possuem o curso de Licenciatura com bacharelado em Educação Física terão suas
grades observadas, respeitando a quantidade de 50% e pelo menos mais um. A busca de resultados será em torno de
uma ou mais disciplinas que ministrem com exclusividade o conhecimento de teoria musical. A música participa
ativamente das aulas de Educação Física, principalmente da Recreação, do Folclore, da Dança, na Educação Infantil.
Necessitando assim de uma cadeira específica para trabalhar os fundamentos da música, favorecendo assim a
compreensão de sua importância no desenvolvimento dos conteúdos de Educação Física.
Palavras- chave : Música, formação e Educação Física
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Introdução
O curso superior de Educação Física oferece duas vertentes distintas, uma contemplando a educação e a outra a
saúde. Ao longo da formação, o educando vivencia inúmeras experiências, ora percebendo-se educador, contribuinte
na formação de conceitos, saberes; ora como preparador físico, melhorando a condição física dos sujeitos,
sinalizando possíveis patologias ou auxiliando na recuperação de anomalias, melhorando assim a qualidade de vida
dos praticantes de atividades físicas.
Pela complexidade da formação do profissional de Educação Física é provável que alguns saberes, por vezes,
se mostrem ausentes na grade curricular. Por exemplo, comumente observa-s a falta de conhecimentos específicos
sobre farmacologia e sua interação com o exercício físico, ou mesmo o estudo de noções de teoria musical
contemplando a musicalidade que aparece nos brinquedos cantados, nas cantigas de roda, nas músicas utilizadas nas
aulas de dança, na capoeira, na hidroginástica, enfim, em toda esfera musical que o curso oferece. Pois: [...]
Musicalidade consiste em transformar as pessoas em indivíduos que: usam os sons musicais, “consomem” música,
apreciam música, fazem e criam música, sentem música e finalmente se expandem por meio de música, (JANNIBELLI,
1971).
Dentro desta concepção, a utilização da música nas aulas e demais atividades da Educação Física é uma
ferramenta de trabalho, pois através dela determina-se o ritmo no qual cada tarefa deve ser desempenhada. Além de
marcar o ritmo de atividades físicas, a música pode trabalhar valores éticos e sociais; estimular as atividades
psíquicas humanas (a inteligência, o desejo, a imaginação criadora, a sensibilidade); estabelecer uma atmosfera de
alegria, ordem, disciplina e entusiasmo; canalizar e acalmar a exacerbação, proveniente da energia abundante
apresentada pelo organismo dos jovens; estimular, principalmente, através do ritmo, a vitalidade; favorecer a auto-
expressão, representando um benefício não só para o aspecto motor como também para os aspectos afetivo e
psíquico (JANNIBELLI,1971).
Como se pôde observar até o presente momento, apesar da musicalidade estar presente no dia-a-dia dos
profissionais de Educação Física, ao que parece, não existem indícios de que a teoria musical esteja presente entre
116 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
as diversas disciplinas ministradas durante o curso superior de Educação Física. Contudo, não se sabe ao certo se a
falta destes conhecimentos confere prejuízo em sua atuação profissional.
Este trabalho tem a finalidade de identificar se as instituições de Ensino Superior em Educação Física do estado
do Rio de Janeiro oferecem em suas grades curriculares, disciplinas relacionadas ao ensino da teoria musical ou
noções de música. Procurando observar a presença de disciplinas que ministrem o ensino da música e relacionar as
disciplinas que ministram conhecimentos à cerca dos ritmos ou da teoria musical.
A música no contexto da Educação Física
A música é uma destacada ferramenta para o desenvolvimento físico e psíquico da criança liberando seus
impulsos, contribuindo para auto-expressão e a criatividade (COSTA,1969). Como também pode provocar reações
emocionais ligadas à sensibilidade, afetividade, intelectualidade, intervindo na formação da identidade do sujeito
intelectualmente, emocionalmente e ainda fisiologicamente (AMORIM,1956).
Desta forma, um conhecimento mais específico da área musical pode representar para os professores de
Educação Física a possibilidade de aplicar estes conhecimentos como ferramentas favorecedoras da apresentação
dos conteúdos específicos de sua área, desenvolvendo-os de forma criativa.
Metodologia
Para realização da pesquisa foram analisadas as grades curriculares de quinze cursos de Educação Física
ministrados por universidades públicas e privadas do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de observar a
existência ou não de disciplinas ligadas ao ensino da música. Posteriormente os dados foram organizados e
analisados quantitativamente.
A coleta dos dados foi feita via Internet e presencialmente quando os dados não estavam disponíveis nos sites
pesquisados. Observou-se as grades, procurando identificar uma disciplina que ministrasse, especificadamente, a
teoria musical.
Foram recolhidos os dados em universidades no Estado do Rio de Janeiro com licenciatura e bacharelado em
Educação Física. A amostra para estudo foi retirada de um total de 50% e pelo menos mais 1, das grades dos cursos
de Educação Física no Ensino Superior público e no privado. Sendo assim, das três universidades públicas, foi
pesquisada uma e, do total de doze universidades privadas foram pesquisadas oito.
Foi realizada uma pesquisa de campo quantitativa, centralizando-se na análise das grades das Universidades
públicas e privadas. Após a coleta, os dados foram classificados, organizados e apresentados por meio de números
(THOMAS & NELSON, 2002).
A seleção dos dados foi feita observando a grade de uma Universidade pública e oito Universidades privadas no
Estado do Rio de Janeiro, no total foram pesquisadas as grades de nove Universidades, respeitando a porcentagem
de 50% e pelo menos mais 1 de cada rede de Ensino Superior (público e privado). Este método envolveu medidas
precisas, com o controle rígido das variáveis, onde os números deram autenticidade às hipóteses desenvolvidas a
partir de relatos e pensamentos. (THOMAS & NELSON, 2002).Participaram da pesquisa 9 (nove) universidades,
sendo 1(uma) pública e 8 (oito) privadas, respeitando-se a porcentagem determinada pelo quantitativo de 50% e pelo
menos mais 1. As grades foram analisadas buscando verificar a evidência da existência de disciplinas que
contemplem com exclusividade o ensino da teoria musical.
As grades foram coletadas via Internet e presencialmente, quando não obtivemos a informação pela primeira via.
As grades estão dispostas no anexo.
Análise dos resultados
Segundo a pesquisa feita, o Estado do Rio de Janeiro possui provavelmente 15 (quinze) Universidades
ministrando o Curso Superior de Licenciatura/ Bacharelado de Educação Física. Foram analisadas as grades das
seguintes Universidades privadas: Gama Filho, UNIVERCIDADE (Faculdade da Cidade), UNIG (Universidade Iguaçu),
As disciplinas ministradas em Educação Física podem até oferecer noções superficiais de teoria musical, porém
o conhecimento é trabalhado de forma intuitiva, pois os professores não possuem uma formação em música.
A música está presente em várias disciplinas como recurso facilitador, porém de forma implícita. Recreação,
Folclore, Dança e Educação Infantil são disciplinas que apresentam música em seus conteúdos, por este motivo,
participa ativamente da rotina escolar, sendo muito utilizada pelos professores de Educação Física. As atividades com
música proporcionam o melhor desenvolvimento dos movimentos corporais, como também estimula a criatividade.
Através da música pode-se ditar o andamento de uma atividade, determinando até a progressão de uma aula.
Sendo inevitável não relacionar, mesmo intuitivamente, o elemento ritmo, presente na música, com a habilidade
motora ritmo, trabalhada como conteúdo nas aulas de Educação Física.
A música é tão importante na formação cognitiva, afetiva, motora do aluno, precisando que o profissional ao
exercê-la tenha conhecimento embasado, para relacioná-la aos objetivos propostos nas disciplinas do Curso Superior
de Educação Física. Seria necessário uma cadeira especifica, pois mesmo o profissional tendo este conhecimento,
torna-se inviável ministrá-la concomitantemente com outra disciplina, faltando assim tempo hábil para transmitir todos
os conhecimentos propostos na ementa.
Obs . As autoras, acadêmicas da UNIABEU trabalham todas na SEM de Belfort Roxo, Simone do Nascimento
Silva de Almeida.(agnesvazlobo@bol.com.br ), Sueli Maria de Lemos (agnesvazlobo@ bol.com.br ) sendo que a
Ludmilla da Silva Carvalho (agnesvazlobo@yahoo.com.br ) também trabalha na SEM de Nova Iguaçu
Referências bibliográficas
AMORIM e VITA, Zita Alves de e Luís Washington.Introdução à Pedagogia Musical. Editora Ricordi Brasileira. São
Paulo, 1956.
COSTA e VALLE, Niobe Marques da e Edna Almeida. Música na Escola Primária. Editora J. Olympio. Rio de Janeiro,
1969.
JANNIBELLI, Emília d’ Anniballe. A Musicalização na Escola. Editora Lidador Rio de Janeiro, 1971.
THOMAS e NELSON. Metodologia da Pesquisa em Atividades Físicas. Editora ArtMed, 2002.
Resumo : Tendo em vista que o número de publicações abordando a avaliação em educação física escolar é
reduzido, este trabalho tem por objetivo discutir algumas questões relacionadas à avaliação em educação física
escolar. A avaliação indica o nível da aprendizagem dos educandos, garantindo dessa forma, a qualidade do resultado
que estamos construindo. Para tanto, essa discussão será realizada considerando o processo ensino-aprendizagem.
Na medida em que consigamos mapear alguns sentidos que orientam a prática avaliativa do professor de educação
física escolar no processo ensino-aprendizagem, procuramos motiva-lo a pensar no seu papel de interventor
pedagógico na escola. Pois, essencial é reconhecer que, hoje, posições rígidas apenas cristalizam o conhecimento. E
que o importante é aprender a aprender, saber pensar, ser crítico, e consciente de seus atos. Esses devem ser o
centro da educação, e é dentro dessa perspectiva que a avaliação do desempenho escolar deve ser concebida.
Palavras-chave : educação física escolar; avaliação; aprendizagem.
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Avaliação educacional
A concepção de avaliação vem sendo comumente relacionada à idéia de mensuração. Essa idéia possibilita
focalizar as atenções no aspecto quantitativo, gerando logo uma medida. No entanto, a avaliação vai além da medida.
Envolve, ainda, os aspectos qualitativos, que são muito mais difíceis de serem avaliados. Luckesi (1998) aborda a
prática de conferir o aproveitamento escolar, utilizando como base os conceitos de verificação e avaliação, com
expectativa de, ao final, conseguir proveitos para a prática docente. Ao analisarmos, cuidadosamente, os
procedimentos utilizados pelos professores, conseguimos identificar se sua avaliação tem um sentido de verificação
ou de avaliação.
Na escola de ensino fundamental e médio os professores utilizam como padrão de medida o acerto das
questões. Sendo assim, “a medida da aprendizagem do educando corresponde à contagem das respostas corretas
emitidas sobre um determinado conteúdo de aprendizagem que se esteja trabalhando” (ibidem, p. 88).
Na realidade, este tipo de avaliação corresponde a um elemento de controle feito por meio de atribuição de
conceitos e/ou notas, para que os alunos realizem as tarefas propostas e tenham o comportamento esperado. A nota
e/ou conceito, deste modo,passa a representar uma finalidade diferente da representação do verdadeiro rendimento
do aluno. Este processo demonstra, em geral, que a escola opera com a verificação e não com a avaliação da
aprendizagem. Isso fica claro, quando observamos que os resultados da aprendizagem estabelecem uma
classificação do educando, culminando em sua aprovação ou reprovação.
Com isso, podemos considerar que a prática educacional encontra dificuldades em retirar do processo de
aferição subsídios para melhorar a qualidade de ensino e o nível de aprendizagem dos educandos. Essas dificuldades
acabam corroborando para o desenvolvimento do medo nos educandos, pela constante ameaça da reprovação. Sua
utilização, tal como se da na maior parte das escolas, não desenvolve as oportunidades educacionais e sociais. Ao
contrário, reduz-se ao significado mais apropriado, à manutenção da hierarquia social
“A aprovação ou reprovação do educando deveria dar-se pela efetiva aprendizagem dos
conhecimentos mínimos necessários, com o conseqüente desenvolvimento de habilidades, hábitos
e convicções” (ibidem, p. 96-97).
A despeito disso, sob o ponto de vista da aprendizagem, a avaliação demanda uma pedagogia diferenciada, não-
tradicional, ou seja, uma prática pedagógica que privilegie o entendimento de cada aluno individualmente. Pois, o uso,
Pelo que vimos anteriormente, temos razões para acreditar que muitos professores de educação física escolar
não compreendem o sentido da avaliação numa perspectiva progressista, não discutem com seus alunos
explicitamente a sua relação com os conteúdos selecionados, não apresentam aos mesmos o caminho que irão
percorrer para alcança-los, entre outros problemas. Assim, entre os fatores possivelmente associados ao problema,
deparamo-nos com algumas situações: a) nem sempre o professor pensa sobre avaliação, b) a linguagem utilizada
nas aulas diferentes daquela utilizada na avaliação, c) inadequação dos instrumentos utilizados para avaliar. Além
disso, no momento da elaboração dos instrumentos de avaliação, nem sempre existe a preocupação fundamental de
verificar se os objetivos foram atingidos. De tal modo, fica a suspeita se os professores, no seu curso de graduação,
receberam informações significativas para a construção de instrumentos de avaliação. A ausência dessas informações
possivelmente contribui para a permanência de avaliações tradicionais, freqüentemente encontradas em nossas
escolas.
Enquanto em outras disciplinas essas questão parece estar mais esclarecidas, na educação física escolar ainda
não temos clareza ao buscarmos definição para algumas questões relativas, por exemplo, aos conteúdos, à avaliação,
entre outras. Desse modo, como é realizada a avaliação em educação física escolar? Segundo Soares (1992, p. 99).
“geralmente é feita pela consideração da ‘presença’ em aula, sendo este o único critério de
aprovação e reprovação, ou, então, reduzindo-se a medidas de ordem biométrica: peso, altura,
etc., bem como de técnicas: execução de gestos técnicos, ‘destrezas motoras’ , ‘qualidades físicas’
, ou, simplesmente, não é realizada”.
No entanto, essa prática deve valorizar o aluno a possibilitar que ele cresça, como indivíduo e como integrante
de sua sociedade. A avaliação é uma porta por onde se vislumbra toda a educação. Quando o professor se pergunta
como quer avaliar, desnuda sua compreensão de escola, de homem e de sociedade. Numa avaliação tradicional há
um destaque na atribuição de notas, e na classificação de desempenho. Nela, o mais importante é o produto, ou seja,
reflete uma educação baseada na memorização de conteúdos cognitivos ou motores.
Já uma avaliação progressista, fundamenta-se num paradigma crítico e visa o melhoramento da qualidade da
educação. Aqui o importante é o processo. Ela reflete um ensino que busca a construção do conhecimento. Para
Luckesi (1994, p. 174),
“se está clara a definição do ‘ser que se quer formar’, a avaliação tem por objetivo subsidiar esse
esforço. Como processa-la dependerá desse consteúdo, desde que ela não pode existir
independente dele. Ela tem sido autoritária exatamente porque tem-se dado de forma desvinculada
dos conteúdos pedagógicos”.
Freqüentemente, nossa concepção de educação física resumi-se ao que vivenciamos durante nossa infância
e/ou adolescência na escola, ou seja, esporte para o rendimento, com aulas que priorizam os habilidosos e deixam os
demais alunos sem oportunidades.
Entretanto, ao ingressar em um curso de graduação em educação física, nossa visão sobre essa área de
conhecimento vai se alterando. A preocupação com o tema surge justamente quando não conseguimos encontrar
respostas satisfatórias ao tentarmos compreender a finalidade da avaliação a que éramos submetidos ao final de cada
bimestre, em educação física escolar, e que ainda hoje encontramos em muitas escolas.
A história nos mostra que a educação física passou por várias tendências, sofreu vários conflitos, mas nunca
chegou a uma situação estável, no sentido de ser uma disciplina bem fundamentada e bem estruturada. Segundo
Soares (2000, p. 212),
Resumo : O ensaio artigo aborda a importância dos brinquedos cantados na formação do profissional de
Educação Física Escolar, porque desenvolve, através da ludicidade, o conhecimento das letras para o mundo da
criança. Portanto, a relação entre a alfabetização e brinquedos cantados é de fundamental importância na relação
ensino aprendizagem e professor-aluno.
O objetivo deste trabalho é dinamizar e desenvolver as questões do dia-a-dia nas escolas para as crianças em
fase de alfabetização, relacionando a importância do aprender a ler com a necessidade de brincar.
Portanto consideramos que a alfabetizar não é apenas ter domínio da “grafia”, mas sim utilizar esta, em função
de uma “leitura de mundo” mais eficiente e eficaz. Utilizando a Educação Física, especificamente o brinquedo cantado
como instrumento deste processo.
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Introdução
O presente ensaio visa dinamizar e desenvolver as questões do dia-a-dia nas escolas para as crianças em fase
de alfabetização, relacionando a importância do aprender a ler com a necessidade de brincar.
A brincadeira é uma forma privilegiada de, as crianças, vivenciarem o que vêem, escutam, observam e
experimentam, e ao combinarem esses diversos conhecimentos, a qual tiveram acesso, as brincadeiras tornam-se
mais interessantes.
O professor de Educação Física, em suas aulas, utilizarão os brinquedos cantados como instrumentos que visam
desenvolver as habilidades motoras, cognitivas e afetivas. A importância do profissional de Educação Física na
alfabetização tem em facilitar o conhecimento das letras para o seu mundo através das brincadeiras, das músicas, o
que permitirá que a criança desenvolva a sua criatividade de acordo com sua realidade.
O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física, portanto, não se restringe ao simples exercício de
certas habilidades, mas sim de proporcionar ao aluno a refletir sobre o mundo da leitura através dos brinquedos
cantados.
A alfabetização no mundo da música faz com que a criança aprenda de forma lúdica e se desenvolva
integralmente ao ritmo da dança, pois é a forma mais expressiva de manifestação da alma infantil.
Um exemplo, é que a mímica e a coordenação motora associa ao canto, conscientizando na orientação espaço
temporal (A canoa virou); na formação de hábitos, a criança sente a necessidade de criar hábitos de saúde e higiene
pois seu organismo está em fase de desenvolvimento (Eu perdi o dó); o esquema corporal auxilia na aquisição do
senso estético (Rock Pock); com músicas folclóricas a criança desenvolverá os tipos de manifestações culturais
(Pézinho); com os animais o professor deverá explorar as músicas e brincadeiras levando a criança amar, respeitar e
proteger os animais (Rolinha).
Métodos
Para a presente pesquisa, num primeiro momento foram observadas as aulas expositivas e aulas práticas de
educação física da classe de alfabetização (C.A). Posteriormente, 05 professoras da rede municipal foram convidadas
De acordo com Ferreiro, alfabetizar é ensinar a ler. Mas encontra-se dificuldades ao entender o alcance de
serviços educativos, buscando a qualidade mais conseguindo um mínimo de alfabetização, onde esses só consegue
decodificar trechos breves e escreve algumas palavras sem atingir a língua escrita.
“ As crianças são facilmente alfabetizáveis desde que descubram, através de contextos sociais
funcionais, que a escrita é um objeto interessante que merece ser conhecido, assim como tantos
outros objetos de realidade aos quais dedicam seus melhores esforços intelectuais.” (Ferreiro,
2001 p. 95)
Deve preocupar-se em não regressar a concepção da alfabetização como sendo algo demasiado elementar. Ou
seja, alfabetizar não é apenas para ler o que publicam mas também é ter a capacidade de dizer por escrito, ou
melhor , dizer com suas próprias palavras o que não tem medo de falar em voz alta. Assim como, ela pode e deve
contribuir para a compreensão, difusão e enriquecimento de nossa diversidade histórica e atual.
“ Os brinquedos cantados, ciranda ou brincadeiras de roda são atividades de grande valor
educativo e folclórico, sendo a expressão de uma infância saudável... é a brincadeira mais
completa do ponto de vista pedagógico...” (Paiva, 2001 p.10)
Ou seja, os brinquedos cantados são uma das atividades mais aplicadas à recreação de crianças e é vista em
todo o mundo.
De acordo com alguns profissionais da área de educação, podemos observar que certos professores educadores
ainda encontram dificuldades em alfabetizar, pois relatam que precisam da ajuda da família. E por isso, o professor de
educação física também encontra certas dificuldades, em relação a algumas atividades passadas, onde, por falta de
uma boa alfabetização, as crianças não conseguem assimilar corretamente suas atividades onde utilizam as letras do
alfabeto.
Como o professor de educação física tem plena consciência de que através da expressão corporal, dos jogos,
das músicas e dos movimentos, o aluno desenvolverá um melhor aproveitamento em sua aprendizagem, torna-se
importante utilizar os brinquedos cantados na alfabetização, satisfazendo o interesse infantil, atraindo as crianças ao
mundo da fantasia e criatividade.
Desta forma e com o auxilio da família, a criança será alfabetizada de um modo mais divertido, não encontrado
dificuldades em seu desenvolvimento escolar, estando sempre progredindo e não regredindo.
Formação do profissional de educação física
Para se discutir sobre a formação do Profissional de Educação Física, existem novas diretrizes curriculares
específicas para graduar o profissional de Educação Física, como também existem, diretrizes curriculares para as
Licenciaturas em geral, que estão sendo aplicadas na Educação Física, permitindo realizar reformas ou reajustes nas
matrizes curriculares em todas as licenciaturas. Essas porem São denominadas “Diretrizes Curriculares Nacionais
Os brinquedos cantados são de extrema importância para a formação integral da criança no mundo da
alfabetização. Por causa da sua ludicidade, as crianças mostram-se interessadas e desenvolvem uma alegria
expontânea e prazerosa com muito valor em sua educação.
Podemos dizer que, através dos brinquedos cantados é que a criança despertará o prazer da leitura, o poder da
sua criatividade, se mobilizando de acordo com as suas realidades, sendo importante para a sua aprendizagem no
processo de alfabetização, que deve e pode estar contribuindo para a compreensão, divulgação e enriquecimento de
nossa diversidade cultural, histórica e atual.
Obs . Os autores Victória Conceição Simas Santos (vickvando@yahoo.com.br) , Andréa Catrolle Vanderlei
(Gata172@ig.com.br) , Fabiana de Oliveira (kittyrj82@hotmail.com) , Kátia dos Santos Costa
(katiadossantoscosta@yahoo.com.br) e Michele Furtado Cortez (vickgatinharj@ig.com.br) são alunos da UNISUAM e
foram orientados pela prof. Ms Ana Patrícia da Silva UERJ/UNIABEU
Referências
PAIVA, Ivone Maria R. de. Brinquedos Cantados / Ivone Maria R. de Paiva; Rio de Janeiro, 2ª edição, Sprint, 2000;
FERREIRO, Emília. Com todas as Letras / emília Ferreiro; São Paulo, 10ª edição, Cortez, 2001;
MINISTÉRIO da Educação. Parâmetros Currículares Nacionais – Educação Física. Vol 7, ed. DP&A, 1995;
CAPARRÓZ, Francisco Eduardo; FILHO, Nelson Figueiredo de Andrade. Educação Física Escolar: política,
Investigação e Intervenção – vol. 2. Vitoria: UFES, LESEF: Uberlândia. UFU, NEPECC, 2004;
DEMO, Pedro. A Nova LDB – Ranços e Avanços. 11ª edição; Papirus Editora, 1997.
RESUMO: Este trabalho é fruto de uma série de reflexões que se seguiram durante as aulas da turma 15 A, do
curso de especialização em Educação Física escolar, da Universidade Federal Fluminense. Consiste portanto, numa
tentativa de apresentar de maneira razoavelmente ordenada, minimamente clara e pretensiosamente resumida, um
pouco dos muitos conteúdos que por ali foram debatidos, especialmente acerca das possíveis potencializações dos
conteúdos e interesses culturais do lazer. Trata-se de uma tentativa de apresentar como proposta metodológica
alternativa o dimensionamento das aulas de Educação Física na perspectiva da informalidade, sobrevalorizando o
valor educativo desses aspectos que são constantemente negados e suprimidos.
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Este trabalho é fruto de uma série de reflexões que se seguiram durante as aulas da turma 15 A, do curso de
especialização em Educação Física escolar, da Universidade Federal Fluminense. Consiste portanto, numa tentativa
de apresentar de maneira razoavelmente ordenada, minimamente clara e resumida, um pouco dos conteúdos que
foram debatidos.
Dessa maneira, gostaria de dedicar esse breve artigo aos companheiros de turma com os quais tive a honra e o
prazer de compartilhar essa enriquecedora experiência, e que por motivos óbvios, não podem ser aqui listados
nominalmente, mas a quem devo todos os créditos por este trabalho, sem mencionar, obviamente, os professores que
com suas cotidianas lições de humildade, impulsionaram essa valiosa aprendizagem. Tudo isso, mais que um
agradecimento, é uma singela homenagem e o reconhecimento público, que de tão grande e sincero não caberiam
numa simples nota de rodapé, sobretudo pelo conhecimento que pude (re) elaborar a partir das muitas e animadas
discussões.
Cena cotidiana de uma escola: Desafios metodológicos
Numa rápida espiada na sala de professores de qualquer escola, pode-se facilmente notar um tipo de discurso
quase homogêneo proferido pelos professores. Trata-se de discursos acerca dos alunos. Discursos esses que na sua
esmagadora maioria dão conta de denunciar o desinteresse, a desmotivação, a indisciplina e a falta de compromisso
por parte dos alunos. Esse quadro tão comum e corriqueiro em nossas escolas, traz à tona um problema que querem
nos fazer acreditar que está adormecido, e que por isso mesmo não tem sido enfrentado com a devida coragem pelos
profissionais que pensam e fazem a educação: o anacronismo, ineficiência e inadequação dos métodos e conteúdos
da escola.
É pública e notória a grande quantidade de críticas endereçadas à instituição escolar, ao mesmo tempo em que
podemos notar, paradoxalmente, uma recusa em discutir, questionar e principalmente repensar os procedimentos de
ensino já há muito cristalizados e consolidados em seu interior ao longo desses muitos anos de existência.
A escola é fundamentada sob a égide de uma racionalidade totalizadora, que desencadeada ao longo do projeto
iluminista da modernidade, sempre vislumbrou como projeto a dominação o controle racional; daí sua inescapável
vinculação ao mundo do trabalho e da produção (ARROYO, 2002).
Uma forma de interpretar esses acontecimentos, que particularmente têm me atraído, é sob a luz da teoria do
processo civilizador de Norbert Elias, que em poucas palavras, pode ser caracterizado como um longo processo não-
planejado que têm por fundamento básico essencial a pacificação da cultura a partir do controle das emoções (ELIAS,
1993). Dito de outra forma, é uma tentativa de empurrar para a vida privada as manifestações das pulsões emotivas e
Resumo : Esta pesquisa surge no interior de um processo de formação continuada para professores de
Educação Física na Rede Municipal de Uberlândia que vem sendo realizado desde o ano de 1996. A partir da
necessidade identificada pelos próprios professores em função da dificuldade em planejar e sistematizar experiências
de ensino do conteúdo esportivo numa perspectiva crítica de educação, estruturamos este projeto com o objetivo de:
auxiliar, teórica e praticamente, na construção de materiais didático-curriculares relativos ao conhecimento esportivo
na escola, com a finalidade de colaborar, tanto com o planejamento e desenvolvimento experiências de ensino como
no processo de ensino-aprendizagem dos alunos. ________________________________________
Introdução
Esta pesquisa surge no interior de um processo de formação continuada para professores de Educação Física na
Rede Municipal de Uberlândia que vem sendo realizado desde o ano de 1996. Durante este período várias
experiências de ensino denominada de “Estratégia de Ensino” foram sistematizadas por este grupo de professores.
Entretanto, se percebeu algumas dificuldades na organizar e planejamento de determinados conteúdos, como por
exemplo o esporte, na perspectiva filosófica adotada por este coletivo (perspectiva esta baseada nas teorias críticas
da educação).
Uma das questões debatida no grupo, em função dessas dificuldades, diz respeitos a escassez de materiais
didático-curriculares mais reflexivos como textos de apoio, áudio visual, entre outros aspectos, que ajudasse no
desenvolvimento dessas Estratégias de Ensino. Assim que, passamos a nos interessar em investigar a respeito desta
temática (materiais didático-curriculares) para contribuir com os professores na definição de conteúdos, na
organização de ciclos de aulas e na construção de um acervo e elaboração de materiais didático-curriculares
necessários ao trabalho que desenvolvem.
O que se entende por materiais didático-curriculares em educação física
Na literatura educativa, de uma maneira geral, quando se fala de materiais didático-curriculares esse é entendido
como aquele que auxilia o professor no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. De fato os materiais
didático-curriculares, segundo Gimeno Sacristán (1991, p.10), são aqueles “instrumentos ou objetos que possam
servir como recursos para que, frente a sua manipulação, observação ou leitura, ofereça oportunidades de se
aprender algo (...) e podem servir para estimular e dirigir o processo ensino-aprendizagem”.
Por outro lado, os materiais didático-curriculares possuem dois momentos: aquele material utilizado pelo
professor para planejar sua aula e aquele que o professor utiliza junto aos alunos para que os mesmos aprendam um
determinado conteúdo.
No âmbito escolar os materiais que, normalmente, aparecem como sendo os mais utilizados são aqueles
impressos como livros, apostilas e etc. Entretanto, na área da educação física quando se fala de material curricular,
seu entendimento muitas vezes se restringe àqueles materiais “convencionais” como parte dos equipamentos
utilizados na prática da atividade física como: bolas, cordas, aparelhos de ginástica, bastões, cones e etc. Além do
mais seu sentido normalmente fica restrito à sua utilidade como fator de manipulação e destreza física.
No esboço curricular adotado pelos professores em questão, os conteúdos estão apresentados em cinco eixos
temáticos. Estes são resultantes da análise coletiva das experiências docentes, sistematizadas na forma de
estratégias de ensino durante o processo de formação continuada. São eles: Escola e Educação Física; Jogo;
Esporte, Indivíduo e Sociedade; Expressão Corporal; e Exercício, Lazer e Qualidade de vida.
A partir de um levantamento realizado entre os professores detectamos que o maior número de estratégias
sistematizas está concentrada, nos eixos: Jogo, Escola e Educação Física, Exercício Lazer e Qualidade de Vida,
Esporte, Indivíduo e Sociedade e Expressão Corporal.
Para desenvolvimento deste projeto escolhemos o eixo Esporte, Individuo e Sociedade para ajudar na
elaboração de materiais didático-curriculares porque existe ainda uma carência na sistematização de estratégias de
ensino com este conteúdo. Além disso, poderia afirmar que o esporte ainda é um dos conteúdos mais utilizado nas
aulas de educação física e é aquilo que os professores mais dominam.
Contraditoriamente, é curioso perceber que este eixo está pouco descrito/elaborado nas estratégias de ensino
dos professores. Fato este que pode estar relacionado à insuficiência de referências (reflexões teórico-práticas e
experiências de aula) que ajudem os professores nesta construção; à dificuldade dos professores na compreensão
dessas referências teóricas; e/ou à distância dessas referências com a realidade do cotidiano e da prática pedagógica
do professor.
Vale destacar que, no processo de formação continuada, os professores percebem que o texto sobre esporte que
compõem as Diretrizes Básicas de Ensino da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia apresenta-se frágil de
argumentos quando confrontado com as necessidades para a elaboração de estratégias ensino.
Ainda que a discussão do esporte na educação física escolar não seja nova, persistem muitas dificuldades na
compreensão de sua prática como elemento transformador. Existem diferentes leituras a esse respeito, que levam a
distintos entendimentos sobre como deve ser a prática da educação física na escola, o seu planejamento e
intervenção pedagógica.
Consideramos pertinente investigar sobre a construção de materiais didático-curriculares sobre o esporte, que
possam ajudar os professores no planejamento de estratégias de ensino e de sua aplicação nas aulas. Construir
currículo, e mais especificamente, tratar o esporte como conteúdo pedagógico, vem sendo um desafio para os
professores que buscam uma formação na perspectiva de educação crítico-reflexiva. Tal como Souza Júnior (2001, p.
33) entendo que a “Educação Física Escolar deve ajudar a formar pessoas que possam usufruir o esporte como um
praticante e sujeito ativo, a começar pela sua apropriação, por meio da escola, como um conhecimento elaborado”.
A partir das considerações de como surge o tema da pesquisa e da justificativa sobre a necessidade e relevância
de seu desenvolvimento, o objetivo que propomos nesse estudo pode ser resumido em: auxiliar, teórica e
praticamente, na construção de materiais didático-curriculares relativos ao conhecimento esportivo na escola, com a
finalidade de colaborar, tanto com o planejamento e desenvolvimento de estratégias de ensino dos professores
participantes da formação continuada na Rede Municipal de Ensino, como no processo de ensino-aprendizagem dos
alunos, numa perspectiva crítica de educação física.
Metodologia
Para Rodrigues (1999, p.99) a eleição de uma determinada metodologia deve estar relacionada e articulada com
o objetivo, referencial adotado e instrumental necessário para a extração qualitativa da informação. Assim,
identificamos na perspectiva qualitativa crítica a possibilidade de um esquema teórico aberto, de visão ampliada, para
Ainda que o projeto somente terá inicio em agosto de 2005 e no momento não possamos realizar nenhuma
reflexão mais aprofundada do tema, entendemos a pertinência do mesmo, tanto para este coletivo de professores
como para a área da Educação Física escolar, contribuindo assim para um maior aprofundamento sobre o tema e
subsidiando investigações nesta perspectivas.
Finalmente, entendemos que a possibilidade de discussão do projeto neste evento poderá contribuir para
diferentes análises e reflexões pertinente tanto ao seu conteúdo como também nos metodológicos, já que na época de
realização deste evento já teremos outros dados para debater tanto em função das análises dos artigos como também
das entrevistas que serão realizadas neste espaço.
Obs . Os autores professoras Camila Silva de Aguiar, Paula Pereira Roteli e Dinah Vasconcellos Terra lecionam
na FAEFI/UFU
Referências bibliográficas
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RESUMO: Este trabalho tem como meta analisar as contribuições dos periódicos da revista ‘Arquivos’ da Escola
Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD) referentes ao campo da educação física escolar. A primeira fase
do trabalho, apresentada no evento de 2004, teve como foco resgatar elementos históricos sobre a fundação da
ENEFD, dando ênfase à posição central que ela ocupou em âmbito nacional – chegando até mesmo a ser referendada
como Escola-Padrão. Fator este que nos possibilitou abordar com maior comodidade o grau de importância da revista
Arquivos, já que tal revista era parte integrante do projeto do Governo do Estado Novo ao elaborara a fundação da
Escola. Nesse momento, o trabalho enfoca as contribuições dos periódicos no que diz respeito à relação entre a
educação e a educação física, sempre buscando desvelar os valores atribuídos ao papel da educação física na
sociedade – tomando como base o posicionamento dos autores. Como fator delimitador, foi utilizado como fonte de
análise as produções da década de 1940. ________________________________________
Introdução
Em linhas gerais, este trabalho focaliza resgatar e acurar historicamente as contribuições dos periódicos da
revista ‘Arquivos’ – elaborada e produzida pela Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD) – no que
diz respeito aos estudos e ao desenvolvimento da educação física no âmbito social.
Precedente a presente etapa do trabalho (no EnFEFE de 2004), analisando o Decreto-Lei 1.212 – que foi
responsável pelas diretrizes gerais que delinearam as condições à fundação da ENEFD, bem como o papel que ela
ocuparia na sociedade –, foi realizado o levantamento histórico acerca da fundação da instituição, bem como os
objetivos do governo do Estado Novo ao elaborá-la. Com isso, buscamos cria melhores condições para
compreendermos o objetivo pelo qual os periódicos foram elaborados, já que sua formulação e produção estavam
contempladas no documento.
Situado nas condições estruturais vislumbradas pela etapa anterior, e também nas condições históricas da
época, tomamos como principal base de dados os artigos contidos nos periódicos da revista Arquivos ambicionando
abordar as contribuições dos autores pertinentes a suas visões sobre a relação entre educação e a educação física. A
partir de então, temos como foco central desvelar os valores pertinentes à importância da educação física na
sociedade.
Dada a extensão do trabalho, torna-se mais profícuo delimitá-lo à década de 1940. Esse fator é atribuído a dois
elementos. O primeiro deve-se ao fato de que na segunda metade da década, a ENEFD passara por uma
reformulação político-estrutural e também paradigmática referente aos conteúdos da educação física, por parte do
corpo docente. Onde alguns deles utilizaram a revista almejando difundir suas idéias. O segundo é atribuído ao fato
de que no final da década – em 1949, sua quinta edição – houve uma cessão nas produções, retornando somente em
1953 em condições totalmente adversas. Diversos fatores podem ter potencializado a parada nas publicações.
Contudo, acreditamos que uma das influências mais fortes tenha sido por conta da mudança na diretoria da Escola,
onde Alberto Latorre de Faria assume o cargo de diretor da ENEFD – e suas preocupações maiores estavam voltadas
às condições estruturais da instituição.
Com isso, ao resgatar as contribuições teórico-reflexivas sobre o assunto, efetuadas por nossos antecessores,
cremos que estamos contribuindo na implementação de conteúdos à compreensão alusiva o ofício da educação física
na sociedade.
A ENEFD foi a primeira escola de educação física fora dos recintos militares ligada a uma Universidade –
Universidade do Brasil, hoje conhecida como UFRJ. Todavia, nos primeiros anos de atividades, era muito vigente a
caracterização militarista em seu cotidiano. A volumosa participação da Escola de Educação Física do Exercito como
precedente à elaboração da ENEFD é um dos fatores; outro que podemos apontar é a grande intervenção do Estado
Novo em suas dinâmicas institucionais, nos anos pós-fundação.
A preocupação do Estado em manter uma linearidade na escola era tamanha que a intervenção estatal era parte
de sua organização estrutural contemplada no Decreto-Lei 1.212. O artigo 50, referenda que o presidente da república
poderia comissionar funcionários públicos (civil ou militar) para exercer qualquer cargo ou função na instituição.
Resultado disso foi que os primeiros diretores da ENEFD concedidos a militares: o primeiro diretor efetivo da ENEFD
foi cedido ao Major Inácio Freitas Rolim; outro diretor foi o Capitão Antônio Pereira Lira: titulações estas que foram
indicadas pela União.
Porém, o declínio do Estado Novo propiciou nova dinâmica política no interior da ENEFD. Os primeiros
personagens a assumiram posições críticas acerca da forma como a educação física foi conduzida nesse período
foram os professores Waldemar Areno e João Peregrino Júnior. A partir da segunda metade da década de 1940,
ambos incomodados com o caráter reprodutivista e mecanicista pela qual a educação física vinha sendo referendada
iniciaram o trabalho de exaltar elementos epistemológicos que até então estava sendo obscurecidos, segundo eles.
Tal pioneirismo de reforçar novos paradigmas à educação física no seio social torná-se mais visível se
remetermo-nos as palavras de Peregrino Júnior:
o vosso papel, portanto, é o de pioneiros. A Educação Física entre nós, confessemos francamente, apesar dos
seus consideráveis progressos, achasse ainda na fase preliminar de captação de adeptos, de difusão de princípios, de
doutrinação e esclarecimento. Sois vós, portanto, os primeiros a semear nos espíritos boas sementes. Os que vierem
depois colherão os frutos. Mas a glória e a alegria da semeadura são vossas, embora os proveitos da colheita possam
vir a pertencer a outros (1946, p.08).
Nesse cenário, duas dessas publicações são mais concisas sobre os conteúdos que essa corrente acadêmica
almeja à Educação Física: A Educação Física e o Mundo de Amanhã, escrita por Peregrino Júnior; e Profissão de Fé ,
escrita pelo professor Waldemar Areno.
No primeiro, Peregrino Júnior realizou reflexões referente aos valores simbólicos que confluíram a campo da
Educação Física nos anos antecessores até o atual momento. Em suma, ele realiza uma crítica pelo fato de que os
elementos que vinham sendo impregnados à Educação Física não permitiam que se visualizasse o homem em sua
totalidade (ser biológico, psicológico e social).
Com um posicionamento diferenciado, mas que vai ao encontro das escrituras de Peregrino Júnior, Waldemar
Areno toma o rumo de refletir sobre a importância da Educação Física na sociedade – também tomando como base os
‘valores’ que conotam a importância da profissão no seio social. Inspirado nas teorias de John Dewey, Areno
primeiramente faz menção referente ao modo como a Educação foi sendo concebida historicamente sob a óptica de
diferentes intelectuais (Platão, Aristóteles, Rousseau). Isso para fundamentar a crítica sobre a dissociação entre
Educação Física e Educação consolidada historicamente.
Reconhecendo a posição central que a ENEFD ocupava no âmbito nacional, eles logo procuraram dar
visibilidade ao que piançavam. Escreveram alguns artigos teórico-reflexivos que remeteram críticas ao sistema
reprodutivo e desencadearam posicionamentos que claramente focalizava o florescimento de diferentes meios de
intervenção. Pois, Waldemar Areno (1946) diz que
existe naturalmente a imperdoável ignorância dos pseudo-intelectuais, dos que não acompanham a evolução dos
processos educativos, não conhecem nem na superfície, o papel da Educação Física na formação do Homem
moderno. Mas pululam também os reacionários, os inimigos permanentes, os que vêm na Educação Física o meio de
Através desses acontecimentos, foi possível potencializar o fortalecido por disputas políticas internas que
dinamizavam a ENEFD; nesse mesmo período os professores aglutinaram adeptos às suas idéias, onde alguns
autores delinearam em suas publicações a mesma diretriz desencadeada por Areno e Peregrino Júnior.
Com isso, suas ideais foram disseminados a outras áreas de conhecimentos. Exemplo disso são os dois artigos
de Maria Helena Sá Earp em que vislumbra abordagens psíquico-educacionais à dança (1946 e 1947). Podemos
apontar também Cecília Stramandinoli e Maria Jacy que fizeram o mesmo tipo de abordagem referente à educação
infantil (1947), dentre alguns outros.
Vale lembrar que a militância dos professores da ENEFD não se resume à mobilização intra-institucional. Tornou-
se comum os professores participarem de eventos no exterior e elaborar comparações sobre a concepção da
educação física nos países visitados com o Brasil. Boa parte das vezes utilizava a revista para divulgar seus relatórios
– como foi o caso de Waldemar Areno no México; Alberto Latorre de Faria e Antônio Pereira Lira na Argentina e no
Uruguai. Além disso, eles regiam palestras por todo o Brasil e utilizavam outras revistas como meio de comunicação –
como o caso da 0Revista Brasileira de Educação Física , que tinha sua sede no Distrito Federal, mas circula em boa
parte do Brasil.
Tomando como base esse cenário, notamos que após a queda do Estado Novo, houve um levante – não somente
na ENEFD – teórico conceitual que buscou refletir a papel que a educação física poderia – e no case deles deveria –
assumir frente à sociedade. Portanto cremos que resgatar e compreender estas dinâmicas podemos aportar
elementos substanciais para debater a função da educação física na escola e na sociedade.
Obs . Os autores, acadëmicos Bruno Lima Patrício dos Santos e Ian Anderson de Andrade cursam a EEFD/UFRJ
e são bolsistas da FAPERJ / Centro de Memórias Inezil Panna Marinho.
Referência
ARENO, Waldemar. Profissão de fé. Arquivos da ENEFD , Rio de Janeiro, n.2, jun.1946, p.9-16.
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ENEFD , Rio de Janeiro, n.3, 1947, p.5-25.
__________. Relatório da viagem ao norte do Brasil. Arquivos da ENEFD , Rio de Janeiro, n.4, jun.1948, p.26-43.
ARQUIVOS DA ENEFD. Rio de Janeiro, n.1, out.1945.
__________. Rio de Janeiro, n.2, jun.1946.
__________. Rio de Janeiro, n.3, jun.1947.
__________. Rio de Janeiro, n.4, jun.1948.
Resumo : O presente trabalho tem a intenção de trazer reflexões para a área de educação física e de educação
acerca da importância da utilização de jogos no espaço escolar, assim como apontar aos profissionais da ludicidade
um fértil lócus de discussão / produção / transformação/ ação nos cursos de formação de professores, com a
perspectiva de imbricar a educação física à cultura escolar. ________________________________________
Introdução
Professores de educação física ocupam hoje diferentes posições no mercado de trabalho. Em linhas gerais a
formação em nível superior dos profissionais desta área destina-se ao bacharelado e/ou a licenciatura, desta forma a
escola aparece como uma grande oportunidade de atuação.
Novas tendências educacionais vão surgindo direcionando o trabalho do professor, o que os impulsiona na busca
de novos saberes/fazeres. Sendo a escola historicamente um importante lócus de formação humana, devemos pensá-
la em todas as suas potencialidades. O espaço/tempo da lucidade tem presença marcante no contexto educacional,
porém inúmeros educadores não o valorizam e até mesmo o desprezam. Como então dar ao jogo e as atividades
lúdicas um lugar de destaque no campo educacional? Analisar e discutir as teorias de jogos e suas implicações com a
educação se faz necessário, principalmente em cursos de formação de professores da educação básica. O presente
trabalho tem como proposta refletir sobre o “lugar” do professor de educação física no contexto escolar e sua relação
com os demais educadores na busca das contribuições dos jogos no processo educacional.
A escola e professor de educação física
A educação física escolar é uma área que vem colecionando diversas críticas quanto ao trabalho e desempenho
dos professores neste espaço/tempo. Resíduos de uma fase tecnicista ainda acompanham algumas práticas
pedagógicas da educação física, o que de certo modo contribui para a resistência deste tipo de trabalho na escola.
Paulo Ghiraldelli Júnior vem desenvolvendo uma pesquisa com alunos da Universidade Estadual Paulista,
UNESP, Rio Claro que pretende esboçar as possibilidades de uma “ nova Educação Física”. Um trabalho, que
segundo o autor, pretende ser um ponto de partida para a superação das diversas concepções de Educação Física
vinculadas a ideologia dominante.
Com uma breve passagem pela história, podemos compreender que certas tendências pedagógicas não se
incorporaram no trabalho docente do professor de educação física por acaso. O período militarista pós 1964 deixou
marcas tecnicistas no trabalho de muitos profissionais. Ghiraldelli classifica este período como “Educação Física
Competitivista”(1998), pois o objetivo central que direcionava o trabalho escolar nesta área era a caracterização da
competição e da superação individual como valores fundamentais e desejados pela sociedade da época.
A educação física escolar alinhou-se facilmente a esses desígnios. Não foi por acaso que a Reforma
Universitária de 1968, com a Lei 5.540, veio acompanhada de um parecer que confere ao profissional de educação
física o título de técnico desportivo.
Fato curioso, no entanto previsível, foi o enquadramento da educação física com a educação moral e cívica num
mesmo artigo da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71. Os corpos dos futuros cidadãos tornavam-se assim “ dóceis” à
ideologia dominante, como nos sugere Foucault (1987). A educação física passava pela moralidade, respeito e
disciplina atribuídos aos jogos desportivos na escola. Em contrapartida neste período se eleva o nível e o conceito
dos professores de educação física, incentivando-se estudos, pesquisas e elaboração de trabalhos na área, embora
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as faculdades de Educação Física ainda mantivessem um currículo muito mais voltado para a “desportivização”,
caracterizando o modelo tecnicista do período da Ditadura Militar. Marcos Taborda Oliveira (2003), tenta compreender
se o alinhamento do trabalho escolar do professor ao perfil militarista foi por adesão, resistência ou alienação.
Se observarmos a legislação da educação física no período em questão, poderemos entender as propostas
curriculares e suas relações com as práticas dos professores.O decreto nº 69.450/71 valoriza a atividade recreativa,
mas apresenta no Título I , art. 1º um caráter moral e cívico para a educação física. Desta forma a intenção desportiva
e recreativa da educação física passa a nortear o trabalho de grande parte dos professores. Mas até quando, onde e
de que forma?
A legislação autoritária da Educação Física entra no interior das escolas e na maioria delas parece vigorar até
hoje. No imaginário de grande parte dos atores escolares a educação física continua sendo física (ou melhor, só
física), cabendo aos demais docentes a formação intelectual e cultural do aluno. Estarão os professores acomodados
com suas práticas? Estão sem uma identidade profissional? O que na verdade predomina como proposta pedagógica
para a educação física escolar?
Com tantas reformas educacionais, principalmente com a LDB 9394/96, novas concepções do trabalho escolar
da educação física vem surgindo. Cabe-nos ainda perguntar: Por que a grande maioria das escolas ainda hoje não
compreende o trabalho do profissional desta área? Estaria ele preso aos moldes tecnicistas, confinado a uma
disciplina do currículo, ou seu trabalho é de descomprometimento com a cultura da escola? Por que a cultura da
escola e a educação física não se imbricam?
Reflexões quanto ao caráter recreativo ou desportivo das atividades desenvolvidas nas aulas de educação física,
vem apontando novas concepções e novos modos de pensar o fazer pedagógico desta área de conhecimento.
Inúmeras publicações, discussões e propostas chegam à área da educação física. Influências da antropologia, da
filosofia, da sociologia, da pedagogia e da psicologia podem nos levar a busca de um novo paradigma para nossas
práticas educativas. Precisamos (re) reconstruir nossos fazeres e saberes em educação física. Propostas de
transdisciplinaridade, muitas vezes, levam a educação física a estar à disposição de outra disciplina do currículo. É
com freqüência que professores de diferentes disciplinas, nas diferentes séries da educação básica (e também nos
cursos superiores de formação de professores), recorrem a jogos para a transmissão de um conteúdo de sua matéria,
são os conhecidos jogos didáticos que muito atraem alguns professores. Seria então a educação física, com sua
prática por meio de jogos, um fim ou um meio no processo educacional? Que novos caminhos que também sejam
interdisciplinares, ou mesmo transversais, podem levar a educação física a ter uma legitimidade no contexto escolar?
Como dentro de um principio técnico que norteia a área não atuar de forma tecnicista?
Encontramos no interior dos cursos de formação de professores (de educação física e outros) um campo de
intervenção e debates bastante fértil. O processo de formação de professores implica em transformações em suas
práticas. A educação e a ludicidade são temas pertinentes em qualquer curso de formação de professores. Neste
sentido suas práxis devem ser permeadas com atividades de jogos. Ma que jogos são estes e que contribuições no
processo de formação do indivíduo eles trazem?
Os jogos escolares não são apenas de responsabilidade social do professores de educação física( Ferreira,1992)
, os demais professores também são por eles responsáveis, pois em seus fazeres pedagógicos muitos o utilizam de
modo consciente ou não e com ou sem intencionalidade. É preciso que estes professores internalizem os sentidos dos
jogos para compreenderem o significado que eles tem para o aluno. A compreensão do professor sobre determinado
tema (neste caso o jogo), vai além do domínio das técnicas e do acúmulo de informações, mas atinge sua capacidade
de fazer associações, de organizar essas informações e de identificar as formas como elas se materializam (Ferreira,
apud Votre1995), desta forma torna-se relevante o oferecimento de vivências lúdicas na formação docente.
O lugar do professor de educação física na formação de professores da educação
básica
Nos Cursos de formação de professores encontramos um espaço de valorização do trabalho com ludicidade.
Disciplinas que abordam a cultura infantil, a sociologia da infância, a psicologia do desenvolvimento e a organização
dos espaços e tempos escolares, passam pelo viés da utilização de jogos e pelo reconhecimento da importância da
brincadeira na infância. São diferentes lugares de interlocução entre professores e alunos/professores, tornando-se
importante a representação de profissionais de educação física nestes espaços.
Esta perspectiva de trabalho para o professor de educação física nos cursos de formação de professores deve
ganhar visibilidade nos fóruns de discussões sobre educação. Volto assim a perguntar: Conseguiria a cultura da
escola se imbricar com a educação física? Esperamos que com a ampliação destas discussões a ludicidade, os jogos,
as brincadeiras e a cultura corporal possam nos levar a uma ação/reflexão/ação que possibilite a educação física ter
um lugar de destaque no contexto educacional.
Obs . A autora, Tania Marta Costa Nhary é da UERJ / FFP – São Gonçalo e é mestranda em educação na UFF.
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Na organização que hoje norteia as escolas, encontramos diversas áreas do conhecimento estruturadas através
de disciplinas escolares e como “uma disciplina se define tanto por suas finalidades, quanto por seus conteúdos”
(Juliá, 2002, p. 45), a Educação Física Escolar “responsabiliza-se” pelo corpo. Ghiraldelli Jr. (1988), Carmen Soares
(1994), Medina (1994) e Castellani Filho (1988) são alguns dos autores que nos auxiliam a entender a presença do
movimento e dos significados atribuídos ao corpo no processo ensino-aprendizagem com a predominância de três
concepções: 1) negação do corpo e do movimento neste processo – o corpo passivo, disciplinado, obediente, quieto,
calado, traça o perfil ideal de aluno e de processo educacional; 2) uma visão funcionalista (propedêutica) de
educação: aqui, a função aceitável de movimento contém a idéia de prontidão , principalmente no processo de
alfabetização. Assim, o movimento acontece em espaços e momentos próprios, como a aula de Educação Física, o
recreio, o pátio, a quadra e, como objetivo a atingir, deve facilitar, ajudar, propiciar a coordenação motora ‘fina’,
auxiliando a escrita; 3) educação motora para o esporte – neste sentido, movimento quase se torna sinônimo de
esporte. Nesta visão esportivizada (principalmente a partir da década de 60), impera a idéia dos movimentos, gestos,
padrões esportivos (como a competitividade) orientando as aulas de Educação Física.
Estas idéias nos indicam a produção de um determinado tipo de aluno, tido como ideal para todo o processo
desenvolvido nas escolas, não só nas aulas de Educação Física Escolar. Como pensarmos em diversas possibilidades
de relação entre corpo e educação sem pensarmos na formação de todos os profissionais envolvidos no processo
ensino-aprendizagem? Principalmente quando falamos sobre os profissionais que atuarão com as crianças e jovens
em processo inicial de escolarização, que concepção de sujeito está predominando?
Trabalhamos sobre estas questões, desejando viabilizar uma proposta pedagógica que valorize os saberes,
concepções, cultura e percepções, pois entendemos que as formas de conhecer e vivenciar o corpo estão inseridas
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em uma prática real das relações sociais (produto coletivo da vida humana) e não uma situação / entidade abstrata.
Quando pensamos assim, estamos falando em corporeidade .
Daolio (1995) e Assmann (2001) nos auxiliam a entender que corporeidade
“(...) pretende expressar um conceito pós-dualista do organismo vivo. Tenta superar as
polarizações semânticas contrapostas (corpo/alma; matéria/espírito; cérebro/mente) (...) constitui a
instância básica de critérios para qualquer discurso pertinente sobre o sujeito e a consciência
histórica.” (Assmann, 2001, p. 150)
Por uma ação pedagógica significativa no curso de formação de professores e sua
articulação com a educação básica
Assim, nossa discussão é epistemológica, na medida em que procura romper / esgarçar os pressupostos
predominantes sobre o corpo. Mas, ao considerar o contexto histórico-social, é também uma discussão ideológica e
política, na qual as correlações de forças estão em permanente tensão. Por isso, podemos desnaturalizar o corpo, de
forma a evidenciar os diferentes discursos que foram e são cultivados em diferentes espaços e tempos, ou seja,
questionar os saberes considerados como verdadeiros e, muitas vezes, únicos.
Ao nos debruçarmos sobre o ‘espaço epistêmico’ das práticas pedagógicas, muito nos interessa o que é
produzido, efetivamente, nos cotidianos das escolas. Por isto, trazemos parte do que é construído nos cotidianos
vividos: o Curso Normal Superior (CNS) do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ) e o CIEP Mal
Henrique Teixeira Lott.
No CNS/ISERJ, através do elemento curricular Movimento e Expressão Corporal (MOV) e da Oficina de Jogos e
Brincadeiras, inseridos no núcleo de Conhecimentos Básicos e Metodológicos, iniciamos a discussão com as
definições historicamente construídas sobre corpo, enfatizando a expressão corporal na comunicação e interação
social. Neste processo, enredamos as múltiplas relações entre corpo-natureza e corpo-cultura e, o movimento lúdico e
criador como constituinte do ser humano. Ao longo do percurso, percebemos as relações com a construção do
conhecimento e, propomos observações nas escolas de estágios enfocando a temática desenvolvida (movimento e
expressão corporal).
Posteriormente, abordamos as concepções teórico-metodológicas da Educação Física Escolar: os métodos
ginásticos; a psicomotricidade; a esportivização; a cultura corporal; as diferentes idades e gêneros neste processo,
incluindo a singularidade dos portadores de necessidades educativas especiais. Sugerimos observação e entrevista
com professores das escolas de estágio – propiciando o contato com a maior variedade possível de situações
presentes no cotidiano escolar, desenvolvendo análise crítica e elaborando formas de atuação.
Também abordamos o corpo em diferentes leis, referências e propostas educacionais: a LDB, os PCNs, o RCN, a
MultiEducação, assim como exemplos de escolas instituintes (Cabana, Balaia, Plural, Cidadã e do MST).
Durante os três primeiros semestres de implementação do CNS/ISERJ (1999 e 2000), ao término de cada
período letivo do elemento curricular Movimento e Expressão Corporal, através de avaliação geral do semestre,
sugestões foram solicitadas, incluindo conteúdo a ser aprofundado. A ludicidade foi o tema mais requisitado. Nesta
mesma época, começamos a dar os primeiros passos em nossas linhas de pesquisa, integrantes do projeto
pedagógico. No final de 2000, início de 2001, estas linhas começaram a delinear suas formas de abordagem através
de três vertentes: Integração Ensino Superior e Educação Básica (ISEB), Educação de Jovens e Adultos (pois a
Extensão nasce no mesmo ano em que o CNS inicia, através do Programa de Educação de Jovens e Adultos -
PROEJA) e, Memórias do ISERJ (Pro-Memo). O Lúdico e o Processo Ensino-Aprendizagem , desenrolar do elemento
curricular Movimento e Expressão Corporal, tornou-se um dos desdobramentos do ISEB.
Através do proposto pelo elemento curricular Movimento e Expressão Corporal, presente no Curso Normal
Superior do ISERJ, vive-se o trabalho docente no CIEP Mal Henrique Teixeira Lott, valorizando o movimento e a
bagagem cultural trazida pelo aluno. Ao vivenciar a temática do corpo no cotidiano das aulas, a escola passa a ser
vista como mais um ambiente em que as emoções se expressam e as diferenças se afloram. E, como é impossível
viver em um mundo sem estar em contato com estas diferenças, ao professor cabe mediá-las com compromisso.
A cultura lúdica
Ao associarmos a importância, de relacionar a cultura com o meio social ao qual ela pertença, tentando
preservar a identidade cultural de uma determinada localidade com o seu acervo cultural, tendo este acervo à
representatividade na consciência coletiva.
A sociedade que se preocupa em preservar a sua identidade visa ao seu próprio crescimento. A indiferença com
a cultura enquanto instrumento de poder é um ato que terá conseqüências indesejáveis no nosso futuro, porque
implica na questão da manutenção da identidade nacional, dos seus valores, da sua herança, do seu patrimônio
cultural e ainda temos que ressaltar que fica em jogo a noção de cidadania, assim como, necessariamente, a questão
fundamental da memória nacional. Segundo Brougère (2000):
“Esse aprendizado diário, por sua vez, depende da transmissão dos conhecimentos de uma
geração para outra, ou seja, de uma cultura base para as transformações internas e para as
adequações que o mundo exterior ao grupo exige, compreendendo desde as técnicas engendradas
na manipulação do natural até o conjunto de valores e crenças necessárias para a convivência e a
manutenção do grupo” . (pág. 65)
Está nos discentes, de uma maneira subjetiva, o motivo das nossas questões; visando de uma maneira direta ou
indireta, sua melhoria de vida, o respeito a sua identidade e a sua memória, norteando, assim, nossa conduta no
campo da cultura.
É preciso pensar na preservação da cultura e da identidade cultural de um povo. Temos a escola, como principal
instituição de educação formal de nossa sociedade, podendo e devendo participar de uma forma real e de uma
maneira ideal para a conquista deste propósito. Baseado no Coletivo de Autores (1992)
“... os conteúdos... a serem apreendidos na escola devem emergir da realidade dinâmica e
concreta do mundo do aluno. Tendo em vista uma nova compreensão dessa realidade social, um
A Educação Física é uma componente curricular, sendo obrigatória nas escolas de ensino fundamental e médio.
Os indivíduos na busca da melhor qualidade de vida necessitam também da prática de brincadeiras e jogos.
Devemos sempre que possível, assegurar que a Educação Física é uma peça fundamental para o bem-estar do
corpo, cuja circunstância de pleno equilíbrio torna-se imprescindível para a melhoria do aprendizado.
Mais especificamente dentro do contexto da Educação Física Escolar faz-se necessário que haja uma mais
perfeita integração na relação educando - educador. O professor deve perceber que os alunos não desenvolvem
simultaneamente o mesmo nível de consciência pessoal, nem corporal, pois cada aluno possui a sua própria história
de vida, que ele carrega consigo para a sua vida escolar. Na visão reflexiva de Piccolo (1993), ela nos expõe que:
“Para que a Educação Física faça parte do ato educativo, ela não pode ter uma ação pedagógica mecanizada, pois
assim estaria estimulando a sua inexistência como prática no contexto escolar”. (pág. 12)
É importante ressaltar que o ato educativo é feito de maneira que possamos respeitar a individualidade do
educando – cada ser é único – devemos fazer com que a seu modo ele se expresse que demonstre ao educador as
suas limitações e as suas possibilidades. Para Piccolo,
“A Educação Física Escolar deve objetivar o desenvolvimento global de cada aluno, procurando
formá-lo como indivíduo participante; deve visar a integração desse aluno como ser independente,
criativo e capaz, uma pessoa verdadeiramente crítica e consciente, adequada à sociedade em que
vive; mas esse objetivo deve ser atingido através de um trabalho também consciente do educador,
que precisa ter uma visão aberta às mudanças necessárias do processo educacional”. (pág. 12)
Os brinquedos, brincadeiras e os jogos
As brincadeiras, os brinquedos e os jogos que fazem parte de uma sociedade, possuem as suas raízes num
contexto genuinamente social e é através delas as crianças (re)criam as suas experiências culturais, buscando assim,
uma concepção do seu mundo, ou seja, a criança brinca e joga para se conhecer e para compreender o mundo que
está ao seu redor. Na execução destas atividades, a criança compreende que faz parte de um grupo social,
conseguindo assim, arquitetar a sua própria identidade cultural.
Durante a realização das brincadeiras e dos jogos as crianças são levadas a interrogar, modificar e descobrir a
sua realidade cotidiana. Elas possuem a chance de (re)construir hipóteses a respeito do meio ambiente a qual
encontra-se inserida, ou melhor, a criança possui a necessidade de melhor se relacionar com o seu grupo social.
Nossos papéis sociais e como devemos nos relacionar com os hábitos culturais de determinado grupo social é
expresso na fala de Brougère que nos diz: “O brinquedo se mostra como um objeto complexo que permite a
compreensão do funcionamento da cultura ... os efeitos do brinquedo sobre a criança, no âmbito de sua socialização
ou de sua integração no universo codificado de uma determinada cultura”. (pág. 09)
Percebemos a importância dos jogos, das brincadeiras e dos brinquedos, eles influenciam no desenvolvimento
da criança tanto no que diz respeito ao seu auto-conhecimento como também auxilia no seu desenvolvimento psico-
social: linguagem, imaginário, memória, capacidade criadora, concentração, socialização, cooperação. Com essas
atividades lúdicas a criança começa a conhecer o seu próprio corpo tendo como seu ponto referencial o espaço físico,
sendo assim, com os exercícios de motricidade, ela percebe a sua relação do seu eu com o mundo que a cerca.
Entendemos que a brincadeira, o brinquedo e o jogo por si só não se tornam suficiente para o pleno aprendizado
e desenvolvimento das crianças, se faz necessário associá-la as mais variadas atividades do cotidiano escolar, para
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assim, uma atividade complementando a outra e todas unidas num único objeto – a criança possa permitir a ela a
oportunidade para agir, refletir, debater, pensar, criar e duvidar. Citando Brougère, percebemos que:
“... o brinquedo é dotado de um forte valor cultural, se definimos a cultura como o conjunto de
significações produzidas pelo homem. Percebemos como ele é rico de significados que permitem
compreender determinada sociedade e cultura... a brincadeira pode ser considerada como uma
forma de interpretação dos significados contidos no brinquedo” . (pág. 08)
O professor e as atividades culturais lúdicas
O professor torna-se o responsável legal para que o universo lúdico infantil faça parte do cotidiano escolar, pois
serão também eles os indivíduos com a autoridade de fazer a inserção da cultural lúdica infantil dentro do trabalho de
sala de aula.
O papel do educador é fundamental porque as atividades lúdicas desenvolvidas pelas crianças nas ruas não
possuem o mesmo sentido quando está, são inseridas dentro da instituição de ensino, neste momento, as atividades
passam a ser orientadas, ou seja, elas ganham um cunho pedagógico, possuem um direcionamento para o processo
ensino-aprendizagem.
Devemos procurar dar o tempo necessário para que as brincadeiras, os brinquedos e os jogos apareçam, mas
inicialmente os educadores podem juntamente com os alunos realizar dentro da escola uma pesquisa de atividades
lúdicas infantis tradicionais, entrevistando diretores, funcionários, professores e outros alunos e num segundo
momento, sugerir a realização da mesma tarefa com as suas respectivas famílias. Após essa etapa, auxiliado pelo
professor catalogar essas atividades, como uma forma de preservar a memória popular que é transmitida oralmente
de uma geração à outra. Assim, estimulamos a preservação da identidade cultural de uma região, através do resgate
de um repertório de atividade lúdico infantil que os educadores podem usufruir e que podem ser aproveitados no
cotidiano com as crianças.
Devemos ressaltar que essas atividades, necessitam ter uma objetividade e devem se inserir num contexto
pedagógico, cumprindo o seu papel no processo ensino-aprendizagem a partir do lúdico.
Cultura lúdica no universo da educação física escolar
Almejamos oferecer um elo de ligação como um instrumento articulador entre as práticas de Educação Física no
contexto do cotidiano escolar infantil e a cultura lúdica popular, segundo Brougère,
“... as crianças também aprendem à medida que vão vivendo. A herança cultural recebida de seus
antepassados pode transparecer na confecção artesanal de um objeto, na prática de um culto
religioso, em todas as formas, enfim, em que se manifesta o ensino informal e mesmo no ensino
formal...” (pág. 65).
Pretendemos resgatar e incluir esta cultura lúdica no primeiro segmento do Ensino Fundamental, ressaltando
tanto o enfoque teórico quanto o prático através de o ensino regular, de oficinas, de observações e de iniciação aos
estudos bibliográficos e de campo, pois devemos considerar a cultura trazida do meio familiar e comunitário pelo
aluno no planejamento curricular, com vistas a aproximar o aprendizado formal e não formal, em razão da importância
de seus valores na formação do cidadão. Para o Coletivo de Autores,
“Num programa de jogos para as diversas séries, é importante que os conteúdos dos mesmos
sejam selecionados, considerando a memória lúdica da comunidade em que o aluno vive e
oferecendo-lhe ainda o conhecimento dos jogos das diversas regiões brasileiras e de outros
países”. (pág. 67)
Pretendemos contribuir demonstrando que existe um elo de ligação entre os jogos e as brincadeiras cotidianas
com a da cultura popular e este é propulsor na formação do desenvolvimento da criança de forma holística levando-a
a construção consciente de sua identidade enquanto cidadão, para Brougère se “... embutir a idéia de que sua cultura,
A atividade lúdica é o caminho para a criança se conhecer e compreender o mundo que a cerca e a se constituir
como um ser pertencente a um grupo social; construindo assim a sua identidade cultural.
Na realização de uma atividade lúdica é permitida a criança a exploração do próprio corpo em relação com o
ambiente físico e a sua psicomotricidade. Assim sendo, torna-se imprescindível, uma reflexão no sentido de uma
inserção da Educação Física num contexto cultural.
Para que a cultura lúdica infantil adquira seu espaço no cotidiano das instituições de ensino é primordial a
atuação dos docentes, cabendo a ele se deixar envolver dentro do contexto mágico das brincadeiras/jogos das
crianças. Segundo Tojal, com uma visão holística, entende que seja o período de se compreender o “... momento de
se pensar em devolver à Educação Física à abrangência do seu significado cultural”. (pág. 45)
Obs . O autor, prof. Ailton Bezerra Lima (tomlima49@ig.com.br ), é mestrando em História Social (U Severino
Sombra) e leciona na rede estadual (RJ).
Referências bibliográficas
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TOJAL, João Batista A. Gomes. Motricidade Humana: o paradigma Emergente . Campinas, São Paulo: Editora da
UNICAMP, 1994.
Resumo : O objetivo deste trabalho é apresentar o Projeto do Núcleo de Ensino desenvolvido na UNESP-Rio
Claro entre 2003 e 2005. Desenvolvido pelo GEPPA – Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo, o
Projeto intitulado “Atletismo se aprende na escola” foi dividido em três etapas: em 2003, concentrou-se na confecção
de um caderno didático; em 2004, divulgou este material por meio de Oficinas Pedagógicas destinadas a professores
de Educação Física da Rede Pública de Ensino; e em 2005, tem como intuito a aplicação deste conhecimento no
campo da Educação Física escolar. Contando com bolsistas e com o apoio da PROGRAD/UNESP o projeto vem se
desenvolvendo com grande êxito, de forma que os resultados obtidos com sua realização durante esses anos foram
inestimáveis. Dentre eles destacaríamos: a publicação de um livro em 2005 concentrando várias sugestões de
atividades e ampla bibliografia no campo do atletismo; participação de vários professores de Educação Física nos
eventos promovidos pelo GEPPA; difusão do atletismo no campo escolar, motivando os professores a ensiná-lo, entre
outras coisas. Com isso, consideramos estar atingindo os objetivos principais do Projeto, ou seja: ampla difusão desta
modalidade esportiva; atualização da produção no âmbito do atletismo escolar; motivação dos profissionais para que
o atletismo, de fato, seja desenvolvido como conteúdo durante as aulas de Educação Física na escola. APOIO:
NE/PROGRAD/UNESP.
Palavras-chaves: atletismo; escola; Educação Física escolar.
________________________________________
Introdução
Não seria demais reforçar a importância que o atletismo assume na formação da criança em qualquer faixa
etária. Sem exigir materiais muito complexos, formado por regras fáceis e de aprendizagem rápida e que se repetem
em muitas das provas, o atletismo é composto por movimentos que motivam todos aqueles que o praticam. Contudo,
tratado, muitas vezes, como um esporte de base para as demais modalidades, a especificidade do atletismo, quase
sempre é deixada em segundo plano, comprometendo o conhecimento mais amplo dessa modalidade esportiva.
Assim, se faltam professores dedicados ao trabalho com o atletismo, também faltam aqueles que se dedicam ao
ensino desta modalidade esportiva por ela mesma. Ou seja, faltam programas de atividades físicas que visam ensinar
o atletismo em si, propiciando às crianças um reconhecimento daquilo que aprenderam ao se depararem com a
execução de grandes atletas em competições televisiva
Sobre o projeto
Foi com base nisso que o projeto do Núcleo de Ensino “Atletismo se aprende na escola” realizado desde 2003
como parte das atividades desenvolvidas pelo GEPPA – Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo teve
como resultado, em 2003, a elaboração de material de ensino de fundamental importância para a área, sobretudo se
considerarmos três aspectos: proporcionou uma atualização bibliográfica considerando-se que a concentração da
publicação de livros de atletismo é própria das décadas de 70 e 80; ampliou as possibilidades de ensino do atletismo
tendo em vista a gama de atividades que oferece em todas as provas do atletismo, algo bastante incomum na área
que normalmente prioriza o trabalho com corridas e saltos, em detrimento dos arremessos, lançamentos, marcha
atlética e provas combinadas; além do que é extremamente rico em orientações didático-pedagógicas, já que,
confeccionado com o intuito de motivar a prática do atletismo escolar preenchendo uma grande lacuna da bibliografia
na área cuja predominância técnica, de treinamento e normativa não explora as especificidades do trabalho didático-
pedagógico, isto é, do ensino do atletismo para crianças.
Resumo : Atualmente, em educação, já não se trabalha apenas com um conceito único de inteligência. Desde
1980 ganhou espaço a teoria das inteligências múltiplas, desenvolvida por Howard Gardner e estudada por vários
pesquisadores. Segundo esta teoria, todo ser humano é dotado de pelo menos nove inteligências, sendo uma delas a
inteligência emocional. Baseados nos Parâmetros Curriculares Nacionais que apontam a necessidade de se abordar o
ser humano de forma holística e de se trabalhar as disciplinas explorando os temas transversais, o presente estudo
investiga as possibilidades e a necessidade de se estimular a inteligência emocional nas aulas de Educação Física
escolar através de jogos que criem a oportunidade de se vivenciar não só a motricidade mas também a afetividade
entre os alunos.
Palavras-chave: inteligências múltiplas, inteligência emocional, jogos, educação física.
________________________________________
Introdução
A teoria das inteligências múltiplas se apóia nas novas descobertas neurológicas procedidas na Universidade de
Harvard e outras universidades dos Estados Unidos que mudam as linhas de conhecimento neurológico sobre a mente
humana e colocam em questão processos anteriormente descritos para explicar sistemas neurais que envolvem a
memória, a aprendizagem, a consciência, as emoções e a inteligência em geral. Este avanço científico do
conhecimento do cérebro foi extremamente significativo não só para a medicina, mas também para a educação,
lançando novas bases e diretrizes para a compreensão, por exemplo, do desenvolvimento de estímulos às
inteligências e do cuidado de distúrbios ligados à atenção e criatividade (Antunes, 2002).
Estes paradigmas não mudam os tradicionais conceitos usados para definir inteligência, mas alteram
sensivelmente a compreensão sobre como aprendemos ou não aprendemos e substitui a concepção de que
possuímos apenas uma inteligência. Derruba-se o mito de que a transmissão de informações pode tornar pessoas
receptoras mais inteligentes e descobre-se que na realidade, abrigamos um elenco extremamente diversificado de
diferentes inteligências, cada uma delas sensíveis a estímulos que, se aplicados de forma conveniente nas idades
certas, alteram profundamente a concepção que o ser humano faz de si mesmo e os limites de suas possibilidades
(Antunes, 2002).
Daniel Goleman é psicólogo e também um estudioso na área das inteligências múltiplas. Este autor difere em
alguns pontos de Gardner no que diz respeito às inteligências inter e intrapessoais. Estas diferenças começam na
nomenclatura utilizada por ambos. Enquanto Gardner denomina as inteligências interpessoal e intrapessoal de
inteligências pessoais, Goleman as chama de inteligência emocional. Mas existem outras diferenças entre estes
autores. Gardner separa claramente a competência intrapessoal da interpessoal e mostra que uma auto-estima e
automotivação elevada nem sempre indicam o prazer em relações de empatia. Já Goleman parece integrar essas
duas competências, mostrando que o estímulo a uma sempre conduz ao progresso da outra (Antunes, 2003).
O presente estudo adotará a nomenclatura de Goleman, por se tratar de um conceito mais conhecido e utilizado.
Considerando a colocação destes dois importantes autores, percebemos ainda que Gardner descreve essas
inteligências de uma maneira amoral, aceitando que as mesmas, desde que amplamente desenvolvidas, possam ter
uma ação para o bem ou para o mal; Goleman se preocupa principalmente com a educação da inteligência emocional
e, conseqüentemente, com seu uso como instrumento de mudança comportamental das pessoas. Porém, os dois
pesquisadores concordam que hoje há uma nova conceituação para o sentido do que é ser inteligente. E mostram que
ninguém pode ser inteligente sob todos os ângulos, nem que ninguém é incapaz em qualquer das inteligências. Ambos
propõe uma nova educação (Antunes, 2003).
Esta nova educação deve descobrir um ser humano holístico, com potencial para desenvolver múltiplas
inteligências, e a escola tem um papel fundamental para explorar seus alunos em campos diversos e, até mesmo,
fazê-los felizes em descobrir a si mesmos. Esse novo paradigma em relação à inteligência interfere, portanto, no tema
da educação e traz novas linhas de procedimentos para que a escola convencional acrescente em suas funções
instrucional, socializadora e preparadora para o mundo do trabalho uma outra, voltada ao estímulo e educação
cerebral e assim, progressivamente, possa ir se transformando em um centro estimulador de inteligências (Antunes,
2002).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) têm o objetivo de orientar, de maneira coerente, as muitas políticas
educacionais que existem em todo território brasileiro, contribuindo para melhorar a eficiência, atualização e qualidade
da educação. Dentro dessa proposta buscam uma concepção de cidadania que ajuste o aluno e, conseqüentemente, o
cidadão à realidade e demandas do mundo contemporâneo (Antunes, 2003).
Os PCN (1997, pg. 7, 8) indicam como objetivos do ensino fundamental, dentre outros, que os alunos sejam
capazes de 1) compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e
deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de cooperação , solidariedade e repúdio às
injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; 2) desenvolver o conhecimento ajustado de si
mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetivas, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação
pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania.
No que diz respeito à Educação Física, os PCN apontam a necessidade de a criança, ao longo do processo de
aprendizagem, conceber as práticas culturais de movimento como instrumentos para o conhecimento e a expressão
de sensações, sentimentos e emoções individuais nas re1ações com o outro. E indicam como objetivos da Educação
Física no ensino fundamental a adoção de atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas
e esportivas, repudiando qualquer espécie de violência.
Portanto, buscar o desenvolvimento e estimular a inteligência emocional nas aulas de Educação Física escolar
estão de acordo com as propostas dos PCN e com as necessidades atuais para a formação do cidadão ético,
autônomo e participativo.
Metodologia
O presente estudo é um projeto de pesquisa qualitativa que será realizado com alunos da quarta série do ensino
fundamental de escola da rede pública municipal de ensino do Rio de Janeiro.
O estudo se desenvolverá baseado em um questionário proposto por Antunes (2003, pg.246), que será
respondido pelo professor avaliando cada aluno, individualmente.
Os alunos também participarão respondendo ao mesmo questionário, cujo objetivo será diagnosticar o
autojulgamento (o que o aluno sabe dele mesmo) e o hetero-julgamento (o que o professor acha dele).
Após o preenchimento deste questionário começaremos a intervenção através de aulas que serão realizadas
durante três meses, uma vez na semana, com duração de 45 minutos por aula.
Nas aulas serão realizados jogos propostos pelos autores da teoria das inteligências múltiplas que apontam para
a estimulação da inteligência emocional. Ao final dos três meses, professor e alunos responderão novamente ao
mesmo questionário. Serão comparadas as respostas dadas antes e após as aulas, para se constatar ou não a
influência efetiva das atividades na mudança de postura e crescimento pessoal e coletivo do grupo em estudo.
Também serão realizados relatórios de observação sobre o que ocorreu durante a realização das atividades.
Apresentação dos resultados
Os resultados serão apresentados através de interpretações das respostas dadas ao questionário antes e depois
das aulas. Deste modo, poderemos comparar as concepções dos alunos após participarem da pesquisa e o nível de
influência das atividades propostas.
4.0 Conclusão
Como o presente trabalho é um projeto de pesquisa, ainda não podemos avaliar seus resultados. Porém em
relação aos textos e autores pesquisados na revisão de literatura nota-se a importância e a urgência de se trabalhar a
inteligência emocional nas escolas nos dias atuais.
Resumo : O presente trabalho tem por objetivo analisar o conceito de Docência e o conceito de Profissional e
como ambos estão inseridos no espaço da formação de professores de Educação Física. Em síntese, a presente
análise procurou verificar como ambos os conceitos estão presentes no discurso dos docentes da licenciatura do
curso de Educação Física do UniFOA. Para a realização do presente trabalho foi utilizado como metodologia a
pesquisa exploratória, tendo como população analisada professores que atuam no curso de licenciatura em Educação
Física do Centro Universitário Volta Redonda (UniFOA). ________________________________________
1.0 Introdução
O presente trabalho tem por objetivo analisar o conceito de Docência e o conceito de Profissional, verificando
como ambos estruturam a identidade do professor de Educação Física no espaço escolar a partir do discurso
construído por docentes que atuam na licenciatura do curso de Educação Física do UniFOA.
Neste sentido temos como problema de estudo os conceitos de Docência e Profissional e como ambos são
interpretados na licenciatura em questão. Por outro lado, a questão conceitual se coloca sob a perspectiva ontológica,
assim os conceitos que pretendemos analisar expressam características atitudinais do professor de Educação Física
que atua no espaço escolar. Primamos direcionar a leitura deste artigo sob a forma de reflexão filosófica acerca do
que ocorre na esfera educacional onde os conceitos de Docência e Profissional têm sua inserção.
Neste sentido, o problema que pretendemos investigar reside na análise dos valores que fundamentam a
identidade do docente de Educação Física, sobretudo por sabermos que os cursos de formação em Educação Física
possuem na memória de sua matriz curricular a intercessão dos discursos dos campos do esporte, do desporto, das
ciências biomédicas e da pedagogia. Sem o gerenciamento interdisciplinar, os discursos provenientes dessas áreas
podem se tornar dogmáticos, impedindo a clara noção dos valores que devem nortear a formação necessária a uma
licenciatura.
2.0 A docência em questão
Há, pois, necessidade de o conceito de Docente ser refletido de forma que possamos estabelecer as funções
inerentes daquele que atua no espaço escolar sob o pressuposto pedagógico da relação professor-aluno. Segundo
Contreras, (1990) as funções constituintes da docência são:
obrigação moral – tendo como componentes a preocupação com o bem estar dos alunos e com a ética,
perpassando as relações de afetividade e motividade;
compromisso com a comunidade – estabelecendo, inicialmente, com os professores e, a seguir, com a
sociedade como um todo intervenção nos problemas sociais e políticos, e compreendendo a escola como um local de
preparação para a vida futura, como agente regulador da sociedade (liberdade, igualdade, justiça);
competência profissional – transcende o domínio de habilidades e técnicas e emerge a partir da interação
entre a obrigação moral e o compromisso com a comunidade.
A partir das funções enunciadas a ação docente é estruturada. Assim, vemos que o conceito de Docente se dá
na inter-relação destas funções.
Quando levantamos a discussão acerca do conceito de Profissional, procuramos refletir como o professor de E.F.
constrói sua identidade profissional no percurso de sua carreira, construção esta que deve considerar o conhecimento
pedagógico, para que sua prática no espaço escolar não seja alienada de sua identidade essencial. Assim é
necessário que o professor de E.F “ adquira conhecimentos científicos pedagógicos e as competências necessárias
para enfrentar adequadamente a carreira docente.”( Carreiro da Costa, 1994).
Nesta perspectiva a identidade do professor de E.F. é composta de características atitudinais imprescindíveis na
concretização de objetivos educacionais. Mas o desenvolvimento do processo identitário profissional, não se completa
ao término de uma graduação, e por isso torna-se necessário ao longo desta, ser cultivado o aprender a aprender.
Esta característica, quando desenvolvida na graduação, torna o professor de E.F. comprometido com o campo
pedagógico. Neste contexto, o professor consubstanciará requisitos indispensáveis à esfera educacional, advindos de
sua formação, permitindo externar sua competência profissional, sem confundi-la com o simples uso correto de
particularidades técnicas específicas da Educação física.
4.0 Influência do discurso docente do CEF - Unifoa na formação de professores de
educação física
O Curso de Educação Física (CEF) do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFoa), fundado em 9 de março
1971, e reconhecido em 18 de junho de 1974 pelo decreto nº 74186 do Ministério da Educação e Cultura, reconhecido
como o mais antigo entre universidades privadas e o segundo mais antigo no Estado, tem passado por reformulações
legais, procurando se adaptar às exigências dos tempos. Atualmente o CEF-UniFoa ainda é uma licenciatura (plena)
tem a carga horária de 3.200 horas com duração de oito períodos.
Ao problematizarmos as influências oriundas do discurso docente do CEF-UniFoa na formação de professores de
Educação Física, pretendemos refletir que o referido discurso deve conter conceitos bem delimitados referentes à
estrutura curricular pretendida por uma licenciatura. Por outro lado, a hipótese de que os discursos proferidos pelo
corpo docente não confluem no sentido real de uma licenciatura, poderia ocasionar a fragmentação dos conceitos
constituintes do ser docente.
Se os discursos transmitidos pelo corpo docente do CEF-UniFoa, se fundamentam em valores ex-pedagógicos à
formação de professores, podemos perder o foco de formação e os objetivos da licenciatura. Procurando investigar
essa hipótese, utilizamos a pesquisa por levantamento, aplicando-se por instrumento, um questionário a professores
que representam o universo dos docentes que atuam no CEF UniFOA inseridos nos três departamentos do referido
curso, a saber: Departamento de Fundamentos Biodinâmicos e Funcionais; Departamento de Fundamentos Sócio-
Antropológicos e Pedagógicos e, por fim, o Departamento de Fundamentos Esportivos e Culturais. Optamos por
apresentar o resultado sob a forma de comentário crítico em relação às variáveis investigadas. Foram sete questões
propostas aos docentes, a primeira versou sobre a importância do conhecimento pedagógico na graduação em E.F. do
Resumo : Vivemos um momento histórico onde o discurso apologético à diversidade está bem presente na
sociedade, em específico, no meio acadêmico. No âmbito da sociedade civil, movimentos de minorias historicamente
excluídas vêm desde a década de 70 se organizando para garantir seus direitos como cidadãos. Neste contexto,
parece ser politicamente incorreto qualquer lei, prática, discurso, etc. que venha de encontro a esse processo de
elogio à pluralidade. Neste artigo, objetivamos introduzir a análise do lugar da Educação Física no mundo
contemporâneo, sob a ótica da teoria de Michel Maffesoli da organização societal baseada no orgiasmo, a dimensão
passional e transgressora do humano que se manifesta na pluralidade constitutiva profícua. Trata-se de um trabalho
baseado em revisão bibliográfica onde analisaremos dialética e apriorísticamente o papel histórico da Educação
Física como uma prática historicamente reprodutora e repressora na construção de modelos “normais” de
comportamento, de sexualidade e gênero, refletindo sobre como dialogar com um mundo à sombra do princípio
dionisíaco de sociedade tendo como ponto de apoio a questão da sexualidade nas aulas de Educação Física. As
conclusões introdutórias apontam para o fato de que o professor não deve emitir atos de fala que promovam ou
reproduzam, através de processos lingüísticos e discursivos, preconceitos que estigmatizem modos-de-ser, mas sim
privilegiar o acolhimento do diferente através de atividades intergêneros, onde não haja reprodução de quaisquer
modelos excludentes. Esse processo de educação para a diferença, através da sexualidade, deve ser contínuo, crítico
e politicamente engajado, a fim de rejeitar qualquer modelo de desigualdade.
Palavras-chave: Educação Física, sexualidade e pluralidade.
________________________________________
Introdução
A Educação Física, ao longo da história, mostrou-se uma intervenção eminentemente reprodutora da ordem
social vigente, uma prática subserviente aos ditames institucionais heterônomos. Originariamente instrumentalizada
pelas instituições médicas e militares, e atualmente sob a égide do esporte, os objetivos que a nortearam foram de
cunho higienista, eugenista, moral e do desempenho físico-desportivo, configurando-se como uma prática a serviço do
poder instituído, da ordem vigente, de uma ideologia que cria num corpo meramente biológico, um meio de disciplina
moral, cívica e política importante e, sobretudo, de veiculação dos valores burgueses (BRACHT, 1992 e 1999;
SOARES, 1994; VILAÇA, 2004). Como neste estudo a concebemos como uma prática eminentemente pedagógica, de
intervenção imediata, podemos considerá-la fortemente influenciada por uma concepção educacional reprodutora
(GADOTTI, 2002; LIBÂNEO, 1994; LUCKESI 1994). Neste sentido, a Educação Física cumpre, via-de-regra, o papel
de aparelho ideológico do Estado e, portanto, das classes dominantes (ALTHUSSER, 1985). “Manter a ordem” parece
ser o lema tácito seguido pelos professores de Educação Física. Reproduzem ipisi literis a cartilha das instituições
que a dominam, constituindo-se como uma prática pedagógica fortemente disciplinadora, uma defensora dos “bons
costumes e da moral”, que, literalmente, incorpora nos atores sociais valores sócio-culturais vigentes. Desta forma, e
pensando nos desafios que se apresentam cotidianamente – e de modo mais intenso numa sociedade em profunda
crise –, precisamos (re)pensar a formação dos educadores, políticos por natureza (GADOTTI, FREIRE e
GUIMARÃES, 2001), outrossim, a sua intervenção. A priori, assentindo com o conselho de Boff (2002) de que nesses
momentos ou mudamos ou morremos, urge que a Educação Física saiba e possa dialogar critica e dialeticamente com
esse contexto social complexo-diverso, que apesar de nunca ter sido efetivamente subsumido, esteve
ideologicamente velado.
Domesticação dos costumes e a idéia de ordem e progresso: Do sonho à desilusão
Resumo : O presente trabalho se propõe a discutir a Educação Física escolar enquanto área de conhecimento
da escola que deve cumprir o papel de instrumento de intervenção social. Para tanto, é apontada a renovação
implementada na área a partir dos estudos e das produções bibliográficas dos anos de 1980 até os nossos dias, como
preponderante na direção do desenvolvimento do debate que permitiu a problematização do ensino na área,
pedagogizando-o e metodizando-o. Mas sabe-se das dificuldades de implantação das “novas” pedagogias, portanto
este breve estudo defende um fazer escolar possível, diferente do passado, mas compatível com a possibilidade de
hoje. ________________________________________
As novidades instaladas na Educação Física, as quais nasceram em forma de concepções e práticas que
tendiam a transformação e libertação da área, na perspectiva de desenvolvê-la, voltando-a para o ser humano,
trouxeram propostas diferentes de tudo o que havia sido experimentado visto que a Educação Física que se tinha até
então servia para a manutenção do status quo.
Vago (1997), referindo-se ao que a Educação Física escolar vinha sendo como resultado de suas representações
ao longo da história e o que ela poderia vir a ser, partindo dos esforços em problematizá-la empreendidos a partir do
movimento renovador, pontua:
“’Sou um pouco de tudo o que encontrei pelo meu caminho’, escreveu Ulisses. Assim, também,
penso que a educação física “de hoje” é (ou estaria sendo) resultado das múltiplas representações
e práticas produzidas e realizadas sob seu nome, em seus percursos históricos, como nos
‘retratos’ há pouco apresentados. Mas é também importante registrar, neste item, um enorme
esforço de problematização do ensino de educação física que estudantes e professorado de
educação física vêm realizando principalmente a partir do final dos anos 70 e início da década de
80. Resultados de tal esforço podem ser notados, dentre outros, na vasta produção de literatura
acerca da educação física na escola, inclusive com formulação de propostas de organização de
seu ensino” (p. 6-7 grifo nosso).
É a partir desse movimento que surgem elaborações teóricas acerca da Educação Física escolar, formulando
proposições com o intuito de organizar o conhecimento específico para a Educação Física, tratando de pedagogizar e
metodizar tal conhecimento. Segundo Souza Júnior (1999), nem todas as propostas conseguem atender a totalidade
dos pontos necessários para uma significativa contribuição ao novo enfoque. Poucas são as que atendem. Essas vão
da operacionalização de conteúdos sob o ponto de vista pedagógico e metodológico, indo até o entendimento de
como avaliar, porém, o autor, ao citar Castellani Filho, (1999), enfatiza: “todas essas propostas surgem num esforço
de contribuir para a superação da crise instalada na Educação Física, numa tentativa de torná-la legítima e autônoma
no currículo escolar” (p. 21).
Podemos verificar dois grupos de abordagens com base no quadro montado a partir da tese de doutorado de
Castellani Filho(1999):
Grupo I: Concepções não-propositivas - Abordam a Educação Física escolar sem, contudo
estabelecerem parâmetros ou princípios metodológicos, ou, muito menos, metodologias para o seu ensino:
Abordagem Fenomenológica – Silvio Santin e Wagner Wey Moreira
Abordagem sociológica – Mauro Betti
Resumo : Poucas disciplinas do currículo escolar brasileiro sofreram tanta influência da pedagogia tecnicista
quanto a Educação Física. Esta tendência que se instalou no Brasil a partir da década de sessenta, oficializada pelas
leis 4.024/61, 5.540/68 e 5.692/71, teve no decreto 69.450/71, que regulamentou as questões afetas à Educação
Física, nas legislações citadas, o seu maior porta-voz. Durante vinte e cinco anos este decreto traçou minuciosamente
diretrizes de como deveriam ser as aulas de Educação Física nas escolas brasileiras, definindo objetivos, conteúdos,
avaliação, composição das turmas, duração das aulas e até o espaço físico que cabia a cada aluno durante a aula,
fixando raízes na prática escolar que, além de não terem sido arrancadas, ainda brotam com muita força influenciando
as nossas aulas. Com a atual LDB (9.394/96), evoluímos da condição de “atividade” para “componente curricular”, e,
no entanto, a nossa prática continua a mesma. Embora nenhuma lei, por si só, tenha o poder de modificar a realidade,
consideramos que, desvelados os pressupostos que conduziram a pedagogia tecnicista, e o reconhecimento, por
parte do professor, da natureza política do seu trabalho pedagógico, permita-lhe redimensionar a sua prática e
conduzir ações verdadeiramente educativas. ________________________________________
Algumas perguntas nos vêem quando observamos um professor de Educação Física determinando que os alunos
corram em volta do pátio ou da quadra, repitam movimentos ginásticos, dêem toques de voleibol na parede ou façam
arremessos à cesta: por que e para que os alunos têm que fazer isto? Qual o significado disto para o aluno? Isto é
Educação Física? Isto é educação? É comum ouvirmos que, em nome de uma certa “ética profissional”, não podemos
interpelar o colega de trabalho sob a pena de estarmos sendo antiético. Preferimos receber esta sentença, a ser
cúmplice de algumas coisas que são feitas com e em nome da Educação Física. A origem híbrida da Educação Física,
iniciando pelas instituições militares, passando pela fundamentação das ciências biomédicas e manifestando-se,
sobretudo, através do desporto, fez desta prática uma das mais tecnicistas no contexto escolar. Isto se deveu a
sobreposição das tendências ao longo da história que, a partir do higienismo do século XIX que foi incorporado pela
tendência militarista nos anos trinta e quarenta (para desenvolver o vigor físico é preciso ter saúde) e ambas foram
absorvidas pela tendência competitivista que, segundo Ghiraldelli Júnior (1988) instalou-se no Brasil a partir de 1965,
seguindo a mesma lógica (para alcançar o desejado sucesso esportivo é necessário ter saúde e disciplina).
A tendência competitivista (1965-1984) colocou o desporto como diretriz da Educação Física Escolar no Brasil,
devendo esta pautar seus objetivos, conteúdos e avaliações no desenvolvimento da aptidão física, da técnica e do
rendimento desportivo. Com isso, a prática esportiva que seria um meio de educação pelo movimento acabou
transformando-se num fim em si mesmo na medida em que deixou de cumprir o seu papel educativo para assumir os
objetivos do esporte de rendimento. Desta forma, a aula de Educação Física virou sessão de treinamento desportivo,
a escola virou um clube, o professor um treinador e o aluno um atleta. Neste sentido, é Oliveira quem nos ajuda a
desmistificar este estigma:
“Não pretendemos excluir o desenvolvimento da aptidão física das preocupações da Educação Física. Nem o
desenvolvimento de habilidades motoras por intermédio dos jogos e esportes. Correríamos o risco de descaracterizar
a profissão. O fundamental é que se compreenda que essas atividades são meios e não fins” (1994: p.89).
Em que sentido o conteúdo desportivo das aulas de Educação Física, utilizado como um fim em si mesmo,
contribuiria para a superação da condição explorada e dominada da clientela que freqüenta a escola, sobretudo da
escola pública? As regras desportivas exigidas nessas aulas, por serem padronizadas internacionalmente, não
permitem que sejam discutidas e questionadas; apenas respeitadas e obedecidas. Neste sentido, é literalmente a
educação para o conformismo, pois um comportamento não conformado, nesta concepção elitista e dominante da
Educação Física, não leva a modificações no esporte, mas à exclusão dele. Por isso Bracht afirmou que “a criança
que pratica esporte respeita as regras do jogo... capitalista ” (In Oliveira,1987: p.180) .
166 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
Embora Betti (1991) tenha chamado a atenção para que as características essenciais do esporte como
rendimento, hierarquização, codificação etc, sejam a mesma em toda parte, mesmo em paises não-capitalistas, a
crítica de Bracht alerta até mesmo os professores bem intencionados que justificam o esporte como um fator de
socialização, que isto não é um processo neutro: da forma desvirtuada como foi implantado na escola, o esporte
desenvolve a obediência sem consciência, pois para participar do jogo é preciso se submeter às suas regras,
respeitando-as e obedecendo-as; caso contrário haverá exclusão do desviante. As regras oficiais, ensinadas e
exigidas neste modelo de Educação Física tecnicista e competitivista, levam o aluno a reconhecê-las, respeitá-las e
obedecê-las de maneira incondicional, irrefletida e inquestionável, desenvolvendo no indivíduo uma personalidade
passiva, submissa, acrítica e conformista. Da mesma forma em que se busca inculcar nos alunos, vistos como atletas
em potencial, que vencer no esporte significa vencer na vida, também são inculcados valores inversos: para a
harmonia do convívio social, assim como no esporte, é preciso se submeter às regras, regras sociais, especificamente
às leis. É preciso ter determinado comportamento, obedecer a “ordens” para que possamos alcançar “progresso”.
Miranda afirma que “uma crítica à escola capitalista é que ela impõe uma cultura que considera legítima, tornando
ilegítima qualquer outra manifestação cultural” (1991, p 134).Desta forma, uma aula tecnicista em que o professor
utiliza o desporto formal, institucionalizado, com suas regras imutáveis e inquestionáveis, assume o papel de controle
social através da “adaptação do praticante aos valores e normas dominantes, como condição alegada para o
funcionalidade e desenvolvimento da sociedade” (Bracht, Ibid, p.182). Os valores e normas da sociedade e do jogo
são apresentados como normais e desejáveis e devem ser incorporados, assumidos e consentidos por todos,
exploradores e explorados, como natural, sob pena de estragar o jogo e levar a sociedade ao caos.
Além disso, para aceitarmos o esporte na escola, ou mesmo a escola, como elemento socializador, teríamos que
partir do pressuposto de que a sociedade é harmônica e funcional, ou seja, se acreditarmos que o papel da educação
é adaptar o homem à sociedade, haveríamos de convir que a sociedade funciona muito bem, e não cheia de
contradições, desigualdades e injustiças como se apresenta hoje, a sociedade brasileira.Desta forma, a socialização
deveria se pautar no desenvolvimento de uma visão crítica e consciente da realidade como fator de transformação
social.
Em 1983, auge da tendência competitivista, Costa, baseada na sua dissertação de mestrado, publicou o livro
Prática da Educação Física no 1º Grau – Modelo de Reprodução ou Perspectiva de Transformação? Este trabalho
representou um marco importante no processo de ruptura entre a Educação Física e o treinamento desportivo que
vinha ocorrendo na escola, de forma seletiva, elitista e discriminadora com nome de Educação Física. A autora
denunciou a esportivização da Educação Física como sendo um modelo de reprodução das desigualdades sociais. O
esporte não poderia continuar sendo o foco do sistema de ensino, o objetivo da Educação Física não poderia ser o
rendimento esportivo. O professor de Educação Física não poderia mais ser concebido como um disciplinador, um
controlador da atividade, um treinador, apenas um técnico desportivo. Os seus alunos, resgata ela, são seres
humanos, não máquinas de rendimento esportivo.
Partindo deste princípio e assumindo uma concepção dialética da Educação, Costa indica uma perspectiva de
transformação que aponta para o estratégico papel político-transformador da Educação Física e do esporte como
elemento da educação. Resgata a proposta original do método da Educação Física Desportiva Generalizada que
evidencia o desporto como meio e não como fim. Esclarece que o papel do professor de Educação Física não é
ensinar regras ou fundamentos desportivos, desenvolver aptidão física ou habilidades esportivas, formando atletas;
mas sim estimular, através das atividades corporais, que podem até ser o jogo ou o próprio esporte, o
desenvolvimento das potencialidades afetivas, cognitivas e psicomotoras que integram o ser humano, potencialidades
estas, necessárias tanto na prática esportiva quanto na vida cotidiana .
Gadotti afirma que “o Estado, quando lhe interessa, sob o regime capitalista, coopta e assimila a contracultura”
(1992: p.162). Os mecanismos ideológicos de controle e persuasão são muito grandes, e acabam conduzindo os
dominados na direção dos interesses dos dominantes sem que estes a percebam. A dominação tem se efetivado pela
falta de consciência, com o consentimento dos dominados. Professores, sem perceberem, tornam-se cúmplices do
Estado cumprindo fielmente o papel que lhe é definido. Neste sentido, acreditaram e pregaram com um vigor de fazer
Resumo: Discorre sobre uma proposta de trabalho que vem sendo implementada na Escola Municipal de
Ensino Fundamental “Suzet Cuendet”, localizada em Vitória-ES. Essa proposta tem como eixo primordial a articulação
dos saberes que são construídos na escola e fora dela. Os trabalhos estão sendo realizados a partir das diversas
nuances da modalidade esportiva Enduro a Pé, envolvendo as disciplinas: Educação Física, Artes, Geografia,
Ciências, Português, Matemática. ________________________________________
Introdução
O trabalho na escola diariamente nos apresenta novas questões e, geralmente, buscamos estabelecer nossas
“verdades” para resolvê-las, baseando-nos em nossas experiências profissionais, nossos valores, leituras, mas,
dificilmente conseguimos construir um trabalho realmente coletivo. A proposta desse trabalho busca caminhar na
contramão desse processo, intentando valorizar os diferentes pensamentos e saberes pela riqueza que oferecem,
bem como almeja soluções compartilhadas.
Este trabalho está sendo realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental “Suzet Cuendet”, localizada em
Vitória-ES, que possui uma boa estrutura física e material, contendo laboratórios de informática, ciências, cartografia,
quadra coberta, etc. É importante destacar que estão envolvidos no projeto alunos das quartas séries da escola supra-
citada.
Nossa explanação está dividida em três momentos: primeiro, expomos os pressupostos teóricos que têm nos
orientado; em seguida, comentamos, sucintamente, a respeito do Enduro a Pé e suas possibilidades de trabalho; por
fim, apresentamos breves considerações.
Fundamentando nossa idéia
No tópico anterior, procuramos dar inteligibilidade à forma como temos pensado e nos fundamentado para
desenvolver o Enduro a Pé na escola. Descreveremos, aqui, algumas etapas da construção e da realização do
projeto.
A escolha da modalidade Enduro a Pé para esta proposta de trabalho ocorreu devido à posição geográfica da
escola em relação a alguns parques do município Vitória-ES e à estrutura física e material que a escola possui
(laboratórios de informática, ciências, cartografia). Além disso, pela possibilidade que nos ofereceu de
articulação/complementação de diferentes áreas de conhecimento na escola: educação física, artes, geografia,
matemática, português, ciências. Dessa forma, vislumbramos uma contribuição para que nossos(as) estudantes
tenham contato com um corpo de conhecimentos mais articulados e contextualizados.
Vale ressaltar algumas características do Enduro a Pé para que possamos construir, de maneira geral, um
entendimento acerca das possibilidades de trabalho dessa temática: a) é constituído por percursos longos de
caminhadas; b) no decorrer da caminhada, existem postos de controles pelos quais se deve passar (é importante
lembrar que se constitui em uma modalidade em que a regularidade é peça central para realização da prova. Portanto,
Resumo : O objetivo deste estudo é apontar possíveis caminhos metodológicos orientados a uma prática
pedagógica, especificamente no âmbito da Educação Física escolar, que esteja em consonância com valores mais
democráticos, restringindo-nos nessa etapa do estudo, a esclarecer o contexto geral na qual essa proposta foi
desenvolvida e sob que posições teóricas elaboradas. O pressuposto fundamental sobre o qual desenvolvemos
nossas idéias diz respeito a uma antinomia irreconciliável entre a estrutura e a cultura escolar e esportiva, por um
lado, e os valores democráticos por outro. Para isso, tentamos lançar mão de procedimentos metodológicos que
trouxessem concepções teóricas diferenciadas, tentando transpor os limites da denúncia pessimista e inócua, rumo a
um efetivo projeto de intervenção.
Palavras-chaves : Educação Física; escola; esporte e democracia
________________________________________
Sou estranho para mim mesmo, sei. Fora da natureza, contra a natureza, sem
outro recurso senão eu. Mas não voltarei a estar sob o jugo da lei: estou
condenado a não ter outra lei senão a minha.
Introdução
O objetivo deste estudo é tornar públicas algumas das reflexões que tem perpassado nossa prática pedagógica,
e que temos compartilhado ao longo de nossa experiência, assim como das subseqüentes propostas que tem se
seguido. Nesse caso específico, trata-se de uma proposta de trabalho, desenvolvida no âmbito da Educação Física,
na Escola Municipal Maria da Penha de Oliveira, na cidade de Rio das Ostras - RJ.
Entretanto diante das limitações de extensão própria aos trabalhos acadêmicos, vamos por ora, nos limitar a
esclarecer o contexto geral na qual essa proposta foi desenvolvida e nossas posições teóricas assumidas, ficando o
relato de experiência para uma segunda etapa deste estudo.
A antinomia entre escola e democracia
O pressuposto fundamental sobre o qual desenvolvemos nossas idéias diz respeito a uma antinomia
irreconciliável entre a estrutura e a cultura escolar e esportiva, por um lado, e os valores democráticos por outro.
Sobre isso importa ressaltar, antes de tudo, que essa é uma caracterização localizada e restrita apenas ao âmbito da
unidade escolar em questão.
Nossa afirmação deste antagonismo parte da constatação de Traytemberg (apud. GADOTTI, 2002), segundo a
qual:
As áreas do saber se formam a partir de práticas políticas disciplinares, fundadas em vigilância. Isso significa manter o
aluno sob um olhar permanente, registrar, contabilizar todas as observações e anotações sobre os alunos, através de boletins
individuais de avaliação, ou uniformes modelo, por exemplo, perceber aptidões, estabelecendo classificações rigorosas. A prática
de ensino em sua essência reduz-se à vigilância (p.261).
Esse tipo de imposição, como muitas outras, que são impostas pelo poder central, constitui uma estratégia de
padronização da comunidade, e mais ainda, de uniformização do “habitus” escolar, além de reafirmar o componente
de alienação presente nesse tipo de procedimento (BOURDIEU, 2003).
Resumo : O texto objetiva socializar o Projeto de Estágio Supervisionado Escolar da Faculdade Salesiana de
Vitória/ES por meio de relato de experiência da intervenção realizada junto às escolas de educação básica da rede
municipal de Vitória, buscando explicitar sumariamente os limites, desafios e possibilidades do mesmo.
________________________________________
Introdução
Este texto tem por escopo socializar o projeto (iniciado em 2003/2, porém sempre em construção) de Estágio
Supervisionado Escolar da Faculdade Salesiana de Vitória/ES (ESE/FSV) e a intervenção realizada junto às escolas
de educação básica da rede municipal de Vitória/ES. Também intenta possibilitar o debate em torno da mesma,
explicitando as contradições entre o proposto/escrito/dito e o efetivamente realizado no cotidiano das aulas, assim
como estabelecer um espaço de críticas/sugestões.
Justifica-se pela necessidade de sistematização e acompanhamento da práxis pedagógica realizada nas escolas
de atuação do ESE/FSV, pela permanente preocupação com a formação continuada do quadro de professores/as e
também pela troca de experiências entre professores/as que lidam cotidianamente com a difícil tarefa de criar
alternativas de estágio que melhor qualifiquem alunos/as em formação universitária.
Antes, porém, de iniciá-la, consideramos de suma importância registrar que nossa proposta de intervenção se
baseou na experiência de Estágio Supervisionado do Centro de Educação Física e Desportos da UFES (CEFD/UFES),
da qual participamos, ora como professoras ora como alunos/as, durante a década de 1990 (cf. Ferreira e Ventorim,
1999). Feitas as devidas ressalvas, passaremos sumariamente a expor nosso projeto de estágio e a intervenção que
vimos realizando junto às escolas da rede de educação da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), a fim de refletir
sobre a questão central, qual seja, os limites e as possibilidades deste projeto de estágio supervisionado em
implantação numa faculdade particular no município de Vitória/ES.
O projeto de estágio supervisionado da fsv
Por meio das disciplinas ESE I e II, a FSV estabeleceu convênio com sete escolas públicas da rede de educação
da PMV, exclusivamente do ensino fundamental e no seu entorno. Embora tenhamos objetivado também o ensino
médio e as escolas da rede estadual, ainda não tivemos condições de ampliar tal relação, em função da precocidade
do projeto e as demandas diversas que são exigidas durante tal implantação. Atualmente oito professores/as
colaboram conosco diretamente nessas escolas, compartilhando os espaços/tempos pedagógicos sob a
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 179
responsabilidade deles (e nossa!) e co-orientando nossos alunos/as. São 90 alunos/as envolvidos/as nas duas
disciplinas nos turnos matutino e noturno, atuando, em sua maioria, em duplas.
Conforme relatos gerais dos próprios professores/as das escolas-campo de estágio, em reuniões formais e
informais, tal relação tem sido importante para a escola, professores/as e alunos/as da escola. Segundo eles/as, por
meio do estágio está sendo possível experimentar novos conteúdos e estratégias de ensino e refletir/repensar juntos a
própria educação física no contexto da escola, da sociedade, das políticas públicas, etc. O enfrentamento conjunto da
problemática da educação/educação física na escola pública noturna também tem sido ressaltado como aspecto
positivo da co-laboração. Por outro lado, alguns apontam que atualmente nem todos/as envolvidos/as na/com a escola
têm conhecimento ou clareza da/s proposta/s (embora percebam “alterações” visíveis no cotidiano da escola),
particularmente devido às mudanças nos quadros de professores/as e do corpo técnico-pedagógico das escolas, fato
recorrente ao longo (das “viradas”) dos anos pela falta de uma política que os efetive em uma mesma escola, além
das volumosas demandas apresentadas e exigidas no cotidiano das escolas, as quais impõem um processo de
priorização/secundarização de ações.
Com isso, cresce a nossa expectativa em relação ao concurso público para provimento de professores/as
efetivos/as, anunciado pela nova administração municipal.
Concomitantemente, percebemos que a exigüidade de momentos de reflexão coletiva impõe também a revisão
da própria organização do tempo/espaço da/na escola e da/na IES, a fim de propiciar o planejamento coletivo de
todas as nossas intervenções pedagógicas. Nesse sentido, um avanço alcançado apenas nesse semestre (2005-1) foi
ter conseguido coincidir as duas horas-aula semanais do Estágio Supervisionado Escolar II, realizados outrora
somente na própria instituição (FSV), com os dias e horários de planejamento dos professores/as na escola. Às
sextas-feiras, então, pudemos realizar uma aproximação mais efetiva com tais professores/as, em particular, e com o
cotidiano da escola, em geral. No caso do Estágio Supervisionado Escolar I, resta ainda instituir esse importante e
necessário espaço/tempo.
Os alunos/as em estágio docente também têm considerado válida tal experiência. Frequentemente se mostram
surpresos/as quanto às mudanças das suas próprias visões acerca da escola pública, dos/as alunos/as, da educação
física escolar e do trabalho docente. A maioria, que inicialmente fazia opção por atuar no campo profissional não
escolar, tem colocado os ambientes escolares como possibilidade de atuação e em alguns casos até mesmo como
única e imediata opção.
Os/as professores/as das escolas campo de estágio têm acompanhado e co-orientado as intervenções
pedagógicas dos alunos/as. Apenas algumas poucas ações têm sido discretas ou quase ausentes. Nestes casos,
percebemos certo receio de intervir, em função de inseguranças geradas pela “inovação pedagógica” de algumas
propostas em relação a sua prática cotidiana, por receio de não contribuir/corresponder da maneira que acreditam que
esperamos que contribuam e/ou também por dificuldades de compreensão teórica. Alguns alegam que estão há muito
tempo distante dos “bancos acadêmicos” e deixam transparecer a ainda recorrente visão da academia como produtora
de conhecimentos teóricos a serem aplicados por meio prática. Por outro lado, percebemos um intenso envolvimento
da maioria dos/as professores/as, inclusive temos tido boas surpresas com professores/as que têm se dedicado ao
estágio como um momento de construção cotidiana do “novo”, compreendendo-o como espaço/tempo singular de
investigação/intervenção pedagógica e se aproximando da perspectiva interpretativa apresentada por Sacristán e
Pérez Gómez (1998) acerca da utilização do conhecimento na investigação educativa (cf. p. 115-7).
Por fim, cabe ressaltar que o estágio supervisionado/prática de ensino como eixo norteador do nosso curso de
Licenciatura em Educação Física tem se colocado como grande desafio para nós, o que nos remete ao entendimento
de que este “momento singular de preparação para a investigação/intervenção pedagógica” (Pinto, 2002, p. 17), não
deve se circunscrever aos limites de uma simples disciplina, mas ao contrário, buscar transcendê-la, construindo-se
por meio de todo o curso de Educação Física.
Apesar de materializar uma adequação entre a ampliação de carga horária exigida pela Resolução do CNE e o
que era possível modificar no curso de formação da FSV, a modalidade de estágio (chamado observacional) que
Resumo : Este projeto de pesquisa busca compreender de que maneira as experiências sociais e
sociocorporais dos professores em início de carreira influenciam a prática pedagógica destes professores, orientando
escolhas, interesses e definindo a valorização de determinados saberes curriculares no cotidiano escolar.
________________________________________
1. Introdução
Ao ingressar no curso de graduação em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo, no ano de
2004, tinha a perspectiva de ser professora e de fazer pós graduação em uma área das Ciências da Saúde, como
Fisiologia.
No entanto, o curso superou minhas expectativas, pôr apresentar um currículo que agrega, além do
conhecimento das disciplinas biomédicas e do desporto, conhecimento das disciplinas das Ciências Humanas como
Filosofia, Sociologia, Psicologia e Antropologia.
No primeiro período do Curso, cheguei à conclusão que seria necessário adiar por algum tempo meus planos de
ingresso no mercado de trabalho; pois mesmo não vendo relevância nessas disciplinas, teria que estudá-las para ser
aprovada no Curso e garantir um bom coeficiente de rendimento no histórico escolar.
Ao ingressar no segundo período, depararei-me com a disciplina Filosofia da Educação Física, pôr meio da qual
pude compreender um pouco mais sobre o Curso, estudar o que realmente a Educação Física vem sendo e deve ser,
e perceber que há uma grande necessidade de se entender a interface entre a Educação Física e o conhecimento das
Ciências Humanas.
Nesse mesmo período, comecei a dar aulas em uma escola da rede estadual de ensino do Espírito Santo,
especificamente para as quintas e sextas séries do Ensino Fundamental. Observei, então, que a Educação Física,
naquele espaço, para aqueles alunos, estava ligada apenas ao esporte e às atividades corporais, e que muitos
professores trabalham apenas com atividades como, vôlei, futebol, basquete e handebol. Constatei que esse é um dos
fatores pelos quais grande parte dos alunos constrói uma visão da Educação Física vinculada apenas ao esporte e à
saúde.
Essa estreita vinculação entre Educação Física e saúde, em seu sentido restrito, e Educação Física e esporte
torna-se “[...ã principal referência dos alunos que ingressam no curso e, ao mesmo tempo uma barreira para que se
possa compreendê-la de uma forma mais ampla e com seus diferentes campos de saberes” (FIGUEIREDO, 2004, p.
11).
Atualmente a Educação Física, vem sendo compreendida como multidisciplinar e seu currículo aborda atividades
corporais em suas dimensões culturais, sociais e biológicas. Sendo assim, a disciplina tenta extrapolar essa estreita
vinculação com a saúde e deixa de ter como foco apenas a questão do esporte ou da atividade física.
Apesar dessa visão ampliada, muitos alunos são resistentes a esses outros conteúdos e não vêem a Educação
Física nesse contexto. Apenas uma pequena parcela de estudantes se interessam pela Educação Física como uma
“[...]compreensão sócio-histórica e cultural da área” (FIGUEIREDO, 2004, p. 12).
Figueiredo (2004) com base em Carreiro da Costa, chama a atenção para o fato de que a maioria dos cursos de
Educação Física limita o conhecimento dos estudantes. Desse modo, os estudantes de graduação avaliam suas
experiências construídas dentro e fora da escola e, assim, moldam seu currículo e sua trajetória, interferindo em sua
formação.
Célio Garcia
Wagner Santos
Resumo : Sabendo que a aprendizagem é facilitada quando trabalhada de forma progressiva e interação com o
meio, descreveremos alguns processos neurais que facilitam ou dificultam a internalizarão ou até mesmo a
associação de experiências adquiridas.
Esse apanho teórico visa engrandecer a Educação Física Escolar que com as suas diversas vertentes possibilita
trabalharmos com a interdisciplinaridade respeitando a cultura e ate mesmo, propiciando novas experiências afim de
otimizar e internalizar para que posteriormente ocorra as associações necessárias para a aprendizagem.
Faz-se necessário também colocarmos em pauta processos de memorizaçao que facilitam o desenvolvimento do
individuo no ensino, quando caracterizado a plasticidade do cérebro e suas funções adaptativas ao meio, se dando
por tres formas distintas a se conhecer, que são auditivas, visuais e cinestesicas.
Palavras chaves : estímulos, memória e aprendizagem.
________________________________________
Muitos fatores no cérebro não foram bem compreendidos, entre os neurocientistas, mais sabemos que o cérebro
possui uma plasticidade incrível, isso é, sofre alterações a todo o momento. Essas alterações se dao no momento em
que o cérebro é estimulado, modificando a sua anatomia.
Segundo Paola Gentile(2005,p.54) o cérebro possui bilhões de neurônios, e cada neurônio pode ter até 100 mil
contatos, essa áreas de contato entre neurônios através de partículas de sódio, potássio, cálcio e cloreto é conhecida
como área sinaptica onde ocorre a sinapse, isto é local onde ocorre ligações entre neurônios através de impulsos
nervoso ou eletroquímico chamado de potenciais de ação. Esse e uma relatório que a autora faz com ralação a nossa
comunicação interna, que se da através de neurônios uma vez excitados por estímulos.
Sabe-se hoje que o cérebro armazena fatos separadamente, entre neurônios, e que a aprendizagem se dar
quando associados através das sinapses, essa associação ocorre quando novos estímulos provenientes do meio
através dos sentidos, são propagados, daí a importância do educador saber como proporcionar esses estímulos.
Emoção e aprendizagem
Sabemos que a memorização é facilitada quando em eventos emotivos, pois, ativa o sistema límbico. Mas de
que forma isso ocorre? Liberando neurotransmissores, fazendo com que os circuitos cerebrais ficam mais rápido,
facilitando a armazenagem de informações e o resgate das que estão guardadas.
Segundo Dharma Singh (1998) as memórias são transportadas para o armazenamento permanente pelo sistema
límbico de duas formas:
Quando o sistema límbico emocional torna-se excitado ou estimulado em relação a um acontecimento ou fato.
Isso faz com que produzimos neurotransmissor excitador catecolamina, assim como a noradrenalina, que grava
fortemente as memórias no cérebro. A noradrenalina não só atua como um neurotransmissor como também faz com
que o organismo mande um suprimento extra de oxigênio e glicose para o cérebro, ajudando-o sedimentar a memória.
Outra forma de mandar mensagem para um armazenamento permanente é repetindo-as para si mesmo. Mesmo
os estímulos mais tediosos podem ser memorizados através da repetição.
Em aulas diversas já foi observada a dificuldade de assimilação por parte de alguns alunos, onde por falta de
interesse ou até mesmo de motivação ficam limitados a condicionamentos que inibem e até mesmo excluem-nos por
questões de gênero, raça ou até mesmo dificuldades motoras.
Então o que fazer? Sabemos que a motivação é interna e que cabe ao professor estimular para que de livre
espontânea vontade, digo, por interesse próprio participem, pois, quando praticando qualquer atividade com
satisfação, prazer, temos a liberação de glutamato que através das sinapses glutamergicas acessa uma rede inteira
de neurônios pegando as partículas de memórias juntando as e promovendo a aprendizagem. Segundo Robert M.
Sapolsky (1984) as sinapses glutamergicas tem duas propriedades essenciais para a memória:
Primeiro, sua função e não linear. Numa sinapse comum, um pouco de neurotransmissor do primeiro neurônio
faz com que o segundo fica um pouco excitado; se um pouquinho de neurotransmissor ficar disponível, um pouquinho
mais de excitação ocorre, e assim por diante. Nas sinapses glutamergicas, certa quantidade de glutamato e liberada,
e nada acontece. Mas, quando determinado limiar e ultrapassado, abrem se as comportas do segundo neurônios, e
que segue e uma onda maciça de excitação. E essa onda que se torna essencial para o aprendizado.
A Segunda característica e ainda mais importante. Nas condições adequadas, quando uma sinapses tem uma
quantidade suficiente de experiência superexcitatorias causadas pelo glutamato, ela se torna mais excitavel
permanentemente. Essa sinapse acabou de aprender algo, ou seja foi potencializada ou fortalecida. Daí em diante,
basta um sinal mais sutil para recordar uma memória.
Memorização a base da aprendizagem
No tangente a memorização, aprendizagem/desenvolvimento intelectual, não podemos deixar de falar sobre
Piaget, que contribuiu e contribui até hoje para a educação, servindo de base para muitos autores.
Citada pela autora Ana Merces Bock(1999,p.127) Piaget diz que o homem é dotado de estruturas biológicas, que
herda uma forma de funcionamento intelectual, ou seja, uma maneira de interagir com o ambiente que o leva à
construção de um conjunto de significados, que em cada estágio de acordo com sua teoria, a criança tem formas
diferentes de interação com o meio.
Com toda essa evolução de suas idéias, utilizando o modelo biológico, para a continuação das mesmas,
destaca-se a organização, mecanismo que permite ao homem ter condutas eficientes para atender às suas
necessidades, isto é, a sua demanda de adaptação.
A adaptação- que envolve a assimilação e a acomodação numa relação indissociável – é o mecanismo que
permite ao homem não só transformar os elementos assimilados, tornando-os parte da estrutura do organismo, como
possibilitar o ajuste e a acomodação deste organismo aos elementos incorporados. ( BOCK A.M.B., FURTADO O. &
TEIXEIRA M. de LOURDES 2001,p.127)
O desenvolvimento intelectual resulta da construção de um equilíbrio progressivo entre assimilação e
acomodação, o que propicia o aparecimento de novas estruturas motoras. Com todo esse processo descrito, não
basta dar estímulos aos alunos, crianças e até mesmo adultos, temos que saber como fazer acontecer todo esse
caminho de forma suave e tranqüila, que todos sem exceção, aprendam de formas diferentes. Mas, como isso ocorre?
Temos que criar harmonia (comunicação) com os alunos, conversando na mesma língua deles, a língua que eles
entendam. Essa é a forma em que os mesmo interiorizam (interpretam), codificam as mensagens provindas do meio.
Baseada na citação de Antotny Robbins todos nós temos qualidades diferentes de como interpretar os estímulos,
que são de três formas a se conhecer: visuais , auditivas e cinestésicas. São as qualidades interiores que as pessoas
têm , de apresentarem maior facilidades para aprender quando estimuladas sobre uma dessas formas citadas acima.
As pessoas visuais têm maior facilidade de aprenderem vendo a cena (estática), pode ser um conceito sobre
algo ou uma foto sobre determinado assunto.
Resumo: Tendo como referencial a disciplina prática de ensino do curso de licenciatura em Educação Física
desenvolvida no segundo semestre de 2004(município de Santa Teresa-ES) este trabalho reflete a atuação dos alunos
junto às escolas aonde são desenvolvidas as práticas pedagógicas da disciplina, as escolas-campo. Trabalhamos com
o número de 32 alunos divididos em três escolas.Tivemos a oportunidade efetiva de refletir a importância de maior
aproximação com os professores das escolas-campo no sentido de contribuir para a sua/nossa própria formação
continuada.Relatamos neste trabalho questões que consideramos importantes para melhor entender o espaço desta
disciplina na formação do profissional de Educação Física. ________________________________________
Constituído por 32 alunos que foram inicialmente distribuídos de acordo com a disponibilidade de horário das
escolas campo, aí encontramos a nossa primeira grande dificuldade: pouco campo de estágio para muito aluno.
Temos como exigência para esta formação, nas normas internas da instituição, a previsão de 90 intervenções(aulas
propriamente ditas) semestrais para cada aluno, o que nos daria um total de 2.780 aulas. Como pode-se perceber,
Resumo : Nos dias de hoje, a inclusão escolar não pode ser mais considerada um desejo, mas sim um direito
de todas as pessoas. Todos os alunos devem ter acesso às escolas e ter qualidade de ensino. Diante desta situação,
o presente trabalho procura investigar como estão sendo formados os alunos do curso de Licenciatura em Educação
Física da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, se eles se sentem preparados para atuarem com alunos
portadores de necessidades educacionais especiais em suas aulas e se o currículo oferece condições para essa
atuação. Foi realizada uma pesquisa de caráter descritivo, com uma amostra de 16 alunos pré-formandos, que
responderam a um questionário aberto a respeito da formação profissional. Após as respostas coletadas, elas foram
agrupadas em categorias como forma de apurar a freqüência das respostas de cada categoria. Com as respostas
apresentadas foi possível verificar que os alunos não se sentem muito seguros em atuar com alunos que apresentem
algumas necessidades especiais, pois não tiveram muitas oportunidades de vivenciar esse tipo de trabalho dentro da
própria faculdade. É preciso que o currículo esteja voltado com disciplinas que retratem esse assunto, porém
consciente de que a obrigatoriedade é necessária, mas que somente isso não prepara o aluno para tal atuação. É
preciso ter o compromisso dos demais professores de comentar, alterar e diversificar as aulas como forma de
oportunizar aos futuros professores condições de se trabalhar pela inclusão de todos.
Palavras-chave: Inclusão, Currículo; Prática Pedagógica.
________________________________________
Introdução
O estudo abrangeu uma amostra de 16 alunos do 8° período do curso de Educação Física, durante o 1°
semestre letivo do ano de 2003. Tal amostra representou cerca de 2,2% do universo de alunos desse curso que é de
727, e 18,6% da população abrangida pelo estudo, que é dos 86 alunos do 8° período. A amostra foi composta por
alunos que se dispuseram a participar do estudo, de ambos os sexos, com uma média de idade de 23,43 anos, todos
pré-formandos do curso de licenciatura no período de 2003/01, pois são alunos que, pressupõe-se, já passaram pela
prática de ensino e estão entrando no mercado de trabalho.
A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa de forma descritiva, pois segundo Rampazzo (2002), já se
conhece algo sobre o assunto e porque tem uma pesquisa documental e de campo.
Foi aplicado aos alunos, um questionário aberto, visando coletar dados a respeito da formação profissional e do
desenvolvimento do trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais.
Através do instrumento utilizado, foi realizada uma análise de conteúdo, classificando as respostas coletadas e
agrupando-as em categorias, a fim de apurar a freqüência das respostas de cada categoria.
Resultados e discussões
Foi aplicado aos alunos do 8° período um questionário aberto composto de 11 perguntas. As respostas foram
classificadas e agrupadas em categorias. As perguntas tinham o objetivo de verificar como esses alunos estavam
sendo formados no que diz respeito à questão do desenvolvimento do trabalho com alunos portadores de
necessidades educacionais especiais em suas aulas.
Para tanto era preciso ter informações sobre o que eles entendiam por inclusão, como a Educação Física poderia
auxiliar nesse processo, se eles tinham presenciado a inclusão ou a exclusão nas aulas observadas da prática de
ensino, se eles saberiam promover a inclusão desses alunos em suas aulas, se a faculdade de Educação Física da
UFRJ tinha oferecido algum instrumento para que esses futuros alunos pudessem trabalhar com alunos portadores de
necessidades especiais, se algum momento do curso teve algum professor que trouxe experiência de trabalho na
área, se eles tinham o conhecimento do decreto que afirma a necessidade de disciplinas desse aspecto no currículo e
se o currículo atual do curso oferecia condições para trabalhar com esses alunos.
Existem várias razões pelas quais a Educação Física pode demonstrar papel importante no processo de
inclusão. Em primeiro lugar, ela possibilita um maior contato corporal com todos os alunos devido ao seu grau de
liberdade, assim permite uma maior participação de todos, inclusive daqueles que apresentam dificuldades. Desta
forma, mesmo os alunos apresentando desempenhos diferentes, o grau de satisfação pode ser considerado elevado.
Por isso, o professor de Educação Física é visto como um profissional que desenvolve as atitudes mais positivas,
justamente por ser uma disciplina mais dinâmica e com um maior contato entre professor e aluno.
No que tange a questão dos alunos pré-formandos se sentirem-se aptos a trabalhar com alunos portadores de
necessidades educacionais especiais, foi verificado um maior grau de insatisfação com o currículo do curso, pois,
segundo os estudantes que responderam ao questionário, durante a formação, poucas são as chances de se ter
contato com esse tipo de assunto, não há uma obrigatoriedade de cursar a única cadeira relacionada a esse tema, já
que esta faz parte da complementação do currículo e também, mesmo que essa disciplina fosse obrigatória, a sua
carga horária é muito pequena não possibilitando a realização de uma parte prática. Portanto, a Educação Física
Adaptada que é um direito, deve ser obrigatória, oportunizando assim, aos futuros professores a melhor relação com
alunos que apresentarem algum tipo de dificuldade, seja na própria aprendizagem ou em algum comprometimento
motor. Para esses alunos, o currículo deveria ser melhor estruturado para prepará-los para o mercado de trabalho e
assim legitimar uma estrutura capaz de criar diversas competências da prática docente.
Foi encontrado nas opiniões dos alunos pré-formandos a necessidade de haver disciplinas que tratem desse
assunto, todavia, compartilham da opinião onde as demais disciplinas, cuja primeira vista parecem não ter nada
direcionado a esse tema, também tenham o compromisso de ensinar, demonstrar e comentar como agir diante da
possibilidade de ter alunos portadores de necessidades especiais. Pode-se perceber então, que não é uma questão
das disciplinas, mas sim do corpo docente não acostumado a comentar e nem mesmo adaptar ou mudar o rumo das
aulas para explicar ou expor como deveriam lecionar eem turmas onde existam alunos com dificuldades. Talvez, essa
forma de agir dos demais professores, deve-se ao fato de não haver estudantes de educação física com reais
Resumo : Este estudo se presta a encontrar no discurso e na ação do professor de Educação Física com
atuação no espaço formal da escola os traços mais marcantes de sua formação em Licenciatura e, também, os
direcionamentos de uma possível Política Educacional para a Educação Física na cidade de Volta Redonda. A
construção deste texto foi elaborada através de estudo comparativo, após entrevistas semiestruturadas e relatórios de
observação da intervenção prática de professores no dia-a-dia da escola, além do diálogo com a bibliografia
pertinente. O trabalho de observação foi feito em escolas privadas e públicas (estaduais e municipais) da Cidade de
Volta Redonda, no período de fevereiro a abril de 2005. O resultado nos reserva algumas boas surpresas como a
atuação admirável de uma jovem professora com três décadas de profissão e, também, fatos já esperados, por quem
convive no dia a dia do magistério, que é uma grande confusão de objetivos e conteúdos na EFEsc.
Palavras chaves: Políticas Educacionais; Licenciatura; Conteúdos; Relevância.
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Introdução
O estudo aqui apresentado é a terceira parte de um trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Estudos e
Pesquisas em Educação Física de Volta Redonda (LEPEF-VR) que visa acompanhar a trajetória de formação e
atuação do profissional de Educação Física, no espaço formal da escola, na região sul do estado do Rio de Janeiro.
Nos dois trabalhos anteriores, nos foi possível observar quais as concepções sobre Educação Física Escolar
(EFEsc) existentes entre os professores do Curso de Licenciatura em Educação Física (CEF) do Centro Universitário
de Volta Redonda (Unifoa); em seguida, como uma continuidade lógica no percurso deste profissional, o estudo foi
voltado para a identificação da existência e modelos de Políticas Educacionais para a Educação Física no Sul
Fluminense no sentido de se construir um levantamento da organização pedagógica nesta região, e, neste terceiro
momento, procuramos detectar as Influências da Formação em Licenciatura em Educação Física, na ação docente em
Volta Redonda, e com isto quais os elementos desta formação universitária mais influenciam a ação deste docente na
região.
O objetivo é analisar nas realidades do cotidiano docente as marcas da formação universitária e das políticas
educacionais em suas perspectivas de trabalho. Quais os elementos da formação universitária que mais influenciam a
ação cotidiana do docente? Qual o discurso deste professor em relação a esta influência e o que aparece disto na sua
ação prática cotidiana? Como as políticas educacionais em Educação Física (EF) colaboram, efetivamente, para a
prática docente?
A metodologia escolhida foi o estudo de caso, qualitativo e interpretativo, fazendo uso da observação sistemática
e da entrevista semiestruturada, além da necessária revisão bibliográfica. O estudo se limitou às escolas de Volta
Redonda pela relevância observada desta cidade no cenário educacional da região, por uma necessária centralidade
no foco da pesquisa e, também, por ser uma continuação dos estudos anteriores. A seleção das escolas e professores
a serem investigados foi uma amostragem aleatória com turmas do ensino fundamental e médio, nos turnos diurno e
noturno.
Um pouco de história
A Educação Física e o esporte em Volta Redonda começam a existir, significativamente, com a construção de um
complexo esportivo para os funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e seus familiares, na década de
Resumo : O objetivo deste trabalho é suscitar a reflexão acerca das questões profissionais e vocacionais frente
a um mercado de títulos presentes na Educação Física. A questão central está pautada no professor que deixa de
lado a sua vocação, em função da questão profissional, atendendo aos ditames do mercado e na busca de titulações.
O aspecto vocacional aliado ao profissional poderá contribuir positivamente na qualidade do serviço prestado pelo
professor.
Palavras-chaves : vocação, profissão e titulação
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Introdução
O objetivo deste trabalho é suscitar a reflexão acerca das questões profissionais e vocacionais frente a um
mercado de títulos presentes na área da Educação Física. A questão central está pautada na situação do profissional
de Educação Física, que, por vezes, deixa de lado sua vocação em função da questão profissional, atendendo aos
ditames do mercado que cobra uma atualização constante, porém apresenta distorções e incoerências desde a oferta
de oportunidades até as questões estruturais e organizacionais.
O afastamento de sua vocação pode provocar no professor um quadro de desânimo, apatia, desinteresse,
desvalorização, angústia, enfim, interferir negativamente na qualidade de vida e no trabalho do mesmo.
Não cabe aqui desvalorizar o meio acadêmico no que tange à área de pesquisa e produção de conhecimento,
principalmente nos cursos de pós-graduação, mas sim, resgatar a importância da valorização do curso de licenciatura
em Educação Física, que capacita profissionais para ministrar aulas na educação básica, de preferência adequando
vocação à questão profissional.
Vocação e profissão
Segundo Feijó (1998) existem diferenças básicas entre profissão e vocação e a tendência geral da sociedade é
dar ênfase apenas à profissão, em função da dimensão econômico-financeira desta.
Vocação implica em algumas características da personalidade como coerência, direcionalidade, objetivos, auto-
realização, funcionalidade, eficácia e felicidade. O seu conceito está relacionado à escolha, tendência ou inclinação,
talento e predileção. Pode ser considerada como a tomada de consciência da auto-identidade e a dimensão
psicológica da pessoa. “Ela é o momento identificador das bases formadoras da pessoa, seus recursos genéticos em
relação com seu meio-ambiente, físico e cultural. A pessoa descobre sua vocação, quando descobre a si mesmo.”
(ibid., p.108-109)
O conceito de profissão está relacionado a emprego, ofício, modo de vida e ao equacionamento da vocação no
mercado de trabalho, sendo a dimensão econômico-financeira da pessoa.
Para Rios (2002, p.46), “no interior da instituição escolar, o educador exerce sua profissão. A idéia de profissão
nos remete à de ofício, que guarda o sentido de dever, de obrigação”. Segundo a autora o educador para exercer sua
profissão deve ser competente, ou seja, “saber fazer bem” e essa competência possui uma dupla dimensão: técnica e
política.
Celso Antunes (2001, p. 18) ressalta que “um aluno competente é aquele que enfrenta os desafios de seu tempo
usando os saberes que aprendeu e empregando, em todos os campos de sua ação, as habilidades antes aprendidas
em sala de aula”.
Cabe aqui ressaltar que este trabalho não pretende desvalorizar a área acadêmica, principalmente o segmento
voltado para a pesquisa científica. É de fundamental importância para a Educação Física e sua legitimação o avanço
nesta área para que possa, inclusive, fortalecer e qualificar o curso de graduação.
Porém algumas distorções ocorrem neste novo mercado de trabalho que, por vezes, pressionam os profissionais
a exercerem funções não condizentes com as suas vocações, mas sim atraídos pela questão profissional.
Para Molon (2003) na dimensão da subjetividade encontra-se a consciência, a vontade, a intenção, a afetividade,
o pensamento, ..., e não um sujeito prisioneiro do mundo público, diluído no coletivo e reflexo das determinações
sociais. Desta forma a questão vocacional contribui para a tão buscada competência e para a formação de um senso
crítico no que tange à qualidade do trabalho prestado e às cobranças do mercado profissional.
Com a valorização dos cursos de pós-graduação e da área de pesquisa e produção de conhecimento surge o
mercado de títulos (especialista, mestre, doutor, ..., aonde vai parar?)
impelindo alunos e professores para este campo, independente de suas vocações. Alguns são pesquisadores por
vocação e se adequam bem a este sistema, porém outros são professores por vocação e se realizam ministrando
aulas e consumindo as publicações.
A graduação, os cursos seqüenciais por campo de saber, os cursos de extensão e outros eventos que numa
escala hierárquica do mercado estão numa situação de menor valor em relação aos cursos de pós-graduação,
possuem valores inestimáveis dependendo da área de atuação do profissional.
O aluno / profissional oriundo dos cursos de licenciatura plena, cuja função primordial é ministrar aulas para os
segmentos da educação básica, deve ter uma formação sólida, de qualidade e cada vez mais valorizada para poder
exercer com competência sua função.
É na experiência prática que surgem as “situações-problemas” que podem desencadear uma pesquisa ou
estimular a atualização para a busca de soluções, ou seja, a prática “alimenta” a teoria e vice-versa. Porém, por
vezes, o meio acadêmico distancia-se da prática e suas pesquisas e teorias afastam-se da realidade, sendo pouco
aplicáveis e tornando-se obsoletas.
Segundo Azevedo (2001, p.53), as pesquisas são importantes, porém (...) “elas se tornam ineficientes ou
insuficientes se injetadas de fora para o interior da escola, sem conexão com as necessidades objetivas demandadas
pelos educadores e por suas práticas”.
Em função desta compulsão por pesquisas surgem os alunos recém-formados que ingressam na pós-graduação
sem exercer o professorado (objetivo maior da licenciatura) e seguem carreira como “profissionais da pesquisa”.
Alguns seguem este caminho por vocação, outros por falta de espaço no mercado de trabalho e conseguem sustentar-
200 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
se com bolsas para pesquisa. E aí vem o questionamento: como produzir conhecimento sem o contato com a prática e
a realidade dos alunos e das escolas? Alguns conseguem obter sucesso, porém outros têm os seus trabalhos
arquivados e esquecidos em bibliotecas sem relevância social.
Quanto às bolsas para pesquisas financiadas pelos órgãos autorizados, estas são negadas aos alunos /
professores trabalhadores com vínculo empregatício. Será que estes não possuem gastos nas suas pesquisas? Será
que o salário de professor comporta os gastos? O professor de instituição privada tem como usufruir de uma licença
remunerada para realizar sua pesquisa? Como cobrar uma participação na área de pesquisa se começamos por
esbarrar em questões estruturais e de sobrevivência?
Outro fato curioso é a valorização do “título de bolsista”. Em alguns trabalhos publicados podemos observar na
identificação do autor a referência de bolsista de determinado órgão fomentador de pesquisas. Também surgem
referências no gerúndio, como por exemplo, mestrando, doutorando,..., visando destacar a inclusão do autor num
curso de pós-graduação, mesmo sem ter obtido ainda o título. E o título de professor? Por vezes nem aparece.
Recentemente surgiu uma denúncia na mídia sobre o mercado paralelo criado ao redor dos cursos. Profissionais
prestam serviços desde a impressão até a elaboração de trabalhos acadêmicos. E aí vai mais uma pergunta: um aluno
cursando pós-graduação que compra um trabalho para a conclusão de curso está exercendo sua vocação?
O termo indexação pode nos remeter ao período da Idade Média quando surgiu o “Índex”, que era um catálogo
dos livros cuja leitura era proibida pela Igreja Católica. Na Idade Contemporânea surge a “indexação e a qualificação
de periódicos” que determinam aonde devem ser publicadas as produções científicas. Os tempos mudaram, mas o
controle e o poder sobre as idéias parecem permanecer.
Nas instituições de ensino superior um dos critérios da avaliação funcional dos professores é a publicação de
trabalhos científicos em “eventos qualificados”, porém algumas instituições não financiam a pesquisa, nem os custos
necessários ao deslocamento e estadia do professor e, o pior, algumas instituições descontam o dia de trabalho no
salário do professor. Haja vocação!!!
Para o profissional que deseja atuar no ensino superior existe a necessidade mínima do título de mestre, porém
como a procura por estes cursos é grande e a oferta é pequena as mensalidades das instituições privadas são
elevadas, inviabilizando a inscrição de muitos professores, pois nem sempre as instituições públicas oferecem cursos.
Neste caso não basta ter vocação, mas recursos financeiros para poder exercer a profissão neste segmento.
Considerações finais
Ratificando o que foi exposto anteriormente, creio que a área de pesquisa é de fundamental importância para o
avanço da Educação Física e que através da atualização constante dos educadores, com novas contribuições
científicas, poderemos legitimar nossa prática. Precisamos rejuntar a teoria e a prática, a ação e a reflexão para
tornarmos nosso trabalho significativo e de qualidade.
Creio ser urgente o resgate e a valorização do curso de licenciatura em Educação Física, pois dele surge a base
da formação do profissional que irá atuar nos segmentos da educação básica. Se este profissional aliar os
conhecimentos técnicos / científicos a sua vocação visando a práxis educativa tornará relevante o seu trabalho, pois
Resumo: Este trabalho tem como intenção mostrar a possibilidade de uma aula de educação física, que busca
encaminhar os educandos a um pensar crítico com relação a questão do determinante social gênero, utilizando a luta
e a dança como elementos de discussão. ________________________________________
1.Introdução
Futebol, vôlei, basquete e handebol são conteúdos utilizados nas aulas de educação física pela maioria dos
professores desta disciplina, como se em nossa graduação aprendêssemos somente tais desportos. É fato que há
uma ênfase maior em relação a eles, no entanto acredito que a valorização destes elementos em nossas aulas é fruto
de um período dentro da história da educação física em que o rendimento e a performance eram muito valorizados,
período que Ghiraldelli(1992) chama de competitivista.E já que mencionamos esta questão histórica é bom lembrar
que, durante muito tempo nós, professores de educação física, servimos aos propósitos e ideais daqueles que tinham
o controle de nossa sociedade, e se não alterarmos nossa práxis, dependendo dos princípios que priorizarmos,
continuaremos servindo como um instrumento da classe dominante.
Com este primeiro parágrafo tentei chamar atenção para a “mesmice” que vem ocorrendo em nossa disciplina já
há algum tempo, tanto em relação ao posicionamento político-pedagógico dos professores de educação física bem
como em relação à forma pela qual estes conteúdos são ensinados em nossas aulas, que servem aos propósitos da
classe dominante. Por isso acredito que devemos pensar nossa prática de forma dialética, enquanto professores, e
desse modo criar possibilidades que levem o educando a participar de nossas aulas desenvolvendo sua capacidade
crítico-reflexiva enquanto sujeitos e não como meros executores de movimentos técnicos.
Sendo assim, se voltarmos nosso olhar para a educação física escolar e pensarmos esta disciplina relacionada à
cultura corporal, veremos que surgem possibilidades para mudança relacionadas aos temas como esporte, jogos,
ginástica, luta e dança. Sem que tenhamos que dar ênfase ao desempenho e que ser especialistas dentro do tema
que vamos trabalhar, junto com nossos alunos podemos criar uma atmosfera de cumplicidade em que aprender volta a
ser prazeroso.
Escolhi a luta e a dança para fazer com que os alunos compreendam que o sexismo presente nestas práticas por
convenções sociais não passa de uma questão de gênero construída culturalmente por nossa sociedade machista. E
que o papel que desempenhamos em nossa sociedade sofre influência de sermos homens ou mulheres; podemos
citar como exemplos mulheres que ocupam determinados cargos dentro de uma empresa com salários menores que
os dos homens com a mesma função. Sendo assim tentaremos estimular o pensamento crítico de nossos alunos
durante o processo reflexivo, ao término das atividades propostas. Tentaremos, também, fazer que constatem a
existência de condições sociais próprias para homens e outras próprias para mulheres, enfatizando que estas
condições estão atreladas a um momento histórico e assim, E desta forma fomentar possibilidades para que os alunos
percebam que é possível mudar a construção social relativa ao gênero.
2.Procedimentos
O trabalho será construído com alunos da sexta série do ensino fundamental público do município de São
Gonçalo, cuja faixa etária varia dos 12 aos 14 anos de idade, com a freqüência de uma aula por semana com duração
de 1hora e 40 minutos. Temos como objetivo discutir as questões de gênero que envolve estas duas atividades, a luta
e a dança, fazendo um paralelo entre ambas para que possamos constatar a construção sócio cultural que envolve tal
questão.
Foi pensando no indivíduo como um ser sócio-histórico que surgiu a idéia desse trabalho. Levando em
consideração que estamos passando por um momento de alienação referente às relações sociais, e que estas
relações só ocorrem através das trocas de experiências, decidi proporcionar aos educandos da escola em que
trabalho a vivência de movimentos relacionados à luta e à dança, considerando estas elementos de uma cultura
corporal, o que possibilita a abordagem do determinante social gênero em conjunto com a pratica da luta e da dança
em relação ao dia-a-dia dos alunos.
Ciente de que buscamos enquanto indivíduos a compreensão da organização e facilitação do ato de viver, como
sugere Ferreira (2003), tentarei fazer chegar aos meus alunos as questões referentes “às construções sociais que
uma determinada “cultura estabelece ou elege em relação a homens e mulheres” (Sousa, Altman apud Alves Junior) e
suas implicações em nosso dia-a-dia, fazendo da dança e da luta instrumentos que possibilitem um pensar crítico que
encaminhe os alunos à superação do tema gênero enquanto determinante social.
4.Bibliografia
ALVES JUNIOR, Edmundo de Drummond, O Judô na Universidade: discutindo questões de gênero e idade.
Disponível: http://www.equiperuffoni.com.br/artigos/00007.doc consulta:20-05-2005.
DARRIDO, Suraya Cristina, Educação física na escola questões e reflexões, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2003.
Resumo : O presente estudo, insere-se na análise do reordenamento do mundo do trabalho sobretudo a partir
da década de 1990 no Brasil, buscando apreender as alterações nos campos da educação e da educação física,
decorrentes deste reordenamento, e tem como objetivo analisar as metamorfoses ocorridas no mundo do trabalho e
suas interrelações com as mudanças no sistema educacional brasileiro e mais ainda, analisar qual o papel vem sendo
desempenhado pela educação física na nova referência dada a educação. Para tanto tornou-se necessário analisar
criticamente as condições políticas e econômicas do Brasil na década em questão, bem como analisar criticamente a
bibliografia que trata da educação física no campo escolar e do trabalho naquela década. Conclui-se que de forma
imediata a educação física não contribui com a nova política educacional, porém de forma mediata essa disciplina
contribui com tal política.
Palavras-chave: educação física, trabalho e educação.
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Resumo : O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da prática pedagógica da Educação Física, que é
um componente curricular obrigatório na Educação Básica (Educação Infantil; Ensino Fundamental; Ensino Médio –
LDB 9394/96), identificando a função durante as aulas para a promoção de um aprendizado significativo e criativo
para o aluno. O estudo objetiva também, verificar as possibilidades e o auxílio da atuação do professor para a
construção do conhecimento do aluno.
A metodologia do estudo é basicamente bibliográfica, desenvolvida a partir da leitura de material constituído
principalmente de livros. É, também, de natureza exploratória, pois faz uma análise interpretativa dos fatos, nos
proporcionando maior familiaridade com o tema o que viabiliza saber mais sobre o mesmo. A maior parte dos estudos
exploratórios podem ser de natureza das pesquisas bibliográficas (GIL, 1991:48). Tem também este estudo um perfil
qualitativo pois faz uma análise interpretativa dos fatos e de alguns relatos de experiências.
________________________________________
Introdução
Trabalhar a Educação Física nas escolas hoje, tem um cunho diferenciado do que foi no passado. Segundo a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 9394/96) e sua modificação feita em seu parágrafo terceiro pela
redação da Lei nº 10.793, de 1º.12.2003,
“A Educação Física Escolar integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da
educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas
II - maior de trinta anos de idade;
III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da
educação física;
IV - amparado pelo Decreto-Lei no 1.044 , de 21 de outubro de 1969;
V - (VETADO);
VI - que tenha prole.”
Tendo como base a Lei supra citada este estudo entende que a Educação Física escolar deve ser abordada nas
escolas como prática pedagógica, onde a diversidade de atividades pode proporcionar aos alunos várias formas de
viabilizar o seu aprendizado, ou como afirma o Coletivo de autores (1992:50): [...] a Educação Física é uma prática
pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança,
ginástica.
O estudo entende também que nesta prática educacional, o professor será um mediador, podendo interferir
diretamente na construção do conhecimento do aluno durante sua vida escolar. Então a forma e a conduta deste
profissional deve ser bem definidas já nas séries iniciais do ensino fundamental, pois o estudo acredita que nesta fase
(seis a oito anos) a criança necessita da educação física tanto quanto que nas fases subsequente de tal sistema
educacional.
A educação física escolar como prática pedagógica
O professor, enquanto um educador e mediador, precisa elaborar suas aulas com base em metodologias que
viabilizem um aprendizado significativo para o aluno. E o que seria então a aprendizagem significativa? Trazer
qualquer atividade para as aulas não condiz com a conduta pedagógica que a escola possui. É viável adotar-se uma
atividade onde o professor estimule o aprendizado no aluno, sabendo-se que este deva saber “o quê” e “o porquê” do
que está fazendo. Se não for desta forma, correremos o risco de permitir que nossos alunos façam a atividade por
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 209
fazer, ou, façam porque fazia parte dos conteúdos que seriam dados naquele dia. É necessário que as atividades que
o aluno desenvolva durante as aulas contribuam de alguma forma para o seu saber cognitivo. Sendo assim podemos
dizer que houve um aprendizado. Ou será que despejar conhecimento na cabeça dos nossos alunos é o ideal de uma
aprendizagem? Neste caso, acredito que podemos estar caminhando para um jeito de educar parecido com o que
Paulo Freire tanto discursou durante sua vida, ao qual chamou por educação bancária em seu livro Pedagogia do
Oprimido (1970), ou seja, um tipo de educação onde os bons educadores serão os que irão encher vasilhames com
seus conhecimentos e bons educandos serão os que se deixarão serem cheios destes conhecimentos, o mais
passivamente possível.
A seguir, vejamos o relato de experiência de uma jovem de trinta e quatro anos, sobre suas aulas de Educação
Física, na década de 80:
[...] Não gostava muito de fazer Educação Física. O professor só fazia mandar a gente correr igual a uns
desesperados. Tinha que ser por dois minutos em volta da quadra e quando a gente parava porque sentia aquela
dorzinha do lado da barriga ele dizia que era dor de priguicite. E no final das contas eu nem sabia pra que é que a
gente corria. Era um saco!
Levando em consideração este relato, é necessário que o aluno consiga estabelecer, durante suas aulas de
educação física, uma relação entre os conteúdos que estão sendo apresentados a turma com seus conhecimentos
previamente estabelecidos, dando assim um significado para aprendizagem que ele irá construir com esta aula, ou
“estabelecer relações substantivas e não-arbitrárias entre os conteúdos escolares e os conhecimentos previamente
construídos por eles, num processo de articulação de novos significados” (PCN, 1997:52).
A atuação do professor, por um ideal de liberdade para a aprendizagem
“Recebi uma educação muito tradicional. Quando menino não gostava da escola, mas adorava
estudar especialmente mapas antigos, culturas antigas, astronomia. Assim, eu lia sozinho, fazia a
lição de casa, e me ressentia de ter de ir à escola.” (Ira Shor / PauloFreire, setembro de 1985)
Nós, professores no início do século 21, ainda temos um pouco deste antigo modelo de educação citado no
relato acima. Alguns professores ainda trazem à tona este tipo de educação tradicional, nada libertadora. Então
pergunto simplesmente: Por qual tipo de educação estamos ansiando para nossos alunos atualmente, enquanto
educadores? Qual seria, a nossa verdadeira função durante nossas aulas? Creio que é chagada a hora de
reavaliarmos os nossos trabalhos para vermos o quanto estamos contribuindo para a formação da educação dos
nossos alunos. Se realmente desejamos continuar com um tipo de educação tradicional e reprodutora ou se queremos
almejar uma educação transformadora que auxilie nossos alunos para uma aprendizagem libertadora de conceitos
prontos ou preestabelecidos.
Uma aprendizagem reflexiva, onde os nossos alunos sejam capazes de construir seus próprios conceitos.
Como pode um professor se transformar num educador libertador? (Shor:1985). Este foi um dos
questionamentos feito por Ira Shor à Paulo Freire, num diálogo transformado em livro. Este estudo nos leva a
perceber que podemos trabalhar a nossa praxe pedagógica na escola através de muitos dos conhecimentos
rudimentares e empíricos que os nossos alunos já trazem em sua bagagem cultural. Ao utilizarmos esta conduta
estamos promovendo o desenvolvimento de aulas bastante criativas e diferentes umas das outras, pois cada grupo de
alunos trarão contribuições diferentes para a aula, enriquecendo-a. Fazendo isto estaremos disponibilizando um
aprendizado bem diversificado. E quanto mais propenso a diversidade e a criatividade forem as aulas, mais alunos
incluídos neste processo de ensino-aprendizagem encontraremos na nossa escola. Os alunos precisam receber o
básico para criar e ter autonomia sobre o que aprendem e criam. Com isso aprendem também a ser criativo. Se forem
criativos o suficiente chegarão a ponto de construir seus conhecimentos e estabelecerem assim, um grande repertório
de aprendizado. Quando as aulas forem assimiladas sob esta ótica pelos professores, ou seja, quando o professor
preparar um ambiente ideal para que os alunos com sua liberdade de criação solucionem os problemas deste,
estaremos entendendo a verdadeira função de mediador e educador que o professor deve ter.
Caminhar desta forma na Educação Física escolar é algo promissor. Temos os PCN’s que é um referencial
teórico capaz de nos auxiliar. Isso se souber entendê-lo como um parâmetro, um referencial e não como uma receita.
Se entendermos desta forma, é bem provável que ele não nos ajude. Transformar os blocos de conteúdos dos PCN's
para viabilizar uma aula de educação física numa realidade escolar é algo que além de ser possível é criativo e
libertador, ou como podemos ler nas palavras de FREIRE, 1985:
Resumo : Este trabalho é um relato de experiência que objetiva mostrar como no conteúdo atletismo das aulas
práticas de educação física, realizadas no primeiro bimestre de 2005, para a população de 5ª série do CIEP 030
situado em S. J. Meriti , surgiram os temas gênero e sexualidade e como eles foram abordados juntos as turmas de
forma que pudéssemos dar continuidade as aulas não por coação mas tratando os temas de forma dismistificada, com
aceitação e respeito.
Palavras-Chave: Educação Física, Gênero e Sexualidade
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Trabalhando com as 5ª séries da rede estadual de educação, em turmas mistas e faixas etárias que variam entre
11 e 17 anos, com disponibilidade para o trabalho de dois tempos consecutivos por semana(uma hora e quarenta
minutos). Iniciamos o 1º bimestre de 2005 com atividades envolvendo corridas (inicio ao atletismo), como proposto
pela Secretaria estadual de educação através de uma reorientação curricular. Para desenvolver o trabalho dentro do
bimestre tivemos 8 aulas sendo uma de avaliação.
Ao primeiro encontro com as turmas percebemos a grande expectativa pelas aulas de educação física
separadas, meninos jogando futebol enquanto as meninas jogam queimado, este ranço os alunos trazem das séries
anteriores por não ter aula de educação física, apenas uma recreação que na maioria das vezes é ministrada de forma
separada. Com isto tivemos dificuldade de reunir o grupo e fazer com que aceitasse as atividades de forma coletiva.
Sugerimos para este primeiro encontro por se tratar de uma aula diagnóstico o pique-bandeirinha pois esta atividade
permite que todo o grupo participe não perdendo o foco do conteúdo bimestral que é a corrida . A atividade foi
desenvolvida de acordo com a sugestão da turma em fazer o time meninos contra meninas.
Este comportamento inicial, dos sexos feminino e masculinos quererem se separar para a prática da at. física foi
notado nas quatro turmas de 5º série que trabalhei. Mas isto não vem de agora, as atividades físicas ficaram durante
dec. no domínio dos homens e que embora estejamos a 3 séc. desde quando as mulheres começaram a refletir sobre
a discrimição que sofriam ante um “papel secundário na sociedade em relação ao homem que, apoiado no poder de
muitas instituições, ciências e religiões, mantém status privilegiado” começamos a refletir que as questões que
separam homens e mulheres dentro da sociedade não são apenas as diferenças sexuais biológicas mas Culturais
(gênero), “o conceito de gênero (cultura) soma-se ao de sexo (natureza) e não o substitui. A natureza era uma base
sobre a qual significados culturais são construídos. Gênero é associado, assim, a traços de caráter e a
comportamentos; Sexo ao corpo e a biologia ”(carvalho, 1999, p30). “O termo gênero foi empregado, inicialmente
pelas feministas de língua inglesa no final da déc de 70, para se oporem ao caráter biológico dos termos sexo e
diferenças sexuais” (Azevedo, 2003).
“Gênero passa a ressaltar construções sociais, relacionada a criação de idéias sobre os papéis
adequados a homens e mulheres, bem como uma maneira de se referir as origens exclusivamente
sociais das identidades subjetivas de homem e mulher.” (scott 1990)
Levando em consideração este constructo sócio-histórico e que o mesmo segrega as possíveis vivências
corporais que meninos e meninas podem desfrutar ao se envolverem em atividades físicas, sem pensar em
preconceito e estereótipo. Começamos a segunda aula com o pique corrente que estimula nos educandos o trabalho
em equipe, sem comparação de força ou habilidade. E comentando sobre o conteúdo bimestral: Atletismo focando as
Como professores-educadores, preocupados com a formação plena do aluno enquanto cidadão e não querendo
apenas o imediatismo de solucionar problemas para transmitirmos os conteúdos naquele momento da aula, vemos a
necessidade de trabalhar o currículo oculto dos alunos que é a sua vivência no cotidiano, tratando tais questões como
o gênero e a sexualidade de forma natural para que os alunos sintam que escola também é lugar de se falar sobre
diferenças e igualdades sexuais, permitindo desta forma que o educando tenha um outro olhar sobre o corpo não
somente aquele esteriotipado pela mídia e estigmatizado pela sociedade.
Obs . A autora, prof. Mabel Freire de Oliveira (freirefitness@yahoo.com.br/ ) é posgraduanda da UFF
Bibliografia
Resumo : Este estudo teve como objetivo investigar as razões do descaso com a Educação Física, no que tange
ao seu papel nas escolas e aos rumos que ela tem tomado na formação humana. Uma abordagem crítico-dialética, na
perspectiva do materialismo-histórico foi utilizada, e um estudo de caso, com participantes de duas escolas municipais
de Juiz de Fora. Pretende-se neste momento apresentar a conclusão do trabalho em que se verificou que os papéis
atribuídos à educação física não são novos, mas os que vinham sendo incorporados ao longo de sua história. Seu lugar
na escola em relação as outras disciplinas é de subordinação e que ela estaria correndo por fora dos interesses que
estão de acordo com a formação desejada para o atual trabalhador. A presença do descaso com a educação física foi
realmente verificada, assim como o fato de que ela estaria voltando suas referências para o chamado mundo do não-
trabalho. ________________________________________
Introdução
O relacionamento da pesquisadora com a educação física iniciou-se já há algum tempo atrás. De uns tempos
para cá, observou-se a necessidade de uma reflexão maior sobre a educação física e suas relações com as outras
disciplinas na escola. Isto porque estaria sendo observado um certo descaso, ou um certo desmerecimento
pedagógico com relação à presença e atuação da educação física no ambiente escolar.
A educação física vem sendo refletida por filósofos e educadores, fazendo dela um campo de estudo e pesquisa,
associando-a a contextos educacionais mais amplos e lutando contra o descaso da maioria dos teóricos que a
percebem como elemento menor, secundário, do fenômeno educacional e não raro encarada unicamente como
instrumento para a veiculação da ideologia dominante (CASTELANNI FILHO, 1988).
Defendeu-se neste estudo uma postura dentro da perspectiva histórico-crítica, na qual o processo de construção
da qualidade pedagógica da escola pública brasileira e também que
“...cada matéria ou disciplina deve ser considerada na escola como um componente curricular que
só tem sentido pedagógico à medida que seu objeto se articula aos diferentes objetos dos outros
componentes do currículo (Línguas, Geografia, Matemática, História, etc). Pode-se afirmar que
uma disciplina é legítima ou relevante para essa perspectiva de currículo quando a presença do
seu objeto de estudo é fundamental para a reflexão pedagógica do aluno e a sua ausência
compromete a perspectiva de totalidade dessa reflexão” (COLETIVO DE AUTORES, p.29).
O objetivo deste estudo foi verificar e analisar as razões do descaso com a educação física, investigando qual
tem sido o papel da educação física nas escolas atualmente, que rumos ela tem tomado na formação do educando a
partir do atual reordenamento no mundo do trabalho.
Colocou-se as seguintes questões para investigação: 1) Como as transformações no mundo do trabalho vêm se
explicitando na educação? 2) Qual a relação do mundo do trabalho contemporâneo com o papel da educação física?
3) Qual a relação da educação física na formação do educando para o novo mundo do trabalho? 4) Qual tem sido o
papel da educação física nas escolas atualmente? 5) O descaso está realmente presente nas escolas? 6)Como ele
tem se manifestado?
Reordenamento do mundo do trabalho, educação e educação física
Nos anos 70 e mais marcadamente a partir do final da década de 80 vem sendo verificada uma crise, de alcance
global; uma crise do capitalismo com fortes contradições. Esta crise tem na sua gênese as estratégias de superação
da crise dos anos 30. Desenvolve-se a idéia de Estado-Nação e após a Segunda Grande Guerra surge a idéia do
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 215
Estado de Bem-Estar Social, desenvolvendo políticas sociais visando a estabilidade no emprego, ganhos de
produtividade e previdência social, entre outros (FRIGOTTO, 1996).
Após a Segunda Guerra Mundial, com a idéia base de Friedrich Hayek, de que o princípio e a busca da
igualdade social levam à servidão (ANDERSON, 1995), surge o neoliberalismo cujos pressupostos básicos consistiam
no fato de que a estabilidade monetária deveria ser a meta de qualquer governo; com uma disciplina orçamentária; a
criação de um exército de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos e as imprescindíveis reformas fiscais.
A crise estrutural do capitalismo hodierno vem sendo encarada como uma série de acontecimentos que irão
culminar com a globalização. Esse termo, globalização, tem sido usado para explicar as transformações em curso na
economia, na cultura, na sociedade e no trabalho. Os seus efeitos têm se manifestado mesmo nos países
desenvolvidos.
Como “estrutura material da ideologia da globalização, com a função mediadora de organizar e difundir a
concepção de mundo que os Senhores do Mundo querem consolidar e reproduzir” (LEHER, 1999, p.18) encontramos
o Banco Mundial. Ele exerce muita influência nos rumos do desenvolvimento mundial por meio de políticas de ajuste
estrutural que, entre outros, envolve o plano educacional (ibid.).
As políticas neoliberais têm sido um entrave na defesa da solidariedade e da reforma do Estado Nacional que
leve a uma transformação produtiva com equidade social (SILVA, 1997).
É a educação que fica com a incumbência de formar as novas qualidades e competências necessárias ao novo
trabalhador desejado por parte do capitalismo atualmente, tendo em vista o asseguramento da extensão da política
neoliberal.
Na elaboração da nova LDB a lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 (que estaria enquadrada dentro das políticas
de ajustes estruturais praticadas pelo atual governo brasileiro, visando a qualificação do novo trabalhador no âmbito
escolar) verificou-se uma grande dificuldade em manter a Educação Física no currículo do ensino básico .
Mas como diz PAULO DA TRINDADE NERYS SILVA (ibid) “ ao que parece, a exclusão de alguns componentes
curriculares, caso da educação física, será a garantia de outros componentes considerados mais necessários...”.
Aspectos metodológicos
Como meios para se atingir os objetivos deste estudo, utilizou-se uma abordagem crítico-dialética, por se
considerar fundamental uma postura crítica dos sujeitos enquanto sujeitos históricos e capazes de atuar ativamente
na transformação da realidade, visando alteração do projeto político pedagógico atual. Como método de investigação
fundamentou-se na perspectiva do materialismo histórico, sendo este encarado enquanto uma postura, um método e
práxis, um movimento de superação e de transformação (GAMBOA, In: FAZENDA,1989.). O desafio seria trazer para
o concreto pensado essa dialética do real. Constataria-se a presença do descaso com a educação física nas escolas,
considerando-se conflitantes pontos de vista da realidade?
Como metodologia foi feita uma pesquisa qualitativa, com duas escolas da rede municipal de Juiz de Fora, nas
quais se verificou o objeto do presente estudo, fazendo-se uso de entrevistas semi-estruturadas.
Análise e considerações finais
Foram utilizadas como categorias principais o papel da escola na sociedade e o papel da educação física no
projeto pedagógico, uma vez serem elas consideradas primordiais na descoberta do significado da educação física
dentro do projeto político pedagógico atual, na formação desejada para o mundo do trabalho de acordo com os ideais
neoliberais.
A princípio, encontrou-se uma relação direta entre o papel da escola e o desejo de um futuro com possibilidades
de uma melhor formação, e a capacidade de sobrevivência, conseguindo bons empregos e melhores condições.
Resumo : O estudo tem como objetivo identificar a representação social da educação física nas escolas
públicas, a partir da avaliação da equipe pedagógica e, num segundo momento refletir em torno da formação
profissional em Educação Física. Trata-se de um estudo em fase exploratória e de caráter qualitativo, em que 15
pessoas responderam os questionários distribuídos em 3 escolas públicas. As respostas dos colaboradores apontam
para: não cumprimento dos objetivos da EF e não entendimento entre conteúdo e objetivo. As abordagens higienistas,
pedagogicistas e tecnicistas ainda prevalecem na EF escolar. Os professores não buscam envolvimento nas questões
mais amplas diante da equipe pedagógica. Diferentes fatores estariam contribuindo para o não cumprimento dos seus
objetivos, mas a figura do professor se destaca nas respostas como o responsável. Tal fato nos conduz a repensar a
formação profissional. Que profissional estamos construindo: reprodutor ou produtor de conhecimento? Um educador
ou mero repetidor de técnicas? ________________________________________
Introdução
Este artigo é parte integrante de uma pesquisa mais ampla sobre a Educação Física na realidade das escolas
públicas, que tem como objetivo refletir sobre as representações sociais em torno da educação física, ou seja, das
expectativas e das avaliações que a sociedade tem diante desta disciplina, que no interior das escolas passa por
crises constantes. Neste artigo apresentamos os resultados obtidos junto a equipe pedagógica da escola e representa
uma análise parcial desta investigação.
Consideramos necessário, como professoras que atuam no ensino básico e em curso de licenciatura, buscar
uma compreensão em torno das possibilidades e limites da educação física no contexto das escolas públicas, a partir
do entendimento que a sociedade tem desta disciplina e a partir da observação das condições para efetivação das
propostas pedagógicas. Apresentamos os seguintes questionamentos para orientar nosso estudo: Como a educação
física é concebida pela comunidade escolar? Qual a sua função social? Que valor ela tem recebido no espaço da
escola pública? Quais as condições para o seu ensino nas escolas públicas? Diferentes atores sociais que formam a
comunidade escolar estão participando como colaboradores.
Acreditamos que a temática formação profissional se articula com estas questões, tendo em vista as respostas
obtidas em etapa exploratória de nossa investigação, já que a figura do professor de educação física aparece como
ator principal na construção da representação social que se faz da disciplina no contexto escolar.
Abordagem metodológica
O estudo está sendo orientado numa perspectiva etnográfica e qualitativa da pesquisa, para caminhar em
direção do alcance dos objetivos propostos. Como abordagem teórica estamos utilizando as indicações da
representação social para realizarmos a análise dos dados.
Segundo Moscovici “Cada um aprende à sua maneira de manipular os conhecimentos científicos fora de
seu âmbito próprio, impregna-se do conteúdo e do estilo de seu pensamento que eles representam”.
(Moscovicci, 1978, p. 22). A educação física como área de saber, como parte de um campo científico é apropriada
pela população leiga, pelo senso comum, e por outros profissionais que atuam juntamente com os professores
formados academicamente. As pessoas re-elaboram segundo sua própria conveniência e de acordo com seus meios,
o saber veiculado socialmente em torno de uma área. Assim questionamos: Que representações fazem da educação
Ao questionarmos acerca do objetivo da Educação Física no contexto escolar, observamos que este, na visão da
equipe pedagógica, estaria voltado para a tendência higienista: desenvolvimento de hábitos higiênicos e a saúde do
corpo e da mente ; ora com ênfase nas abordagens psicomotora e desenvolvimentista: desenvolvimento físico e
integral, psicomotricidade e coordenação motora ; ora como espaço para desenvolver relações sociais, construindo o
caráter dos indivíduos: socialização, formação da cidadania .
Apenas três pessoas apontaram para objetivos específicos: lazer e práticas esportivas. Uma resposta realista diz
que a disciplina não tem função – “A EF na escola não serve para nada”. O papel da EF parece não estar bem claro,
pois um mesmo entrevistado apontava para funções diferentes.
Perguntamos se a educação física tem cumprido o seu papel e a maioria aponta que não (cinco disseram que
não, somados a outros cinco que disseram que nem sempre), recaindo sobre o professor da disciplina a
responsabilidade seguida de outros fatores como: escola, equipe pedagógica, falta de planejamento, espaço e aluno.
Não há consenso sobre o que a Educação Física ensina, sobre o conteúdo que lhe seja próprio. A maioria atribui
a formação de caráter, socialização, cidadania, regras. Apenas uma resposta indica o aprendizado de jogo de bola e
outra reitera que não ensina nada. Há uma confusão entre o objetivo e o que ensinar, demonstrando que os
informantes não têm um entendimento claro do conteúdo da educação física. Isto pode ser explicado pelo que
observam nas escolas hoje como parte da equipe pedagógica, que avalia informalmente o trabalho pedagógico dos
professores de EF; e/ou pelo que já vivenciaram enquanto alunos. Isto indica que poucas mudanças ocorreram no
ensino da disciplina. Indagamos: para onde a formação em EF tem se orientado: reprodução ou transformação?
O nível de participação do professor nas atividades pedagógicas, planejamento, conselho de classe, reuniões,
etc., também foi item para reflexão. E identificamos que a participação do professor no cotidiano escolar compromete
a sua valorização profissional e a da disciplina. Segundo a amostra consultada, a maioria não se envolve, não
participa e aparentemente, não se compromete. Seria devido à orientação recebida no período de formação?
A equipe pedagógica ao falar dos motivos e causas para os problemas que a educação física tem encontrado
nas escolas aponta para um reconhecimento de que a ausência de estrutura física adequada compromete o trabalho a
ser desenvolvido pela EF. Mas indicam que o compromisso e a postura do profissional tendem a potencializar ou não
este problema.
A figura do professor aparece no discurso do grupo como um dos fatores que interferem diretamente na
concretização dos objetivos da disciplina. O professor de EF teria então papel destacado na construção da
representação da disciplina na sociedade, já que é o ator social que tem a tarefa de difundir o conhecimento da área a
partir de sua prática pedagógica.
A formação
Não desconsiderando os demais fatores que implicam na construção de um trabalho pedagógico de qualidade
aproveitamos para nos perguntamos que tipo de formação profissional os cursos de graduação tem oferecido? Que
perspectiva tem norteado a formação pedagógica dos futuros professores de educação física?
A importância de refletir sobre a formação em educação física pode contribuir para uma compreensão mais
ampliada das possibilidades e os limites que a mesma vem encontrando para a efetivação de sua tarefa social dentro
220 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
da escola. Além disso, alertar para as expectativas da sociedade e para o longo caminho que temos a percorrer a fim
de que a educação física seja verdadeiramente respeitada e valorizada em sua dimensão educacional.
Para uma reflexão crítica sobre a formação em Educação Física partiremos do significado da palavra formação.
Dentre as diversas acepções do termo formação segundo o dicionário Aurélio seria o modo por que se constitui uma
mentalidade, um caráter (Ferreira, 2001 p. 328).
Apropriado de forma inequívoca o termo formação é geralmente transposto para a esfera educacional no sentido
de transmissão de conhecimentos, conteúdos por um sujeito (professor) para o objeto (o aluno) de modo a assegurar
sua inserção no mundo do trabalho e conseqüentemente na sociedade. Com isto temos uma valorização social de
áreas, disciplinas, métodos ditos científicos numa vertente tecnicista (treinamento de competências e habilidades
requeridas pelo modelo econômico).
Lima (1980) nos adverte quanto à substituição do termo educação por formação, implicando esta em colocar
numa fôrma, dar forma, prensar o conhecimento e os indivíduos em comportas segundo os interesses das instituições
em detrimento do desenvolvimento de sua inteligência. Em tempos de Globalização isto implicaria em colocar o
conhecimento a serviço do interesse do mercado em oposição ao da sociedade.
A educação é um processo que consiste em provocar mudanças de comportamento nos indivíduos através da
estimulação da sua criatividade (inteligência), ao mesmo tempo em que pode ser um processo de manutenção e
frenagem do processo evolutivo individual e social quando voltado para repetição, o treinamento (Lima, 1980).
Em relação à Educação Física indagamos qual deve tem sido o compromisso dos cursos de graduação: formar,
conformar, deformar ou transformar?
Se as repostas a respeito dos objetivos e conteúdos da EF estão relacionadas às concepções: higienista,
militarista, pedagogicista e competitivista (Guiraldelli, 1989), cabem refletir em torno do que leva a construção destas
representações no cotidiano escolar. Sabemos que os currículos de EF estiveram e ainda estão pautados em
paradigmas biomédicos e tecnicistas (Faria Junior, 1987; Borges, 2001). Estariam os professores reproduzindo as
concepções e práticas vivenciadas no período de sua formação profissional?
Observamos uma discordância da equipe em relação à participação dos professores de EF nas atividades
pedagógicas. O professor nem sempre se envolve nas questões educativas mais amplas. Este fato nos leva a pensar
no processo de formação profissional da área, que conforme Faria Junior (1987), se caracterizou como prático
marcado pelo distanciamento das disciplinas pedagógicas. Estas foram anexadas aos currículos de EF apenas no
final da década de 60. Porém, na atualidade a dicotomia entre disciplinas técnicas e pedagógicas ainda se reproduz
nos cursos de licenciatura. Então, estariam os professores de EF dando continuidade a esta concepção fragmentada
no contexto das escolas públicas, na medida em que se distanciam das demais disciplinas? Ou poderíamos apontar
outros fatores para compreender este fato?
A formação em EF, mesmo com as reformulações ocorridas com a Resolução nº. 3/87 do CFE continua se
estruturando de forma dicotômica o que coloca o professor em dois campos: o da educação física e o do desporto;
como também aponta para uma estrutura hierárquica entre os que produzem conhecimento e os que aplicam o
conhecimento, quando se separa teoria e prática. (Borges, 2001).
Estes aspectos da formação profissional poderiam estar se refletindo na prática pedagógica no interior das
escolas e contribuindo para construção das representações em torno da área. O ensino da EF escolar se articula com
o processo de formação profissional e, se faz necessário buscar uma compreensão desta relação.
Para reunirmos pistas que nos leve a esta resposta devemos sair do campo teórico para o prático. Em nível
teórico os anos 80 representaram um momento de revisão crítica dentro do pensamento da Educação Física, mas
duas décadas após, o que de fato se modificou no chão da escola. A pergunta que não se cala e continua nos
angustiando: para quê tem servido a Educação Física na escola? Para onde têm caminhado as escolas de Educação
Física? E que profissional esta sendo “construindo”? Um educador ou um mero repetidor de técnicas? Em que medida
Bruno Gawryszewski
Resumo : No contexto da crise do capital e reformas estruturais do Estado para se adequar à reestruturação
produtiva, a Educação Física também vem sofrendo transformações tanto na formação de seus docentes, quanto no
trabalho destes. Se antes o trabalho do graduado em Educação Física era vinculado ao contexto escolar, o que agora
parece predominar no imaginário social é um perfil de um profissional liberal, ativo, empreendedor e que trabalha fora
do campo escolar. Para chegar a essa reflexão, o trabalho se propõe a investigar a evolução do sistema educacional
ao longo dos últimos cinqüenta anos dentro de uma relação que se complementa com aspectos da globalização, da
instauração do neoliberalismo enquanto forma de administração ideológica do Estado e as mudanças ocorridas no
mundo do trabalho como a valorização da formação de competências e a lógica da obtenção de certificados.
Pretendemos contextualizar mudanças em um nível tão macro às instâncias da Educação Física, ao trabalho docente,
à formação profissional e aos mecanismos estruturais que o neoliberalismo vem impondo à profissão como alterações
no currículo e a criação do conselho profissional de Educação Física. Entendemos que as reformas estruturais no
governo FHC, como a reforma administrativa, foram cruciais para o estabelecimento do sistema CREF/CONFEF
enquanto uma estrutura do projeto neoliberal, assim como a política de desvalorização da escola e a fragmentação da
formação profissional em licenciatura e bacharelado contribuíram decisivamente para a nova caracterização do
professor de Educação Física enquanto um profissional liberal. ________________________________________
O período de 1945 a 1973, alcunhado pelo historiador inglês Eric Hobsbawm como a “Era de Ouro” para o
capitalismo no século XX, foram caracterizados por intenso crescimento econômico dos países do centro e da
periferia, expansão da assistência do Estado em programas sociais, sistema partidário fortalecido e relações de
trabalho altamente institucionalizadas (MORAES, 2004).
Na referida época, a natureza do Estado nacional estava fundada sob uma alta participação deste nas compras e
rendas geradas internamente e de relações altamente reguladas com a iniciativa privada. Assim, os Estados nacionais
protegiam sua economia de eventuais crises.
No entanto, o pós-guerra foi o período em que os investimentos diretos estrangeiros, por meio de filiais,
começaram a ser vastamente expandidos. Assim, as empresas multinacionais construíram um sistema global de
produção onde cada parte integrante passou a ser cada vez mais dependente da outra. O capital foi conquistando
cada vez mais independência e mobilidade frente aos governos.
Em fins dos anos 60, o Estado passava a assumir cada vez mais compromissos de assistência social,
especialmente intensificado sob a pressão da classe trabalhadora. Ao mesmo tempo em que as finanças do Estado
entravam em declínio, as corporações internacionais viram-se com muita capacidade excedente inutilizável, com
acentuada queda da taxa de lucro. Foi o primeiro sinal de que uma profunda reestruturação era necessária ao capital
(HARVEY, 1996).
Aos poucos, o capital internacional foi minando as regulações impostas pelos Estados, até que em 1973, os
Estados Unidos, numa decisão unilateral, decidiram abandonar o padrão-ouro como base de sustentação cambial, o
que provocou um efeito de completa liberalização dos controles cambiais. Sem as restrições dos Bancos Centrais, o
capital financeiro poderia especular livremente as oscilações de valor entre as moedas fortes do mercado
internacional (SEVCENKO, 2001).
O trabalho docente, envolvido dentro de um projeto de reestruturação produtiva, também passa a sofrer
diretamente com as (falta de) políticas públicas que foram implementadas sob o arranjo neoliberal. Amarrados pelos
compromissos assumidos com a negociação da dívida externa em 1982, os governos latino-americanos, e mais
precisamente, no Brasil, passam a sofrer influências diretas de instituições internacionais, como o FMI e o Banco
Mundial, na formulação de políticas de governo.
A partir da década de 70, o Banco Mundial passa a diversificar seus investimentos para a área de educação e
cultura, redimensionando-os de acordo com interesses políticos, econômicos e ideológicos. Com a fixação de
representantes dentro das estruturas burocráticas do país, esses técnicos colhem informações para diagnosticar se a
gestão das políticas implementada está ajustada aos pressupostos apregoados pelo banco. Dessa forma, muitas
instituições vão minando cada vez mais a capacidade e a soberania do país em formular políticas universais
autônomas (SILVA, 2003).
A intenção do projeto neoliberal era tornar o Brasil seguro para o livre fluxo de capitais, que se aproveitavam das
altas taxas de juros definidas pelo Banco Central para obterem rendimentos magníficos, e ainda sob a garantia de que
o país “honraria” todos os seus compromissos financeiros. Diversas amarras foram criadas como a Lei de
Responsabilidade Fiscal e o acordo estabelecido com o Fundo Monetário Internacional de pagamento de superávits
primários.
Conseqüentemente, se cerca de 50 a 60% da arrecadação do país era destinado ao pagamento de dívidas,
pouco sobrava para investimentos na área social. Dentre os efeitos devastadores da política vigente, a
desestruturação e o descompromisso com a educação para todos, em todos os níveis, refletiu-se diretamente no
trabalho docente.
A formação dos docentes passa a um nível de flexibilização de seu trabalho e ajuste às demandas produtivas do
capitalismo. No curso de Pedagogia, a instituição de cursos de Licenciatura e Bacharelado revela a postura
dicotômica em formar por um lado, professores (Licenciatura) e, pelo outro, cientistas da educação (Bacharelado),
desvirtuando a formação do educador de caráter sócio-histórico e a docência como base da formação dos
profissionais de educação (FREITAS, 2003).
Uma outra dimensão é a exigência no desenvolvimento de competências, caracterizadas por habilidades que o
profissional deve desenvolver para estar apto a exercer seu trabalho e dando constantemente provas de que é
merecedor de seu posto ou para sonhar com uma promoção em seu emprego. A lógica das competências e do
empreendedorismo tende a inserir nos alunos o mais rápido possível na competitividade, adaptação individual aos
processos sociais e conformação às constantes mudanças no mundo do trabalho.
Assim, é difundida a idéia de esforço pessoal e o conceito de empregabilidade como únicas maneiras de se
inserir no mercado de trabalho. Para “sanar” tal problema, multiplicam-se cursos de extensão e pós-graduação que
personificam o ideário de recolocação e atualização na profissão.
Chegando à educação física...
Concluindo, entendemos que a Educação Física caminha a passos largos a uma caracterização como profissão
liberal. Apoiados por um conselho profissional que se apega aos pressupostos neoliberais, entendemos que este
serve como perspectiva unilateral da formação humana para a crise do capital.
Resumo : O estudo aqui apresentado é um recorte de uma pesquisa maior ainda em desenvolvimento que versa
esclarecer diferentes concepções acerca do tema Licenciatura Plena existentes entre o Curso de Educação
Física(CEF) mantido pelo Centro Universitário de Volta Redonda(UniFOA) e os docentes do mesmo. Para a
compreensão da opinião Institucional utilizou-se uma propaganda de marketing feita pelo UniFOA que tem como
objetivo persuadir os futuros “universitários”. A opinião docente pôde ser verificada através da utilização da técnica de
entrevista com uma metodologia de estudo de casos. Logo, a presente análise nos demonstra de maneira preliminar
uma nítida divergência entre opinião docente e opinião institucional.
________________________________________
Introdução
Expõe-se aqui uma pesquisa que busca esclarecer a compreensão dos objetivos do curso de formação de
professores em Educação Física, mantido pelo Centro Universitário de Volta Redonda(UniFOA). Para tanto se buscou
verificar a opinião institucional sobre a questão, o que foi possível através de estudo da proposta de curso, publicada
sob forma de propaganda de marketing. Teve-se acesso a referida propaganda através de sua publicação que se
apresentou de forma genérica em três canais de divulgação, foram estes: Folder, internet e comerciais de televisão.
A administração pedagógica do Curso de Educação Física (CEF) do UniFOA funciona em regime de colegiado
em três departamentos, que são apresentados com mais detalhes no decorrer do texto. Entretanto, queremos
esclarecer que a presente pesquisa também buscou investigar a opinião dos docentes do referido curso, na tentativa
de elucidar a posição institucional sobre os objetivos que o curso pretende atingir. Para que isto fosse possível
utilizou-se da técnica de investigação a partir de entrevista, procurando-se entrevistar professores dos três
departamentos, tendo por amostragem oito professores.
Contudo, queremos destacar que as opiniões, dados e conclusões aqui apresentadas é o recorte de uma
pesquisa maior em desenvolvimento, que busca uma aproximação qualitativa na análise dos dados, entendendo que
desta forma se obtém uma real dimensão da questão estudada segundo Lüdke & André(1996).
A educação física – o objetivo institucional
O CEF - UniFOA foi criado em março de 1971 e desde então se apresenta como curso de formação de
professores, se estruturando na forma de Licenciatura Plena. No entanto, a mensagem utilizada por via de
propaganda para sua divulgação junto à comunidade de Volta Redonda e adjacências, no intuito de atingir os alunos
que pretendem prestar vestibular e ingressarem no CEF, apresenta que o curso tem por objetivo formar um
profissional com competências e habilidades necessárias para atuar no campo da E.F. formal e não-formal.
É relevante salientar que o CEF-UniFOA compreende que a matriz curricular deve estar em sintonia com as
oscilações do mercado de trabalho e oferece condições, segundo sua propaganda, para que esta situação seja
consolidada. Ainda sobre a garantia de um ensino que atenda às exigências e necessidades do mercado, se destaca a
seguinte afirmação retirada da referida propaganda: “Os trabalhos interdisciplinares e os diversos projetos de
extensão junto à comunidade da cidade garantem um ensino de qualidade e preparação do profissional de forma
correta e em sintonia com as necessidades do mercado” .
Na tentativa de esclarecer o real significado do título, “formação de professores” em EF, buscou-se compreender
a coerência entre o pensamento docente e a propaganda de divulgação do curso. Para tal, utilizou-se como
apresentado na introdução a entrevista como técnica de investigação, acreditando ser este um método que propicia ao
entrevistado uma melhor compreensão do questionamento a ser realizado.
Almejou-se elucidar junto aos entrevistados, que somaram oito, de um total de trinta e dois professores, três
questões que vislumbravam contemplar aspectos referentes à estruturação do CEF na atualidade, a saber: Qual o
objetivo da formação do CEF-UniFOA e qual a opinião docente acerca desta formação; O que o docente universitário
compreende como indispensável na formação do futuro professor: competências e capacidades; Se é possível
estabelecer alguma relação entre o conhecimento dos três departamentos existentes no CEF, são eles: Departamento
de Fundamentos Biodinâmicos e Funcionais; Departamento de Fundamentos Sócio-Antropológicos e Pedagógicos e,
por fim, o Departamento de Fundamentos Esportivos e Culturais.
Com a palavra: Os docentes do CEF
No que tange os objetivos da formação em EF todos os professores entrevistados afirmaram que o CEF –
UniFOA visa contemplar toda a área de atuação do campo profissional, ou seja, deve-se possibilitar ao aluno o
conhecimento básico nos mais diversos espaços de intervenção da EF (escolas, academias, clubes, etc). Declaram
ainda, que tal fato justifica-se, segundo a referida Instituição de Ensino Superior(IES), porque o curso deve ser
organizado como Licenciatura Plena. Porém, a opinião de todos os docentes entrevistados contrapõe-se à
estruturação do curso, isso se esclarece quando todos respondem de forma similar que o mesmo deveria preconizar
um amplo conhecimento na área escolar que é a característica histórica do curso, e é essencialmente o preparo para
atuação escolar que caracteriza um curso de formação de professores.
As competências e capacidades indispensáveis para o futuro professor segundo os entrevistados devem estar
pautadas no domínio do conhecimento específico da área, no domínio do conhecimento didático-pedagógico, ter
senso crítico e interesse pelo conhecimento científico, seja na construção desse conhecimento ou na apreciação
deste com a finalidade de enaltecer a própria prática pedagógica. Acreditam também, que um processo facilitador da
aquisição dessas capacidades e competências reside na participação do discente em projetos interdisciplinares,
projetos de extensão e projetos de iniciação científica. Estes últimos, os professores universitários, afirmam
desconhecer a existência na referida IES.
Por fim, de forma majoritária alegaram os docentes entrevistados que é indispensável, uma ligação entre os três
departamentos do CEF. A relevância, ainda segundo os mesmos, da conexão entre os três departamentos está na
possibilidade de trabalhar uma política única de curso, proporcionando assim aos discentes um entendimento mais
qualitativo de como os conhecimentos desses departamentos se articulam e qual a relevância dos mesmos se
articularem. Entretanto, este encontro ainda é uma utopia segundo os docentes, por dois motivos: pela grande
quantidade de disciplinas que nada tem haver com a área escolar, e pela indisponibilidade do CEF de reuniões
periódicas para tratar do assunto.
Uma análise breve: O conheciento ou o mercado?
Apresenta-se adiante uma breve análise das características que se acredita denotar o real objetivo do CEF –
UniFOA, a partir de sua propaganda de divulgação e do relato desta parcela do corpo docente.
Começando pelas afirmações do corpo docente, este, aparenta não deixar dúvidas de que o referido curso de
formação de professores em EF está realmente preocupado com a questão do mercado, o que não contraria sua
propaganda de marketing. O que por sua vez, se apresenta de maneira antagônica à mesma, é a convicção que os
Considerando o texto apresentado, parte de uma pesquisa ainda em desenvolvimento, pode-se entender que as
conclusões aqui contidas não podem se apresentar de forma definitiva, antes que seja concluída a referida pesquisa.
Portanto, a seguir seguem algumas considerações provisórias.
De forma breve chama-se atenção para a questão da Licenciatura, a forma como esta é entendida pelo CEF –
UniFOA. Foi possível perceber que no contexto analisado, ou seja, neste molde de organização curricular, tudo se
pode e tudo se faz porque a “licenciatura” é “plena”. Em contrapartida, os professores parecem saber para onde a
organização deve “apontar” e parecem não fazer por um impedimento administrativo.
Contudo, nos apoiamos de maneira insistente na observação de um dos professores entrevistados, o mesmo que
fora citado anteriormente, “mais vale o conhecimento que o mercado”, e ainda, acreditamos que mais importante que
o conhecimento propriamente dito, para a mudança deste cenário, é socializar com o discente a formula de como
acessar e construir o conhecimento para a mudança da sua realidade. Transcendendo esta questão, ainda ousamos
em afirmar, nos aproximando de Oscar Wilde em “A Alma do Homem Sob o Socialismo”, que mais importante que
mudar é possibilitar a mudança.
Referências
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Conselho Pleno. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
Resolução CNE/CP 1, De 18 de Fevereiro de 2002.
__________. Conselho Pleno. Institui a duração e carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de
Formação de Professores da Educação Básica em nível superior. Resolução CNE/CP 2, de 19 de Fevereiro de
2002.
__________. Câmara de Educação Superior. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação
em Educação Física, em nível superior de graduação plena.
LÜDKE, Menga & ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. SP: E.P.U, 1986.
ROCHA JUNIOR, C P. Concepções sobre Educação Física escolar entre docentes universitários: o caso UniFOA.
EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar, 2003, Niterói. Anais do VII EnFEFE, 2003.
Resumo: Com a finalidade de contribuir para a construção de uma prática pedagógica fundada no
reconhecimento e no respeito às diferenças, o presente texto apresenta algumas considerações sobre o paradigma da
inclusão na educação física escolar. Para tal, será apontado o processo de ruptura de paradigmas apresentado na
Atualidade e, além disso, serão abordados alguns conceitos e valores excludentes criados na Modernidade, os quais
permanecem imbuídos no cotidiano escolar e impedem a concretização de um ambiente educacional livre de
preconceitos, discriminações e segregações. ________________________________________
“Optar pelo paradigma da inclusão neste novo cenário mundial significa assumir politicamente uma
posição perante a vida. A temática da inclusão constitui um fenômeno social emergente e como tal
precisa ser tratado. Equiparação de oportunidades, melhoria da qualidade de vida, interação e
cidadania não são privilégios de alguns, são direitos de todos (...) Como direitos, devem ser
assumidos como vetores de equalização social. Inclusão não é para quem demonstra mérito;
inclusão é mais, é mudança de mentalidade e de atitude, é ruptura com os grilhões do preconceito
e da discriminação, que, na verdade, não aprisionam somente os oprimidos, mas também os
opressores”. (MARQUES, 2001,p.225)
A conscientização da necessidade de executar a filosofia da inclusão no campo educacional nos remete a
profundos questionamentos sobre como realizá-la.
Uma prática inclusiva requer o rompimento com todos os ideais excludentes adotados pela sociedade.
Entretanto, alguns conceitos e valores criados na Modernidade ainda persistem em nosso dia-a-dia, e reforçam as
situações de preconceito e discriminação no ambiente escolar, principalmente, em relação aos alunos com
necessidades educacionais especiais, quase sempre, marginalizados por se desviarem dos padrões estabelecidos
pelo sistema educacional e/ou sociedade.
Foucault citado por Marques (2001) descreveu a Modernidade como uma sociedade disciplinar e normalizadora,
caracterizada por um ambiente repleto de confinamentos, cada qual com suas leis e sanções disciplinadoras próprias.
Nessa época, em meados do século XVIII e XIX, se deu o estabelecimento dos padrões e o enquadramento das
pessoas dentro ou fora dos mesmos.
Marques (2001) descreveu uma importante peça de dispositivo disciplinar da Modernidade: o mecanismo de
criação da figura do anormal. Em suas palavras: “o mecanismo de criação da figura do anormal na Modernidade é,
sobremaneira, interessante: primeiro, a formulação do que é o anormal; em seguida, a sua exclusão através do
internamento; e, finalmente, a sua incorporação no nível da sua representação simbólica”. (MARQUES, 2001, p.37)
Em virtude de tal mecanismo, os indivíduos “desviantes” foram fadados à segregação e constituíram uma
categoria historicamente discriminada. Vítimas da rejeição e/ou da compaixão social, estiveram sempre à margem do
convívio com os cidadãos considerados normais. Perpetuar essa punição, porém, não é o objetivo de quem luta em
prol de uma sociedade mais justa e humanizada.
Por isso, atualmente, o que se defende, é o convívio de todos com todos, é o engajamento na busca pela
conquista do direito de ser e estar presente no contexto em que se vive. Novas concepções vêm ganhando força e,
aos poucos, os valores excludentes da Modernidade estão sendo desqualificados, dando lugar a novos valores, que,
agora, estão de acordo com os ideais do paradigma da inclusão.
Tais mudanças de mentalidade que vêm ocorrendo na sociedade demonstram que a Pós-Modernidade, isto é, a
chamada Atualidade, se nos apresenta como uma fase de transição, de ruptura de paradigmas.
230 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
No ambiente escolar, por exemplo, o processo de isolamento a que foram submetidos muitos alunos, passou a
ser visto como algo prejudicial, tanto para os desviantes quanto para os ditos normais. Por isso, o que se busca,
agora, é a escola inclusiva, que defende, segundo Marchesi apud Blanco, a idéia de que
“Todos os meninos e meninas de uma comunidade tenham o direito de se educar juntos na escola
da sua comunidade, uma escola que não peça requisitos para o ingresso; uma escola que não
seleciona as crianças. O conceito de escola inclusiva é ligado à modificação da estrutura, do
funcionamento e da resposta educativa, de modo que se tenha lugar para todas as diferenças
individuais, inclusive aquelas associadas a alguma deficiência”.
Falar em inclusão atualmente é compreender as peculiaridades inerentes ao ser humano, porém, cria-se um
grande obstáculo à inclusão devido à resistência de muitos em aceitar o outro com suas individualidades.
“Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a escuta não se pode dar. Se
discrimino o menino ou menina pobre, a menina ou o menino negro, o menino índio, a menina rica;
se discrimino a mulher, a camponesa, a operária, não posso evidentemente escutá-las e se não as
escuto, não posso falar com eles, mas a eles, de cima para baixo. Sobretudo, me proíbo entendê-
los. Se me sinto superior ao diferente, não importa quem seja, recuso-me escutá-lo ou escutá-la. O
diferente não é o outro a merecer respeito é um isto ou aquilo, destratável ou desprezível”.
(FREIRE, 1996, p. 136)
O fato de educadores (as) e alunos (as) não respeitarem as diferenças individuais faz com que seja reproduzido
no interior da escola comum o mesmo enfoque da escola especial. Ou seja, aqueles que não se enquadram no padrão
determinado pelo sistema educacional, passam a ser discriminados e segregados dentro da própria escola comum.
Dá-se um interessante paradoxo, o qual é descrito por Rosa Blanco:
“Por um lado, estão sendo integrados meninos e meninas com deficiência à escola comum; por
outro, essa mesma escola comum, que integra essas crianças, segrega outros alunos de diferentes
maneiras. Adapta o ensino à criança rotulada como de integração, mas não adapta a outra criança
que está na mesma sala de aula”.
É importante mencionar que os portadores de necessidades especiais não são os únicos a serem discriminados
na escola. Em aulas de educação física, por exemplo, é comum verificarmos a valorização apenas dos mais fortes e
ágeis, o que contribui para a permanência da rejeição e da segregação no ambiente escolar.
Primeiramente, deve ser mencionado o fato de que em muitas aulas de educação física, têm-se dado mais valor
ao aspecto competitivo que ao lúdico. A alta importância que se tem dado à competição nessas aulas, enaltece a
vitória como resultado final, e atribui ao mérito pessoal, o sucesso ou o fracasso. Por sua vez, isso faz com que o
sentimento de competição e rivalidade se estabeleça entre os colegas, deixando ainda mais distante, a idéia de
cooperativismo com o próximo, valor extremamente necessário à sociedade nos dias de hoje.
A preocupação em romper com a predominância do sentimento de competição e rivalidade nas aulas de
educação física já foi demonstrada anteriormente com a publicação do livro Metodologia do Ensino da Educação
Física, pelo Coletivo de Autores (1993).
“Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o
compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que o jogo se faz “a dois”, e
de que é diferente jogar “com” o companheiro e jogar “contra” o adversário”. (COLETIVO DE
AUTORES, 1993, p.71)
No modelo de aula onde o aspecto lúdico dá lugar ao aspecto competitivo, apenas os mais fortes e hábeis são
valorizados, enquanto os outros, são fadados à rejeição. Muitos alunos, já são rejeitados por seus colegas de classe,
antes mesmo, do início da atividade, como, por exemplo, no momento de escolher a “equipe”. O famoso e muito
utilizado “par ou ímpar”, demonstra claramente a relação existente entre grau de habilidade e índice de rejeição. Os
menos habilidosos, quase sempre, são os últimos a serem escolhidos. Pois, considerados pouco importantes para
Resumo : Trabalho relacionado ao processo de depreciação social da educação física que teve como objetivo
apresentar a existência de uma depreciação, em diferentes contextos sociais, em relação aos discentes do Instituto
de Educação Física e Desportos (IEFD) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Este estudo
exploratório utilizou entrevistas não estruturadas (modalidade não-dirigida) entre os anos de 2001 e 2002. Além disso,
para intrepretar os dados foi realizada uma análise de conteúdo, como sugere Laurence Bardin (1977). Na análise foi
empregada uma grelha formada por um conjunto de termos. O critério de construção da grelha e de categorização
utilizado foi o semântico. Neste trabalho, devido a limitação de páginas, são descritos trechos principais das nove
entrevistas mais significativas. Nestas, em toda a sua extensão, foram identificados 23 indicadores de preconceitos
negativos, 17 de discriminações negativas e 10 de estereótipos negativos, provenientes de diferentes contextos
sociais. Partindo do pressuposto que as profissões são constituídas socialmente, merece destaque apontar para a
diminuição do status do professor de educação física em relação às outras profissões, pois o graduando será o
professor de amanhã. Portanto, a imagem negativa que está se consolidando hoje, deverá ser eliminada e, também,
revertida para positiva.
Palavras-chave : depreciação social; licenciatura em educação física; discriminação negativa.
________________________________________
Iniciando a discussão
Alguns(mas) autores(as), no contexto escolar, vêm chamando a atenção para as diferenças sociais entre os
grupos pedagógicos. Disciplinas como Educação Física, Educação Artística, Educação Religiosa são, historicamente,
posicionadas de forma desigual.
“No grupo profissional pedagógico distingue-se nitidamente a superposição de subgrupos em que é
mais acentuada a exigência intelectual sobre aqueles em que esta parece menos marcante. Como
exemplo, temos a formação de subgrupos dos professores de Física, Química, Matemática,
História, superpondo-se aos de Educação Física, Educação Musical, Educação Doméstica e
outros.” (FARIA JUNIOR, 1972, p. 64).
“O professor de Educação Física julga-se, muitas vezes, preterido ou mesmo vítima de
discriminação pessoal, quando seu subgrupo é que se encontra envolvido por um dos mais
interessantes fenômenos estudados pela Sociologia Educacional.” (ibid., p. 63).
Renata C. Oliveira (2002) avaliando o processo de depreciação social da educação física efetuou um estudo que
identificou várias manifestações de estereótipos, preconceitos e discriminações negativas em 10 documentos,
incluindo livros e figuras.
Dito isso, este trabalho teve como objetivo apresentar a existência de uma depreciação, em diferentes contextos
sociais, em relação aos discentes do Instituto de Educação Física e Desportos (IEFD) da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ).
O conhecimento dessas formas de depreciação torna-se relevante para que o discente de educação física possa
compreender a problemática que envolve a categoria de professores a que ele pertence e, também, como isso será
um empecilho no exercício da docência, principalmente da educação física na escola.
Desenvolvendo a temática
Resultados
Informante 1:
Âmbito Familiar
Este trabalho que avaliou o processo de depreciação social do discente educação física da UERJ identificou, em
toda a extensão das entrevistas, 23 indicadores de preconceitos negativos, 17 de discriminações negativas e 10 de
estereótipos negativos, provenientes de diferentes contextos sociais.
Partindo do pressuposto que as profissões são constituídas socialmente, merece destaque apontar para a
diminuição do status do professor de educação física em relação às outras profissões, pois o graduando será o
professor de amanhã. Portanto, a imagem negativa que está se consolidando hoje, deverá ser eliminada e, também,
revertida para positiva.
Obs . Os autores, Rafael Guimarães Botelho (rafaelgbotelho@ig.com.br) e Renata Costa de Oliveira
(renarisocosta@ig.com.br) são da UERJ
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BOTELHO, Rafael Guimarães. Uma interpretação do processo de depreciação do acadêmico de educação
física da UERJ em diferentes contextos sociais . 2002. 88f. Memória de Licenciatura (Graduação em
Educação Física) – Instituto de Educação Física e Desportos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2002.
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BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 7. ed. Brasília: UnB, 1995.
BOUDON, Raymond; BOURRICAUD, François. Dicionário crítico de sociologia . São Paulo: Ática, 1993.
CABRAL, Álvaro; NICK, Eva. Dicionário técnico de psicologia . São Paulo: Cultrix, 1997.
DUROZOI, Gérard; ROUSSEL, André. Dicionário de filosofia. 3. ed. Campinas: Papirus, 1999.
EISER, J. Richard. Social psychology: attitudes, cognition and social behaviour. Cambridge: Cambridge University
Press, 1992.
Resumo : O propósito destas reflexões é o de investigar o lugar antropológico dos valores humanos
subjacentes à abordagem dos Jogos Cooperativos (JC). Optamos, para isso pela axiologia nietzscheana porque
vemos em Nietzsche um defensor incondicional da liberdade e do desenvolvimento humano. Sob esta perspectiva
defendemos que uma incorporação teórica dos JC à prática pedagógica em Educação Física deve ser precedida de
uma reflexão sobre o lugar da cooperação na realidade ontológica do ser humano.
Palavras Chave : cooperação, competição, vontade de potência.
________________________________________
Introdução
O propósito destas reflexões é o de investigar o lugar antropológico dos valores humanos subjacentes à
abordagem dos Jogos Cooperativos (JC). Parece-nos que tal abordagem vem sendo incorporada à educação física
sem uma reflexão sobre as bases antropológicas, a partir das quais se formam os valores humanos.
Que matriz axiológica a abordagem pedagógica dos JC pretende construir no contexto das relações humanas?
Qual o “cerne antropológico” (Assmann, 1994) que subjaz a esta proposta? Seria esta formulação a base para a
constituição de uma sociedade de homens livres ou de escravos?
Antecipamos já que nossa impressão geral a respeito é de que os JC aspiram a um certo coletivismo muito
nocivo do ponto de vista pedagógico porque tendem a encobrir relações de poder. Porque “pasteurizam” as diferenças
que, no caso do jogo (mas não apenas), são diferenças de força.
Antecipamos igualmente e, por outro lado, que não somos contra a tematização dos JC, e da cooperação como a
base das relações sociais – e mesmo biológicas -, na esfera dos processos educativos.
Acreditamos, entretanto que esta cooperação deve ser tematizada em sua plenitude dialética. Cooperação e
competição; solidariedade e egoísmo como potencialidades. Não como dicotomias, mas antes como realidades
igualmente imanentes á existência humana.
Estas notas se propõem a arriscar-se nestas reflexões.
2- Sobre a questão axiológica
Foquemos em um primeiro plano nos valores humanos propostos pelos JC. Trata-se obviamente daqueles
valores vinculados a uma cultura da cooperação, em cuja base axiológica estaria na solidariedade, na empatia, no
respeito ás diferenças. Valores incontestáveis para aqueles educadores que pretendem dedicar-se a uma educação
para um mundo mais humano.
Tentamos nestas linhas esboçar categorias de uma teoria axiológica para o tratamento pedagógico do jogo. Com
esse intuito, optamos pela axiologia nietzscheana porque vemos em Nietzsche um defensor incondicional da liberdade
e do desenvolvimento humano.
Nesse mesmo sentido cremos que aquele filósofo denunciou, de uma forma avassaladora, a vontade de controle
do “logos” moderno – vontade de controle inclusive dos processos formativos humanos, dissimulada sob um
filantropismo causador de dependência que, por isso mesmo, não perfilhamos para as aulas de educação física. Aliás,
é precisamente nisto que consiste a contribuição de Nietzsche: em denunciar a dissimulação do mal em bem.
Vale a pena aqui transcrever na íntegra o sexto aforismo de Nietzsche em O Anticristo:
“Um espetáculo doloroso e aterrador apresentou-se diante de mim; ergui o pano da corrupção dos
homens. Pelo menos na minha boca esta palavra escapa à suspeita de conter qualquer
moralismos: a tal ponto que percebo essa corrupção, como se pode presumir, no sentido de
‘decadence’; afirmo que todos os valores nos quais a humanidade deposita seus mais elevados
anseios são ‘valeurs de decadence”
Considero corrupto um animal, um indivíduo, uma espécie, quando despreza seus sentidos, quando faz uma
opção ao que lhe é prejudicial. Uma analise a respeito dos “sentimentos elevados”, dos “ideais da humanidade” –
pode ser que ainda venha a escreve-la – quase esclareceria porque o homem é tão degenerado. A própria vida
apresenta um instinto para o crescimento, para o poder; sem isso ocorre o desastre. Sucede, porém, que esses
valores mais elevados da humanidade foram despojados de vontade; os valores de decadência, de niilismo superam
os valores mais sagrados.”
5- Bibliografia
ASSMANN, Hugo. Paradigmas educacionais e corporeidade . Piracicaba: UNIMEP, 1994.
BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. São Paulo: Projeto
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Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzscheanas . / Margareth Rago, Luiz b. Lacerda Orlandi, Alfredo
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MARCUSE, Herbert. Eros e Civilização: uma crítica filosófica ao pensamento de Freud . Rio de Janeiro: Zahar ed.,
1968.
MEAD, Margaret. Sexo e temperamento . São Paulo: ed. Perspectiva, 1969.
NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo . São Paulo: Martin Claret, 2004 (edição original 1894).
Resumo : Este trabalho foi desenvolvido durante o estágio supervisionado, visando observar e analizar as
atitudes, comportamentos e principalmente a participacão dos alunos coletiva e individualmente quando comparados
as diversas atividades competitivas mais comuns. Essa idéia começou a ser desenvolvida a partir de nosso contato
com os jogos cooperativos na universidade nas disciplinas de ginástica e recreação. Esse contato nos fez perceber a
grande potencialidade dessa modalidade e da inegável oportunidade que tínhamos nas mãos. Sendo assim,
inicialmente decidimos observar e analizar as reações dos alunos no estágio supervisionado para que posteriormente
após nossas conclusões, pudéssemos aplicar esses jogos em outras áreas, como por exemplo no desporto coletivo,
uma vez que observamos em algumas modalidades coletivas a ausência da participação cooperativa em algumas
situações, situações essas que nos despertou também interesse por apresentar, mesmo dentro da própria equipe um
certo grau de competição. O principal objetivo, é mostrar como os jogos cooperativos, dentro de uma proposta
pedagógica pode contribuir para o desenvolvimento de atitudes cooperativas, de empatia, estima e comunicação,
visando a formação do desportista cidadão. ________________________________________
Jogos cooperativos
Jogos Cooperativos são jogos com uma estrutura alternativa aos jogos baseados na competição. Nos Jogos
Cooperativos, a ação cooperativa dos participantes é necessária para se atingir um objetivo comum a todos. Os
participantes jogam uns com os outros e não contra. Joga-se para juntos superar desafios e compartilhar o sucesso. O
confronto é eliminado e dá lugar ao encontro, à união das pessoas, à eliminação do medo e do fracasso
Você já se incomodou com a estrutura de alguns jogos que eliminam pessoas e produzem mais perdedores do
que vencedores? Já se perguntou se não é possível uma outra forma de brincar? Pois seus problemas acabaram,
saiba que é possível jogar ... cooperativamente!
Somente quem já experimentou a sensação da prática de um jogo cooperativo sabe do que estamos falando.
Sabemos que temos muito que aprender com esse tipo de atividade, mas a sensação de estarmos tentando plantar a
semente da cooperação naquelas crianças e dando-lhes a oportunidade de trilharem novos caminhos, já nos faz sentir
realizados.
Ao longo da história, o prestígio dos jogos sofreu oscilações. Platão, por exemplo, os colocava em igualdade de
importância com a instrução formal na transmissão de valores educativos e morais. Entre os gregos, os romanos e os
maias, os jogos eram utilizados pelos mais velhos para transmitir aos mais jovens, valores,conhecimentos e normas.
Com a ascensão do Cristianismo, os jogos caíram em descrédito e passaram a ser vistos como profanos, imorais
e destituídos de qualquer significado e, somente a partir do século XVI, foram reabilitados pelos humanistas, que
perceberam o valor educativo das atividades lúdicas. Reconheceram a importância pedagógica dos jogos, entre
outros, Rabelais, Montaigne, Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Dewey, Claparède, Maria Montessori, Jean
Piaget, Wallon, Freinet e Paulo Freire.
Jogo
Diversão, folguedo, exercício recreativo, com as cartas, brincadeira infantil, passatempo sujeito a regras e em
que às vezes, se arrisca dinheiro, regras segundo as quais se deve jogar, etc.
Os princípios dos Jogos Cooperativos foram desenvolvidos por Terry Orlick, psicólogo canadense que na década
de 70 constatou que os jogos reproduziam a estrutura social, refletindo valores da sociedade. Na cultura ocidental
“A Filosofia da Cooperação começou a fazer sentido como forma de repensar a minha postura perante mim,
diante dos meus relacionamentos interpessoais e do meu olhar e atuação no mundo que eu vivia. Fui contagiada (e
não contaminada!) pelo” bichinho da Cooperação “e não consegui mais me desvencilhar dele!”
Professora Patrícia Maria Pedote-USP
Resumo : O presente texto representa o resultado de uma pesquisa feita a partir dos documentos dos
Parâmetros Curriculares Nacionais com o intuito de analisar o papel que da educação física no âmbito escolar dada a
sua perda da centralidade como um instrumento de propagação dos ideários hegemônicos tendo em vista a formação
humana para um determinado fim, já que a nova formação prioriza uma dimensão mais intelectual do que física, a
partir da pedagogia das competências. ________________________________________
O presente texto tem por objetivo apresentar um estudo realizado acerca dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN´s) e as possíveis mediações colocadas para a educação física no interior da escola, ante as transformações do
mundo do trabalho.
Pois, historicamente a educação física sempre foi utilizada como um instrumento de propagação dos ideários
hegemônicos tendo em vista a formação humana para um determinado fim (Coletivo de Autores, 1992). E isto valeu, à
educação física escolar, uma posição de destaque em relação às outras disciplinas, garantida no projeto
governamental dominante, de forma ímpar, hierarquizada.
Porém, com o passar dos anos, ocorreram diversas mudanças no país e estritamente na educação, promovendo
diversas mudanças na escola. E estas mudanças ao nosso ver aos poucos foram deslocando a educação física da
centralidade que possuía no projeto hegemônico capitalista, no interior da escola, para posições mais periféricas ao
projeto formador.
O novo projeto de formação humana se apresenta, para a escola, tendo como balizador a demanda de novas
competências, que são necessidades decorrentes de novas tecnologias e das novas formas de organização do
trabalho. Em sua essência, a posse destas demandas, recaem em “(...) uma série de habilidades intelectuais em
detrimento das habilidades motoras” (Trein, 2000, p. 03).
Assim, tem-se agora uma nova formação com uma dimensão mais intelectual do que física, instaurando-se, de
uma certa forma, o avesso das exigências que se apresentavam nos modelos de produção do passado
(Taylorismo/Fordismo), o qual fazia-se necessária uma dimensão mais física do que intelectual ao trabalhador.
Quando se observa em que se baseiam as novas competências e como a educação física tem servido ao poder
hegemônico constata-se a princípio que esta nova formação que prioriza uma dimensão mais intelectual não
necessitaria da educação física, pois esta não contribuiria imediatamente para as novas competências já que
hegemonicamente a mesma foi/é entendida pela dimensão física de que trata.
Porém, contraditoriamente, na medida em que se faz esta observação, vê-se através de um dos principais
projetos do governo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997), a justificativa da educação física escolar na
sua contribuição imediata para a demanda de novas competências.
Em vista disto, é controverso entender o papel que se pretende para a educação física escolar uma vez que de
um lado os PCN’s apregoam a sua contribuição às novas demandas; por outro a dimensão intelectual e
comportamental destas demandas traduz que as disciplinas que se aproximam mais desta dimensão tem maior
contribuição, e com isto, destaque na escola. A educação física, aos olhos hegemônicos, trata mais da dimensão
física.
Resumo: O presente texto constitui um recorte do pensamento de Paulo Freire e tem o objetivo de analisar a
contribuição deste importante educador brasileiro para a formação de educadores (as) comprometidos com a
concepção libertadora da educação. Tal concepção freireana funda-se na necessidade de permitir a libertação de
oprimidos e opressores a partir de uma prática pedagógica que estimule o exercício da compreensão crítica da
realidade. Este texto aborda algumas idéias de Paulo Freire que se mostram indispensáveis à formação do educador
progressista, que luta insistentemente pela concretização de uma________________________________________
educação desocultadora de verdades escondidas.
“Não posso aceitar calado e “bem comportado” que um bilhão de desempregados com quem o
século se encerra sejam considerados uma pura fatalidade deste momento. Nenhuma realidade
social, histórica, econômica é assim porque está escrito que assim seja. Enquanto presença na
História e no mundo, esperançadamente luto pelo sonho, pela utopia, pela esperança, na
perspectiva de uma Pedagogia crítica. E esta não é uma luta vã”. (FREIRE, 2000, p.116)
Paulo Freire sempre se mostrou comprometido com as injustiças que a sociedade impôs ao ser humano. Suas
obras indicam que nesse mundo onde a ética do mercado se sobrepõe ao compromisso com a solidariedade, com o
respeito e com o amor entre os homens, faz-se necessário o engajamento de todos na luta por uma sociedade mais
justa e humanizada. Freire (1996/a) diz que se optamos, na verdade, por um mundo de gente, é pela ética universal
do ser humano que devemos lutar. Segundo ele, se faz necessária e urgente a união e rebelião de todos contra a
“malvadeza” da ética do mercado.
“Há um século e meio Marx e Engels gritavam em favor da união das classes trabalhadoras do
mundo contra sua espoliação. Agora, necessária e urgente se fazem a união e a rebelião das
gentes contra a ameaça que nos atinge, a negação de nós mesmos como seres humanos
submetidos à “fereza” da ética do mercado” . (FREIRE, 1996/a, p.144-5)
A relação opressor-oprimido descrita por Freire (2004), nos faz refletir sobre as injustiças impostas por esse
mundo perverso, o qual é movido cada vez mais pelo desejo do lucro e pela ganância de muitos em acumular suas
riquezas e privilégios. Para compreender a relação descrita por Paulo Freire, é preciso destacar, primeiramente, que o
movimento social de nossa sociedade é caracterizado, segundo o coletivo de Autores (1993), pela luta entre as
classes sociais a fim de afirmarem seus interesses. Tais interesses de cada classe, no entanto, são distintos e
antagônicos, já que
“os interesses imediatos da classe trabalhadora, na qual se incluem as camadas populares,
correspondem à sua necessidade de sobrevivência, à luta no cotidiano pelo direito ao emprego, ao
salário, à alimentação, ao transporte, à habitação, à saúde, à educação, enfim, às condições
dignas de existência. Os interesses imediatos da classe proprietária correspondem às suas
necessidades de acumular riquezas, gerar mais renda, ampliar o consumo, o patrimônio etc”.
(COLETIVO DE AUTORES, 1993, p.24)
Em segundo lugar, cabe destacar que as preocupações da classe proprietária, denominada por Freire (2004) de
classe opressora, se reduzem apenas consigo mesmo, em primeiro lugar, com sua classe, em segundo lugar e nunca
com os outros. Freire (2004) ao se referir a esse pensamento individualista, concluiu que o que vale para essa classe
é ter mais e cada vez mais, à custa, inclusive, do ter menos ou do nada ter dos outros. Conseguir mais lucro, posse e
poder passou a ser condição de sua existência. Freire (2004) explica que, “fora da posse direta, concreta, material, do
mundo e dos homens, os opressores não se podem entender a si mesmos. Não podem ser”. (p.45). Diz ele:
250 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
“Não podem perceber, na situação opressora em que estão, como usufrutuários, que, se ter é
condição para ser, esta é uma condição necessária a todos os homens. Não podem perceber que,
na busca egoísta do ter como classe que tem, se afogam na posse e já não são. Já não podem
ser”. (FREIRE, 2004, p. 46)
É importante mencionar que a falta de preocupação com as injustiças sociais faz com que a classe opressora
não demonstre nenhuma pretensão de abdicar de seus interesses mesmo que em nome do direito dos outros. Esse
fato é explicado por Freire (2004). Segundo ele, para a classe dominante, formada na experiência de opressores, tudo
o que não seja o seu direito antigo de oprimir significa opressão a eles.
“Vão sentir-se, agora, na nova situação, como oprimidos porque, se antes podiam comer, vestir,
calçar, educar-se, passear, ouvir Beethoven, enquanto milhões não comiam, não calçavam, não
vestiam, não estudavam nem tampouco passeavam, quanto mais podiam ouvir Beethoven,
qualquer restrição a tudo isto, em nome do direito de todos, lhes parece uma profunda violência ao
seu direito de pessoa. Direito de pessoa que na situação anterior não respeitava nos milhões de
pessoas que sofriam e morriam de fome, de dor, de tristeza, de desesperança. É que, para eles,
pessoa humana são apenas eles”. (Freire,2004, pg. 45)
Paulo Freire sempre se mostrou a favor da luta constante contra a dominação dos indivíduos e/ou das classes
sociais. Suas obras alertam para a necessidade de assumirmos uma postura vigilante contra os mecanismos que
impedem a libertação de oprimidos e opressores da relação (opressor-oprimido) que os aprisiona.
Tais mecanismos consistem na proclamação da negação da vocação ontológica do ser humano, na adaptação
dos sujeitos ao mundo, no ajustamento passivo destes à realidade que os cerca. “Daí que a educação a serviço da
dominação não possa provocar o pensamento crítico e dialético mas estimule o pensar ingênuo sobre o mundo.”
(FREIRE, 2003, p.30) É que “do ponto de vista dos interesses dominantes, não há duvida de que a educação deve ser
uma prática imobilizadora e ocultadora de verdades”.(FREIRE, 1996, p.111)
Nessa perspectiva de educação, a utopia da solidariedade cede seu lugar ao treino técnico, onde o que vale não
é educar, formar os educandos, mas treiná-los para que se adaptem ao mundo sem protestar. Para Freire (2003)
“A visão tecnicista da educação, que a reduz a técnica pura, mais ainda, neutra, trabalha no
sentido do treinamento instrumental de educando. Considera que já não há antagonismo nos
interesses, que está tudo mais ou menos igual, para ela o que importa mesmo é o treinamento
puramente técnico, a padronização de conteúdos, a transmissão de uma bem-comportada
sabedoria de resultados. Dentro de tal visão política, a formação permanente dos educadores
obedecerá a prática educativa bancária”. (FREIRE, 2003,p.79)
Freire (2004) faz uma severa crítica a esse modelo educativo, onde “a educação se torna um ato de depositar,
em que os educandos são os depositários e o educador os depositantes”.(FREIRE, 2004, p.58) Na concepção
bancária da educação a prática pedagógica é reduzida ao ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e
conhecimentos.
“Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos, meras
incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção “bancária” da
educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os
depósitos, guardá-los e arquivá-los”. (FREIRE, 2004, p.58)
Freire (2004) alerta, porém, que em tal concepção os grandes arquivados são os homens, “arquivados porque,
fora da busca, fora da práxis, os homens não podem ser”. (p.58) Para Freire (2004) a educação bancária “é uma
concepção que, implicando uma prática, somente pode interessar aos opressores, que estarão tão mais em paz,
quanto mais adequados estejam os homens ao mundo”.(p.63) Daí que esse modelo de educação tende a reduzir a
existência dos homens ao mero viver, tende a fazê-los seres da adaptação, do ajustamento. E assim, lhes é negada a
possibilidade de exercerem sua vocação ontológica de ser sujeito, de estar no mundo e com o mundo, de existir ao
invés de apenas viver.
Resumo : Objetivamos neste trabalho, ressaltar o processo de interdependência entre motricidade, cognição e
sentimento, tendo em vista que a complexidade a cerca desse processo é condição fundamental para o melhor
entendimento do discurso e da prática que procuram sustentar o caráter holístico da Educação Física no contexto
escolar, especialmente. Com efeito, o desenvolvimento humano e as experiências psicomotoras dos alunos resultam
do amadurecimento e enriquecimento dos diferentes fatores neurodinâmicos psicológicos e culturais. Dito dessa
forma, procuraremos mostrar a importância do ensino de Educação Física à luz da aprendizagem interacional,
considerando, pois os pontos positivos e os problemas levantados ao longo dessa investigação de natureza
bibliográfica, ainda em andamento, com a orientação do Prof. Dr. Ass. da UFRRJ Fernando Miguel P. de A. Athayde.
Esse assunto é de total importância aos sujeitos integrantes da educação: professores e alunos.
Palavras-chave : motricidade, cognição e escola .
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O processo de interdependência entre pensar, agir e sentir é o ponto de partida para esse estudo, pois podemos
dizer que o movimento não está desvinculado do pensamento, exercendo importante papel no processo ensino-
aprendizagem.
O movimento está sempre presente na vida do ser humano , desde o útero até a morte, contudo, o
desenvolvimento humano e as experiências psicomotoras dos alunos resultam do amadurecimento e enriquecimento
dos diferentes fatores neurodinâmicos, psicológicos e culturais.
Desta forma, o papel do professor de educação física é o de explorar as tendências dos alunos afim de estimulá-
los , contribuindo no sentido de suas plenas e futuras capacitações dentro da sociedade (RIG VIANA, ADALBERTO)
O que é cognição?
Para PIAGET, J. (1982) ““processo de transformação e mudança que reflete no comportamento humano como
conseqüência de heranças sociocultural e biológica””.
O que é motricidade?
FONSECA, V. (1989) ““considera que a motricidade compreende todas as mudanças, pelas quais o sujeito vai
passar, desde a concepção até à morte; entende a motricidade como uma ação, como uma conduta relativa a um
sujeito histórico””.
Segundo Go Tani (1988), ““enquanto conceitos podemos separar esses dois aspectos porém quanto fenômenos
não, pois estão intimamente relacionados””.
O movimento humano está sempre presente na vida dos indivíduos, desde o útero até à morte; mesmo assim o
ser humano não está dotado de mecanismos especializados para a adaptação ao mundo – tem que sentir, receber as
informações do meio, pensar ,planejar as idéias e agir para o conhecer.(relação pensar/agir /sentir)
FONSECA, Vítor da. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese . Porto Alegre, Artes Médicas, 1998.
LE BOUCH, Jean. Desenvolvimento psicomotor dos 0 aos 6 anos . Porto Alegre, Artes Médicas, 1990.
FONSECA, Vítor da; MENDES Nelson . Escola, escola, quem és tu? Perspectivas psicomotoras do desenvolvimento
humano . Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.
GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C . Compreendendo desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e
adultos . São Paulo, Ed. Phorte, 2003.
MOREIRA, Wagner. “O fenômeno da corporeidade: corpo pensado e corpo vivido”. In: DANTAS, Estélio (1994) (org.).
Pensando o corpo e o Movimento . Rio de Janeiro: Shape.
http://medioteca/doc.ua.pt/artigos/desenvolvimento%20cognitivo/desenvolvimento%20cognitivo.htm
http://www.anped.org.br/23/textos/0711p.pdf#search=”20importancia%20do%movimento
Resumo : O presente trabalho visa de forma global abordar o caminho que a Educação Física Escolar vem
tomando em nossa sociedade, que cada vez mais tem objetivo capitalista, onde jogos eletrônicos, mundo digital,
violência entre outros. É notório observar que cada vez mais se evidencia a prática da atividade física como um culto
ao bem estar da saúde (higienismo), a disciplina (militarismo) e a prática esportiva (competitiva). Procuro não
apresentar uma Educação Física Escolar tradicional, mas analisarmos o tipo de prática e conteúdo que ministramos
no cotidiano escolar, não devemos evidenciar o passado próximo, tendo a pratica pela prática, mais um componente
curricular significante, não somente para o professor, mais para o aluno, analisando o contexto que evidencie uma
responsabilidade em ter uma prática fundamentada em uma ação________________________________________
pedagógica.
Ao delinear o momento atual que vivencia a Educação Física Escolar, é importante abordar rapidamente todo um
contexto que anteceda a disciplina, buscando breves conceitos que se tornam em um contexto atual. É importante
lembrar que está disciplina passa a se integrar no contexto educacional no final do século XIX, tendo como objetivo
atribuir e realizar a manutenção de saúde no aluno, que era considerada como tendência higienista (final XIX até
1930), segundo Ghiraldelli Júnior (1988).Época está em que a Educação Física era aplicada através de exercícios
físicos objetivando prevenir doenças, aprimoramento da aptidão física de cada individuo e desenvolver e enrijecer o
físico do homem que passara a integrar um sistema novo e capitalista, fato este que pode ser constatado no delinear
do livro Metodologia do Ensino de Educação Física, no seguinte texto: “No Brasil, especificamente nas quatro
primeiras décadas do século XX, foi marcante no sistema educacional a influência dos Métodos Ginásticos e da
Instituição Militar” . (BRACHT, Valter et alll. p.53).Alguns anos à frente buscando uma identificação mais “coerente” a
Educação Física começa a ser inserida no cenário escolar como disciplina que visa adestrar e formar os homens
ideais disciplinado, obedientes, submissos, profundo respeitador da hierarquia social. Fato este que por ocasião toma
iniciativas militares surgindo assim á Tendência Militarista (1931-1944) devido “ as aulas de educação física nas
escolas eram ministradas por instrutores físicos do exército, que traziam para essas instituições os rígidos métodos
militares da disciplina e da hierarquia ”. (BRACHT, Valter et alll. p.53).
Uma terceira tendência persistente em nossas vidas e contribuindo para continuidade deste processo histórico
da Educação Física Escolar nos deparamos com a Tendência Competitivista (1965-1984) que objetiva em sua prática
docente uma aplicação da vitória e perfeição vivenciando em seus alunos o tecnicismo nas aulas, está tendência
segundo Costa (2003 p.41), “tem como objetivo os conteúdos e avaliações no desenvolvimento da aptidão física, na
técnica e no rendimento esportivo, tornando assim a prática esportiva que seria um meio para o processo de
educação em um fim em si mesma”. Essa tendência talvez esteja presente, atuante e participativo no cotidiano das
aulas de Educação Física de nossa sociedade atual, onde se aplicam valores de excelência com propósito
educacional, desenvolvendo e preparar o aluno para torneios e jogos, onde os mais habilidosos têm seu espaço na
aula e nos jogos e os menos habilidosos a arquibancada como refúgio de uma frustração não trabalhada. Será que
este professor / treinador esqueceu o que aprendeu em seu curso de formação? Ou não tem noção que dois tempos
de aula de 50 minutos não serão suficientes para atingir o objetivo de treinamento.
Devido a estas redundâncias formas de aplicar a Educação Física Escolar, seja este preço que o passado vem
nos deixar ao transcrever nossa história, uma Educação Física que pertence a um componente curricular onde os
alunos vêem como uma atividade livre, aulas de ginástica, aulas de esporte entre outras nomenclaturas apelidadas
pelos mesmos.
Fato este que muitas vezes não chega a ser culpa exclusiva do aluno, mas do profissional titulado professor que
ministra suas aulas seguindo protótipos de estereótipos de seus professores reproduzindo erros e falhas do passado
Resumo : Este estudo encontra-se numa fase embrionária com pretensão de se tornar um trabalho de
conclusão de curso. É resultado de uma primeira etapa do Estágio Supervisionado realizado no Colégio Municipal
Presidente Castelo Branco, no município de São Gonçalo com alunos do Centro Universitário Augusto Motta – RJ.
Apresentamos como objetivo do presente estudo a elaboração de um planejamento de Educação Física escolar
comprometido com a sua aplicabilidade. O planejamento de um componente curricular deve estar atrelado ao projeto
pedagógico da escola, fazendo parte de um processo consciente e complexo. Identificamos o planejamento como
sendo instrumento de extrema importância para a busca da legitimidade da Educação Física Escolar. Elegemos
trabalhar com o modelo proposto por Danilo Gandin por acreditar ser este um modelo que objetiva a participação da
comunidade escolar. A sua relevância se justifica por ser um estudo participativo podendo reverter de forma positiva
para a escola ao qual está sendo realizado o estágio obrigatório.
Palavras chaves : Planejamento - Educação Física Escolar – Projeto Pedagógico.
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Introdução
Para Gandin, o grupo que adotar qualquer dessas definições estará iniciando a correção dos problemas que o
planejamento comumente apresenta.
Obs . As autoras, acadêmica Darcilene Carvalho da Silva e a professora Ms Eliane de Brito Carneiro
(elaimebcarneiro@bol.com.br ) são da UNISUAM
Referências
ALVES, N. e VILLARDI, R. Lei nº 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional . Múltiplas leituras da nova
lei. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
COLETIVO DE AUTORES Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
GANDIN, D. Planejamento como prática educativa São Paulo: Loyola, 1983
Resumo : Estágio supervisionado obrigatório para a colação de grau em licenciatura, a cadeira Prática de
Ensino na Universidade Federal do Rio de Janeiro visa fornecer aos licenciandos vivências em âmbito escolar e toda
a complexidade que cerca a profissão docente. Este relato de experiência descreve a vivência de licenciandos de
Educação Física no Colégio de Aplicação da UFRJ, ansiosos para colocar em prática as teorias e conceitos
assimilados ao longo de três anos de vida universitária.
Tal relato tem como intuito descrever e analisar estas dificuldades, bem como demonstrar que tentativas como
esta contribuem com valiosas experiências cuja as quais se mostrariam menos ricas se a proposta dos licenciandos
fosse limitada ao simples contato com o corpo discente da escola em questão, sem nenhum vínculo modificador.
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Introdução
Ao longo da formação de um universitário, é de extrema importância para ele estagiar numa área de atuação
compatível com seu objetivo profissional a fim de ganhar experiência e poder colocar em prática todos os
aprendizados que foram passado durante o período na faculdade. A proposta de enfocar uma perspectiva diferenciada
no aprendizado da Educação Física traz consigo inúmeras dificuldades importantes no processo de construção de
professores preocupados com a qualidade de ensino.
A aprendizagem é um processo de reconstrução da experiência que o aluno faz ao descobrir o significado que
essa tem para ele próprio e também para seus colegas. Nós, futuros professores de Educação Física, temos que estar
atentos ao mundo do educando e para o fato de que o interesse e a curiosidade espontânea do aluno não motivarão e
direcionarão por si próprios a sua capacidade de aprender. Há necessidade, além das atividades curriculares,
programações bem pensadas que incluam o jogo, o lazer, a dança, a arte, a cultural nacional.
O dever da prática de ensino: suas funções pedagógicas
Momento fundamental no processo de formação de professores, a prática de ensino é responsável por situações
de aprendizado de grande valor por oportunizar condições para a aplicação de todo o conteúdo teórico assimilado
durante a graduação. Sendo assim, a qualidade da formação dos futuros docentes depende, em grande parte, de um
aprendizado rico e bem estruturado.
A qualidade desta prática de ensino é resultado de um conjunto de fatores e deveres que dizem respeito aos
diversos agentes deste processo educacional. Deste modo, todos possuem responsabilidades importantes que não
podem ser ignoradas. Cabe a cada um cumprir suas funções de forma integrada com os deveres das outras partes,
produzindo, assim, um ambiente equilibrado e propício a grandes avanços pedagógicos.
Através do que foi assimilado durante o curso, acreditamos que isso só será possível quando o tema a ser
discutido e aprendido é contextualizado dentro do que podemos constatar no cotidiano através de exemplos práticos;
quando há um engajamento entre as diversas disciplinas, determinando, desta forma, que o conhecimento não é
estanque; que as diversas inteligências devem ser estimuladas e respeitadas, na medida em que cada ser humano é
único e, portanto um universo de possibilidades e de desafios (GARDNER, 1995); e que esta aprendizagem valoriza o
desenvolvimento da autonomia, a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginação para que o aluno
desenvolva seus talentos e assuma a direção do seu próprio destino (FREIRE, 1996).
Ainda hoje, vemos muitos alunos na faculdade de Educação Física que ao ingressarem no curso escolhem como
opção a licenciatura mesmo sem saber ao certo o que isto significa. Muitos, portanto, visam trabalhar no ramo do
fitness, academias, clubes, treinamento de atletas etc e vêem a escola como uma opção complementar. Acreditamos
que esta visão estereotipada de alguns graduandos gera uma aversão a prática escolar quando eles se deparam com
esta área, sendo obrigados a trabalhar nela, como é o caso da Prática de Ensino.
Além disso, alguns problemas da disciplina como, por exemplo, a obrigação de estagiar no CAp/UFRJ que, para
muitos é um local bastante longe, a carga horária restrita das aulas, faz com que muitos tenham grandes dificuldades
em encaixar o horário da Prática de Ensino em sua vida diária.
É válido ressaltar que tal cadeira só pode ser cursada no último ano da faculdade por no mínimo dois semestres
até completar trezentas horas de estágio supervisionado.
Assim, o que vemos são licenciandos desmotivados e, por conseqüência dessa falta de interesse, aplicam aulas
de cunho tecnicistas, reducionistas, não privilegiando a autonomia e formação corporal do corpo discente. Além disso,
o currículo da Educação Física no CAp/UFRJ possibilita este procedimento pelos alunos, pois a maioria dos
professores da escola aparentam estar acomodados e sem reciclagem profissional.
Objetivos
Sendo assim, temos a intenção de analisar e pôr em discussão o verdadeiro papel da Educação Física no
Colégio de Aplicação da UFRJ. Através de nossas vivências, poderemos perceber suas virtudes e possíveis
dificuldades que o colégio tem passado.
A dinâmica de funcionamento do CAp/UFRJ foi sempre pautada por um intenso engajamento político-
pedagógico, voltado para os interesses maiores da Educação Pública, e para a formação de cidadãos críticos e
atuantes, capazes de contribuir para a transformação do quadro cultural e social brasileiro.
Produzir no corpo discente autonomia corporal e senso crítico sobre questões sócio-culturais da sociedade
brasileira, através dos conteúdos propostos pela disciplina educação física, seja através dos aspectos motores e/ou
afetivos é o nosso maior objetivo como licenciandos, que temos a possibilidade de intervir pedagogicamente nas aulas
de Educação Física.
Situação atual
O relato de experiência proposto pelo presente trabalho acadêmico descreve o estágio supervisionado
obrigatório para a colação de grau, vivenciado por um grupo de licenciandos da UFRJ. Após a assimilação, nas aulas
de didática especial I, de conceitos e conteúdos importantes para a confecção de um plano de curso, o grupo traçou
estratégias, discutiu propostas e chegou a um objetivo comum: elaborar um plano de curso bimestral que fosse capaz
de oferecer ricas situações de aprendizado.
Seguindo este contexto, surge a idéia de se aplicar uma prática interdisciplinar, o qual estimula a pesquisa, a
curiosidade e a diversidade no aprendizado. Cavalcanti (2004) capta a importância desta prática, afirmando que a
abordagem interdisciplinar permite que conteúdos os quais seriam dados convencionalmente, através do livro didático,
sejam ensinados e aplicados na prática a partir de atividades que dão sentido ao estudo.
A interdisciplinaridade proposta recebe, em nosso estudo, dupla função: contribuir para a qualidade do ensino
nas aulas de educação física e enriquecer o processo de formação de futuros professores.
A proposta escolhida pelo grupo foi de trabalhar o voleibol, conteúdo específico do segundo bimestre. A intenção
de ensinar o voleibol em associação com conteúdos específicos da matemática mostrou-se um desafio para a
264 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
totalidade do grupo. Afinal, ensinar voleibol a partir da matemática e, ainda, de forma prazerosa para alunos de sétima
série exige coragem, conhecimento, criatividade e obstinação.
A aplicação do planejamento de curso se deu, basicamente, através de atividades que visassem ensinar os
fundamentos básicos do voleibol. Em tais atividades, a aplicação da matemática acontece a partir das operações
fundamentais, expressões e equações matemáticas, geometria plana e problemas de lógica. Na maioria das aulas
pelos menos um destes conteúdos estava presente, influenciando diretamente na execução das atividades propostas.
Problemas enfrentados
As dificuldades enfrentadas contribuem para o aprendizado e permitem que novas estratégias sejam lançadas a
partir da percepção de erros e falhas que tenham causado prejuízo nas estratégias escolhidas durante o período de
prática de ensino. Sendo assim, pode-se dizer que os entraves podem ser divididos em dois grupos distintos: um,
referente a prática de ensino em si e outro que diz respeito aos aspectos da interdisciplinaridade e as conseqüências
de seu emprego.
Relacionam-se ao primeiro grupo alguns entraves mais importantes que tornaram a prática de ensino mais
complicada. Destacamos o limitado tempo de observação de aula prática antes do processo de comparticipação;
reduzidas orientações e intervenções do professor titular; desmotivação dos licenciandos relacionadas a tais
empecilhos e resistência do corpo discente frente a nós.
Conclusão
Acreditamos que os licenciandos não podem abrir mão de suas obrigações e devem exercer papel
preponderante durante todo o processo de prática de ensino. Cabe a nós buscar soluções para problemas de ensino,
efetuar planejamentos de curso estruturados e fundamentados teoricamente, aplicar atividades com rigor
metodológico, ser criativos, flexíveis, críticos, curiosos e comprometidos com as funções a nós delegadas. Não
podemos nos esquecer que os licenciandos e o corpo discente representam a essência deste processo de ensino e
que, mesmo se as condições apresentadas pela instituição de ensino e pelos professores titulares não são
adequadas, cabe a nós buscar soluções para que a prática de ensino seja a melhor possível.
Obs . Os autores, geógrafo Marcelo da Cunha Matos (marcelocmatos@globo.com ) Igor Peçanha Freitas são,
ambos, acadêmicos de educação física da UFRJ.
Referências bibliográficas
CAVALCANTI, Meire; Interdisciplinaridade: um avanço na educação. Revista Nova Escola, São Paulo, edição 174, p.
52 – 55, Agosto, 2004.
FREIRE, Paulo; Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa; São Paulo: Paz e terra S.A, 1996.
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes médicas, 1995.
Resumo: O principal objetivo do trabalho é verificar o papel do professor de Educação Física, como ele vem
cumprindo seu papel e analisar como ele age para contribuir na formação dos alunos.
Foi desenvolvido através de buscas em literatura sobre o assunto e visitas em escolas publicas do Rio de
Janeiro durante 2 meses. As visitas foram feitas de forma aleatória, não levando em consideração a área a ser
pesquisada , pois a intenção é pesquisar o profissional e saber como ele se vê, age e pensa sobre sua profissão.
________________________________________
Introdução
Analisando o surgimento da escola, vê-se que ela não pode ser caracterizada como uma instituição alheia aos
acontecimentos sociais. Pois quando ela surge, surge também um profissional que a faz acontecer, o professor, uma
vez que é através dele que a escola cumpre o seu papeis e afirma seus valores.
Com base nesse fato observa-se que a escola pode ser encarada de várias formas, como espaço de luta e ao
mesmo tempo como aplicadora arbitrária da cultura burguesa, pois é manipulada pelo Estado, pelo dominante.
E é neste ponto que entra o professor com os seus papeis, definindo o que vê e o que defende, legitimando,
desvelando conforme seus interesses e o da classe que defende.
Porém muitos professores nem ao menos se vê dessa forma e nem com tal importância, age como se aquilo que
prática fosse algo normal, olvidando que enquanto ensina, formando conceitos e através desses pode construir seres
transformadores ou destruidores, com sua aula pode moldar o aluno segundo suas próprias definições e
transpassando seus conhecimentos contribuindo na formação dele, e que também para se construir corretamente tem
que se ter um planejamento. Com esse planejamento terá um intento, chegando ao seu “Verdadeiro objetivo”.
Falar do professor é algo muito difícil, pois ele tem muitos papeis que às vezes são postos em prático o que pode
ser bom ou ruim. Bom porque pode ser um revolucionário, um problematizador face às realidades sociais suas e de
seus alunos, transformando-os em agentes sociais, se engendrando e engendrando-os na luta pela transformação
estrutural da sociedade.Ruim porque pode ser solidário aos interesses da burguesia, acomodando-se, deixando-se
levar pela situação, pois é mais fácil fazer o que mandam, do que ir contra, por que indispor com os dominantes se
torna perigoso para sua existência como profissional no mundo capitalista, onde a luta pelo seu emprego se torna a
maior de todas a LUTAS.
Justificativa
Muitos se dizem sobre essa profissão, de professor propriamente dita, desde muito tempo, mas poucos sabem
e/ou compreende-se do real valor que se deve dar a ela. Devido esta falta de compreensão surge essa pesquisa com
o intento de desvelar os verdadeiros valores e interesses destes que educam, principalmente quando se fala de
Educação Física.
Professor é professor em qualquer lugar, porém o professor de Educação Física por estar constantemente tendo
que legitimar sua matéria desde muito tempo.
Tendo em vista que a disciplina de Educação Física já teve constantes entra e sai do currículo escolar, vê-se a
importância de enfatizar sua necessidade, principalmente no inicio da vida escolar da criança, e a característica de
O presente trabalho foi desenvolvido através de busca em literatura sobre o assunto e visitas aleatórias em
escolas públicas do Rio de Janeiro, durante aproximadamente 2 meses, não levando em consideração a área a ser
pesquisada , pois o que importava não era a escola,ou o local onde está situada e sim o professor de Educação Física
o que ele pensa sobre seu papel e sua representação.Realizando esse trabalho com entrevistas com 20 professores,
sendo importante mencionar o pedido do não comprometimento da escola e o corpo docente.
Fundamentação teórica
Procurando entender melhor a profissão do professor, surge a questão, qual seu papel, qual seu trabalho?
Segundo Corrêa (2004) “è uma atividade profissional que se caracteriza por um trabalho intelectual, semi-
autonomo em processo de desqualificação / requalificação. Seria um trabalho profissional, pois possui conhecimentos
e habilidades próprias para exercê-lo” além de “conhecimento técnico e pedagógico relacionado a sua área. Para
Saviani (1991), o saber pedagógico é o quer realmente define o trabalho do professor” (Corrêa, 2004).
A escola desenvolve a reflexão do aluno, sua capacidade intelectual, mas que m está na escola para fazer com
que isso aconteça é o professor. Este tem que ter definido o seu projeto político-pedagógico, o que vai orientar sua
prática em sala de aula, seu projeto de sociedade, e de homem que persegue, a que interesses defende, para que
classe trabalha, que valores prioriza com sua prática ( coletivo de autores, 1992). Com estas definições poderemos
chegar aos vários papeis que o professor de Educação Física pode vir a ter.
Conforme Saviani (1988), “para a ‘pedagogia tradicional’, o ensino escolar é centrado no professor que transmite
o ‘acervo cultural aos alunos’. Na ‘pedagogia nova’ inverte-se o papel do professor, que agirá como um estimulador e
orientador da aprendizagem”, onde a iniciativa “cabe ao aluno” (Saviani apud Corrêa, 2004).Então se fala de diversas
definições de professor. Que pode-se acrescentar com Giroux (1997) que diz que professor “é mais do que uma
pessoa das letras, ou um produtor e transmissor de idéias”,são intelectuais. E “os intelectuais são também
mediadores, legitimadores e produtores de idéias e praticas sociais, eles cumprem uma função de natureza
eminentemente política (Giroux apud Corrêa,2004).
E de acordo com Gramsci, cada grupo social dominante cria para si uma ou mais camadas de intelectuais que
“lhes dão homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no campo econômico, mas também social e
político (Staccone apud Barbosa, 2001), o professor de Educação Física como outros profissionais (intelectuais), que
se formam numa instituição escolar, tem um papel essencial na conservação do bloco histórico burguês, como esse
elemento mediador do grupo dominante para exercício das funções de hegemonia e comando” (Barbosa, 2001).
O professor de Educação Física não deve ser visto de forma diferente dos outros professores, pois eles têm os
mesmos papeis. A diferença é que o de Educação Física é estereotipado e sofre preconceitos. E é através de sua
prática que pode acabar com esses preconceitos, lutando através de sua formação, contra a tendência de “formar
juízos de valores que interessam à burguesia” se firmando verdadeiramente como profissional de valor, lutando contra
a colaboração e a manutenção do ‘status quo’, situação vigente -favorável à burguesia -de forma inalterada”(Barbosa,
1997).
Ele é utilizado pelos ideais da burguesia muitas vezes, sem ao menos perceber, exaltando seus valores de
classe dominante em conteúdos como, por exemplo, o esporte, que pode ou não fixar os valores na sua prática por
meio de regras, competição (só vence o melhor), relaxar o aluno, através do lazer.Porém o ‘ Verdadeiro Educador’ não
deve esquecer-se da prática de uma Educação Emancipadora, para alcançar um ‘Verdadeiro Objetivo’, cabal e
comprometido com os interesses das classes oprimidas (Barbosa, 2001).
1 - Revisão bibliográfica
A proposta para a execução prática do presente programa está baseada no desenvolvimento de três fases
distintas e gradativas, como se segue.
270 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
2.1 – Das fases do programa
2.1.1 - Fase de embasamento teórico
A primeira fase do programa, denominada EMBASAMENTO TEÓRICO, teria por objetivo possibilitar ao estagiário
o acesso ao referencial metodológico que fundamenta o trabalho pedagógico do Clube Escolar Fundão: seus objetivos
gerais e específicos e a metodologia utilizada para a consecução dos mesmos.
Essa é uma fase primordial para o sucesso do programa, pois seria durante o seu desenvolvimento que o
professor orientador mostraria, com muita clareza e segurança, o seu nível de comprometimento com o trabalho que
realiza no clube, bem como, o nível de conhecimento teórico das bases filosóficas que o fundamentam.
2.1.2 - Fase de observação e identificação
A segunda fase denominada OBSERVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO, teria por objetivo permitir ao estagiário
identificar a aplicabilidade prática de tudo aquilo que lhe foi exposto durante o desenvolvimento da fase anterior. Para
isso, seria possibilitado ao mesmo observar a prática cotidiana do professor orientador junto as suas turmas. Esse é o
momento da verificação da coerência do que se propõe teoricamente com o que, efetivamente, se realiza.
É através dessa fase que se pretende desconstruir o antigo discurso do “faça o que eu digo, mas não faça o que
eu faço” ou, “a teoria na prática é outra.”
2.1.3 – Fase de regência dirigida.
A terceira e última fase denominada REGÊNCIA DIRIGIDA conclui o programa, dando ao estagiário a
oportunidade de, como “Regente de Turma”, colocar em prática os conhecimentos adquiridos, mediante a formulação
de um planejamento prévio, seja ele de aula, de micro ciclo ou de curso, dependendo da duração do estágio.
2.2 – Da mudança de fases
A passagem de uma fase anterior para a seguinte ocorreria de acordo com o desenvolvimento particular de cada
estagiário. Esse desenvolvimento seria avaliado por meio de questionários de perguntas abertas e denominados
TRABALHOS TEÓRICOS, que contariam com objetivos específicos para cada fase, e que seriam apresentados ao
estagiário e por este respondido, por escrito.
2.3 – Da avaliação em cada fase
Resumo : O objetivo desse trabalho é: mostrar ao leitor que, trabalhar o desconhecido é, além de desafiador,
possível. Nele, conto minha trajetória na docência de Ginástica Rítmica no Clube Escolar do Engenho de Dentro,
programa de extensão da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro. Falo das dificuldades e das estratégias que
utilizei para vencer a cada dia a barreira do desconhecido. ________________________________________
O objetivo desse trabalho é, além de contar a minha história pessoal na docência de Ginástica Rítmica no Clube
Escolar, mostrar ao leitor que, trabalhar o desconhecido é, além de desafiador, possível.
Quando fui convidada para lecionar Ginástica Rítmica no Clube Escolar do Engenho de Dentro, me vi numa
situação inusitada. O novo pra mim sempre foi assustador, e o fato de não dominar o conteúdo que deveria lecionar,
me deixava preocupada e desconfortável. A deficiente formação acadêmica a qual fui submetida, onde não me foi
oferecido a Ginástica Rítmica como disciplina, hora por não haver professor para lecionar, ora por não adaptar a grade
curricular ao horário oferecido, me colocou nessa difícil situação. Mas teria que decidir aceitar o desafio proposto, ou
aumentar esse sentimento que me afligia: o de impotência frente ao novo. Certa vez, uma sábia mulher, que
carinhosamente chamo de mãe, me falou que se não fosse para prejudicar meu aluno, não custaria nada experimentar
novidades e inovações. Como sempre a vi como uma grande educadora, minha mãe é professora de matemática há
20 anos, resolvi seguir seus conselhos. Optei por aceitar esse desafio e vi nele, uma possibilidade de vencer esse
medo. Precisava me informar mais sobre Ginástica Rítmica, um assunto até então desconhecido. E para que a
insegurança não me dominasse, deveria criar estratégias para que as minhas aulas não se tornassem um fantasma a
me perseguir.
O ser humano é movido pelos desafios, e quando ele se depara com eles, sua inteligência entra em ação. A
criatividade é uma qualidade inerente ao ser humano, mas para que ela desperte, é preciso prática, e um bom motivo,
que aqui, vamos chamar de necessidade/vontade. Rubem Alves, em seu livro “Conversas sobre educação”,
exemplifica muito bem o que estou dizendo. Ele conta que, quando era pequeno, havia uma pitangueira na casa de
seu vizinho. Ele sonhava comê-las, mas elas estavam do outro lado do muro. Para que seu sonho/vontade se
realizasse, ele teria que colocar sua inteligência e criatividade para funcionar. Foi então que ele teve uma ótima idéia,
de construir uma maquineta de roubar pitangas. Sua vontade o fez pensar, criar. Mas os problemas começaram a
aparecer, quando ele usa somente um cabo de vassoura para fazer isso. As pitangas caiam no quintal do vizinho.
Como a necessidade faz com que o homem crie e recrie, ele decidiu colocar uma lata de massa de tomate na ponta
do cabo de vassoura e na lata, fez um dente para prender a pitanga. Agora sim ele tinha uma maquineta de roubar
pitangas eficiente. Sua vontade foi saciada e ele comeu tantas pitangas, quanto pôde.
A partir desse exemplo, podemos observar que, a necessidade de construir uma maquineta para que sua
vontade fosse saciada, fez com que ele ativasse sua inteligência criativa para solucionar aquele problema. Eu me via
na mesma situação. Precisava construir uma maquineta nova, e minhas pitangas (alunas) estavam lá, esperando para
que eu as levasse para o outro lado do muro. Mas como?
Se tem uma pergunta que sempre me assustou, essa era uma delas. O fato de ela nos remeter à método,
metodologia, me levava a recordar uma deficiente formação acadêmica a que fui submetida, em termos pragmáticos,
onde grande parte da culpa, eu mesmo assumo. E pela falta de domínio do assunto, constantemente fugia da
Resumo : O presente trabalho busca a partir de experiência em sala de aula e da desnaturalização do termo
recreação, refletir a práxis pedagógica no que diz respeito à utilização da mesma na perspectiva do ensino e
aprendizagem.
Palavras-chave: desnaturalização; práxis pedagógica; relato de experiência
________________________________________
Nos últimos 25 anos, percebemos o grande crescimento das produções acadêmicas na área de educação física
de maneira geral. Além da quantidade expressiva, podemos perceber também a qualidade, e a diversidade dos temas
abordados, acredito que esse processo se deva ao período histórico propício a livre produção, diferente daquele
anterior a década de 1980, onde nossa área serviu a diversos propósitos alheios, dentre eles: aparelho ideológico de
Estado (Altusser). E mesmo com toda essa produção, percebemos que não existe consenso na definição do termo
Recreação.
De fato, se percorrendo os anais do IX ENAREL, analisando os títulos dos trabalhos apresentados, apenas dois
contam com o termo, contra todo o restante que aparentemente discute prioritariamente a temática do Lazer. Dessa
forma, pode parecer ao leitor que o tema não é gerador de polêmica e a um consenso sobre a definição do termo.
Porém, não será difícil o leitor encontrar vários sites da Internet que se propõe discutir o tema, inclusive com
conteúdos muito interessantes. Porém, independente de tal fato, como conceber que um evento que se propõe a
discutir a Recreação e o Lazer tenha apenas dois trabalhos que discutam a questão da Recreação?
Frente à amostragem tão pequena, resolvemos descobrir que conceitos vem sendo atribuídos ao termo. Já no
primeiro trabalho: Recreação e Arte: Perspectivas no processo de Ensino-Aprendizado, apresentado por Kleuman,
Amália Oliveira; Magalhães, Carlos Henrique Ferreira e Souza, Marcel Cavalcante (estudantes do curso de Educação
Física da UFRJ), não identificamos uma referência objetiva para o termo, porém nas entrelinhas, os autores afirmam
que: “Recreação onde se desperta no homem possibilidades de enfrentar e interagir conscientemente com a
realidade, transformando-a e não alienando-se dela.” E ainda, “As atividades recreativas abarcam todo o campo de
interesse humano”.
No segundo trabalho: A recreação no Contexto da Instituição Asilar, apresentado por Calegari, Kátia Cristina,
Mestre em Lazer pela UNICAMP, o termo é apresentado como: “a recreação enquanto componente de um rol de
acontecimentos desenvolvidos cotidianamente por profissionais especializados no contexto da instituição asilar”
(p.393) e apesar de tentar desvincular o conceito de uma definição do senso comum: “...associada na maioria das
vezes à brincadeira, coisa inútil, perda de tempo, ‘passa tempo’... idéias permeadas de valores ligados à ótica do
trabalho, da produção, da utilidade” (p.394), a autora não contempla com a sua conceituação, pois busca no conceito
de Lazer a explicação para o que é Recreação.
Citando Marcelino, a autora diz que Recreação é a vivência de elementos da cultura sejam eles manifestados
através de atividade físico-desportivas, artísticas, intelectuais, sociais, manuais, turísticos, classificados assim pelo
sociólogo francês Jofre Dumazedier” (p.394), atribuindo, dessa forma, uma possível igualdade ao conceito de Lazer.
A Recreação e o Lazer, para nós, estão intimamente imbricados, porém para nós existem distinções entre suas
conceituações e práxis. Ambas devem apresentar comprometimento político, pois ambas tratam dos interesses
(relações inter-seres), mas diferenciam-se nas suas relações teoria/prática. Acreditamos que no âmbito do Lazer, a
práxis parece estar definida por um tempo e uma atitude peculiar, tempo esse livre de obrigações com o trabalho
assalariado ou voluntário, compromissos com religião, família e outros. Quanto à atitude, o caráter desinteressado,
Resumo : O objetivo deste estudo é investigar a aplicação das teorias críticas na Educação Física Escolar,
desenvolvida entre a quinta e a oitava série do ensino fundamental. Serão identificadas as principais características
das concepções de ensino da Educação Física que estão ligadas à abordagem crítica (Emancipatória e Superadora).
Serão considerados na investigação, os objetivos educacionais traçados e as atividades propostas para as aulas por
cada concepção. Portanto, considero essas teorias educacionais adequadas para a análise desta disciplina, mesmo
não tendo sido sistematizadas plenamente. Além do mais, estão relacionadas a aspectos culturais e a possibilidades
de desenvolvimento de relações sociais mais justas. Assim, este estudo será conduzido através de revisão
bibliográfica das teorias e análise da pesquisa realizada pelo G/P Lazer, Animação Cultural e Educação Física Escolar
– EEFD/UFRJ, relacionada, ao estudo de competições esportivas________________________________________
realizadas em escolas do Estado do Rio de Janeiro.
Introdução
As teorias educacionais passam, desde os anos 80, por um processo intenso de desenvolvimento. O ponto de
partida para este movimento de renovação relaciona-se ao compromisso de redemocratização da sociedade brasileira,
que juntamente com a necessidade de superação da postura funcionalista e técnica dada à educação escolar até
então, proporcionou o fortalecimento da perspectiva crítica ou transformadora da educação. No caso específico da
educação física as mobilizações pela sua "renovação" começaram já década de 70, principalmente com o advento da
Psicologia (refrência) para a elaboração de propostas nesta disciplina. E isto serve, inicialmente, de motivação para a
execução deste trabalho, pois a Educação Física Escolar que é aqui considerada deve estar diretamente relacionada
com aspectos culturais, sociais e históricos, o que não ocorre plenamente com as concepções educacionais de base
Psicológica. E ainda, justamente após o terceiro ciclo do ensino fundamental as atividades tornam-se repetitivas, com
a cobrança demasiadamente técnica dos movimentos e com uso excessivo de "jogos com bola" sendo aplicados como
conteúdo principal. Convém relatar também que o cenário encontrado hoje em dia é diferente daquele enfrentado pela
pedagogia crítica dos anos 80.
Muitos avanços ocorreram e um aspecto relevante que podemos citar para exemplificar este quadro, que se
formou, refere-se às propostas ligadas à Cultura Corporal e à Cultura do Movimento Humano que emergiram destas
críticas. Assim, estas propostas foram sistematizadas, respectivamente, no livro Metodologia do Ensino da Educação
Física , Coletivo de Autores (1992), e no livro de Elenor Kunz (1991), Educação Física: ensino & mudanças . Este
trabalho pretende contribuir com o novo momento, onde se busca o fortalecimento prático e teórico para Educação
Física Escolar, em função disso é necessário também neste momento observar as concepções teóricas influenciam a
atuação dos professores desta disciplina, principalmente aqueles formados após este período de crescimento e
desenvolvimento da mesma, ou seja, professores formados a partir dos anos 90, para tornar possível uma avaliação
atualizada das propostas utilizadas.
Traçado este panorama surge o ponto principal do trabalho: refletir sobre a função da Educação Física Escolar
aplicada entre a quinta e a oitava séries do ensino fundamental (especialmente no que diz respeito as competições
em moldes olímpicos, que é uma prática recorrente nas nossas escolas). Com esta reflexão busca-se compreender a
Educação Física Escolar em acordo com a proposta pedagógica progressista, ou mesmo pós-crítica, pois atualmente
encontramos um horizonte de possibilidades e necessidades bem mais amplo do que o enfrentado pela pedagogia
crítica dos anos 80.
280 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
Para possibilitar uma visão crítica da disciplina é necessário pensá-la em acordo com uma proposta pedagógica
condizente. Um grande autor brasileiro que nos últimos anos impulsionou este movimento foi Paulo Freire. Portanto,
as concepções e métodos abordados pelo autor serão utilizados como fundamentação básica para a análise destas
propostas da Educação Física Escolar.
Abordagem crítica – breves precedentes das duas vertentes
Considerando-se a Educação Física em conjunto, surgiram possibilidades de intervenção da mesma a partir dos
anos 70 com campanhas como "Mexa-se" e "Esporte para Todos". Porém, tratando-se da Educação Física Escolar,
outro momento de grande produtividade teórica ocorre após os anos 80 com as discussões sobre a redemocratização
do país e a superação do caráter técnico atribuído à Educação.
Uma dessas propostas utiliza como ponto referencial básico as contribuições do marxismo e foram
desenvolvidas por Demerval Saviane e José Libâneo. Nesta vertente está incluída a contribuição do Coletivo de
Autores. Nesta proposta estão presentes questões de contestação do poder hegemônico, onde a preocupação não
ocorre apenas com o modo de ensinar, mas também com a contextualização dos fatos através do resgate histórico
dos conteúdos. As características encontradas nesta abordagem são: o aspecto diagnóstico , pois nela é feita uma
leitura e interpretação dos dados da realidade; o aspecto judicativo , pois nesta interpretação há um julgamento dos
elementos da sociedade, feito a partir da ética vinculada aos interesses de determinada classe e, por último a
característica que considero mais importante nesta proposta, que está relacionada ao aspecto teleológico da mesma,
pois aqui, a reflexão sobre o projeto pedagógico depende da perspectiva de classe de quem reflete.Uma crítica que
tem sido feita a esta proposta refere-se à ausência de implementação prática da mesma.
Outra abordagem que surge no decorrer dos anos 80 é a Crítico-Emancipatória, que está vinculada às
contribuições de Habermas sobre o uso da linguagem e que foi apresentada por Kunz no livro Educação Física:
ensino & mudanças . Aqui, a linguagem tem importante papel por possibilitar a participação democrática nas tomadas
de decisão. Nesta abordagem encontra-se ainda que as situações e condições do grupo em que se está inserido têm
relevância na apropriação cultural (Darido, 2002). Nesta vertente ocorrem três fases no ensino: a descoberta das
possibilidades de participação nas atividades pelos alunos através da experiência; a representação , pelas diversas
formas de linguagem, do que foi aprendido e experimentado e, por último, o questionamento do que foi aprendido,
objetivando "entender o significado cultural da aprendizagem" (Darido, p.16, 2002).
Observadas estas características básicas de cada abordagem, cabe avaliarmos o quanto elas são efetivamente
influentes na prática pedagógica da Educação Física Escolar. Mas também é importante salientar que seria pouco
produtivo buscarmos as diferenças relacionadas a melhor ou pior adequação desta ou daquela abordagem. Para fins
deste pequeno estudo buscar-se-á um diálogo entre as mesmas.
Apresentação do resultado da pesquisa
Em estudo recente realizado pelo G/P Lazer, Animação Cultural e Educação Física Escolar – EEFD/UFRJ foi
observado que, em escolas públicas e privadas do Estado do Rio de Janeiro, é comum a realização de competições
esportivas durante o ano letivo. Em muitos casos estas competições são consideradas pelos professores como o
marco da disciplina Educação Física, pois é para estes jogos que os alunos são preparados, logo, é neste momento
que os alunos são prontamente avaliados. Uma característica que foi identificada nestas manifestações é a
similaridade destes eventos com as grandes competições esportivas. Portanto, podemos dizer que estas competições
são realizadas sob "Moldes Olímpicos” (Almeida et alli, 2005, p. 242). Estudos que continuam sendo realizados
apontam para a utilização destas competições de modo irrefletido. Neste sentido, são transmitidos aos alunos
conhecimentos básicos sobre as técnicas e táticas dos quatro desportos mais utilizados nas escolas (Vôlei, Basquete,
Handebol e Futsal). Em alguns casos o professor aponta perspectivas progressistas nas aulas: como integração,
socialização, pouca exigência em relação à eficiência mecânica dos movimentos e o caráter lúdico da disciplina;
porém as aulas são conduzidas de modo que, ao término do ano, os alunos estejam aptos a participar de uma
competição interna baseada em grandes competições esportivas. Esta utilização é compreendida como contraditória,
pois os eventos esportivos escolares não são construídos com objetivos pedagógicos semelhantes às propostas
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 281
educacionais de caráter crítico ou transformador. Na verdade são meras cópias das fórmulas usadas em grandes
competições, que têm objetivos bem diversos aos propostos pelas abordagens educacionais críticas.
O diálogo entre as concepções
É possível indicar, pela pesquisa sobre a realização de jogos competitivos ligados ao planejamento da Educação
Física Escolar, que estes eventos são realizados com características estreitamente ligadas às Grandes Competições
esportivas. Neste aspecto, as "Olimpíadas Escolares”, como são conhecidas na maioria dos casos, refletem princípios
aproximados aos daqueles Jogos, apenas os alunos com bom rendimento atlético participam, apenas os vencedores
são premiados e têm mérito, apenas os jogos "tradicionalmente" escolares são utilizados, entre alguns outros.
Assim, estes jogos estão sendo desenvolvidos nas escolas de modo desvinculado das possibilidades
pedagógicas apontadas por teorizações que deveriam, a princípio, basear o projeto pedagógico da disciplina
Educação Física Escolar. Para fins deste pequeno estudo, estas indicações são suficientes para estimular-me a
continuar os estudos e a pesquisa relacionada às possibilidades de uso do Esporte Escolar. Acredito também que esta
iniciativa estimulará outras reflexões de professores e envolvidos coma Educação Física Escolar.
Obs . O autor João Ferreira Carvalho Junior (joaoferreira1980@yahoo.com.br ) é da UFRJ e teve como orientador
o prof Alex Pina de Almeida.
Referências
Resumo : O objetivo deste estudo foi apreender à luz da mudança do capitalismo ocorridas nas últimas
décadas, como se organiza a disciplina Educação Física na realidade da EMCM. Para a realização de tal, foram
discutidos, inicialmente, alguns conceitos importantes do modo de produção social capitalista para que pudéssemos
dizer que a sociedade, sob novas roupagens, ainda é capitalista. Em seguida, apresentamos os antecedentes
históricos relativos à crise mundial dos anos de 1970, buscando, sobretudo, compreendermos as implicações teóricas
e metodológicas para o campo educativo e, particularmente, para a Educação Física. Num segundo momento,
procuramos destacar quais seriam as principais demandas para a educação e suas repercussões para o ensino de
Educação Física no contexto do padrão de acumulação flexível materializada na LDB nº 9.394/96 e PCN. Já no último
momento do trabalho, realizamos um estudo de caso na escola supracitada, onde concluímos que mesmo num
momento em que a centralidade nos processos educacionais é ocupada por disciplinas que, sob o ponto de vista
hegemônico, possuem uma dimensão mais cognitiva a Educação Física pode vir a dar sua contribuição, através da
reafirmação de padrões de comportamentos que visam conformar o novo cidadão, trabalhador ou desempregado à
lógica do capitalismo contemporâneo. Nesses sentido, dizemos que a Educação Física imediatamente não contribui
para a formação exigida pela gestão do trabalho flexível, porém mediatamente sim, quando o trabalho pedagógico se
volta, essencialmente, para a perspectiva de instrumentalizar os alunos para a resolução de problemas e a tomada de
decisões acertadas ao longo da vida.
Palavras chaves : Pedagogia das Competências, Educação Física e conteúdo.
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Resumo : Este ensaio visa propor um possível caminho na tentativa de re-significar a prática pedagógica
daquele que possui a melhor ‘ferramenta’ (a ludicidade) e o melhor espaço (a quadra) para o ensino-aprendizagem in
vivo, literalmente falando: o professor de educação física. Fazendo uma análise da ludicidade por meio do estudo do
jogo, pretendo caminhar na direção de um possível caminho, buscando na relação humana com o jogo, uma possível
trilha por onde possam caminhar aqueles que levam a sério e amam o que fazem.
Palavras chave : jogo, ludicidade, vocação.
________________________________________
O jogo não é passível de ser traduzido em palavras, pois não se submete a racionalidade humana, entretanto, o
que pretendo é aproximar a compreensão do que vem a ser o jogo, limitando minha reflexão na citação de algumas de
suas características. Baseio esta aproximação no estudo clássico de Johan Huizinga (1988) intitulado Homo Ludens e
em alguns outros autores que trabalham o tema ‘jogo’ como uma totalidade a ser percebida e aplicada, mas nunca
reduzida a termos lógicos, como Silvino Santin, Friedrich Schiller e Jeferson Retondar.
“Antes de mais nada, o jogo é uma atividade voluntária. Sujeito a ordens, deixa de ser jogo,
podendo no máximo ser uma imitação forçada”. (HUIZINGA, 1988, p. 10) Daí o ensino do jogo
dever se dar de maneira bem sutil e delicada, pois se o professor tenta impor a sua vontade o
tempo inteiro, acabará por provocar a perda do encanto do jogo. Cenas do tipo que Santin (1994)
descreve: “Por isso não causa espanto uma criança perguntar à professora se a aula de recreação
acabou e, diante da resposta afirmativa, exclamar: Então, agora eu posso brincar.” (p. 166-167)
Seria precipitado dizer que, nestes termos, é impossível vivenciar o lúdico em aulas ministradas por professores
de educação física, pois ele não some com tanta facilidade assim, uma vez que sua essência está intricada na alma
humana e aflora, sem perceber, nas mais diversas ocasiões de jogo, orientadas ou não. O jogo existe antes da
formação cultural, os animais não precisaram de orientações dos homens para jogar, ele constitui uma das principais
bases da civilização.
Além da liberdade, o jogo se apresenta como uma atividade conscientemente tomada como não-séria, diferente
de dizer que o jogo não é sério uma vez que alguns jogos infantis são executados sem a menor tendência ao riso, na
mais profunda seriedade, tendo a capacidade de absorver completamente o jogador. Huizinga (1988) nos atenta para
o fato do jogo constituir uma tarefa sendo praticada nas horas de lazer em um tempo e lugar próprios, exterior à vida
habitual, segundo uma certa ordem e certas regras e desligada de todo e qualquer interesse material, sem objetivar
nenhum tipo de lucro a não ser o de jogar por si só. Outra característica do jogo é a capacidade de formar grupos
sociais que se rodeiam de mistério sublinhando uma diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou
outras maneiras semelhantes.
Diante disso, Schiller (1991) nos diz em sua série de cartas intitulada como A Educação Estética do Homem, que
“Pois, para dizer tudo de vez, o homem joga somente quando é homem no pleno sentido da palavra, e somente é
homem pleno quando joga. ” (p. 84, grifo do autor).
E é neste sentido que acredito ser um possível caminho para a re-significação da prática pedagógica do
professor de educação física.
Um possível caminho
Resumo : Este trabalho faz um breve resumo histórico dos caminhos e descaminhos que a Educação tem
percorrido ao longo dos anos, no que tange às questões voltadas para a Escola, incluindo seus partícipes e sociedade
como um todo agindo em seu cotidiano. Aponta e denuncia, especificamente, com relação à Educação Física a
carência de pesquisa dos professores e alunos da área da dança. Propõe incentivo à pesquisa com a intenção de
promover mudança de atitudes e como conseqüência o surgimento de uma prática que conduza à leitura inteligente
da atual realidade. ________________________________________
Primeira parte
As reflexões sobre os problemas educacionais inevitavelmente nos levarão a questões de valores intrínsecos do
cotidiano escolar. Precisamos ter consciência de que a educação visa o homem; e uma visão histórica de educação
mostra como esta esteve sempre preocupada em formar determinado modelo de homem. Isto envolve conflitos,
contradições e articulações de diferentes interesses nas Escolas, tanto públicas quanto particulares. Os indivíduos
variam de acordo com as diferentes exigências dos diferentes tempos. Historicamente, perpetuando até nossos dias
percebemos que a educação fluiu preocupando-se com o “produto” final que é o aluno. Daí, os profissionais da área
de educação continuaram aplicando métodos tradicionais, coerentes com as realidades e expectativas que se lhes
apresentavam.
O sistema educacional brasileiro, em todos os seus parâmetros, viveu uma pedagogia ideológica onde se
sobressaía à repetição de técnicas, deixando de contribuir para o desenvolvimento dos elementos contidos na ação
educativa.
A educação inserida no mundo capitalista se manifestou diante do jogo de forças e de poder internacionais, cuja
ideologia básica era o liberalismo, prática relevante que se destacava na contextualização da sociedade, através de
um processo de transformação que nada mais era do que uma constante reprodução do papel social, configurando o
modo de produção como uma definição na vida das pessoas.
Confrontando a realidade dos chamados aparelhos do Estado, dentre as inúmeras instituições, destacamos a
Escola onde se constatou uma tendência tradicional e reacionária na sua maioria, existindo, entretanto, os
transformistas em minoria, que buscavam mudanças e propostas, embora estivessem inseridas na política capitalista,
dissimulando os acontecimentos devido à hierarquia, protegendo seus empregos e/ou cargos, assim como um
respaldo para sobrevivência humana.
Transpondo a análise destas questões educacionais para nossos dias, apontamos que os problemas implicam
necessidades de reformulação e/ou atualização na formação de nossos profissionais. Torna-se mister termos
humildade suficiente para nos auto-analisarmos, fazendo uma retroação em nível de formação acadêmica. Esses
fatores interferem no processo de desenvolvimento educacional, deixando-se de proporcionar e verificar
questionamentos dos administradores e técnicos na ação pedagógica, tornando-os cumpridores de deveres do macro-
sistema; eternos cobradores de “papéis”; relatórios, pareceres e resultados finais, grandes fiscalizadores do trabalho
cotidiano do professor, esquecendo-se de suas verdadeiras funções. Agindo assim, permanecem profissionais
alienados que por sua vez colaboram para que os professores alienem o educando, deixando de proporciona-lhe
mudanças de comportamento social e intelectual, e conseqüentemente contribuindo para formação de seres acríticos,
passivos e despreparados para a vida. Desta forma, presenciamos conflitos entre os que estão sensibilizados,
comprometidos e anseiam por mudanças e os que se acomodaram às teorias e práticas tradicionais.
Em princípio abordamos grosso modo, algumas variáveis na forma como se estruturou a sociedade e como se
organizou o sistema educacional brasileiro. A partir daí, gostaríamos de mostrar nossa preocupação no que tange à
Educação Física e em especial aos professores e estudantes desta área que trabalham com dança.
Dois pressupostos merecem destaque; - a realidade não se desvenda em sua aparência, isto é, naquilo que
parece ser à primeira vista, mas em sua essência; - os elementos desta realidade estarão completamente elucidados,
restando, portanto sempre o que descobrir. Declaro assim, que a pesquisa é necessária e condicional para uma visão
crítica do mundo, devendo estar presente em todo ambiente educacional, seja como docente ou discente.
Nossa proposta, no que tange à pesquisa não é recente e nem tampouco inovadora. Trata-se, portanto, de uma
constatação atual, diante das reduzidas participações destes professores e/ou alunos em congressos, encontros ou
fóruns, resultando assim na carência de estudos e conseqüentemente na falta de bibliografia desta área da Educação
Física. Não deixando de citar também que hoje, já contamos com algumas Faculdades de Dança em nosso país.
Voltando ao passado, nos séculos XVIII e XIX, os professores da chamada Escola Tradicional já postulavam o
princípio de que o próprio aluno deveria descobrir e elaborar noções, porém a metodologia utilizada não se
compatibilizava com a proposta inicial. A metodologia tradicional colocava o aluno numa atitude passiva sob as regras
da exposição intuitiva feita pelo professor. Hoje, sob um discurso progressista, o quadro não se apresenta muito
diferente. Em substituição à exposição dogmática do professor temos o livro didático, a internet, o vídeo e o dvd que
muitas vezes não contém conhecimentos necessários nem para o professor nem para o aluno, mas que facilitam a
metodologia atual. Não descarto, nem inviabilizo tais utilizações, porém muitas das vezes, não há a preocupação
sobre o que poderia ser acrescentado ou mesmo questionado naquilo que é apresentado nestes meios como pesquisa
e, portanto conhecido.
Resumo: O presente trabalho vem defender uma nova proposta de interdisciplinaridade entre ucação Física e
Língua Portuguesa não sugerida nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Médio (2002): o trabalho com
teatro. O objetivo é ampliar as possibilidades de integração entre as disciplinas, com ganhos para ambos
profissionais. O método consiste na escolha de letras de músicas que serão interpretadas, discutidas e servirão de
base para a criação de peças de teatro. Os resultados consistem na construção de um novo entendimento sobre as
disciplinas, atribuindo à Educação Física questões não só ligadas ao esporte, e quanto à Língua Portuguesa
introduzindo o movimento, gerando uma nova compreensão do estudo de língua materna. O ganho para o corpo
discente e docente é uma maior integração entre os alunos e entre esses e os professores, acompanhado de um
significativo aumento da auto estima de todos.
Palavras chave : Teatro na escola; socialização.
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1. Introdução
O ensino em escolas hoje em dia está cada vez mais difícil: alunos indisciplinados, com baixa auto estima e
pouco participativos. Preocupadas com esta realidade, buscamos um trabalho que pudesse fazer frente a todas estas
questões e que promovesse uma melhora destes problemas especificamente nas aulas de Educação Física e de
Língua Portuguesa.
O objetivo deste trabalho é mostrar o meio utilizado para alcançar este fim: o teatro. Nosso trabalho mostrou-se
importante, pois aproximou os estudantes, criou um vínculo afetivo com os professores, e isto repercutiu em sala de
aula num melhor posicionamento disciplinar.
Este trabalho mostra-se particularmente interessante, pois interliga disciplinas sobre um viés diferente do
proposto pelo PCNEM (2002), que não só não atribui à Língua Portuguesa e à Educação Física o trabalho com o
teatro — deixando-o para Arte, como relega a primeira o trabalho com gêneros textuais, basicamente, e a segunda, o
trabalho com esportes, no máximo desenvolvendo a dança. O mesmo foi observado no material sobre reorientação
curricular, proposto pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (2004).
A interdisciplinaridade aqui deve ser feita como propõe BERNARDO (2000), para quem todas as disciplinas
devem organizar-se para contribuir para com o desenvolvimento da capacidade argumentativa dos alunos, porém
observando o seguinte comentário de FREIRE (1997): “a Educação Física não deve ser encarada como uma disciplina
auxiliar das outras, mas ter uma identidade própria, mantendo com as demais uma necessária interdisciplinaridade”
(p. 188).
O nosso trabalho será mostrado através de um exemplo, desenvolvido com uma turma de segundo ano do
Ensino Médio, a 2001, durante o ano de 2004, no Colégio Estadual Ana Néri, situado no município de Mesquita,
Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.
2. O teatro na sala de aula: uma proposta
Buscando uma proposta de Educação Física escolar socializadora e literária, e de um ensino de Língua
Portuguesa baseado, também, no movimento e no jogo, desenvolvemos uma atividade cujo interesse é despertar a
auto estima, a criatividade, a integração, a socialização e afetividade entre os alunos: o teatro.
Ainda em fase experimental, com uma turma de 2º ano do Ensino Médio, sugerimos uma atividade que
chamasse a atenção de todos, desde os mais tímidos, sem afetividade e habilidade física até os mais desinibidos e
Resumo : Trabalho relacionado à produção do conhecimento que teve como objetivos analisar as tendências da
pesquisa discente em educação física na escola e identificar seus enfoques e suas ênfases. O objeto desta pesquisa
é caracterizado pelas memórias de licenciatura que tenham como tema a educação física na escola realizadas no
Instituto de Educação Física e Desportos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Este estudo exploratório
utilizou uma análise documental e considerou o período de 1992 a 2004. Para analisar os dados foi utilizado o
Systematisation for Research Approaches in Physical Education – SRAPE, instrumento calcado em um modelo
heurístico baseado num construto do tipo input-output, que considera que os resultados das pesquisas têm causas
antecedentes (enfoque e ênfase escolhidos), além do processo (paradigmas e estratégias) adotado para a
investigação. Além disso, os dados foram tratados e apresentados pelas estatísticas descritiva e inferencial. Foram
identificadas 510 memórias de licenciatura em educação física, destas apenas 41 estavam relacionadas à temática da
educação física na escola que, em termos percentuais, indica 8,03 %. O enfoque pedagógico foi o predominante com
32 trabalhos (78,04%). Neste, 16 trabalhos tinham a ênfase Currículos e Programas; sete trabalhos com a ênfase
Aprendizagem; e nove com a ênfase Ensino. Em segundo lugar ficou o enfoque Técnico com três trabalhos (7,31%).
Neste, dois trabalhos possuiam ênfase em Biomecânica e um em Treinamento Desportivo. Em terceiro lugar ficaram
os enfoques Filosófico e Biológico com dois trabalhos cada (4,87%). Neste último, dois trabalhos possuiram ênfase
em Biometria. Por último, os enfoques da Promoção da Saúde e Socioantropológico com um trabalho cada (2,43%).
Neste último, a ênfase escolhida foi a Associativa. A educação física na escola, como tema de pesquisa, caracteriza-
se ainda incipiente nas memórias de licenciatura em educação física do IEFD/UERJ, que é considerado um Curso em
Licenciatura Plena.
Palavras-chave : tendências da pesquisa; memórias de licenciatura; educação física na escola.
________________________________________
Introdução
“Não só nos dias atuais, mas ao longo de seu processo histórico, as pesquisas na área de educação física
escolar parecem ser ainda incipientes. Em comparação com outras subáreas da educação física, como por exemplo:
fitness , desporto de alto nível, atividades em academias etc., a educação física escolar além de desvalorizada, parece
vir sendo preterida, tanto por graduandos, quanto por profissionais da área” (FARIA JUNIOR et. al., 2002).
Renata Piraciaba (2004) efetuou um estudo que teve como objetivos esclarecer qual a principal área de interesse
dos(as) formando(as) do Instituto de Educação Física (IEFD) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ao
término do Curso e se estes pretendiam prestar concursos públicos para a área da Educação Física na Escola. Além
disso, a autora procurou desvendar se esta área foi priorizada por eles(as) ao longo do período de graduação e,
concluiu que o “grau de interesse do formando do IEFD/UERJ em relação à educação física escolar é baixo por se
tratar de uma faculdade voltada para licenciatura [...]”.
Outro estudo realizado por Faria Junior e colaboradores (op. cit, 2002) “identificou que a incidência da escolha
da “educação física na escola” como temática de pesquisa, em dez anos de encontros de iniciação científica
organizados na UERJ, foi de 7, 77%. Dentre os 90 resumos analisados apenas sete (7) focalizaram a educação física
na escola, valor muito incipiente levando em consideração que se trata de um curso em licenciatura plena”.
A Resolução nº 3/87 (BRASIL, 1987) estabelece a exigência de elaboração de “ monografia ” para os cursos de
bacharelato. Primeiro, gostaríamos de destacar o reducionismo da legislação vigente, limitando aquela exigência aos
Trata-se de um trabalho exploratório que, segundo Triviños (1987, p. 109) “permitem ao investigador aumentar
sua experiência em torno de determinado problema e aprofundar seu estudo nos limites de uma realidade específica
[...]” que, nesse caso são as tendências das memórias de licenciatura em ‘educação física na escola’ realizadas na
UERJ.
Restava, então, delimitar o período de tempo a considerar na investigação. Price (1963, p. 6) analisando o
crescimento da ciência defende que, “para fins de análise, tomar um período de dez anos não é o ideal, mas é
freqüentemente útil”. O ideal seria um período de quinze anos, onde seria suficiente para permitir as análises e até
mesmo observar mudanças paradigmáticas. Entretanto, o período de 13 anos analisa todas as memórias de
licenciatura realizadas até dezembro de 2004, tendo as primeiras início em 1992.
Foram identificadas 510 memórias de licenciatura. Destas, apenas 41 dedicam-se à temática da “educação física
na escola” que, em termos percentuais, indica 8,03 %.
O enfoque pedagógico foi o predominante com 32 trabalhos (78,04%). Neste, 16 trabalhos tinham a ênfase
Currículos e Programas; sete trabalhos com a ênfase Aprendizagem; e nove com a ênfase Ensino. Em segundo lugar
ficou o enfoque Técnico com três trabalhos (7,31%). Neste, dois trabalhos possuiam ênfase em Biomecânica e um em
Treinamento Desportivo. Em terceiro lugar ficaram os enfoques Filosófico e Biológico com dois trabalhos cada
(4,87%). Neste último, dois trabalhos possuiram ênfase em Biometria. Por último, os enfoques da Promoção da Saúde
e Socioantropológico com um trabalho cada (2,43%). Neste último, a ênfase escolhida foi a Associativa.
A educação física na escola, como tema de pesquisa, caracteriza-se ainda incipiente nas memórias de
licenciatura em educação física do IEFD/UERJ, que é considerado um Curso em Licenciatura Plena.
Referências
BOTELHO, Rafael Guimarães; OLIVEIRA, Cristina da Cruz de. Bibliografia das 41 memórias de licenciatura em
educação física na escola / UERJ : 1992 a 2004. Rio de Janeiro: UERJ/ Biblioteca de Educação Física, Letras
e Artes – CEH-B, 2005.
BOTELHO, Rafael Guimarães; MIRANDA, Dominique C. S.; SANTOS, Daniela Maria Barreto dos. Dez anos de
Iniciação Científica na UERJ: a produção discente na área da educação física. In: SEMANA DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA, 11., 2002, Rio de Janeiro. Livro de Resumos. Rio de Janeiro: Departamento de Capacitação e
Apoio à Formação de Recursos Humanos, 2002. p. 133-134.
CRESPO, Antônio Arnot. Estatística fácil. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
FARIA JUNIOR, Alfredo; FARINATTI, Paulo; FERREIRA, Marcos Santos (Org.). Educação física: memórias de
licenciatura (1992 – 1994). Rio de Janeiro: UERJ, 1995.
FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. The teaching of physical activities for the elderly: the state of art. In: EGREPA
International Congress, 8., 2000, Brussel. Proceedings ... Brussels: ULB, 2000. p. 21 – 26.
FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. Trends of research in physical education in England, Wales and Brazil
(1975-1984) : a comparative study. 1987. Relatório (Pós-doutorado em Educação para a saúde e bem-estar) -
Institute of Education, University of London, London, 1987.
FARIA JUNIOR, Alfredo. Metodologia da pesquisa. In: FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de et al. (Org.). Uma
introdução à educação física . Niterói: Corpus, 1999. p. 445-482.
Resumo: Este estudo tem como objetivo principal apresentar propostas de aulas de Educação Física baseada
numa perspectiva de transformação didático-pedagógica do esporte. Procuramos mostrar a importância da prática
pedagógica das aulas de Educação Física abordando também o ensino do esporte, sem desmerecer o valor da cultura
corporal de movimento que também deve ser apresentada pelo professor, em tais aulas.
A metodologia do estudo é revisão bibliográfica, pautada nas idéias de ELENOR KUNZ, mas também,
referendadas pelos PCN’s e LDB, sendo desenvolvida a partir da leitura de material constituído principalmente de
livros. É de natureza exploratória, pois buscamos saber mais sobre o tema abordado.
________________________________________
Introdução
Nos últimos anos podemos observar que a Educação Física brasileira tem investido num desenvolvimento cada
vez mais voltado para a prática educacional. Embora ainda possamos ver o modelo tradicional persistindo, ainda hoje,
temos contra isso a própria legislação a nosso favor, que torna a Educação Física componente curricular obrigatório
nas séries da Educação básica (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96).
Fomentando esta visão, temos hoje um referencial teórico que norteia a educação brasileira, que são os
Parâmetros Curriculares Nacionais.
Elucidando esta nova proposta pedagógica apresentamos este estudo que aborda um novo modelo de proposta
pedagógica para o esporte. O estudo nos fez conhecer a transformação didático-pedagógica do esporte para as aulas
de Educação Física Escolar.
Num primeiro momento faremos uma breve revisão histórica sob uma visão crítica e emancipatória dos modelos
anteriores das aulas educação física escolar, a partir da década de 80. Em seguida apresentaremos algumas
mudanças pedagógicas observadas; elucidaremos o compromisso do esporte numa transformação didático-
pedagógica e apresentaremos algumas práticas concretas para as aulas de educação física, com a abordagem do
esporte.
Visão crítica e emancipatória para uma aula de educação física escolar
Levando em consideração a abertura política que o Brasil viveu na década de 80, observa-se nessa época o
início de um período de denúncia e crítica das circunstâncias que viam no esporte um subterfúgio para mascarar as
necessidades sociais que já existiam na sociedade brasileira. Tais necessidades levavam o incentivo ao esporte por
parte dos trabalhadores e operários. Desta forma o esporte era usado para que os trabalhadores tivessem um melhor
desempenho nas atividades desenvolvidas no seu trabalho. Vários autores surgem nesta época para fazer uma
análise-crítica desta linha de raciocínio, oferecendo algumas quebras de paradigmas. Podemos encontrar, citado por
KUNZ (1994:16) tais autores como: João P. Medina, Vitor M. de Oliveira, Cátia Cavalcante, Walter Bracht, Celi N. F.
Tafarel entre outros.
Diante de algumas abordagens críticas do que aconteceu nesta análise da concepção de ensino para a
Educação Física, vamos encontrar algumas condições inumanas destas, como por exemplo o esporte de auto-
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 301
rendimento que era feito de forma precoce com os alunos nas séries iniciais (na época, as séries iniciais eram de 1ª à
4ª série do primeiro grau – Lei 5692/71). As aulas de Educação Física eram ministradas pelos próprios professores de
sala de aula (categoria II), estes sem qualificação específica para tal. Não havia exigência para isso. No entanto,
quando existia um profissional de Educação Física, este ministrava suas aulas voltadas para o esporte de auto-
rendimento. Eis aí uma polêmica. A própria legislação para a Educação Física Escolar emitida pelo MEC (1980)
proibia que o aluno ingressasse no auto-rendimento, antes dos dez anos de idade. No entanto, o estudo entende que
tais professores só sabiam fazer desta forma.
Para a possível solução deste problema surge a psicomotricidade, sob a orientação de Jean Le Bouch, na
França. Este modelo, que não é nacional, apresenta uma proposta de aulas de Educação Física que atendam as
necessidades básicas e imediatas da criança para auxiliar na construção de seu conhecimento sem que haja
necessidade de expô-la ao auto-rendimento. A Educação Física passa a ter uma visão de auxílio a outras disciplinas
da matriz curricular da escola. No entanto, segundo BRACHT (1992:27), este tipo de tentativa de ensino restringe-se a
“instrumentalizar o movimento com vistas às tarefas fundamentais da escola”.
Na verdade, ambas as críticas se diferem, sem no entanto, apresentar uma resposta prática e significativa para
as aulas de Educação Física. A primeira nos remove a um passado não tão distante, de valorização do esporte de
auto-rendimento, onde tudo parecia errado. A Segunda nos apresenta um modelo alternativo, que visa auxiliar o
aprendizado pedagógico da escola, dando a Educação Física um perfil de auxílio ao Ensino Escolar. Sabemos que a
Educação Física não é só isso. Seu compromisso com o aluno vai muito mais além.
Mudanças pedagógicas para a educação física escolar
Elenor Kunz, a partir da década de 90, surge com uma proposta crítica-emancipatória para as aulas de Educação
Física Escolar. Nesta proposta observamos que o esporte passa a ter novas perspectivas educacionais que atendam
as necessidades de um maior grupo de alunos, rompendo com a visão tecnicista de auto-rendimento já observada
neste estudo.
Como trabalhar com o esporte dentro desta proposta de transformação didático-pedagógica? Esta é uma
problematização que norteia este estudo, pois nas palavras de KUNZ (1994) encontramos que o movimentar-se é
inerente ao homem, assim como também necessário. Essa real necessidade de movimento é desenvolvida pelo
homem quando este pratica algum esporte, ou como o mesma cita: “O objeto da pedagogia da Educação Física e dos
Esportes, assim, se estende ao se-movimentar do homem, o que não implica num homem abstrato, mas no homem
que tem história, que tem contexto, que tem vida, que tem classe social, enfim, um homem com inerente vontade de
se-movimentar.”
O compromisso do esporte numa proposta didático-transformadora
Toda prática educacional tem a intenção de auxiliar na construção do conhecimento do aluno. Em se tratando da
Educação Física escolar, não deve ser diferente. Observamos com o estudo que o esporte precisa ser abordado nas
aula sem, no entanto, valorizar o auto-rendimento. Abordar o esporte nas aulas de educação física, pode ser feito,
inclusive dentro da proposta da cultura corporal, pois este pode fornecer ao aluno diferentes possibilidades de
viabilizar o aprendizado de forma pedagogicamente relevantes, ou como afirma KUNZ (1994:73), a transformação
didática do esporte nas aulas de educação física: “[...] propicia a compreensão crítica das diferente formas da
encenação esportiva, seus interesses e seus problemas vinculados ao contexto sóciopolítico. É, na prática, permitir
apenas o desenvolvimento de formas de encenação do esporte que são pedagogicamente relevantes.”
Práticas concretas do esporte, para as aulas de educação física escolar
As aulas de Educação Física, com a introdução didático-pedagógica do esporte podem ser realizada de forma a
superar a reprodução da técnica pela técnica. Ela pode ser desenvolvida num contexto onde o professor viabilize as
descobertas de seus alunos pelas próprias experiências, levando-o a ter uma maior participação com o sucesso em
atividades que estimulem o movimento dentro do esporte.
Neste sentido as aulas com abordagem esportiva visam transcender: limites pela experimentação, que
proporciona vivência de diferentes movimentos; limites pela aprendizagem, esta trás uma vivência que viabiliza o
aprender a fazer e limites pela criatividade, que proporciona alternativas para ajudar em soluções para novos
problemas, auxiliando na construção de sua autonomia.
302 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
Segundo Elenor Kunz (1994), a transformação didática-pedagógica do esporte se dá a partir, da utilização de
três categorias pedagógicas para o ensino crítico-emancipatório: trabalho, interação e linguagem.
Enquanto trabalho pode-se observar dois momentos: o primeiro momento desenvolvido pelas experimentações
individual e coletiva, onde arranjos materiais ou situações problemas são criados para que os alunos experimentem as
suas possibilidades, sem a utilização de técnicas específicas. É a fase de descoberta de professores e alunos no
mundo do movimento de seu contexto de vida. Num segundo momento a situação de trabalho pode ser feita com a
possibilidade da escolha de determinada tarefa que precisa de treino ou do exercício continuado de determinadas
habilidades e devem ser feita de maneira prazerosa e alegre.
Na categoria interação o aluno não descobre e não desenvolve experiências sozinho. Mesmo na fase de
transcendência de limites pela experimentação, é possível que os alunos trabalhem em pequenos grupos e auxiliem
mutuamente para superar certas barreiras de medo, da insegurança e da falta de algumas habilidades para a
atividade pretendida. KUNZ, enfatiza a necessidade de se levar a sério o trabalho coletivo, pois este contribui para a
formação da competência social do aluno.
Para a categoria linguagem ela dá mais destaque à competência comunicativa do aluno quando este faz uso de
sua linguagem verbal e, especialmente, de movimentos. Mas essa competência precisa ser ensinada, exercitada em
aula pois é fundamental para o desenvolvimento de um “pensar crítico” do aluno. Levar o aluno a falar sobre suas
experiências, suas frustrações e seus sucessos, fazê-lo descrever situações e problemas, expressar e encenar
movimentos de forma comunicativa e criativa foi considerado neste estudo um fator importante e necessário para um
ensino crítico-emancipatório.
Considerações finais
Este trabalho não tem a intenção de ser um modelo pronto de metodologia de ensino, mas sim de ser uma
apresentação de possíveis perspectivas de aulas de Educação Física com a introdução do esporte. Não do esporte
que valoriza o auto-rendimento na escola, muitas vezes de forma precoce e inumana, desestimulando um grupo maior.
No entanto dentro desta abordagem diático-pedagógica que este estudo procurou mostrar. Isso pode ser transformado
num desafio: levar para a escola aulas de Educação Física que serão capazes de oferecer um aprendizado voltado
para emancipação do jovem, mais preocupada com a formação deste cidadão do que com a instrumentalização
técnica destinada ao trabalho.
Dentro desta proposta fica uma utopia dita pelo autor: “A educação física sendo introduzida de forma competente
e organizada será capaz de colaborar para a formação de indivíduos críticos e emancipados.” Isso poderia
redimensionar a educação do jovem no Brasil, podendo ser acompanhada pelos outros professores das outras
disciplinas, pois na verdade a formação educacional não é feita por uma única disciplina na escola.
Obs . Os autores, Marcelo Vieira dos Santos, Icleia Batista Neder, Márcio Rodolfo Fonseca, Penha de Souza
Paulo e Rodrigo Barbosa são graduandos da UNIABEU. E-mails: celosantos@yahoo.com.br, cleocris@ig.com.br,
elisaeri@ig.com.br, penha1paulo@bol.com.br, rodrigobcms@ig.com.br
Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: educação física. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL/MEC. Lei no. 9394 de Dezembro de 1996 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, Ministério da
Educação e do Desporto, 1996.
Coletivo de Autores. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
KUNZ, Elenor. Transformação Didático-pedagógica do Esporte. 4ª ed. Ijuí – RS: UNIJUÏ, 2001
Resumo : O objetivo deste artigo é discutir a presença dos jogos populares na escola, especificamente nas
aulas de Educação Física. Para tal foi realizado um levantamento daqueles que são conhecidos e praticados pelas
crianças de turmas do 2 o segmento do ensino fundamental de escolas públicas dos municípios do Rio de Janeiro, de
Duque de Caxias e turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) de São João de Meriti.
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Ao pesquisarmos sobre a utilização do jogo no âmbito escolar, e no contexto das aulas de Educação Física,
identificamos que diferentes autores têm apontado a necessidade da preservação e inserção da cultura dos jogos
populares (MELLO, 1985; MARCELLINO, 1989; SOARES et al, 1992; KISHIMOTO, 1993; LIMA, 1995; MENEZES e
FRANÇA, 1998; FONSECA 2000, RETONDAR, 2000). Na opinião desses autores, a inserção dos jogos possibilitará
uma valorização da criança e da cultura popular infantil, contribuindo para a sua formação cultural.
Tal indicação também é abordada nos “Parâmetros Curriculares Nacionais”, referentes à Educação Física (1998),
na apresentação de um dos seus temas transversais que trata da questão da pluralidade cultural. Neste aspecto, o
documento procura mostrar que no Brasil as danças, os esportes, as lutas, os jogos e as ginásticas sofrem uma
variada combinação de influências étnicas, sociais e regionais, compondo um amplo patrimônio cultural que deve ser
valorizado, conhecido e desfrutado. Exemplifica que:
“Na escola, a Educação Física pode fazer um trabalho de pesquisa e cultivo de brincadeiras, jogos,
lutas e danças produzidos na cultura popular, que por diversas razões correm o risco de ser
esquecidos ou marginalizados pela sociedade. Pesquisar informações sobre essas práticas na
comunidade e incorporá-las ao cotidiano escolar, criando espaços de exercício, registro,
divulgação e desenvolvimento dessas manifestações, possibilita ampliar o espectro de
conhecimento sobre a cultura corporal de movimento. Desta forma, a construção de brinquedos, a
prática de brincadeiras de rua dentro da escola, a inclusão de danças populares de forma
sistemática – e não apenas eventual – nas festas e comemorações contribuem para a construção
de efetivas opções de exercício de lazer cultural e para o diálogo entre a produção cultural da
comunidade e da escola” (p. 39).
Ao pesquisar os argumentos que justificam a utilização do jogo na escola, Santos (2004) identificou que os
autores defendem a sua inserção partindo da crítica de que existem alguns impasses e lacunas sobre o jogo infantil
que acabam levando a sua não utilização ou a sua desvalorização, seja no contexto escolar ou fora dele.
Um primeiro problema identificado decorre da diminuição dos espaços do jogo na vida cotidiana das crianças em
função da menor disponibilidade de espaços urbanos para que elas possam brincar.
“O crescimento dos centros urbanos traz consigo não só os benefícios de uma vida mais
confortável, graças aos avanços tecnológicos, mas também o aumento da violência que faz com
que a população de modo geral se refugie cada vez mais dentro de suas casas, reduzindo desta
forma o espaço para a prática de atividades lúdicas, ou centralizando estas práticas a locais
fechados e construídos para suprir necessidades de lazer como os clubes, parques fechados e
áreas de recreação de prédios e conjuntos habitacionais, por exemplo. Isto, aliado aos brinquedos
A partir da pesquisa realizada com os alunos foram identificados 124 jogos e brincadeiras agrupadas, por nós,
em seis categorias, a saber: a) jogos populares; b) jogos cognitivos; c) brinquedos cantados; d) jogos simbólicos; e)
brinquedos e jogos de tabuleiro; f) jogos eletrônicos.
No caso dos jogos populares os alunos relataram conhecer uma grande variedade deles. Alguns mantiveram as
suas características tradicionais e outros foram sendo modificados e incorporados à cultura lúdica dos alunos. Esse foi
o caso, principalmente, dos piques. Podemos citar como exemplo as variações do pique cola (americano, estátua e
gelo), do pique ajuda (pique corrente), do pique pega (pique tá e tubarão) do pique parede (alto e fruta) e do alerta
(alerta cor). Outro jogo que revelou uma modificação na sua dinâmica foi o passa anel. Atualmente, tal jogo ficou
conhecido como “palitinho”, no qual o palito deve ser passado boca a boca. Já no caso do “bafo-bafo” as figurinhas
foram substituídas por “novas figurinhas” que são os tazos.
Foram identificados também nessa categoria outros jogos bastante recorrentes. Assim, temos o pique bandeira,
polícia e ladrão, amarelinha, meus pintinhos venham cá, batatinha frita 1, 2, 3, mamãe posso ir, cabra-cega, “bem que
Bruno Gawryszewski
Marcello Bernardo
Resumo : A Educação Física, ao longo de sua trajetória, sempre teve dificuldade em se auto-afirmar dentro da
escola. Mesmo quando se mostrou prioritária para o projeto dominante de sociedade, seria uma disciplina desprovida
de maior valor intelectual para a formação dos alunos. Entendendo a Educação Física como uma prática
eminentemente pedagógica, os professores devem ter clareza da importância de sua intervenção educacional. Por
isso, o trabalho se propõe a buscar elementos de como a Educação Física vem se configurando nas escolas
particulares do Rio de Janeiro, em meio a crescente transformações e reformas no interior do Estado brasileiro e do
mundo do trabalho. Procuramos investigar por meio de entrevistas com os coordenadores da disciplina Educação
Física aspectos relativos aos conteúdos ministrados curricularmente, a importância que esta adquire na escola e sua
relação com a sociedade que se impõe dentro de uma lógica competitiva e excludente.
________________________________________
Há muito se discute a real importância da Educação Física Escolar, assim como seus conteúdos, relação com
outras disciplinas e a sua definição epistemológica. A primeira questão a ser levantada é o constante debate que
perdura há várias décadas sobre “o que é a Educação Física?”. Levando em consideração a definição do Coletivo de
Autores (1992), a Educação Física seria “uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de
atividades expressivas corporais como jogo, esportes, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de
conhecimento que podemos chamar de cultura corporal” (p.50).
Concordando com a definição proposta pelos autores, estamos (re)afirmando a Educação Física enquanto uma
intervenção eminentemente revestida de sentido docente. Para isso, entendemos que os professores de Educação
Física precisam levar a sério sua formação e ter a clara consciência de seu trabalho dentro da escola. A marginalidade
da disciplina, já outrora vivenciada por muitos dos atuais professores, ainda parece se fazer presente no cotidiano
escolar e acreditamos que o professor de Educação Física também deve fazer parte da valorização de seu trabalho,
fazendo dele uma apreensão da realidade e acreditando que a mudança de paradigmas societais é possível.
Persistindo no entendimento de que a Educação Física é uma prática pedagógica, logo ela não está descolada
do mundo em que vivemos, mas sim como afirma Freire (1996) “a educação é uma forma de intervenção no mundo”
(p.98).
Não estar alheia ao que acontece mundo afora faz com que a Educação Física também sofra com os efeitos
perversos que o sistema capitalista vem infringindo a toda uma classe de trabalhadores assalariados que fazem a via-
crúcis da sobrevivência diária. Parece-nos imperativo compreender a Educação Física dentro de uma totalidade
concreta forjando-se no interior de um projeto histórico estruturado.
Após um longo ciclo de crescimento de intensa acumulação de capitais por meio da fase fordista/keynesiana, o
capitalismo a partir dos anos 70 começa a dar sinais de um quadro crítico pela queda de sua taxa de lucro. Como
resposta à sua própria crise, iniciou-se um processo de reestruturação do capital seguido também por um intenso
processo de reestruturação da produção e do trabalho. Para recuperação de seu ciclo reprodutivo de lucro, sua
resposta tinha que ser dada por meio de reformas estatais que se adequassem à nova lógica do sistema produtivo
(ANTUNES, 1999).
A realização desta pesquisa foi executada com visita a quatro escolas particulares onde realizamos entrevistas
semi-estruturadas com os coordenadores da disciplina de Educação Física. Todas as entrevistas foram registradas por
meio de fita microcassete e nossa análise se propõe a refletir sobre a Educação Física Escolar a partir do discurso
desses professores. Com o propósito de preservar nossas fontes, o nome dos colégios e seus professores serão
identificados sob a forma de letras (A, B, C e D).
Educação física = esporte?
Notadamente, sabemos que o esporte ocupa um lugar privilegiado na sociedade contemporânea, seja pela
massificação de praticantes que este adquiriu, seja pela midiatização por meio das transmissões esportivas e
programas jornalísticos específicos.
Assim, o esporte se desenvolveu como uma mercadoria a ser vendida, mercadoria esta que criou um novo
segmento de atuação profissional com interesses comerciais, técnicas de transmissão, marketing , formação
profissional, misturado a um ingrediente a mais: a paixão dos torcedores. O fomento à dedicação dos torcedores ao
seu clube ou ao país é o que fundamentalmente sustenta o negócio da indústria esportiva.
Sua relação com a Educação Física se intensificou muito a partir dos anos 60 com a crescente esportivização
dos conteúdos ministrados na escola. Vinculado a um projeto de aprimoramento da aptidão física da população, a
performance esportiva tornava-se, na Educação Física, um simulacro da ordem de produtividade e eficiência ao
modelo de sociedade do regime militar (CASTELLANI FILHO, 1991).
A relação tão próxima entre a Educação Física e o esporte fez com que ambos sejam propagados quase como
sinônimos, o que fica evidenciado na fala dos professores entrevistados. Quando perguntados sobre os conteúdos
ministrados, todos admitiram que a iniciação esportiva era exclusiva a partir da 5 a série, com a exceção da escola B,
onde a iniciação começa na 6 a série.
A iniciação esportiva nas escolas mencionadas corresponde fundamentalmente ao conhecimento de técnicas,
regras e táticas dos esportes de quadra tradicionais, podendo ser encontrada algumas variações na evolução do
conteúdo (volei, basquete, futsal e handebol). O professor A declara que a partir da 8 a série em diante “o trabalho é
mais voltado para a formação de equipes esportivas e preparação para competições”. O mesmo professor quando
perguntado sobre a importância da Educação Física responde que é “levar para as crianças o prazer pela atividade
esportiva”. Como levar o prazer às crianças se elas são impelidas a assistirem aula em “ritmo de competição”. Diante
A falta de políticas públicas universais é notória no Brasil, substituindo-se acesso livre à política de cotas, bolsas
e auxílios. Quando pensamos no ensino superior, logo a palavra vestibular vem associada a este. Regido por uma
lógica meritocrática, camuflado por um ar de democracia que não leva em conta o processo histórico de vida dos
indivíduos que vivem em um país de fortes contradições de classe, este sistema seleciona àqueles que vão ter o
direito de ingressar na universidade.
Quando o assunto é o vestibular, à Educação Física cabe dois papéis possíveis: vilã ou relaxadora. Dizemos que
se trata de uma vilã porque se a Educação Física não se mostra prioridade na formação de competências ao
indivíduo, tanto na carreira profissional, quanto na lógica funcionalista do vestibular, ela seria uma perda de tempo
para os alunos que estão próximos de prestar o vestibular. Por isso, a Educação Física enquanto disciplina
reprodutora de movimentos, vinculada ao projeto hegemônico, não se mostra mais central na formação dos indivíduos
para o atual mundo do trabalho (NOZAKI, 2004).
Das quatro escolas visitadas, em três a Educação Física não se mostrava obrigatória no terceiro ano do Ensino
Médio, sendo que em uma, a facultatividade já ocorre desde o primeiro ano. Nos três colégios, foi mencionada a
necessidade que a escola tem de priorizar a preparação para o vestibular e, por conta disso, a Educação Física teria
de ser suprimida.
Esse é um pré projeto que deverá dar origem a um projeto de Escola de Educação Física a ser criada na
Universidade Federal Fluminense.
No decorrer das discussões e mesmo durante a fase de redação do que foi discutido, em que lacunas foram
preenchidas pelo redator, fomos percebendo a nossa incapacidade em solucionar os inúmeros problemas que iam
surgindo. A denominação de pré- projeto em si, já indica que esse é um estudo inacabado que será complementado
pelos demais professores do Departamento de Educação Física da Universidade Federal Fluminense, todavia,
consideramos que a indicação de inacabado está para muito além do momento em que o projeto estará pronto para
seguir os trâmites legais. Temos consciência das dificuldades que teremos para implantar o que idealizamos e
sabemos que será experimentando, avaliando, e propondo novas alternativas, num processo continuo, que não deverá
ser jamais interrompido, sob pena de nos tornarmos anacrônicos, que iremos aperfeiçoando a nossa proposta.
Pensar o Projeto deste Curso nos provoca a sensação de enorme ansiedade positiva, pois entendemos a
oportunidade que temos de poder corrigir os erros que vimos identificando na formação dos professores de Educação
Física. Entretanto, não ignoramos as dificuldades que enfrentaremos para concretizar essa tarefa. Os problemas são
muitos mas nos dispomos a enfrenta-los. Entendemos não ter a solução ótima, entretanto, envidaremos todos os
nossos esforços no sentido de construir a melhor alternativa possível. De uma coisa estamos certo não queremos
repetir os erros já cometidos sem ao menos tentar sana-los.
A ordenação das idéias que ora descrevemos são fruto de leituras, de aplicação pratica do que foi lido, de
reflexões sobre as leituras e as nossas praticas. Não, foi portanto, feita uma construção em etapas o conhecimento foi
se avolumando e se misturando em nossas cabeças em nossas falas, nos textos que escrevemos e em nossas ações.
A opção que fazemos pela maneira que ordenamos o projeto é apenas uma das possibilidades que para nós faz
sentido. É possível, no entanto, que o leitor, habituado a uma organização de idéias que parte da teoria para a prática,
estranhe essa nossa opção. Consideramos no entanto, que ao fim da leitura do projeto as idéias possam ser
plenamente entendidas.
Optamos por escrever o texto na seguinte ordem: A Educação Física na Universidade Federal Fluminense, os
princípios e conceitos que orientam a nossa análise (1), a história que nos marcou, a Educação Física e sua relação
com o momento histórico, a conjuntura, a realidade brasileira, a proposta, e as disciplinas.
“A história da Educação Física na UFF”, permitirá ao leitor fazer algumas inferências sobre quem somos nós.
O item relativo aos “princípios e conceitos” fornecerá um indicador de porque fazemos as interpretações que
fazemos e porque propomos determinadas soluções. A análise dos fatos registrados no item.“ A história que nos
312 Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
marcou” tem como objetivo nortear a compreensão do raciocínio realizado para chegar a determinadas soluções,
como por exemplo, a da necessidade de aliarmos a teoria à prática. O item “ A Educação Física e sua relação com
os momentos históricos” indica a necessidade de se adequar os conceitos aos diferentes momentos históricos. Os
itens “Analise de conjuntura” e “A realidade brasileira” seguem uma ordem lógica que começou no item “A
Educação Física e os diferentes momentos históricos.” Se entendemos que a Educação Física esta
historicamente situada, para entende-la, hoje, temos que conhecer a atual conjuntura e a realidade brasileira.
Finalmente chegamos ao item “As propostas” que nada mais é do que um resumo do que foi discutido durante o
corpo do projeto. O último item "As disciplinas” são os instrumentos através dos quais operacionalizaremos as
nossas proposta.
A educação física na Universidade Federal Fluminense - um pouco de nós
A Universidade Federal Fluminense (UFF) implementou a Educação Física a partir de agosto de 1975,
atendendo uma necessidade legal de oferecer, obrigatoriamente, prática desportiva a todos os alunos nela
matriculados.
Essa atitude autoritária do governo ditatorial se baseava na compreensão de que a implantação da Educação
Física desportiva na Universidade ajudaria a afastar os alunos dos diretórios e conseqüentemente da luta política.
Alem da formação esportiva, um outro objetivo expresso na lei era o do desenvolvimento da aptidão física.
A imposição da Educação Física por força de lei, impediu que a sua implantação fosse fruto de discussões e
reflexões enfim de uma decisão fundamentada que resultaria na criação do Setor e sua conseqüente integração à
comunidade acadêmica da UFF.
Um outro problema gerado no momento da implantação foi a Educação Física ter sido considerada,
administrativamente, como coordenação, enquanto todos os demais setores que se encarregavam do ensino tinham
na sua menor célula o departamento e estavam reunidos em Institutos, Faculdades ou Escolas. Estar definido
enquanto coordenação contrariava a norma de inserção na estrutura organizacional da Universidade não estando
ligada aos Centros Universitários e não fazendo parte dos Conselhos Superiores, estando, portanto, excluída da
vida da Universidade e das decisões.
Apesar dessa inserção equivocada da Coordenação de Educação Física dentro da estrutura administrativa da
Universidade Federal Fluminense, e conseqüentemente das inúmeras dificuldades decorrentes da classificação
burocrática que nos atribuíram os professores do setor, desde a fundação, entenderam-se como pertencentes à
área acadêmica, desenvolvendo funções de ensino, pesquisa, e extensão.
Na área da docência, desde os primeiros semestres da criação da Coordenação de Educação Física,
desenvolvemos a nossa função de ensino por intermédio da Sub-Coordenação Curricular, hoje denominada de
Setor de graduação, através da qual viemos oferecendo créditos para os alunos de todos os cursos da
Universidade (2). O que era compulsório até 1992 passou desde então a ser opcional. Fomos uma das primeiras
Universidades a voluntariamente decidir que a Educação Física se tornasse uma disciplina eletiva.
Desde o início, desenvolvemos inúmeros projetos de extensão, dentre os principais, podemos citar: a Colônia
de Férias de Pinheiral, Cursos de capacitação de professores em Óbidos e Oriximiná, e as Olimpíadas internas da
UFF.
Não, nos descuidamos da pesquisa que até então era praticamente inexistente na nossa área. Criamos grupos
de pesquisas e realizamos os nossos primeiros estudos. O envolvimento com a produção de conhecimento de
forma sistemática e mais as discussões e reflexões que fazíamos sobre a nossa pratica nos levaram em 1976 a
organizar um Encontro para discutir as propostas relativas a Educação Física Curricular, que estavam sendo
desenvolvidas nas Universidades do Grande Rio.
Dessa forma, logo no primeiro semestre de sua implantação, demonstrávamos nossa determinação/tendência
para a efetiva participação da vida universitária da UFF, considerando os objetivos que a norteiam que é do
desenvolvimento do Ensino – Pesquisa - Extensão.
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 313
O Projeto de implantação dessa Coordenação de Educação Física e Desportos previa, prioritariamente,
oferecer as aulas de prática desportiva, sob a forma de iniciação, aos alunos da universidade, sem todavia
discriminar aqueles que queriam participar de competições esportivas. Portanto alem das aulas mantínhamos
equipes de treinamento. No entanto, desenvolver esta atividade dentro de uma lógica do que considerávamos ser a
de um esporte universitário, onde os participantes na sua maioria não eram atletas de nível, local, nacional ou
internacional, muitos deles começavam a praticar o esporte na Universidade e por adquirirem o gosto pela atividade
passavam a participar dos treinamentos.
Esse foi um período da nossa história em que se dava uma grande importância a formação de atletas em
detrimento de uma Educação Física que não considerasse apenas os melhores dotados fisicamente, mas a todos
em geral, independentemente de suas habilidades e qualidades. Fato este que foi comprovado por ocasião do
Encontro que realizamos em 1976 com o objetivo de identificar o que era oferecido em termos de Educação Física
para os alunos das demais Universidades do Grande Rio. Durante esse Encontro pudemos observar que a única
dessas Universidades a dar importância aos alunos em geral e não apenas aos atletas era a UFF.
As demais Universidades seguiam uma lógica completamente diferente da nossa que era a da promoção da
Universidade através da vitória dos atletas em competições esportivas. Para atender este objetivo elas contratavam
através de bolsas de estudos os melhores atletas de cada modalidade para compor suas equipes. Como esse tipo
de atitude era incompatível com o que pensávamos, optamos por não escrever nossos alunos em competições
oficiais, e nossas equipes só participavam de eventos amistosos. Não participávamos dos encontros da Federação
esportiva Universitária que na verdade reproduzia as competições das Federações esportivas não universitárias.
Aqueles atletas tardios que formávamos aqui na UFF não tinham a menor chance de competir com os atletas
“profissionais” que compunham as equipes das demais Universidades. Sabemos que atletas de alto nível são
formados com base numa preparação intensa e muitas horas de treinamento que começa na infância. Portanto,
considerávamos aqueles eventos como uma farsa da qual não queríamos participar.
O treinamento para nós era apenas uma etapa mais avançada do nível de aprendizado que desenvolvíamos
na Educação Física curricular, e tinha como objetivo permitir que o aluno que gostava de competir e queria se
aperfeiçoar tivesse essa oportunidade.
Na Educação Física curricular passamos a lidar com adultos que na sua grande maioria nunca haviam
vivenciado, nenhuma pratica esportiva. Os programas elaborados para as diversas modalidades oferecidas
indicavam como nos professores não fazíamos distinção entre aula e treinamento. Consciente ou
inconscientemente programávamos um detalhado planejamento extremamente técnico para pessoas que jamais
seriam atletas. Gradativamente fomos observando que aquela programação não era adequada para aqueles alunos.
Todos se inscreviam na disciplina porque eram obrigados, a maioria ou não tinha tido nenhuma experiência anterior
com Educação Física ou tinha tido uma experiência desagradável. Esse quadro nos fez refletir e fomos
gradativamente mudando a nossa maneira de dar aulas, procurando reduzir o conteúdo técnico e tornar as aulas
mais agradáveis. Ao cabo de alguns períodos entendemos que as técnicas a serem transmitidas aos alunos
deveriam ser aquelas suficientes para permitir que eles participassem da atividade e dela tirassem prazer. Essa
experiência com alunos adultos, além de nos ter permitido elaborar um método de ensino para aquela clientela nos
fez refletir sobre a Educação Física em geral e em muito influenciou os nossos conceitos sobre a disciplina. Hoje, a
nossa principal preocupação é em construir uma concepção de Educação Física que não seja excludente.
A meta referente à qualificação dos professores do nosso Departamento foi, inicialmente, bem sucedida, pois
apesar da inexistência de cursos “stricto sensu” específicos na área de Educação Física no Brasil, os professores
procuraram, realizar a capacitação nos mestrados de Educação, a outra alternativa foram os mestrados específicos
da área no exterior. Os conhecimentos, principalmente aqueles advindos da área de Educação, muito contribuíram
para melhorar a visão pedagógica que tínhamos da nossa área. Por outro lado, aqueles que buscaram sua
capacitação no exterior, nos cursos “stricto sensu” na área específica da Educação Física, também contribuíram
com novos conhecimentos e conseqüentemente para alimentar o debate sobre a profissão.
A Educação Física brasileira importou os seus modelos até a década de oitenta, essa importação nos levou a
adotar propostas sueca, francesa, americana sem que elas fossem adequadas a nossa realidade. Na verdade era uma
Educação Física cujas propostas não só atendiam mais especificamente (4) aos interesses da classe dominante, como
também ajudavam a perpetuar ideologicamente os valores dessa classe estendendo-os a todos como se fossem
únicos, não considerando conseqüentemente os interesses e necessidades da imensa maioria de excluídos do nosso
país. O nosso pensar e o agir são fortemente influenciado pelos valores impostos pela classe dominante que procura
mascarar a realidade com o objetivo de nos levar a crer que existe uma só verdade e que os valores são absolutos.
Essa estratégia minimiza os conflitos e concorre para manutenção da ordem, perpetuando a sociedade, tal qual ela é
(CHAUI, 1990). Se entendermos que as informações, comportamentos e valores transmitidos em sociedade cumprem
Entendemos que examinar a história da Educação Física brasileira nos ajudará em muito a entender os nossos
problemas e a buscar as soluções. Nos ateremos, no entanto a discutir os pontos que entendemos ter maior
relevância para esse projeto. Consideramos que um dos principais pontos dessa discussão deva ser a origem da
Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ENFED/UFRJ)
A criação da ENEFED/UFRJ
A Escola de Educação Física da Universidade do Brasil, atual UFRJ, foi a segunda escola de Educação Física
civil do Brasil e teve uma grande influência na formação do pensamento da área. O decreto lei 1212 de 17 de abril de
1939 que a criou estabeleceu entre outras finalidades a formação de técnicos em Educação Física e Desportos
(CURRÍCULO da UERJ, 1986).
O processo de escolha do primeiro quadro de docentes da ENEFED - UFRJ, foi coerente com o objetivo proposto
de formar técnicos. Na época, o então presidente Vargas escolheu dentre os atletas de destaque aqueles que
lecionariam as diversas disciplinas de atividades desportivas. Essa atitude reforçou a importância do conhecimento
empírico, no caso, adquirido pelos atletas que foram, de um momento para outro, transformados em professores.
Durante os primeiros anos de existência da Escola a exigência para o ingresso, era do diploma de conclusão do
curso secundário. (CURRÍCULO da UERJ, 1986). O grau de exigência para prestação do exame de admissão à
Escola é uma referência do que então, significava o técnico, e a pouca importância que se considerava ter a
fundamentação teórica para a Educação Física. Nos primeiros anos prevaleceu a concepção do fazer que dava pouca
ou nenhuma importância ao conhecimento teórico.
Gradativamente o curso da ENEFED/UFRJ foi sofrendo alterações que apontavam para a valorização do
conhecimento teórico. Em 1958 a exigência para ingresso passou a ser o título de conclusão do científico ou do
clássico. A inclusão das disciplinas da área pedagógica ocorreu em 1960, embora tenham sido retiradas em 1962, e
só tenham sido, outra vez, incluídas em 1969 (CURRÍCULO da UERJ, 1986).
A concepção de formar o técnico, e a valorização do conhecimento prático desprovido de fundamentação teórica,
são elementos que estão até hoje enraizados na Educação Física brasileira. E fundamentam uma Educação Física
que valoriza a exclusão, em detrimento de uma participação mais ampla, alem de dificultar a valorização da teoria
aplicada á prática.
À época da criação da ENEFED/UFRJ o professor era o técnico oriundo da condição de ex-atleta. Nos
treinamentos o papel dos atletas é de um modo geral repetir o que o técnico determina, dessa mesma maneira os
“Técnicos/professores” passaram a ensinar aos alunos da Escola. No entanto, a valorização cada vez maior do
esporte de competição e o conseqüente acirramento da competitividade levou uma parte desses técnicos a
procurarem se fundamentar teoricamente e de práticos esses técnicos de alto nível se tornaram especialistas que são
profundos conhecedores da atividade que desenvolvem. A conseqüência parece ter sido o aumento da credibilidade
desses profissionais junto à sociedade, pois o resultado que eles apresentam é concreto, a vitória das equipes que
dirigem .
A identificação, que inicialmente ocorreu, do professor com o técnico deixou, no entanto, marcas profundas nos
professores que em grande parte das vezes, ainda, hoje, perdura. Seguindo essa tendência o professor ao em vez de
se preocupar com a formação educacional no seu sentido mais amplo acaba por se fixar no aprofundamento do
ensinamento da técnica específica da modalidade esportiva que ensina. É bem verdade que a técnica especifica por
ser valorizada pela sociedade em geral, alem de ser mais concretamente visualizável que os valores educacionais
mais gerais, são fatores que dificultam ao professor formar uma identidade que seja distinta daquela do técnico.
Essa influência da formação do técnico, passados 65 anos, ainda pode ser fortemente sentida na nossa área (5).
A idéia de performance no sentido de alcançar o máximo seja no aprimoramento do gesto esportivo, nas qualidades
físicas (velocidade, força, etc.) ou na perfeição tendo como referência um modelo estético são conceitos bem
representativos do que seja Educação Física.
O que é Educação Física ou quais são os seus objetivos, são perguntas que não devemos cessar de fazer, pois
elas só podem ser explicadas em cada diferente momento histórico. Portanto, consideramos que esse não é um
projeto definitivo e acabado, pois já antes de implanta-lo deveremos prever um sistema para avalia-lo periodicamente
e conseqüentemente fornecer informações para que ele possa ser reformulado, à medida que se fizer necessário.
A expressão Educação Física, no Brasil, nos dias de hoje, esta intimamente ligada as atividades físicas que
visam se ocupar da estética corporal, recrear, ensinar os fundamentos das praticas desportivas, promover e gerir
competições desportivas, manter ou aprimorar a aptidão física. No entanto, entendemos a Educação Física por um
prisma bem mais amplo. Não podemos ignorar sua relação com a afetividade dos alunos e sua influência na formação
global; nem os momentos históricos que atravessamos ou as peculiaridades do país; ou mesmo que a Educação
Física seja influenciada por políticas e regida por ideologias. Se agíssemos de outra forma, estaríamos fazendo uma
analise simplista do que seja Educação Física.
A mobilidade dos conceitos e objetivos que norteiam a Educação Física é patente. Nem os termos Educação
Física, nem os objetivos, nem as atividades, nem os conteúdos que hoje se considera no Brasil como pertinentes a
área são os mesmos do passado e certamente não serão os mesmos do futuro. O que hoje, chamamos de Educação
Física já teve outras denominações e já abrigou em seu seio modalidades que se entende hoje não ser mais da nossa
competência, ou passaram a ser utilizadas com outros objetivos.
Inferindo-se sobre o que foi a Educação Física no passado, com base em pressupostos do presente, podemos,
por exemplo, entender que as justas do período medieval europeu eram uma atividade de Educação Física. Podemos
supor, por exemplo, que uma atividade física de “certa intensidade” que tenha caráter competitivo seja objeto da
Educação Física, o que nos possibilitaria considerar as justas como uma atividade pertinente a essa área. As justas
também poderiam ser identificadas como sendo objeto da Educação Física se as considerarmos como atividade
desportiva, ou educativa, isto se desporto e educação forem considerados como pertinentes a Educação Física.
MARINHO (1980) faz algumas considerações sobre o que teria sido a Educação Física nos primórdios da
humanidade. Naquele período da historia, não se via alguém correndo com o simples propósito de se exercitar, corria-
se de um animal ou atrás dele, para atingir um inimigo ou para fugir dele. A atividade física era parte da vida do
homem pré-histórico. Naquela época os homens viviam praticamente da mesma maneira que os outros animais, suas
atividades eram mais próximas da natureza.
Foi quando começou a se organizar em grupos se tornando sedentário, plantando e criando animais que o
homem sentiu a necessidade de se organizar para combater seus inimigos. Durante os primeiros anos de vida
sedentária o homem diminui sua atividade física e se tornou mais frágil ficando vulnerável as invasões dos nômades
que em conseqüência de seu modo de vida, tinham mais vigor físico. Nesse momento nasceu o treinamento para a
guerra, e o que o autor chamou de Educação Física guerreira.
Com o crescimento dos povoados que se transformaram em cidades é que os homens mais protegidos e
sofrendo menos ataques de seus inimigos passaram a desfrutar de mais tempo livre. Surgiu então a necessidade de
nos tempos de paz exercitar o corpo para mantê-lo preparado para os momentos de guerra. Foi nesse período que
surgiu a fase desportiva da Educação Física.
A derrocada da União Soviética e a queda do mundo de Berlim delimitam uma nova fase, da história da
humanidade. Não havendo mais a polarização que por tantos anos dominava o cenário mundial, entramos num
período que pela falta de alternativas, ficou conhecido como o do fim das utopias e o chamado pensamento único
passou a predominar. Nesse novo período dominam a racionalidade e a inevitabilidade do mercado.
A chamada globalização, fundada na necessidade da busca de mercado e de lucro, se caracteriza pelo “fim das
fronteiras dos países” e a formação de blocos de paises como os do mercado comum europeu, Nafta, Mercosul etc. As
fronteiras que de fato caem são as dos paises mais fracos que não se impõem diante dos mais fortes. Esses paises
apoiados na lógica de que não tem jeito aceitam as imposições e se submetem.
A competitividade é a tônica, com essa finalidade busca se automação das empresas reduz se o número de
empregados, muda-se as empresas para os paises que facilitem a remessa de lucro, que ofereçam isenção de
impostos e mão de obra mais barata.
O Estado passa a ser considerado o vilão que cria gastos desnecessários e se ocupa de tarefas que não
deveriam ser suas. Na esteira da concepção de Estado Mínimo, a política Neoliberal, clama por privatizações. No
cumprimento dessa cartilha, no Brasil, foram privatizadas companhias elétricas, telefônicas, metrôs, companhias de
Águas e Esgotos etc.
Desde a eleição de Fernando Collor, o Brasil vem seguindo a orientação de organismos internacionais como o
FMI e o Banco Mundial, o que vem provocando a queda da renda e aumento do desemprego. O emprego diminui, por
que caiu o poder de compra, por que os investimentos caíram, mas também por causa da automação. No entanto, a
desqualificação é apontada como a causa do desemprego, e a solução apontada é a educação que deve melhor
qualificar as pessoas.
Uma conseqüência evidente do processo de globalização é o acirramento da competitividade em todos os
níveis da sociedade o que gera, conseqüentemente, o crescimento do individualismo.
A sugestão de que a história teria acabado atua subjetivamente no sentido de não colocar nenhuma
perspectiva no horizonte, indicando que o mundo é como é e não pode ser diferente. A eliminação da possibilidade
do sonho causa a desesperança e a imobilidade favorecendo a busca das saídas individuais e o enfraquecimento
do coletivo para o coletivo.
Para uma parcela da população mundial que tem acesso as TVs a cabo ou via satélite e a rede mundial de
computadores a globalização da informação foi alcançada. Entretanto, consideramos que dois elementos devem ser
analisados: a)apenas uma pequena parcela da população mundial tem acesso a esses meios de comunicação; b) o
termo globalização nos passa a falsa idéia de que os paises fazem uma troca de informações culturais, quando na
verdade é os Estados Unidos que tem o principal domínio dessas informações. O predomínio cultural é, portanto,
principalmente dos Estados Unidos que impõe seus modelos culturais e vende seus produtos, concorrendo para o
processo de alienação com a substituição das culturas locais.
A nossa primeira preocupação é nortear a proposta com base numa Educação Física que considere a
realidade brasileira e tenha como sua maior preocupação concorrer para muda-la, por considera-la
excludente, injusta e desigual.
Cerca de Quinze milhões de brasileiros são analfabetos, menos de 70% dos que se matriculam no
Ensino Fundamental chegam a 8ª série, menos de 41% dos adolescentes de 15 a 17 anos estão na série
adequada à sua idade, entre as crianças até 6 anos apenas 37% estão matriculadas em escolas (MORAES,
2005). 87% da população brasileira tem acesso a água potável sendo que destes 95% moram nas cidades
e 53% na área rural. Em Andorra, Austrália, Áustria, Barbados, Belarus, Bulgária, Canadá, e outros 19
países 100% da população têm acesso a esse benefício. A renda per capita brasileira é de 2700 dólares,
na Austrália 26.525, na Bélgica 29.257, na Finlândia 31.069, na Dinamarca 39.497, na Noruega 48.888. Ao
todo 85 paises dos citados nas estatísticas das Nações Unidas (15/06/2004) têm renda per capita maior do
que a brasileira. A renda per capita não nos permite entender a distribuição de renda mas ela é um
indicador da riqueza do país. Embora não tenhamos em mãos os dados que indicam a distribuição de
renda no Brasil, sabemos que a nossa é uma das piores do mundo, e que uma parcela considerável da
nossa população é de pessoas consideradas pobres ou como estando abaixo da linha da pobreza. Esses
são alguns dos indicadores que podem nos ajudar a elaborar um currículo mais adequado a realidade do
nosso país.
Com relação às atividades que nos são especificas consideraremos, prioritariamente, aquelas que
atendam a maior parcela possível da população Entendemos, todavia ser importante não nos iludirmos
quanto à possibilidade de construirmos uma proposta que inclua a maioria das pessoas, pois não nos
esquecemos em nenhum momento que a nossa atividade é desenvolvida na sociedade em que vivemos.
Entendemos que seria uma falácia falar na democratização da Educação Física num país em que a maioria
da população é composta de pobres é de miseráveis. No entanto, entendemos que alem de procurarmos
incluir a todos que possivelmente possam desfrutar dos benefícios da Educação Física temos o
compromisso de desmontar mitos como o de que o esporte, ou a dança nas comunidades carentes cria
oportunidades. Não queremos formar apenas professores conscientes, mas sim pessoas que entendam a
sociedade e o mundo em que vivem sabendo interpreta-lo e nele interferir no sentido de ajudar a construir
uma sociedade mais justa e menos desigual.
A importação e a adoção indiscriminada do Método de Cooper é um exemplo, flagrante de como a realidade do
país, foi ignorada durante aquele período da nossa história. Na década de 60 os americanos passaram a se preocupar
com o grande número de obesos existentes no país e os problemas que o excesso de peso gerava. Foi nesse período
que o método de Cooper passou a ser amplamente utilizado nos Estados Unidos, e logo em seguida também adotado
no Brasil, não só na sociedade em geral, mas também nas escolas públicas. O que não foi avaliado na importação do
método é que os americanos tinham uma vida extremamente sedentária e ingeriam alimentos riquíssimos em calorias
o que não era o caso dos brasileiros que ao contrário sofriam de desnutrição e tinham uma vida bastante ativa. É
verdade que não estamos falando da população brasileira como um todo, mas sim da grande maioria e, portanto, os
benefícios do método de Cooper não deveriam ter sido generalizados.
A nossa proposta vem sendo construída há cerca de trinta anos e ela é o resultado não só das nossas leituras e
reflexões individuais mas também das discussões e sobretudo das observações experimentações realizadas em
nossas aulas.
Sobre os princípios norteadores do modelo proposto
a) Princípios Gerais
Princípio da formação para a vida humana, forma de manifestação da educação
o m n i l a t e r a l (totalidade) d o s h o m e n s ;
Atividades esportivas I (Futebol, Futsal, Futebol de areia, Futvolei), Atividades esportivas II (Volei, Volei de
areia, Peteca em quadra, Peteca em areia) Atividades de Luta I (Pré lutas, lutas brasileiras), Atividades de Luta II
(Judo, Ju-jitsu, Luta livre olímpica, Luta greco romana), Atividades de Luta III (Aikido, Karate, Tae-kwon-do)
Atividades aquáticas I (Natação na piscina e no mar), Atividades aquáticas II (Surf, Body board, caiaque)
Atividades ritmicas ( Dança, expressão corporal, mímica). Atividades contemporâneas I (Andar de Skate, Andar
de Patins, Andar de Bicicleta). Atividades físicas formais com fins estéticos ou de saúde (Ginástica, musculação,
corridas). Atividades físicas informais ao ar livre I (Caminhada, Caminhada em trilha, Atividades diárias).
Atividades de desenvolvimento de habilidades corporais I (Ginástica de solo, atividades circenses). Atividades
de desenvolvimento de habilidades corporais II (correr, saltar, lançar, arremessar). Handebol I. Handebol II.
Handebol III. Jogos populares I. Teorias aplicadas aos esportes. Teorias aplicadas aos jogos. Teorias
aplicadas ao lazer. Estudo de organizações coletivas escolares (Grêmios, Diretórios, Conselhos e colegiados)
Estudo de organizações coletivas não escolares (Câmaras de Vereadores, de Deputados, Senado, Associações
de moradores, ONGs). Corpo e trabalho. Corpo e sexualidade. Corpo e imagem (Imagem: televisiva, fotografia,
filmagem em vídeo, uso do data show). Corpo e a arte (cinema, pintura, escultura, música etc.) Informática
(Windows, Word, Excel, Power Point, Operar no sistema Web e com e-mail ) Estágio I (Realizado nas aulas). Estágio
II (Realizado em outras instituições).
Notas explicativas:
(1)Nesse trecho concentramos uma parte maior da fundamentação, mas na verdade ela é parte integrante de todo o
estudo.
(2)As modalidades que eram oferecidas para os alunos de todos os cursos através da Sub-coordenação Curricular era
denominada de “Educação Física Curricular” e apesar do nome desse setor ter sido mudado para Setor de Graduação, por força
de hábito, ainda hoje, nos referimos a esse setor como sendo da Curricular.
(3)O termo globalização embora nos transmita a idéia de uma rede de troca a nível mundial são na verdade vias de uma só
mão que beneficiam os países do primeiro mundo e em especial os Estados Unidos.
(4)Chamamos de específicos da Educação Física os jogos, esportes, lutas, ginástica, etc. Os valores e comportamentos
inerentes a Educação Física são parte da educação geral.
(5)É bem verdade que essa predominância do ensino técnico em busca da performance não se justifica
exclusivamente, pela formação técnica que o professor de Educação Física vem recebendo na graduação. Não
podemos desprezar a valorização da performance que é feita pela mídia e a população em geral, quer seja do esporte
de alto nível quer seja com relação a um padrão estético.
(6)O que acreditamos não acontecer com mais freqüência pela falta de material.
(7)Ensinar essas técnicas como informação de um elemento da cultura corporal, que pode ser vivenciado pelo aluno é
compreensível, entretanto, o que se faz e fazer o aluno treinar essas técnicas.
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 337
(8)Esse ensino era repetido em cadeia pelos professores formados segundo essa prática pedagógica. Hoje, muitos
professores que ensinam nas escolas de Educação Física já tem a preocupação de ensinar a ensinar, o que no entanto, ainda
não ocorre com muita freqüência nas escolas do Ensino Básico e outros locais onde se ensina as atividades de Educação Física.
(9)As nossas considerações sobre a pesquisa em Educação Física não tem o objetivo de negar a importância de seu viés
biomédico e de característica quantitativa mas desfazer o mito da neutralidade desse tipo de pesquisa e apontar que ela não é a
única alternativa mas sim uma delas.
(10) Qualifiquei como sendo a ginástica para adultos porque para as crianças eram preconizados exercícios físicos
recreativos que também eram chamados de ginástica. Entretanto, na sociedade em geral quando se falava em ginástica
entendia-se calistenia.
(11)É interessante observar que apesar dos avanços da fisiologia que ocorriam nesse mesmo período a critica não se deu
por esse viés. Para citar apenas um exemplo, a calistenia como desenvolvida naquele período, não colaborava em nada para
desenvolver a condição cardio vascular que as descobertas daquele período tornavam tão importante.
(12) Todas as atividades que realizamos desenvolvem uma habilidade corporal, no entanto, entendemos que as atividades
grupadas nessa disciplina devem dar ênfase a esse objetivo.
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O propósito deste texto é, antes de tudo, apresentar reflexões sobre a formação acadêmica propiciada pela
Universidade Pública através de seus cursos de graduação. Daí se passará à análise das Diretrizes Curriculares
Nacionais, em especial as que informam qual deverá ser a configuração dos cursos de graduação em Educação Física
e, então, se chegará à sugestão de desenho do curso para o nível de graduação na UFF, uma vez que já se
empenham os Professores deste Departamento em organizar sua Proposta Curricular.
Pouco se trata do processo de formação na Universidade, como se este coubesse aos níveis anteriores –
fundamental e médio. Ao referir à oportunidade de realizar estudos superiores, em geral, se pensa na inserção
profissional, nas possibilidades de ingressar no mercado de trabalho e ser bem sucedido socialmente. Sobre algum
avanço percebido, recentemente, nessa discussão, se manifesta Miguel Gonzalez Arroyo (2001):
“A cada dia estamos colocando, estamos nos aproximando, no meu entender, de algo que deveria
ser o foco de nosso olhar: a formação humana, a formação do educando, não só o aprendizado do
educando; não só o ensino da matemática, da história, da geografia, a alfabetização. Não, isso é
pouco. Temos um ofício, temos um papel que é mais que ensinar: é formar. Não se diz: ‘Pode a
universidade auxiliar no ensino do cidadão?’ ou ‘Pode a universidade auxiliar na alfabetização do
cidadão?’ Não. Fala-se de formação e fala-se não apenas do aluno da quinta, da quarta e da
terceira, do repetente, do novato, mas do cidadão. É aí que estamos, é aí que a escola está. Aliás,
é aí que devemos nos colocar, porque muitas vezes não estamos aí. Muitas vezes, questões
técnicas miúdas ocupam tanto nosso tempo, nosso olhar, que nos esquecemos do que nos define
na sociedade e nosso papel nela. Somos educadores e educadoras, somos formadores de
alguém” .
Ainda assim, a formação é associada à cidadania e, desde o movimento de renovação pedagógica, empreendido
pelos profissionais ao longo dos anos de abertura política, o discurso associou cidadania a participação que, por sua
vez, relacionou a conteúdos.
“A concepção de cidadania que dominou aquela época era própria daquele momento. Fomos muito
marcados por aquele momento. Vínhamos de vinte e tantos anos de ditadura. Era normal que a
invenção de cidadania que destacávamos fosse contra o autoritarismo, fosse a idéia de
participação. Participação política, sobretudo. Definíamos cidadania como participação política.
Definíamos a escola como aquela que prepara para participar politicamente”.
Passou a ser tão forte a idéia de preparar para a cidadania, tão vinculada à consciência da participação, que
terminamos intelectualizando a idéia de participação. A função da escola passou a ser formar a cabeça, uma cabeça
crítica, conteúdos críticos, segundo a proposta da pedagogia crítico-social dos conteúdos.
Acomodavam-se, desse modo, as finalidades de projetos, a princípio, distintos. Na pedagogia crítico-social dos
conteúdos não há qualquer referência a sujeitos de direitos, sujeitos políticos. O principal, mesmo usando o termo
crítico, estava relacionado à instrumentalização, tornar os estudantes-trabalhadores mais eficientes, melhor
habilitados, agora para desenvolver competências.
A formação acadêmica e profissional dos educadores nas Universidades Públicas no Brasil tem sido realizada a
partir de definições políticas bastante discutidas nestas duas últimas décadas. Contrapondo-se às políticas
centralizadoras, autoritárias e tecnocráticas do governo militar, desde o início da década de 80, uma ampla
Prescrever currículo e divulgá-lo através de textos como as Diretrizes Curriculares Nacionais são atividades
próprias das políticas oficiais no sentido de garantir uma certa ordenação jurídica e administrativa e resguardar os
direitos a uma sólida formação acadêmica e científica de nível superior para os estudantes. Estes textos devem visar
à unidade na formação de profissionais de certo campo, observando as possibilidades de diferenciação que entre
instituições de Ensino Superior se reivindicam e se manifestam. Marcam o tipo de racionalidade legitimada por certas
condições e operam mecanismos que têm conseqüências em outros níveis e situações.
Do modo como são explicitadas, no contexto das Reformas (de motivação fundamentalmente econômica,
segundo a direção do Banco Mundial, FMI e OMC), as DCN revelam-se como medidas autoritárias, retrógradas e
desrespeitosas em relação às propostas e experiências das instituições, associações acadêmicas, profissionais e
científicas, entidades sindicais e movimentos estudantis. Ao lado de todo o esforço de centralizar as decisões sobre o
currículo, o enfoque doutrinário da legislação destoa.
Não há neutralidade na extensa atuação da parte do Conselho Nacional de Educação. Ao regular ou impor certa
distribuição do conhecimento no sistema educativo, o currículo favorece opções e delimita os espaços de liberdade a
sujeitos e instâncias que intervêm na configuração curricular, em níveis distintos, como são a administração central,
os níveis intermediários (as coordenações), as escolas, os professores os materiais e livros didáticos.
Como prescrição, as DCN, estabelecendo finalidades, objetivos pedagógicos, indicações metodológicas, meios
de ensino, modelos de atividades, têm limites consideráveis frente ao currículo real. Mesmo admitindo o caráter de
imposição, o currículo formal não pode programar completamente as atividades dos professores e estudantes. São
manobras de interpretação dos textos e das situações e as tramas do trabalho cotidiano que darão forma e substância
ao currículo real (Perrenoud,1995, p.53). Ao longo dos anos, os enfrentamentos com os governos, com vista à
garantia da autonomia, propiciou mudanças no interior das Universidades e fez avançar o debate sobre currículo e
formação acadêmica.
Dos educadores está se exigindo um posicionamento quanto a uma política curricular, como aspecto da política
educativa, retomando as bases nacionais, isto é, os princípios, os valores, as condições em torno da práxis
educadora.
No caso da proposta de curso de educação Física na UFF, um plano preliminar nessa determinação de realizar
escolhas, estabelecer prioridades, encaminhar o projeto de democratizar a educação pública em todos os níveis e
oportunidades poderá ser dado a partir do que já existe consolidado como curso de Pedagogia da Faculdade de
Educação em Niterói.
A Proposta Curricular, em vigor desde 1993, promove a formação do pedagogo multi-habilitado, ao realizar curso
em 9 períodos (3570 horas), que se desdobram em disciplinas, atividades culturais, pesquisa e prática pedagógica e
monografia. Os componentes curriculares mencionados integram-se segundo a concepção de que a base na formação
do educador é a docência para atuar nos anos iniciais, na educação infantil, nas disciplinas pedagógicas dos cursos
de formação de professores e nas funções de Orientação Educacional, Supervisão Educacional e Administração
Educacional. Como dimensões integradas e indissociáveis, esse conjunto de componentes curriculares orienta-se no
sentido de fazer cumprir, entre os professores e em relação aos estudantes, os processos mais amplos de pesquisa,
extensão e ensino, do modo como a Universidade é entendida.
Na constituição do novo curso de graduação em Educação Física na UFF, os componentes curriculares, de
configuração mais abrangente para a formação do educador, como são as disciplinas oferecidas ao longo dos 6
Introdução
Funcionam, atualmente, na Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, três cursos de graduação: o curso
de Licenciatura em Educação Física, criado em 1939, os cursos de bacharelado em Educação Física e Bacharelado
em Dança, criados em 1994.
A discussão sobre a reformulação curricular vem acontecendo, em nossa escola, desde agosto de 1999, com a
nomeação da Comissão de Reformulação dos Currículos dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação
Física, composta por professores de diferentes departamentos. Dois aspectos justificaram a nomeação da Comissão:
o primeiro, com base nos resultados do Fórum de Integração Acadêmica organizado pela nossa direção (na época eu
ocupava a função de Diretor da EEFD), no período de 13 a 15 de outubro de 1998, com participação aberta a todos os
professores e estudantes e funcionários. Neste fórum deliberou-se que seriam aplicados questionários entre os
professores, alunos e funcionários a fim de levantar indicadores com a perspectiva de estabelecer políticas para as
áreas de ensino, pesquisa e extensão. Os resultados dos questionários, dentre outras questões, apontaram para a
necessidade de se priorizar, naquele momento, a reforma curricular e a reestruturação departamental; o segundo
aspecto a considerar foi a motivação para o debate sobre as "Novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de
Graduação de Educação Física", documento elaborado pela Comissão de Especialistas de Ensino em Educação
Física da Secretaria de Ensino Superior do Ministério de Educação e Desportos (COESP-EF), e encaminhado ao
Conselho Nacional de Educação (CNE).
A Comissão de Reformulação Curricular da EEFD, presidida pelo Prof. Dr. Alexandre de Moraes Mello, realizou o
seu trabalho em 52 reuniões com o objetivo buscar uma proposta viável para o aperfeiçoamento dos currículos de
Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, enquanto se aguardava a aprovação das novas diretrizes. No final
de 2001 os trabalhos foram encerrados com a apresentação do documento final aos departamentos e as discussões
sobre a nova proposta curricular foram interrompidas face a indefinição do CNE sobre as novas diretrizes curriculares
para os cursos de graduação em Educação Física.
Ao constatar que o CNE definiu os prazos para a implantação das Resoluções 01/2002 com as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica em nível superior em curso de
licenciatura de graduação plena e a 02/2002 que fixa a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura e aprovou
a Resolução 07/2004 que instituiu as Diretrizes Curriculares para os cursos de Graduação em Educação Física, o
atual diretor da EEFD, Prof. Dr. Alexandre Moraes Mello, propôs, à Congregação da mesma, a criação de nova
comissão curricular para adequar as propostas anteriores à atual legislação. A nova Comissão, por mim presidida,
iniciou seus trabalhos em maio de 2004, sendo composta por dois representantes de cada departamento da EEFD,
dois servidores técnico-administrativos e dois estudantes.
A discussão na EEFD-UFRJ
O fato de já existir uma proposta curricular pronta facilitou-nos o início dos trabalhos, apesar das modificações
que a Resolução 01/2002 do CNE nos impora. Nas primeiras reuniões estudamos e debatemos os textos das novas
Resoluções e documentos que contribuíam para referenciar a elaboração da nova proposta. Passamos, então, a
deliberar sobre as questões que diziam respeito à estrutura curricular propriamente dita. Primeiramente alguns
pressupostos relativos à organização do curso foram estabelecidos: (1) funcionamento do curso no turno da manhã (o
curso de licenciatura funciona em horário integral); (2) existência de um núcleo comum aos cursos de Licenciatura e
Graduação em Educação Física (provavelmente nos três primeiros semestres); (3) implantação do Curso de
Graduação em Educação Física no turno da tarde; (4) redução do n.º de disciplinas oferecidas por outras unidades da
Tive a oportunidade de vivenciar, além da atual, as duas últimas reformas curriculares do curso de Licenciatura
em Educação Física. A minha primeira experiência aconteceu quando eu era estudante. Iniciei meu curso na EEFD-
UFRJ, em 1970, época em que a Resolução 69/69, do antigo Conselho Federal de Educação (CFE), que estabelecia o
currículo mínimo para os cursos de Licenciatura em Educação Física em todo o país, começava a ser implantada. Foi
um período interessante sob diversos aspectos. Pudemos sentir na pele, ossos e músculos, toda a “fúria” dos
professores que desejavam, a despeito de nossas diferenças individuais, transformar-nos em exímios executores em
todas as modalidades esportivas. Importante ressaltar que a EEFD-UFRJ contava, com um excelente corpo docente,
nas disciplinas teóricas e práticas, e que meus comentários, aqui, visam, apenas, relatar minha percepção do ideário
vigente na época, dos objetivos, conteúdos e metodologia empregados no curso de Licenciatura.
Nossa turma era composta, em sua maioria, de atletas e ex-atletas. Coitados daqueles que não possuíam
habilidades, bom preparo físico ou disposição para se esfolar nas diversas arenas esportivas espalhadas por nosso
campus universitário. Suas notas eram sempre as mais baixas, embora, estivessem sempre presentes às aulas e a
elas se dedicassem tanto quanto os mais habilidosos. Registre-se, também, que apesar de estarmos num curso de
formação de professores, ministrávamos, durante todo o curso, apenas, duas ou três aulas para crianças de uma
escola, na disciplina Prática de Ensino.
Minha segunda vivência em reformas curriculares ocorreu à partir de 1986, como professor da EEFD-UFRJ, na
função de Diretor. As discussões que dariam corpo à Resolução CFE 03/87 estavam em fase de conclusão. Todos os
Diretores de Escolas de Educação Física do Brasil foram convidados a comparecer na sede do CFE, em Brasília, para
uma reunião com o Relator da nova proposta curricular. Apresentada, discutida e referendada por todos os dirigentes
presentes, a nova proposta trazia muitas novidades, destacando-se entre elas, a liberdade para que os cursos de
Heron Beresford
Evaldo Bechara
Guilherme Locks Guimarães
________________________________________
O Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro está desencadeando
um processo de discussão interna para uma posterior implantação dos Cursos de Graduação Plena e de Licenciatura
Básica em Educação Física para atender às exigências estabelecidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais com
relação a tais Cursos, recentemente publicadas no Diário Oficial da União, e também levando em consideração as
normas internas da UERJ para este fim.
Por outro lado, evidenciamos que a Comunidade Acadêmica e Profissional da Educação Física brasileira foi
ouvida quando da elaboração das referidas Diretrizes. Por isto mesmo destacamos que o esforço feito por esta
Comunidade foi extraordinário até se chegar a uma síntese ou um consenso atual resultante de um longo processo
dialético que vem se desenrolando e aperfeiçoando ao longo de pelo menos vinte e cinco anos acerca da formação do
Profissional de Educação Física e que, com certeza, ainda teremos muito que fazer daqui para frente neste sentido.
Vamos a seguir destacar de alguns dos artigos da referida Resolução os aspectos em torno dos quais
apresentaremos alguns questionamentos e reflexões em função da importância dos mesmos para o desenvolvimento
do assunto em questão.
Art. 3o - A Educação Física é uma área do conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional que
tem como objeto de estudo e de aplicação o movimento humano como foco nas diferentes formas e
modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas
da prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural,
da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos
relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a
oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.
Art. 4o - O curso de graduação em Educação Física deverá assegurar uma formação generalista, humanista
e crítica, qualificadora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor científico, na reflexão
filosófica e na conduta ética.
Parágrafo 1 o – O graduado em Educação Física deverá estar qualificado para analisar criticamente a realidade
social, para nela intervir acadêmica e profissionalmente por meio das diferentes manifestações e expressões do
movimento humano visando a formação, a ampliação e o enriquecimento cultural das pessoas , para aumentar as
possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável.
Art. 5 o – A Instituição de Ensino Superior deverá pautar o projeto pedagógico do curso de graduação em
Educação Física nos seguintes princípios:
autonomia institucional [...];
e) ética pessoal e profissional [...].
Surge um novo milênio influenciado por uma globalização desenfreada que afeta com muita rapidez em diversos
aspectos da vida cotidiana. É fundamental resgatar valores humanos e sociais para estimular um novo olhar do
cidadão.
Em tempos de mudança, a amplitude do conceito de humano e de existência tem que ser valorizado porque o
homem melhorando sua relação consigo mesmo é capaz também de interagir de forma mais harmoniosa com os
outros e com o mundo.
No atual contexto mundial o que se observa é que fatos e valores começam a buscar outros caminhos para
atender às necessidades e expectativas de uma sociedade em transição.
Sendo a Educação Física a nossa área de atuação compreendo a importância de unir seus conceitos aos ideais
de educação para que haja uma integração mais verdadeira entre o cidadão e a sociedade.
A Educação Física tem sido considerada uma prática pedagógica social-cultural capaz de intervir no processo de
construção de uma nova sociedade por ter seus conteúdos voltados para o movimento da própria vida.
A forma de perceber e relacionar-se com o próprio corpo, ou seja, a sua forma de expressão e de movimentação,
é a sua maneira de estar no mundo de forma crítica para a compreensão da necessidade de transformação. (FREIRE,
1997)
Esse novo enfoque, só foi possível por acreditar que o professor tem o compromisso social de intervir na sua
prática pedagógica cotidiana com a implementação de novas idéias e ações abandonando modelos que nos têm sido
impostos, estabelecendo uma simples e efetiva estrutura com total respeito ao ser humano.
Diante deste contexto os professores se vêem diante de muitos problemas para os quais não foram preparados
para resolvê-los, pois o ensino de graduação lida com aspectos limitados na solução de problemas reais.
Para enfrentar os novos desafios é necessário que ocorram mudanças na mentalidade dos futuros professores
(professores do século XXI), ou seja, mudança no ensino da graduação que vise discutir a qualidade desse ensino.
Neste sentido, é importante reafirmar a responsabilidade social dos futuros professores e das instituições
formadoras desses profissionais.
As instituições devem estar comprometidas com inovações educativas de verdadeiro interesse social e
pedagógico, lutando para transformar em espaços democráticos que estejam mais de acordo com o que é necessário
para a construção de sociedades mais justas e solidárias. (LINHARES, 2001)
Entretanto, o que se percebe ainda é a não valorização e compromisso por parte do professor de Educação
Física do seu possível papel dentro da sociedade.
O que se pretende com esse estudo é uma reflexão da maneira como vem sendo desenvolvida a ação desse
profissional, a fim de discutir assuntos importantes pertinentes para uma prática mais critica.
Ao longo dos anos o professor de Educação Física tem ocupado um espaço significativo em relação aos
inúmeros benefícios que envolvem suas atividades.
Para tal, é urgente a necessidade de estímulos para uma visão mais crítica através de novas concepções,
revisões, atualizações e aprofundamento dos seus conhecimentos para fazer a diferença norteadora da qualidade de
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que é um privilégio estar aqui. Agradeço aos professores do Departamento
de Educação da Uff por esta oportunidade . Sendo ex-aluno do curso de pós-graduação em Educação Física Escolar,
sei da seriedade dos organizadores e do cuidado que têm com este evento. Obrigado a todos.
Meus objetivos são tentar expor como foi a minha formação de professor e apresentar algumas propostas para a
formação do professor de Ed. Física. Para cumprir estes objetivos optei por abordar os assuntos na seguinte
seqüência: situar o leitor no tempo e no espaço em que ocorreu a minha formação; falar da universidade, do currículo
e de como eram ministradas às aulas; falar da realidade que encontrei nas escolas onde trabalhei; apresentar as
propostas e concluir. Antes, porém, é fundamental dizer que este depoimento está baseado apenas na minha
experiência pessoal, logo outras pessoas que viveram, ou vivem, situações semelhantes podem ter uma visão
totalmente diversa acerca dos mesmos fatos. Vamos à tarefa:
Ingressei na Universidade Gama Filho – UGF -, localizada no Rio de Janeiro, no segundo semestre do ano de
1985 e, por motivos que não são relevantes neste momento, tive que interromper o curso por mais de uma vez, vindo
a concluí-lo em 1992. Durante este período, 1985 a 1992, ocorreram alguns fatos importantes no País os quais
merecem ser citados: primeiro, a campanha pelas D iretas já , 1985; segundo, promulgação da Constituição da
República, 1988; terceiro, eleição direta para presidente da república após vinte e cinco anos, 1989. Ou seja, durante
o período que estive ligado à faculdade, o País estava vivendo uma transição política saindo de uma ditadura e
caminhando para o que conhecemos hoje, apesar dos tropeços do passado e do presente.
À época, o curso de Educação Física da UGF pertencia à Àrea de Humanas. Tinha duração de quatro anos e era
muito bem conceituado. De fato, o nível dos professores era bom, a universidade bem organizada, as instalações
físicas excelentes e o material utilizado nas aulas de boa qualidade e farto. Em tempo, esclareço tratar-se de uma
universidade privada. As disciplinas obrigatórias que compunham o currículo do curso eram as seguintes:
Disciplinas básicas comuns à área de humanas : Técnica do estudo e pesquisa, Introdução à filosofia,
Expressão oral e escrita, Inglês básico, Introdução à psicologia.
Disciplinas obrigatórias da educação física : Biologia, Anatomia I e II, Ginástica, Atletismo, Natação, Folclore,
Handebol, Ginástica Escolar, Dança Educacional, História da Educação Física, Psicologia da Educação, Recreação,
Basquete, Fisiologia I e II, Iniciação à Ginástica Olímpica, Estrutura e Funcionamento do Ensino de Primeiro e
Segundo Graus, Didática Geral, Voleibol, Futebol, Estágio Supervisionado em Ed. Física I, II e III ( monografia ),
Socorros Urgentes, Didática da Educação Física, Biometria, Cinesiologia, Educação Física Permanente, Higiene,
Organização da Educação Física e Desportos, Educação Física com Alteres, Ginástica Especial ( para deficientes ),
Treinamento Desportivo e Teoria e Prática do Lazer.
Grande parte das disciplinas listadas acima estava voltada para a área escolar. Mesmo nas cadeiras ditas
esportivas , natação, handebol etc., era possível perceber o objetivo de ensinar a ensinar , ainda que em algumas
destas disciplinas fôssemos avaliados com base no nosso rendimento físico. Nestas disciplinas, esportivas, também
havia a preocupação de capacitar-nos para trabalhar, por exemplo, em clubes, ou academias. Daí o não
direcionamento exclusivo para a área escolar. O leitor pode estar questionando esta divisão em área escolar e área
não escolar. Afinal, o professor é um só! Tudo bem, eu também acho, mas esta divisão existia e existe. Na
universidade existiam alunos com interesses distintos e não podíamos optar pelo bacharelado ou pela licenciatura,
como ocorre hoje, por exemplo, na UFRJ, a formação era a mesma para todos. De forma geral , eu gostava do curso e
estava mesmo surpreendido com a extensão e variedade do currículo. Como visto acima, o currículo abrangia do
nosso Folclore ao Treinamento Desportivo, passando pela Ginástica para Deficientes, Lazer e Fisiologia. Note-se que
Estabelecendo os limites
A Resolução nº 07 de 31 de março de 2004 que institui as Diretrizes Curriculares para os cursos de Educação
Física em nível superior de graduação plena, que tem por finalidade orientar os currículos dos cursos de formação das
Instituições de Ensino Superior, estabelece duas dimensões de formação denominadas de Licenciatura em Educação
Física e Graduação em Educação Física. Estas denominações não são simplesmente uma terminologia, mas
configuram-se como referências do que se propõe e se espera atualmente deste profissional.
O tema proposto para esta mesa redonda contempla uma dessas dimensões da formação do profissional de
Educação Física da qual me sinto mais à vontade em falar: a Licenciatura. Além de considerar que a licenciatura
deveria ser a base da formação do que consideramos ser o profissional desta área, a realidade da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), da qual faço parte, é de um curso de Licenciatura. Portanto, minha
exposição se fará dentro da discussão atual dos cursos de formação de professores, no caso, de Educação Física. No
intuito de tornar a exposição o mais esclarecedora possível, irei dividi-la em três momentos.
Vou iniciar traçando um breve histórico dos principais problemas curriculares e institucionais que afetam a
formação do professor no Brasil, para que possamos compreender as legislações atuais como decorrentes de
processos e discussões que possuem, por um lado um fio condutor e, por outro, caracterizam algumas rupturas com
antigas perspectivas.
Depois buscarei traçar um quadro das mais recentes políticas públicas para a formação do professor colocadas
em ação através das legislações pertinentes. Esta parte da exposição terá como base as Resoluções e Pareceres do
Conselho Nacional de Educação e os documentos das reuniões da ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos
Profissionais da Educação), especialmente o Documento Final do XII Encontro Nacional de agosto de 2004. O objetivo
aqui será o de demonstrar as concepções sócio-políticas, econômicas e pedagógicas postas nas formulações de tais
legislações.
Após esta parte mais geral tentarei caracterizar a realidade da UFRRJ e a inserção do curso de Licenciatura em
Educação Física, enfocando sua estrutura e funcionamento, e o percurso que temos buscado trilhar para tentar
reconfigurar as licenciaturas sob nossa responsabilidade e, em particular, a de Educação Física, tentando adequá-las
às legislações e, ao mesmo tempo, fazendo releituras que permitam uma intervenção na formação o mais próxima
possível de nossa perspectiva teórica.
Breve histórico dos principais entraves institucionais e curriculares dos cursos de formação de professores no
Brasil
Os cursos de formação de professores foram criados no Brasil na década de 30 do século XX, sob a fórmula
“3+1”, ou seja, três anos de curso dispensados às disciplinas específicas e, após o término deste período, mais um
ano dedicado às disciplinas de natureza pedagógica. Este formato além de expressar uma grave e histórica dicotomia
entre teoria e prática, anuncia uma perspectiva de professor como um profissional que tem em sua formação uma
grande quantidade de conhecimentos relacionados à especificidade de sua área científica com um “verniz”
pedagógico.
Apesar das reformulações sofridas ao longo das décadas subsequentes, continuamos mantendo sérias
dificuldades em organizar e desenvolver um modelo curricular que supere estas dificuldades iniciais. Atualmente a
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro está localizada no Município de Seropédica que fica a 70 Km da
cidade do Rio de Janeiro. Possui um campus de 3200 hectares. Foi criada em 1910 como Escola Nacional de
Agronomia e Veterinária ligada ao Ministério da Agricultura. Na década de 40, foi transformada em Universidade Rural
do Brasil e instalada em 1948 no campus onde hoje funciona. Após a LDB de 1961 passa para o Ministério da
Educação e recebe a denominação Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, sendo criados neste momento dois
cursos de Licenciatura (Licenciatura em Ciências Agrícolas e Economia Doméstica) permitindo a pluralidade de áreas
de conhecimento e ganhando o status de Universidade.
Desde a sua origem a UFRRJ teve por vocação e interesse as áreas agrárias. O Curso de Licenciatura em
Educação Física foi criado em 1976 integrando a 14ª Graduação da Universidade, numa época de expansão e de
ampliação do foco científico-acadêmico da Instituição.
Fruto da Reforma Universitária do período militar, a UFRRJ, está organizada sob a estrutura administrativa de
Institutos e Departamentos. Possui no total 09 Institutos e 33 Departamentos responsáveis por 20 cursos de
graduação, sendo 8 de Licenciatura ( Educação Física, Biologia, Matemática, Física, Química, História, Economia
Resumo: O objetivo deste artigo é elaborar uma crítica à formação fragmentada em licenciatura e graduação
em educação física, apontando a necessidade e a vigência da defesa de uma formação politécnica e integral nesta
área. Para tal, dividiremos o texto em duas partes: a primeira fará uma avaliação da divisão da formação entre
licenciatura e graduação reeditada na Resolução 07/2004 (CES/CNE); a segunda parte se destinará à apresentação
dos fundamentos para uma proposta superadora da fragmentação da formação, através da defesa da licenciatura
ampliada. ________________________________________
O embate que se trava no âmbito da formação profissional da educação física brasileira é, antes de tudo, o
próprio embate entre as correlações de forças na luta de classes que apontam, por um lado, para a formação de um
novo tipo de trabalhador, adequado às novas demandas do capital e, por outro lado, a formação de um novo tipo de
homem, preparado para intervir nas contradições do mundo do trabalho e para perspectivar e interagir no sentido da
superação da sociedade capitalista.
Desde a década de 80, no cenário mundial, com o advento das políticas de desobrigação do Estado na gerência
das conquistas sociais, bem como o início da flexibilização das relações de trabalho que trouxeram duras penas para
a classe trabalhadora, que é possível perceber, na educação física brasileira, um reordenamento no trabalho do
professor. No cenário norte-americano e também brasileiro, proliferavam as academias de ginástica enquanto
fenômeno caracterizador do empenho da iniciativa privada em gerir algo que deveria ser função do Estado, ou seja, a
manutenção e promoção da saúde. Seja sob o pretexto da promoção da saúde, ou da busca de uma estética moldada
à luz do mercado de consumo, houve uma aplicação, por parte do capital, num grande nicho do mercado do corpo que
se abria, mercado este criado em função da simples desobrigação do Estado com a manutenção da qualidade de vida
enquanto um bem comum da sociedade a ser preservado. Atentos a este movimento, tomaram o cenário da educação
física brasileira os grupos privatistas que, seduzidos pela possibilidade da ocupação do assim denominado mercado
das atividades físicas que se erigia, apologizavam tal campo, esquecendo-se das enormes contradições de
precariedade que este último apresentava (Faria Junior, 2001). Em confronto a eles, situavam-se os setores que
defendiam a educação física enquanto uma produção histórica da humanidade que deveria ser socializada a todas as
camadas da sociedade.
Este confronto, desde então, desembocou vários debates na área, dos quais podemos citar o da regulamentação
da profissão e o da formação profissional, o qual é objeto específico de análise deste trabalho. No que concerne a
este último campo, em 1987, o grupo privatista conseguiu avanços na formulação da Resolução 03/87, quando esta
previu a possibilidade do bacharelado para a educação física. Este foi o primeiro ataque fragmentador da licenciatura
em educação física. A perspectiva do bacharelado apontava para a formação para os campos de trabalho não-
escolares, numa vã tentativa de se assegurar tais campos para o professor de educação física, buscando, inclusive,
descaracterizá-lo enquanto um trabalhador assalariado do magistério e caracterizá-lo como um profissional liberal,
flexível ou empreendedor, trabalhador este característico do fenômeno de precarização do trabalho evidenciado
mundialmente nos anos 90. Tratava-se, por outro lado, de uma descaracterização epistemológica da área, posto que o
objeto dela é a prática docente, independente do espaço de atuação. Portanto, a fragmentação em duas habilitações
Com relação à formação do licenciado, podemos afirmar que, se por um lado, a divisão da formação em duas
habilitações não resolverá os seus principais impasses, tampouco a manutenção do modelo vigente da licenciatura
plena não avança no sentido em que defendemos a formação de um novo tipo de homem, preparado para intervir e
interagir nas contradições do mundo do trabalho, perspectivando a superação da sociedade capitalista. A formação em
educação física ainda carece de fundamentos teóricos sólidos que orientem a construção deste novo tipo de homem,
na presente fase da hegemonia do pensamento burguês.
Neste ponto, retomamos a defesa histórica de Alfredo Gomes de Faria Junior (In: Oliveira, 1987) do professor
licenciado e generalista, portanto a licenciatura enquanto formação identificatória do professor de educação física,
generalista para os vários campos de intervenção. Defendemos, hoje, a licenciatura ampliada enquanto uma noção
que aglutinaria a idéia da formação generalista. Avançamos em sua elaboração estabelecendo como marco teórico a
politecnia e a educação integral, enquanto formuladores das bases formativas do futuro professor.
É comum nos autores do campo marxista a centralização do conceito de formação omnilateral em contraposição
à formação fragmentada adquirida na sociedade capitalista. A omnilateralidade compreendida em Marx (2001)
pressupõe uma forma antagônica à unilateralidade, à qual o homem é levado através da divisão do trabalho. Tratar-
se-ia, portanto, do desenvolvimento humano em suas múltiplas dimensões, de todas suas necessidades e suas
satisfações. Não obstante, lembra Mario Alighiero Manacorda (1991) que, tendo em vista o caráter não utópico da
formulação marxiana, existe a falta de elementos mais precisos sobre a descrição da omnilateralidade, já que esta se
projeta para uma sociedade sem a divisão do trabalho. Com efeito, para Justino de Sousa Junior (1999), o conceito de
omnilateralidade depende da ruptura com a sociabilidade burguesa, sendo o conceito de politecnia, para o campo
marxista, aquele afeto à formação que tenderia à busca da superação do capitalismo, ainda no interior dos seus
marcos:
“Politecnia e onilateralidade são dois conceitos distintos, que se excluem mutuamente, mas que, na
proposta de Marx, se complementam. Enquanto a politecnia diz respeito a um tipo de formação do
indivíduo trabalhador no âmbito da produção capitalista, a onilateralidade se refere à formação do
homem mesmo, ou seja, o homem que se libertou das determinações da sociedade burguesa, a
qual nega sua generalidade [...]” (p.102).
“Portanto, politecnia e onilateralidade se encontram, pois a primeira é a formação dos
trabalhadores no âmbito da sociedade capitalista que, unida aos outros elementos da proposta
marxiana de educação, deve encontrar o caminho entre a existência alienada e a emancipação
humana em que se constrói o homem onilateral” (p. 113)
Assim posto, encaminhamos nossa defesa da formação profissional a partir do conceito de politecnia, o qual está
diretamente ligado à idéia da busca da omnilateralidade a partir da ruptura com a divisão do trabalho enquanto
fundamento da sociabilidade humana. Ressaltamos, na linha em que atenta José Rodrigues (1998), que a politecnia
se mostra alicerçada firmemente em uma visão social de mundo – a marxista – que contrapõe, da mesma forma que a
omnilateralidade, à visão unilateral do homem forjadas pelas forças alienantes da sociedade capitalista.
- Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 379
Não obstante, vale a menção de que a politecnia tem sido utilizada, freqüentemente, para designar a formação
privilegiadamente ligada ao ensino médio, ainda que determinado grupo de autores não tenha concordância com este
enfoque (ibid.). Tendo em vista que o presente trabalho não tem a pretensão de adentrar a este profundo debate
teórico, recorremos à defesa da formação politécnica e integral enquanto princípios fundantes da formação para além
do capitalismo, mas situada em seus marcos. Recorreremos a contribuições de autores importantes neste debate, tais
como Pistrak (2000) e Dermeval Saviani (1989, 2003), contudo, centralizaremos didaticamente a exposição conforme
as análises de Acacia Kuenzer (2001), por se tratarem de sistematização pertinente ao quadro atual da formação
profissional da educação física brasileira.
Um princípio fundamental para a defesa de uma superação à proposta fragmentadora da formação que ora
analisamos encontramos nas formulações de Antonio Gramsci. Trata-se da escola unitária como estrutura educacional
(ibid; Nosella, 1989). A escola unitária pressupõe a formação que articule o trabalho com as capacidades de pensar,
estudar, dirigir e questionar quem dirige, ou seja, o trabalho enquanto princípio educativo. Neste empenho, defende a
sólida formação cultural inicial e a necessidade da formação continuada. É contrária, neste sentido, à especialização
precoce de caráter pragmatista. Ainda, defende uma formação cultural diversa da simples erudição, mas de caráter
crítico, político e coletivo. A licenciatura ampliada em educação física deve formar o aluno não apenas para lecionar
tecnicamente os conteúdos, porém para articular os conteúdos na perspectiva da totalidade e no empenho da própria
formulação de políticas educacionais da área.
A escola unitária pressupõe, portanto, uma estrutura que contraponha a dualidade estrutural da educação
fundada pela divisão do trabalho, dualidade esta que imputa uma escola para os que dirigem – classe dominante – e
uma escola para os que são dirigidos – classe dominada. Enfrenta, neste particular, as políticas educacionais que
destinam a formação e produção do conhecimento para determinadas instituições de ensino, tais como os Centros de
Excelência – produção de conhecimento – e os Centros Universitários – socialização do ensino. É contrário, portanto,
ao assim chamado ensino por vocações, que imputam contemporaneamente formações tais como o bacharelado
acadêmico, os cursos seqüenciais.
A escola unitária como estrutura educacional coloca-se a favor do ensino público gratuito e de qualidade, o que
pressupõe a exigência de condições físicas e materiais de ensino nas universidades públicas e a crítica ao
financiamento privado do ensino público – PROUNI, Autonomia Universitária – bem como crítica à política de
crescimento do ensino privado em detrimento do público.
Tendo em vista a base estruturante onde a politecnia se funda, esta última se torna o conteúdo da formação
integral perseguida pela licenciatura ampliada em educação física. A politecnia é compreendida como a síntese
superadora dos limites da divisão do trabalho, reunificando o trabalho intelectual – academicismo clássico – e o
instrumental – profissionalização estreita (Kuenzer, op. cit.). Neste ponto, atua no resgate da relação entre
conhecimento, trabalho e relações sociais, através da apropriação do conhecimento científico-tecnológico no interior
de uma perspectiva histórico-crítica (Savani, 1992). No que concerne à educação física, seria a própria superação da
formação por ocupações definidas pelo mercado de trabalho, ou seja, a habilitação dividida entre licenciatura e
graduação. Tal princípio responde à questão da formação em torno dos vários campos, sobretudo os não-escolares, já
que “não quer dizer uma escola onde estudam muitos ofícios, mas onde se ensina a [...] compreender a essência dos
processos de trabalho, a substância laboriosa do povo e as condições de êxito no trabalho” (Machado, 1984, p.389).
A politecnia como conteúdo implica na superação da educação geral baseada nas áreas do conhecimento que se
explicam em si mesmas. Desta forma, interpretamos que tal princípio se põe contrário à fragmentação curricular em
formação ampliada e formação específica contida na Resolução 07/04. Não se trata de lecionar uma base geral na
perspectiva de um conhecimento identificador ou de um núcleo comum, para depois partir para a formação chamada
específica.
Por fim, destaca-se a dialética como método orientador da politecnia (Kuenzer, op. cit.). Neste ponto, é utilizado
o trabalho enquanto princípio educativo, forma de ação transformadora da natureza e de constituição da vida social
Concluímos este artigo afirmando que a divisão da formação em educação física entre licenciatura e graduação é
a expressão momentânea da vitória dos setores conservadores e corporativistas da área, afetos aos desígnios do
capital e, portanto, empenhados neste momento histórico no asseguramento da formação do trabalhador de novo tipo,
exigido enquanto componente de gerência da sua crise estrutural. Este quadro coloca para os trabalhadores da
educação física a tarefa de organização para a reversão das atuais Diretrizes Curriculares, bem como a luta contra a
fragmentação do currículo em cada curso de formação.
Por outro lado, é possível afirmar que, no campo marxista, muito se avançou no que diz respeito à teorização
acerca da formação para além do capital, baseada nos conceitos de omnilateralidade e politecnia. Tais conceitos
devem permear propostas alternativas curriculares, que apontem necessariamente para a superação da sociedade
capitalista. Neste aspecto, defendemos a licenciatura ampliada em educação física enquanto uma formação
agregadora dos princípios de formação generalista e integral, com vistas a uma perspectiva revolucionária.
Obs . O autor, Dr. Hajime Takeuchi Nozaki é da FAEFID/UFJF e membro do Grupo de Estudos do Trabalho,
Educação Física e Materialismo Histórico (GETEMHI). E-mail: hajimenozaki@uol.com.br
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Comissão de Avaliação
Amparo Villa Cupolillo
Marcos Miranda Correia
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Introdução
No III EnFEFE a Comissão de Avaliação considerou que o Encontro entrava, naquele momento, em sua
adolescência. Entendemos que, em sua oitava edição (2004), atinge a maturidade referente há aproximadamente
quarenta anos. Nem por isso, perde a vitalidade, a alegria e a rebeldia características da sua infância e adolescência,
as quais o geraram e o fizeram crescer. O espírito crítico, de luta e resistência às políticas neoliberais e à
desvalorização do ensino público continua forte e atuante.
A maturidade dos quarenta anos vem apenas aperfeiçoar, refinar e lapidar a aplicação dessa vitalidade ainda
viva, vibrante e presente, não só durante os dias dos Encontros, mas também no cotidiano do Departamento de
Educação Física da Universidade Federal Fluminense. Vitalidade e maturidade extremamente pertinentes ao momento
e ao nível dos debates, questionamentos e proposições apresentadas nestes três dias. Esses debates demostraram
que, sem dúvida, o EnFEFE cresceu e amadureceu e que, em sua oitava versão, marcou a existência de um contexto
favorável a um novo processo de mudança na Educação Física Escolar.
O crescimento quantitativo (número de participantes e trabalhos), que já vinha sendo apontado em outras
avaliações, e qualitativo que identificamos neste ano, solicitam algumas reflexões; embora não muito complexas, mas
de extrema importância para que o compromisso com a práxis da Educação Física e com suas posições políticas
democráticas continuem norteando os amplos caminhos que se abrem diante do contexto identificado nesse momento,
o qual, conforme apresentaremos, parece desafiador e promissor.
De onde partimos
Todo processo avaliativo gera uma forte expectativa, tanto de quem avalia, quanto de quem é avaliado. Portanto,
cabe em primeiro lugar uma breve discussão acerca do lugar do qual partimos para efetuar esta contribuição à
avaliação que agora apresentamos. O nosso ponto de partida então é dizer como e o que entendemos por avaliação.
Estamos habituados a pensar em avaliação como uma prática feita a partir da fórmula dada pela nossa
racionalidade científica, de cunho positivista que atrela a avaliação aos objetivos pré-determinados, operacionalizados
e elaborados com clareza para a obtenção de resultados positivos e únicos. Na busca por encontrar respaldos
objetivos do alcance dos resultados elaboramos instrumentos que nos possibilitem determinar este alcance ou não. E
assim procedemos em quase todos os processos avaliativos do qual fazemos parte. Quanto mais claros e
transparentes forem os objetivos entendemos que melhor ou mais fácil será detectar, via avaliação, a sua apreensão.
Retiramos, com isso, as diversas possibilidades de apreensão diferenciada que cada ser humano é capaz de fazer
diante de sua exposição à novos conhecimentos e experiências. Simplificamos o processos de aprendizagem
buscando resultados únicos para todos.
Pois bem, a nossa tentativa, neste momento, nem um pouco fácil, é de buscar um olhar que não nos limite a
unicidade, mas tentando contemplar ao máximo a ambigüidade e a diversidade das apreensões possíveis.
Concordando com Sacristán, entendemos que toda avaliação é, antes de tudo, um olhar possível que elege questões
consideradas pelos avaliadores como fundamentais, porém silencia para outras.
Organização
Dado o acúmulo de experiência adquirida na organização de oito Encontros, consideramos que a organização
esteve a contento. O encerramento das inscrições com um mês de antecedência demonstram a consolidação e
tradição que o Evento já conquistou no Rio de Janeiro e também nos Estados mais próximos; o credenciamento e a
entrega de certificados foi realizada sem aglomerações; as instalações e o lanche estiveram adequados para o
tamanho do Evento; os pequenos atrasos não comprometeram o prosseguimento das atividades.
Alertamos os organizadores para um pouco mais de cuidado na produção dos anais, pois encontramos algumas
páginas repetidas e outras faltando. A crítica mais contundente que fazemos, apesar de estarmos conscientes das
enormes dificuldades materiais da comissão organizadora, é quanto a não entrega da programação dos temas livres
aos participantes, dificultando a escolha e a localização das apresentações.
Um último alerta é quanto ao fato de o avaliador e uma participante (que não conseguiu inscrever-se), ambos
presentes em quase todos os Encontros anteriores e ex-alunos da pós-graduação, não terem recebido nenhuma
comunicação sobre a realização do evento. Esse fato deve ser observado com cuidado, uma vez que detectamos a
existência de inscrições utilitaristas, no sentido de que sejam priorizados participantes realmente envolvidos com a
proposta do evento.
Programação Cultural
Consideramos a escolha da cantora Samantha Shimutz, acompanhada por Sérgio Paranhos e André Geléia
como extremamente adequada, com o repertório diversificado, expressividade e personalidade marcante,
descontração e carisma. Ressaltamos que, se possível, para os próximos eventos seja também contactado algum
grupo artístico dirigido por professores participantes do Evento.
Participantes
Observamos uma significativa diversidade de gerações e regiões presentes. Participaram pessoas de Juiz de
Fora e Belo Horizonte (MG), Rio Claro (SP), Vitória e Curiacica (ES), Santa Maria (RS) e Goiás (GO); o que
demonstra a extensão da propagação das idéias aqui desenvolvidas. Também vale destacar a presença de mães
professoras e filhas estudantes; o que nos leva a acreditar na continuidade do evento pelas próximas gerações;
Esta participação diversificada enriqueceu as palestras com o levantamento de questões pertinentes ao tema e
preocupadas com o cotidiano escolar, estendendo-se após as palestras pelos corredores e outros espaços;
Deve-se considerar, entretanto, a participação utilitarista, isto é, algumas inscrições feitas apenas com o intuito
de apresentar trabalho ou cumprir carga horária da faculdade impedindo, algumas vezes, a inscrição e a participação
de outros mais comprometidos com a proposta do evento.
Tema
O tema escolhido para o VIII EnFEFE – Cultura e Educação Física - nos pareceu de extrema pertinência e
ousadia. A temática cultural, que vem sendo debatida por diversas áreas do conhecimento, oferece possibilidades