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revisão

Modelos de Reabilitação Fisioterápica em


Pacientes Adultos com Sequelas de AVC Isquêmico
Physical Therapy Rehabilitation Models in Adult Patients with Ischemic Stroke Sequel

Cláudia Araújo de Paula Piassaroli1, Giovana Campos de Almeida1, José


Carlos Luvizotto1, Ana Beatriz Biagioli Manoel Suzan2

RESUMO ABSTRACT
Este trabalho tem como objetivo verificar na literatura a existência de The objective of the present study was to check the presence of physi-
protocolos de reabilitação fisioterápica para pacientes com sequelas de cal therapy rehabilitation protocols in literature for patients present-
acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) e a elaboração de uma ing sequels caused by ischemic stroke, and the elaboration of a sug-
sugestão de tratamento fisioterápico para estes pacientes, visando a gestion of a physical theraphy treatment for this patients, aiming to
melhora nas atividades de vida diária (AVD´s). A metodologia utiliza- obtain improvements in daily activities. The methodology used in the
da foi revisão bibliográfica através de artigos científicos indexados nas present study was a bibliography review of scientific articles indexed
seguintes bases de dados: Lilac’s, Scielo, Medline, Pubmed, bem como to the following data base: Lilac’s Scielo, Medline, as well as books
livros e monografias. O tema foi escolhido devido ser o AVCi respon- and monographs. The theme was chosen because it is the stroke ac-
sável por 80% dos casos, e o AVC hemorrágico pelos outros 20% das counts responsible for 80% of the cases and the hemorrhagic stroke is
incidências. Cerca de 40% dos pacientes com AVC portarão sequelas responsible for 20% of the incidences. Around 40% of patients with
permanentes, dificultando as AVD´s, necessitando de cuidados espe- stroke will have permanent sequels that make daily life activities dif-
ciais, e acompanhamento por equipe multidisciplinar. Reintegrar o ficult, as well as the necessity of special care, and a follow up of multi-
paciente no ambiente social é um desafio que envolve todas as pessoas disciplinary team. Reintegrating the patient to the social environment
inseridas no processo. Após um curto período de flacidez, o pacien- is a challenge that involves all the people in the process. After a short
te entra no estado de espasticidade muscular, que é uma das severas period of sagging a state of muscle spasticity starts, which is one of the
limitações que ele vai apresentar. A adesão do paciente e cuidadores, most strict limitations that such patient will present. The agreement of
além da precocidade do tratamento são fundamentais para a melhora the patients and caregivers in addition to the earliness of the treatment
do paciente. are essential for the improvement of the patient.

Unitermos. Acidente Vacular Cerebral, Hemiparesia, Reabilitação, Keywords. Cerebrovascular Accident, Hemiparesis, Rehabilitation,
Plasticidade Neuronal. Neuronal Plasticity.

Citação. Piassaroli CAP, Almeida GC, Luvizotto JC, Suzan ABBM. Citation. Piassaroli CAP, Almeida GC, Luvizotto JC, Suzan ABBM.
Modelos de Reabilitação Fisioterápica em Pacientes Adultos com Se- Physical Therapy Rehabilitation Models in Adult Patients with Isch-
quelas de AVC Isquêmico. emic Stroke Sequel.

Endereço para correspondência:


Ana Beatriz BM Suzan
Rua do Retiro, 1371 – Ap 123 – bl 07 – Jardim Paris
CEP 13209-201, Jundiaí-SP, Brasil.
Tel (11) 98027698
E-mail: ana_manoel@yahoo.com.br

Trabalho realizado no Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio –


Faculdade de Ciências e Saúde da Vida, Itu-SP, Brasil. Revisão
1.Graduandos em Fisioterapia – CEUNSP, Itu-SP, Brasil. Recebido em: 23/11/10
2.Fisioterapeuta, mestre e professora do Centro Universitário Nossa Senhora Aceito em: 01/07/11
do Patrocínio, Itu-SP, Brasil. Conflito de interesses: não

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INTRODUÇÃO mento que causam fraqueza na parede do vaso sanguíneo.
O AVC é uma condição que pode resultar em pre- A hemorragia está estreitamente relacionada à hiperten-
juízo neurológico e levar à incapacidade e morte. Suas são arterial3.
manifestações frequentemente envolvem fraqueza mus- A causa mais comum de AVC é a obstrução de
cular, espasticidade e padrões motores atípicos1. uma das artérias cerebrais importantes (média, posterior
O AVC isquêmico (AVCi), é causado por uma e anterior, em ordem descendentes de frequências) ou de
oclusão vascular localizada, levando à interrupção do seus ramos perfurantes menores que vão para as partes
fornecimento de oxigênio e glicose ao tecido cerebral, mais profundas do cérebro. Os acidentes vasculares cere-
afetando subsequentemente os processos metabólicos do brais do tronco encefálico, ocasionados por patologia nas
território envolvido2. artérias vertebrais e basilar, são menos comuns4.
A etiologia mais comum do AVC decorre de doen- Os locais mais comuns para a ocorrência de lesões
ças cardiovasculares: doença valvular, infarto do miocár- são a origem da artéria carótida comum ou a transição des-
dio, arritmias, doença cardíaca congênita; doenças sistê- ta para a artéria cerebral média (em sua bifurcação princi-
micas podem produzir êmbolos sépticos, gordurosos ou pal), e a junção das artérias vertebrais com a artéria3.
de ar, que afetam a circulação cerebral. Os AVCi também A incidência do AVC duplica a cada década de
podem ocorrer de uma perfusão sistêmica baixa, como vida a partir dos 55 anos, sendo a hemiparesia um déficit
resultado de insuficiência cardíaca ou perda importante importante decorrente da lesão5.
de sangue com a consequente hipotensão sistêmica. A Os AVCs são uma das principais causas de mor-
consequente escassez de fluxo sanguíneo cerebral priva te nos países desenvolvidos. Nos E.U.A. constituem a
o cérebro de glicose e oxigênio que lhe são necessários, terceira causa de morte, morrendo todos os anos cerca
prejudica o metabolismo celular e leva à lesão e morte de 143579 pessoas vítimas desta patologia. A incidência
dos tecidos3. é superior nas mulheres, com aproximadamente mais
A aterosclerose é um importante fator que con- 55000 AVCs do que os homens. O risco de sofrer um
tribui para a doença cerebrovascular. Caracteriza-se pela AVC é superior nos homens, sendo este ultrapassado
formação de placas, com acúmulo de lipídeos, fibrina, pelas mulheres após os 85 anos idade. O risco relativo
carboidratos complexos e depósitos de cálcio nas paredes homem/mulher de sofrer um AVC é de 1.25 (para ida-
arteriais, que levam a um estreitamento progressivo dos des entre os 55-64 anos), 1.5 (para idades entre os 65-
vasos sanguíneos. A interrupção do fluxo sanguíneo por 74anos), 1.07 (para idades entre os 75-84 anos) e 0.76
parte das placas ateroscleróticas ocorre em determinados (para idades superiores a 85 anos). Aproximadamente
locais de predileção, que geralmente envolvem bifurca- 3/4 de todos os AVCs ocorrem em pessoas com idade
ções, constrições, dilatações ou angulações de artérias3. superior a 65 anos. Após os 55 anos de idade, o risco
Os trombos, que são coágulos sanguíneos, levam de sofrer um AVC mais do que duplica a cada década.
à isquemia, ou seja, oclusão de uma artéria, com o con- Dados do National Institute of Neurological Disorders
sequente infarto ou morte tissular. Os trombos também and Stroke (NINDS) revelam uma incidência superior
podem se deslocar, indo a um ponto mais distal na forma de AVC em pessoas negras em comparação com brancos
de êmbolo intra-arterial, portanto, os êmbolos são frag- (especialmente nos jovens) e que, de todos os AVCs, 87%
mentos de substâncias em deslocamento, formados em são isquêmicos, 10% são hemorragias intracerebrais e 3%
outro local, que são liberados na corrente sanguínea e vão são hemorragias subaracnóideias6.
para artérias cerebrais, onde se alojam e provocam oclu- Os fatores de risco do AVC podem ser divididos
são e infarto3. em não modificáveis e modificáveis7.
Os AVCs também podem ser hemorrágicos, causa- Entre os fatores de risco modificáveis, destaca-se
do por aneurisma ou trauma dentro das áreas extravascu- a hipertensão arterial pela sua alta prevalência; o diabe-
lares do cérebro. Os fatores que mais contribuem para a tes mellitus, pela sua susceptibilidade à aterosclerose das
formação de um aneurisma são os defeitos de desenvolvi- artérias coronárias, cerebrais e periféricas; a dislipidemia
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por ser um importante fator de risco relacionado à car- Como sintomas mais característicos do quadro clí-
diopatia isquêmica; a presença de doença cardiovascular nico temos:
prévia; a obesidade, pela frequente associação ao diabetes • Perda súbita de força em um dos lados do cor-
mellitus e à dislipidemia, constituindo frequentemente a po;
“Síndrome metabólica”; o tabagismo, a ingestão abusiva • Perda da fala ou compreensão da fala;
de álcool e a vida sedentária, dependentes do estilo de • Perda da visão completa de um olho ou de me-
vida do paciente; o uso de anticoncepcionais orais, prin- tade do campo visual de ambos os olhos;
cipalmente se relacionados a eventos trombóticos prévios • Perda de consciência;
ou tabagismo8. • Convulsões;
Entre as várias causas cardíacas relacionadas com o • Perda da coordenação;
risco de AVC isquêmico de origem embólica, a fibrilação • Alteração da marcha11.
atrial é uma das mais importantes. A doença carotídea as-
sintomática (estenose >50%) está presente entre 7 a 10% Os principais comprometimentos diretos são: dé-
dos homens e entre 5 a 7% das mulheres acima de 65 ficits somatossensitivos, dor, déficits visuais, déficits mo-
anos7. tores, alterações no tônus, padrões sinergísticos anormais,
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o princi- reflexos anormais, paresia e padrões alterados de ativação
pal fator de risco preditivo para AVCi, pois está presente muscular, déficits de programação motora, distúrbios de
em cerca de 70,0% dos casos de doenças cardiovasculares controle postura e equilíbrio, distúrbios da fala e lingua-
(DCV). Cardiopatias são consideradas o segundo fator de gem, disfagia, disfunção perceptiva, disfunção cognitiva,
risco mais importante para AVC, cuja frequência é 41,9% distúrbios afetivos, diferenças comportamentais entre os
para AVCi (contra cerca de 2,0% para AVC hemorrági- hemisférios, crises e disfunção da bexiga e do intestino.
co). Fibrilação atrial crônica (FA) é a doença cardíaca Os comprometimentos indiretos são: tromboembolismo
mais associada com AVC, representando cerca de 22,0% venoso, rachaduras na pele, diminuição da flexibilidade,
destes casos. Diabete mellitus (DM) é fator de risco in- subluxação e dor no ombro, distrofia reflexa simpática e
dependente para a DCV, uma vez que acelera o processo descondicionamento3.
aterosclerótico. Cerca de 23% de pacientes com AVCi são São seis padrões apresentados: alterações no tônus,
diabéticos9. apresentando flacidez logo após o acidente e, mais tar-
Cardiopatias são consideradas o segundo fator de de, espasticidade em 90% dos casos; padrões sinergísticos
risco mais importante para AVC, cuja frequência é 41,9% anormais, onde o paciente não é capaz de movimentar
para AVCi (contra cerca de 2,0% para AVC hemorrági- um segmento isolado do membro sem produzir movi-
co). Fibrilação atrial crônica (FA) é a doença cardíaca mais mentos no restante do mesmo; reflexos anormais, que no
associada com AVC, representando cerca de 22,0% destes princípio provoca hipo-reflexia, durante os estágios in-
casos. DM é fator de risco independente para a DCV, termediários, espasticidade, a hiper-reflexia, clônus e Ba-
uma vez que acelera o processo aterosclerótico. Cerca de binski positivo. Também paresias e padrões alterados de
23% de pacientes com AVCi são diabéticos9. ativação muscular em que o grau de fraqueza pode variar
Com o desenvolvimento de técnicas modernas de entre a incapacidade total de conseguir alguma contração
neuroimagem, é possível prever o risco de desenvolver visível e o comprometimento mensurável na geração de
AVC e detectar lesões “silenciosas” (ICS)10. força. Déficits de programação motora pois, o hemisfério
As técnicas modernas de imagem cerebrovascular esquerdo, dominante, é responsável por iniciar e executar
aumentaram bastante a precisão do diagnóstico do AVC. movimentos voluntários, assim os pacientes não são capa-
Essas técnicas envolvem: tomografia computadorizada zes de executar sequências complexas de movimento; já o
(TC), ressonância magnética (RM), tomografia de emis- hemisfério direito, responsável na sustentação dos movi-
são positrônica (PET), ultrassonografia transcraniana mentos ou postura, fica prejudicado nesses movimentos
Doppler, angiografia cerebral3. quando afetado por um AVC, e distúrbios de controle
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postural e equilíbrio, onde os pacientes com AVC apre- começar a recuperação, melhor será o prognóstico. De
sentam assimetria, na qual a maior parte do peso, nos modo típico, a melhora funcional é mais rápida, durante
movimentos de sentar e levantar é transferida para o lado os primeiros meses após o AVC. A velocidade da recu-
não parético, isso provoca os desequilíbrios3. peração inicial está relacionada à redução do edema ce-
A incontinência urinária pode decorrer da hiper- rebral, melhora do suprimento sanguíneo e remoção do
reflexia ou hipo-reflexia da bexiga, distúrbios no controle tecido necrótico. Todavia, com fisioterapia, os ganhos
do esfíncter e/ou perda sensória. Os distúrbios da fun- funcionais podem continuar por anos à frente16.
ção intestinal podem envolver incontinência e diarréia ou As equipes deverão ser interdisciplinares para que
constipação e impactação3. o tratamento desenvolva ao mesmo tempo as áreas mo-
A trombose venosa profunda (TVP) e o embolis- toras, cognitivas, emocionais, sociais e familiares. Varia-
mo pulmonar são complicações em potencial para todos ções à parte, a literatura recomenda uma equipe mínima
os pacientes imobilizados. A incidência de TVP em pa- composta pelo médico fisiatra, fisioterapeuta, terapeuta
cientes com AVC chega a 47% com a estimativa de 10% ocupacional, psicólogo, enfermeiro, o nutricionista e o
de óbitos atribuídos ao embolismo pulmonar3. fonoaudiólogo. Outros profissionais como o arteterapeu-
A dor no ombro é extremamente comum após o ta, o pedagogo ou os educadores físicos também podem
AVC, ocorrendo em 70 a 84% dos casos, em geral, existe contribuir17,18.
a dor relacionada ao movimento e, em casos graves, ao O estudo teve como objetivo a elaboração de uma
repouso12,13. sugestão de tratamento fisioterápico para pacientes com
A prevalência da subluxação de ombro pode variar sequelas de AVCi com hemiparesia, visando a melhora
de 17% a 66% dos pacientes hemiplégicos, demonstran- das AVD´s e da qualidade de vida destes pacientes.
do ser uma complicação frequente após o AVC14.
A estabilidade do ombro é de extrema importância MÉTODO
para uma movimentação adequada das articulações mais Para a realização deste trabalho, foi feito um levan-
distais e para a função do membro superior nas AVD’S. tamento bibliográfico no período compreendido entre
O ombro é também importante na função de equilíbrio março e setembro de 2010, utilizando-se uma busca da
na marcha pelo balanceio do membro superior, sendo um literatura por meio de consulta nas bases de dados eletrô-
componente ativo na locomoção em cadeira de rodas e na nicos Scielo, MedLine e Lilacs, monografias, sites, revis-
transferência14. tas especializadas na área, periódicos e livros. Como cri-
A hemiparesia permanece por períodos longos, tério de inclusão, selecionaram-se artigos publicados de
havendo um platô em termos de ganho em aproximada- 2000 a 2010, nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa,
mente doze meses. Além disso, 60% dos indivíduos que cujo acesso foi permitido. Os artigos selecionados foram
sofrem AVC ficam com disfunção motora que se torna analisados de modo a preencher os requisitos anteriores e
um déficit “permanente” um ano após a lesão. Esses pro- classificados de acordo com a necessidade pela busca do
blemas resultam em dificuldades para a execução dos mo- tema em relação à sua definição, etiologia, quadro clíni-
vimentos funcionais, prejudicando a qualidade de vida co, entre outros, incluindo a busca de propostas para a
individual, principalmente a independência relativa à re- reabilitação de pacientes adultos com sequelas de AVC
alização das AVDs e ao desempenho ocupacional5. isquêmico, que foi o foco do trabalho. Os artigos que não
Os sintomas mais comuns na instalação de um preenchiam todos os requisitos listados não foram incluí-
AVC são: alteração de força e/ou sensibilidade em um ou dos. As análises e seleção dos artigos foram realizados por
ambos os lados do corpo, dificuldade para falar, confusão quatro revisores, os quais dividiram a busca entre a pato-
ou dificuldade para entender e se comunicar, dificuldade logia e os possíveis tratamentos existentes na literatura.
para a marcha ou equilíbrio, dificuldade para enxergar As palavras-chave utilizadas para pesquisa foram Acidente
com um ou ambos os olhos, cefaléia súbita e atípica15. Vacular Cerebral, hemiparesia, reabilitação, plasticidade
Após acidente cérebro-vascular, quanto mais cedo neuronal.
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RESULTADOS continuar, seja de forma ambulatorial ou na comunidade4.


Foram identificados 92 artigos que correlaciona- Há uma década parecia inimaginável para os neu-
ram AVC, hemiparesia, reabilitação e plasticidade neu- rocientistas a plasticidade no córtex cerebral de adultos,
ronal. Por meio desses artigos foi possível definir alguns entretanto, com o avanço de pesquisas e métodos de
parâmetros, correlacionando o AVCi e suas formas de imagem utilizando técnicas não-invasivas, tal panorama
tratamento. Foram utilizados somente sites especializados vem se modificando, pois estas demonstram a tendência
na área da saúde e na área governamental, como OMS e de sinapses e circuitos neuronais se modificar em vir-
IBGE. tude às atividades no SNC maduro afetado. Mudanças
plásticas ocorrem após um insulto neurológico, incluin-
DISCUSSÃO do o AVC, em resposta à excitabilidade diminuída e ao
Estágios do Acidente Vascular Cerebral não uso do membro afetado, reduzindo o tamanho da
No estágio agudo, o fisioterapeuta concentra-se representação cortical do mesmo. Diversas técnicas têm
nos problemas básicos, como a função respiratória e a sido utilizadas para a recuperação da função motora nes-
capacidade de tossir e deglutir. O paciente pode estar in- ses pacientes, entretanto existem controvérsias quanto à
consciente e, portanto, requer assistência para manter a efetividade das mesmas e há necessidade de novas pes-
função respiratória normal e a remoção de secreções das quisas baseadas nos princípios da neuroplasticidade, que
vias aéreas superiores4. pode ser definida como a capacidade de adaptação da
O estágio intermediário pode começar em até 24 estrutura e função do sistema nervoso em decorrência
horas depois do AVC, momento em que é importante dos padrões de experiência18.
completar a avaliação fisioterápica, que representa extensa
base de dados compreendendo uma variedade de deta- Intervenção fisioterápica no AVC isquêmico
lhes que dizem respeito ao paciente. Quando possível, o O processo de conduta fisioterápica objetiva ma-
paciente e as pessoas que cuidam dele, devem participar ximizar a capacidade funcional e evitar complicações se-
ativamente na identificação e concordância com objetivos cundárias, possibilitando ao paciente reassumir todos os
realistas e atingíveis da fisioterapia, em colaboração com aspectos da vida em seu próprio meio. Trabalhando como
todos os membros da equipe multiprofissional (EMP). As um cientista clínico do movimento, o fisioterapeuta é
tarefas relacionadas com os movimentos funcionais que capaz de identificar e avaliar as estratégias fisioterápicas
o paciente pode realizar com independência devem ser apropriadas. Esse processo inclui lidar com os fatores so-
identificadas para que ele se envolva como participante ciais e psicológicos que afetam o paciente com AVC4.
ativo em sua reabilitação4. Os programas terapêuticos aplicados pelos profis-
O estágio da alta e da transferência é um perío- sionais da saúde consistem em processos pelos quais se
do crítico na reabilitação do paciente com AVC e requer ministra, orienta, guia e ensina a demanda funcional ade-
conduta fisioterápica específica. No caso de paciente hos- quada, a fim de estimular que os mecanismos de reorga-
pitalizado ou internado na Unidade de Reabilitação de nização neural desenvolvam-se de forma ideal, na tenta-
AVC, é preciso tomar a decisão de fazê-lo voltar para casa tiva de recuperar ao máximo as funções sensoriomotoras
ou ir para uma casa de repouso. Para o paciente que vai dos pacientes com lesão neurológica19.
para uma comunidade, este é o momento em que termi- Tendo em vista que dentro do contexto geral de
na o contato formal com a fisioterapia4. sequelas neurológicas, a motricidade domina as expectati-
Uma característica importante desse estágio é a vas dos pacientes, de seus familiares e da equipe multidis-
conduta na habilidade de transferência. O fisioterapeuta ciplinar, independentemente de fatores cognitivos, emo-
deve fazer visitas à casa do paciente e estabelecer as metas cionais e sociais, a fisioterapia é uma das especialidades
no período da alta, para possibilitar que suas habilidades que mais tem sido solicitada mundialmente por equipes
motoras sejam mantidas quando estiver em casa. Ao sair multiprofissionais que trabalham em hospitais, clínicas,
do hospital, o contato regular com o fisioterapeuta deve serviços de atendimento domiciliar e outros que tratam
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pacientes neurológicos19. O padrão de recuperação do controle motor está
Os indivíduos portadores de sequelas de AVC se- relacionado às estruturas mais afetadas do sistema nervo-
guem, normalmente, uma rotina de intervenção e trata- so. O controle dos movimentos do corpo no lado con-
mento de acordo com o tipo e causa do acidente vascular tralateral à lesão atravessa estágios de recuperação das
cerebral. Esta rotina varia desde a intervenção cirúrgica funções motoras e sensoriais que podem ser eficientes ou
ao tratamento clínico, passando, posteriormente, para não. Após um período de hipotonia, a recuperação do
o tratamento fisioterápico. Este consiste, na medida do membro superior parético poderá incluir sinergia patoló-
possível, em restabelecer funções e/ou minimizar as se- gica de flexão ou de extensão, observada durante as tenta-
quelas deixadas. No entanto, o quadro tende, com o tem- tivas de realização das atividades funcionais5.
po, a se estabilizar e o paciente apresenta, na maioria das Apesar das evidências que indicam ser o AVC um
vezes, uma hemiparesia ou uma hemiplegia, dependendo dos maiores problemas de saúde pública mundial, ainda
não somente da área cerebral afetada, como também da são escassos os fundos de pesquisa direcionados para esta
extensão deste acometimento. Isto faz com que a pessoa área, quando comparados com as doenças cardíacas ou
torne-se um eterno paciente da fisioterapia, desenvolven- neoplásicas21.
do, na maioria das vezes, uma atividade relativa. Outra O conceito de AVC como uma emergência médica
situação que ocorre habitualmente, e que é ainda pior, ainda é muito precário no Brasil. Em um recente estudo
é quando o paciente retorna para casa e permanece no transversal realizado em quatro cidades brasileiras, com
sedentarismo. Este sedentarismo, talvez, tenha sido uma 814 indivíduos, verificou-se 29 diferentes nomes para
das causas provocadoras do seu acidente vascular e agora AVC. Somente 35% reconheciam 192 como número
poderá talvez ser a causa de um novo acidente20. nacional de emergência médica e 22% não reconheciam
Atualmente, os recursos terapêuticos da fisiotera- nenhum sinal de alerta para AVC22.
pia possuem como base estudos científicos e, o aprimora- A mortalidade nos primeiros 30 dias após o AVC
mento dos mesmos tem sido observado na última década. isquêmico é de aproximadamente 10%, sendo principal-
Podemos citar como seus principais recursos: mente relacionada à sequela neurológica, podendo chegar
• Cinesioterapia (exercícios físicos terapêuticos) a 40% ao final do primeiro ano. A maioria dos pacientes
que podem ser realizados através de movi- que sobrevivem à fase aguda do AVC apresentam défi-
mentação passiva, ativa assistida, ativa e ativa cit neurológico que necessita de reabilitação, sendo que
resistida. As formas ativas ocorrem através de aproximadamente 70% não retomarão o seu trabalho e
contração muscular isométrica, isotônica con- 30% necessitarão de auxílio para caminhar23,24.
cêntrica e excêntrica. Quando realizada com Para que o programa de tratamento fisioterápico
auxílio de aparelhos mecânicos denomina-se possua congruência, algumas considerações básicas de-
mecanoterapia. vem ser observadas:
• Hidroterapia (exercícios terapêuticos aquáti- • Para a elaboração do programa fisioterápico
cos). deve-se inicialmente realizar uma avaliação fi-
• Hipoterapia (exercícios terapêuticos com au- sioterápica completa. Reavaliações periódicas
xílio de equinos). devem ser feitas, para que se possa verificar os
• Massoterapia (técnicas terapêuticas de mobi- efeitos do tratamento ministrado, bem como a
lização dos tecidos superficiais e profundos). evolução neuromotora do paciente;
• Termoterapia (terapia através de agentes tér- • Este programa deve conter objetivos gerais (a
micos e eletromagnéticos). serem alcançados a longo prazos) e específicos
• Eletroterapia (terapia através de agentes ele- (a curto e médio prazos), estes devem ser bem
trofísicos e eletromagnéticos); e outros. definidos e devem ser traçados juntamente
• Técnicas alternativas (exercícios terapêuticos com o paciente e seus familiares;
não-convencionais)19. • O período do programa, que inclui o número
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de sessões fisioterápicas, bem como o tempo • Técnicas de percussão e vibração do tórax e de


de cada sessão, devem ser previamente estipu- reexpansão pulmonar;
lados; • Drenagem postural, se indicado, ou se o pa-
• Deve-se elaborar um programa de tratamen- ciente está inconsciente por um período pro-
to para atingir ao máximo as expectativas do longado, e se necessário algumas formas de
paciente. Deve-se observar para que as ex- entubação e sucção mecânica.
pectativas do terapeuta não intervenham de Integridade musculoesquelética
forma mais significante do que as do próprio Objetivos
paciente; • Manter ou ganhar amplitude de movimento;
• O programa deve conter o esboço dos recursos • Tratar subluxação de ombro;
terapêuticos a serem utilizados, ministrando- • Prevenir contraturas e deformidades.
os de forma a estimular as atividades funcio- Condutas
nais, evitando movimentos estereotipados, • Massagem no ventre muscular, alongamentos
reações associadas anormais ou estimular a passivos, mobilizações passivas;
evolução das doenças progressivas. Para isso, é • Tipóia e órteses externas;
necessário observar as funções que o paciente • Mobilizações passivas de membros superiores
está apto a realizar com a mínima assistência e membros inferiores.
possível em cada fase do tratamento e estimu- Trombose venosa profunda (TVP)
lá-las, incorporando-as em suas atividades de Objetivos
vida diária e de vida prática. Tanto a prepara- • Prevenir TVP, após liberação médica.
ção como a própria atividade funcional devem Condutas
obedecer uma sequência construtiva. Deve- • Mobilizações passivas de membros superiores
mos considerar que, nas doenças progressivas e membros inferiores.
devem ser evitados exercícios que causem fa- Úlceras de decúbito
diga muscular e, consequentemente, piorem a Objetivos
evolução da doença19. • Prevenir úlceras de decúbito.
Todo e qualquer programa de tratamento deve Condutas
conter um conjunto de orientações básicas quanto aos • Mudança de decúbito a cada 2 horas.
posicionamentos adequados tanto nas posturas estáticas
como dinâmicas e também quanto à realização das ativi- Fase aguda – pacientes conscientes
dades de vida diária e de vida prática. Estas orientações Trombose venosa profunda (TVP)
devem ser ministradas tanto aos pacientes quanto aos Objetivos
seus cuidadores e/ou familiares19. • Prevenir TVP, após liberação médica.
Condutas
Proposta de tratamento fisioterápico nos diversos es- • Exercícios passivos de membros superiores e
tágios do Avci membros inferiores.
Função respiratória
Fase aguda – pacientes inconscientes Objetivos
Função respiratória • Prevenir pneumonia;
Objetivos • Manobras de higiene brônquica;
• Prevenir a retenção e acúmulo de secreções, • Manobras de reexpansão pulmonar.
atelectasia e broncopneumonia. Condutas
Condutas • Exercícios ativos fora do leito, em pé ou sen-
• Mudança de decúbito, regulares e frequentes; tado;
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• Vibração, vibrocompressão, tapotagem, acele- • Analgesia;
ração do fluxo expiratório, percussão cubital; • Treinar atividades de vida diária (AVD’s);
• Direcionamento de fluxo, estimulação costal. • Treinar marcha;
Integridade musculoesquelética • Treinar memória cinestésica;
Objetivos • Reaprendizado motor.
• Manter ou ganhar amplitude de movimento; Condutas
• Tratar subluxação de ombro; • Alongamentos passivos, ativos-assistidos e ati-
• Prevenir contraturas, deformidades e dor ar- vos, mobilizações passivas, massagem no ven-
ticular; tre muscular;
• Ganhar força muscular; • Facilitação neuromuscular proprioceptiva
• Propriocepção e melhora do equilíbrio estáti- (Kabat), estimulação elétrica funcional (FES),
co e dinâmico; Bobath, hidroterapia, tipóias, órteses e banda-
• Normalizar tônus em hemicorpo; gem elástica (Kinesio Taping);
• Analgesia. • Mobilizações passivas de membros superiores
Condutas e membros inferiores;
• Alongamentos passivos ou ativos-assistidos, de • Exercícios ativos-resistidos, exercícios isomé-
acordo com o quadro do paciente, mobiliza- tricos;
ções passivas, massagem no ventre muscular; • Tapping de deslizamento com calor ou frio,
• Facilitação neuromuscular proprioceptiva escovação, disco proprioceptivo, tábua bascu-
(Kabat), estimulação elétrica funcional (FES), lante, exercícios táteis com diferentes texturas,
Bobath (cowboy, gaivota), hidroterapia, ti- Bobath (cowboy, gaivota), deambulação em
póias, órteses e bandagem elástica (Kinesio diferentes terrenos, hidroterapia (Bad Ragaz,
Taping); Halliwick, Watsu, Ai chi), tábua basculante
• Mobilizações passivas de membros superiores sentado e em pé entre as barras paralelas e/ou
e membros inferiores; espaldar;
• Exercícios ativos-resistidos, exercícios isomé- • Descarga de peso, pontos chave;
tricos; • Infra-vermelho, gelo, neuroestimulação elétri-
• Tapping de deslizamento com calor ou frio, ca transcutânea (TENS);
escovação, disco proprioceptivo, tábua bascu- • Treinar as trocas posturais (deitado se deslocar
lante, exercícios táteis com diferentes texturas; no leito, virar para o lado, deitado para senta-
• Descarga de peso, pontos chave; do, sentado para deitado, sentado para em pé
• Infra-vermelho, neuroestimulação elétrica e em pé para sentado), sedestação, bipedesta-
transcutânea (TENS). ção, treino para auto cuidados, treino para as
AVD’s com restrição do membro preservado;
Fase tardia • Treino entre as barras paralelas, subida e des-
Integridade musculoesquelética cida de rampa, subida e descida de degraus;
Objetivos • Exercícios sincronizados para membros supe-
• Manter ou ganhar amplitude de movimento; riores (passivos ou ativos-assistidos), exercícios
• Tratar subluxação de ombro quando necessário; ativos ou ativos-assistidos com bastão, bola, e
• Prevenir contraturas e deformidades; na roldana;
• Ganhar força muscular; • Exercícios mentalizando o movimento.
• Propriocepção e melhora do equilíbrio estáti-
co e dinâmico; Sugestões e Orientações
• Normalizar tônus em hemicorpo; • Orientar o cuidador a avaliar a integridade da
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revisão

pele, dos cabelos, das unhas e a higiene bucal tempo para o paciente responder e trocar de
do paciente, principalmente quando o mesmo assunto; organizar as perguntas de forma que
encontrar-se no leito; elas possam ser respondidas com sim, não, ou
• Para maior segurança e independência do pa- alguma outra forma de resposta;
ciente no banho, recomenda-se o uso de barras • A dançaterapia é um método que fornece es-
de apoio na parede, o uso de tapetes antiderra- tímulos, despertando áreas adormecidas, pos-
pantes e a utilização de uma cadeira no boxe; sibilitando autoconhecimento físico, fazendo
• Orientar quanto ao posicionamento na cama com que os pacientes criem consciência de
e na postura sentada; ultrapassar seus próprios limites, auxiliando
• O posicionamento adequado do paciente pre- no desenvolvimento do cognitivo, memória,
cisa ser considerado em relação ao ambiente, bem-estar geral, coordenção muscular. Essa
de modo a incentivá-lo a olhar para o lado terapia traz grandes benefícios, como dimi-
comprometido, proporcionar-lhe todos os es- nuição da rigidez muscular, auto-expressão,
tímulos visuais, auditivos e sensitivos; interação do paciente consigo mesmo e com
• Orientar os cuidadores a estimular o paciente os outros, inclusão social e melhorar a quali-
a utilizar o lado afetado, como por exemplo, dade de vida;
ao dialogar com o paciente posicionar-se ao • Incentivar o treino em ações bimanuais;
lado do membro comprometido; • Manter ambientes bem iluminados, para evi-
• O uso de chinelo deve ser evitado, pois dificul- tar acidentes domésticos;
ta o andar do paciente. Utilizar sapatos com • Cuidados com o ombro comprometido duran-
solado antiderrapante, fácil de colocar e retirar te manipulações, visto que é frequente a dor e
sozinho; a subluxação devido a anatomia da articulação
• As camas não devem ser muito baixas, pois glenoumeral, que predispõe ao quadro;
dificultam os movimentos de sentar e de le- • Proporcionar ao paciente ambientes ricos em
vantar; estímulos visuais, auditivos e sensitivos;
• Usar fitas adesivas antiderrapantes em pisos • Auxílio a deambulação, quando necessário,
escorregadios; com auxílio de andador, bengala, órtese ou
• Instalar corrimãos para oferecer mais seguran- muleta, de acordo com o quadro do paciente.
ça ao paciente;
• Estimular sempre o familiar a realizar ativida- CONCLUSÃO
des com o paciente, de modo que ele não fique A diversidade do quadro patológico de pacien-
acomodado ou dependente. Isso evita que o tes com AVCi é consequência de vários fatores ligados a
mesmo perca a força muscular, agilidade, in- patologia, como a localização, a extensão, a duração do
teresse e ânimo, essenciais à manutenção da quadro isquêmico, a duração da fase aguda, a idade, a
independência funcional e na prevenção de adesão do paciente ao tratamento fisioterápico, os estí-
quedas; mulos apresentados e a precocidade do atendimento, não
• Evitar exercícios que estimulem o padrão fle- negligenciando a participação do cuidador, que é de suma
xor, como por exemplo, não realizar exercícios importância para boa evolução do quadro do paciente em
de apertar bolinhas com a mão comprometida, qualquer uma de suas fases.
pois esses exercícios fortalecem a musculatura Portanto, de acordo com a bibliografia pesquisa-
flexora que é padrão no paciente com AVC; da pode-se concluir que para cada tratamento, deve ser
• Não excluir o paciente afásico da conversação avaliado o quadro do paciente em suas diversas fases.
ou responder por ele; manter orações curtas e A evolução do seu prognóstico dependerá de múltiplas
simples, sem muita informação; proporcionar variantes, assim, esta é uma sugestão de tratamento que
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revisão
http://dx.doi.org/10.1159/000074817
poderá ser utilizada, não se perdendo de vista o quadro
9.Pires SL, Gagliard RJ, Gorzoni ML. Estudo das frequências dos principais
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avaliadas se são adequadas de acordo com o quadro de
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Sugerimos a futuros revisores, que continuem pes-
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quisando e montando outras propostas para a reabilitação 12.Bruton J. Shoulder pain in stroke: Patients with hemiplegia or hemiparesis
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13.Roy C. Shouder pains in hemiplegia: A literature review. Clin Rehabil
co, tendo em vista a escassez de propostas de tratamento
1988;2:35.
para esses pacientes. É importante ressaltar que este tra- http://dx.doi.org/10.1177/026921558800200106
balho é uma proposta de reabilitação fisioterápica, e não 14.Santos JCC, Giorgetti MJS, Torell EM, Meneghett CHZ, Ordenes IEU.
A influência da Kinesio Taping no tratamento da subluxação de ombro no
um protocolo específico a ser seguido.
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