Você está na página 1de 70

DES.

EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (PRESIDENTE DA


COMISSÃO)

BOLETIM - 09/2015

ADMINISTRATIVO CENSO ESCOLAR. FUNDEB. LEGITIMIDADE AD CAUSAM DA


UNIÃO. EQUÍVOCO NO NÚMERO DE ESTUDANTES MATRÍCULADOS. ERRO DO
MUNICÍPIO. RETIFICAÇÃO APÓS O PRAZO DE TRINTA DIAS FIXADO PELO ART. 9º, §
4º, DA LEI Nº 11.494/2007 EMENTA: ADMINISTRATIVO. CENSO ESCOLAR. FUNDEB.
LEGITIMIDADE AD CAUSAM DA UNIÃO. EQUÍVOCO NO NÚMERO DE ESTUDANTES
MATRÍCULADOS. ERRO DO MUNICÍPIO. RETIFICAÇÃO APÓS O PRAZO DE TRINTA
DIAS FIXADO PELO ART. 9º, § 4º, DA LEI Nº 11.494/2007. IMPOSSIBILIDADE.
NATUREZA DECADENCIAL DO PRAZO. REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO PROVIDAS. -
Como a pretensão autoral consiste em retificar os dados do censo escolar do
município autor no ano de 2010, para fins de percepção dos recursos do FUNDEB,
deve a União figurar no polo passivo da demanda vez que é de sua competência
efetuar possível retificação desses repasses. A competência do FNDE, consoante
reconhece a própria demandada, é exercer a fiscalização orçamentária e financeira
desse Fundo, não albergando o repasse dos recursos, que incumbe à União.
Preliminar de ilegitimidade passiva ad causam rejeitada. - O prazo de trinta dias
fixado pelo art. 9º, § 4º, da Lei nº 11.494/2007 para que os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios apresentem recursos para eventual retificação dos dados publicados
no censo escolar tem natureza decadencial, de modo que transcorrido in albis, decai
para os entes públicos o direito de retificar os dados informados. - No presente caso,
da análise dos elementos materiais acostados aos autos, constata-se que o Censo
Escolar de 2010 do Município de Nova Olinda, na Paraíba, foi feito com base em
informações incorretas prestadas por servidor do próprio município, mas a gestão
municipal somente pleiteou administrativamente a correção no 10 Boletim de
Jurisprudência nº 9/2015 sistema após o prazo de trinta dias fixado pelo art. 9º, § 4º,
da Lei nº 11.494/2007, de modo que agiu corretamente a União ao indeferir tal
pleito, tendo em vista a sua extemporaneidade. Além disso, a União não pode ser
responsabilizada pela desídia da gestão municipal que, mesmo detectando que seu
servidor repassou informações equivocadas sobre a quantidade de alunos
matriculados na rede pública de ensino referente ao ano de 2010, não fez devida
retificação dentro do prazo legal. - Condenação do município autor em honorários
advocatícios, fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos termos do art. 20, § 4º, do
CPC. - Remessa oficial e apelação da União providas. Liminar revogada.
Apelação/Reexame Necessário nº 32.640-PB (Processo nº 0000182-
56.2011.4.05.8202) Relator: Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior
(Julgado em 25 de agosto de 2015, por unanimidade)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL SERVIDOR PÚBLICO DO PODER EXECUTIVO


CEDIDO AO JU- DICIÁRIO. FUNÇÃO COMISSIONADA EXERCIDA NO PODER
JUDICIÁRIO. VPNI. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO
GERAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA COM O ACÓRDÃO DESTA TURMA. NÃO
EXERCÍCIO DO JUÍZO DE RETRATAÇÃO EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL
CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO DO PODER EXECUTIVO CEDIDO AO JUDICIÁRIO. FUN-
ÇÃO COMISSIONADA EXERCIDA NO PODER JUDICIÁRIO. VPNI. DECISÃO DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE
FÁTICA COM O ACÓRDÃO DESTA TURMA. NÃO EXERCÍCIO DO JUÍZO DE
RETRATAÇÃO. - O Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, no
Recurso Extraordinário nº 638.115/CE, declarou a inconstitucionalidade da
incorporação de quintos de função gratificada, relativa ao período de 08/04/1998 até
04/09/2001, e modulou seus efeitos para desobrigar a devolução dos valores
recebidos de boa-fé pelos servidores, cessando, porém, a ultratividade das
incorporações concedidas. - Referido entendimento, no entanto, não se aplica ao
caso concreto analisado no acórdão proferido por esta Turma, cujo cerne da
demanda trata-se de pedido de servidora pública, do Poder Executivo cedida ao
Judiciário, a qual requer o pagamento de quintos já incorporados com base nos
valores das funções efetivamente exercidas, perante o órgão cedido, afastando a
correlação com as gratificações equivalentes pagas pelo órgão cedente. - Não
havendo divergência do acórdão com o entendimento firmado pelo Supremo
Tribunal Federal, deixo de exercer o juízo de retratação. 12 Boletim de Jurisprudência
nº 9/2015 - Manutenção do acórdão que negou provimento à remessa oficial e à
apelação da União. Apelação/Reexame Necessário nº 25.148-PE (Processo nº
0006110-48.2012.4.05.8300/01) Relator: Desembargador Federal Edilson Pereira
Nobre Júnior (Julgado em 25 de agosto de 2015, por unanimidade)

BOLETIM - 08/2015

ADMINISTRATIVO CONTRATO DE OBRA E SERVIÇOS COM A ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA. ATRASO. QUEBRA DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO.
OCORRÊNCIA. CUSTOS ADICIONAIS. PREJUÍZOS. CONSTATAÇÃO. DEVER DE
INDENIZAR. CULPA CONCORRENTE DAS PARTES. EMENTA: ADMINISTRATIVO.
CONTRATO DE OBRA E SERVI- ÇOS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ATRASO.
QUEBRA DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO. OCORRÊNCIA. CUSTOS
ADICIONAIS. PREJUÍZOS. CONSTATAÇÃO. DEVER DE INDENIZAR. CULPA
CONCORRENTE DAS PARTES. LAUDO PERICIAL. PRESCRIÇÃO. PRELIMINAR
REJEITADA. APELAÇÃO DA CONSTRUTORA IMPROVIDA. APELAÇÃO DA INFRAERO
PARCIALMENTE PROVIDA. - A questão referente à ocorrência da prescrição no
presente caso já foi devidamente enfrentada por acórdão anterior, o qual, não só
declarou que deve ser aplicada ao presente caso a prescrição quinquenal do fundo
de direito prevista no art. 1º Decreto 20.910/32, sem qualquer ressalvas ou
limitações, como também reconheceu a suspensão do prazo prescricional, em razão
de requerimento administrativo protocolado em 15/01/2004 pela postulante, de
modo que descabe rediscutir, neste momento, a incidência dessa prejudicial.
Preliminar rejeitada. - No mérito propriamente dito, a Construtora Queiroz Galvão
S.A busca obter indenização da INFRAERO pelos custos supervenientes e imprevistos,
bem como pelo que deixou de ganhar, acrescido de juros e de correção monetária,
em razão da quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato 051-E/96/0010,
destinado à execução de obras e serviços de construção da nova área terminal do
Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, no Ceará. - Da análise dos elementos fático-
probatórios acostados aos au- 16 Boletim de Jurisprudência nº 8/2015 tos, em
especial do laudo pericial, constata-se que a obra sofreu considerável atraso e,
justamente por causa dessa demora, houve o desequilíbrio econômico-financeiro do
contrato. Também restou evidente nos autos que os valores adicionais não foram
suficientes para manter a equação econômica e que tanto a Construtora Queiroz
Galvão como a INFRAERO concorreram para o atraso da obra, razão pela qual restou
configurada, in casu, a culpa concorrente das partes. - Ante tais constatações, ambas
as partes, empresa contratada e ente contratante, devem arcar com os prejuízos
sofridos, advindos do rompimento do equilíbrio contratual. A empresa autora,
portanto, na condição de corresponsável pela quebra da equação econômico- -
financeira, tem direito apenas à metade dos valores apurados pelo perito judicial,
referentes às perdas pela maior permanência de despesas indiretas não ressarcidas
pelos aditivos e às perdas por improdutividade da mão de obra. - A condenação da
INFRAERO ao pagamento da CPMF, a título de ressarcimento, deve ser afastada,
porque a instituição dessa contribuição como fato imprevisível não pode implicar
onerosidade capaz de ensejar o desequilíbrio econômico-financeiro do contrato em
questão. - Conclusões do perito judicial a rechaçar os pedidos da Construtora
apelante referentes ao ressarcimento pela permanência de equipamentos, pelos
custos adicionais de mão de obra utilizada em jornadas extraordinárias, bem como
de recálculo dos benefícios e despesas financeiras em função dos atrasos no prazo da
conclusão da obra. - Constatado dano material da Construtora, deve incidir sobre os
valores que lhe serão ressarcidos juros moratórios no percentual de 0,5% ao mês, a
partir da data em que estou apurado o prejuízo (30.04.2010). 17 Boletim de
Jurisprudência nº 8/2015 - Apelação da Construtora Queiroz Galvão parcialmente
provida, apenas no que diz respeito à incidência de juros moratórios de 0,5% ao mês,
a partir de 30.04.2010. Apelação da INFRAERO parcialmente provida, para
reconhecer a responsabilidade concorrente das partes na quebra do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato 051-E/96/0010 e, por conseguinte, condenar a
INFRAERO a pagar, a título de ressarcimento, a metade dos valores apurados no
laudo pericial e atualizados até 30/04/2010, referentes às “despesas indiretas não
ressarcidas pelos aditivos”, o qual passa de R$ 5.928.866,22 para R$ 2.964.433,11; e
à “perda de produtividade”, o qual passa de R$ 1.944.683,92 para R$ 972.341,96;
bem como para afastar da condenação o pagamento da CPMF a título de
ressarcimento e para afastar a incidência de honorários advocatícios, em face da
sucumbência recíproca. Apelação Cível nº 521.752-CE (Processo nº
2006.81.00.002842-1) Relator: Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior
(Julgado em 30 de junho de 2015, por unanimidade)

ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DIREITO DE


GREVE. GA- RANTIA DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E HOSPITALAR NO ESTADO DO RIO
GRANDE DO NORTE. LEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO EMENTA: ADMINISTRATIVO E
CONSTITUCIONAL. APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DIREITO DE GREVE. GARANTIA
DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E HOSPITALAR NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.
LEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO. SERVIÇO ESSENCIAL PARALISADO HÁ MAIS DE
DEZ MESES. ILEGALIDADE DO MOVIMENTO GREVISTA. IMPROVIMENTO. - O
Supremo Tribunal Federal fixou que a responsabilidade estatal pela prestação dos
insumos necessários à garantia do exercício concreto do direito à saúde é solidária
entre os entes que compõem a Federação Brasileira, conclusão que viabiliza a
interferência mediata dos corresponsáveis (demais entes políticos) na execução de
determinada política pública pactuada no Sistema Único de Saúde. - Nesse contexto,
é possível que a União venha, por meio de ação civil pública (art. 5º, III, da Lei
7.747/85), postular o fim do movimento grevista dos médicos na rede pública de
saúde no Estado do Rio Grande do Norte, uma vez que poderá responder pelas
necessidades decorrentes da omissão do Estado-Membro. - Nos termos do art. 10, II,
da Lei 7.783/89 (lei de greve da iniciativa privada - aplicada, no que couber, aos
servidores públicos, conforme determinação contida no Mandado de Injunção
708/STF) a assistência médico-hospitalar é considerada serviço público essencial, e,
nessa condição, tem de ser necessariamente garantida na proporção das
necessidades inadiáveis e indispensáveis da comunidade. - Hipótese em que o
movimento grevista dos médicos da rede pú- blica de saúde do Estado do Rio Grande
do Norte, que já dura mais 19 Boletim de Jurisprudência nº 8/2015 de dez meses,
não respeita o quantitativo mínimo de 30% previsto na lei, sendo notórios os
prejuízos que vem sendo suportados pela população dependente do Sistema Único
de Saúde, uma vez que os atendimentos médicos não foram reduzidos em virtude da
falta de demanda, mas sim devido à ausência destes profissionais de saúde. -
Apelação a que se nega provimento. Apelação Cível nº 581.038-RN (Processo nº
0000590-64.2013.4.05.8400) Relator: Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre
Júnior (Julgado em 30 de junho de 2015, por unanimidade)
BOLETIM - 05/2015

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO MILITAR DA MARINHA-MOVIMENTAÇÃO-


LEGALIDADE-DO- ENÇA DE FILHO MENOR-NÃO COMPROVAÇÃO DE RISCO À SAÚDE
EM DECORRÊNCIA DA REMOÇÃO EX OFFICIO-CARGO MUNICIPAL DA ESPOSA-
OFENSA AO PRINCÍPIO DA UNIDADE FAMILIAR-NÃO OCORRÊNCIA EMENTA:
APELAÇÃO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MOVIMENTAÇÃO DE MILITAR DA
MARINHA. LEGALIDADE. DOENÇA DE FILHO MENOR. NÃO COMPROVAÇÃO DE
RISCO À SAÚDE EM DECORRÊNCIA DA REMOÇÃO EX OFFICIO. CARGO MUNICIPAL
DA ESPOSA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA UNIDADE FAMILIAR. NÃO OCORRÊNCIA.
IMPROVIMENTO. - É inerente ao exercício da atividade castrense a movimentação de
militares pelo território nacional, já que é justamente tal mobilidade que dá garantia
e eficiência ao cumprimento da função constitucional das Forças Armadas. - Na
espécie, objetiva o autor provimento jurisdicional que desconstitua o ato
administrativo que o removeu ex officio para a cidade do Rio de Janeiro, assegurando
a sua permanência em Natal/RN. - O estado de saúde do filho do autor não justifica a
sua permanência na capital potiguar, porquanto restou provado, mediante laudo
médico e informações prestadas pela Administração Naval, que o tratamento da
criança poderá ser feito sem problemas na cidade do Rio de Janeiro, local que
apresenta, inclusive, serviço de saúde mais estruturado do que é oferecido ao militar
em Natal. - O argumento de que a sua esposa é servidora pública do Município de
Parnamerim/RN não configura razão para anular a sua movimentação. O autor, como
todo militar, deve ter ciência da possibilidade de ser movimentado por interesse da
Administração em decorrência da função constitucional das Forças Armadas, de
modo que esse fato 58 Boletim de Jurisprudência nº 5/2015 pessoal não é capaz de
afastar a remoção ora motivada, porquanto motivada com base no interesse do
serviço castrense. - Apesar de seu inegável valor e da garantia constitucional, o
princípio da unidade familiar não pode ser usado indiscriminadamente, como
fundamento para todo e qualquer pedido de remoção em que haja interesse do
particular. A remoção ou movimentação de militar é, antes de tudo, ato que deve
atender ao interesse público. Somente excepcionalmente é que deve ser admitida
com fundamento única e exclusivamente no interesse pessoal. - O ato de
movimentação do militar ora impugnado foi praticado dentro da legalidade, no
manifesto interesse da Administração de remover o autor/apelante de Natal/RN para
a cidade do Rio de Janeiro, sede da Marinha do Brasil. - Apelação improvida.
Apelação Cível nº 0805598-52.2014.4.05.8400-RN (PJe) Relator: Desembargador
Federal Edilson Pereira Nobre Júnior (Julgado em 5 de maio de 2015, por
unanimidade)

BOLETIM - 02/2015

CIVIL RESPONSABILIDADE CIVIL-ASSUNÇÃO DE CARGO TEMPORÁRIO-


CLASSIFICAÇÃO DO EMBARGANTE EM 1º LUGARALEGADA PRETERIÇÃO-DANOS
MORAIS-NÃO CONFIGURA- ÇÃO EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES.
RESPONSABILIDADE CIVIL. ALEGADA PRETERIÇÃO PARA ASSUMIR CARGO
TEMPORÁRIO. DANOS MORAIS. NÃO CONFIGURAÇÃO. IMPROVIMENTO. - Caso em
que se cuidava de uma contratação temporária de 24 meses, e à época a
Administração apurou internamente que o embargante não preenchia os requisitos
necessários à contratação, uma vez manter um vínculo de Guarda Municipal e outro
de Professor de Educação Básica em escola estadual, totalizando 60 horas. - Não há
notícias de que tal não tenha ocorrido, nem que em algum momento tenha o
embargante sofrido vexame à sua honra ou dignidade que justificasse uma reparação
por dano moral, pois podendo ter acesso à informação a qualquer momento junto ao
ente público acerca de sua desclassificação, o dissabor de não ter sido convocado
para exercer a opção ao cargo não repercute na sua esfera moral, mas simplesmente
patrimonial. - Não provimento aos embargos infringentes. Embargos Infringentes na
Apelação Cível nº 0802707-92.2013. 4.05.8400-RN (PJe) Relator: Desembargador
Federal Edilson Pereira Nobre Júnior (Vice-Presidente) (Julgado em 21 de janeiro de
2015, por unanimidade)

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA-


ATIVIDADE DE NATUREZA PÚBLICA EM REGIME DE MONOPÓLIO-NÃO
DEMONSTRADO HAVER DISTRIBUIÇÃO DE LUCRO OU CONCORRÊNCIA-SUJEIÇÃO
AO REGIME DE PRECATÓRIO EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. ATIVIDADE DE NATUREZA PÚBLICA EM REGIME DE
MONOPÓLIO. NÃO DEMONSTRADO HAVER DISTRIBUIÇÃO DE LUCRO OU
CONCORRÊNCIA. - Sujeição ao regime de precatório. - Adequação do acórdão ao RE
599.628, Rel. p/ acórdão Min. Joaquim Barbosa. - Ademais, a autora já obteve
reconhecimento no STF no AG. REG. RE 592.004-AL. - Improvimento. Agravo
Regimental nº 137.265-AL (Processo nº 0002628-92.2014.4.05.0000/02) Relator:
Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior (Vice-Presidente) (Julgado em 4
de fevereiro de 2015, por unanimidade)

DES. FERNANDO BRAGA DAMASCENO

BOLETIM - 07/2015

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO AÇÃO RESCISÓRIA-ERRO DE FATO-AUSÊNCIA


DE COM- PROVAÇÃO-VIOLAÇÃO LEGAL-OCORRÊNCIA-ROYALTIES A MUNICÍPIO-
CITY GATE-INSTALAÇÃO QUE NÃO FAZ PARTE DA ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE GÁS
NATURAL-SÚMULA 343/ STF-INAPLICABILIDADE EMENTA: CONSTITUCIONAL.
ADMINISTRATIVO. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, V E XI, DO CPC. ERRO DE FATO.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. VIOLAÇÃO LEGAL. ART. 7º, LEI 7.990/89. ART. 6º DA
LEI 9.478/97. ART. 19, DECRETO 1/91. OCORRÊNCIA. ROYALTIES A MUNICÍPIO. CITY
GATE. INSTALAÇÃO QUE NÃO FAZ PARTE DA ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE GÁS
NATURAL. SÚMULA 343/STF. INAPLICABILIDADE. - Ação rescisória ajuizada pela
Agência Nacional do Petróleo - ANP com base no art. 485, V e XI, do CPC, visando à
desconstituição de acórdão da 4ª Turma deste Tribunal, que, em ação promovida
pelo Município de Paulista, julgou ilegítima a suspensão da distribuição de royalties
até então repassados, em decorrência da existência em seu território de instalação
classificada como city gate. - Conquanto a alegação da ANP de que o city gate objeto
do processo originário estaria localizado em Abreu e Lima e não em Paulista, as
provas apresentadas pela ANP não têm a aptidão para, inequivocamente, atestar em
que município a dita instalação se encontra, sendo certo unicamente que está em
zona “fronteiriça”, objeto de disputa entre as municipalidades. - Quanto à alegação
de que a decisão rescindenda violou a Constituição, percebe-se, de logo, o seu
descabimento. É que o STF, por diversas vezes, já se pronunciou no sentido de que a
questão em foco – se existência de city gate impõe o pagamento de royalties – não
tem caráter constitucional (ARE 788.364, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em
31/10/2014, publicado em PROCESSO 59 Boletim de Jurisprudência nº 7/2015
ELETRÔNICO DJe-021 DIVULG 30/01/2015 PUBLIC 02/02/2015; ARE 703.319,
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, julgado em 29/05/2014, publicado em DJe-109
DIVULG 05/06/2014 PUBLIC 06/06/2014). - No que diz respeito à alegada violação à
Lei 7.990/89 - art. 7º, ao Decreto 1/91 - art. 17 e art. 19, parágrafo único, e à Lei
9.478/97 - art. 6º, II, arts. 47 a 49, forçoso reconhecer que, ao contrário do
entendimento adotado na decisão rescindenda, resta tranquilo que a ANP tem
atribuição para regulamentar a participação dos entes federados no resultado da
exploração de petróleo e gás natural, conforme disposto na Lei 9.478/97, em seus
artigos 7º e 49. Nesse sentido é o julgado proferido em 2010 pelo STJ, a partir do
qual também foi pacificada a questão referente à percepção de royalties pelos
Municípios: REsp 1.119.643/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 20/04/2010, DJe 29/04/2010. - A Lei 7.990/89 esclarece que o direito aos
royalties é assegurado aos municípios em cujos territórios encontram-se instalações
que estão diretamente voltadas ao embarque e desembarque de óleo bruto ou gás
natural, ou seja, que estejam ligadas à produção de petróleo (óleo bruto) ou gás
natural. - Não há qualquer controvérsia quanto ao fato de que a instalação objeto da
presente lide é ponto de entrega ou estação de distribuição de gás na forma
processada – produto final destinado ao consumo –, quando este passa de um
sistema de transmissão principal para um sistema de distribuição local, não fazendo
parte da fase de produção do gás natural. Por sua vez, o art. 19 do Decreto 1/91
apenas confere direito à percepção de royalties aos municípios em cujos territórios
encontrem-se estações de embarque e desembarque de gás natural. Precedentes do
STJ: AgRg no REsp 1.309.631/ PE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 24/04/2014, DJe 05/05/2014; REsp 1.115.194/PE, Rel. Ministro TEORI
ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 60 Boletim de Jurisprudência nº
7/2015 02/06/2011, DJe 13/06/2011; REsp 1.169.806/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/09/2010, DJe 08/10/2010. Precedentes
deste Tribunal: PROCESSO: APELREEX 17.542/SE, RELATOR: DESEMBARGADOR
FEDERAL EMILIANO ZAPATA LEITÃO (CONVOCADO), Primeira Turma, JULGAMENTO:
26/06/2012, PUBLICAÇÃO: DJe 05/07/2012; PROCESSO: AC 499.520/CE, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL VLADIMIR CARVALHO, Terceira Turma, JULGAMENTO:
05/08/2010, PUBLICAÇÃO: DJe 16/08/2010. - A vedação da Súmula 343/STF deve ser
interpretada de forma restritiva, para abranger apenas os casos em que a matéria
era controvertida também no âmbito dos tribunais superiores, deixando de fora
aquelas situações em que a inicial controvérsia ocorrida apenas no âmbito dos
tribunais de segundo grau restou posteriormente superada na corte mais elevada.
Referida tese foi adotada no REsp 1.412.667/RS, onde se decidiu que a aplicação da
Súmula 343/STF deve ser afastada quando a decisão rescindenda – ainda que tenha
sido prolatada antes da pacificação jurisprudencial da matéria federal – tiver aplicado
interpretação contrária à lei, conforme a interpretação dada pela Corte Superior. -
Por conseguinte, muito embora o acórdão rescindendo tenha sido prolatado em
2007 – época em que o tema ainda era controvertido nos Tribunais Regionais
Federais –, a verdade é que esta indefinição não atingiu o STJ, que, em 2010, firmou
o entendimento de que a instalação denominada city gate não autoriza percepção de
royalties. - Ação rescisória procedente para desconstituir o acórdão proferido na
ROAC 386.288/PE e, em juízo rescisório, remessa oficial provida, mantendo, assim, a
sentença que julgara improcedente a ação do Município de Paulista. 61 Boletim de
Jurisprudência nº 7/2015 Ação Rescisória nº 6.539-PE (Processo nº 0012849-
76.2010.4.05.0000) Relator: Desembargador Federal Fernando Braga (Julgado em 17
de junho de 2015, por maioria)

BOLETIM - 02/2015

ADMINISTRATIVO PLANO DE SAÚDE-FUNDO DE SAÚDE DO EXÉRCITO-


FUSEXTRATAMENTO MÉDICO, CIRURGIA E INTERNAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO DE
SAÚDE ESTRANHA ÀS FORÇAS ARMADASHOSPITAL NÃO CONVENIADO-AUSÊNCIA
DE PROVA DE QUE REFERIDOS PROCEDIMENTOS NÃO PODERIAM TER SE DADO EM
HOSPITAL CREDENCIADO-RESSARCIMENTO QUE SE FAZ INDEVIDO EMENTA:
ADMINISTRATIVO. PLANO DE SAÚDE. FUNDO DE SAÚ- DE DO EXÉRCITO - FUSEX.
TRATAMENTO MÉDICO, CIRURGIA E INTERNAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO DE SAÚDE
ESTRANHA ÀS FORÇAS ARMADAS. HOSPITAL NÃO CONVENIADO. AUSÊNCIA DE
PROVA DE QUE REFERIDOS PROCEDIMENTOS NÃO PODERIAM TER SE DADO EM
HOSPITAL CREDENCIADO. RESSARCIMENTO QUE SE FAZ INDEVIDO. - Apelações
contra sentença que i) julgou procedente o pedido para condenar a União ao
pagamento de 80% do valor de R$ 34.090,67, a título de ressarcimento de despesas
com tratamento médico, cirurgia e internação hospitalar; e ii) negou o pleito de
indenização por danos morais. - Sentença que se apoia na tese de que i) a afirmação
do autor de que nas duas unidades disponibilizadas (Hospital Antônio Prudente e
Hospital São Raimundo) o agendamento de exame cardiológico demandaria várias
semanas restou incontroversa, uma vez que tal alegação não foi contraditada pela
União; ii) a cirurgia realizada no autor foi decorrente de caso de urgência
(insuficiência coronariana), embora o procedimento cirúrgico não tenha se realizado
de forma imediata (houve o lapso de 3 dias entre o internamento e a cirurgia); e iii) a
parte autora não logrou êxito em demonstrar que decorreu um dano (moral) pela
atuação/omissão da Administração Pública. - Apresenta-se possível a assistência
médico-hospitalar aos militares da ativa ou na inatividade em organizações de saúde
estranhas 15 Boletim de Jurisprudência nº 2/2015 às Forças Armadas, no País ou no
exterior, por motivos médicos que transcendam à possibilidade de atendimento
pelos seus sistemas, desde que seja autorizada pela autoridade responsável, salvo
em casos de internamentos de emergências, onde não há autoriza- ção prévia, os
quais poderão ser ratificados pela autoridade, desde que comprovada a urgência
(art. 7º, I e II, § 1º, do Decreto 92.515/86). - De início, a ausência de contradita da
União acerca da afirmação do autor de que “nas duas unidades disponibilizadas
(Hospital Antô- nio Prudente e Hospital São Raimundo) o agendamento do exame
demandaria várias semanas” não torna incontroversa a questão, já que o ônus da
impugnação específica não é imputável à Fazenda Pública, ante a indisponibilidade
do interesse público e a inadmissibilidade da confissão. - A parte autora não faz jus
ao ressarcimento de despesas com tratamento médico, cirurgia e internação
hospitalar, porquanto não se desincumbiu de seu ônus de provar que: i) tentou
marcar e que não tinha data próxima para a realização da cineangiocoronariografia
(cateterismo cardíaco) nos hospitais conveniados (Hospital Antônio Prudente e
Hospital São Raimundo), revelando, na verdade, indícios de que, ante a necessidade
de realizar o cateterismo, optou por se consultar com seu médico particular, que o
encaminhou para a realização do exame no Hospital Monte Klinikum; ii) a
impossibilidade de atendimento pelos sistemas das Forças Armadas, sendo certo que
o mesmo deu entrada no Hospital Monte Klinikum deambulando, assintomático e,
conforme relatório das evoluções/anotações, foi internado consciente, orientado e
sem queixas, revelando a ausência de óbices a eventual remoção. - Ademais, a prova
produzida autoriza concluir que a cirurgia foi realizada no Hospital Monte Klinikum
por opção do autor e de seu médico particular, posto que este afirmou em
depoimento que não operaria e nem deixaria que paciente seu fizesse qualquer
procedimento cirúrgico cardíaco nos Hospitais São Raimundo e Antônio Prudente,
conforme depoimento testemunhal. 16 Boletim de Jurisprudência nº 2/2015 -
Apelação da União e remessa oficial providas. Apelação da parte autora prejudicada.
Apelação / Reexame Necessário nº 20.825-CE (Processo nº 0007343-
69.2010.4.05.8100) Relator: Desembargador Federal Fernando Braga (Julgado em 3
de fevereiro de 2015, por maioria)

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL DECISÃO QUE


DETERMINOU A INDISPONIBILIDADE DE BENS DE DEMANDADO EM AÇÃO CIVIL
PÚBLICA-REQUISITOS DOS ARTIGOS 7º E 16 DA LEI Nº 8.429/92 PREENCHIDOS-
LEGITIMIDADE DA PROVIDÊNCIA CAUTELAR EMENTA: CONSTITUCIONAL,
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA
DECISÃO QUE DETERMINOU A INDISPONIBILIDADE DE BENS DE DEMANDADO EM
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REQUISITOS DOS ARTIGOS 7º E 16 DA LEI Nº 8.429/92
PREENCHIDOS. LEGITIMIDADE DA PROVIDÊNCIA CAUTELAR. - Trata-se de agravo de
instrumento contra decisão que deferiu a indisponibilidade dos bens de réu em ação
de improbidade, ao argumento de que restou evidenciada a sua participação no
desvio de verba federal repassada para a construção de uma passagem molhada. - A
demonstração a) da ausência de prestação de contas e b) do pagamento, à
empreiteira contratada, da quantia correspondente à totalidade da obra, apesar de
sua inconclusão, é suficiente para atender os requisitos dos artigos 7º e 16 da Lei nº
8.429/92. - A conclusão da obra após o demandado haver deixado o cargo de
prefeito, se feita às expensas do próprio ente vitimado pelo desfalque, não tem o
condão de eximi-lo do dever de reparação do dano causado. - O STJ, em recurso
submetido ao regime de recursos repetitivos, firmou o entendimento de que não é
necessária a demonstração de atos de dilapidação patrimonial para que se possa
determinar a indisponibilidade dos bens daquele que é demandado em ação de
improbidade. (REsp 1.366.721/BA) 46 Boletim de Jurisprudência nº 2/2015 - Agravo
improvido. Agravo de Instrumento nº 139.618-CE (Processo nº 0008290-
37.2014.4.05.0000) Relator: Desembargador Federal Fernando Braga (Julgado em 13
de janeiro de 2015, por unanimidade)

JULGADOS DO PLENO/OUTROS JULGADOS IMPORTANTES

ADMINISTRATIVO SERVIDOR-PROCESSO ADMINISTRATIVO-NULIDADE-


INOCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADES-REVERSÃO COMPULSÓ- RIA-CABIMENTO
EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. PROCESSO ADMINISTRATIVO. NULIDADE.
INOCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADES. REVERSÃO COMPULSÓRIA. CABIMENTO.
ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO REFERENCIADA (PER RELATIONEM).
AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ENTENDIMENTO DO STF.

Cuida-se de apelação cível interposta contra sentença que julgou improcedente o


pedido do autor, servidor público federal, qual seja, o de anular o processo
administrativo que culminou na elaboração do ato administrativo que ordenou a sua
reversão compulsória ao cargo de Delegado de Polícia Federal, no qual fora
aposentado por invalidez em 1990.

A mais alta Corte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de que a


motivação referenciada (per relationem) não constitui negativa de prestação
jurisdicional, tendo-se por cumprida a exigência constitucional da fundamentação
das decisões judiciais. Adotam-se, portanto, os termos da sentença como razões de
decidir.

“No que tange à alegação de nulidade do processo administrativo, impende


mencionar que nem todos os defeitos que contaminam os atos processuais
administrativos são definíveis como causa de nulidade. Na verdade, os vícios de
nulidade são aqueles que causam prejuízos notórios ao servidor, sendo
desnecessária a sua demonstração. De outro giro, existem os vícios que não implicam
prejuízo para as partes, por consistirem em meras violações de forma”.

“Ainda no mesmo enfoque, observa-se que a nulidade relativa de determinado ato


processual só ocorre com a demonstração de efetivo prejuízo pela parte interessada,
sendo, pois, aplicável o princípio pas de nullité sans grief”.
“Na hipótese dos autos, alega o autor nulidade do processo administrativo, tendo em
vista que somente após a tomada da decisão que determinou a reversão compulsória
do autor ao cargo de Delegado da Polícia Federal é que a Administração instou o
postulante a fazer a sua defesa, em sede de recurso, ferindo assim o princípio do
contraditório e da ampla defesa a que fazia jus o demandante no processo
administrativo”.

- “Todavia, não merece guarida o posicionamento defendido pelo autor,


considerando que lhe foi dado o direito à ampla defesa e ao contraditório, ao
receberem o seu recurso administrativo e proferirem uma decisão sobre as alegações
efetuadas pelo mesmo, conforme se observa às fls. 37-57

Ademais disso, verifica-se que, antes da decisão que determinou a reversão do autor
ao cargo de delegado, foram efetuadas duas perícias pelo setor responsável do
Departamento da Polícia Federal (fls. 325 e 339), nas quais os peritos concluíram que
o autor apresentava mais de 70% da capacidade física e mental para exercer as
atividades de Delegado da Polícia Federal. Por conseguinte, o fato do autor não ter
apresentado documentos antes de ser proferida a decisão que determinou a sua
reversão, não demonstrou efetivamente prejuízo ao seu pedido administrativo, eis
que, além de oportunizado o direito à ampla defesa e ao contraditório pelo meio
recursal, observou-se a produção de prova pericial que apontou de forma inconteste
a capacidade do autor para retornar às funções de Delegado da Polícia Federal”.

“Nesta senda, no que concerne ao pedido do promovente de fls. 546-547, no qual o


mesmo requer que seja submetido a exame pericial por uma junta médica oficial do
INSS para averiguar seu estado de saúde físico e mental para a atividade de
delegado, tem-se que tal pedido se mostra desnecessário à conclusão da lide em tela,
considerando que já restou configurada a capacidade do autor para retornar a suas
atividades laborais na parte administrativa da Polícia Federal através de perícia
efetuada por perito nomeado judicialmente (fl. 504), bem como o fato de que não se
mostra adequado e razoável que a autarquia previdenciária seja envolvida no
processo em epígrafe, tendo em vista que não possui interesse algum no feito,
sendo, assim, desnecessário tal autarquia disponibilizar seu aparato administrativo
em prol de averiguar as condições físicas e psicológicas do autor
- Apelação improvida. Apelação Cível nº 575.721-CE (Processo nº 0000744-
71.2011.4.05.8103) Relator: Desembargador Federal José Maria Lucena (Julgado em
4 de dezembro de 2014, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS INFRINGENTES.


MUNICÍPIO. CEF. CONVÊNIO PARA PAVIMENTA- ÇÃO DE VIAS PÚBLICAS.
INADIMPLÊNCIA JUNTO AO SIAFI. IMPOSSIBILIDADE DE REPASSE DAS VERBAS.
HIPÓTESE NÃO ENQUADRADA NAS EXCEÇÕES DA LC Nº 101/2000 E DA LEI Nº
10.522/2002.

- Embargos infringentes opostos pelo Município de Itapiúna/CE em face do acórdão


que, por maioria, deu provimento à remessa necessária e à apelação da União,
entendendo ser legítima a recusa da CEF para a contratação da operação de repasse
ante a inadimplência do Município no SIAFI, já que as obras de pavimentação se
referem à ação de infraestrutura e não trazem benefícios que justifiquem seu
enquadramento como ação social, não podendo a municipalidade se beneficiar das
exceções previstas na LC nº 101/2000 e na Lei nº 10.522/2002.

- As exceções previstas na LC nº 101/2000 e na Lei nº 10.522/2002, que permitem a


transferência de recursos federais a outros entes da federação, mesmo em razão de
inadimplência junto ao SIAFI, apenas dizem respeito à execução de ações de
educação, saúde, assistência social ou ações sociais.

- Na hipótese, as obras de pavimentação de vias públicas não consistem em ações de


cunho social que permitam enquadrar o município embargante nas exceções
previstas na legislação de regência

Embargos Infringentes na Apelação Cível nº 561.012-CE (Processo nº 0000027-


34.2012.4.05.8100/02) Relator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano (Julgado
em 14 de janeiro de 2014, por maioria)
EMENTA: ADMINISTRATIVO. EXPROPRIAÇÃO. IMÓVEL DENOMINADO SÍTIO CEDRO.
CONSTATAÇÃO DO PLANTIO DE 96 PÉS DA ERVA CANNABIS SATIVA LINNEU.
EXTINÇÃO DO PROCESSO POR AUSÊNCIA DE INTERESSE. IMPOSSIBILIDADE.
NECESSIDADE DE ANÁLISE DO MÉRITO. APLICAÇÃO DO § 3º DO ART. 535 DO CPC.
VENDA DO IMÓVEL A TERCEIRO DE BOA-FÉ. AGRICULTOR QUE ATUALMENTE
RESIDE NO IMÓVEL COM SUA FAMÍLIA. MANIFESTAÇÃO DO INCRA. ÁREA
TECNICAMENTE INVIÁVEL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. ATENDIMENTO DA
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

O interesse da União encontra-se perfeitamente configurado no quanto objetiva a


expropriação de área em que, de forma incontroversa, existia cultura psicotrópica
(cultivo de erva Cannabis Sativa Linneu), daí persiste o seu interesse/utilidade. As
demais questões que envolvem a matéria será matéria de mérito que, ao final,
acarretará o provimento ou improvimento do pedido. - Afasta-se a falta de interesse
que justificaria a extinção do feito. Julgamento da lide, por estar a causa em
condições de imediato julgamento, com fundamento no § 3º do art. 515 do CPC. - O
objetivo do artigo 243 da Constituição Federal é fazer com que a propriedade esteja
condicionada ao atendimento da sua função social. O desatendimento a esta função
é que autoriza a intervenção supressiva, no caso da expropriação de terras com
plantio de plantas ilícitas.

- A perícia judicial afirma que “a área encontrada no imóvel é de 0,07048 ha e


perímetro 434.94m, conforme memorial descritivo ANEXO I”, atualmente ocupada
pelo Sr. José Pedro da Silva “que apresentou escritura pública de compra e venda,
tendo como vendedor o Sr. José Porfírio de Deus, em 23 de outubro de 2008, pelo
valor de 3.000,00 (três mil reais)”

É inconteste que o atual ocupante do imóvel o adquiriu de boa-fé. –

Também ficou comprovado na perícia judicial que o ocupante do mesmo imóvel


onde foi encontrada plantação ilícita, “realizou benfeitorias no imóvel, como plantio
de um pomar com fruteiras, desmatamento e destoca de uma área para cultivo,
melhorias nas cercas e reforma da casa, colocando piso de cimento, reboco e pintura
em algumas paredes, além da instalação elétrica”.

Não é razoável que a União objetive a incorporação deste imóvel ao seu patrimônio,
sob o pálio de expropriação, quando o objetivo desta medida, qual seja o alcance da
finalidade social do imóvel, já foi atendido, ainda que por via transversa, por terceiro
adquirente de boa-fé, pessoa necessitada, que pode perfeitamente ser assemelhada
a um colono assentado.

- Apelação provida para anular a sentença e, aplicando o disposto no § 3º do art. 535


do CPC, julgar improcedente o pedido. Apelação Cível nº 577.078-PE (Processo nº
0000221-75.2010.4.05.8303) Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira
(Julgado em 13 de janeiro de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. PROGRAMA DE DOUTORADO. MANUTENÇÃO.


INDICAÇÃO DE ORIENTADOR PELA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. MATRÍCULA
NO ESTÁGIO DE DOCÊNCIA. POSSIBILIDADE. RESTABELECIMENTO DA BOLSA CAPES.
NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS.

- De acordo com o art. 36 da Resolução nº 26/2001 do Conselho Superior de Ensino,


Pesquisa e Extensão - CONSEPE, que aprovou o Regulamento e a Estrutura
Acadêmica do Programa de PósGraduação stricto sensu em Agronomia da
Universidade Federal da Paraíba, ministrado pelo Centro de Ciências Agrárias,
Campus III, “para a realização do Trabalho Final de Dissertação ou de Tese, o aluno
deverá escolher, no prazo máximo de 6 meses, contados a partir da primeira
matrícula em disciplinas, um Orientador de Trabalho Final, credenciado pelo
Programa e aprovado pelo Colegiado”

Caso em que a demandante, após a renúncia da sua original orientadora, passou a


enfrentar dificuldades de eleição de novo docente (existiriam apenas dois outros
professores, os quais alegaram indisponibilidade de agenda), circunstância esta que a
impossibilita de concluir o curso de pós-graduação, de modo que se afigura legítimo
o seu pleito de manutenção do vínculo institucional, assim como o pedido para que a
instituição indique um novo orientador para acompanhá-la no doutorado, cuja
responsabilidade recai sobre o Coordenador do Curso, conforme estabelece a
Resolução 26/2001 do CONSEPE.

Reforma da sentença apenas para fins de garantir à recorrente o direito de


matricular-se no último estágio da docência, etapa que antecede a conclusão do
Doutorado. Convém frisar, neste ponto, que não há exigência de que o doutorando
resida no mesmo municí- pio em que irá ministrar as aulas (exigência que se faz para
a percepção da bolsa, consoante artigo 9º, inciso X, da Portaria nº 76, de 14/04/2010,
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES). Nada
obstante, dado o fato de a parte autora haver fixado residência em Cacoal/RO, faz-se
necessário submeter o cronograma de aulas à apreciação de seu orientador.

- Não restaram preenchidos os requisitos para manutenção do direito à Bolsa Capes,


tendo em vista o já mencionado requisito de residência no mesmo município, bem
como a exigência, para o exercí- cio de atividade remunerada concomitante, de
anuência do orientador, que não foi concedida no caso sub examine.

Apelo da autora provido em parte. Apelo da Universidade e remessa oficial


desprovidas.

Apelação / Reexame Necessário nº 0801873-10.2013.4.05.8200- PB (PJe) Relatora:


Desembargadora Federal Joana Carolina Lins Pereira (Convocada) (Julgado em 18 de
dezembro de 2014, por unanimidade)

(Processo nº 0004867-26.2013.4.05.8400), Relator: Desembargador Federal José


Maria Lucena. EMENTA: ADMINISTRATIVO. EMBARGOS À EXECUÇÃO.
TÍTULOEXTRAJUDICIAL. EMPRÉSTIMO IMOBILIÁRIO. MULTA CONVENCIONAL,
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E CUSTAS JUDICIAIS. APLICAÇÃO DO
CDC. NULIDADE DA CLÁUSULACONTRATUAL. CONSIGNAÇÃO DA DÍVIDA EM FOLHA
DE PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO
REFERENCIADA (PER RELATIONEM). AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. ENTENDIMENTO DOSTF. (...)A mais alta Corte de Justiça do País já
firmou entendimento nosentido de que a motivação referenciada (per relationem)
não constitui negativa de prestação jurisdicional, tendo-se por cumprida aexigência
constitucional da fundamentação das decisões judiciais.Adotam-se, portanto, os
ermos da sentença como razões de decidir.

Obs.: “A jurisprudência tem admitido a chamada fundamentação per relationem, mas


desde que o julgado faça referência concreta às peças que pretende encampar,
transcrevendo delas partes que julgar interessantes para legitimar o raciocínio lógico
que embasa a conclusão a que se quer chegar.” (STJ, HC 214.049/SP, Rel. Ministro
NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 10/03/2015)
(Processo nº 0002488-76.2012.4.05.8100), Relator: Desembargador Federal Paulo
Roberto de Oliveira Lima. EMENTA:ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. EX-GESTOR.
APLI-CAÇÃO DA LIA AOS AGENTES POLÍTICOS. EXECUÇÃO IRREGU-LAR DE OBRA.
COMPROVAÇÃO. AJUSTE NAS PENAS. APELOPARCIALMENTE PROVIDO. (...)- O
Plenário desta Casa já se manifestou diversas vezes no sentidode admitir a
imputação por improbidade administrativa (Lei 8.429/92) dos que, em seara penal, já
respondam nos termos o Decreto--Lei 201-67 – preliminar que se rejeita, com
ressalva da convicçãoda própria Relatoria. - Descabida a alegação de que a ação civil
pública não seria meioprocessual adequado para tutelar os preceitos da Lei n°
8.429/92. Épacífico na doutrina e na jurisprudência o uso da ação civil pelo Ministério
Público como meio para obter a condenação por improbidade administrativa, sem
embargo de, para o cidadão, remanescerviável o manejo de ação popular em defesa
do patrimônio públicolesado – preliminar igualmente rejeitada. (...)Evidente, in casu,
a lesão ao erário causada pela execuçãode obras em desacordo com as
especificações, resultando na aplicação irregular das verbas recebidas, pelo que
incorre, o responsável, nas penas do art. 10 da LIA.- Importante ressaltar que, para
tipificação da conduta no art. 10 daLei n° 8.429/92, é desnecessária a demonstração
do dolo ou má-fé,bastando a culpa pelo não acompanhamento da execução do
contrato. Precedente do STJ. (...)- Considerando que houve, de algum modo, a
execução de parte daobra, que não se cuida de apropriação dos valores ou mesmo
dedesvio em favor de terceiros, é de se retirar a punição referente àsuspensão dos
direitos políticos, em conformidade com a jurisprudência desta Corte (estabelecida
para casos análogos ao presente), mantendo as penas de multa (R$ 20.000,00) e de
ressarcimento ao Erário (a ser quantificada em liquidação, descontando-se,
domontante gasto, aquele aplicado de maneira regular na execução daobra).

Apelação Cível nº 0804923-98.2014.4.05.8300-PE (PJe), Relator: Desembargador


Federal Paulo Machado Cordeiro. EMENTA: ADMINISTRATIVO. REGISTRO DE
MARCA. CONCESSÃO DE EXCLUSIVIDADE DE USO DOS ELEMENTOS NOMINATIVOS.
IMPOSSIBILIDADE. NOMEGENÉRICO.- A Lei nº 9.279/96 dispõe, no art. 124, inciso VI,
que não são registráveis como marca: “sinal de caráter genérico, necessário,
comum,vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou
serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente paradesignar uma
característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor,
qualidade e época de produção ou deprestação do serviço, salvo quando revestidos
de suficiente formadistintiva”.- Hipótese na qual o INPI concedeu o registro da
marca “Beijupirá”sem exclusividade de uso dos elementos nominativos
entendendotratar-se de nome genérico atribuído a um peixe, o que,
portanto,inviabiliza a propriedade total da marca por parte da empresa, a qualfaz
parte do ramo dos restaurantes.- A concessão da propriedade da marca deve ser
feita analisando aspeculiaridades do caso concreto. In casu, tratando-se de um
restaurante, que comercializa o peixe beijupirá, a concessão do registro com
exclusividade de uso do elemento nominativo poderia afetara concorrência com as
demais empresas do ramo que tambémdesejassem comercializar o peixe. - Apelação
desprovida.

(Processo nº 0008449-77.2014.4.05.0000), Relator: Desembargador Federal Ivan


Lira de Carvalho (Convocado). EMENTA:AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ADMINISTRATIVO ECONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PROJETO NOVO RECIFE.
ILEGITIMIDADE DA DPU. (...)- A Lei 11.448/07, que alterou o artigo 5º da Lei nº
7.374/85, reconheceu a legitimidade da Defensoria Pública para promover ação
civilpública, desde que a ação tenha por objetivo defender os direitos einteresses
dos hipossuficientes.- No caso dos autos, não restou demonstrada a existência de
interesse que venha a beneficiar pessoas hipossuficientes, ou se tratarde defesa de
direito individual ou homogêneo capaz de caracterizara legitimidade da DPU para
figurar na lide, na condição de litisconsorteativo. (...).

(Processo nº 2006.82.00.008088-3), Relator: Desembargador Federal José Maria


Lucena. EMENTA:APELAÇÃO. DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
DEGRADAÇÃO DE ÁREA PARA CARCINICULTURA. APRESENTAÇÃO DE PRAD - PROJETO
DE RECUPERAÇÃO DE ÁREADEGRADADA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO
ANTIGOPROPRIETÁRIO. SÓCIO DE EMPRESA EXTINTA. ADOÇÃO DATÉCNICA DA
MOTIVAÇÃO REFERENCIADA (PER RELATIONEM).AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ENTENDIMENTO DO STF. (...)- No Direito Ambiental, está
consagrada a responsabilidade solidáriade sanar o dano, não podendo aquele que o
gerou se esquivar pelosuposto fato de ter transferido a propriedade.(...).

Obs.: “A obrigação de recuperar a degradação ambiental é do titular da propriedade


do imóvel, mesmo que não tenha contribuído para a deflagração do dano, tendo em
conta sua natureza propter rem.” (Jurisprudências em teses – STJ).

Embargos Infringentes na Apelação Cível nº 0802707-92.2013.4.05.8400-RN (PJe),


Relator: Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior (Vice-Presidente).
EMENTA:EMBARGOS INFRINGENTES. RESPONSABILIDADECIVIL. ALEGADA
PRETERIÇÃO PARA ASSUMIR CARGO TEMPORÁRIO. DANOS MORAIS. NÃO
CONFIGURAÇÃO. IMPROVIMENTO.- Caso em que se cuidava de uma contratação
temporária de 24meses, e à época a Administração apurou internamente que o
embargante não preenchia os requisitos necessários à contratação,uma vez manter
um vínculo de Guarda Municipal e outro de Professor de Educação Básica em escola
estadual, totalizando 60 horas.- Não há notícias de que tal não tenha ocorrido, nem
que em algummomento tenha o embargante sofrido vexame à sua honra ou
dignidade que justificasse uma reparação por dano moral, pois podendoter acesso à
informação a qualquer momento junto ao ente públicoacerca de sua
desclassificação, o dissabor de não ter sido convocado para exercer a opção ao cargo
não repercute na sua esferamoral, mas simplesmente patrimonial.

(Processo nº 0001881-19.2010.4.05.8202) - Relator: Desembargador Federal


Rogério Fialho Moreira - EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. USUCAPIÃO
ESPECIAL. IMÓVEL URBANO FINANCIADO PELO SFH. EXTINÇÃODO PROCESSO POR
IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO.INEXISTÊNCIA. RECONHECIMENTO DE
OFÍCIO. APLICAÇÃO DO§ 3º DO ART. 535 DO CPC. SÚMULA 340 DO STF.
APLICAÇÃO.AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS À AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE.
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. CONCESSÃO DA JUSTIÇA GRATUITA.(...)- Os
precedentes desta Corte, acerca da matéria, são no sentido deque, encontrando-se o
imóvel hipotecado submetido ao Sistema Financeiro de Habitação, inexiste oanimus
dominisuficiente paraensejar a usucapião sobre um imóvel. - É entendimento há
muito consolidado pelo egrégio STF, na Súmulade n° 340, que “Desde a vigência do
Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos porusucapião”.

Obs.: “O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de


Habitação deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível”. REsp
1.448.026-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 17/11/2016,
DJe 21/11/2016.

(Processo nº 0008290-37.2014.4.05.0000) - Relator: Desembargador Federal


Fernando Braga. EMENTA: CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL
CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO QUE DETERMINOU A
INDISPONIBILIDADE DE BENS DE DEMANDADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REQUISITOS
DOS ARTIGOS 7º E 16 DA LEI Nº 8.429/92 PREENCHIDOS. LEGITIMIDADE DA
PROVIDÊNCIA CAUTELAR. (...)A demonstração a) da ausência de prestação de contas
e b) do pagamento, à empreiteira contratada, da quantia correspondente à
totalidade da obra, apesar de sua inconclusão, é suficiente para atender os requisitos
dos artigos 7º e 16 da Lei nº 8.429/92. - A conclusão da obra após o demandado
haver deixado o cargo de prefeito, se feita às expensas do próprio ente vitimado pelo
desfalque, não tem o condão de eximi-lo do dever de reparação do dano causado. - O
STJ, em recurso submetido ao regime de recursos repetitivos, firmou o entendimento
de que não é necessária a demonstração de atos de dilapidação patrimonial para que
se possa determinar a indisponibilidade dos bens daquele que é demandado em ação
de improbidade. (REsp 1.366.721/BA)

Agravo de Instrumento nº 0803890-44.2014.4.05.0000 (PJe) Relator:


Desembargador Federal Paulo Machado Cordeiro (Convocado) - No caso, a
nomeação, pelo juízo de 1º grau, da junta interventora afim de reorganizar a gestão
da entidade/agravada para que retomassea prestação do serviço público de saúde foi
decisão acertada. Grife-se que tal medida somente foi tomada após o exame in loco
dainstalações físicas pelo magistrado (inspeção judicial), ocasião naqual constatou
que, de fato, os serviços estavam suspensos e queas instalações ainda não se
encontravam adequadas ao retorno dasatividades, o que evidencia o lapso da
administração destituída nagestão da unidade hospitalar.- Refuta-se o argumento
dos agravantes no sentido de que a decisão vergastada extrapolou os limites dos
pedidos efetuados na petição inicial da ação civil pública ao determinar a intervenção
judicial.A nomeação da junta interventora, além de caracterizar instrumentohábil a
resguardar o pedido efetuado na aludida ação coletiva – nosentido de ser
restabelecido o serviço de assistência médica à maternidade e à infância –, é fruto do
poder geral de cautela ao magistrado (art. 798 do CPC), cuja finalidade é propiciar
maiorefetividade à tutela pleiteada. Desse modo, pode o juiz adotar a medida até
mesmo de ofício, motivo por que não há que se falar em julgamento extra petita à
espécie.

- Em face da natureza jurídica do Conselho Regional de Medicina/RN (autarquia


federal), é competente para apreciar a ação civil pública a Justiça Federal, nos termos
do inciso I do art. 109 da CF.

Processo nº 0000338-26.2011.4.05.8402/01) - Relator: Desembargador Federal


Bruno Carrá (Convocado) - EMENTA:CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.
EMBARGOSINFRINGENTES EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PORATO DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AJUIZADA CONTRA PREFEITO. BENS MÓVEIS
RECEBIDOS DO GOVERNO EDERAL.AJUDA HUMANITÁRIA CHEGADA TARDIAMENTE,
QUANDO NÃOMAIS SUBSISTENTE A SITUAÇÃO EMERGENCIAL A SER ENFRENTADA.
DOAÇÃO A FUNDAÇÃO DE NATUREZA PÚBLICA PRESTA-DORA DE SERVIÇO DE SAÚDE
À POPULAÇÃO CARENTE. FIMPÚBLICO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DE FAVORECIMENTO
PESSO-AL OU USO POLÍTICO-PARTIDÁRIO. NÃO CONFIGURAÇÃO DASHIPÓTESES
TÍPICAS DO ART. 10, CAPUT, E INCISOS I E III, E 11,CAPUT, DA LEI Nº 8.429/92.
AUSÊNCIA DE ELEMENTO SUBJETIVO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. (...)- Do que
restou apurado, mostrando-se coerentes e convincentesas razões de defesa, conclui-
se que não se aperfeiçoaram os tiposdo art. 10, caput, I e III, e 11, caput, da Lei nº
8.429/92, à vista daausência de comprovação de má-fé, dolo ou culpa grave.- É
cediço que a Lei nº 8.429/92 não pode ter sua aplicação vulgarizada, à vista dos
relevantes bens jurídicos que justificaram sua edição. Referido diploma legal não se
destina à punição por meras irregularidades ou simples ilicitudes. Ela deve ser
dirigida à responsabilização daqueles que perpetram graves ilegalidades na gestão
dacoisa pública, exigindo-se, para tanto, que a imputação autoral seajuste com
perfeição à tipologia legal e que o acusador demonstredevidamente o
cometimento do ato ímprobo pelo réu, inclusive quantoao elemento subjetivo
(exigindo-se dolo para as hipóteses dos arts.9º e 11, e culpa grave para os casos do
art. 10 da LIA).

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONTRATO DE REPASSE-


MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO E CAIXA ECONÔMICA FEDERAL-
AMPLIAÇÃO DO MERCADO DO PRODUTOR RURAL-MUNICÍPIO DE BREJINHO/RN-
EXISTÊNCIA DE SUPERFATURAMENTO-SERVIÇOS MEDIDOS E PAGOS, PORÉM NÃO
INTEGRALMENTE EXECUTADOSDANO AO ERÁRIO-MATERIALIDADE E AUTORIA
DEMONSTRADAS-RESSARCIMENTO AO ERÁRIO

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI Nº 8.429/92. CONTRATO DE REPASSE.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO E CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
AMPLIAÇÃO DO MERCADO DO PRODUTOR RURAL. MUNICÍPIO DE BREJINHO/RN.
EXISTÊNCIA DE SUPERFATURAMENTO. SERVIÇOS MEDIDOS E PAGOS, PORÉM NÃO
INTEGRALMENTE EXECUTADOS. DANO AO ERÁRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA
DEMONSTRADAS. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE
DOS ENGENHEIROS CONTRATADOS PELA CAIXA. VISTORIA QUE SE LIMITAVA À
VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DE METAS. APELAÇÕES IMPROVIDAS.

- Apelações desafiadas em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos em


relação aos réus engenheiros contratados pela CAIXA e julgou procedentes, em
parte, os pedidos, para condenar os demais réus às penas de ressarcimento integral
do dano, no valor de R$ 18.290,67 (dezoito mil, duzentos e noventa reais e sessenta
e sete centavos); pagamento de multa civil equivalente à metade do valor do dano; e
proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios pelo prazo de 5 (cinco) anos, para a ré pessoa jurídica, e também
a suspensão dos direitos políticos por 5 (cinco) anos, a contar do trânsito em julgado
da demanda, para as rés pessoas físicas.

- Comprovada nos autos a autoria e a materialidade dos atos de improbidade


praticados pelos demandados que, na condição de ex-prefeita, particular e empresa,
consistiram no pagamento por serviços não executados, relativamente à ampliação
do mercado do produtor rural no Município de Brejinho/RN.
- Preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela apelante, sob a alegação de
independência entre a pessoa jurídica e seus sócios, que se rejeita, visto que os atos
de improbidade praticados pela empresa corré (gerida pela recorrente) não seriam
viáveis sem a intervenção de sua sócia-administradora, devendo esta, portanto, ser
responsabilizada pela prática de tais condutas.

- As provas dos autos demonstram que as rés pessoas físicas, juntamente com a
empresa demandada, agiram dolosamente na prática das condutas que causaram
lesão ao Erário. Apesar de a Caixa ter atestado a conclusão e funcionamento da obra
objeto dos autos, constatou-se a existência de superfaturamento, ante o pagamento
por serviços medidos e pagos, porém não executados. O mesmo não se verifica em
relação aos demandados que, na qualidade de engenheiros contratados pela Caixa,
tinham a função, apenas, de atestar visualmente o implemento das metas para a
liberação e repasse a verba, não lhes incumbindo a análise quantitativa e qualitativa
dos materiais empregados, circunstância que gerou o superfaturamento apontado
pela CGU.

- Não prospera a alegação da desproporcionalidade das penas, haja vista que as


condutas praticadas pelas rés configuram dois tipos de improbidade, quais sejam: a)
frustrar a licitude do processo licitatório (art. 10, VIII, da LIA) e b) liberar verba
pública sem a observância das normas pertinentes (art. 10, XI, da Lei nº 8.429/92),
ensejando a aplicação das penalidades previstas no art. 12, II, da Lei de Improbidade,
não havendo que se falar em desproporcionalidade ou ausência de razoabilidade.

Apelações improvidas.

Apelação Cível nº 576.433-RN

(Processo nº 2009.84.00.008390-7)

Relator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano

(Julgado em 19 de março de 2015, por unanimidade)

ADMINISTRATIVO. FERIMENTO A BALA EM AEROPORTO-RESPONSABILIDADE CIVIL


DA INFRAERO - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA - AUSÊNCIA DE DOLO OU CULPA
EMENTA: ADMINISTRATIVO. FERIMENTO A BALA EM AEROPORTO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DA INFRAERO. ATO OMISSIVO. RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA. AUSÊNCIA DE DOLO OU CULPA.
- Hipótese de apelação interposta pela parte autora em face de sentença que julgou
improcedente o pleito autoral, objetivando indenização a título de danos morais pelo
fato de ter sido alvejada por uma bala no Aeroporto Pinto Martins.
- Em caso de responsabilidade subjetiva, deve ser demonstrada a existência de
ação/omissão dolosa ou culposa, do dano e do nexo de causalidade entre o evento
danoso e a conduta da INFRAERO. - Ausência de dolo ou culpa na conduta da
INFRAERO. Pelo que se extrai da documentação acostada aos autos e dos
depoimentos testemunhais, havia segurança contratada no aeroporto e foi
prestado o devido atendimento médico à vítima.
- Manutenção da sentença in totum.
- Apelação não provida.

Apelação Cível nº 571.654-CE


(Processo nº 2009.81.00.009859-0)
Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro (Presidente)
(Julgado em 26 de março de 2015, por unanimidade)

EMENTA:ADMINISTRATIVO. CONSTRUÇÃO DE MURO DE ARRIMO. INVASÃO DE


ÁREA PÚBLICA (PRAIA). SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO. ADOÇÃO DA
TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO REFERENCIADA (PER RELATIONEM). AUSÊNCIA DE
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ENTENDIMENTO DO STF.
- Cuida-se de apelação de sentença (fls. 170/173) que julgou improcedente o pedido
autoral, qual seja, o de condenar a ré a se abster de tomar providências visando à
demolição do muro de contenção existente no imóvel da autora.
- A mais alta Corte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de que a
motivação referenciada (per relationem) não constitui negativa de prestação
jurisdicional, tendo-se por cumprida a exigência constitucional da fundamentação
das decisões judiciais.
Adota-se, portanto, os termos da sentença como razões de decidir.- (...) “Os laudos
(inicial e complementar) produzidos, em conjunto com as considerações acrescidas
com bastante propriedade no Parecer apresentado pelo assistente técnico – que,
apesar dos esclarecimentos prestados, objetivamente concorda com o perito –,
evidenciam a efetiva e indevida ocupação, pela autora, de bem de uso comum do
povo”.
- (...) “O acréscimo e ocupação irregular e – questão essa, inclusive, não
controvertida nos autos –, dizem respeito à construção de um molhe (aglomerado
de pedras rústicas) e uma estrutura de contenção, cujos muros (frontal e laterais)
delimitam o avanço em área pública, a qual contém trecho da Avenida Beira-Mar, e
na qual foi construído espécie de jardim suspenso com quiosque/palhoça. As
medidas constam dos projetos de fls. 112 e 141, onde se registra, ainda, o
alinhamento dos muros de contenção dos bens contíguos, sendo os anteparos dos
imóveis dos lados esquerdo e direito recuados 4,00 (quatro) e 0,25 (zero virgula vinte
e cinco) metros, respectivamente, em relação à face frontal da contenção ora
discutida”.
- (...) “Assim, tem-se que a projeção do imóvel da autora em direção ao mar, por
cerca de 23,53 (vinte e três virgula cinquenta e três) metros do lado esquerdo, e
25,82 (vinte e cinco virgula oitenta e dois) metros do lado direito, certamente
contribui para potencializar a suposta ameaça que se pretende minimizar, servindo
como causa – e não justificativa – do dano alegado. Sua retirada, portanto, deve
restituir o necessário espaço de acomodação das águas decorrente do movimento
das marés, evitando a possível erosão no imóvel da parte autora. E mais, ainda que
verificada a alegada – e não comprovada – agressão, a hipótese é circunstância típica
na qual o eventual benefício privado deve ceder passo à supremacia do interesse
público, que se sobrepuja, inclusive, ao direito de propriedade”.
- (...) “É falacioso, por fim, o argumento relativo à inexistência de óbice ao trânsito de
pedestres pela ausência de muro entre os imóveis vizinhos, no nível do aterro recém-
construído. Estando a área pública delimitada por muro – ainda que de função
estrutural, e não demarcatória – de aproximadamente 2,5m (dois vírgula cinco)
metros de altura, tanto o leigo acreditaria tratar-se de propriedade privada, quanto
até mesmo o cidadão conhecedor da legislação ficaria constrangido em ali
transitar, conforme regras da experiência comum (art. 335, CPC)”.
- Em que pese os argumentos da apelante de que o muro de arrimo e o molhe
sejam necessários à preservação da sua propriedade, as mencionadas construções
mostram-se excessivas à tutela deste direito e infligem um prejuízo
desproporcional ao interesse público.
- Apelação improvida.
Apelação Cível nº 575.900-RN
(Processo nº 2008.84.00.014241-5)
Relator: Desembargador Federal José Maria Lucena
(Julgado em 9 de abril de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI Nº 8.429/92. CONVÊNIO FIRMADO COM A
UNIÃO (MINISTÉRIO DO TURISMO). SERVIÇOS CONCERNENTES AOS EVENTOS
“SEMANA DO ECOTURISMO” E “FESTIVAL JUNINO”. IMPUTAÇÕES DE LICITAÇÕES
SEM PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA, AUSÊNCIA DE PESQUISAS DE PREÇOS E
PROPOSTAS ORÇAMENTÁRIAS FORJADAS, BEM COMO SIMULAÇÃO DE LICITAÇÕES
E NÃO APURAÇÃO DA IDONEIDADE DAS CERTIDÕES. DANO AO ERÁRIO. NÃO
COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DE ELEMENTO SUBJETIVO DA CONDUTA. NÃO
CONFIGURAÇÃO DE ATOS DE IMPROBIDADE.
- Apelações desafiadas em face da sentença que julgou procedente, em parte, o
pedido inaugural, para condenar os réus pela prática de atos de improbidade lesivos
ao erário e ofensivos aos princípios da Administração Pública (art. 10, caput, VIII, e
art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92), sendo que a pena aplicada à ré, ex-prefeita, foi a
de ressarcimento ao erário, no valor de R$ 11.860,00 (onze mil, oitocentos e sessenta
reais), multa civil em valor correspondente a 2 (duas) vezes o valor do dano,
suspensão dos direitos políticos por 5 (cinco) anos e proibição de contratar com o
Poder Público, pelo prazo de 5 (cinco) anos, e ao réu, ex-Presidente da Comissão
Permanente de Licitação do Município, suspensão dos direitos políticos por 3 (três)
anos, multa civil no valor correspondente a 2 (duas) vezes a última remuneração
percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público, pelo prazo de 3
(três) anos.
- Os atos ímprobos apontados consistem em ausência de ampla pesquisa de
mercado previamente à aprovação do Plano de Trabalho, ensejando
superfaturamento dos serviços contratados, com dano ao erário, além da
realização de licitações sem previsão orçamentária, e simulação de licitações e não
apuração da idoneidade das certidões licitatórias.
- Como é cediço, para a caracterização do ato de improbidade, deve ser comprovada
a desonestidade na conduta do agente público, mediante a qual este enriquece
ilicitamente ou obtém vantagem indevida. Assim, deve ser analisado o elemento
subjetivo para caracterização do ato de improbidade administrativa, ou seja, o dolo,
nas hipóteses elencadas nos artigos 9º e 11 da Lei nº 8.429/92, e dolo ou culpa,
naquelas mencionadas no artigo 10.
- Do exame dos autos, verifica-se que não houve o alegado superfaturamento de
preços, tendo em vista que é fato, constatado pela própria Controladoria Geral da
União, que o Plano de Trabalho, objetivando a execução do Convênio, foi aprovado
pelo órgão concedente, sem qualquer objeção quanto aos preços praticados. Não
comprovação de dano ao erário.
- Quanto à alegada realização de licitações sem previsão de recursos orçamentários,
embora tal fato constitua uma irregularidade, não pode ser classificado
juridicamente como ato de improbidade administrativa,erigindo-se, quando muito,
em deficiente e má administração, de modo a afastar a incidência da Lei nº
8.429/92.
- Igualmente se pode afirmar em relação à imputação da ocorrência de licitações
simuladas e não apuração de idoneidade das certidões licitatórias, onde não ficou
comprovada a má-fé dos réus, mas, tão somente, a desorganização, a má
administração, sem o propósito de fraudar o erário ou causar prejuízo à
Administração Pública.
- Ademais, não se poderia atribuir à Comissão Permanente de Licitação a
responsabilidade pelas supostas certidões inidôneas apresentadas pelos licitantes,
tendo em vista as mesmas terem sido expedidas por órgãos oficiais, dotadas de
presunção de legitimidade e veracidade.
- No tocante aos fatos concernentes às seguintes imputações: locação de tendas e
stands não montados nos locais dos eventos, locação de palco também não montado
e confecção de folders e cartazes em quantidade desproporcional ao número de
habitantes do município, não encontram respaldo em nenhum elemento de prova
nos autos. Já a imputação consistente em elaboração de projeto técnico deficiente,
não configura ato de improbidade, mas apenas mera irregularidade administrativa.
- Em relação à imputação de liquidação da despesa pública sem a observância dos
requisitos obrigatórios, nota-se claramente que os pagamentos foram feitos com
base em documentos, até prova em contrário, considerados idôneos e suficientes a
autorizar a liquidação, razão pela qual não ficou constatada a prática de
irregularidade quanto a esse fato.
- Descabida, assim, a condenação dos réus/apelantes por atos de improbidade,
tendo em vista que os serviços contratados foram prestados, bem como o Plano de
Trabalho foi aprovado pelo órgão concedente.
- Apelação do Ministério Público Federal improvida e apelação dos réus provida.

Apelação Cível nº 576.532-PB


(Processo nº 2009.82.00.003262-2)
Relator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano
(Julgado em 26 de março de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. IBAMA. ANULAÇÃO DO AUTO DE


INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. LICENÇAS DE INSTALAÇÃO E OPERAÇÃO
IRREGULARES. ART. 82 DO DECRETO Nº 6.514/2008. APLICABILIDADE.
TRANSBORDAMENTO DE COMPETÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
- Inclui-se nas funções precípuas do IBAMA o exercício do poder de polícia, de
modo a tutelar a incolumidade do meio ambiente (art. 2º da Lei nº 7.735, e art. 23,
VI, da CF), podendo, quando necessário, lavrar autos de infração e impor sanções,
ainda que diante de um dano ambiental de caráter local, eis que a atividade de
fiscalizar é inconfundível com a de licenciar, prevista no art. 5º da Resolução nº 237
do CONAMA.
- Hipótese em que o IBAMA lavrou auto de infração diante da constatação de
irregularidades nas licenças de instalação e operação supostamente emitidas por
órgão municipal.
- Não há que se falar em reconhecimento da validade das licenças municipais,
quando do julgamento da AC 483713/PB, que anulou auto de infração distinto, com
fundamento diverso, uma vez que as referidas licenças não foram objeto de exame.
- Não houve, no caso dos autos, transbordamento de competência, posto que o juízo
emitido pelo IBAMA acerca da validade das licenças municipais encontrava-se
devidamente motivado e se mostrava necessário para aplicação da sanção prevista
no art. 82 do Decreto nº 6.514/2008.
- Assim, inexiste razão para se anular o Auto de Infração nº 696931- Série D e o seu
respectivo processo administrativo (Proc. nº 02016 000414-2011-56).
- Apelação e remessa oficial providas.
Apelação / Reexame Necessário nº 32.003-PB
(Processo nº 0004050-77.2013.4.05.8200)
Relator: Desembargador Federal Paulo Machado Cordeiro
(Julgado em 19 de março de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. MESTRADO EM PAÍS INTEGRANTE DO MERCOSUL.


ACORDO DE ADMISSÃO DE TÍTULOS E GRAUS UNIVERSITÁRIOS. INEXISTÊNCIA DE
REGULAMENTAÇÃO DOS CRITÉRIOS ESPECIAIS DE RECONHECIMENTO.
REVALIDAÇÃO. NECESSIDADE. LEI Nº 9.394/96. AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA.
GARANTIA DE PADRÃO DE QUALIDADE DE ENSINO.
- Apelação interposta em face da sentença que julgou improcedente o pedido da
autora, que objetivava o reconhecimento do seu diploma de Mestre pela
Universidade Autônoma de Assunção, no Paraguai, para o exercício das atividades de
docência e pesquisa em instituição de ensino brasileira.
- Segundo os arts. 1º e 3º do Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários
para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do Mercosul,
promulgado pelo Decreto nº 5.518/05, para a admissão de títulos de graduação e
pós-graduação reconhecidos nos Estados-partes do Mercosul, com o fito exclusivo
de utilizá-los para o exercício de atividades de docência em instituições de ensino
superior do Brasil e dos demais países-membros, basta o atendimento a
procedimentos e critérios especiais a serem estabelecidos para a implementação do
Acordo. Nesses casos, os títulos não se submeterão ao procedimento de revalidação
comum, previsto em cada Estado-membro de forma específica.
- Inexistindo regulamentação do Acordo em apreço no sentido de discriminar
parâmetros específicos de revalidação para os casos nele previstos, a revalidação
de diplomas oriundos dos Estados-partes daquele tratado deve seguir os mesmos
trâmites dos diplomas oriundos de qualquer outro Estado estrangeiro, quais sejam,
os traçados na Lei nº 9.394/96.
- Verificando a universidade que o título ou grau conferido no exterior não atende a
critérios mínimos de qualidade do ensino, seu aproveitamento pode ser negado,
diante da autonomia universitária que lhe concedem a Constituição Federal e a Lei
nº 9.394/96.
- Ainda que o diploma da autora/apelante seja oriundo de Estado-Parte do Acordo de
Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas
nos Estados-Partes do Mercosul e ainda que sua intenção seja tão somente o
exercício de atividades docentes, não pode seu título de Mestrado se furtar ao
procedimento de revalidação previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, seja porque inexiste regulamentação dos critérios especiais previstos neste
tratado internacional, seja porque a análise de mérito de seu curso de pós-graduação
constitui pressuposto essencial para assegurar a qualidade do ensino prevista
constitucionalmente.

- Apelação improvida.
Apelação Cível nº 0803074-21.2014.4.05.8000-AL (PJe)
Relator: Desembargador Federal Élio Siqueira
(Julgado em 9 de abril de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


SUSPENSÃ O DE LIMINAR OU ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. PROGRAMA DE
FINANCIAMENTO ESTUDANTIL FIES. EDIÇÃO DE ATOS NORMATIVOS PELO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ALTERAÇÃO DA SISTEMÁ TICA ANTERIOR. APLICAÇÃO
AOS CONTRATOS FUTUROS. DECISÃ O DO PLENÁ RIO DO TRIBUNAL EM SEDE DE
AGRAVO REGIMENTAL. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO OU OMISSÃ O. EMBARGOS
IMPROVIDOS.

- Os embargos de declaração não se prestam à rediscussão da matéria; sua


abrangência está restrita à existência de omissão, obscuridade ou contradição no
acórdão ou sentença.

̃ da nova sistemática de pagamento


- Entendimento do Plenário quanto à aplicaçao
previstas nas Portarias 21 e 23 do MEC aos contratos futuros, até porque o âmbito
estreito da suspensão de liminar não autoriza exame de legalidade dessas novas
normas editadas pelo Poder Público.

- Análise de natureza poli ́tica que afasta a existência de lesão à ordem pública na
nova sistemática implementada pela União em relação ao programa de
financiamento estudantil denominado FIES e lesão à ordem econô mica quanto aos
contratos vigentes, com previsão orçamentária.
- Entendimento não contrariado pelo Plenário do Tribunal, que assentiu em restringir
o alcance da medida antecipatória deferida no primeiro grau aos contratos vigentes
em respeito ao princi ́pio da segurança juri ́dica.

- O Plenário limitou a aplicação das novas portarias aos contratos futuros: aqueles
ainda não firmados com a Administração. Evidente, em consequência, que essas
normas novas não podem se aplicar a meros aditamentos de contratos preexistentes.

- A impossibilidade de aplicação das portarias em foco aos contratos preexistentes


ainda que a serem aditados inclui a questão das notas de ENEMs anteriores e dos
pagamentos, que também não podem estar sujeitos a novos critérios que inexistiam
ao tempo das contratações originais.

- Embargos de declaração improvidos.

Embargos de Declaração na Suspensão de Liminar ou Antecipação de Tutela no


0801008-75.2015.4.05.0000 (PJe) Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro
(Presidente) (Julgado em 22 de abril de 2015, por unanimidade) PLENO

EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚ BLICO. ESTÁ GIO PROBATÓ RIO.


HOMOLOGAÇÃO DA AVALIAÇÃO NEGATIVA. ATO DESPROPORCIONAL E
DESARRAZOADO. NULIDADE. CONTROLE DE LEGALIDADE. REINTEGRAÇÃO. DANOS
MORAIS. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. ADOÇÃO DA TÉCNICA DA
MOTIVAÇÃO REFERENCIADA (PER RELATIONEM). AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ENTENDIMEN- TO DO STF.

- O autor objetiva sua reintegração ao cargo público de Professor de Magistério


Superior, com o pagamento das verbas de caráter remuneratório, desde a data do
ato de exoneração, alegando, para tanto, a existência de perseguiçao
̃ por parte de
seus superiores, assim como de irregularidades no processo administrativo de
avaliação de seu estágio probatório, o qual culminou com sua reprovação e
exoneração. Requer, ainda, a condenação da UFPE ao pagamento de indenização por
danos morais.

̃ Federal, após a EC no 19/98, o estágio


- Consoante o art. 41 da Constituiçao
probatório do servidor público é de 3 (três) anos.
- Por sua vez, o art. 20, § 1o, da Lei 8.112/90 prevê que, 4 (quatro meses) antes de
findo o peri ́odo do estágio probatório, será submetida à homologação da autoridade
competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão
constitui ́da para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o
regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejui ́zo da continuidade de
apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.

- Outrossim, conforme o art. 20, § 5o, da Lei no 8.112/90, o curso do prazo do estágio
probatório ficará suspenso durante as licenças e os afastamentos previstos nos arts.
83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de formação, e
será retomado a partir do término do impedimento.

- Assim, diante de uma das causas legais de suspensão do estágio probatório


(licenças por motivo de doença, acompanhamento de cô njuge para concorrer a cargo
eletivo e para atuar em organismo internacional), dá-se o adiamento do termo final
do estágio probatório.

- No caso dos autos: a) O autor tomou posse e entrou em exerci ́cio no dia
25/08/2010; b) no peri ́odo de 13/05/2013 a 21/09/2013, o de- mandante, obteve o
afastamento para conclusão de doutorado junto à Universidade Federal da Bahia; c) “
[...] o procedimento de avaliação de desempenho foi instaurado em 2 de maio de
2013, por meio do Procedimento no 23076.027468/2013-96. Por sua vez, a avaliação
de desempenho deu-se por conclui ́da pela Comissão Setorial em 23/08/2013,
̃ no
havendo o demandante protocolado, em 30/08/2013, Pedido de Reconsideraçao
23076.042680/2013-83 (Identifica- dor no 4058300.355905), o qual foi analisado em
̃ que revisou a pontuação concedida
18/10/2013 pela Comissão Setorial de Avaliaçao
em alguns itens do Formulário de Avaliação de Servidor Docente em Estágio
Probatório, entretanto, decidiu não alterar o resultado essencial da avaliação
̃ de Desempenho de
(inabilitado). Em 04/11/2013, a Comissão Superior de Avaliaçao
Estágio Probatório Docente, após a análise do processo de avaliação e do recurso
̃ (Identificador no
interposto pelo autor, decidiu por homologar a sua avaliaçao
4058300.355938). Por fim, deu-se a exoneração do autor, por meio da Portaria no
̃ do docente
5.579, de 27/11/2013, do Reitor da UFPE, que deter- minou a exoneraçao
(Identificador no 4058300.355959)”.

- “Nesse quadro, o processo avaliatório findou antes da conclusão do triênio de


efetivo exerci ́cio, não fazendo sentido decretar, no caso concreto, a sua anulação
pelo motivo do art. 20, § 1o, da Lei no 8.112/1990”. - Apesar de a homologação da
avaliação negativa ter ocorrido dentro do prazo legal, tal ato padece de vi ́cios ante a
̃ da capacidade e
ausência de proporcionalidade e razoabilidade quando da aferiçao
aptidão do servidor, segundo os fatores descritos no art. 20 da Lei 8.112/90.

- “[...] embora, de fato, existam aspectos desabonadores da conduta do autor para


fins de avaliação em estágio probatório, [...] tais fatores não ensejam as notas
baixi ́ssimas atribui ́das a ele, em todos os tópicos avaliados (assiduidade, disciplina,
capacidade de iniciativa, responsabilidade e produtividade). Verifica-se, ademais, que
o autor demonstrava interesse de se informar sobre as formalidades exigi- das pelo
Departamento. Detecta-se, em favor do autor, parcialidade da Comissão no
julgamento do desempenho do avaliado, principalmente, em virtude do doutorado
por ele cursado na Bahia e do seu temperamento pouco conciliatório. Nesse sentido,
já no item 1, quando da análise do pedido de reconsideração, a Comissão alega: ‘não
se trata apenas de faltas, mas de um funcionário público federal que se ausentava
semanalmente do Estado (Pernambuco/Bahia), sem nunca ter formalizado uma única
solicitação de afastamento (...)’. Em que se pese tal afirmativa, na ficha funcional do
autor, não se encontram tais registros de afastamento, conforme visto, mas apenas
as 5 faltas datadas do último semestre anterior à avaliação do estágio probatório”.

- “Em conclusão, além de se pautar em fatos alheios à ficha funcional do autor,


apenas quando para prejudicá-lo, a Comissão conferiu demasiado ‘peso’ aos
aspectos negativos, fugindo dos limites da razoabilidade e da legalidade, de modo a
prevalecer um jui ́zo parcial dos avaliadores, em afronta ao princi ́pio da
̃ Pública”.
impessoalidade norteador da Administraçao

- A teor da Súmula no 473 do STF, é possi ́vel o controle da legalidade, da


razoabilidade e proporcionalidade de atos administrativos pelo Poder Judiciário.

- Logo, a análise das notas atribui ́das aos fatores assiduidade, disciplina, capacidade
de iniciativa, responsabilidade e produtividade não se trata de controle de mérito de
ato administrativo, pois não analisada a conveniência e a oportunidade do mesmo.

- No tocante ao pedido de indenização por danos morais, a “situação concreta


demonstra o sofrimento injustificado, na medida em que o autor foi indevidamente
afastado das suas atividades laborais de professor da UFPE, deixando de receber
remuneração, além do desabono ao seu nome e imagem quando da reprovação
indevida por avaliação em estágio probatório. [...] Assim, é de se reconhecer o direito
do autor à reparação civil decorrente de dano moral pelo ato de exoneração ilegal”.

- Quanto aos juros e correção monetária aplicáveis à hipótese, ten- do em vista a


modulação dos efeitos das decisõ es proferidas pelo STF por ocasião dos julgamentos
das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, permanecerão, até 25.03.2015, conforme as
disposições da Lei no 11.960/2009, a partir de quando os juros passarão a ser os
mesmos aplicados à caderneta de poupança, enquanto os i ́ndices aplicados à
correção monetária serão os fornecidos pelo IPCA-E.

- Apelação desprovida e remessa obrigatória parcialmente provida.

Apelação / Reexame Necessário no 0801220-62.2014.4.05.8300- PE (PJe)

Relator: Desembargador Federal José Maria Lucena

(Julgado em 23 de abril de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. DANO MORAL. ASSÉDIO. INEXISTÊNCIA DE PROVAS.


VIDA CASTRENSE. RIGOR DISCIPLINAR. PROVIMENTO DO APELO. IMPROCEDÊNCIA
DO PEDIDO.

- Ação em que se discute o pagamento de indenização a ti ́tulo de dano moral, do


peri ́odo em que o autor esteve nas fileiras do Exército temporariamente, em que
̃ e perseguição por parte do seu superior
alega ter sido tratado com humilhaçao
hierárquico.

- É de curial sabença que na vida castrense e nas relações de trabalho na vida civil
podem ocorrer situações em que uma pessoa ou um grupo exerça violência
psicológica sobre outra pessoa, acarretando, muitas vezes, danos à sua saúde, além
de lesõ es à sua dignidade. É o denominado assédio moral, expressão atualmente
utilizada para caracterizar perseguições e humilhações no meio profissional ou social.

- O treinamento e a vida na caserna requerem uma disciplina mais ri ́gida e os


precisos escalõ es hierárquicos hão de ser observados como carta de princi ́pios e
atestado de vocação para melhor servir ao Pai ́s, principalmente em se tratando das
nossas Forças Armadas. Precedentes.
- Não há como considerar que os treinamentos na vida militar ocorram sem qualquer
pressão, até mesmo sem o uso de palavras ri ́spidas, até certo ponto descorteses, mas
não ao ponto de se caracterizar como ato ili ́cito por parte do agente público.

- Os depoimentos das testemunhas e do próprio autor não acusam a prática de atos


de tortura, humilhação, trabalhos desumanos ou forçados, até mesmo degradantes
para sua saúde, não havendo sequer a acusação de prisão, detenção ou prisão
administrativa.

- O temor em participar de atos de campo demonstra sua pouca vocação para as


atividades militares, tratando-se de mero termo reverencial, agravado pelo seu
problema psicológico anterior ao seu ingresso nas fileiras do Exército, conforme
demonstra laudo médico acostado aos autos.

- Apelo provido. Pedido que se julga improcedente.

Apelação ́
Civel no 577.795-CE
(Processo no 0000320-55.2013.4.05.8104)
Relator: Desembargador Federal Francisco Wildo (Julgado em 7 de maio de 2015,
por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. AÇÃO PROPOSTA POR MENOR IMPÚ BERE,


REPRESENTADO POR SUA GENITORA, CONTRA A UNIÃ O, O ESTADO DO RIO GRANDE
DO NORTE E O MUNICI ́PIO DE CAIÇARA DO RIO DO VENTO, OBJETIVANDO O SEU
IMEDIA- TO TRANSPORTE/TRANSFERÊNCIA PARA O INCOR, NO RIO DE JANEIRO,
PARA CORREÇÃO CIRÚ RGICA DE SUA CARDIOPATIA, COM O SUPORTE DE TERAPIA
INTENSIVA (UTI AÉREA) À S CUSTAS DOS ENTES FEDERADOS, BEM COMO O RETORNO
À SUA CIDADE DE ORIGEM, SOB SUPERVISÃ O MÉDICA, POR SER PORTADOR DE
ATRESIA VALVAR TRICÚ SPIDE, CIA AMPLA, CIV MUSCULAR MODERADA, PCA
DISCRETA, COARCTAÇÃO DE AORTA IMPORTANTE, HIPOPLASIA DE ARCO AÓ RTICO,
DENTRE OUTRAS SINTOMATOLOGIAS.

- A sentença confirmou a antecipação de tutela anteriormente concedida,


reconhecendo ao demandante o direito a sua transferência para o INCOR, na cidade
do Rio de Janeiro, através de UTI aérea, bem como o retorno ao seu lar, sob a
supervisão médica necessária à proteção do seu estado de saúde, resguardando o
direito de regresso da União em face dos demais réus, haja vista a responsabilidade
solidária entre os três entes da federação.

- O fornecimento de remédios é uma velha prática por parte do Estado, significando


que, deveras, pelo menos na esfera estadual e municipal, a norma está sendo
devidamente assimilada por aquele. Cabi ́vel, também, que o Estado arque com as
despesas para pro- cedimentos médicos de risco, como no caso concreto.
Precedente: APELREEX 28.910, Des. José Maria Lucena, DJe de 14 de novembro de
2013, p. 105.

- Improvimento da remessa oficial. Remessa Ex Officio no 0800730-


65.2013.4.05.8400-RN (PJe) Relator: Desembargador Federal Vladimir Souza
Carvalho (Julgado em 14 de abril de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚ BLICA. VI ́CIO DE CITAÇÃO. NÃ O


OCORRÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. CURSOS LIVRES DE PSICANÁ LISE.
ANÚ NCIO COMO CURSOS DE MESTRADO/DOUTORADO. OFERTA POR INSTITUIÇÃO
SEM CREDENCIAMENTO E AUTORIZAÇÃO DO MEC. PUBLICIDADE ENGANOSA.
OCORRÊNCIA. DANOS MORAIS COLETIVOS. DEVIDOS. SUFICIÊNCIA DO QUANTUM
ATRIBUI ́DO À CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS COLETIVOS E À MULTA
(ASTREINTES). APELAÇÕES NÃ O PROVIDAS.

- Apelação da sentença que condenou: “a) a UNIDERC e a FUNESO a não publicar


qualquer anúncio ou edital no qual se designe a UNIDERC como instituição de ensino
superior, ou que ofereça cursos de mestrado ou doutorado, sem antes realizar o
credencia- mento, autorização e reconhecimento junto MEC; b) a FUNESO ao
cancelamento e interrupção de todo tipo de divulgação de qualquer convênio com a
UNIDERC, seja para oferecer cursos de mestrado e doutorado ou para dar suporte a
esta última de modo a ofertar cursos de mestrado e doutorado sem a devida
̃ /reconhecimento; c) a UNIDERC e a FUNESO a divulgar nos seus sites e
autorizaçao
em dois jornais de grande circulação no Estado de Pernambuco a presente sentença
de mérito, à s suas expensas; d) a UNIDERC e a FUNESO ao pagamento de dano moral
coletivo, por ofensa à coletividade como um todo (direito difuso), no valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais), a ser destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos,
criado pelo Decreto no 1.306/1994, em cumprimento ao disposto no art. 13 da Lei no
7.347/85”.
- Ao contrário do que defende a apelante, sua citação não ocorreu apenas por
̃ pessoal do Diretor da referida
intermédio de seus patronos, tendo havido a citaçao
instituição de ensino, na data de 05/09/2014, conforme Mandado de Intimação no
0007.000201- 2/2014.

- Posteriormente, em 10.09.2014, a apelante requereu a juntada de procuração e


substabelecimento (Id. no 4058302.598044), e, na mesma data, protocolou pedido
de retratação (Id. 4058302.598213) da decisão que deferiu, em parte, os pleitos
liminares formulados pela parte autora.

̃ a ensejar a sua nulidade.


- Inexiste qualquer defeito de citaçao

- Conforme consta da sentença recorrida, “a prática de publicidade enganosa e


̃ de
abusiva realizada pela UNIDERC, que se apresenta no mercado como Instituiçao
Ensino Superior (IES) e que, em parceria com a FUNESO, ludibriando e lesando seus
alunos, oferece cursos de mestrado e doutorado, quando, na verdade, deveriam ser
oferecidos como ‘cursos livres’, é demonstrada nos documentos acostados à inicial,
notadamente o Inquérito Civil no 1.26.002.000008/2014-06 (Id. 4058302.572612),
instaurado a partir da Noti ́cia de Fato n° 1.26.002.000008/2014-06”.

- No Edital de Processo Seletivo Simplificado/2012.2, que torna pública a abertura de


inscrições para o Doutorado em Psicanálise Aplicado na Educação e Saúde, a
UNIDERC se apresenta como Instituição de Ensino Superior, havendo menção de
parceria, por meio de convênio, com a FUNESO.

- O Ministério Público Federal em Parecer, nesta instância, textualmente pontuou


que “restou fartamente comprovado nos autos, em especial pelas imagens de
divulgação dos referidos cursos no site da entidade e nos editais de abertura de
processo seletivo (Id. no.4058302.572612), que a referida entidade disponibilizava
cursos como sendo de mestrado ou doutorado, de forma a ludibriar os alunos
interessados, que são levados a acreditar que estarão se matriculando numa pós-
graduação stricto sensu em situação regular perante as autoridades competentes,
com possibilidade de obtenção de diploma com validade nacional ao final do curso,
em tudo a corro- borar a prática, pela entidade ora apelante, de publicidade
enganosa, vedada pelo ordenamento pátrio, conforme previsão contida no art. 37, §
1o, do Código de Defesa do Consumidor”.
- Das provas constantes dos autos, constata-se de forma inequi ́voca a ocorrência de
publicidade enganosa consubstanciada na divulga-ção enganosa de cursos livres
como se fossem cursos de mestrado e doutorado, por instituição de ensino não
credenciada ao IES e em desconformidade com a Nota Técnica no
386/2013/CGLNRS/DPR/ SERES/MEC.

- O dano moral encontra previsão expressa no art. 5o, V e X, da vigente Constituição


Federal, sendo o dano moral coletivo uma modalidade do dano constitucionalmente
previsto e decorre do valor solidariedade.

̃ grave o suficiente para causar repulsa


- Estará presente sempre que houver situaçao
ou indignação social a valores éticos que es- truturam a sociedade, capazes de violar
direitos da personalidade de determinado grupo, coletividade ou comunidade, em
seu aspecto individual homogêneo ou coletivo stricto sensu, por haver vi ́timas
determinadas ou determináveis, conforme disposto no art. 81, pa- rágrafo único,
incisos II e III, do CDC.

- O STJ vem admitindo a fixação do dano moral coletivo. Destaca-se o REsp


1397870/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 02/12/2014, DJe 10/12/2014.

- Inquestionável a ocorrência de dano aos alunos interessados, em flagrante violação


ao art. 81 da Lei 8.078/90 (CDC) e art. 1o da Lei da Ação Civil Pública (7.347/85), que
prevê a responsabilização pelos danos morais causados à coletividade.

- A responsabilidade da FUNESO igualmente resta caracterizada, no quanto, via


parceria/convênio, emprestava credibilidade à UNIDERC perante os consumidores,
com divulgação, inclusive, em seu endereço eletrô nico, conforme consta do Edital de
Processo Seletivo 2012.2, que torna pública a prorrogação do peri ́odo de inscrição e
seleção para “Doutorado em Psicanálise na Educação e Saúde”.

- A fixação do dano coletivo, no caso concreto, em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), se


apresenta razoável, considerando as finalidades dissuasória e reparatória desta
condenação, não merecendo, assim, qualquer reforma, tampouco redução.

- O valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) fixado a ti ́tulo de multa diária
pelo descumprimento da tutela de urgência, de igual forma se mostra razoável,
considerando a gravidade da lesão que se manteria no descumprimento do que
restou decidido e a necessidade de se fixar valor suficiente, capaz de incentivar o seu
cumprimento, ou caso contrário, sob pena de tornar-se inócua. Sem qualquer razão a
sua redução.

́
- Manutenção da sentença recorrida. - Apelações improvidas. Apelação Civel no
0800335-42.2014.4.05.8302-PE (PJe) Relator: Desembargador Federal Rogério
Fialho Moreira (Julgado em 14 de abril de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL -


INPI. REGISTRO DE MARCA. PEDIDO DE OBTENÇÃO DE EXCLUSIVIDADE NA
UTILIZAÇÃO DO ELEMENTO NOMINATIVO. LEI 9.279/96, ART. 124, VI.

- Apelação em ação ajuizada por Belle Bijou Comércio Ltda. contra o Instituto
Nacional de Propriedade Industrial - INPI, objetivando a obtenção de exclusividade na
utilização do nome “Belle Bijou” da marca registrada sob o no 822480140.

- O art. 124, VI, da Lei 9.279/96 estabelece que não são registráveis como marca sinal
de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando
tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado
comumente para designar uma caracteri ́stica do produto ou serviço, quanto à
natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação
do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva.

- Não merece reforma a sentença recorrida uma vez que a marca cuja exclusividade
de uso a demandante pretende obter é a “Belle Bijou” que, traduzida para a li ́ngua
pátria, significa bela joia, enquadrando-se, portanto, na vedação contida no
dispositivo legal supra.

- Apelação improvida.

Apelação ́
Civel no 506.596-PE (Processo no 2008.83.00.018386-5)
Relator: Desembargador Federal Ivan Lira de Carvalho (Convocado)
(Julgado em 5 de maio de 2015, por unanimidade)

Apelação Cível nº 0802015-05.2013.4.05.8300-PE (Pje)


Relator: Desembargador Federal José Maria Lucena

(Julgado em 21 de maio de 2015, por unanimidade)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA-


CONTAMINAÇÃO-HEMO-FÍLICO-VÍRUS HCV (HEPATITE C)-TRANSFUSÃO DE SANGUE E
HEMODERIVADOS-INDENIZAÇÃO-DANOS MORAIS-PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE
DIREITO-DANOS MATERIAIS-PRESCRIÇÃO QUINQUENAL-PENSÃO MENSAL-CINCO
SALÁRIOS MÍNIMOS- LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO E DO HEMOPE

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL


OBJETIVA.CONTAMINAÇÃO. HEMOFÍLICO. VÍRUS HCV (HEPATITE C). TRANSFUSÃO DE
SANGUE E HEMODERIVADOS. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO DO
FUNDO DE DIREITO. DANOS MATERIAIS. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. PENSÃO
MENSAL. CINCO SALÁRIOS MÍNIMOS. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO E DO
HEMOPE.

- Trata-se de apelação interposta contra sentença que acolheu a alegação de


prescrição e julgou extinto o feito com resolução do mérito, nos moldes do art. 269,
IV, do CPC. Entendeu a ilustre sentenciante que, entre a data da ciência inequívoca
da contaminação do autor pelo vírus da Hepatite C e a da propositura da presente
ação decorreram mais de 16 anos, prazo este muito superior aos cinco anos previstos
no art. 1º do Decreto nº 20.910/32.

- Segundo o entendimento já firmado no seio do e. STJ, a contagem do prazo


prescricional quinquenal nas ações em que se pleiteia indenização por danos
morais e materiais em decorrência de contaminação pelos vírus HIV e HCV (Hepatite
C), entre outros, começa a ser contado a partir da “data do conhecimento do
resultado revelado pelo exame técnico laboratorial” (REsp 1299900/RJ, Relator:
Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, julgado em 03.03.2015, DJe
13.03.2015).

- A contagem do prazo prescricional se diferencia nas duas espécies de indenização,


já que, na reparação por danos materiais (despesas mensais com os medicamentos
necessários e os tratamentos realizados e pensão mensal até os 75 anos de idade,
em razão da redução da capacidade laboral, como requerido pelo autor), tem-se
prestações de trato sucessivo, donde não ser possível se falar em prescrição do fundo
do direito, mas apenas das parcelas anteriores aos cinco anos que precederam o
ajuizamento da demanda. Em contrapartida, na indenização por danos morais, em
face da existência de um ato único de efeitos concretos, tem-se aí a prescrição do
fundo do direito, depois de transcorrido o lapso quinquenal, a partir do
conhecimento pela vítima de sua contaminação.

- O postulante alega que tomou ciência de que era portador do vírus da Hepatite C
apenas em 13.06.2013, quando recebeu o resultado do exame de sangue realizado
por laboratório da rede particular localizado nesta cidade. Acontece que os
documentos colacionados aos autos provam que o postulante já tinha conhecimento
do vírus HCV muitos anos antes da data por ele referida. Há informação de novembro
de 2000, no prontuário médico do autor, quanto a ser ele

reagente para o vírus HCV e já ter sido informado deste fato (Id. 4058300.210840).

- No que tange ao pleito de indenização por danos morais, considerando que a


presente ação somente foi proposta em julho de 2013 e que o fato impugnado se
tornou conhecido pelo autor, pelo menos, no ano 2000, há que se acolher a alegação
de prescrição do fundo do direito, na medida em que não se pode falar, aqui, de
prestações de trato sucessivo. Trata-se de valor único a ser recebido de uma só vez
visando a reparar danos de ordem moral e que, por isso, traduz-se em hipótese de
prescrição do fundo do direito.

- No caso da reparação econômica em face dos danos materiais (despesas mensais


com os medicamentos necessários e os tratamentos realizados na pessoa do
postulante e pensão mensal até os 75 anos de idade), tem-se prestações que se
perpetuam no tempo, sendo, portanto, de trato sucessivo, donde se falar apenas em
prescrição quinquenal, a teor do disposto na Súmula nº 85 do e. STJ.

- A jurisprudência deste e. Tribunal e do c. STJ tem reconhecido a legitimidade


passiva ad causam, tanto da União quanto do HEMOPE, para demandas em que se
pretende obter reparação civil pelos

danos morais e materiais sofridos pelas vítimas de contaminação por ocasião de


transfusões de sangue para tratamento de hemofilia.
- Em razão de a Fundação HEMOPE possuir personalidade jurídica de direito público,
patrimônio próprio e capacidade postulatória autônoma, distinta da conferida ao
Estado de Pernambuco, não há

que falar em litisconsórcio passivo necessário entre eles.

- Sobre a responsabilidade na contaminação de pacientes pelo vírus da Hepatite


C, assim como pelo vírus do HIV, em decorrência de transfusões de sangue e/ou
hemoderivados para tratamento de

hemofilia, este e. Tribunal, assim como o c. STJ, tem se posicionado pelo acolhimento
da responsabilidade objetiva do Estado, com base na teoria do risco administrativo.

- O dano sofrido pelo autor é evidente. Os documentos anexados ao processo


provam que ele contraiu o vírus da Hepatite C na década de 1990, em decorrência do
tratamento para hemofilia a que se submete desde os anos 80. Isso é inquestionável.
Os próprios médicos do HEMOPE, como visto acima, no prontuário do paciente,
fizeram afirmações quanto a ser ele portador do vírus HCV e da sua necessidade de
tratamento e acompanhamento médico (Id. 4058300.210840).

- Em relação ao ato ilícito perpetrado pela Administração, também não paira dúvida
de que ocorreu na situação em foco. Está mais do que evidente que tanto a União
quanto o HEMOPE falharam nos seus deveres de fiscalização e controle de qualidade
dos produtos utilizados e serviços realizados na atividade de hemoterapia. As
inúmeras ações ajuizadas em território nacional e mesmo nos Estados Unidos da
América visando ao mesmo objetivo, qual seja, indenização das vítimas pela
contaminação pelos vírus HCV e/ou HIV na década de 80, ao se submeterem a
tratamento para hemofilia em instituições de saúde públicas, nas quais, em sua
grande parte, foi reconhecido o direito dos autores, são provas contundentes desse
ato ilícito da Administração. Trata-se de fato público e notório, com repercussão que
extrapolou os limites do território nacional.

- O nexo de causalidade também é evidente, pois o autor é paciente do SUS e do


HEMOPE desde a década de 1980. Ademais, inexiste nos autos qualquer prova em
contrário ou mesmo indício de que o vírus HCV possa ter sido contraído de outra
forma pelo promovente.
- Mesmo que se alegue a inexistência de prova cabal de que a contaminação ocorreu
nas sessões de hemoterapia a que se submeteu o requerente, o fato de ser ele
hemofílico e vir realizando tratamento junto ao HEMOPE desde os anos 80, tendo
realizado inúmeras e incontáveis transfusões de sangue com o uso de
hemoderivados, é um forte indício de que, de fato, tenha sido contaminado durante
esse tratamento. Somem-se, ainda, como dito acima, as muitas ações judiciais já
decididas, em casos semelhantes, a favor dos autores das demandas. Destarte, a
presunção do nexo de causalidade, num caso como o presente, é aceitável, dada a
grande dificuldade de sua comprovação inequívoca. Precedentes deste Tribunal:
PROCESSO: 9805426181, AC 146.978/CE, RELATOR: DESEMBARGADOR FE-DERAL
JOSÉ MARIA LUCENA, Primeira Turma, JULGAMENTO:

03/10/2002, PUBLICAÇÃO: DJ 19/12/2002 - Página 630; PROCESSO:


200905000563073, AG 98.539/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FREDERICO
PINTO DE AZEVEDO (CONVOCADO), Primeira Turma, JULGAMENTO: 02/12/2010,
PUBLICAÇÃO: DJe 28/02/2011 - Página 21; e PROCESSO: 200983000056549, AC
495.070/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FREDERICO DANTAS
(CONVOCADO), Quarta Turma, JULGAMENTO: 26/07/2011, PUBLICAÇÃO: DJe
04/08/2011 - Página 584.

- No que tange ao alegado dano material decorrente das despesas com a compra dos
medicamentos e com os tratamentos necessá-rios ao controle da evolução da
doença, entende-se que não restou devidamente provado, já que o autor não trouxe
aos autos qualquer recibo ou nota fiscal dessas despesas e, pelo que dos autos
consta, é ele paciente do Sistema Único de Saúde. O mesmo não se pode dizer da
necessária indenização pelo dano material ocasionado pela redução da capacidade
laboral do autor, tendo em vista se tratar de vírus bastante agressivo e que impõe ao
seu portador uma vida permanentemente limitada, com acompanhamento médico
contínuo.

- Necessária é a fixação de pensão mensal destinada a propiciar uma subsistência


digna ao autor, donde considera-se justa a manutenção da pensão provisória
deferida em sede de agravo de instrumento, doravante a título de pensão vitalícia,
no patamar de 5 (cinco) salários mínimos, a ser paga pela União e pelo HEMOPE pro
rata, a partir do evento danoso e até o demandante completar 70 (setenta) anos de
idade, respeitada a prescrição quinquenal.
- Quanto aos juros e à correção monetária aplicáveis à hipótese, tendo em vista a
modulação dos efeitos das decisões proferidas pelo STF por ocasião dos julgamentos
das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, permanecerão, até 25.03.2015, conforme as
disposições da Lei nº 11.960/2009, a partir de quando os juros passarão a ser os
mesmos aplicados à caderneta de poupança, enquanto os índices

aplicados à correção monetária serão os fornecidos pelo IPCA-E. Os juros incidirão a


partir da citação e a correção monetária desde quando se tornaram devidas as
parcelas.

- Considerando que autor e réus foram vencedores e vencidos, fixa-se a sucumbência


recíproca das partes, ressaltando ser o postulante beneficiário da justiça gratuita.

- Apelação parcialmente provida.

2. Apelação Cível nº 577.658-CE

(Processo nº 0001711-62.2010.4.05.8100)

Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

(Julgado em 28 de maio de 2015, por unanimidade)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA-ILEGALIDADE DO


REAJUSTE TARIFÁRIO DE ENERGIA ELÉTRICA NOS EXERCÍCIOS DE 2008 E 2009-
DEVOLUÇÃO DOS VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE-POSSIBILIDADE-
LEGALIDADE DA AQUISIÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA E DO REPASSE AOS
CONSUMIDORES DO PREÇO DO SERVIÇO.

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ILEGALIDADE


DO REAJUSTE TARIFÁRIO DE ENERGIA ELÉTRICA NOS EXERCÍCIOS DE 2008 E 2009.
DEVOLUÇÃO DOS VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE. POSSIBILIDADE.
LEGALIDADE DA AQUISIÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA E DO REPASSE AOS
CONSUMIDORES DO PREÇO DO SERVIÇO. AGRAVO RETIDO E APELAÇÕES
IMPROVIDAS.
- Apelações interpostas pela COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ - COELCE, pela
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL e pelo MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL - MPF em face de sentença que reconheceu a ilegalidade da metodologia
adotada pela ANEEL para o cálculo da parcela B, condenou a COELCE a restituir aos
consumidores o valor equivalente às parcelas cobradas com base na metodologia
ilegal e não reconheceu a ilegalidade do contrato firmado entre a COELCE e a CGTF
(Central Geradora Termelétrica Fortaleza S.A.).

- Rejeição da preliminar de incompetência absoluta da 1ª Vara Federal da Seção


Judiciária do Ceará levantada pela ANEEL e pela COELCE. Vencido o Relator.

- Não provimento do agravo retido, reconhecendo-se a aplicabilidade do Código de


Defesa do Consumidor à relação jurídica estabelecida entre a concessionária e o
usuário de energia elétrica e legitimidade do Ministério Público Federal para o
ajuizamento de ação civil pública em defesa de direitos individuais homogêneos
decorrentes da relação de consumo existente entre as concessionárias de energia
elétrica e seus usuários. Precedentes do STJ.

- Caso em que o Ministério Público Federal ajuizou, perante a 1ª Vara Federal da


Seção Judiciária do Ceará, Ação Civil Pública em face da COELCE, ANEEL e CGTF
alegando, em síntese, que houve abusividade nos reajustes da tarifa de energia
elétrica do Estado do Ceará nos anos de 2008 e 2009. Essa abusividade, segundo o
MPF, decorreu do emprego de metodologia equivocada pela ANEEL no cálculo da
Parcela B, provocando um desequilíbrio econômico-financeiro do contrato em favor
da concessionária em prejuízo dos consumidores, e também da incorporação do
custo da energia térmica comprada da CGTF nas tarifas de energia elétrica praticadas
pela COELCE.

- Alegação do MPF de erro metodológico no cálculo da Parcela B que segue as


definições e conclusões do Tribunal de Contas da União no Acórdão nº 2.210/2008-
41/08 (TC 021.975/2007-0), instaurado a partir de solicitação de auditoria formulada
pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, tendo por
objeto os processos de reajuste tarifário da CELPE - Companhia Energética de
Pernambuco, no período de 2002 a 2007.

- No referido acórdão, o TCU concluiu que a sistemática de reajuste tarifário adotada


pela ANEEL padecia de inconsistências, na medida em que “9.1.1.1 a Parcela B
calculada no reajuste tarifário absorve indevidamente os ganhos de escala
decorrentes do aumento de demanda; 9.1.1.2 os ganhos de escala, decorrentes do
aumento da demanda, não são repassados para o consumidor, provocando
desequilíbrio econômico-financeiro do contrato”.

- Reconhecimento de que, embora o Acórdão nº 2.210/2008 tenha sido anulado pelo


Acórdão nº 2.544/2008, “haja vista não ter observado os princípios do contraditório
e da ampla defesa, notadamente pela ausência de oitiva da Companhia Energética de
Pernambuco- CELPE, da CEMIG Distribuição S/A e das demais empresas
concessionárias de energia elétrica do país, as quais têm direito subjetivo afetado
pela decisão”, essa anulação não alcançou o estudo elaborado pela unidade técnica
do TCU, que contém informações e conclusões importantes para o deslinde da causa.

- Constatação de que, diferentemente do alegado pela COELCE no Acórdão nº 3438-


51/12, o TCU reafirmou o entendimento adotado no primeiro julgamento (Acórdão
nº 2210-41-2008), entendendo pela ilegalidade dos reajustes tarifários no período
anterior ao novo modelo adotado pelo Despacho 245/2010 do Diretor-Geral da
ANEEL.

- A afirmação de que “os resultados dos procedimentos e cálculos realizados pela


ANEEL nos referidos processos encontram-se em conformidade com as regras de
reajuste estabelecidas nos contratos de concessão” (pronunciamento da Secretaria
de Fiscalização de Desestatização e Regulação - SEFID constante do item 14 do
relatório ao Acórdão nº 2210/2008) não significou, diversamente do que defende a
COELCE, o reconhecimento da legalidade da metodologia utilizada pela ANEEL para o
reajuste tarifário.

- No acórdão a que se referiu a COELCE (Acórdão nº 1.268/2010) para afirmar que o


TCU haveria, mais uma vez, ratificado o cumprimento dos dispositivos legais pela
ANEEL, a Corte de Contas apenas deixou consignado que: “9.1.1 Esta corte de Contas
não apontou descumprimento de dispositivos legais ou de regras inerentes aos
contratos de concessão, mas, sim, identificou erro metodológico que elevou a tarifa
de energia elétrica em afronta aos princípios da modicidade tarifária e da regulação
por incentivos”. Isso porque ali não estava em discussão o descumprimento dos
contratos de concessão firmados entre as concessionárias de energia elétrica e a
ANEEL, mas, sim, a metodologia utilizada para o reajuste tarifário, que não está
prevista nos referidos contratos, consoante manifestação da Secretaria de
Fiscalização de Desestatização e Regulação – SEFID.

- A perda superveniente do objeto no que diz respeito ao pedido de não aplicação da


metodologia dos exercícios de 2008 e 2009 ao exercício de 2010 não induz à perda
de interesse da integralidade dos pedidos formulados na ação civil pública, tendo em
vista que o MPF, ao passo em que requereu a correção das inconsistências da
metodologia até então adotada para o reajuste tarifário, pugnou também pelo
“julgamento procedente integral da ação, decretando-se ilegal os reajustes efetuados
a partir de 2008, determinando-se a devolução dos valores em excesso já pagos,
mediante compen-

sação [...]”.

- Reconhecimento da possibilidade de restituição dos valores cobrados nos anos de


2008 e 2009, uma vez que os reajustes tarifários contrários às prescrições do art. 14,
inciso IV, da Lei nº 9.427/1996 e dos arts. 6º, § 1º, e 10 da Lei nº 8.987/1995 não
podem ser considerados atos jurídicos perfeitos e que o equilíbrio econômico-
financeiro do contrato não depende exclusivamente de fórmulas presentes no
contrato, mas, também, de procedimentos regulatórios adotados pela ANEEL.

- Os reajustes tarifários ocorridos nos exercícios de 2008 e 2009 não atendem às


prescrições do art. 14, inciso IV, da Lei nº 9.427/1996 e dos arts. 6º, § 1º, e 10 da Lei
nº 8.987/1995, principalmente em

razão de não promoverem o aumento da eficiência e da qualidade da prestação do


serviço e de não atenderem ao princípio da modicidade tarifária.

- Todos aqueles que contratam com o Poder Público têm ou devem ter prévia
ciência de que este poderá (deverá) adotar todas as medidas necessárias ao
restabelecimento do equilíbrio financeiro do contrato, sem que isso importe quebra
do que restou pactuado. Nesse sentido, deve-se admitir que as concessionárias de
energia elétrica têm conhecimento das normas e princípios que regulam o

setor energético, especialmente daqueles tendentes a promover a eficiência e a


qualidade da prestação do serviço e a modicidade tarifária.

- Ao julgar a causa no sentido de acolher a pretensão de adequação da metodologia


de reajuste das tarifas às regras e princípios que norteiam o setor energético, o Poder
Judiciário se porta nos exatos limites da competência constitucional que lhe foi
atribuída, não havendo, portanto, que se falar em invasão da esfera de competência
do Poder Executivo.

- “A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro não depende exclusivamente


da aplicação de fórmulas presentes no contrato, depende, sim, de procedimentos
regulatórios adotados pela ANEEL visando a promover a modicidade tarifária e a
remuneração adequada para a concessionária eficiente, em conformidade com a
legislação do setor, com princípios e diretrizes legais e contratuais, além da
observância da fórmula de reajuste tarifário”.

- A concessionária de energia elétrica apropriou-se indevidamente dos lucros


decorrentes do aumento de mercado, uma vez que seus custos fixos não variaram
na mesma proporção do mercado. A metodologia de cálculo do reajuste tarifário
adotada pela ANEEL, definindo a parcela B como a diferença entre os valores da
receita efetivamente arrecadada e a Parcela A efetivamente despendida, tornava
inócuo o regime de regulação por estímulo. A fórmula até então utilizada para o
reajuste tarifário não se prestava a induzir a otimização de custos gerenciáveis por
parte da concessionária, a fim de que esses custos fossem revertidos em ganhos de
eficiência. Aquele modelo de reajuste tarifário permitiu que houvesse um ganho
diante do aumento no consumo, sem que tenha havido em contrapartida a redução
da tarifa e, também, o aumento da eficiência operacional do serviço prestado.

- Manutenção da sentença no que tange à obrigação de indenizar os consumidores


em relação aos prejuízos decorrentes do equívoco na metodologia de cálculo da
parcela B.

- Quanto à questão remanescente, alusiva à compra de energia termelétrica da


CGTF (empresa do mesmo grupo) sobre a qual se alega que houve apropriação pela
COELCE “de energia a preço maior do que o praticado no mercado regulado, de se
ter em mente as condições em que se deu essa contratação. Assim sendo, na época
da contratação, ou seja, em agosto de 2001, a escassez de energia elétrica no
mercado impunha um severo racionamento, o que fez disparar o preço de energia no
mercado alternativo, que alcançou a cifra de R$ 526,15 o MWh, conforme asseverou
a ANEEL em sua contestação. Donde se concluir que a COELCE observou, quando da
contratação de energia da CGTF, adquirida, conforme referenciado na inicial, a R$
163,53 o MWh, a cláusula do contrato de concessão que a obriga a adquirir energia
ao menor custo, cujo cotejo de sua observância requer a comparação dos preços de
energia do mercado regulado e do alternativo em um mesmo momento

do mercado de energia”.

- “Diante da imposição legal de substituição (descontratação) de 25% da energia


prevista em seus contratos iniciais, nos termos da norma do art. 10 da Lei nº
9.654/98, a vigorar a partir de janeiro de

2003, nada mais razoável que a COELCE, em consonância com a Política Prioritária de
Termelétrica instituída pelo Governo Federal e pela premência em garantir o
abastecimento de energia a seus clientes, procurasse, desde logo, garantir o
suprimento de energia suficiente para distribuição aos seus clientes, mediante a
contratação, de longo prazo, da energia ofertada pela CGTF, que de resto importava
na fonte disponível no mercado àquela época”.

- “Não há pretender comparar o preço do MWh praticado no mercado à época da


contratação, de escassez e de incertezas no mercado de energia, com o preço desse
insumo no momento da revisão da tarifa verificado no ano de 2007, quando já
suplantado o período de racionamento do produto, já que é da natureza do mercado
a variação de preço conforme a lei da oferta e da procura”.

- “A abusividade da tarifa cobrada a partir da compra da energia ter-melétrica


também não está devidamente comprovada. Com efeito, o preço atualizado da
energia fornecida pela CGTF - Central Geradora Termelétrica Fortaleza S.A. em
22.04.2007, conforme Nota Técnica nº 089/2007 da ANEEL, é de R$ 147,00 o MWh –
é o que argui a Coelce –, enquanto que o preço do MWh comercializado no último
leilão de energia promovido pela ANEEL, realizado pela Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica - CCEE, atualizado até o dia 22.04.2007, é de R$


141,00 – aparentemente dentro da normalidade do mercado, posta a insignificância
percentual da diferença”.

- “O contrato de aquisição de energia firmado entre a COELCE e a CGTF é ato jurídico


perfeito, cuja anulabilidade ou revisão se submete à demonstração de fato
imprevisível às partes contratantes,

cuja verificação não restou demonstrada nos autos, já que a alegada redução do
preço do MWh, derivada do normal movimento dos mercados de energia, não se
constituiria em evento dessa magnitude. Ou seja, justificada a necessidade da
referida contratação em razão das condições do mercado vigentes à época e da
necessidade de manutenção da higidez da prestação do serviço público, não se pode
pretender a alteração da avença sem a verificação de evento que mitigue a força
obrigatória dos contratos, emprestada pelo sistema jurídico, sob pena de violação ao
princípio insculpido no art. 5º, XXXVI, da Carta Magna”.

- “Também sem relevância para a definição da tarifa de energia elétrica cobrada


dos consumidores a alegações da prática de selfdealing, materializada na aquisição
de energia pela COELCE de uma empresa que pertence ao seu grupo controlador e
de que a CGTF não produziria a energia vendida à COELCE, funcionando como mera
‘atravessadora’ de energia adquirida no mercado”.

- Reconhecimento da “inexistência de ato lesivo à moralidade, já que o preço de


aquisição de energia da termoelétrica era o à época vigente no mercado,
considerada a disponibilidade da ocasião, além do que a transação verificada entre a
COELCE e a CGTF resultou de normas contratuais integrantes do programa de
desestatização levado a cabo no Estado do Ceará e dentro da política de
diversificação da matriz energética engendrada pelo governo federal,
consubstanciada no Programa Prioritário de Termeletricidade – PPT”.

- Conclusão de que a fundamentação contida na sentença é suficiente para rebater


as alegações suscitadas pelo MPF em sua apelação, não havendo, assim, necessidade
de repetir aqueles fundamentos, em virtude da adoção da técnica da motivação per
relationem.

- Agravo retido da COELCE e apelações da COELCE, da ANEEL e do MINISTÉRIO


PÚBLICO FEDERAL improvidos.

3. Apelação / Reexame Necessário nº 0804276-94.2014.4.05.8400-RN (PJe)

Relator: Desembargador Federal Emiliano Zapata Leitão (Convocado)

(Julgado em 21 de maio de 2015, por unanimidade)


ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. EMPREENDIMENTO DE REPERCUSSÃO LOCAL-
LICENCIAMENTO E FISCALIZAÇÃO PELO ÓRGÃO AMBIENTAL ESTADUAL- AUTO DE
INFRAÇÃO, EMBARGO E INTERDIÇÃO LAVRADOS PELO IBAMA-NULIDADE-
RECONHECIMENTO DE SUA INCOMPETÊNCIA, EM FACE DA AUSÊNCIA DE OMISSÃO
DO ÓRGÃO COMPETENTE

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. EMPREENDIMENTO DE


REPERCUSSÃO LOCAL, LICENCIADO E FISCALIZADO PELO ÓRGÃO AMBIENTAL
ESTADUAL. AUTO DE INFRAÇÃO, EMBARGO E INTERDIÇÃO LAVRADOS PELOIBAMA.
NULIDADE. RECONHECIMENTO DE SUA INCOMPETÊNCIA, EM FACE DA AUSÊNCIA DE
OMISSÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE. PROCEDÊNCIA.

- Apelação interposta pelo INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS


RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA contra sentença proferida pelo Juízo da
4ª Vara Federal do Ceará, que julgou procedente o pedido formulado para declarar a
nulidade do Auto de Infração nº 540.375/D e Auto de Embargo e Interdição nº
514.222/C, ambos lavrados pelo Instituto recorrente em desfavor da parte autora.

- Em relação à preliminar de nulidade suscitada, devidamente intimado para produzir


as provas que entendesse pertinentes, o IBAMA limitou-se a postular pela ampla
dilação probatória, pretendendo,

posteriormente, a realização de perícia ambiental. Não bastasse a intempestividade


do aludido requerimento, não seria o juízo de piso obrigado a deferi-lo na hipótese
de entender suficientes as provas dos autos, o que de fato ocorreu, notadamente
diante do laudo pericial extraído dos autos do Inquérito Civil nº 06.2013.00006906-2,
instaurado pelo MPE/CE.

- Ademais, não bastasse a intempestividade do requerimento de perícia, não seria o


juízo de piso obrigado a deferi-lo na hipótese de entender suficientes as provas dos
autos, o que de fato ocorreu, notadamente diante do laudo pericial extraído dos
autos do Inquérito Civil nº 06.2013.00006906-2, instaurado pelo MPE/CE e de lavra
do Professor Doutor Ricardo Farias do Amaral, do Departamento de Geologia da
UFRN.
- Também não se pode falar em convicção formada por prova unilateral, eis que o
próprio apelante informa que instruiu os autos com fotografias e Parecer Técnico
elaborado pelo Núcleo de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental -
NUGEMA, que demonstrariam que os serviços de terraplanagem realizados pela
empresa apelada estariam destruindo APPs de dunas e corpos d’água, objeto
principal e nuclear da conduta autuada pelo IBAMA. Diante da produção de prova
por ambas as partes, sendo a da parte autora extraída de perito isento e
equidistante, optou o juízo sentenciante pela prevalência desta última, não havendo
se falar em cerceamento de defesa.

- No mérito, cuidando-se de empreendimento de repercussão local, circunscrito às


limitações do Município de Ceará-Mirim, devidamente licenciado e fiscalizado pelo
IDEMA, é ilegítimo o exercício da competência suplementar do IBAMA, nos termos
da Lei Complementar nº 141/2011.

- Não bastasse, perícia realizada nos autos de Inquérito Civil Público instaurado pelo
MPE, dotada, portanto, da necessária imparcialidade, concluiu pela regularidade
ambiental do empreendimento, eis que, apesar de se situarem em área preservada,
as elevações existentes têm função ecológica reduzida, pequena influência no
aquífero local e nenhuma função na dinâmica costeira ou controle de processo
erosivo.

- Apelação improvida.

Comentário: Ver jurisprudência do STJ que reforça a competência concorrente dos


entes federativos para o exercício do poder-dever de controle e fiscalização
ambiental. Nesse sentido: REsp 1132682/RJ.

REINTEGRAÇÃO DE POSSE E INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. FERROVIA.


CONSTRUÇÃO EM ÁREA NON AEDIFICANDI.
Agravo de Instrumento em ação ordinária de obrigação de fazer, c/c reintegração de
posse e indenização por perdas e danos e pedido liminar ajuizada pela FLT - Ferrovia
Transnordestina Logística S.A., em face do Estado do Ceará e MEMP Construções
Ltda., que tem por objetivo a proteção da faixa de domínio ferroviária que, segundo
alega a exordial, vem sendo esbulhada pelos demandados.
Caso: É cediço que, além das faixas de domínio, que possuem natureza de bem
público de uso comum do povo, há, no entorno das ferrovias, uma faixa de 15 metros
de largura, que, apesar de bem privado, é afetada por limitação administrativa,
denominada como área não edificável, ou non aedificandi, porquanto nela não se
pode construir. Inteligência do art. 4º da Lei nº 6.766/79.
No caso, há indícios de construção em área non aedificandi, 15m (quinze metros) de
cada lado dos trilhos da ferrovia, pertencente à agravada, por concessão do serviço
público de transporte ferroviário de cargas na Malha Nordeste, de modo a acarretar
possível violação à proibição administrativa prevista no art. 4°, III, da Lei n° 6.766/79.
Entretanto, a limitação administrativa, por si só, não impede a construção de obras
públicas, principalmente quando referentes à própria mobilidade nas vias públicas,
havendo, em princípio, dois interesses públicos em aparente conflito.
- O risco de lesão grave e de difícil reparação está suficientemente evidenciado,
diante da própria irreversibilidade da medida que impôs a demolição das
construções.
- Agravo de instrumento parcialmente provido, para sobrestar o cumprimento da
decisão agravada, no que diz respeito à remoção das estruturas de concreto
edificadas na área em questão.
Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - OCUPAÇÃO POR INTEGRANTES DA TRIBO


INDÍGENA KAPINAWÁ. DEMARCAÇÃO PREEXISTENTE - CONCLUSÃO DE QUE O
IMÓVEL NÃO ESTÁ ABRANGIDO PELA ATUAL ÁREA INDÍGENA, CARACTERIZANDO
ESBULHO - REINTEGRAÇÃO DEVIDA
Apelações da sentença que julgou procedente em parte o pedido, para reintegrar o
autor na posse plena do imóvel denominado Fazenda Barragem da Pedra. Deixou o
julgador de reconhecer a procedência do pedido de indenização por perdas e danos
Desnecessária a realização de perícia de natureza antropológica. A área indígena
existente no Município de Buíque/PE já se encontra definida pela Portaria nº 307, de
17 de maio de 1996, que declarou a posse permanente indígena (Kapinawá), de
aproximadamente 12.260 hectares, localizada no Município de Buíque/PE, nos
limites ali especificados, encontrando-se já demarcada pelo Decreto de 11 de
dezembro de 1998, que homologa a demarcação administrativa da terra indígena
Kapinawá, no mesmo município. O cerne da questão consiste apenas em saber se o
imóvel reivindicado está ou não abrangido pela atual área indígena, já demarcada
A relação entre indígena e suas terras não se rege pelas normas de direito civil, eis
que a posse, nesses termos, extrapola o âmbito do direito privado, tanto assim o é
que nenhum título de domínio privado tem validade frente ao reconhecimento de a
terra ocupada pelo particular ser de ocupação tradicionalmente indígena. Somente
haveria nulidade da titulação do particular, em razão do direito originário dos índios,
se o imóvel objeto da reintegração estivesse incluído dentro da área indígena
demarcada.
O autor anexou à inicial certidão do cartório imobiliário confirmando a propriedade
do bem, a comunicação à FUNAI acerca do esbulho ocorrido, constituindo prova da
localização e propriedade do imóvel esbulhado.
Conforme consta do laudo judicial, a Fazenda Barragem de Pedra, localizada no lugar
denominado de Coqueiro, está completamente fora da atual área indígena,
demarcada pelo decreto presidencial acostado aos autos.
Considerando que a ocupação foi identificada na perícia judicial e confessada pela
FUNAI, inquestionável o esbulho possessório a garantir ao autor a reintegração do
imóvel pretendido, na forma determinada na sentença
Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUPOSTA OCUPAÇÃO IRREGULAR DE ORLA MARÍTIMA.


REUNIÃO DE AÇÕES POSSIVELMENTE CONEXAS. DESCABIMENTO. TUTELA INIBITÓRIA
CONCEDIDA PELO JUÍZO DE ORIGEM
MPF ajuizou onze ações relacionadas à situação ambiental das ocupações irregulares
ao longo da citada orla, objeto do Inquérito Civil Público nº 1.35.000.00765/2010- 59.
Atualmente, dez ações já foram reunidas; apenas a presente demanda encontra-se
tramitando em juízo distinto
Alega, ainda, que tais processos estão na mesma fase (citatória), tratam de problema
afeto a uma mesma região, de situações fáticas afins que não podem receber
tratamento diverso. Aponta que a única diferença entre as onze ações, que têm a
mesma causa de pedir e idêntico pedido, é a relação dos réus que são
ocupantes/proprietários dos bares/ restaurantes.
De acordo com o que dispõe o art. 105 do Código de Processo Civil, em havendo
conexão ou continência, o juiz poderá ordenar a reunião de ações propostas em
separado, a fim de decidi-las simultaneamente. Ora, como se vê, não se trata de
imposição legal a reunião dos processos nos casos em que se verifique possível
conexão. Em verdade, faculta-se ao magistrado, após um juízo de conveniência e
oportunidade, optar pela reunião dos feitos que se identifiquem quanto ao pedido e
à causa de pedir, processando-os e julgando-os conjuntamente, quando entenda
assim necessário.
- É prematuro reconhecer a coincidência entre os pedidos e a causa de pedir das
ações possivelmente conexas, uma vez que remontam a situações que perduram há
um período considerável de tempo (em torno de 30 anos) e que são dotadas de
evidente complexidade, cada uma com suas respectivas peculiaridades.
não se verifica a conveniência e a oportunidade a ensejar a reunião de todos esses
feitos, pois envolvem casos que claramente merecem uma apreciação individualizada
em relação ao estado das barracas, bares e restaurantes e às possíveis degradações
ambientais advindas de cada um desses estabelecimentos, razão pela qual é de
melhor alvitre o processamento e julgamento em separado de tais demandas.
Preliminar de conexão, pois, afastada.
Tal decisão, no mérito, determinou uma série de inibições a todos os demandados,
como as que tangem à expedição de licenças, autorizações, ou mesmo à construção
ou modificação dos estabelecimentos (bares restaurantes) que se encontravam na
referida orla.
- Entretanto, além de não ser possível essa pressuposição de desídia dos órgãos da
Administração, seja quanto a sua função inicial de licenciar/autorizar quaisquer
atividades, seja quanto ao seu poder de autotutela, e ainda quanto ao exercício da
respectiva fiscalização, cumpre observar que os órgãos envolvidos noticiam, de outra
banda, ainda que agora em sede recursal, a existência de um projeto de recuperação
da orla de que se cuida, denominado “Projeto Orla Legal”, que tem ensejado a
adoção de providências, desde o ano de 2010, por parte dos estabelecimentos,
justamente no sentido de se adequarem e realizarem ajustes compatíveis com a
normatização protetiva do meio ambiente.
- Sob essa ótica, revela-se prematura a determinação deferida na tutela de urgência
e, por outra, impõe-se reconhecer a relevância da fundamentação do agravo.
- Agravo de instrumento parcialmente provido, apenas para suspender os efeitos da
decisão agravada.
Relatora: Desembargadora Federal Helena Delgado Fialho Moreira (Convocada)
EMENTA: ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. DEMOLIÇÃO DE IMÓVEIS
SITUADOS NO PERÍMETRO DE SEGURANÇA DO CONDOMÍNIO MURIBECA.
ÁREA PÚBLICA. PAGAMENTO DE AUXÍLIO-MORADIA. POSSIBILIDADE.
APICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DIGINIDADE DA PESSOA HUMANA E DO DIREITO
À MORADIA. AGTR PROVIDO.
- É certo que a jurisprudência dominante tem se posicionado pela im-
possibilidade de retenção do imóvel público pelo ocupante irregular, podendo
o ente público reclamar o bem a qualquer tempo, sem conferir ao possuidor o
direito de permanecer no imóvel ou de postular indenização por pretensas.
Entretanto, em atenção ao princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana (art. 1º, III, da CF/88), como também ao direito constitucional à
moradia (art. 6º da CF/88), verifica-se que a retirada da família dos autores do
feito de origem de suas residências, pelo Poder Público, não deve ser rea-
lizada sem que seja precedida de designação de outros imóveis para moradia
das referidas famílias ou de concessão de suporte financeiro, a título de
auxílio-moradia, para que os autores possam arcar com o custo de locação de
outros imóveis. Nesse sentido já decidiu esta douta Primeira Turma
(PROCESSO: 0010642072010405000003, EDAG108674/03/SE, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma,
JULGAMENTO: 25/07/2013, PUBLICAÇÃO: DJe01/08/2013 - Página
173).Agravo de instrumento nº 142.467-PE (Processo nº 0001833-
52.2015.4.05.0000)
Relator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt(Julgado em 30 de julho
de 2015, por unanimidade)Lembrar do STJ na ocupação de bem público

EMENTA: ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. IMPROBIDADE. MUNICÍPIO.


SECRETÁRIA DE SAÚDE E COORDENADOR DE PROGRAMA. UTILIZAÇÃO DE
AMBULÂNCIAS DO SAMU EM CARREATA POLÍTICA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA
IMPESSOALIDADE. ART. 11, CAPUT, DA LEI Nº 8.429/92. DOLO. PENALIDADES
PROPORCIONAIS ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DOS EVENTOS E CARGOS OCUPADOS.
RECURSOS PROVIDOS PARCIALMENTE.
- O serviço do SAMU (192) recebe, por meio de transferências voluntárias,
verbas federais sujeitas à fiscalização do TCU o que, de acordo com a
jurisprudência do STJ, atrai a competência da Justiça Federal para
processamento e julgamento de ações de improbidade que tratem do tema
(ARARCC 104.375, Rel. Min. Humberto Martins, DJe4/9/2009).
- A condição de Coordenador Administrativo do SAMU no município, aliada à
incontroversa participação do acusado nos fatos (dirigindo e liderando o
comboio de ambulâncias), o colocam em posição de destaque suficiente para
responder aos termos da demanda, conferindo-lhe legitimidade passiva ad
causam, cabendo a verificação de sua efetiva responsabilidade no momento
próprio de análise do mérito.
Apelação Cível nº 580.093-PB (Processo nº 0001560-13.2012.4.05.8202) Relator:
Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt(Julgado em 9 de julho de 2015,
por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. VIA FÉRREA. FAIXA DE


DOMÍNIO. BEM PÚBLICO. EDIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REINTEGRAÇÃO E
DEMOLIÇÃO NECESSÁRIAS. INDENIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
- Nos termos do artigo 4º, inciso III, da Lei nº 6.766/79, não são edificáveis as áreas
com quinze metros de largura ao longo das ferrovias.
- A área non aedificandié considerada uma servidão administrativa, sendo,
portanto, uma limitação ao exercício da construção pelo particular.
- “Sendo imposições de ordem geral, as limitações administrativas não
rendem ensejo a indenização a ser paga pelo Poder Público, sequer em favor
dos eventuais proprietários, muito menos dos possuidores ou detentores do
imóvel, tendo em vista que a ocupação de área pública, quando irregular, não
pode ser reconhecida como posse, mas como mera detenção”. (PROCESSO:
00007234520134058000, AC 572.856/AL, RELATOR: DESEMBARGADOR
FEDERAL GERALDO APOLIANO, Terceira Turma, JULGAMENTO: 09/10/2014,
PUBLICAÇÃO: DJe14/10/2014 - Página 229).
Apelação/Reexame Necessário nº 32.233-PE (Processo nº 2009.83.00.012027-6)
Relator: Desembargador Federal Paulo Machado Cordeiro (Julgado em 9 de julho de
2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TRÁFEGO DE VEÍCULO EM


RODOVIA FEDERAL COM EXCESSO DE PESO. DANO MATERIAL. AUSÊNCIA DE
NEXO DE CAUSALIDADE. DANO MORAL COLETIVO CONFIGURADO.
RAZOABILIDADE DO MONTANTE FIXADO NA SENTENÇA.
- Quanto ao dano material, vê-se que a inicial não veio instruída com elementos
concretos para quantificar a lesão anunciada. Não é possível atribuir à empresa
demandada a responsabilidade pela deterioração das rodovias federais em que
transita com excesso de peso, eis que tal dano seria, tão somente, presumível, à
míngua da existência de uma apuração individual do ilícito.Não bastasse isso, outros
fatores deveriam ser considerados para fixar a extensão do suposto dano material
provocado, tais como, o tráfego de outros veículos, igualmente, com excesso de peso,
a qualidade/durabilidade do material empregado na construção da rodovia, a extensão
do trajeto, dentre outros, sendo certo que tais circunstâncias não foram apresentadas
nos autos.
- Indenização por dano moral coletivo que se faz devida, na medida em que a
empresa transgressora insiste na prática da conduta irregular, demonstrando
certo desprezo à preocupação da coletividade na manutenção de rodovias
que permitam uma dirigibilidade segura para todos.Apelação Cível nº
0804329-75.2014.4.05.8400-RN (PJe) Relator: Desembargador Federal Cid
Marconi (Julgado em 2 de julho de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO.


ACIDENTE DE TRÂNSITO EM RODOVIA FEDERAL. MORTE DA GENITORA DAS
AUTORAS. PRELIMIINAR DE APLICAÇÃO DOS EFEITOS DA REVELIA AFASTADA.
DANOS MORAIS. PROVA DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL. MANUTENÇÃO DO
VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ATENDIMENTO DOS
PARÂMETROS DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ. TERMO INICIAL DA INCIDÊNCIA
DA CORREÇÃO MONETÁRIA DO VALOR DA INDENIZAÇÃO A DATA DO
ARBITRAMENTO - SENTENÇA. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. FIXAÇÃO
MEDIANTE APRECIAÇÃO EQUITATIVA. ART. 20, PARÁGRAFO 4º, CPC.
No âmbito do Direito Público, o ordenamento jurídico pátrio adotou a teoria
da responsabilidade civil objetiva, na modalidade risco administrativo, a qual
se encontra consagrada no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, in verbis: - As
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seu agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.
- O DNIT embora alegue que a vítima concorreu, também para o acidente por
se encontrar embriagada e por essa razão não teria tomado os devidos
cuidados, não logrou, no entanto comprovar tal alegação.O Laudo Cadavérico
emitido pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará e o Boletim
de Acidente de Trânsito expedido pelo Departamento de Polícia Rodoviária
Federal, os quais têm fé pública, gozando de presunção de veracidade,
legitimidade e legalidade evidenciam que o Poder Público deixou de manter
bem conservada, iluminada e sinalizada a rodovia, além de não colocar
passarelas para pedestres, contribuindo assim para o acidente.
- A responsabilidade do Estado, no caso do DNIT restou caracterizada por sua
omissão, ja que ficou comprovada a existência do dano, a conduta omissiva
deste e o nexo de causalidade entre a omissão e o dano ocasionado, tendo
em vista que o acidente ocorreu pela falta de conservação e de iluminação da
rodovia.Apelação/Reexame Necessário nº 31.882-CE (Processo nº 0012201-
12.2011.4.05.8100) Relator: Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior
(Convocado) (Julgado em 18 de junho de 2015, por unanimidade)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. CENSO ESCOLAR. FUNDEB. LEGITIMIDADE AD CAUSAM


DA UNIÃO. EQUÍVOCO NO NÚMERO DE ESTUDANTES MATRÍCULADOS. ERRO DO
MUNICÍPIO. RETIFICAÇÃO APÓS O PRAZO DE TRINTA DIAS FIXADO PELO ART. 9º, § 4º,
DA LEI Nº 11.494/2007. IMPOSSIBILIDADE. NATUREZA DECADENCIAL DO PRAZO.
REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO PROVIDAS.
- Como a pretensão autoral consiste em retificar os dados do censo escolar do
município autor no ano de 2010, para fins de percepção dos recursos do FUNDEB,
deve a União figurar no polo passivo da demanda vez que é de sua competência
efetuar possível retificação desses repasses. A competência do FNDE, consoante
reconhece a própria demandada, é exercer a fiscalização orçamentária e financeira
desse Fundo, não albergando o repasse dos recursos, que incumbe à União.
Preliminar de ilegitimidade passiva ad causam rejeitada.

- O prazo de trinta dias fixado pelo art. 9º, § 4º, da Lei nº 11.494/2007 para que os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios apresentem recursos para eventual
retificação dos dados publicados no censo escolar tem natureza decadencial, de
modo que transcorrido in albis, decai para os entes públicos o direito de retificar os
dados informados.

- No presente caso, da análise dos elementos materiais acostados aos autos,


constata-se que o Censo Escolar de 2010 do Município de Nova Olinda, na Paraíba,
foi feito com base em informações incorretas prestadas por servidor do próprio
município, mas a gestão municipal somente pleiteou administrativamente a correção
no sistema após o prazo de trinta dias fixado pelo art. 9º, § 4º, da Lei nº 11.494/2007,
de modo que agiu corretamente a União ao indeferir tal pleito, tendo em vista a sua
extemporaneidade. Além disso, a União não pode ser responsabilizada pela desídia
da gestão municipal que, mesmo detectando que seu servidor repassou informações
equivocadas sobre a quantidade de alunos matriculados na rede pública de ensino
referente ao ano de 2010, não fez devida retificação dentro do prazo legal.

- Condenação do município autor em honorários advocatícios, fixados em R$


2.000,00 (dois mil reais), nos termos do art. 20, § 4º, do CPC.

- Remessa oficial e apelação da União providas. Liminar revogada.

Apelação/Reexame Necessário nº 32.640-PB

(Processo nº 0000182-56.2011.4.05.8202)

Relator: Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior

(Julgado em 25 de agosto de 2015, por unanimidade)


Apelação Cível nº 581.788-CE

AVES SILVESTRES. IBAMA. ESPÉCIME EM PERIGO DE EXTINÇÃO. AUTO DE


INFRAÇÃO. LEGALIDADE. MULTA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. VALOR
DESPROPORCIONAL. ART. 24, § 3º, DO DECRETO 6.514/2008. REDUÇÃO. APELAÇÃO
IMPROVIDA

O Tribunal considerou desproporcional a cominação de multa ambiental no valor de


R$ 20.500,00, aplicada em razão do autor ter mantido em cativeiro vinte e nove aves
de oito espécies diferentes. Entendeu a corte que o juiz a quo desconsiderou a
gradação estabelecida no art. 72 c/c art. 6° da Lei 9.605/98, na medida em que não
restou comprovado proveito econômico auferido, além de reduzida gravidade da
infração e ausência de antecedentes de descumprimento da legislação ambiental. O
TRF-5 entendeu razoável o valor de R$ 4.000,00.

Apelação Cível nº 570.905-RN

ADMINISTRATIVO AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COOPERATIVA DE ANESTESIOLOGIS- TAS.


ALEGAÇÃO DE FORMAÇÃO DE CARTEL E OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LIVRE
CONCORRÊNCIA E DA LIVRE INICIATIVA. INOCORRÊNCIA

Trata-se de Ação Civil Pública para fins de dissolução judicial de cooperativa, bem
como a condenação em danos morais coletivos, em razão da suposta prática de
cartel.

O TRF-5 entendeu que o fato de uma determinada cooperativa congregar a maior


parte de uma determinada categoria de profissionais, não implica ofensa aos
princípios da livre concorrência e da livre iniciativa, nem configura cartel, haja vista
que o consumidor pode contratar outros médicos não cooperados. Entendeu que a
uniformização dos preços para a contratação dos serviços é da própria essência das
cooperativas, servindo apenas como orientação aos profissionais associados no que
diz respeito às negociações com os tomadores de serviço.
Não tendo havido prática de cartel, não há que se falar em dissolução ou dano moral
coletivo.

DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. VALOR DA INDENIZAÇÃO E


RUBRICAS LEGAIS.

- A indenização para fins de desapropriação deve ser calculada tomando-se por


referência o total da área medida, e não apenas pela área registrada em cartório, até
porque aferida pelo próprio setor técnico da expropriante (Precedentes).

- O cálculo indenizatório da cobertura vegetal somente é possível quando há prévia e


lícita exploração da vegetação, o que não é a hipótese. Precedentes do STJ.

(Processo nº 2008.81.01.000485-9)
Relator: Desembargador Federal Lázaro Guimarães

ADMINISTRATIVO. SERVIDÃO. LINHA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.


LIMITAÇÃO PARCIAL DA PROPRIEDADE. INDENIZAÇÃO. VALOR JUSTO. APELAÇÃO
IMPROVIDA.

- A servidão administrativa não implica transferência do domínio para o poder


público, configurando apenas uma limitação ao uso pleno da propriedade, por parte
do seu titular, mediante pagamento de indenização que expresse o valor de mercado
da limitação, orçada pelos precedentes jurisprudenciais em 1/3 (um terço) do valor
do domínio pleno.

- Na hipótese de servidão de passagem de linha de transmissão de energia elétrica, o


percentual que vem sendo admitido é de, aproximadamente, 1/3 (um terço) do valor
do domínio pleno, uma vez que são mínimos os incômodos e restrições sofridos pela
propriedade onde se estabeleceu a servidão.

(Processo nº 0000152-35.2013.4.05.8304)
Relator: Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior (Convocado)

CIVIL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. IMÓVEL EM REGIME DE AFORAMENTO.


POSSIBILIDADE. POSSE MANSA E PACÍFICA HÁ MAIS DE 20 (VINTE) ANOS. LAUDÊMIO.
INEXIGIBILIDADE. TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO REFERENCIADA (PER RELATIONEM).
APELAÇÃO IMPROVIDA.

- O imóvel em questão, segundo ofício encaminhado pela Superintendência do Patrimônio da


União, é conceituado como terreno de marinha, encontrando-se em regime de aforamento e
não de ocupação.
- Acerca da possibilidade de aquisição do domínio útil de bens públicos em regime de
aforamento, via usucapião, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região já se
manifestou, inclusive, com a edição da Súmula 17, onde se lê: É possível a aquisição
do domínio útil de bens públicos em regime de aforamento, via usucapião, desde que
a ação seja movida contra particular, até então enfiteuta, contra quem se operará a
prescrição aquisitiva, sem abranger o domínio útil da União.

- Por outro lado, não há fundamento para acolher o pleito da União de incidência de
laudêmio e taxas de foro como requisito à transferência do domínio útil.

- Conforme preceitua o art. 3º do Decreto-Lei nº 2.398/87: “dependerá do prévio


recolhimento do laudêmio, em quantia correspondente a 5% (cinco por cento) do
valor atualizado do domínio pleno e das benfeitorias, a transferência onerosa, entre
vivos, do domínio útil de terreno da União ou de direitos sobre benfeitorias neles
construídas, bem assim a cessão de direito a eles relativos”.

- “Portanto, nos termos expressos da lei, o laudêmio é exclusivo das transferências onerosas
de direito real, algo inexistente na usucapião, qualificada como aquisição originária da
propriedade”.
- “Igualmente ocorre com as taxas de foro eventualmente devidas pela Sociedade
Edifícios Irbosa S.A., as quais não podem ser opostas à nova titular do domínio útil”.

(Processo nº 0002437-76.2014.4.05.8300)
Relator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. TÉCNICO


PREVIDENCIÁRIO. NOMEAÇÃO EM VAGA DE DEFICIENTE. CANDIDATO QUE NÃO
APRESENTA LIMITAÇÃO FÍSICA OU MENTAL. ERRO DA ADMINISTRAÇÃO. MÁ-FÉ NÃO
COMPROVADA. DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA. OCORRÊNCIA. MANUTENÇÃO NO
CARGO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. POSSIBILIDADE.

Assim, não sendo constatada a má-fé da candidata em questão, ainda que o ato de
sua nomeação tenha sido ilegal, por erro da própria Administração, há de ser
observado o prazo decadencial de 5 anos, previsto no art. 54, caput, da Lei nº
9.784/99.

Desta feita, considerando o decurso do prazo decadencial de 5 anos para a tomada


das providências cabíveis, decorrentes de erro da própria Administração, e, em
homenagem ao princípio da segurança jurídica, já que a servidora em questão ocupa
o cargo há mais de 10 (dez) anos, inclusive em setores de alta responsabilidade como
Chefia de Agência e Procuradoria, tem-se que a servidora Danyela Wanderley
Ferreira deve ser mantida no cargo para o qual foi nomeada, tornando nula a
Portaria nº 1.224/2010 da Presidência do INSS.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE POR ATO MÉDICO.


RECÉM NASCIDA PREMATURA, COM ALTA PRECOCE, QUE VEIO A FALECER. SOCORRO
TARDIO IMPOSSÍVEL DE SER PRESTADO NOS HOSPITAIS PROCURADOS NOS
MOMENTOS FINAIS. RESPONSABILIDADE DA MATERNIDADE CONFIGURADA.
AUSÊNCIA DE CULPA DOS DEMAIS RÉUS. (Processo nº 2009.84.00.004680-7) Relator:
Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. NOVO JULGAMENTO DE APELAÇÃO CÍVEL.


ART. 543-B, § 3º, DO CPC. CONCURSO PÚBLICO. DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVI-
ÁRIA FEDERAL - DPRF. EDITAL Nº 01/2009. - Interferência do Poder Judiciário na
correção de questão de prova objetiva. Possibilidade. Anulação da questão nº 22.
Raciocínio lógico. Duplicidade de respostas. Multiplicidade de precedentes deste
Tribunal alusivos à mesma questão. - Acórdão em conformidade com o RE 635.853
(Repercussão Geral). Manutenção do acórdão que negou provimento às apelações.
(AP 559.480-AL)

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PLANO DE SAÚDE. UNIMED MACEIÓ


COOPERATIVA DE SERVIÇOS MÉDICOS. LEI 9.656/98 E RESOLUÇÃO 8/98 DO CONSU -
CONSELHO DE SAÚDE SUPLEMENTAR. CONDIÇÃO PARA AUTORIZAÇÃO DE EXAMES
MÉDICO-HOSPITALARES E LABORATORIAIS À REQUISIÇÃO DE MÉDICO COOPERADO.
PRÁTICA ILEGAL. OFENSA AOS DIREITOS DOS USUÁRIOS-CONSUMIDORES. (…)

- A Lei nº 9.656/98 e a Res. CONSU nº 8/98 determinam expressamente que as


cooperativas operadoras de planos privados de assistência à saúde sujeitam-se às
normas e à fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS vedando,
dentre outras práticas, que tais cooperativas vinculem o atendimento de seus
usuários aos serviços prestados pelos médicos cooperados.

- In casu, a conduta da UNIMED MACEIÓ (cooperativa operadora de planos privados


de assistência à saúde) de apenas autorizar o pagamento de exames médico-
hospitalares e laboratoriais prescritos por médicos cooperados, em formulário
próprio, constitui prática ilegal e abusiva, nos termos das normas que regulamentam
o setor de saúde complementar, razão pela qual merece guarida o pleito do
Ministério Público Federal para se obstar tal conduta.

Outrossim, a atitude da demandada/apelante enquadra-se como “venda casada” de


serviços, vez que condiciona a realização de exames ao atendimento de médicos
cooperados e em formulário próprio, procedimento incisivamente proibido pelo art.
39, I, do Código de Defesa do Consumidor. (AP 564.628 – AL).

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA PUNIÇÃO


CONSISTENTE NA SUSPENSÃO DO DIREITO DE PARTICIPAR DE LICITAÇÕES POR 12
MESES.ALEGADA IMPOSSIBILIDADE DE FORNECIMENTO DOS EQUIPAMENTOS OBJETO
DE CONTRATO. FATO DE TERCEIRO QUE, MESMO PRESENTE, NÃO EXCLUIRIA A
RESPONSABILIDADE DO LICITANTE VENCEDOR. REFORMA DA SENTENÇA. APELAÇÃO E
REMESSA OFICIAL PROVIDAS. (…)

A autora venceu procedimento licitatório realizado na modalidade pregão eletrônico,


deflagrado para o fornecimento de equipamentos de informática à universidade.
Ocorre que a fabricante dos referidos maquinários, Hewlett- Packard Brasil (HP), seria
a responsável pelo atraso e, posteriormente, pela impossibilidade de cumprimento
do negócio jurídico, ante a descontinuidade de fabricação dos equipamentos
licitados. A impetrante, aliás, teria proposto à UFRN a substituição dos equipamentos
por similares de outra marca, “com características superiores ao licitado”, o que não
foi aceito pela autarquia. 10 Boletim de Jurisprudência nº 12/2015 - Quem participa
de um certamente licitatório deve, em condições normais, ter disponíveis os bens
que promete entregar ao poder público, responsabilizando-se por isso. Se não os
tem, mas promete que terá a tempo oportuno, assume idêntica responsabilidade,
comprometendo-se com a administração. - É claramente ofensivo à isonomia
republicana aceitar que um contratante contorne os termos do ajuste celebrado,
oferecendo bens diversos daqueles com os quais participou da disputa. A frustração
do certame mostra-se presente quando, depois de levada a efeito a disputa, a
vencedora não tem o bem cuja entrega prometeu, porque o dado da falta poderia, a
tempo e modo, ter influído no próprio resultado da peleja, permitindo que outra
fosse a concorrente vencedora. É por isso que o poder público não precisa aceitar os
novos bens, ainda que supostamente mais valiosos. É exatamente por isso que a
punição estabelecida se justifica - e daí, então, a necessária reforma da sentença
impugnada. (AP 29.636 – RN).

ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DA ETIQUETA NACIONAL DE


CONSERVAÇÃO DE ENERGIA (ENCE) NOS PRODUTOS COMERCIALIZADOS. APLICAÇÃO
DE MULTA. RAZOABILIDADE. LEGITIMIDADE DO INMETRO. RESPONSABILIDADE DO
AGENTE FORNECEDOR. PORTARIAS DO INMETRO 185/05 E 267/08. (…)

Quanto à alegação de que o INMETRO não possui poder coibidor/ sancionador,


também aqui os argumentos da apelante não devem prevalecer. Isto porque, consta
das referidas Portarias que a fiscalização do cumprimento das disposições nelas
contidas, em todo o território nacional, ficará a cargo do INMETRO e das entidades de
direito público com ele conveniadas. (AP 583.912-PB).

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE UTILIDADE


PÚBLICA. JUSTO PREÇO. VALOR DE MERCADO DO IMÓVEL. ACOLHIMENTO DO LAUDO
JUDICIAL. POSSIBILIDADE. REMESSA NECESSÁRIA OBRIGATÓRIA. CONDENAÇÃO
SUPERIOR AO DOBRO DA OFERTA. INCIDÊNCIA DE JUROS COMPENSATÓRIOS E
MORATÓRIOS. BASE DE CÁLCULO. CORREÇÃO MONETÁRIA. (…)

O argumento de que o justo valor do imóvel deveria ter por base a data da
expropriação, ou seja, a data do depósito da oferta, e não, o valor fixado no Laudo
Judicial, que considerou a supervalorização posterior do imóvel, após a construção,
pela própria Autarquia, do Açude Público Jenipapeiro II, não merece prosperar, tendo
em vista ter o Perito do Juízo expressamente consignado que, embora as terras
objeto da expropriação e adjacentes tenham sido valorizadas em decorrência da
construção do Açude, o preço da terra nua, considerado no Laudo, não sofreu
influência da implantação do Açude, em virtude das pesquisas terem sido coligidas
nos Municípios pertencentes à microrregião - Acopiara, Mombaça e Senador
Pompeu. (…)

Nada impede que o juiz tome por base, na fixação da justa indenização, o laudo
elaborado pelo Perito Judicial, em detrimento do laudo elaborado pelo Expropriante,
sendo livre para formar o seu convencimento por meio das provas constantes dos
autos, desde que a sua decisão seja fundamentada.

Não seria razoável que se determinasse a realização de uma nova perícia, que levasse
em consideração o preço de mercado praticado ao tempo da desapropriação,
porquanto seria materialmente impossível ao perito apreender uma realidade
passada, sendo correta a perícia que se ocupa em definir o valor do imóvel no
momento de sua realização. (…)

Na hipótese, tendo a imissão na posse ocorrido em 1998, após, portanto, da vigência


da MP nº 1.577/97, incidem juros compensatórios de 6% (seis por cento) ao ano,
desde a imissão, devendo a base de cálculo corresponder ao valor ofertado pela
Administração menos o valor fixado judicialmente, até 13.9.2001, e, após tal data,
incide o percentual de 12% (doze por cento) ao ano, nos termos da Súmula 618, do
STF, passando a base de cálculo a ser a diferença entre 80% (oitenta por cento) do
valor ofertado em Juízo, devidamente atualizado, e o valor fixado para a indenização,
ou seja, os valores que ficaram indisponíveis ao expropriado, em conformidade com o
art. 15-A, do Decreto-Lei nº 3.365/1941, com a interpretação atribuída pelo Pretório
Excelso. (AP 503.600-CE).

ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE SERVIDOR PÚBLICO


FEDERAL. REVISÃO EFETUADA PELA ADMINISTRAÇÃO SEM A INSTAURAÇÃO DE
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. INTERVENÇÃO ESTATAL NA ESFERA DE
INTERESSES DO CIDADÃO. NECESSIDADE DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. GARANTIA
DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. REPERCUSSÃO GERAL DO RE Nº 594.296/
MG. EXERCÍCIO DO JUÍZO DE RETRATAÇÃO. APELAÇÃO DO PARTICULAR PROVIDA. (…)
Em repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o RE nº 594.296/MG,
Rel. Min. Dias Toffoli, Plenário, j. 21.09.2011, no sentido de que é necessária a
instauração do devido processo administrativo, em respeito ao princípio do
contraditório e ampla defesa, para anulação de ato administrativo pela
Administração, se de tal ato decorreram efeitos concretos nos interesses individuais
dos administrados. (...0

A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 foi erigido à condição de


garantia constitucional do cidadão, quer se encontre na posição de litigante, num
processo judicial, quer seja um mero interessado, em um processo administrativo, o
direito ao devido processo legal, com os meios e recursos a eles inerentes. Deste
então, qualquer ato da Administração Pública que tiver o condão de repercutir sobre
a esfera de interesses do cidadão deverá ser precedido de prévio procedimento em
que se assegure ao interessado o efetivo exercício do direito ao contraditório e à
ampla defesa. (AP 555.500-SE).

Você também pode gostar