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UNIDADE 2 - EXPLOSIVOS
Capítulo 1 - Generalidades
Capítulo 2 - Explosivos Militares
Capítulo 3 - Propelentes Sólidos
Capítulo 4 - Pirotécnicos
Revisada por: Tem Cel Esp Arm Sérgio Xavier de Lima – Março/2011
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UNIDADE 1 - QUÍMICA ORGÂNICA
Distribuição eletrônica:
C6 – 1s2 2s2 2p2
1ª Camada 2ª Camada
2 elétrons 4 elétrons
REGRA DO OCTETO:
O átomo estará estável quando sua última camada possuir 8 elétrons (ou 2, caso se
trate da camada K). Os átomos não-estáveis se unem uns aos outros a fim de adquirir essa
configuração de estabilidade.
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Observe a estabilização de um átomo de carbono com átomos de hidrogênio:
2o. postulado: As quatro unidades de valência de carbono são iguais entre si.
No composto de formula molecular CH3Br apresenta as seguintes fórmulas eletrônica
e estrutural plana:
Está provado que só existe um composto de fórmula CH3Br, o que nos permite dizer
que as quatro fórmulas acima representam um único composto. Este fato nos leva, então, à
conclusão de que as quatro valências do carbono são exatamente iguais entre si.
3o. postulado: Átomos de carbono ligam-se diretamente entre si, formando estruturas
denominadas cadeias carbônicas.
A capacidade que átomos de um mesmo elemento têm de se ligarem entre si é
característica de alguns elementos, tais como enxofre, nitrogênio, oxigênio e fósforo.
Cadeia carbônica é a estrutura formada por átomos de carbonos ligados entre si, podendo
haver, entre dois carbonos, um átomo de outro elemento, que recebe o nome de
heteroátomo.
Veja:
Note que em qualquer cadeia carbônica cada carbono deve estabelecer sempre
quatro pares eletrônicos.
Exercício:
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Com relação às cadeias carbônicas, existem três tipos: cadeia aberta, cadeia fechada
e cadeia mista.
Cadeia aberta ou acíclica: Os átomos de carbono se ligam entre si de modo a terem
extremos livres.
Cadeia mista: Os átomos de carbono se ligam entre si de modo a terem extremos livres e
também formarem ciclo.
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Exercícios:
1) Que tipo de ligação (simples, dupla ou tripla) se estabelece entre os carbonos dos
compostos abaixo?
classifica-se como:
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UNIDADE 1 - QUÍMICA ORGÂNICA
2.1 - Conceito
Função química é o conjunto de compostos que apresentam comportamento químico
semelhante. Essa semelhança no comportamento químico é reconhecida nas fórmulas
através de algumas particularidades comuns.
As funções químicas inorgânicas são ácido, base, sal e óxido, conforme já
conhecemos. Vamos, agora, ver as funções orgânicas.
a) Hidrocarbonetos
b) Haletos orgânicos
c) Álcoois
d) Fenóis
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Várias formas de representar o Núcleo Benzênico:
e) Aldeídos
O
Aldeídos são todos os compostos orgânicos que apresentam o radical -C .
H
f) Cetonas
O
a dois átomos de carbono.
O
Carboxiácido são todos os compostos orgânicos que apresentam o radical - C .
OH
h) Aminas
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Observações: Os radicais monovalentes citados anteriormente são conforme a seguir:
Alquilas ou alcoílas: o elétron livre pertence a carbono que apresenta somente ligações
simples: H3C─CH2─
Alquenilas: o elétron livre pertence a carbono que apresenta uma ligação dupla:
H2C═CH2─
Alquinilas: o elétron livre pertence a carbono que apresenta uma ligação tripla: HC C ─
i) Amidas
Inicialmente vamos recordar o que é um radical acila:
Radical acila é o radical derivado de um ácido carboxílico pela retirada do grupo -OH
da carboxila.
j) Organometálicos
Resumo:
Além das funções que você estudou, existem muitas outras que são reconhecidas
através de um grupo que é característico a cada uma delas. Vamos, então, montar um
quadro onde constem as funções estudadas e mais algumas. Você deve sempre consultar
esse quadro e, na medida do possível, ir memorizando o grupo funcional característico de
cada função.
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Exercício:
1) Dadas as fórmulas estruturais, reconheça a função do correspondente composto:
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UNIDADE 2 - EXPLOSIVOS
CAPÍTULO 1 - GENERALIDADES
1.1 - Histórico
Uma mistura explosiva, conhecida pelos chineses há muitos séculos, é a de enxofre,
carvão e salitre, a pólvora negra (PN); seu emprego, como propelente de mísseis, foi
demonstrado pouco depois de 1300 D.C. As descobertas da nitroglicerina e da nitrocelulose,
pouco antes de 1850 e, logo depois, a invenção das dinamites e da espoleta de fulminato de
mercúrio foram eventos marcantes da era dos alto explosivos. Os explosivos atômicos foram
detonados pela primeira vez em 1945, marcando o início de um terceiro estágio na história
dos explosivos. Durante anos, desenvolveram-se produtos de qualidade superior, como a
pólvora sem fumaça, feita pela primeira vez em 1867. A demanda de explosivos mais
numerosos, para os modernos programas espaciais, serve de estímulo contínuo aos
engenheiros químicos. Em tempo de paz, é grande a quantidade consumida de explosivos
industriais. Em tempo de guerra, as quantidades são imensas; por exemplo, entre janeiro de
1940 e agosto de 1945 foram fabricados, nos Estados Unidos, aproximadamente 25 bilhões
de quilogramas. São poucas as substâncias químicas usadas como explosivos, em virtude
das restrições críticas sobre a estabilidade, a segurança e o preço, embora um grande
número de compostos e de misturas seja explosivo.
b - Deflagração
É a transformação de uma substância com desprendimento de calor, e cuja
velocidade de reação permite a propagação de calor por condução, permitindo que o avanço
seja feito por camadas paralelas à sua superfície, em outras palavras, é uma combustão
rápida, consistindo de uma transformação química comparativamente lenta.
NOTA: As deflagrações normalmente ocorrem com propelente e pirotécnicos.
c - Detonação
É o processo de decomposição que se propaga pela associação de dois fenômenos:
Físico (onda de choque) e Químico (reação de oxidação), em outras palavras, é uma reação
extremamente rápida, não instantânea, iniciando-se num dado ponto e movendo-se em
todas as direções com alta velocidade, porém mensurável.
d - Onda de choque
É uma zona de variação brutal de pressão e temperatura, que se desloca com uma
velocidade superior a velocidade do som.
A onda de choque age sobre as partículas do material, produzindo uma grande
compressão e aquecimento brutal dessas partículas que por sua vez, se decompõem e
desprendem calor suficiente para manter a onda de choque.
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Na figura a seguir tem-se um caso ilustrativo dos efeitos de uma explosão (onda de choque).
Caso genérico ilustrativo das fases de uma explosão e seus efeitos sobre estruturas
alvos.
Inicialmente, uma situação normal (A.) sucedida pela detonação do explosivo,
acontece o chamado pico de sobrepressão, mostrado na fase (B.), significando um aumento
súbito de pressão acima da pressão atmosférica e que irá determinar a forma da onda de
choque.
Segue um decréscimo em forma similar à logarítmica até uma fase de pressão
“negativa”, fase (C.). Por fim, a tendência natural é a estabilização, atingindo novamente a
pressão atmosférica (D).
Este efeito de pressão “negativa” (sucção), na verdade, é a diminuição da pressão
abaixo da atmosférica, ocorrendo devido à contração dos fluidos que expandiram na
explosão para proporcionar o equilíbrio do sistema.
e - Velocidade de Detonação
É a velocidade com que se desloca a onda de choque no meio explosivo.
Considerando uma iniciação eficiente, a velocidade de detonação depende do grau de
confinamento no invólucro, da densidade de carregamento e do tamanho do grão do
explosivo. De um modo geral, a velocidade de detonação de explosivos convencionais, até
os mais recentemente desenvolvidos, situa-se na faixa de 2.000 até 9.000 m/s.
Cada explosivo tem uma velocidade de detonação máxima em uma dada densidade
de carregamento. Não se pode aumentar indefinidamente a velocidade de detonação de um
explosivo com o aumento da densidade de carga, porque a partir de um determinado valor a
iniciação do explosivo torna-se difícil, resultando em diminuição de sua velocidade de
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detonação, ou até mesmo em insensibilidade total do mesmo. Neste caso, diz-se que o
explosivo pereceu por compressão.
1.3 - Classificação
a - Quanto à velocidade de transformação
Como já sabemos, existem três tipos fundamentais de explosivos; os mecânicos, os
atômicos e os químicos. O objetivo primordial de nosso estudo é o dos explosivos químicos.
Quanto à velocidade de transformação, é conveniente situar os explosivos químicos em
duas divisões, de acordo com o respectivo comportamento.
c - Quanto à forma
1 - Pulverizados ou Pulverulentos: em pó. (fulminato de mercúrio, pólvora
negra, etc...);
2 - Granulados: em grãos de diversos tamanhos e formas (pólvoras).
3 - Em palhetas: com escamas. (trotil em palhetas, etc.).
4 - Bastonetes: monos perfurados, multiperfurados ou sem perfuração e de
diversas espessuras. (pólvora de BD, etc.).
5 - Massas fundidas: fundido fora ou dentro dos recipientes onde são
empregados. (petardos, granadas de artilharia).
6 - Massas Plásticas: em blocos moldáveis a qualquer meio e fáceis de
empregar.
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1- Por trituração: importa em triturar os elementos e mistura-los até conseguir o
máximo de homogeneidade (pólvora negra).
2- Por revestimento: importa em revestir os grãos de um explosivo com uma
substância inerte, protegendo-os contra a umidade, calor e atrito.
e - Quanto à aplicação
1 - Pólvora balística: para carga de projeção das munições.
2 - Explosivos brisantes: para produzir ruptura, arrebentamento ou
fragmentação (cargas de granadas).
3 - Explosivos detonadores (de escorvamento): para início da explosão (nas
espoletas, cápsulas, etc.)
4 - Misturas pirotécnicas: para produzir efeitos visuais ou auditivos (nos
sinalizadores).
f - Quanto à fabricação
1- Primários: são constituídos de um único explosivo - TNT, TETRIL, RDX, etc.
2- Derivados: são constituídos de uma mistura ou combinação de dois ou mais
explosivos - amatol, tritonal, etc.
Alto-explosivos
1 - Iniciadores
São os empregados em mistos para iniciação ou excitação das cadeias
explosivas. Possuem grande sensibilidade à iniciação, sendo muito sensíveis ao atrito, calor
e choque, produzem pequeno volume de gases.
NOTA: Não são eficientes para iniciar cargas de alto explosivos.
Exemplos: fulminato de mercúrio e azida de chumbo.
2 - Reforçadores
São empregados como intermediários entre o iniciador e a carga explosiva
principal (rompedor). Podem ser iniciados pelo calor, atrito ou choque, podendo detonar
quando queimados em grandes quantidades.
Exemplos: - TETRIL, RDX, PETN, HMX.
3 - Rompedores
São os alto explosivos utilizados nas cargas principais. Desprendem, na sua
transformação, grande quantidade de calor e de gases e apresentam alta velocidade de
detonação.
Exemplos: TNT, Picrato de Amônia, AMATOL.
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UNIDADE 2 - EXPLOSIVOS
2.1 - Introdução
Os explosivos militares são, em geral, bastante diferentes dos explosivos industriais, e
precisam ter uma longa vida em armazenagem precária além de carecerem de mais atenção
quanto aos efeitos do manuseio pelo pessoal encarregado.
Os explosivos militares não atômicos mais poderosos são misturas aluminizadas,
como o Torpex e HBX (RDX, TNT, alumínio e cera). Em virtude de as exigências militares
serem muito severas, somente alguns poucos explosivos sobreviveram aos ensaios
competitivos, e ainda menos são os descritos nesta apostila.
a) Ésteres nítricos
H2SO4 + SO3
ROH + HNO3 RONO2 + H2O
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b) Nitroderivados
H2SO4 + SO3
RH + HNO3 RNO2 + H2O
c) Nitroaminas
R H2SO4 + SO3 R
NH + HNO3 NNO2 + H2O
R R
a) Explosivos iniciadores
Enquanto os explosivos do tipo: ésteres nítricos, nitroderivados e nitroaminas são
essencialmente reforçadores ou de ruptura, os explosivos iniciadores não podem ser
divididos por função química. Também não podemos atribuir-lhes características químicas
bem definidas. Sabe-se, no entanto, que são explosivos que em contato com um filamento
ao rubro tomam rapidamente o regime de detonação, isto é, uma vez iniciados detonam. A
grande sensibilidade à detonação é uma propriedade comum a todos eles, podendo ser
atribuída, sem muito rigor científico, as seguintes propriedades:
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O trinitroresorcinato de chumbo é muito empregado como explosivo iniciador na forma
de mistura com azida de chumbo formando a carga detonadora, é particularmente
apropriado para esse propósito, uma vez que possui alta sensibilidade a ignição e baixa
higroscopicidade. É também empregado como componente principal de carga “sinoxide” em
cápsulas de percussão não erosivas, essas cargas também contêm aditivos e uma baixa
percentagem de tetrazeno.
Obs - sinoxide – Tratamento dado aos produtos químicos com o composto de fórmula Si3N4-
SiO2-Si que evita o ataque corrosivo. A palavra “sinoxide” significa “sine” “oxide” – sem
corrosão.
azida de chumbo
N
Pb N
N 2
diazodinitrofenol - (C6 H2 N4 O5 )
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e/ou
Tetrazeno é classificado como explosivo iniciador, mas seu próprio efeito de iniciação
é fraco.
É praticamente insolúvel em água, álcool, éter, benzeno e tetracloreto de carbono. É
preparado pela reação entre sal de aminoguanidina e nitrato de sódio.
Tetrazeno é um iniciador efetivo cuja decomposição não deixa resíduos. É introduzido
como aditivo para diminuir a erosão nos iniciadores que têm como base o trinitroresorcinato
de chumbo e torna o iniciador mais efetivo. Sua sensibilidade ao impacto e fricção é
semelhantes a do fulminato de mercúrio.
Mistura iniciadora
Em aplicações típicas, explosivos primários são quase sempre misturados com outras
substâncias e combinados com outros explosivos mais potentes num pequeno tubo
(normalmente alumínio ou cobre) para formar um conjunto detonador ou cápsula detonante.
Estas são normalmente iniciadas por um dos quatros meios: diretamente por fonte de
calor, eletricamente, por percussão ou fricção. Deve ser também notificado que explosivos
primários podem ser muito sensíveis à energia eletrostática.
Durante a fabricação, o explosivo primário é prensado, a densidade do composto
prensado afeta as características, aumentando a potência, velocidade de detonação, mas
normalmente reduzindo a sensibilidade.
Ésteres nítricos
Nitrocelulose
Há muito tempo foram detectadas as propriedades explosivas do algodão nitrado. A
descoberta de métodos de geleificar o material, transformando-o numa massa uniforme e
densa, de aparência resinosa, reduziu a superfície e a rapidez da explosão. Com a
descoberta de métodos apropriados de estabilização, para prolongar a vida em depósitos, a
nitrocelulose logo deslocou a pólvora negra como propelente militar.
A molécula de celulose é uma molécula muito complicada, com uma massa molecular
que vai até 300.000g/mol. Em qualquer amostra de celulose há uma ampla distribuição de
moléculas, todas com a fórmula empírica C6 H7 O2 ( OH )3 n. Existem então três grupos
hidroxilas por unidade fundamental (glicose), que podem ser esterificadas pelo ácido nítrico,
alcançando um teor teórico de nitrogênio de 14%, que é mais elevado que o de qualquer
produto comercialmente existente. A reação pode ser formulada:
As celuloses que não são completamente nitradas ao trinitrato são usadas na forma
de vários nitratos de celulose industriais, conforme está ilustrado na figura 2.1.
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Nitroglicerina
A nitroglicerina foi o primeiro alto explosivo a ser empregado em grande escala. A
nitração é efetuada lentamente pela adição de glicerina muito pura (99,9% ou mais), há uma
mistura com a composição aproximada H2SO4, 59,5%; HNO3, 40%; e H2O, 0,5%. O
produto é, na realidade, o trinitrato de glicerina, e a reação enquadra-se na classificação de
esterificação (nitrato).
Diagrama da dinamite:
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CH2OH CH2-O-NO2
H2SO4 + SO3
2 HOH2CCCH2OH + 4 HNO3 O2NO-H2CCCH2ONO2 + 4 H2O
0
| 50 C +
CH2OH CH2ONO2 (H2SO4)
TNT (trinitrotolueno)
Apesar do desenvolvimento de novos explosivos, o TNT simétrico continua a ser um
importante explosivo militar, particularmente misturado com o nitrato de amônio (amatol).
Seu baixo ponto de fusão (800C) permite que seja carregado fundido em bombas e obuses.
Não tem a tendência, que tem ácido pícrico, em formar sais metálicos sensíveis. O TNT é
obtido pela nitração em etapas múltiplas do tolueno, com uma mistura de ácidos sulfúrico e
nítrico. Antigamente, usavam-se três estágios de nitração, ao mono, ao di e ao
trinitrotolueno; atualmente, os reatores a fluxo contínuo, em tanques agitados, ou as
unidades tubulares com escoamento em contracorrente dos ácidos concentrados e do
tolueno, permitem que se tenham rendimentos maiores e custos menores.
Tolueno
Representação geométrica do Tolueno
CH3 CH3
O2N NO2
+ 3 HNO3 + ( H2SO4 ) + 3 H2O + (H2SO4)
NO2
TNT
Representação geométrica do TNT
OH OH
O2N NO2
+3 HNO3 + ( H2SO4 ) + 3 H2O + (H2SO4)
NO2
OH ONH4
O2N NO2 O2 N NO2
+ NH3
∆
NO2 NO2
Nitroaminas
NO2
N
C6H12N4 + 3 HNO3 + 3 HCHO + NH3
O2NN NNO2
CH3NCH3 O2NNCH3
NO2 O2 N NO2
+ 8 HNO3 + (H2SO4) + 6 NO2 + CO2 + 6 H2O
NO2 NO2
A mistura explosiva constituída de 77% de HMX e 23% de TNT é conhecida como OCTOL.
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Quadro a seguir apresenta um resumo das características dos explosivos descritos neste
tópico.
Quadro 2.1 - Resumo das características dos explosivos
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Amatol
Durante a II Guerra Mundial, tendo em vista o consumo exagerado de TNT, e
esforços para manter o nível de estoque deste explosivo, os ingleses desenvolveram duas
composições básicas de amatol. Uma mistura contendo 80 partes de nitrato de amônio e 20
partes de TNT fundido a 90o C, foi bastante produzida para enchimento de bombas. Como
havia dificuldades para carregamento dessa mistura, os fabricantes optaram pela mistura
50-50, que quando fundida e misturada até ficar bem homogênea, tem características de um
líquido moldável por gravidade.
Com a descoberta de explosivos mais potentes, manteve-se o TNT nessas misturas
binárias e substituiu-se o segundo componente.
Nessa mesma época, fizeram-se também misturas explosivas tipo amatol, que nada
mais é do que um a mistura de TNT + nitrato de amônio + alumínio.
HBX
HBX é uma família de explosivos binários que são compostos de RDX, TNT, pó de
alumínio e cera de abelha D-2 com cloreto de cálcio.
Ele é usado para o enchimento de cabeças de guerra de mísseis e de munições
subaquáticas.
Dentro da família de HBX temos os seguintes explosivos:
HBX-1 e HBX-3:
Cor: Acinzentado
Tritonal
A composição contendo 80% de TNT e 20% de alumínio foi desenvolvida e
padronizada pelos USA durante a II Guerra Mundial sendo ela carregada na bomba
diretamente de forma fundida. Utiliza-se essa mistura principalmente em demolição, devido
ao grande efeito de sopro, sendo que o alumínio aumenta a eficiência de sopro dessa
mistura.
Para se produzir o tritonal industrialmente, aquece-se o TNT até 90o C. O outro
componente, o alumínio, é aquecido na mesma temperatura para remoção da umidade
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superficial e para evitar o resfriamento da massa de TNT na ocasião da mistura. Cuidados
especiais devem ser tomados no resfriamento da massa explosiva dentro do item bélico, que
devido a contração de passagem de líquido para sólido, poderá ocorrer o aparecimento de
vazios (bolhas), por isso o resfriamento deve ser feito de forma bem lente.
Pentolite
Com a padronização da nitropenta (PETN) como explosivo militar, foram
desenvolvidas misturas TNT - PETN, chamadas pentolites. Dessas misturas, a composição
50-50 é a mais importante e utilizada em cabeças de guerra de efeito antipessoal e
anticarro.
Quando armazenada acima de 50oC poderá sofrer alguma exsudação, em virtude de
prováveis impurezas na PETN.
Composição B (Hexodite)
Em virtude da menor estabilidade e maior sensibilidade da PETN (éster nítrico),
quando comparada ao RDX, existe uma tendência atual para substituir PETN por RDX nas
misturas explosivas de TNT.
Composições consistindo de RDX e TNT são chamadas de ciclotóis. Especificamente,
o ciclotol com 60% TNT + 40% RDX é chamada de composição B.
Torpex
Mistura explosiva que tem 41% TNT + 41% RDX + 18% Alumínio, sendo notável
essa composição pelo efeito de sopro. É adequada para carregamento no item, quando
fundida.
Torpex é considerado mais sensível ao impacto mecânico que a Composição B.
Talvez por isso, modificações em sua composição tenham sido introduzidas, como nos
casos seguintes:
Componente em % HBX-1 HBX-3 HBX-6
RDX................................... 39,6 31,0 45,0
TNT.................................. 37,8 29,0 30,0
Alumínio............................ 17,1 34,5 20,0
D-2 *.................................. 5,0 5,0 5,0
Cloreto de cálcio.............. 0,5 0,5 -
* parafina + nitrocelulose
Combustão completa:
Combustão parcial:
Oxigênio disponível = 9
Oxigênio necessário = 8,5 Logo: combustão com excesso de
oxigênio.
Oxigênio em excesso = 0,5
C 3 x 12 = 36
H 5x 1 = 5
O 9 x 16 = 144
N 3 x 14 = 42
227 g/mol
227 100%
8 x% x = 3,52% em excesso de oxigênio, em massa.
b) Mistura de explosivos
Podemos tomar como exemplo, para fazermos o cálculo de oxigênio, a mistura de
TNT + Nitrato de amônia conhecida como AMATOL. Para isso fazemos o balanço de
oxigênio de cada um dos componentes da mistura separadamente e, então, calculamos as
quantidades de cada componente para que a mistura tenha combustão completa.
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Cálculos
NH4NO3
Excesso = 3 – 2 = 1 Oxigênio
0 = 16 u.m.a.x 3 = 48
N = 14 x 2 = 28
H=1x4=4
Total = 80 80................100%
16.................x x = 20% Excesso de O2
0,2x + (-0,74)y = 0
x + y = 1 x = 78,7% e y = 21,3%.
Portanto, para que tenhamos uma combustão completa do amatol é necessário que a
mistura seja composta de 78,7%, em massa, de nitrato de amônio; e 21,3%, em massa, de
TNT.
É sabido que, com relação a materiais explosivos; quanto mais energia armazenada
tem o material explosivo, mais difícil é sua iniciação e, portanto, mais difícil sua detonação.
Essa característica faz com que se inicie um material explosivo, supostamente menos
sensível, com pequenas quantidades de outros materiais mais sensíveis e adequadamente
seqüenciados, até se chegar a carga principal.
a) Trem explosivo
É um dispositivo composto de vários elementos explosivos montados na ordem
decrescente de sensibilidade á iniciação, e na ordem crescente de energia armazenada.
A função de um trem explosivo é promover o aumento gradual de energia, até se
chegar num impulso de energia suficiente para causar a detonação da carga principal.
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