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UFPI

Universidade Federal do Piauí

Assistente em Administração
Edital Nº 11/2017 – UFPI
MA094-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Universidade Federal do Piauí - UFPI

Cargo: Assistente em Administração

(Baseado no Edital Nº 11/2017 – UFPI)

• Língua Portuguesa
• Legislação do Regime Jurídico Único
• Conhecimentos Específicos

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Suelen Domenica Pereira

Capa
Rosa Thaina dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1. Texto: Interpretação e compreensão de textos de diferentes gêneros. Texto e contexto. Tipos textuais. Gêneros
textuais/discursivos. Mecanismos de coesão e coerência textuais. Intertextualidade. Interdiscursividade. Intergenerici-
dade..........................................................................................................................................................................................................................01
2. Variação linguística e norma culta. .............................................................................................................................................................. 31
3. Fonética e Fonologia: Fonema. Encontros vocálicos e consonantais. Dígrafos. Tonicidade. ................................................ 38
4. Ortografia (de acordo com as normas do acordo ortográfico vigente): notações léxicas, emprego do sinal indicativo
de crase, acentuação, emprego do hífen. Regras de acentuação ........................................................................................................ 40
5. Morfologia: Estrutura das palavras. Formação de palavras. Palavra e morfema. Derivação e composição. Classes de
palavras e categorias gramaticais: reconhecimento, valores e emprego. ......................................................................................... 53
6. Sintaxe: Frase, oração e período. Termos da oração. Períodos simples e compostos. Orações complexas e grupos ora-
cionais: subordinação e coordenação. Concordância nominal e verbal. Regência nominal e verbal. Sintaxe de colocação
ou de ordem. Colocação pronominal. ............................................................................................................................................................. 94
7. Pontuação: Emprego dos sinais de Pontuação. ....................................................................................................................................116
8. Semântica: polissemia, homonímia, sinonímia, antonímia, paronímia. .......................................................................................120
9. Estilística: Figuras de linguagem..................................................................................................................................................................125

Legislação do Regime Jurídico Único

Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Regime Jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das
fundações públicas federais: ............................................................................................................................................................................... 01
1. Cargo público; do provimento; da investidura; da nomeação; do concurso púbico; da posse; do exercício; da esta-
bilidade; da readaptação; da reversão; da reintegração; da recondução; da disponibilidade e do aproveitamento; da
vacância; da remoção; da redistribuição; da substituição. ...................................................................................................................... 01
2. Do estágio probatório e da estabilidade. ................................................................................................................................................. 01
3. Dos direitos e vantagens: vencimento, indenizações, gratificações e adicionais. ..................................................................... 01
4. Das férias e das licenças; dos afastamentos e da concessões. ......................................................................................................... 01
5. Do tempo de serviço. ........................................................................................................................................................................................ 01
6. Do Regime disciplinar – dos deveres; das proibições; da acumulação de cargos públicos; das responsabilidades e das
penalidades. ............................................................................................................................................................................................................... 01
7. O Processo Administrativo Disciplinar. ...................................................................................................................................................... 01
8. Da seguridade social do servidor; dos benefícios e da aposentadoria.......................................................................................... 01
9. Da assistência à saúde do servidor............................................................................................................................................................... 01

Conhecimentos Específicos

1. Noções gerais sobre administração: conceitos e objetivos da administração;........................................................................... 01


Teoria Da Burocracia: Origens, Características, Vantagens, Dilemas E Disfunções;........................................................................ 02
Rotinas Administrativas; Fundamentos De Organização, Sistemas E Métodos: Níveis Hierárquicos, Organograma,...... 03
Fluxograma E Departamentalização,................................................................................................................................................................. 04
Processo De Tomada De Decisão, Autoridade,............................................................................................................................................. 09
Responsabilidade E Competência Gerencial; ................................................................................................................................................ 10
Processo Organizacional: Planejamento, Organização, Direção E Controle;..................................................................................... 10
Liderança E Processos De Comunicação;........................................................................................................................................................ 12
Mudança E Cultural Organizacional.................................................................................................................................................................. 30
2. Noções Gerais Sobre Administração E Da Administração Pública: Conceitos E Objetivos Da Administração; Elementos
E Funcionamento Do Setor Público; ................................................................................................................................................................ 31
Rotinas Administrativas; ........................................................................................................................................................................................ 31
Princípios Da Administração Básicos E Gerenciais Da Administração Pública; ............................................................................... 33
Mecanismos De Controle Interno E Externo; ................................................................................................................................................ 37
SUMÁRIO

Administração Direta E Indireta; ........................................................................................................................................................................ 43


Agentes Públicos; .................................................................................................................................................................................................... 45
Poderes ........................................................................................................................................................................................................................ 50
Atos administrativos: conceitos e classificação............................................................................................................................................. 51
3. Noções de documentação e arquivos: conceitos, objetivos e importância do fluxo de documentos na organização;
etapas do processo de documentação; classificação, encaminhamento e arquivo de documentos em instituições
públicas; tipos de arquivos; organização, proteção, conservação e recuperação de informações e arquivos de docu-
mentos.................................................................................................................................................................................................................54
4. Noções de comunicação, redação e expedição de documentos em órgãos públicos: cartas comerciais; relatórios;
manuais; memorandos; requerimentos; circulares; ofícios; editais; telegramas; mensagens eletrônicas.............................. 72
5. Noções gerais sobre o serviço público: conhecimento do código de ética profissional no serviço público (Decreto nº
1.711/94 e suas alterações);...............................................................................................................................................................................95P
Processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (Lei nº 9.784/99 e suas alterações). ..................... 97
6. Noções gerais sobre orçamento, receita e despesa públicos: conceitos de receitas, despesas públicas e de orçamento
público; classificação de receitas e despesas públicas; diferença entre investimentos e dispêndios; Plano Plurianual; Lei
de Diretrizes Orçamentárias; Lei Orçamentária Anual; processos de empenho, liquidação e pagamento; contratos; con-
vênios. ........................................................................................................................................................................................................................103
7. Noções sobre compras no setor público: conceitos e sistemas de compras; licitação no serviço público: concei-
to; finalidade; princípios; modalidades; cadastro de fornecedores; procedimentos administrativos; sanções (Lei nº
8.666/93, .........................................................................................................................................................................................................107
Lei nº 8.429/92, ......................................................................................................................................................................................................133
Lei nº 10.520/02, ....................................................................................................................................................................................................138
Lei nº 12.462/11).....................................................................................................................................................................................................140
8. Noções gerais sobre gestão de materiais, patrimônio e logística: conhecimentos sobre normas a respeito de recursos
materiais e patrimoniais e de sua logística no serviço público; sistemas de controle de estoques e patrimônio; modalida-
des de transportes; sistemas e métodos de armazenamento; inventários; solicitações de compra; relatórios de consumo;
processos de devolução; pesquisa de preços; inventários de materiais e patrimônio em órgãos públicos......................154
9. Habilidades e comportamentos necessários para o bom desempenho no trabalho: equipes e grupos de trabalho;
atitudes necessárias ao bom relacionamento interpessoal; empatia; proatividade; compreensão e receptividade nas
relações de trabalho..............................................................................................................................................................................................162
10. Noções de Gestão de Pessoas: conceitos e objetivos; recrutamento; seleção; treinamento; desenvolvimento e re-
lações interpessoais; competências, habilidades e atitudes para qualidade no atendimento ao público; apresentação
pessoal;.......................................................................................................................................................................................................................170
Presteza; eficiência; empatia; proatividade; tolerância; discrição; cortesia; interesse; atenção; objetividade; comunicação
interpessoal...............................................................................................................................................................................................................180
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Texto: Interpretação e compreensão de textos de diferentes gêneros. Texto e contexto. Tipos textuais. Gêneros
textuais/discursivos. Mecanismos de coesão e coerência textuais. Intertextualidade. Interdiscursividade. Intergenerici-
dade..........................................................................................................................................................................................................................01
2. Variação linguística e norma culta. .............................................................................................................................................................. 31
3. Fonética e Fonologia: Fonema. Encontros vocálicos e consonantais. Dígrafos. Tonicidade. ................................................ 38
4. Ortografia (de acordo com as normas do acordo ortográfico vigente): notações léxicas, emprego do sinal indicativo
de crase, acentuação, emprego do hífen. Regras de acentuação ........................................................................................................ 40
5. Morfologia: Estrutura das palavras. Formação de palavras. Palavra e morfema. Derivação e composição. Classes de
palavras e categorias gramaticais: reconhecimento, valores e emprego. ......................................................................................... 53
6. Sintaxe: Frase, oração e período. Termos da oração. Períodos simples e compostos. Orações complexas e grupos ora-
cionais: subordinação e coordenação. Concordância nominal e verbal. Regência nominal e verbal. Sintaxe de colocação
ou de ordem. Colocação pronominal. ............................................................................................................................................................. 94
7. Pontuação: Emprego dos sinais de Pontuação. ....................................................................................................................................116
8. Semântica: polissemia, homonímia, sinonímia, antonímia, paronímia. .......................................................................................120
9. Estilística: Figuras de linguagem..................................................................................................................................................................125
LÍNGUA PORTUGUESA

Condições básicas para interpretar


1. TEXTO: INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO
DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS. Fazem-se necessários:
TEXTO E CONTEXTO. TIPOS TEXTUAIS. - Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS.
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA texto) e semântico;
TEXTUAIS. INTERTEXTUALIDADE.
INTERDISCURSIVIDADE. Observação – na semântica (significado das palavras)
INTERGENERICIDADE incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese e
É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi- - Capacidade de raciocínio.
co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso,
vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento Interpretar X compreender
de responder às questões relacionadas a textos.
Interpretar significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - Através do texto, infere-se que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - É possível deduzir que...
e decodificar ). - O autor permite concluir que...
- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Contexto – um texto é constituído por diversas frases.
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz Compreender significa
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
está escrito.
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido.
- o texto diz que...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que
- é sugerido pelo autor que...
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
frase for retirada de seu contexto original e analisada se-
ção...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
- o narrador afirma...
inicial.
Erros de interpretação
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias,
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
na prova. junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
entendimento do tema desenvolvido.
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
- Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen- trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
tais de uma argumentação, de um processo, de uma épo- cadas e, consequentemente, errando a questão.
ca (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os Observação - Muitos pensam que há a ótica do es-
quais definem o tempo). critor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança prova de concurso, o que deve ser levado em consideração
ou de diferenças entre as situações do texto. é o que o autor diz e nada mais.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado
com uma realidade, opinando a respeito. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
dárias em um só parágrafo. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
vras. me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
vai dizer e o que já foi dito.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den-
dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com
e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque-
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
cedente. (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que reduzido no qual o menino detém sua atenção é
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, (A) fresta.
a saber: (B) marca.
(C) alma.
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- (D) solidão.
te, mas depende das condições da frase. (E) penumbra.
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) 2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois PE/2012)
o objeto possuído. O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a
- como (modo) totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a con-
- onde (lugar) cepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo,
quando (tempo) que se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É,
quanto (montante) de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em
todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do
Exemplo: mundo.
Falou tudo QUANTO queria (correto) Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
aparecer o demonstrativo O ).
Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
Dicas para melhorar a interpretação de textos
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente tex-
tual “O riso”.
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do
( ) CERTO ( ) ERRADO
assunto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
a leitura; 3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin-
pelo menos duas vezes; giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge
- Inferir; uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; generalizado de energia no final de 2009.
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elé-
autor; trica (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa es-
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor tatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de
compreensão; 900 km que separam Itaipu de São Paulo.
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de in-
cada questão; vestimentos e também erros operacionais conspiraram para
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. produzir a mais séria falha do sistema de geração e distri-
buição de energia do país desde o traumático racionamento
Fonte: de 2001.
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
gues/como-interpretar-textos ções).
Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas
QUESTÕES do texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tão, considere o texto abaixo.
A marca da solidão 4-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a — Carta para o 9.326!!!
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está
penumbra na tarde quente. em branco, e um outro pergunta:

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LÍNGUA PORTUGUESA

— Quem te mandou essa carta? Meus amigos partem para as suas férias, cansados de
— Minha irmã. tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra-
— Mas por que não está escrito nada? mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando! numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com própria vida.
adaptações). E eu vou para a Ilha do Nanja.
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto
acima decorre férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
A) da identificação numérica atribuída ao louco. cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es-
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a
carta no hospício. moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou ilha.
a carta. (Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende.
D) da explicação dada pelo louco para a carta em bran- Adaptado)
co.
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. *fissuras: fendas, rachaduras

5-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV 6-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO


PROJETOS/2010) – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a
maneira como se preparam para suas férias, a autora mos-
Painel do leitor (Carta do leitor)
tra que seus amigos estão
Resgate no Chile (A) serenos.
(B) descuidados.
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de (C) apreensivos.
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo (D) indiferentes.
de uma mina de cobre e ouro no Chile. (E) relaxados.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com
sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum- 7-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
primentando seus companheiros de trabalho. Não se pode – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
esquecer a ajuda técnica e material que os Estados Unidos, que, assim como seus amigos, a autora viaja para
Canadá e China ofereceram à equipe chilena de salvamen- (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
to, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E, (B) escapar do lugar em que está.
também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demons-
(C) reencontrar familiares queridos.
trando coragem e desprendimento, desceram na mina para
(D) praticar esportes radicais.
ajudar no salvamento.
(E) dedicar-se ao trabalho.
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai-
nel do leitor – 17/10/2010)
8-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- – VUNESP/2013) Ao descrever a Ilha do Nanja como um
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor lugar onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem cresce como um bosque” (último parágrafo), a autora su-
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO: gere que viajará para um lugar
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” (A) repulsivo e populoso.
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma (B) sombrio e desabitado.
mina de cobre e ouro no Chile.” (C) comercial e movimentado.
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...” (D) bucólico e sossegado.
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.” (E) opressivo e agitado.
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, des-
ceram na mina...” 9-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
questões de números 6 a 8. o Brasil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide
opiniões e gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais
Férias na Ilha do Nanja justo? O que fazer para desafogar a cidade de tantos carros?
Prepare-se para o debate que está apenas começando.
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as (Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34)
malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre urbano; marque S(sim) para os argumentos a favor do pe-
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras... dágio urbano.

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LÍNGUA PORTUGUESA

( ) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans- 4-)


porte público e estender as ciclovias. Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais
( ) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas cida- aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah,
des, que não resolveu os problemas do trânsito. porque nós brigamos e não estamos nos falando”.
( ) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun- RESPOSTA: “D”.
do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
( ) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio- 5-)
namento, revisão....e agora mais o pedágio? Em todas as alternativas há expressões que represen-
( ) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da
investido no transporte público. Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que só
( ) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa- enobrece / demonstrando coragem e desprendimento.
gue pelo privilégio! RESPOSTA: “B”.
( ) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio
6-)
urbano melhorou.
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandidos en-
A ordem obtida é:
tre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = pensar
a) (S) (N) (N) (S) (S) (S) (N)
nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos.
b) (S) (N) (S) (N) (N) (S) (S) RESPOSTA: “C”.
c) (N) (S) (S) (N) (S) (N) (S)
d) (S) (S) (N) (S) (N) (S) (N) 7-)
e) (N) (N) (S) (S) (N) (S) (N) Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta
da própria autora!
10-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – RESPOSTA: “B”.
ADMINISTRADOR - UFPR/2013) Assinale a alternativa que
apresenta um dito popular que parafraseia o conteúdo ex- 8-)
presso no excerto: “Se você está em casa, não pode sair. Se Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
você está na rua, não pode entrar”. RESPOSTA: “D”.
a) “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”.
b) “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”. 9-)
c) “Um dia da caça, o outro do caçador”. (S) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
d) “Manda quem pode, obedece quem precisa”. porte público e estender as ciclovias.
(N) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas ci-
dades, que não resolveu os problemas do trânsito.
Resolução (S) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun-
do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
1-) (N) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio-
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun- namento, revisão....e agora mais o pedágio?
do cabe numa fresta. (N) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
RESPOSTA: “A”. investido no transporte público.
(S) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa-
gue pelo privilégio!
2-)
(S) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie-
urbano melhorou.
dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos
S - N - S - N - N - S - S
relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “CERTO”.
10-)
3-) Dentre as alternativas apresentadas, a que reafirma a
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo ideia do excerto (não há muita saída, não há escolhas) é:
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua,
“o qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (ora- não pode entrar”.
ção subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula, RESPOSTA: “A”.
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação
da oração principal. A construção seria: “do apagão, que
atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”);
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe,
delimita a informação – como no caso do exercício).
RESPOSTA: “CERTO’.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

TIPOLOGIA TEXTUAL universal, por isso geralmente o enunciador não aparece


porque o mais importante é o assunto em questão e não
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As quem fala dele. A ausência do emissor é importante para
únicas tipologias existentes são: narração, descrição, dis- que a ideia defendida torne algo partilhado entre muitas
sertação ou exposição, informação e injunção. É impor- pessoas, sendo admitido o emprego da 1ª pessoa do plural
tante que não se confunda tipo textual com gênero textual. - nós, pois esse não descaracteriza o discurso dissertativo.
- expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos - é um tipo de texto argumentativo.
que ocorreram num determinado tempo e lugar, envol- - defesa de um argumento: apresentação de uma tese
vendo personagens e um narrador. Refere-se a objeto do que será defendida; desenvolvimento ou argumentação;
mundo real ou fictício. Possui uma relação de anterioridade fechamento;
e posterioridade. O tempo verbal predominante é o pas- - predomínio da linguagem objetiva;
sado. - prevalece a denotação.
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação,
aponta antes, durante e depois dos acontecimentos (ge- Texto Argumentativo - esse texto tem a função de
ralmente); persuadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia im-
- é um tipo de texto sequencial; posta pelo texto. É o tipo textual mais presente em ma-
- relato de fatos;
nifestos e cartas abertas, e quando também mostra fatos
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário,
para embasar a argumentação, se torna um texto disserta-
tempo;
tivo-argumentativo.
- apresentação de um conflito;
- uso de verbos de ação;
- geralmente, é mesclada de descrições; Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar
- o diálogo direto é frequente. uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimen-
tos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e sim-
Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato ples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo
por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e
objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: Pre-
é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abor- visões do tempo, receitas culinárias, manuais, leis, bula de
dagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou remédio, convenções, regras e eventos.
sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterio-
ridade. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da Narração
personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as
coisas acontecem ao mesmo tempo. A Narração é um tipo de texto que relata uma história
- expõe características dos seres ou das coisas, apre- real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto
senta uma visão; narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo
- é um tipo de texto figurativo; e em um espaço, organizados por uma narração feita por
- retrato de pessoas, ambientes, objetos; um narrador. É uma série de fatos situados em um espa-
- predomínio de atributos; ço e no tempo, tendo mudança de um estado para outro,
- uso de verbos de ligação; segundo relações de sequencialidade e causalidade, e não
- frequente emprego de metáforas, comparações e simultâneos como na descrição. Expressa as relações entre
outras figuras de linguagem; os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses
- tem como resultado a imagem física ou psicológica. indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm essa
vivência.
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que ana- Todas as vezes que uma história é contada (é narrada),
lisa, interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e
tipo textual requer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos
com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narra-
e a postura crítica em relação ao que se discute têm grande
ção predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de
importância. O texto dissertativo é temático, pois trata de
ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem
análises e interpretações; o tempo explorado é o presente
esse tipo de texto são os verbos de ação. O conjunto de
no seu valor atemporal; é constituído por uma introdução
onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido por ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história
uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do au- que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de en-
tor sobre o assunto em evidência. Nesse tipo de texto a redo.
expressão das ideias, valores, crenças são claras, evidentes, As ações contidas no texto narrativo são praticadas
pois é um tipo de texto que propõe a reflexão, o debate pelas personagens, que são justamente as pessoas en-
de ideias. A linguagem explorada é a denotativa, embora o volvidas no episódio que está sendo contado. As persona-
uso da conotação possa marcar um estilo pessoal. A obje- gens são identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos
tividade é um fator importante, pois dá ao texto um valor substantivos próprios.

5
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mes- Exemplo:


mo sem querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  as
ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar Porquinho-da-índia
onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de espaço, repre-
sentado no texto pelos advérbios de lugar. Quando eu tinha seis anos
Além de contar onde, o narrador também pode esclare- Ganhei um porquinho-da-índía.
cer “quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da Que dor de coração me dava
narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de Levava ele pra sala
tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu. Ele não gostava:
A história contada, por isso, passa por uma introdução Queria era estar debaixo do fogão.
(parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita, o - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira na-
meio, o “miolo” da narrativa, também chamada de trama) e ter- morada.
mina com a conclusão da história (é o final ou epílogo). Aquele
que conta a história é o narrador,  que pode ser pessoal (narra Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed.
em 1ª pessoa: Eu...) ou impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...). Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos
de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e Observe que, no texto acima, há um conjunto de trans-
pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os formações de situação: ganhar um porquinho-da-índia é
agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações passar da situação de não ter o animalzinho para a de tê-
expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história -lo; levá-lo para a sala ou para outros lugares é passar da
contada. situação de ele estar debaixo do fogão para a de estar em
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta outros lugares; ele não gostava: “queria era estar debaixo
a história. do fogão” implica a volta à situação anterior; “não fazia
caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender que
Elementos Estruturais (I): o menino passava de uma situação de não ser terno com
o animalzinho para uma situação de ser; no último verso
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. tem-se a passagem da situação de não ter namorada para
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacio- a de ter.
nam e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam- Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande con-
-se por meio de características físicas ou psicológicas. Os per- junto de mudanças de situação. É isso que define o que se
sonagens podem ser lineares (previsíveis), complexos, tipos chama o componente narrativo do texto, ou seja, narrativa
sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos é uma mudança de estado pela ação de alguma persona-
(o medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou anti-heróis, gem, é uma transformação de situação. Mesmo que essa
protagonistas ou antagonistas. personagem não apareça no texto, ela está logicamente
- Narrador: é quem conta a história. implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzi-
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o nho. Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele
tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo em que alguém recebe alguma coisa (o menino passou a
interior, subjetivo. ter o porquinho-da índia) e aquele alguém perde alguma
coisa (o porquinho perdia, a cada vez que o menino o le-
Elementos Estruturais (II): vava para outro lugar, o espaço confortável de debaixo do
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: de aquisição
Acontecimento - O quê? Fato e de privação.
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato Existem três tipos de foco narrativo:
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato - Narrador-personagem: é aquele que conta a his-
Resultado - previsível ou imprevisível. tória na qual é participante. Nesse caso ele é narrador e
Final - Fechado ou Aberto. personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª
pessoa.
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se - Narrador-observador: é aquele que conta a história
de tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, como alguém que observa tudo que acontece e transmite
como simples exemplos de uma narração. Há uma relação ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa.
de implicação mútua entre eles, para garantir coerência e - Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o
verossimilhança à história narrada. Quanto aos elementos enredo e as personagens, revelando seus pensamentos e
da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente sempre sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas
presentes no discurso, exceto as personagens ou o fato a vezes, aparece misturada com pensamentos dos persona-
ser narrado. gens (discurso indireto livre).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Estrutura: - Em 3ª pessoa:

- Apresentação: é a parte do texto em que são apre- Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira
sentados alguns personagens e expostas algumas circuns- pessoa. Exemplo:
tâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação
se desenvolverá. “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fan-
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia pro- tasiaram de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E
priamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, mor-
conduzindo ao clímax.
rendo de vergonha da malha de cetim, das asas e das an-
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge
seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável. tenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas para disfarçar o sentimento impreciso de ridículo.”
ações dos personagens. (Ilka Laurito. Sal do Lírico)

Tipos de Personagens: Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história


como sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo:
Os personagens têm muita importância na constru-
ção de um texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser Festa
principais ou secundários, conforme o papel que desem-
penham no enredo, podem ser apresentados direta ou in- Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental
diretamente. olha o crioulão de roupa limpa e remendada, acompanha-
A apresentação direta acontece quando o personagem do de dois meninos de tênis branco, um mais velho e outro
aparece de forma clara no texto, retratando suas caracterís-
mais novo, mas ambos com menos de dez anos.
ticas físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se
dá quando os personagens aparecem aos poucos e o leitor Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas reso-
vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, lutamente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde
ou seja, a partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do há seis mesas desertas.
modo como vai fazendo. O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O
homem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guara-
- Em 1ª pessoa: nás e dois pãezinhos.
__ Duzentos e vinte.
Personagem Principal: há um “eu” participante que O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
conta a história e é o protagonista. Exemplo: __Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
__ Como?
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bam- __ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito
bas, o coração parecendo querer sair-me pela boca fora. mais gostoso.
Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vi-
O homem olha para os meninos.
zinho. Comecei a andar de um lado para outro, estacando
__ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
para amparar-me, e andava outra vez e estacava.”
(Machado de Assis. Dom Casmurro) __ Está certo.
Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhes-
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode tra, como se o estivessem fazendo pela primeira vez na
acreditar, eu estava lá e vi. Exemplo: vida.
O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e,
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre em seguida, num pratinho, os dois pães com meia almôn-
teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de dega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos
contrabandista que fez cancha nos banhados do Ibirocaí. olham para dentro dos pães, enquanto o rapaz cúmplice
Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a se retira.
cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene
da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madru- o copo de cerveja até a boca, depois cada um prova o seu
gadas...; ainda que chovesse reiúnos acolherados ou que guaraná e morde o primeiro bocado do pão.
ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca
O homem toma a cerveja em pequenos goles, obser-
perdeu atalho, nunca desandou cruzada!...
(...) vando criteriosamente o menino mais velho e o menino
Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento mais novo absorvidos com o sanduíche e a bebida.
dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois me-
desde muito tempo. (...) ninos. E permanecem para sempre, humanos e indestrutí-
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório veis, sentados naquela mesa.
na matança dos leitões e no tiramento dos assados com
couro. (Wander Piroli)
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos de Discurso: Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma


mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamen- noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela
te para o personagem, sem a sua interferência. Exemplo: lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos,
mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para
Caso de Desquite chegar em casa. Os bondes passavam.
(João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala
boca). Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto do personagem e a fala do narrador. É um recurso relati-
casado. Agora com mania de mulher. Todo velho é sem- vamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do
-vergonha. século XX. Exemplo:
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só
não me pise, fico uma jararaca. A Morte da Porta-Estandarte
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão.
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus bra-
bom? Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de ma- ços. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é
mar no primeiro mês. preciso segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou,
__Você desempregado, quem é que fazia roça? se abriu... Esse temporal assim é bom, porque Rosinha não
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. sai. Tenham paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga
Fui jogado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no não... Não! E esses tambores? Ui! Que venham... É guer-
mundo sem ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e ra... ele vai se espalhar... Por que não está malhando em
dia o hominho aqui na carroça. Sempre o mais sacrificado, sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele está
está bom? dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do País...
__ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende? Abraçá-la no alto de uma colina...
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém (Aníbal Machado)
morre só. Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher... Sequência Narrativa:
__ Eu arranjo.
__ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem Uma narrativa não tem uma única mudança, mas vá-
dois cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de me- rias: uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma
lhor. Vai me deixar sem nada?
subordina-se a outra.
__ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
potranca, deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um
- uma em que uma personagem passa a ter um que-
prato de comida e roupa lavada.
rer ou um dever (um desejo ou uma necessidade de fazer
__ Para onde foi a lavadeira?
algo);
__ Quem?
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma
__ A mulata.
(...) competência para fazer algo);
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) - uma em que a personagem executa aquilo que queria
ou devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
Discurso Indireto: o narrador conta o que o persona- - uma em que se constata que uma transformação se
gem diz, sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo: deu e em que se podem atribuir prêmios ou castigos às
personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e
Frio os castigos, para os maus).

O menino tinha só dez anos. Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se
Quase meia hora andando. No começo pensou num pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata
bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem fei- a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e
to que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo ela efetua-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou
uma coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, po- deve fazê-la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um
deriam roubá-lo, sem que percebesse; e depois?... Que é apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o ato
que diria a Paraná?) de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as querer ou dever comprar (respectivamente, querer deixar
vitrines, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada, nem despejado, por exemplo).
olhar muito para nada. Algumas mudanças são necessárias para que outras se
__ Olho vivo – como dizia Paraná. deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter
ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um carro, é preciso antes conseguir o dinheiro.
um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Narrativa e Narração pendendo do enfoque do redator, a narração terá diver-


sas abordagens. Assim é de grande importância saber se
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narra- o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No
tividade é um componente narrativo que pode existir em primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há
textos que não são narrações. A narrativa é a transforma- uma inferência do último através da onipresença e onis-
ção de situações. Por exemplo, quando se diz “Depois da ciência.
abolição, incentivou-se a imigração de europeus”, temos Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação
um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um com- dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, trans-
ponente narrativo, pois contém uma mudança de situação: gredindo o aspecto linear e constituindo o que se deno-
do não incentivo ao incentivo da imigração européia. mina “flashback”. O narrador que usa essa técnica (carac-
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos terística comum no cinema moderno) demonstra maior
de texto, o que é narração? criatividade e originalidade, podendo observar as ações
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três carac- ziguezagueando no tempo e no espaço.
terísticas:
- é um conjunto de transformações de situação (o tex- Exemplo - Personagens
to de Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vi-
mos, preenche essa condição); “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens Amâncio não viu a mulher chegar.
e fatos concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche - Não quer que se carpa o quintal, moço?
também esse requisito); Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa
tal que, entre elas, existe sempre uma relação de anterio- do passado, os olhos).”
ridade e posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia” o
fato de ganhar o animal é anterior ao de ele estar debai- (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
xo do fogão, que por sua vez é anterior ao de o menino Mercado Aberto, p. 5O)
levá-lo para a sala, que por seu turno é anterior ao de o
porquinho-da-índia voltar ao fogão). Exemplo - Espaço
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a re-
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sem-
dondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco
pre pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência
de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe
linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por exem-
a insipidez.”
plo, no romance machadiano Memórias póstumas de Brás
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann.
Cubas, quando o narrador começa contando sua morte para
Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
em seguida relatar sua vida, a sequência temporal foi modi-
ficada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as
Exemplo - Tempo
relações de anterioridade e de posterioridade.
Resumindo: na narração, as três características expli-
cadas acima (transformação de situações, figuratividade e “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-
relações de anterioridade e posterioridade entre os episó- -se: a mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
dios relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
texto que tenha só uma ou duas dessas características não
é uma narração. Tipologia da Narrativa Ficcional:

Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto - Romance


narrativo: - Conto
- Crônica
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o - Fábula
que aconteceu, quando e onde. - Lenda
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos - Parábola
personagens. - Anedota
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - Poema Épico
- Conclusão: consequências do fato.
Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:
Caracterização Formal:
- Memorialismo
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspec- - Notícias
to narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetivi- - Relatos
dade, porquanto a criação e o colorido do contexto estão - História da Civilização
em função da individualidade e do estilo do narrador. De-

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LÍNGUA PORTUGUESA

Apresentação da Narrativa: - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-


-se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em concomitância em relação a um marco temporal instalado
quadrinhos) e desenhos. no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor fre-
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e quentava a escola da rua da Costa) e, portanto, não denota
discos. nenhuma transformação de estado;
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas. - se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológi-
Descrição ca - poderíamos mesmo colocar o últímo período em pri-
meiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre
É a representação com palavras de um objeto, lugar, era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola
situação ou coisa, onde procuramos mostrar os traços depois do pai e retirava-se antes...
mais particulares ou individuais do que se descreve. É
qualquer elemento que seja apreendido pelos sentidos Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enun-
e transformado, com palavras, em imagens. Sempre que ciados pode ser invertida, está-se pensando apenas na
se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma ordem cronológica, pois, como veremos adiante, a ordem
paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não é em que os elementos são descritos produz determinados
necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista efeitos de sentido.
do observador varia de acordo com seu grau de percepção. Quando alteramos a ordem dos enunciados, preci-
Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, samos fazer certas modificações no texto, pois este con-
não será para outro. A vivência de quem descreve também tém anafóricos (palavras que retomam o que foi dito an-
influencia na hora de transmitir a impressão alcançada so- tes, como ele, os, aquele, etc. ou catafóricos (palavras que
bre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem
emoção vivida ou sentimento. perder sua função e assim não ser compreendidos. Se to-
marmos uma descrição como As flores manifestavam
Exemplos: todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao inver-
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redon- termos a ordem das frases, precisamos fazer algumas al-
da. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho. terações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado esplendor. Como, na versão original, o pronome oblíquo
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha as é um anafórico que retoma flores, se alterarmos a or-
o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zu- dem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos
nido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la
grande demais.” com o anafórico elas na segunda.
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lis- Por todas essas características, diz-se que o fragmento
pector) do conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de
texto em que se expõem características de seres concretos
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, (pessoas, objetos, situações, etc.) consideradas fora da re-
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas lação de anterioridade e de posterioridade.
em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cin-
quenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer Características:
logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era
uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava ale- - Ao fazer a descrição enumeramos características,
gre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O comparações e inúmeros elementos sensoriais;
mestre era mais severo com ele do que conosco. - As personagens podem ser caracterizadas física e psi-
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. cologicamente, ou pelas ações;
São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.) - A descrição pode ser considerada um dos elementos
constitutivos da dissertação e da argumentação;
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do pro- - É impossível separar narração de descrição;
fessor da escola que o escritor frequentava. Deve-se notar: - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes,
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas mas sim a capacidade de observação que deve revelar
(ao mesmo tempo que gastava duas horas para reter aqui- aquele que a realiza.
lo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Rai- - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exem-
mundo tinha grande medo ao pai); plo: “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais ve-
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser lha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnu-
considerada cronologicamente anterior a outra do ponto da, sanguínea e fogosa, era um desses exemplares exces-
de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na sivos do sexo que parecem conformados expressamente
escola é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no ní- para esposas da multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu)
vel do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo,
indiferente: o que o escritor quer é explicitar uma caracte- não existe relação de anterioridade e posterioridade entre
rística do menino, e não traçar a cronologia de suas ações); seus enunciados.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, “Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não
que se usem então as formas nominais, o presente e o pre- muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês.
tério imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferên- Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade
cia aos verbos que indiquem estado ou fenômeno. buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz e ca-
- Todavia deve predominar o emprego das compara- sava perfeitamente com os olhinhos de azougue.”
ções, dos adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido (José de Alencar - Senhora)
ao texto.
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo:
A característica fundamental de um texto descritivo é
essa inexistência de progressão temporal. Pode-se apre- “Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa ve-
sentar, numa descrição, até mesmo ação ou movimento, lha, e essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro;
desde que eles sejam sempre simultâneos, não indicando depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha
progressão de uma situação anterior para outra posterior. uma escadinha que devia ter uns cinco degraus; aí você
Tanto é que uma das marcas linguísticas da descrição é o entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido
predomínio de verbos no presente ou no pretérito imper- de onde saíam três portas; no final do corredor tinha a co-
feito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em zinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e
relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...”
marco temporal pretérito instalado no texto. (Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
Para transformar uma descrição numa narração,
bastaria introduzir um enunciado que indicasse a passa- Recursos:
gem de um estado anterior para um posterior. No caso do
texto II inicial, para transformá-lo em narração, bastaria di- - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações tér-
zer: Reunia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou- micas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor
-se desse medo... alegre do sol.
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exa-
Características Linguísticas: tas, concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um
céu sereno, uma pureza de cristal.
O enunciado narrativo, por ter a representação de um - As sensações de movimento e cor embelezam o po-
acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela tem- der da natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde
poralidade, na relação situação inicial e situação final, en- transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
quanto que o enunciado descritivo, não tendo transforma- - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez
ção, é atemporal. do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintá- pessoal, muito crente.
tico-semânticas encontradas no texto que vão facilitar a
compreensão: A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
- Predominância de verbos de estado, situação ou in-
dicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a
principalmente no presente e no imperfeito do indicativo passagem são apresentadas como realmente são, concre-
(ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar). tamente. Exemplo:
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que
é descrito; “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética,
ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabe-
Exemplo: los negros e lisos”.

“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento.
entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no quei- Exemplo:
xo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco
amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à “A casa velha era enorme, toda em largura, com por-
outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto ta central que se alcançava por três degraus de pedra e
lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de
tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos
da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro águas. Pin-
Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito tada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora,
despegadas do crânio.” provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado,
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio) capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Ca-
minho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, compa- Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha
rações, sinestesias). Exemplo: e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).”
(Pedro Nava – Baú de Ossos)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Descrição Subjetiva: quando há maior participação Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a pai-
sagem são transfigurados pela emoção de quem escreve, - Introdução: observações de caráter geral referentes à
podendo opinar ou expressar seus sentimentos. Exemplo: procedência ou localização do objeto descrito.
“Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso - Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (com-
ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito paração com figuras geométricas e com objetos semelhan-
como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo tes); dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro
era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram etc.)
de um rei...” - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso,
(“O Ateneu”, Raul Pompéia) cor/brilho, textura.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, objeto como um todo.
par-de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, Descrição de objetos constituídos por várias partes:
mandando por lei, de sobregoverno.” - Introdução: observações de caráter geral referentes à
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas) procedência ou localização do objeto descrito.
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentá-
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos ele- rios das partes que compõem o objeto, associados à expli-
mentos descritivos: cação de como as partes se agrupam para formar o todo.
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da todo (externamente) - formato, dimensões, material, peso,
progressão temporal, a ordem dos enunciados na descri- textura, cor e brilho.
ção é indiferente, uma vez que eles indicam propriedades - Conclusão: observações de caráter geral referentes a
ou características que ocorrem simultaneamente. No en- sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o
tanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efeitos objeto em sua totalidade.
de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do
detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos Descrição de ambientes:
de sentido distintos. - Introdução: comentário de caráter geral.
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, - Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura glo-
de Bocage: bal do ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, lumi-
nosidade e aroma (se houver).
Magro, de olhos azuis, carão moreno, - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a
bem servido de pés, meão de altura, objetos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros,
triste de facha, o mesmo de figura, esculturas ou quaisquer outros objetos.
nariz alto no meio, e não pequeno. - Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira
no ambiente.
Incapaz de assistir num só terreno,
mais propenso ao furor do que à ternura; Descrição de paisagens:
bebendo em níveas mãos por taça escura - Introdução: comentário sobre sua localização ou
de zelos infernais letal veneno. qualquer outra referência de caráter geral.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (ex-
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. plicação do que se vê ao longe).
497. - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
próximos do observador - explicação detalhada dos ele-
O poeta descreve-se das características físicas para as mentos que compõem a paisagem, de acordo com deter-
características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não minada ordem.
seria o mesmo, pois as características físicas perderiam - Conclusão: comentários de caráter geral, concluin-
qualquer relevo. do acerca da impressão que a paisagem causa em quem
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a vi- a contempla.
sualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de
um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas característi- Descrição de pessoas (I):
cas exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva), - Introdução: primeira impressão ou abordagem de
ou suas características psicológicas e até emocionais (des- qualquer aspecto de caráter geral.
crição subjetiva). - Desenvolvimento: características físicas (altura, peso,
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de ad- cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
jetivos, também denominado adjetivação. Para facilitar o - Desenvolvimento: características psicológicas (perso-
aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando, nalidade, temperamento, caráter, preferências, inclinações,
após escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos, postura, objetivos).
acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de
locução adjetiva. caráter geral.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Descrição de pessoas (II): um planejamento de trabalho e uma habilidade de expres-


- Introdução: primeira impressão ou abordagem de são. É em função da capacidade crítica que se questionam
qualquer aspecto de caráter geral. pontos da realidade social, histórica e psicológica do mun-
- Desenvolvimento: análise das características físicas, do e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação
associadas às características psicológicas (1ª parte). no seu significado diz respeito a um tipo de texto em que
- Desenvolvimento: análise das características físicas, a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita
associadas às características psicológicas (2ª parte). com a finalidade de desenvolver um conteúdo científico,
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de doutrinário ou artístico. Exemplo:
caráter geral.
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência,
É uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma
predominam. Porque toda técnica descritiva implica con- irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e
templação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrup-
redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensi- ção da corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear os
bilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou
que se valem do último desses métodos, pois os tais faná-
interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza
ticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservien-
cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
tes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros
não-literária ou literária. Na descrição não-literária, há subordinando a maioria do senado, ou grande conselho,
maior preocupação com a exatidão dos detalhes e a pre- e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja
cisão vocabular. Por ser objetiva, há predominância da de- natureza lhe expliquei), garantem-se contra futuras pres-
notação. tações de contas e retiram-se da vida pública carregados
com os despojos da nação.
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica Jonathan Swift. Viagens de Gulliver.
é um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usan- São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.
do uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é
usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as Esse texto explica os três métodos pelos quais um ho-
peças que os compõem, para descrever experiências, pro- mem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe
cessos, etc. Exemplo: discreto a escolhê-lo entre os que clamam contra a cor-
rupção na corte e justifica esse conselho. Observe-se que:
Folheto de propaganda de carro - o texto é temático, pois analisa e interpreta a realida-
de com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro-
incluir o espaço interno. Os seus interiores são amplos, -ministro, mas do homem em geral e de todos os métodos
acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O para atingir o poder);
Passat e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar - existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
condicionado de elevada capacidade, proporcionando a mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da
climatização perfeita do ambiente. corte no momento em que se tornam primeiros-ministros);
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui - a progressão temporal dos enunciados não tem im-
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até portância, pois o que importa é a relação de implicação
1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. (clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em
depois da nomeação para primeiro-ministro).
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras,
para evitar a deformação em caso de colisão.
Características:
Textos descritivos literários: Na descrição literária
predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto - ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é
de associações conotativas que podem ser exploradas a temático;
partir de descrições de pessoas; cenários, paisagens, espa- - como o texto narrativo, ele mostra mudanças de si-
ço; ambientes; situações e coisas. Vale lembrar que textos tuação;
descritivos também podem ocorrer tanto em prosa como - ao contrário do texto narrativo, nele as relações de
em verso. anterioridade e de posterioridade dos enunciados não
têm maior importância - o que importa são suas relações
Dissertação lógicas: analogia, pertinência, causalidade, coexistência,
correspondência, implicação, etc.
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpre- - a estética e a gramática são comuns a todos os tipos
tação de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar al- de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística pos-
gum tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, suem características próprias a cada tipo de texto.
raciocínio, clareza, coerência, objetividade na exposição,  

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LÍNGUA PORTUGUESA

São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvi- Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial,


mento / Conclusão. de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apre- formas:
senta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu de-
senvolvimento. Tipos: - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova
com este tipo de abordagem.
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem dis- - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar
cutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consi- a idéia principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a
go: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de definição.
fora para dentro...” - Comparação: estabelecer analogias, confrontar si-
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona tuações distintas.
a um fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início - Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta
no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices pontos favoráveis e desfavoráveis.
de inflação que a década colecionou, agravou vários dos - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato
históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência, ou descrever uma cena.
principalmente a urbana, cuja escalada tem sido facilmente - Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados es-
identificada pela população brasileira.” tatísticos.
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
- Convite: proposta ao leitor para que participe de al- prováveis resultados.
guma coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não apresentar questionamento e reflexão.
entre pelo cano! Faça parte desse time de vencedores des- - Refutação: questiona-se praticamente tudo: concei-
de a escolha desse momento! tos, valores, juízos.
- Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. - Causa e Consequência: estruturar o texto através
Ex: “É importante que o cidadão saiba que portar arma de dos porquês de uma determinada situação.
fogo não é a solução no combate à insegurança.” - Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
- Características: caracterização de espaços ou aspec- - Exemplificação: dar exemplos.
tos.
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fe-
“Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com chamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela
televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
de aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo,
existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
programas) e 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um
sinais recebidos). (...)” pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. de quem lê.
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o as-
sunto do texto. Ex: “A principal característica do déspota Exemplo:
encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das
normas e das regras que definem a vida familiar, isto é, o Direito de Trabalho
espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário,
pois decorre exclusivamente de sua vontade, de seu prazer Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um
e de suas necessidades.” novo modelo econômico: o capitalismo, que até o século
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje pas-
que compõem o texto. sou a agir por meio da exclusão. (A)
- Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo
faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entu- o trabalho automático, devido à evolução tecnológica e a
siasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?” necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a o desemprego. Outro fator que também leva ao desempre-
curiosidade do leitor. go de um sem número de trabalhadores é a contenção de
- Comparação: social e geográfica. despesas, de gastos. (B)
- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à Segundo a Constituição, “preocupada” com essa cri-
distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, se social que provém dessa automatização e qualificação,
triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta
das realidades que marcaram esses 100 últimos anos, apa- garantia aos trabalhadores, de que, mesmo que as empre-
rece a verdadeira doença do século...” sas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado
- Narração: narrar um fato. de trabalho. (C)
Não é uma utopia?!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na co- Estes assuntos serão vistos com mais afinco posterior-
lheita da cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico mente.
e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o meio
ambiente, proibindo a queima da cana de açúcar para a co- Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
lheita e substituindo-os então pelas máquinas, desemprega
milhares deles. (D) - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessi-
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cur- dade de pleno domínio do assunto e habilidade de argu-
sos de cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não perderem mentação;
o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a classe de - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao
trabalhos informais. tema;
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
à vida estudando, se especializando, para se diferenciarem e - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
ainda estão desempregados?, como vimos no último concur- - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
so da prefeitura do Rio de Janeiro para “gari”, havia até advo- ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstra-
gado na fila de inscrição. (E) ção do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural,
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos original, nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve
têm o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, que ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo
de desníveis gritantes e criar soluções eficazes para combater O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apre-
a crise generalizada (F), pois a uma nação doente, miserável e sentar: uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear)
desigual, não compete a tão sonhada modernidade. (G) e uma ou mais frases que explicitem tal ideia.
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada
1º Parágrafo – Introdução (ideia central) porque oculta os problemas sociais realmen-
te graves. (ideia secundária)”.
A. Tema: Desemprego no Brasil. Vejamos:
Contextualização: decorrência de um processo histórico Ideia central: A poluição atmosférica deve ser comba-
problemático. tida urgentemente.

2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser


combatida urgentemente, pois a alta concentração de ele-
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que mentos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas,
remetem a uma análise do tema em questão. sobretudo daquelas que sofrem de problemas respirató-
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro rios:
dado da realidade.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem
quem propõe soluções. levado muita gente ao vício.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. - A televisão é um dos mais eficazes meios de comuni-
cação criados pelo homem.
7º Parágrafo: Conclusão - A violência tem aumentado assustadoramente nas ci-
F. Uma possível solução é apresentada. dades e hoje parece claro que esse problema não pode ser
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com mo- resolvido apenas pela polícia.
dernidade. - O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise
atualmente.
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um sociedade brasileira.
dos recursos que permite uma segurança maior no momento
de dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são ati- O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
tudes que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvi-
mento de um texto dissertativo. Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma
série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de
Ainda temos: características, funções, processos, situações, sempre ofe-
recendo o complemente necessário à afirmação estabele-
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o cida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os
assunto que vai ser abordado. critérios de importância, preferência, classificação ou alea-
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo toriamente.
discutido. Exemplo:
Argumentação: é um conjunto de procedimentos lin-
guísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas 1- O adolescente moderno está se tornando obeso por
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É for- várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios
necer argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma sistemáticos e demasiada permanência diante de compu-
determinada tese. tadores e aparelhos de Televisão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é gran- Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas
de o número de emissoras que dedicam parte da sua pro- úmidos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma
gramação à veiculação de programas religiosos de crenças forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transfor-
variadas. mação da rocha em terra pela umidade e calor. Nas regiões
temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pou-
3- co profunda. (Melhem Adas)
- A Santa Missa em seu lar.
- Terço Bizantino. Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se
- Despertar da Fé. conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las
- Palavra de Vida. mais compreensíveis.
- Igreja da Graça no Lar. Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue prove-
niente do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão
4- umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o as artérias contém sangue vermelho-vivo, recém oxigena-
governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, dese- do. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais
quilíbrios sociológicos e poluição. escuro e desoxigenado, que o coração remete para os pul-
- Existem várias razões que levam um homem a enve- mões para receber oxigênio e liberar gás carbônico”.
redar pelos caminhos do crime.
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação,
porque pode trazer muitas consequências indesejáveis. deve delimitar-se o tema que será desenvolvido e que po-
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua so- derá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo,
brevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer. o tema é a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas partir das seguintes ideias:
em várias categorias.
- A violência contra os povos indígenas é uma constan-
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver
te na história do Brasil.
através da comparação, que confronta ideias, fatos, fenô-
- O surgimento de várias entidades de defesa das po-
menos e apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
pulações indígenas.
Exemplo:
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicida- brasileiro.
de; a velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e - A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
persistente sentimento de dor, porque já estamos nos con-
vencendo de que a felicidade é uma ilusão, que só o sofri- Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver,
mento é real”. deve fazer a estruturação do texto.
(Arthur Schopenhauer)
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
encontra no seu desenvolvimento um segmento causal Introdução: deve conter a ideia principal a ser desen-
(fato motivador) e, em outras situações, um segmento in- volvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura
dicando consequências (fatos decorrentes). do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar
Exemplos: a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o
plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema,
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanida- seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser
de que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas defendida.
em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam. Desenvolvimento: exposição de elementos que vão
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
- O espírito competitivo foi excessivamente exercido através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da
entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver causa e da consequência, das definições, dos dados esta-
numa sociedade fria e inamistosa. tísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da
citação. No desenvolvimento são usados tantos parágrafos
Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos mar- quantos forem necessários para a completa exposição da
cam temporal e espacialmente a evolução de ideias, pro- ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco
cessos. maneiras expostas acima.
Exemplos: Conclusão: é a retomada da ideia principal, que ago-
ra deve aparecer de forma muito mais convincente, uma
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento
lenta evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. De- da dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de forma
pois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação
inventou a escrita e só muitos séculos mais tarde é que da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica
passou à comunicação de massa. empregada no desenvolvimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Texto Argumentativo A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem


antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgi-
Texto Argumentativo é o texto em que defendemos ram as primeiras gramáticas. Definida como “arte”, “arte
uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procuran- de escrever”, percebe-se que subjaz à definição a ideia da
do (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor sua importância para a prática da língua. São da mesma
aceite-a, creia nela. Num texto argumentativo, distinguem- época também as primeiras críticas, como se pode ler em
-se três componentes: a tese, os argumentos e as estraté- Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.: “Raça
gias argumentativas. de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, es-
túpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos
Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, neces- poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão,
sariamente polêmica, pois a argumentação implica diver- ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos”.
gência de opinião. Na atualidade, é grande o número de educadores, filó-
Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Ar-
logos e linguistas de reconhecido saber que negam a rela-
gumentum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro
ção entre o estudo intencional da gramática e a melhora do
é “fazer brilhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”,
desempenho linguístico do usuário. Entre esses especialis-
“argúcia”, “arguto”. Os argumentos de um texto são facil-
mente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta tas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft
por quê? Exemplo: o autor é contra a pena de morte (tese). com sus obra “Língua e liberdade: por uma nova concepção
Por que... (argumentos). de língua materna e seu ensino” (L&PM, 1995). Com efeito,
Estratégias argumentativas são todos os recursos o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da língua,
(verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ou- teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística,
vinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para reúne numa mesma obra convincente fundamentação para
persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc. seu combate veemente contra o ensino da gramática em
sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas:
A Estrutura de um Texto Argumentativo “Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez
abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo
A argumentação Formal de querer ensinar a língua por definições, classificações,
análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas.
A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Co- Já seria um grande benefício”.
municação em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre,
obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que cha- acima referida suponha-se que se deva recuperar linguis-
ma de argumentação formal: ticamente um jovem estudante universitário cujo texto
Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida apresente preocupantes problemas de concordância, re-
e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argu- gência, colocação, ortografia, pontuação, adequação vo-
mento. cabular, coesão, coerência, informatividade, entre outros.
Análise da proposição ou tese: definição do sentido E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática
da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonolo-
mal-entendidos. gia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borbo-
Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados leta? O feminino de cupim? Como se chama quem nasce
estatísticos, testemunhos, etc. na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração su-
Conclusão.
bordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E
decorasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos,
Observe o texto a seguir, que contém os elementos re-
parônimos, de verbos irregulares... e estudasse o plural de
feridos do plano-padrão da argumentação formal.
compostos, todas regras de concordância, regências... os
Gramática e desempenho Linguístico casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de
todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho
Pretende-se demonstrar no presente artigo que o es- do jovem estudante na produção de um texto. A melhora
tudo intencional da gramática não traz benefícios signifi- seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena
cativos para o desempenho linguístico dos utentes de uma melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de
língua. coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os
Por “estudo intencional da gramática” entende-se o mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja
estudo de definições, classificações e nomenclatura; a rea- porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanis-
lização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a mos que presidem à construção do texto.
memorização de regras (de concordância, regência e colo- Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é ape-
cação) - para citar algumas áreas. O “desempenho linguís- nas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco
tico”, por outro lado, é expressão técnica definida como valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como
sendo o processo de atualização da competência na pro- essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino
dução e interpretação de enunciados; dito de maneira mais de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório,
simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O re-
reais de comunicação. sultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo

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LÍNGUA PORTUGUESA

40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no - Citação da tese adversária.


vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candida- - Argumentos da tese adversária.
tos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. - Introdução da tese a ser defendida.
Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto - Argumentos da tese a ser defendida.
que pode ser considerado bom. - Conclusão.
Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lem-
brando que são os gramáticos, os linguistas - como es- Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson
pecialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a Flores Lenz, Promotor de Justiça.
fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos linguís-
ticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa Considerações sobre justiça e equidade
influência do conhecimento teórico da língua sobre o de-
sempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os linguis- Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a aca-
tas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática dêmico nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os
isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a caos concretos que são apresentados perante os tribunais,
tese que se vem defendendo. deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e
Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse equidade e menos por razões de estrita legalidade, no in-
significativa, deveriam os melhores escritores conhecer - tuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos
teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entan- conflitos submetidos à sua apreciação.
to, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quan- Semelhante entendimento tem sido sistematicamente
do estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistra-
provavelmente por desconhecer teoria gramatical); Macha- dos simplesmente desprezarem ou desconsiderarem de-
do de Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada terminados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas le-
havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo gais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade
saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos nacional.
os nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura
Português à maneira tradicional (e, no entanto eles são os pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente,
senhores da língua!). alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes
Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves consi-
recuperar linguisticamente os alunos, como promover um derações sobre os perigos da generalização desse enten-
melhor desempenho linguístico mediante o ensino-estudo
dimento.
da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro.
Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos
dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal
Gilberto Scarton
contra os princípios da legalidade e da separação de pode-
res, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de de-
Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
mocracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o
enuncia claramente a tese a ser defendida. insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se de- português, ao afirmar que: “O magistrado não pode so-
finem as expressões “estudo intencional da gramática” e brepor os seus próprios juízos de valor aos que estão en-
“desempenho lingüístico”, citadas na tese. carnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha
Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o
e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos. caso é omisso”.
- Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argu- Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte
mentação. qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania
- Quarto parágrafo: argumento de autoridade. popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúci-
- Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração da visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa
hipotética. situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria,
- Sexto parágrafo: argumento com base em dados es- na condição de legislador.
tatísticos. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria insti-
- Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em tucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria
fatos. mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao
Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresen- sabor dos humores e amores do juiz de plantão.
ta a conclusão. De nada adiantariam as eleições, eis que os represen-
tantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua
A Argumentação Informal maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
Desapareceriam também os juízes de conveniência e
A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na
referida. A argumentação informal apresenta os seguintes medida em que sempre poderiam ser afastados por uma
estágios: esfera revisora excepcional.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A própria independência do parlamento sucumbiria in- Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime
tegralmente frente à possibilidade de inobservância e des- uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não exe-
consideração de suas deliberações. cutar) tal ou tal ação. As formas verbais específicas destas
Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nos- frases estão no modo injuntivo e o imperativo é uma das
sa civilização. formas do injuntivo.
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete
fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de monta-
demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as gem, receitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos
atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como que incitam à ação, impõem regras; textos que fornecem
proceder. instruções. São orientados para um comportamento futuro
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto do destinatário.
dessa concepção.
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orien-
sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio tar por escrito o modo de realizar determinados procedi-
conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio mentos, manipular instrumentos, desenvolver atividades
in adjecto. lúdicas e desempenhar algumas funções profissionais, por
Isto porque, e como magistralmente o salientou o in- exemplo, deu origem aos chamados textos injuntivos, nos
quais prevalece a função apelativa da linguagem, criando-
superável Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é,
-se uma relação direta com o receptor. É comum aos textos
no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto
dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o ca-
é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da confor-
derno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o cader-
midade com o direito constituído, independentemente da
no de questões, verificar o número de alternativas...). Não
correspondente com a justiça social”. apresenta caráter coercitivo, haja vista que apenas induz
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios o interlocutor a proceder desta ou daquela forma. Assim,
concretos de efetivação da Justiça social compete, funda- torna-se possível substituir um determinado procedimento
mentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus em função de outro, como é o caso do que ocorre com
membros são indicados diretamente pelo povo. os ingredientes de uma receita culinária, por exemplo. São
Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, exemplos dessa modalidade:
adequando o proceder daqueles aos ditames da Constitui- - A mensagem revelada pela maioria dos livros de au-
ção e da Legislação. toajuda;
Luís Alberto Thompson Flores Lenz - O discurso manifestado mediante um manual de ins-
truções;
Eis o esquema do texto em seus cinco estágios; - As instruções materializadas por meio de uma receita
culinária.
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita
a tese adversária. Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita texto injuntivo, didático, que tem por objetivo justamente
um argumento da tese adversária “... fulminando ditos dile- apresentar orientações ao receptor para que ele realize de-
mas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à rea- terminada atividade. Como as palavras do texto serão trans-
lidade nacional”. formadas em ações visando a um objetivo, ou seja, algo de-
Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se intro- verá ser concretizado, é de suma importância que nele haja
duz a tese a ser defendida. clareza e objetividade. Dependendo do que se trata, é im-
Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que prescindível haver explicações ou enumerações em que es-
se apresentam os argumentos. tejam elencados os materiais a serem utilizados, bem como
Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que os itens de determinados objetos que serão manipulados.
se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que Por conta dessas características, é necessário um título ob-
jetivo. Quanto à pontuação, frequentemente empregam-se
ficou dito ao longo da argumentação.
dois pontos, vírgulas e pontos e vírgulas. É possível separar
as orientações por itens ou de modo coeso, por meio de
Texto Injuntivo/Instrucional
períodos. Alguns textos instrucionais possuem subtítulos se-
parando em tópicos as instruções, basta reparar nas bulas
No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orien- de remédios, manuais de instruções e receitas. Pelo fato de
tações precisas no sentido de efetuar uma transformação. o espaço destinado aos textos instrucionais geralmente não
É marcado pela presença de tempos e modos verbais que ser muito extenso, recomenda-se o uso de períodos. Leia os
apresentam um valor diretivo. Este tipo de texto distingue- exemplos.
-se de uma sequencia narrativa pela ausência de um sujeito
responsável pelas ações a praticar e pelo caráter diretivo
dos tempos e modos verbais usado e uma sequência des-
critiva pela transformação desejada.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Texto organizado em itens: Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-


rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci-
Para economizar nas compras tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.

Quem deseja economizar ao comprar deve: Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma
- estabelecer um valor máximo para gastar; interpretação de um texto é a identificação de sua ideia
- escolher previamente aquilo que deseja comprar an- principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou
tes de ir à loja ou entrar em sites de compra; fundamentações, as argumentações, ou explicações, que
- pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se levem ao esclarecimento das questões apresentadas na
possível; prova.
- não se deixar levar completamente pelas sugestões
dos vendedores nem pelos apelos das propagandas; Textos Ficcionais e Não Ficcionais
- optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem
se esquecer de que o uso do cartão de crédito exige certa Os textos não ficcionais baseiam-se na realidade, e os
cautela e planejamento. ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos
ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da
Do mais, é só ir às compras e aproveitar!
história.
Texto organizado em períodos: Ficcionais: Conto; Crônica; Romance; Poemas; História
em Quadrinhos.
Para economizar nas compras
Não Ficcionais:
Para economizar ao comprar, primeiramente estabe-
leça um valor máximo para gastar e então escolha pre- - Jornalísticos: notícia, editorial, artigos, cartas e textos
viamente aquilo que deseja comprar antes de ir à loja ou de divulgação científica.
entrar em sites de compra. Se possível, pesquise os preços
em diferentes lojas e sites; não se deixe levar completa- - Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos,
mente pelas sugestões dos vendedores nem pelos apelos índices, listas, verbetes em geral, bulas e notas explicativas
das propagandas e opte pela forma de pagamento mais de embalagens.
cômoda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito
exige certa cautela e planejamento. - Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas formais.
Do mais, aproveite as compras!
- Administrativos: requerimentos, ofícios e etc.
Observe que, embora ambos os textos tratem do mes-
mo assunto, o segundo é uma adaptação do primeiro: FICCIONAIS
tanto o modo verbal quanto a pontuação sofreram alte-
rações; além disso, algumas palavras foram omitidas e ou- CONTO
tras acrescentadas. Isso ocorreu para que o aspecto instru-
cional, conferido pelos itens do primeiro exemplo, não se É um gênero textual que apresenta um único conflito,
perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações, tomado já próximo do seu desfecho. Encerra uma história
passaria a impressão de ser um mero texto expositivo. com poucas personagens, e também tempo e espaço redu-
zido. A linguagem pode ser formal ou informal. É uma obra
de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos,
de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção,
o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vis-
GÊNEROS TEXTUAIS
ta e enredo. Classicamente, diz-se que o conto se define
pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de uma história e tem apenas um clímax. Exemplo:
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar
e decodificar). Lépida

Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Tudo lento, parado, paralisado.
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz - Maldição! - dizia um homem que tinha sido o melhor
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- corredor daquele lugar.
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. - Que tristeza a minha - lamentava uma pequena baila-
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que rina, olhando para as suas sapatilhas cor-de-rosa.
o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma Assim estava Lépida, uma cidade muito alegre que no
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- passado fora reconhecida pela leveza e agilidade de seus
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele habitantes. Todos muito fortes, andavam, corriam e nada-
inicial. vam pelos seus limpos canais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Até que chegou um terrível pirata à procura da riqueza isso. Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam
do lugar. Para dominar Lépida, roubou de um mago um a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, em
elixir paralisante e despejou no principal rio. Após beberem si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que
a água, os habitantes ficaram muito lentos, tão lentos que prefere ficar na cômoda planície da segurança.
não conseguiram impedir a maldade do terrível pirata. Seu Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura
povo nunca mais foi o mesmo. Lépida foi roubada em seu de Vítor Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar
maior tesouro e permaneceu estagnada por muitos anos. marcas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até
Um dia nasceu um menino, que foi chamado de Zim. O que ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio suple-
único entre tantos que ficou livre da maldição que passara mentar. Mas seu exemplo - e seu sacrifício - é uma lição de
de geração em geração. Diferente de todos, era muito ágil luta, mesmo sendo uma luta perdida.
e, ao crescer, saiu em busca de uma solução. Encontrou (Autor: Carlos Heitor Cony.
pelo caminho bruxas de olhar feroz, gigantes de três, cinco Publicado na Folha Online)
e sete cabeças, noites escuras, dias de chuva, sol intenso.
Zim tudo enfrentou. ROMANCE
E numa noite morna, ao deitar-se em sua cama de fo-
lhas, viu ao seu lado um velho de olhos amarelos e brilhan- O termo romance pode referir-se a dois gêneros literá-
tes. Era o mago que havia sido roubado pelo pirata muitos rios. O primeiro deles é uma composição poética popular,
anos antes. Zim ficou apreensivo. Mas o velho mago (que histórica ou lírica, transmitida pela tradição oral, sendo ge-
tudo sabia) deu-lhe um frasco. Nele havia um antídoto e ralmente de autor anônimo; corresponde aproximadamen-
Zim compreendeu o que deveria fazer. Despejou o líquido te à balada medieval. E como forma literária moderna, o
no rio de sua cidade. termo designa uma composição em prosa. Todo Romance
Lépida despertou diferente naquela manhã. Um copo se organiza a partir de uma trama, ou seja, em torno dos
de água aqui, um banho ali e eram novamente braços que acontecimentos que são organizados em uma sequência
se mexiam, pernas que corriam, saltos e sorrisos. E a dança temporal. A linguagem utilizada em um Romance é muito
das sapatilhas cor-de-rosa. variável, vai depender de quem escreve, de uma boa dife-
(Carla Caruso) renciação entre linguagem escrita e linguagem oral e prin-
cipalmente do tipo de Romance.
CRÔNICA
Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser:
Urbano, Regionalista, Indianista e Histórico. E quanto à
Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados
época ou Escola Literária, o Romance pode ser: Romântico,
por um escritor de ficção ou por uma pessoa especializada
Realista, Naturalista e Modernista.
em determinada área (economia, gastronomia, negócios,
entre outras) que escreve com periodicidade para uma se-
POEMA
ção (por exemplo, todos os domingos para o Caderno de
Economia). Esses textos, conhecidos como crônicas, são
Um poema é uma obra literária geralmente apresen-
curtos e em geral predominantemente narrativos, podendo
apresentar alguns trechos dissertativos. Exemplo: tada em versos e estrofes (ainda que possa existir prosa
poética, assim designada pelo uso de temas específicos e
A luta e a lição de figuras de estilo próprias da poesia). Efetivamente, exis-
te uma diferença entre poesia e poema. Segundo vários
Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no autores, o poema é um objeto literário com existência ma-
Tibete após escalar pela segunda vez o ponto culminante terial concreta, a poesia tem um carácter imaterial e trans-
do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço de cendente. Fortemente relacionado com a música, beleza e
um cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na segunda arte, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de
(e última), dispensou o cilindro, devido ao seu estado geral, acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média,
que era considerado ótimo. As façanhas dele me emocio- os poemas eram cantados. Só depois o texto foi separa-
naram, a bem sucedida e a malograda. Aqui do meu canto, do do acompanhamento musical. Tal como na música, o
temendo e tremendo toda a vez que viajo no bondinho do ritmo tem uma grande importância. Um poema também
Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que levam faz parte de um sarau (reuniões em casas particulares para
alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume expressar artes, canções, poemas, poesias etc). Obra em
mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada verso em que há poesia. Exemplo:
sem a ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser
humano bem sucedido a vencer desafios assim? Soneto do amigo
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a hu-
manidade. Se cada um repetisse meu exemplo, ficando so- Enfim, depois de tanto erro passado
lidamente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda Tantas retaliações, tanto perigo
estaríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras, co- Eis que ressurge noutro o velho amigo
mendo animais crus e puxando nossas mulheres pelos ca- Nunca perdido, sempre reencontrado.
belos, como os trogloditas - se é que os trogloditas faziam

21
LÍNGUA PORTUGUESA

É bom sentá-lo novamente ao lado Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin:


Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica


Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

O objetivo do Calvin era vender ao seu pai um desenho


HISTÓRIA EM QUADRINHOS de sua autoria pela exorbitante quantia de 500 dólares. Ele
optou por valorizar o desenho, mostrando todas as habi-
As primeiras manifestações das Histórias em Quadri- lidades conquistadas para conseguir produzi-lo. O pai, no
nhos surgiram no começo do século XX, na busca de novos último quadrinho, reconhece o empenho do filho, utilizan-
meios de comunicação e expressão gráfica e visual. Entre do-se de um conector de concessão (“Ainda assim”), valo-
os primeiros autores das histórias em quadrinhos estão o rizando a importância de tudo aquilo. Contudo, afirma que
suíço Rudolph Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês não pagaria o valor pedido (como se dissesse: “sim, filho,
Georges, e o brasileiro Ângelo Agostini. A origem dos ba- foi um esforço absurdo, mas não vou pagar por isso!”).
lões presentes nas histórias em quadrinhos pode ser atri- A graça está no fato de Calvin elaborar um discurso
buída a personagens, observadas em ilustrações europeias “maduro” em relação ao seu desenvolvimento cognitivo e
desde o século XIV. motor nos dois primeiros quadrinhos e, somente depois, fi-
car claro para nós, leitores, que toda a força argumentativa
As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no foi em prol da cobrança pelo desenho que ele mesmo fez.
século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como Em outras palavras, o personagem empenha-se na constru-
cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabelece- ção de um raciocínio em prol de uma finalidade absurda – o
ria com as populares tiras. A publicação de revistas próprias que nos faz sorrir no último quadrinho, já que é somente
de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do nele que conseguimos “completar” o sentido. Claro, se você
século XX também. Atualmente, o estilo cômicos dos super conhece os quadrinhos do Calvin, sabe que ele tem ape-
-heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo nas 6 anos, o que torna tudo ainda mais hilário, mas a falta
espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos deste conhecimento não prejudica em nada a interpretação
japoneses (conhecidos como Mangá). textual.

A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, as- NÃO FICCIONAIS - JORNALÍSTICOS


sim como de charges, requer uma construção de sentidos
que, para que ocorra, é necessário mobilizar alguns proces- NOTÍCIA
sos de significação, como a percepção da atualidade, a re-
presentação do mundo, a observação dos detalhes visuais O principal objetivo da notícia é levar informação atual
e/ou linguísticos, a transformação de linguagem conota- a um público específico. A notícia conta o que ocorreu,
tiva (sentido mais usual) em denotativa (sentido amplifi- quando, onde, como e por quê. Para verificar se ela está
cado pelo contexto, pelos aspetos socioculturais etc). Em bem elaborada, o emissor deve responder às perguntas:
suma, usa-se o conhecimento da realidade e de processos O quê? (fato ou fatos); Quando? (tempo); Onde? (local);
linguísticos para “inverter” ou “subverter” produzindo, as- Como? (de que forma) e Por quê? (causas). A notícia apre-
sim, sentidos alternativos a partir de situações extremas. senta três partes:
Exemplo:
- Manchete (ou título principal) – resume, com obje-
tividade, o assunto da notícia. Essa frase curta e de impac-
to, em geral, aparece em letras grandes e destacadas.
- Lide (ou lead) – complementa o título principal,
fornecendo as principais informações da notícia. Como a
manchete, sua função é despertar a atenção do leitor para
o texto.
- Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e de-
talhado dos fatos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A notícia usa uma linguagem formal, que segue a nor- O teste aponta que o aprendizado de Matemática, Lei-
ma culta da língua. A ordem direta, a voz ativa, os verbos tura e Ciências durante o ciclo fundamental é sofrível, e
de ação e as frases curtas permitem fluir as ideias. É pre- perdemos para países como Colômbia, Tailândia e México.
ferível a linguagem acessível e simples. Evite gírias, termos Já passa da hora de as autoridades melhorarem a gestão
coloquiais e frases intercaladas. de nossa Educação Pública e seguir o exemplo da pequena
Os fatos, em geral, são apresentados de forma impes- Paulista.
soal e escritos em 3ª pessoa, com o predomínio da função Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/
referencial, já que esse texto visa à informação. editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais
A falta de tempo do leitor exige a seleção das informa-
ções mais relevantes, vocabulário preciso e termos espe- ARTIGOS
cíficos que o ajudem a compreender melhor os fatos. Em
jornais ou revistas impressos ou on-line, e em programas É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas re-
de rádio ou televisão, a informação transmitida pela notícia vistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição
precisa ser verídica, atual e despertar o interesse do leitor. por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o
autor geralmente apresenta seu ponto de vista sobre o tema
EDITORIAL
em questão através do artigo (texto jornalístico).
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem
Os editoriais são textos de um jornal em que o conteú-
do expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso,
de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialida- precisa apresentar bons argumentos, que consistem em
de ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam verdades e opiniões. O artigo de opinião é fundamentado
um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são
mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os bo- fáceis de contestar.
xes (quadros) dos editoriais são normalmente demarcados O artigo deve começar com uma breve introdução, que
com uma borda ou tipografia diferente para marcar cla- descreva sucintamente o tema e refira os pontos mais im-
ramente que aquele texto é opinativo, e não informativo. portantes. Um leitor deve conseguir formar uma ideia clara
Exemplo: sobre o assunto e o conteúdo do artigo ao ler apenas a
introdução. Por favor tenha em mente que embora este-
Cidade paraibana é exemplo ao País ja familiarizado com o tema sobre o qual está a escrever,
outros leitores da podem não o estar. Assim, é importante
Em tempos em que estudantes escrevem receita de clarificar cedo o contexto do artigo. Por exemplo, em vez
macarrão instantâneo e transcrevem hino de clube de fu- de escrever:
tebol na redação do Exame Nacional do Ensino Médio e Guano é um personagem que faz o papel de mascote
ainda obtém nota máxima no teste, uma boa notícia vem do grupo Lily Mu. Seria mais informativo escrever:
de uma pequena cidade no interior da Paraíba chamada Guano é um personagem da série de desenho anima-
Paulista, de cerca de 12 mil habitantes. Alunos da Escola do Kappa Mikey que faz o papel de mascote do grupo Lily
Municipal Cândido de Assis Queiroga obtiveram destaque Mu.
nas últimas edições da Olimpíada Brasileira de Matemática Caracterize o assunto, especialmente se existirem opi-
das Escolas Públicas. niões diferentes sobre o tema. Seja objetivo. Evite o uso de
O segredo é absolutamente simples, e quem explica é eufemismos e de calão ou gíria, e explique o jargão. No fi-
a professora Jonilda Alves Ferreira: a chave é ensinar Ma- nal do artigo deve listar as referências utilizadas, e ao longo
temática através de atividades do cotidiano, como fazer do artigo deve citar a fonte das afirmações feitas, especial-
compras na feira ou medir ingredientes para uma receita.
mente se estas forem controversas ou suscitarem dúvidas.
Com essas ações práticas, na edição de 2012 da Olimpíada,
a escola conquistou nada menos do que cinco medalhas de
ouro, duas de prata, três de bronze e 12 menções honro- CARTAS
sas. Orgulhosa, a professora conta que se sentia triste com
a repulsa dos estudantes aos números, e teve a ideia de Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção desti-
pô-los para vivenciar a Matemática em suas vidas, aproxi- nada a cartas do leitor. Ela oferece um espaço para o leitor
mando-os da disciplina. elogiar ou criticar uma matéria publicada, ou fazer suges-
O que parecia ser um grande desafio tornou-se rea- tões. Os comentários podem referir-se às ideias de um tex-
lidade e, hoje, a cidade inteira orgulha-se de seus filhos to, com as quais o leitor concorda ou não; à maneira como
campeões olímpicos. Os estudantes paraibanos devem ser o assunto foi abordado; ou à qualidade do texto em si. É
exemplo para todo o País, que anda precisando, sim, de possível também fazer alusão a outras cartas de leitores,
modelos a se inspirar. O Programa Internacional de Ava- para concordar ou não com o ponto de vista expresso ne-
liação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês) – o mais las. A linguagem da carta costuma variar conforme o perfil
sério teste internacional para avaliar o desempenho esco- dos leitores da publicação. Pode ser mais descontraída, se
lar e coordenado pela Organização para a Cooperação e o público é jovem, ou ter um aspecto mais formal. Esse
Desenvolvimento Econômico – continua sendo implacável tipo de carta apresenta formato parecido com o das cartas
com o Brasil. No exame publicado de 2012, o País aparece pessoais: data, vocativo (a quem ela é dirigida), corpo do
na incômoda penúltima posição entre 40 países avaliados. texto, despedida e assinatura.

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LÍNGUA PORTUGUESA

TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA RESUMOS

Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de Resumo é uma exposição abreviada de um aconteci-
conhecimentos acerca do saber científico, assemelhando- mento. Fazer um resumo significa apresentar o conteúdo
se, portanto, com os demais gêneros circundantes no meio de forma sintética, destacando as informações essenciais
educacional como um todo, entre eles, textos didáticos e do conteúdo de um livro, artigo, argumento de filme, peça
verbetes de enciclopédias. Mediante tal pressuposto, já te- teatral, etc. A elaboração de um resumo exige análise e in-
mos a ideia do caráter condizente à linguagem, uma vez terpretação do conteúdo para que sejam transmitidas as
que esta se perfaz de características marcantes - a obje- ideias mais importantes.
tividade, isentando-se de traços pessoais por parte do Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a
emissor, como também por obedecer ao padrão formal da desenvolver a sua capacidade de síntese, objetividade e
língua. Outro aspecto passível de destaque é o fato de que clareza: três fatores que serão muito importantes ao lon-
no texto científico, às vezes, temos a oportunidade de nos go da vida escolar. Além de ser um ótimo instrumento de
deparar com determinadas terminologias e conceitos pró- estudo da matéria para fazer um teste. Resumo é sinônimo
prios da área científica a que eles se referem. de “recapitulação”, quando, ao final de cada capítulo de
Veiculados por diversos meios de comunicação, seja um livro é apresentado um breve texto com as ideias chave
em jornais, revistas, livros ou meio eletrônico, comparti- do assunto introduzido. Outros sinônimos de resumo são:
lham-se com uma gama de interlocutores. Razão esta que sinopse, sumário, síntese, epítome e compêndio.
incide na forma como se estruturam, não seguindo um
padrão rígido, uma vez que este se interliga a vários fa- RECEITAS
tores, tais como: assunto, público-alvo, emissor, momento
histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no primeiro e A receita tem como objetivo informar a fórmula de um
segundo parágrafos, o autor expõe a ideia principal, sendo produto seja ele industrial ou caseiro, contando detalha-
representada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos damente sobre seu preparo. É uma sequência de passos
que seguem, ocorre o desenvolvimento propriamente dito para a preparação de alimentos. As receitas geralmente
da ideia, lembrando que tais argumentos são subsidiados vêm com seus verbos no modo imperativo, para dar ordens
em fontes verdadeiramente passíveis de comprovação - de como preparar seu prato seja ele qual for. Elas são en-
comparações, dados estatísticos, relações de causa e efei- contradas em diversas fontes como: livros, sites, programas
to, dentre outras. (TV/Rádio), revistas ou até mesmo em jornais e panfletos. A
receita também ajuda a fazer vários tipos de pratos típicos
NÃO FICCIONAIS – INSTRUCIONAIS e saudáveis e até sobremesas deliciosas.

DIDÁTICOS CATÁLOGOS

Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar suas Catálogo é uma relação ordenada de coisas ou pessoas
ideias fundamentais. Um texto didático é um texto con- com descrições curtas a respeito de cada uma. Espécie de
ceitual, ou seja, não figurativo. Nele os termos significam livro, guia ou sumário que contém informações sobre lu-
exatamente aquilo que denotam, sendo descabida a atri- gares, pessoas, produtos e outros. Têm o objetivo de dar
buição de segundos sentidos ou valores conotativos aos opções para uma melhor escolha.
termos. Num texto didático devem se analisar ainda com
todo o cuidado os elementos de coesão. Deve-se observar ÍNDICES
a expectativa de sentido que eles criam, para que possa
entender bem o texto. Enumeração detalhada dos assuntos, nomes de pes-
O entendimento do texto didático de uma determina- soas, nomes geográficos, acontecimentos, etc., com a indi-
da disciplina requer o conhecimento do significado exato cação de sua localização no texto.
dos termos com que ela opera. Conhecer esses termos sig-
nifica conhecer um conjunto de princípios e de conceitos LISTAS
sobre os quais repousa uma determinada ciência, certa
teoria, um campo do saber. O uso da terminologia científi- Enumeração de elementos selecionados do texto, tais
ca dá maior rigor à exposição, pois evita as conotações e as como datas, ilustrações, exemplo, tabelas etc., na ordem de
imprecisões dos termos da linguagem cotidiana. Por outro sua ocorrência.
lado, a definição dos termos depende do nível de público
a que se destina. VERBETES EM GERAL
Um manual de introdução à física, destinado a alunos
de primeiro grau, expõe um conceito de cada vez e, por O verbete é um tipo de texto predominantemente des-
conseguinte, vai definindo paulatinamente os termos espe- critivo. A elaboração reflete o conflito seminal que define
cíficos dessa ciência. Num livro de física para universitários a elegância científica: a negociação constante entre síntese
não cabe a definição de termos que os alunos já deveriam e exaustividade. Os padrões do gênero valorizam tanto a
saber, pois senão quem escreve precisaria escrever sobre brevidade e a abordagem direta dos temas quanto o deta-
tudo o que a ciência em que ele é especialista já estudou. lhamento e a completude da informação.

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LÍNGUA PORTUGUESA

É um texto escrito, de caráter informativo, destinado a NÃO FICCIONAIS – EPISTOLARES


explicar um conceito segundo padrões descritivos sistemá-
ticos, determinados pela obra de referência da qual faz par- BILHETES
te: mais comumente, um dicionário ou uma enciclopédia. O
verbete é essencialmente destinado a consulta, o que lhe O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as pes-
impõe uma construção discursiva sucinta e de acesso ime- soas, para pedir, agradecer, oferecer, informar, desculpar
diato, embora isso não incorra necessariamente em curta ou perguntar. O bilhete é composto normalmente de: data,
extensão. Geralmente, os verbetes abordam conceitos bem
nome do destinatário antecedido de um cumprimento,
estabelecidos em algum paradigma acadêmico-científico,
ao invés de entrar em polêmicas referentes a categorias mensagem, despedida e nome do remetente. Exemplo:
teóricas discutíveis.
Por sua pretensão universalista e pela posição respei- Belinha,
tável que ocupa no sistema de valores da cultura raciona- Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo
lista, espera-se que todo verbete siga as normas padrão de ontem à noite.
uso da língua escrita, em um nível elevado de formalidade. Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar tudi-
Por sua natureza sistemática e por ser destinado à consul- nho para você!
ta, espera-se que a linguagem do verbete seja também o Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013
mais objetiva possível. As consequências gramaticais desse
princípio são: no nível lexical, precisão na escolha dos ter- CARTAS FAMILIARES E CARTAS FORMAIS
mos e ausência de palavras que expressem subjetividade
(opiniões, impressões e sensações); no nível sintático, sim- A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações
plificação das construções; e no nível estilístico, denotação
diversas. É um dos mais antigos meios de comunicação.
(ausência de ornamentos e figuras de linguagem).
Em uma carta formal é preciso ter cuidado na coerência do
É comum a presença de terminologia especializada na
construção do verbete, embora sua frequência varie confor- tratamento, por exemplo, se começamos a carta no trata-
me o público consumidor da obra de referência em que se mento em terceira pessoa devemos ir até o fim em terceira
insere o texto. Elementos de linguagens não verbais (espe- pessoa, seguindo também os pronomes e formas verbais
cialmente pictóricos) são tradicionalmente agregados ao na terceira pessoa. Há vários tipos de cartas, o formato da
verbete com função de esclarecimento. carta depende do seu conteúdo:
- Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos,
BULAS parentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que
assina a carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são
Bula pode referir-se a: escritas de uma maneira particular.
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e segu-
Bula Pontifícia - documento expedido pela Santa Sé. ro de comunicação dentro de uma organização. A lingua-
Refere-se não ao conteúdo e à solenidade de um docu- gem deve ser clara, simples, correta e objetiva. 
mento pontifício, como tal, mas à apresentação, à forma
externa do documento, a saber, lacrado com pequena bola
(em latim, “bulla”) de cera ou metal, em geral, chumbo. As- A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem
sim, existem Litterae Apostolicae (carta apostólica) em for- analisada em termos de língua portuguesa, ou seja, deve-
ma ou não de bula e também Constituição Apostólica em se observar a concordância, a pontuação e a maneira de
forma de bula. Por exemplo, a carta apostólica “Munificen- escrever com início, meio e então o fim, contendo tam-
tissimus Deus”, bem como as Constituições Apostólicas de bém um cabeçalho e se for uma carta formal, deve conter
criação de dioceses. A bula mais antiga que se conhece é pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V. Ex.ª etc.) e
do Papa Agapito I (535), conservada apenas em desenho. por fim a finalização da carta que deve conter somente um
O mais antigo original conservado é do Papa Adeodato I cumprimento formal ou não (grato, beijos, abraços, adeus
(615-618). etc.). Depois de todos esses itens terem sido colocados na
carta, a mesma deverá ser colocada em um envelope para
Bula (medicamento) - folha com informações sobre ser enviado ao destinatário. Na parte de trás e superior do
medicamentos. Nome que se dá ao conjunto de informa- envelope deve-se conter alguns dados muito importantes
ções sobre um medicamento que obrigatoriamente os la-
tais como: nome do destinatário, endereço (rua, bairro e
boratórios farmacêuticos devem acrescentar à embalagem
de seus produtos vendidos no varejo. As informações po- cidade) e por fim o CEP. Já o remetente (quem vai enviar a
dem ser direcionadas aos usuários dos medicamentos, aos carta), também deve inserir na carta os mesmos dados que
profissionais de saúde ou a ambos. o do destinatário, que devem ser escritos na parte da fren-
te do envelope. E por fim deve ser colocado no envelope
NOTAS EXPLICATIVAS DE EMBALAGENS um selo que serve para que a carta seja levada à pessoa
mencionada.
As notas explicativas servem para que o fabricante do
produto esclareça ou explique aspectos da composição,
nutrição, advertências a respeito do produto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

NÃO FICCIONAIS – ADMINISTRATIVOS Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se


o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
REQUERIMENTOS devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere
maior clareza à exposição;
É o instrumento por meio do qual o interessado requer Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente rea-
a uma autoridade administrativa um direito do qual se jul- presentada a posição recomendada sobre o assunto.
ga detentor. Estrutura:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
ou seja, da autoridade competente. nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do re- títulos e subtítulos.
querente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qua-
lificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documen- COESÃO E COERÊNCIA
to de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins
de preferência na tramitação do processo, segundo a Lei Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor
elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil
tamos as ações que interferem na realidade e organização
deve ser colocado o número do registro funcional e a lo-
de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
tação); Exposição do pedido, de preferência indicando os mento transformado em texto.
fundamentos legais do requerimento e os elementos pro- Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
batórios de natureza fática. sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”. organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
- Local e data. lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou car- dizer, por meio da comunicação.
go. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
OFÍCIOS dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.

O Ofício deve conter as seguintes partes: Introdução

- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen-
órgão que o expede. Exemplos: tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa
etapa. Entretanto, essa apresentação deve ser direta, sem
Of. 123/2002-MME rodeios. O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o
Aviso 123/2002-SG texto. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é
Mem. 123/2002-MF equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio título.
Já nos textos mais longos, em que o assunto é exposto
- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamen- em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um capítulo
to à direita. Exemplo: ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa situação,
pode ter vários parágrafos. Em redações mais comuns, que
Brasília, 20 de maio de 2013 em média têm de 25 a 80 linhas, a introdução será o pri-
meiro parágrafo.
- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
Desenvolvimento
Assunto: Produtividade do órgão em 2012.
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computa- A maior parte do texto está inserida no desenvolvi-
dores. mento. Ele é responsável por estabelecer uma ligação entre
a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são elabo-
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é radas as ideias, os dados e os argumentos que sustentam
dirigida a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluí- e dão base às explicações e posições do autor. É carac-
do também o endereço. terizado por uma “ponte” formada pela organização das
ideias em uma sequência que permite formar uma relação
- Texto. Nos casos em que não for de mero encami- equilibrada entre os dois lados.
nhamento de documentos, o expediente deve conter a se- O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
guinte estrutura: determinado tema no desenvolvimento. Nessa parte, ele
se torna capaz de defender seus pontos de vista, além de
Introdução: que se confunde com o parágrafo de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. As conclusões
abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a são fundamentadas a partir daqui.
comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o
“Tenho o prazer de”, “Cumpreme informar que”, empregue escritor já deve ter uma ideia clara de como vai ser a con-
a forma direta; clusão. Por isso a importância do planejamento de texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Em média, ocupa 3/5 do texto, no mínimo. Já nos tex- A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au-
tos mais longos, pode estar inserido em capítulos ou tre- tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica
chos destacados por subtítulos. Deverá se apresentar no é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos.
formato de parágrafos medianos e curtos. Nele devem estar indicadas as melhores sequências a se-
Os principais erros cometidos no desenvolvimento são rem utilizadas na redação. O roteiro deve ser o mais enxuto
o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está possível.
relacionado ao autor tomar um argumento secundário que Fonte: http://producao-de-textos.info/mos/view/Carac-
se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra ter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/
em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra-
segundo caso acontece quando quem redige tem muitas balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de
ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul- cada parte constituinte do texto, é preciso saber escrever
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha obedecendo às normas de coerência e coesão. Antes de
lógica de raciocínio. mais nada, é necessário definir os termos: coerência diz res-
peito à articulação do texto, à compatibilidade das ideias,
Conclusão à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas fra-
Considerada como a parte mais importante do texto, sais e ao emprego do vocabulário.
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa Coerência e coesão relacionam-se com o processo de
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para
parte, em que a exposição ou discussão se fecha.
a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em
seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve ser outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem
encerrada com argumentos repetitivos, sendo evitados na construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor-
medida do possível. Alguns exemplos: “Portanto, como já reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência
dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em conclusão...”. lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas,
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam
características de textos bem redigidos. gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão.
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- A coerência textual subjaz ao texto e é responsável
cam muito longas: pela hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela
tem origem nas estruturas profundas, no conhecimento do
→ O problema aparece quando não ocorre uma ex- mundo de cada pessoa, aliada à competência linguística.
ploração devida do desenvolvimento. Logo, acontece uma Deduz-se que é difícil ensinar coerência textual, intima-
invasão das ideias de desenvolvimento na conclusão. mente ligada à visão de mundo, à origem das ideias no
→ Outro fator consequente da insuficiência de funda- pensamento. A coesão, porém, refere-se à expressão lin-
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar guística, aos processos sintáticos e gramaticais do texto.
de maiores explicações, ficando bastante vazia. O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:
→ Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no
texto em que o autor fica girando em torno de ideias re- Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de
dundantes ou paralelas. um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade-
→ Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita- quada relação semântica, que se manifesta na compatibi-
mente dispensáveis. lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa
→ Quando não tem clareza de qual é a melhor con- com coisa” ou “uma coisa bate com outra”).
clusão, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo
Em relação à abertura para novas discussões, a con- do texto, numa linha de sequência e com os quais se es-
tabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes
coesivo faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical.
fatores:
Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical.
→ Para não influenciar a conclusão do leitor sobre te- Coerência
mas polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto. - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do
→ Para estimular o leitor a ler uma possível continuida- texto;
de do texto, ou autor não fecha a discussão de propósito. - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão
→ Por apenas apresentar dados e informações sobre conceitual;
o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o
assunto. todo, com o aspecto global do texto;
→ Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o au- - estabelece relações de conteúdo entre palavras e fra-
tor enumera algumas perguntas no final do texto. ses.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Coesão “Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de


- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; ideias” significa a liberdade não é ameaça;
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão “Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de
sequencial; ideias”, isto é, a liberdade fica ameaçada.
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as Quanto à regência verbal, convém sempre consultar um
partes componentes do texto; dicionário de verbos, pois muitos deles admitem duas ou
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior três regências diferentes; cada uma, porém, tem um signifi-
das frases. cado específico. Lembre-se, a propósito, de que as dúvidas
Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibilida- sobre o emprego da crase decorrem do fato de conside-
de ou compreensão do texto. Um texto bem redigido tem rar-se crase como sinal de acentuação apenas, quando o
parágrafos bem estruturados e articulados pelo encadea- problema refere-se à regência nominal e verbal.
mento das ideias neles contidas. As estruturas frasais devem Exemplos:
ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que diz respei-
to à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado e essa ade- O verbo assistir admite duas regências:
quação só se consegue pelo conhecimento dos significados assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar as-
possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais comuns de sistência (O médico assiste o doente):
redação sejam devidos à impropriedade do vocabulário e ao Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti ao
mau emprego dos conectivos (conjunções, que têm por fun- jogo da seleção).
ção ligar uma frase ou período a outro). Eis alguns exemplos
de impropriedade do vocabulário, colhidos em redações so- Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear
bre censura e os meios de comunicação e outras. (Pedi o jornal do dia).
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu que
“Nosso direito é frisado na Constituição.” fizessem silêncio).
Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da clas-
se); significa também pedir em favor de alguém (A Diretora
“Estabelecer os limites as quais a programação deveria pediu ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos,
estar exposta.” pedir algo a alguém (para si): (Pediu ao colega para aju-
Estabelecer os limites aos quais a programação deveria dá-lo); pode significar ainda exigir, reclamar (Os professores
estar sujeita. = correta pedem aumento de salário).

“A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.” O mau emprego dos pronomes relativos também pode
A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensa- levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, empre-
cionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam ga-se no qual ou ao qual em lugar do que, com prejuízo da
tais notícias. = correta clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessário
ou inadequado.
“Retomada das rédeas da programação.” “Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no mim no qual estava sem remetente”. (Chegou com um en-
que diz respeito à programação. = correta velope que (o qual) estava sem remetente).

O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui- “Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da
tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi- sensibilidade...”
gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade
enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conheci- delas (palavras cheias de sensibilidade).
mentos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o
significado de determinada palavra, mas não sabe empre- Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação das
gá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente com o frases, aconselha-se levar em conta as seguintes sugestões
emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não para o emprego correto dos articuladores sintáticos (conjun-
basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas ções, preposições, locuções prepositivas e locuções conjuntivas).
nominais no interior das frases e que as conjunções ligam - Para dar ideia de oposição ou contradição, a articu-
frases dentro do período; é necessário empregar adequa- lação sintática faz-se por meio de conjunções adversativas:
damente tanto umas como outras. É bem verdade que, na mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Po-
maioria das vezes, o emprego inadequado dos conectivos dem também ser empregadas as conjunções concessivas e
remete aos problemas de regência verbal e nominal. locuções prepositivas para introduzir a ideia de oposição
aliada à concessão: embora, ou muito embora, apesar de,
Exemplos: ainda que, conquanto, posto que, a despeito de, não obstante.
“Estar inteirada com os fatos” significa participação, in- - A articulação sintática de causa pode ser feita por
teração. meio de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque,
“Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento como, por isso que, visto que, uma vez que, já que. Também
dos fatos, estar informada. podem ser empregadas as preposições e locuções preposi-
“Ir de encontro” significa divergir, não concordar. tivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a,
“Ir ao encontro” quer dizer concordar. em consequência de, por motivo de, por razões de.

28
LÍNGUA PORTUGUESA

- O principal articulador sintático de condição é o “se”: Texto Original


Se o time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também
expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso, Minha terra tem palmeiras
contanto que, desde que, a menos que, a não ser que. Onde canta o sabiá,
- O emprego da preposição “para” é a maneira mais As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
comum de expressar finalidade. “É necessário baixar as ta- (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
xas de juros para que a economia se estabilize” ou para a Paráfrase
economia estabilizar-se. “Teresa vai estudar bastante para
fazer boa prova.” Há outros articuladores que expressam Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
finalidade: a fim de, com o propósito de, na finalidade de, Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
com a intenção de, com o objetivo de, com o fito de, com o Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
intuito de. Eu tão esquecido de minha terra...
- A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
dos articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto,
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bah-
pois, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso. ia”).
Para introduzir mais um argumento a favor de determinada Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é
conclusão emprega- muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia.
-se ainda. Os articuladores aliás, além do mais, além Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o tex-
disso, além de tudo, introduzem um argumento decisivo, to primitivo conservando suas ideias, não há mudança do
cabal, apresentado como um acréscimo, para justificar de sentido principal do texto, que é a saudade da terra natal.
forma incontestável o argumento contrário.
- Para introduzir esclarecimentos, retificações ou de- Paródia
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar
senvolvimento do que foi dito empregam-se os articu- outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas
ladores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da lín-
conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o de- gua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação,
senvolvimento do discurso, pois acrescenta uma informa- a voz do texto original é retomada para transformar seu
ção nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é pura sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas ver-
repetição e deve ser evitada. dades incontestadas anteriormente. Com esse processo
- Alguns articuladores servem para estabelecer uma há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma
gradação entre os correspondentes de determinada escala. busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo
No alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no
dessa arte. Frequentemente os discursos de políticos são
plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no mínimo. abordados de maneira cômica e contestadora, provocando
risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada
INTERTEXTUALIDADE pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado ante-
riormente, teremos, agora, uma paródia.
Intertextualidade acontece quando há uma referên-
cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também Texto Original
pode ocorrer com outras formas além do texto, música,
pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alu- Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
são à outra ocorre a intertextualidade.
As aves que aqui gorjeiam
Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o Não gorjeiam como lá.
objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
o autor do texto citado é indicado; já na forma implícita, a
indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o co- Paródia
nhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e
identificar quando há um diálogo entre os textos. A inter- Minha terra tem palmares
textualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da onde gorjeia o mar
obra citada ou contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase os passarinhos daqui
e a Paródia. não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
Paráfrase O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs-
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social
do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por
para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido
texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravi-
Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna
dão existente no Brasil.
em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):

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LÍNGUA PORTUGUESA

Diferença entre fato e opinião Opinião: As pessoas são levadas a acreditar que só po-
derão ser plenamente felizes se consumirem cada vez mais.
Distinguir “fato” de “opinião” é fundamental na hora Não percebem que a felicidade e a realização pessoal nada
de desenvolver um texto dissertativo. A dissertação é as- têm a ver com a posse material e o ter mais e mais.
sim caracterizada por apresentar a predominância da opi- Fonte:
nião. Deixar que o fato prevaleça num texto que se quer http://lingua-agem.blogspot.com.br/2011/06/fato-al-
opinativo é cometer um sério equívoco, pois isso levará à go-cuja-existencia-independe-de.html
produção de outra tipologia textual. No caso, uma narra-
ção, motivo de sobra para se eliminar o candidato. Ou seja,
trocar fato por opinião é trocar dissertação por narração. DISCURSOS
Leia atentamente os exemplos abaixo e veja que não é tão
difícil fazer essa diferenciação. Discurso é a prática humana de construir textos, sejam
Conceituação eles escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma
Fato: algo cuja existência independe de quem escreve. prática social. A análise de um discurso deve, portanto,
considerar o contexto em que se encontra, assim como as
Opinião: maneira pessoal de ver o fato. A depreensão personagens e as condições de produção do texto.
de conceitos e valores a partir de algo pré-existente, que é Em um texto narrativo, o autor pode optar por três ti-
o fato pos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o
discurso indireto livre. Não necessariamente estes três dis-
Alguns exemplos de ‘fato’ e ‘opinião’: cursos estão separados, eles podem aparecer juntos em
um texto. Dependerá de quem o produziu.
Fato: Vejamos cada um deles:
A educação brasileira patina no atraso e na defasagem,
em relação à dos países desenvolvidos. Discurso Direto: Neste tipo de discurso as persona-
gens ganham voz. É o que ocorre normalmente em diá-
Opinião: logos. Isso permite que traços da fala e da personalidade
das personagens sejam destacados e expostos no texto. O
Equacionar a problemática da educação no país é ina-
discurso direto reproduz fielmente as falas das personagens.
diável.
Verbos como dizer, falar, perguntar, entre outros, servem
para que as falas das personagens sejam introduzidas e
Fato:
elas ganhem vida, como em uma peça teatral.
Novamente, a discussão acerca da redução da maiori-
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são mui-
dade penal ocupa lugar de destaque no congresso.
to comuns durante a reprodução das falas. Ex.
“O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis
Opinião: que suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de
Como em todo tema polêmico, discutir a maioridade guaxinim do banhado!...”
penal requer, pela gama de aspectos envolvidos, sensatez e “- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
muita responsabilidade dos legisladores.
Discurso Indireto: O narrador conta a história e repro-
Fato: duz fala e reações das personagens. É escrito normalmen-
Volta à pauta de discussões da câmara a possibilidade te em terceira pessoa. Nesse caso, o narrador utiliza-se de
de se liberar a maconha. palavras suas para reproduzir aquilo que foi dito pela per-
sonagem. Ex.
Opinião: “Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de
A liberação da maconha, no Brasil, não pode ser levada Assis)
a cabo antes de se promover um amplo, objetivo e transpa- “Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e,
rente debate com toda a sociedade brasileira. pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio
e mesmo se o tivesse não poderia consultá-lo à fraca luz da
Fato: masmorra, imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barre-
O progresso célere e a qualquer custo tem levado à to)
exaustão dos recursos naturais do planeta. Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira
Opinião: pessoa e o narrador conta a história, mas as personagens
O homem moderno, sempre ávido por progresso, preci- têm voz própria, de acordo com a necessidade do autor de
sa, agora mais do que nunca, rever sua postura no tocante fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos
à maneira como lida com os recursos naturais ainda dispo- de discurso e as duas vozes se fundem. Ex.
níveis no planeta, sob pena de colocar em xeque o próprio “Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez
futuro da humanidade. com a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desani-
mado. Que pena! Houve um momento em que esteve qua-
Fato: Vive-se um momento de um crescente e irrefreável se... quase!”
consumismo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. En- Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
tretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Macha- bulário antiquado.
do) Variações regionais: São os chamados dialetos, que
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos ir- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
mãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos) em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade
FONTE: estão os sotaques, ligados às características orais da lin-
http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/ guagem.

Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
2. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E NORMA CULTA. ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
A linguagem é a característica que nos difere dos de- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião nais da área de informática, dentre outros.
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, Vejamos um poema sobre o assunto:
sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio so-
cial. Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam- Vício na fala
se os níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de Para dizerem milho dizem mio
formalidade e o de informalidade. Para melhor dizem mió
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem Para pior pió
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um Para telha dizem teia
modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mes- Para telhado dizem teiado
ma maneira que falamos. Este fator foi determinante para E vão fazendo telhados.
a que a mesma pudesse exercer total soberania sobre as Oswald de Andrade
demais.
Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia-
estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem ge- coes-linguisticas.htm
rado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez
que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve Níveis de linguagem
de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se A língua é um código de que se serve o homem para
desta forma um estigma. elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
Compondo o quadro do padrão informal da lingua- mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as funcionais:
quais representam as variações de acordo com as condi- 1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta
ções sociais, culturais, regionais e históricas em que é uti- ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem
lizada. Dentre elas destacam-se: por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons-
Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín- titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu-
gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
do tempo. Um exemplo bastante representativo é a ques- revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem
tão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo-
farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, rando na educação;
contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se 2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
fundamenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
pois, o fragmento exposto: diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.

Antigamente Norma culta:


A norma culta, forma linguística que todo povo civili-
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoisel- zado possui, é a que assegura a unidade da língua nacio-
les e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam nal. E justamente em nome dessa unidade, tão importante
anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os ja- do ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas
notas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontâ-
arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do nea e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva
balaio.” e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:
Carlos Drummond de Andrade

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LÍNGUA PORTUGUESA

Estou preocupado. (norma culta) Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Tô preocupado. (língua popular) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, dei-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) xa de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- registro de linguagem definitivamente consagrado pelo
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
normas da língua culta. dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho
O conceito de erro em língua: de sair daqui bem depressa.)
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos no seu posto.)
casos de ortografia. O que normalmente se comete são
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num As formas impeço, despeço e desimpeço, dos ver-
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele bos impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans- exemplos também de transgressões ou “erros” que se tor-
naram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque a
gride a norma culta.
maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que tem
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para se
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare- arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhista, desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada
numa praia, vestido de fraque e cartola. tem coragem de usar.
Releva considerar, assim, o momento do discurso, Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
que pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento ínti- escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
mo é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
consideradas perfeitamente normais construções do tipo: da língua popular para a língua culta”.
Eu não vi ela hoje. Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
Ninguém deixou ele falar. uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
Deixe eu ver isso!
norma culta.
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. Língua escrita e língua falada. Nível de lingua-
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. gem:

Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
falada.
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
se alteram: lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
Eu não a vi hoje. natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
Ninguém o deixou falar. mações e a evoluções.
Deixe-me ver isso! Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Eu te amo, sim, mas não abuses! tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. a língua falada com base na língua escrita, considerada
superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos-
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí- trando as características e as vantagens de uma e outra,
culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou ou inferioridade, que em verdade inexiste.
transgressões da norma culta na pena ou na boca de jor- Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
nalistas, quando no exercício do trabalho, que deve refle- língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
tir serviço à causa do ensino. de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
poética, caracterizado por construções de rara beleza. to entre uma modalidade e outra.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela- Variedades Linguísticas


borada que a língua falada, porque é a modalidade que
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser Variedades linguísticas são as variações que uma língua
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem- apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, re-
po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será gionais e históricas em que é utilizada.
possível sem a língua escrita, cujas transformações, por Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde
isso mesmo, processam-se lentamente e em número con- que cumpram com eficiência o papel fundamental de uma
sideravelmente menor, quando cotejada com a modali- língua, o de permitir a interação verbal entre as pessoas, isto
dade falada. é, a comunicação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta ou
da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo norma padrão, tem maior prestígio social. É a variedade lin-
com a situação em que se desenvolve o discurso. guística ensinada na escola, contida na maior parte dos livros
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- e revistas e também em textos científicos e didáticos, em
alguns programas de televisão, etc. As demais variedades,
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronún-
como a regional, a gíria ou calão, o jargão de grupos ou pro-
cia e até a entoação variam segundo esse nível. Um pa-
fissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol,
dre não fala com uma criança como se estivesse em uma dos metaleiros, dos surfistas), são chamadas genericamente
missa, assim como uma criança não fala como um adulto. de dialeto popular ou linguagem popular.
Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou um
mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim Propósito da Língua
como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no
recesso do lar e na sala de aula. A língua que utilizamos não transmite apenas nossas
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre ideias, transmite também um conjunto de informações sobre
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co- nós mesmos. Certas palavras e construções que empregamos
tidiano, a que já fizemos referência. acabam denunciando quem somos socialmente, ou seja, em
que região do país nascemos, qual nosso nível social e es-
colar, nossa formação e, às vezes, até nossos valores, círculo
NORMA CULTA de amizades e hobbies, como skate, rock, surfe, etc. O uso
da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa
Norma culta ou linguagem culta é uma expressão em- capacidade de nos adaptarmos e situações novas, nossa in-
pregada pelos linguistas brasileiros para designar o con- segurança, etc.
junto de variedades linguísticas efetivamente faladas, na A língua é um poderoso instrumento de ação social. Ela
vida cotidiana, pelos falantes cultos, sendo assim classifica- pode tanto facilitar quanto dificultar o nosso relacionamento
dos os cidadãos nascidos e criados em zona urbana e com com as pessoas e com a sociedade em geral.
grau de instrução superior completo.
O Instituto Camões entende que a “noção de correção Língua Culta na Escola
está [...] baseada no valor social atribuído às [...] formas [lin-
guísticas]. Ainda assim, informa que a norma-padrão do O ensino da língua culta, na escola, não tem a finalidade
português europeu é o dialeto da região que abrange Lis- de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa fa-
boa e Coimbra; refere também que se aceita no Brasil como mília ou em nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da
língua culta, somado ao domínio de outras variedades lin-
norma-padrão a fala do Rio e de São Paulo.
guísticas, torna-nos mais preparados para nos comunicarmos.
Saber usar bem uma língua equivale a saber empregá-la de
Aquisição da linguagem
modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
participamos.
Iniciamos o aprendizado da língua em casa, no conta-
to com a família, que é o primeiro círculo social para uma Graus de Formalismo
criança, imitando o que se ouve e aprendendo, aos poucos, São muitos os tipos de registro quanto ao formalismo, tais
o vocabulário e as leis combinatórias da língua. Um jovem como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o
falante também vai exercitando o aparelho fonador, ou coloquial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-
seja, a língua, os lábios, os dentes, os maxilares, as cordas se por construções gramaticais mais livres, repetições frequentes,
vocais para produzir sons que se transformam, mais tarde, frases curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza
em palavras, frases e textos. pelo uso de ortografia simplificada, construções simples e usado
Quando um falante entra em contato com outra pes- entre membros de uma mesma família ou entre amigos.
soa, na rua, na escola ou em qualquer outro local, percebe As variações de registro ocorrem de acordo com o grau
que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas que de formalismo existente na situação de comunicação; com o
falam de forma diferente por pertencerem a outras cidades modo de expressão, isto é, se trata de um registro formal
ou regiões do país, ou por terem idade diferente da nossa, ou escrito; com a sintonia entre interlocutores, que envolve
ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social. Es- aspectos como graus de cortesia, deferência, tecnicidade
sas diferenças no uso da língua constituem as variedades (domínio de um vocabulário específico de algum campo
linguísticas. científico, por exemplo).

33
LÍNGUA PORTUGUESA

Atitudes não recomendadas - implicar em – a regência é direta (sem em)


- ir de encontro a – chocar-se com
Expressões Condenáveis - ir ao encontro de – concordar com
- junto a – usar apenas quando equivale a adido ou
- a nível de, ao nível. Opção: em nível, no nível. similar
- face a, frente a. Opção: ante, diante, em face de, em - o (a, s) mesmo (a, s) – uso condenável para substituir
vista de, perante. pronomes
- onde (quando não exprime lugar). Opção: em que, na - se não, senão – quando se pode substituir por caso
qual, nas quais, no qual, nos quais. não, separado; quando se pode, junto
- (medidas) visando... Opção: (medidas) destinadas a. - todo mundo – todos
- sob um ponto de vista. Opção: de um ponto de vista. - todo o mundo – o mundo inteiro
- sob um prisma. Opção: por (ou através de) um prisma. - não-pagamento = hífen somente quando o segundo
- como sendo. Opção: suprimir a expressão. termo for substantivo
- em função de. Opção: em virtude de, por causa de, - este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a
em consequência de, por, em razão de. tempo presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se
está tratando)
Expressões não recomendadas - esse e isso – referência longe do falante e perto do
ouvinte (tempo futuro, desejo de distância; tempo passa-
- a partir de (a não ser com valor temporal). Opção: do próximo do presente, ou distante ao já mencionado e
com base em, tomando-se por base, valendo-se de... a ênfase).
- através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se- Erros Comuns
gundo...
- devido a. Opção: em razão de, em virtude de, graças - “Hoje ao receber alguns presentes no qual completo
a, por causa de. vinte anos tenho muitas novidades para contar”. Temos aí
- dito. Opção: citado, mensionado. um exemplo de uso inadequado do pronome relativo. Ele
- enquanto. Opção: ao passo que. provoca falta de coesão, pois não consegue perceber a
- fazer com que. Opção: compelir, constranger, fazer que antecedente ele se refere, portanto nada conecta e
que, forçar, levar a. produz relação absurda.
- inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). - “Tenho uma prima que trabalha num circo como má-
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. gica e uma das mágicas mais engraçadas era uma caneta
- no sentido de, com vistas a. Opção: a fim de, para, com tinta invisível que em vez de tinta havia saído suco de
com o fito (ou objetivo, ou intuito) de, com a finalidade de, lima”. Você percebe aí a incapacidade do concursando ou
tendo em vista. vestibulando organizar sintaticamente o período. Selecio-
- pois (no início da oração). Opção: já que, porque, uma nar as frases e organizar as ideias é necessário. Escrever
vez que, visto que. com clareza é muito importante.
- principalmente. Opção: especialmente, mormente, - “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, pilo-
notadamente, sobretudo, em especial, em particular. to de cart, moreno, 20 anos, com olhos cor de mel. “Tudo co-
- sendo que. Opção: e. meçou naquele baile de quinze anos”, “...é aos dezoito anos
que se começa a procurar o caminho do amanhã e encon-
Expressões que demandam atenção
trar as perspectiva que nos acompanham para sempre na
- acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se estrada da vida”. Você pode ter conhecimento do vocabu-
- aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser lário e das regras gramaticais e, assim, construir um texto
e estar, aceito sem erros. Entretanto, se você reproduz sem nenhuma crí-
- acendido, aceso (formas similares) – idem tica ou reflexão expressões gastas, vulgarizadas pelo uso
- à custa de – e não às custas de contínuo. A boa qualidade do texto fica comprometida.
- à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo - Tema: Para você, as experiências genéticas de clona-
que, conforme gem põem em xeque todos os conceitos humanos sobre
- na medida em que – tendo em vista que, uma vez que Deus e a vida? “Bem a clonagem não é tudo, mas na vida
- a meu ver – e não ao meu ver tudo tem o seu valor e os homens a todo momento neces-
- a ponto de – e não ao ponto de sitam de descobrir todos os mistérios da vida que nos cerca
- a posteriori, a priori – não tem valor temporal
a todo instante”. É importante você escrever atendendo ao
- de modo (maneira, sorte) que – e não a
- em termos de – modismo; evitar que foi proposto no tema. Antes de começar o seu texto
- em vez de – em lugar de leia atentamente todos os elementos que o examinador
- ao invés de – ao contrário de apresentou para você utilizar. Esquematize suas ideias,
- enquanto que – o que é redundância veja se não há falta de correspondência entre o tema pro-
- entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a posto e o texto criado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- “Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu - “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra
primo (...) mostrou que ele não era maligno”. Esta frase está masculina, a menos que esteja subentendida a palavra
ambígua, pois não se sabe se o pronome ele refere-se ao moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A sal-
fígado ou ao primo. Para se evitar a ambiguidade, você vo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.
deve observar se a relação entre cada palavra do seu texto - “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou implí-
está correta. cita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão)
- “Ele me tratava como uma criança, mas eu era apenas você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por
uma criança”. O conectivo mas indica uma circunstância de que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas:
oposição, de ideia contrária a. Portanto, a relação adver- Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.
- Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presenciar exi-
sativa introduzida pelo “mas” no fragmento acima produz
ge a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos
uma ideia absurda.
com a: A medida não agradou (desagradou) à população.
- “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tem- / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava
pestade sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta.
coração apaziguava as tormentas e a sensatez me mostrava / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
que só estaríamos separadas carnalmente”. Não utilize pro- - Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma coisa
vérbios ou ditos populares. Eles empobrecem a redação, a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma nor-
pois fazer parecer que seu autor não tem criatividade ao ma: É preferível lutar a morrer sem glória.
lançar mão de formas já gastas pelo uso frequente. - O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa
- “Estou sem inspiração para fazer uma redação. Es- com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do
crever sobre a situação dos sem-terra? Bem que o professor jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas
poderia propor outro tema”. Você não deve falar de sua re- denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o com-
dação dentro do próprio texto. plemento: O prefeito prometeu novas denúncias.
- “Todos os deputados são corruptos”. Evite pensamen- - Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. Veja
tos radicais. É recomendável não generalizar e evitar, assim, outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta:
posições extremistas. “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu”
- “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer essas (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso),
coisas. Olhe, acho que ele não vai concordar com a decisão “cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustra-
do), “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo”
que você tomou, quero dizer, os fatos levam você a isso, mas
(bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impe-
você sabe - todos sabem - ele pensa diferente. É bom a gente
cilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro).
pensar como vai fazer para, enfim, para ele entender a deci-
- Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os ócu-
são”. Não se esqueça que o ato de escrever é diferente do los, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus
ato de falar. O texto escrito deve se apresentar desprovido pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
de marcas de oralidade. - Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles
- “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se a bem e não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você.
mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humora- Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, man-
do (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-inten- dou-me.
cionado, mau jeito, mal-estar. - Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a
- “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto:
é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o
dias. ama.
- “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, - “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito:
também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia mui- Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se
tas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais. evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se
- “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar empregados.
e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas - “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição não
varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. /
esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças.
Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-
/ Restaram alguns objetos. / Sobravam ideias.
se com os amigos.
- Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode ser
- Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exi-
sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
gem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao
- Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se mim
cinema. / Levou os filhos ao circo.
ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.
- Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no
- “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na
sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. /
frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
Promoção implica responsabilidade.
- “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras redun- - Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai.
dâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio Use também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via
exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido. de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cida- - Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar
dãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.
escrivães, tabeliães, gângsteres. - Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a
- O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gra- concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes
túito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que
existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, sempre vibravam com a vitória.
condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo. - “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica ar-
- A última “seção” de cinema. Seção significa divisão, redondamento e não pode aparecer com números exatos:
repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, Cerca de 20 pessoas o saudaram.
função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brin- - Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz
quedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que
Congresso. seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido
- Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente
masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas.
negar, vai deixar a empresa.
Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a
- Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O certo:
alface, a cal, etc.
Tinha chegado atrasado.
- “Por isso”. Duas palavras, por isso, como de repente
e a partir de. - Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando ex-
- Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”, presso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa,
que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum ris- gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural
co. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.
nenhuma confusão. - Queria namorar “com” o colega. O com não existe:
- A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se Queria namorar o colega.
inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã. - O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá
- Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pro- entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do
nome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu muito o prestígio do
realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjun- jornal entre os (e não “junto aos”) leitores. / Era grande a
ções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / sua dívida com o (e não “junto ao”) banco. / A reclamação
Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava foi apresentada ao (e não “junto ao”) Procon.
no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se - As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina
faz, aqui se paga. / Depois o procuro. em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma
- O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos,
outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. / convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “ca- - Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome
beçário” (cabeçalho). átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do
- Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou parti-
onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, cípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? /
apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos? Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca “imporá-se”).
- “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. /
pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).
/ Muito obrigados por tudo. - Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco
- O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir.
minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a
Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha,
exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substi-
intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos deriva-
tuído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a
dos: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predis-
se, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc. (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distân-
- Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio cia) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco
louca, meio esperta, meio amiga. menos de dez dias.
- “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome - Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir o
tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de
Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui. alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.
- A questão não tem nada “haver” com você. A ques- - A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz,
tão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado
mesma forma: Tem tudo a ver com você. dizer: Deu “a luz a” gêmeos.
- A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: - Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Es-
A corrida custa 5 reais. távamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na
- Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar sala.
por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou - Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar)
emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta con- em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa
cordância: Pediu emprestadas duas malas. para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. - Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir,
Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu
contente porque ninguém se feriu. tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se
- O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer),
time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde predissermos.
por. Da mesma forma: empate por. - Ele “intermedia” a negociação. Mediar e intermediar
- À medida «em» que a epidemia se espalhava... O cer- conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a
to é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem
na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.
as leis, na medida em que elas existem. - Ninguém se “adequa”. Não existem as formas “ade-
- Não queria que “receiassem” a sua companhia. O i qua”, “adeque”, etc., mas apenas aquelas em que o acento
não existe: Não queria que receassem a sua companhia. cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.
Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só
- Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pes-
existe i quando o acento cai no e que precede a terminação
soas em que depois do “d” vêm “e” e “i”: Explode, explodi-
ear: receiem, passeias, enfeiam).
ram, etc. Portanto, não escreva nem fale “exploda” ou “ex-
- Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento.
Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e pluda”, substituindo essas formas por rebente, por exem-
vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele plo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pes-
põe, eles põem. soas. Assim, não existem as formas “precavejo”, “precavês”,
- A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda “precavém”, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”, etc.
com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito - Governo “reavê” confiança. Equivalente: Governo re-
tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos me- cupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos ca-
ses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia sos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá,
se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais- reouvesse. Por isso, não existem “reavejo”, “reavê”, etc.
que-perfeito do indicativo.) - Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas
- Não “se o” diz. É errado juntar o se com os pronomes pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quisés-
o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz semos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.
(não se diz isso), vê-se-a, etc. - O homem “possue” muitos bens. O certo: O homem
- Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos com- possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação
postos, só o último elemento varia: acordos político-par- ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue:
tidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, me- Continue, recue, atue, atenue.
didas econômico-financeiras, partidos social-democratas. - A tese “onde”... Onde só pode ser usado para lugar: A
- Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que significa casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brin-
inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a cam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele
tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo defende essa ideia. / O livro em que... / A faixa em que ele
quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é canta... / Na entrevista em que...
mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos. - Já “foi comunicado” da decisão. Uma decisão é co-
- “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige municada, mas ninguém “é comunicado” de alguma coisa.
os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão.
as contradições do texto. Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os emprega-
- Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse senti-
dos da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a
do, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favore-
decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos
ceu os jogadores.
empregados.
- Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale
- “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa
a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. /
As vítimas mesmas recorreram à polícia. transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não “inflin-
- Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode gir”) significa impor: Infligiu séria punição ao réu.
empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: - A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de
Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos re- pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confun-
uniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos da também iminente (prestes a acontecer) com eminente
servidores (e não “dos mesmos”). (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).
- Vou sair “essa” noite. É este que designa o tempo no - Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o subs-
qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a tantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar):
semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que Espero que viajem hoje. Evite também “comprimentar” al-
estou lendo), este século (o século 20). guém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cum-
- A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singu- primentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Compri-
lar sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora. do (extenso) e cumprido (concretizado).
- Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de indica - O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado
substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse
significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu. sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Comprou


uma TV em cores (não se diz TV “a” preto e branco). Da
mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores. 3. FONÉTICA E FONOLOGIA: FONEMA.
- “Causou-me” estranheza as palavras. Use o certo: ENCONTROS VOCÁLICOS E CONSONANTAIS.
Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é co- DÍGRAFOS. TONICIDADE.
mum o erro de concordância quando o verbo está antes do
sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as
obras (e não “foi iniciado” esta noite as obras).
- A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: LETRA E FONEMA
palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância.
Por isso: A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de Letra é o sinal gráfico da escrita. Exemplos: pipoca
agressões entre os funcionários foi punida (e não “foram (tem 6 letras); hoje (tem 4 letras).
punidas”).
- O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato Fonema é o menor elemento sonoro capaz de esta-
passou despercebido, não foi notado. Desapercebido sig- belecer uma distinção de significado entre palavras. Veja,
nifica desprevenido. nos exemplos, os fonemas que marcam a distinção entre
- “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja vista e os pares de palavras:
não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esfor-
ços. / Haja vista suas críticas. bar – mar tela – vela sela – sala
- A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é:
A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que Não confunda os fonemas com as letras. Fonema é um
dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova elemento acústico e a letra é um sinal gráfico que repre-
de que participou, o amigo a que se referiu, etc. senta o fonema. Nem sempre o número de fonemas de
- É hora «dele» chegar. Não se deve fazer a contração uma palavra corresponde ao número de letras que usamos
da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos para escrevê-la. Na palavra chuva, por exemplo, temos
de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo quatro fonemas, isto é, quatro unidades sonoras [xuva] e
tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido... cinco letras.
- Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo (pen- Certos fonemas podem ser representados por diferen-
sou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com tes letras. É o caso do fonema /s/, que pode ser representa-
o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. do por: s (pensar) – ss (passado) – x (trouxe) – ç (caçar) – sc
Igualmente: Isto é para o senhor (e não “para si”). (nascer) – xc (excelente) – c (cinto) – sç (desço)
- Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que defi-
nem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não “são”) 1 Às vezes, a letra “x” pode representar mais de um fone-
hora, já é meio-dia, já é meia-noite. ma, como na palavra táxi. Nesse caso, o “x” representa dois
- A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sistema sons, pois lemos “táksi”. Portanto, a palavra táxi tem quatro
métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 letras e cinco fonemas.
km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg. Em certas palavras, algumas letras não representam
- “Dado” os índices das pesquisas... A concordância é nenhum fonema, como a letra h, por exemplo, em pala-
normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resulta- vras como hora, hoje, etc., ou como as letras m e n quando
do... / Dadas as suas ideias... são usadas apenas para indicar a nasalização de uma vogal,
- Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que significa como em canto, tinta, etc.
debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se
sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Classificação dos Fonemas
Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-
se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mes- Os fonemas classificam-se em vogais, semivogais e con-
ma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás. soantes.
- “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A
meu ver, a seu ver, a nosso ver. Vogais: são fonemas resultantes das vibrações das
cordas vocais e em cuja produção a corrente de ar passa
livremente na cavidade bucal. As vogais podem ser orais
e nasais.
Orais: quando a corrente de ar passa apenas pela cavi-
dade bucal. São elas: a, é, ê, i, ó, ô, u. Exemplos: já, pé, vê,
ali, pó, dor, uva.
Nasais: quando a corrente de ar passa pela cavidade
bucal e nasal. A nasalidade pode ser indicada pelo til (~)
ou pelas letras n e m. Exemplos: mãe, venda, lindo, pomba,
nunca.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: As vogais ainda podem ser tônicas ou áto- - Hipopótamo: tem 10 letras e 9 fonemas, já que o “h”
nas, dependendo da intensidade com que são pronuncia- não tem som.
das. A vogal tônica é pronunciada com maior intensidade: - Galinha: tem 7 letras e 6 fonemas, já que o “nh” tem
café, bola, vidro. A vogal átona é pronunciada com menor um único som.
intensidade: café, bola, vidro. - Pássaro: tem 7 letras e 6 fonemas, já que o “ss” só tem
um único som.
Semivogais: são os fonemas /i/ e /u/ quando, juntos - Nascimento: 10 letras e 8 fonemas, já que não se pro-
de uma vogal, formam com ela uma mesma sílaba. Obser- nuncia o “s” e o “en” tem um único som.
ve, por exemplo, a palavra papai. Ela é formada de duas - Exceção: 7 letras e 6 fonemas, já que não tem som o
sílabas: pa-pai. Na sílaba pai, o fonema vocálico /i/ não é “x”.
tão forte quanto o fonema vocálico /a/; nesse caso, o /i/ é - Táxi: 4 letras e 5 fonemas, já que o “x” tem som de
semivogal. “ks”.
- Guitarra: 8 letras e 6 fonemas, já que o “gu” tem um
Consoantes: são os fonemas em que a corrente de ar, único som e o “rr” também tem um único som.
emitida para sua produção, teve de forçar passagem na - Queijo: 6 letras e 5 fonemas, já que o “qu” tem um
boca, onde determinado movimento articulatório lhe criou único som.
embaraço. Exemplos: gato, pena, lado.
Repare que através do exemplo a mudança de apenas
Encontro Vocálicos uma letra ou fonema gera novas palavras: C a v a l o / C a v
a d o / C a l a d o / C o l a d o / S o l a d o.
- Ditongos: é o encontro de uma vogal e uma semi-
vogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Exemplos: pai EXERCÍCIOS
(vogal + semivogal = ditongo decrescente); ginásio (semi-
vogal + vogal = ditongo crescente). 01. A palavra que apresenta tantos fonemas quantas
- Tritongos: é o encontro de uma semivogal com uma são as letras que a compõem é:
vogal e outra semivogal numa mesma sílaba. Exemplo: Pa- a) importância
raguai. b) milhares
- Hiatos: é a sequência de duas vogais numa mesma c) sequer
palavra mas que pertencem a sílabas diferentes, pois nunca d) técnica
há mais de uma vogal numa sílaba. Exemplos: saída (sa-í- e) adolescente
da), juiz (ju-iz)
02. Em qual das palavras abaixo a letra x apresenta não
Encontro Consonantais um, mas dois fonemas?
a) exemplo
Ocorre quando há um grupo de consoantes sem vogal b) complexo
intermediária. Exemplos: flor, grade, digno. c) próximos
d) executivo
Dígrafos e) luxo

Grupo de duas letras que representa apenas um fone- 03. Qual palavra possui dois dígrafos?
ma. Exemplos: passo (ss = fonema /s/), nascimento (sc = a) fechar
fonema /s/), queijo (qu = fonema /k/) b) sombra
c) ninharia
Os dígrafos podem ser consonantais e vocálicos. d) correndo
e) pêssego
- Consonantais: ch (chuva), sc (nascer), ss (osso), sç
(desça), lh (filho), xc (excelente), qu (quente), nh (vinho), rr 04. Indique a alternativa cuja sequência de vocábulos
(ferro), gu (guerra) apresenta, na mesma ordem, o seguinte: ditongo, hiato,
- Vocálicos: am, an (tampa, canto), em, en (tempo, ven- hiato, ditongo.
to), im, in (limpo, cinto), om, on (comprar, tonto), um, un a) jamais / Deus / luar / daí
(tumba, mundo) b) joias / fluir / jesuíta / fogaréu
c) ódio / saguão / leal / poeira
Atenção: nos dígrafos, as duas letras representam um d) quais / fugiu / caiu / história
só fonema; nos encontros consonantais, cada letra repre-
senta um fonema. 05. Os vocabulários passarinho e querida possuem:
a) 6 e 8 fonemas respectivamente;
Observe de acordo com os exemplos que o número b)10 e 7 fonemas respectivamente;
de letras e fonemas não precisam ter a mesma quantidade. c) 9 e 6 fonemas respectivamente;
- Chuva: tem 5 letras e 4 fonemas, já que o “ch” tem d) 8 e 6 fonemas respectivamente;
um único som. e) 7 e 6 fonemas respectivamente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. Quantos fonemas existem na palavra paralelepípe-


do:
a) 7 4. ORTOGRAFIA (DE ACORDO COM AS
b) 12 NORMAS DO ACORDO ORTOGRÁFICO
c) 11 VIGENTE): NOTAÇÕES LÉXICAS, EMPREGO
d) 14 DO SINAL INDICATIVO DE CRASE,
e) 15 ACENTUAÇÃO, EMPREGO DO HÍFEN. REGRAS
DE ACENTUAÇÃO
07. Os vocábulos pequenino e drama apresentam, res-
pectivamente:
a) 4 e 2 fonemas
b) 9 e 5 fonemas ORTOGRAFIA
c) 8 e 5 fonemas
d) 7 e 7 fonemas A ortografia é a parte da língua responsável pela gra-
e) 8 e 4 fonemas fia correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão
culto da língua.
08. O “I” não é semivogal em: As palavras podem apresentar igualdade total ou par-
a) Papai cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten-
b) Azuis do significados diferentes. Essas palavras são chamadas
c) Médio de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto,
d) Rainha do latim, significa música vocal). As palavras homônimas
e) Herói dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia
(gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo
09. Assinale a alternativa que apresenta apenas hiatos: gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, pa-
a) muito, faísca, balaústre. lácio ou passo, movimento durante o andar).
b) guerreiro, gratuito, intuito. Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-
c) fluido, fortuito, Piauí. se observar as seguintes regras:
d) tua, lua, nua.
e) n.d.a. O fonema s:
10. Em qual dos itens abaixo todas as palavras apresen- Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substan-
tam ditongo crescente: tivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel,
a) Lei, Foice, Roubo corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão /
b) Muito, Alemão, Viu ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão
c) Linguiça, História, Área / submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - im-
d) Herói, Jeito, Quilo pulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer
e) Equestre, Tênue, Ribeirão - recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir
- consensual
Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes deri-
RESPOSTAS: vados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced,
prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir
01-D (Em d, a palavra possui 7 fonemas e 7 letras. Nas - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão /
demais alternativas, tem-se: a) 10 fonemas / 11 letras; b) 7 ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
fonemas / 8 letras; c) 5 fonemas / 6 letras; e) 9 fonemas / regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
11 letras). compromisso / submeter - submissão
02-B (a palavra complexo, o x equivale ao fonema /ks/). *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
03-D (Em d, há o dígrafo “rr” e o dígrafo nasal “en”). a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
04-B (Observe os encontros: oi, u - i, u - í e eu). trico / re + surgir - ressurgir
05-D / 06-D / 07-C / 08-D / 09-D / 10-C *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
plos: ficasse, falasse

Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos


de origem árabe: cetim, açucena, açúcar
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
Juçara, caçula, cachaça, cacique
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
esperança, carapuça, dentuço

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LÍNGUA PORTUGUESA

*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / Escreve-se com CH e não com X:
deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção *as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
*após ditongos: foice, coice, traição chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r):
marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção As letras e e i:
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
O fonema z: Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
Escreve-se com S e não com Z: *os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs- escritos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, fre- verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
guesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc. - atenção para as palavras que mudam de sentido
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, meta- quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (su-
morfose. perfície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expan-
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, dir) / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
quiseste. estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
*nomes derivados de verbos com radicais terminados em
“d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portu-
/ difundir - difusão gues/ortografia
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho Questões sobre Ortografia
*após ditongos: coisa, pausa, pouso
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina com
01. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
as frases que seguem, a única correta é:
a) Ele se esqueceu de que?
Escreve-se com Z e não com S:
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distri-
*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo:
macio - maciez / rico - riqueza bui-lo entre os presentes.
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas crí-
gem não termine com s): final - finalizar / concreto - concretizar ticas.
*como consoante de ligação se o radical não terminar com d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações
s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
O fonema j:
Escreve-se com G e não com J: 02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alter-
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, gesso. nativa cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. com a norma- -padrão.
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
Observação: Exceção: pajem (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório lo-
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, li- cal.
tígio, relógio, refúgio. (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, surgir.
*depois da letra “a”, desde que não seja radical terminado 03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP –
com j: ágil, agente. 2013). Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para
informar os usuários sobre o festival Sounderground.
Escreve-se com J e não com G:
*as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. Prezado Usuário
*as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, ________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
manjerona. metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30,
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje. começa o Sounderground, festival internacional que presti-
gia os músicos que tocam em estações do metrô.
O fonema ch: Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
Escreve-se com X e não com CH: tarão e divirta-se!
*as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se
muxoxo, xucro. preencher as lacunas, correta e respectivamente, com as
*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xam- expressões
pu, lagartixa. A) A fim ...a partir ... as
*depois de ditongo: frouxo, feixe. B) A fim ...à partir ... às
*depois de “en”: enxurrada, enxoval. C) A fim ...a partir ... às
Observação: Exceção: quando a palavra de origem D) Afim ...a partir ... às
não derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) E) Afim ...à partir ... as

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LÍNGUA PORTUGUESA

04. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - RESOLUÇÃO


FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na se-
guinte frase: 1-)
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é (A) Ele se esqueceu de que? = quê?
boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passa- (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para
geiros nos aeroportos. distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
(B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontanei- (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex-
dade, mas nada que ponha em cheque sua reputação de cessivos nas críticas.
pessoa cortês. (D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi-
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do só- cações dos funcionários.
cio de descançar após o almoço sob a frondoza árvore do (E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
pátio.
(D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa má- 2-)
goa pode estar sendo o grande impecilho na superação (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = ta-
dessa sua crise. beliães
(E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
quantia, mas não quiz ser taxado de conivente na conces- = cidadãos
são de privilégios ilegítimos. (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório lo-
cal. = certidões
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = de-
escrita? graus
A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou-
pansa. 3-) Prezado Usuário
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupan- A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me-
ça. trô, a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans- o Sounderground, festival internacional que prestigia os mú-
sa. sicos que tocam em estações do metrô.
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
pansa.
tarão e divirta-se!
A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado;
06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – VU-
antes de horas: há crase
NESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas
ela cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o
4-) Fiz a correção entre parênteses:
verbo no tempo futuro.
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é
(A) Mas elas cresceram...
(B) Mas elas cresciam... boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passa-
(C) Mas elas cresçam... geiros nos aeroportos.
(D) Mas elas crescem... (B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua
(E) Mas elas crescerão... espontaneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque)
sua reputação de pessoa cortês.
07. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio
FUJB/2011) Assinale a alternativa em que a frase NÃO con- de descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza
traria a norma culta: (frondosa) árvore do pátio.
A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios, (D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência
por isso posso me queixar com razão. dessa mágoa pode estar sendo o grande impecilho (empe-
B) Sempre houveram várias formas eficazes para ultra- cilho) na superação dessa sua crise.
passarmos os infortúnios da vida. (E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes dessa alta quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de coni-
que vermos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vente na concessão de privilégios ilegítimos.
vida.
D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento, 5-)
principalmente daqueles que procuram viver com dignida- A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou-
de e simplicidade. pansa. = mendigo/caderneta/poupança
E) As dificuldades por que passamos certamente nos C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
fazem mais fortes e preparados para os infortúnios da vida. sa. = mendigo/caderneta/poupança
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
GABARITO pansa. =mendigo/depositou/caderneta/poupança

01.E 02. D 03. C 6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas
04. A 05. B 06. E 07. E elas crescerão...

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LÍNGUA PORTUGUESA

7-) Fiz as correções entre parênteses: 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-
A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infor- ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
túnios, por isso posso me queixar com razão.
B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes 10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
para ultrapassarmos os infortúnios da vida. do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, ele-
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes tro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
que vermos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte semi-hospitalar, super- -homem.
de nossa vida.
D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto so- 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo
frimento, principalmente daqueles que procuram viver com termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-on-
dignidade e simplicidade. das, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) pas-
samos certamente nos fazem mais fortes e preparados Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros
para os infortúnios da vida. termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.

HÍFEN - Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mu-


dança de linha), caso a última palavra a ser escrita seja for-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado mada por hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escre-
para ligar os elementos de palavras compostas (couve-flor, verei anti-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na
ex-presidente) e para unir pronomes átonos a verbos (ofe- linha debaixo escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas
receram-me; vê-lo-ei). as linhas).
Serve igualmente para fazer a translineação de pala-
vras, isto é, no fim de uma linha, separar uma palavra em Não se emprega o hífen:
duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
tográfica: religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
microrradiografia, etc.
1. Em palavras compostas por justaposição que formam 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
para formam um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
guarda-chuva, arco- -íris, primeiro-ministro, azul-escuro. cola, infraestrutura, etc.
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desu-
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- mano, inábil, desabilitar, etc.
menina, erva-doce, feijão-verde. 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém o segundo elemento começar com “o”: cooperação, coo-
e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casa- brigação, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir,
do, aquém- -fiar, etc. etc.
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu- de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo ta, etc.
uso: cor- -de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-
de-meia, água-de- -colônia, queima-roupa, deus-dará. 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- to, benquerer, benquerido, etc.
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Al- Questões sobre Hífen
sácia-Lorena, etc.
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- novo Acordo, está sendo usado corretamente:
per- quando associados com outro termo que é iniciado A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
por r: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. B) Ela é muito mal-educada.
C) Ele tomou um belo ponta-pé.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
ex- -presidente, vice-governador, vice-prefeito. E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.

8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: 02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. hífen:

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LÍNGUA PORTUGUESA

A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que A) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura
faria uma superalimentação. para relacionamento extraconjugal.
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. B) Era extraoficial a notícia da vinda de um extraterre-
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. no.
D) Nossos antepassados realizaram vários anteproje- C) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultrama-
tos. rinas.
E) O autodidata fez uma autoanálise. D) O anti-semita tomou um anti-biótico e vacina an-
03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego tirrábica.
do hífen, respeitando-se o novo Acordo. E) Era um suboficial de uma superpotência.
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal 10.Assinale a alternativa em que ocorre erro quanto ao
do campeonato. emprego do hífen.
C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu. A) Foi iniciada a campanha pró-leite.
D) O recém-chegado veio de além-mar. B) O ex-aluno fez a sua autodefesa.
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
C) O contrarregra comeu um contra-filé.
D) Sua vida é um verdadeiro contrassenso.
04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro
E) O meia-direita deu início ao contra-ataque.
(avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o
hífen é obrigatório:
A) em nenhuma delas. GABARITO
B) na segunda palavra.
C) na terceira palavra. 01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
D) em todas as palavras. 06. D 07. D 08. B 09. D 10. C
E) na primeira e na segunda palavra.
RESOLUÇÃO
05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __.
Qual alternativa completa corretamente as lacunas? 1-)
A) sobreumano/interregional A) autocrítica
B) sobrehumano-interregional C) pontapé
C) sobre-humano / inter-regional D) supermercado
D) sobrehumano/ inter-regional E) infravermelhos
E) sobre-humano /interegional
2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assom-
06. Suponha que você tenha que agregar o prefixo brada.
sub- às palavras que aparecem nas alternativas a seguir.
Assinale aquela que tem de ser escrita com hífen: 3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
A) (sub) chefe 4-)
B) (sub) entender a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de mo-
C) (sub) solo leque (doce)
D) (sub) reptício a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não
E) (sub) liminar apresentam elementos de ligação.
b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espé-
07.Assinale a alternativa em que todas as palavras es- cies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos,
tão grafadas corretamente:
raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação.
A) autocrítica, contramestre, extra-oficial
c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam
B) infra-assinado, infra-vermelho, infra-som
elementos de ligação.
C) semi-círculo, semi-humano, semi-internato
D) supervida, superelegante, supermoda
E) sobre-saia, mini-saia, superssaia 5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o cam-
peonato inter-regional.
08.Assinale o item em que o uso do hífen está incor- - Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
reto. - Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma
A) infraestrutura / super-homem / autoeducação letra com que se inicia a outra palavra
B) bem-vindo / antessala /contra-regra
C) contramestre / infravermelho / autoescola 6-) Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também
D) neoescolástico / ultrassom / pseudo-herói diante de palavra iniciada por r. : subchefe, subentender,
E) extraoficial / infra-hepático /semirreta subsolo, sub- -reptício (sem o hífen até a leitura da pala-
09.Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção vra será alterada; /subre/, ao invés de /sub re/), subliminar
quanto ao emprego do hífen.

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LÍNGUA PORTUGUESA

7-) Os acentos
A) autocrítica, contramestre, extraoficial
B) infra-assinado, infravermelho, infrassom acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i»,
C) semicírculo, semi-humano, semi-internato «u» e sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras
D) supervida, superelegante, supermoda = corretas representam as vogais tônicas de palavras como Amapá,
E) sobressaia, minissaia, supersaia caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além
8-) B) bem-vindo / antessala / contrarregra da tonicidade, timbre aberto.Ex.: herói – médico – céu (di-
tongos abertos)
9-) D) O antissemita tomou um antibiótico e vacina an-
tirrábica. acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.:
10-) C) O contrarregra comeu um contrafilé. tâmara – Atlântico – pêssego – supôs

acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com


ACENTUAÇÃO GRÁFICA artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles

trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi total-


A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re- mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com- em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.:
põe de algumas particularidades, às quais devemos estar mülleriano (de Müller)
atentos, procurando estabelecer uma relação de familia-
ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
linguagem escrita. gais nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a
prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas Regras fundamentais:
competências, e logo nos adequamos à forma padrão.
Palavras oxítonas:
Regras básicas – Acentuação tônica Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
A acentuação tônica implica na intensidade com que pó(s) – armazém(s)
são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
As demais, como são pronunciadas com menos intensida- guidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
de, são denominadas de átonas. Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi- guidas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – com-
cadas como: pô-lo
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel Paroxítonas:
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato - i, is : táxi – lápis – júri
– passível - us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica - l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax –
está na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tím- fórceps
pano – médico – ônibus - ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos
-- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais quê? Repare que essa palavra apresenta as terminações
de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com das paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua
uma sílaba somente: são os chamados monossílabos que, UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memo-
quando pronunciados, apresentam certa diferenciação rização!
quanto à intensidade.
Tal diferenciação só é percebida quando os pronun- -ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
ciamos em uma dada sequência de palavras. Assim como não de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei
podemos observar no exemplo a seguir:
Regras especiais:
“Sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor”. Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os de- de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
mais, como átonos (que, em, de). palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma Antes Depois


palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são apazigúe (apaziguar) apazigue
acentuados. Ex.: herói, céu, dói, escarcéu. averigúe (averiguar) averigue
Antes Agora argúi (arguir) argui
assembléia assembleia
idéia ideia Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa
geléia geleia do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo
jibóia jiboia vir)
apóia (verbo apoiar) apoia A regra prevalece também para os verbos conter, ob-
paranóico paranoico ter, reter, deter, abster.
ele contém – eles contêm
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acom- ele obtém – eles obtêm
panhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca ele retém – eles retêm
– baú – país – Luís ele convém – eles convêm

Observação importante: Não se acentuam mais as palavras homógrafas que


Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando antes eram acentuadas para diferenciá-las de outras seme-
hiato quando vierem depois de ditongo: Ex.: lhantes (regra do acento diferencial). Apenas em algumas
Antes Agora exceções, como:
bocaiúva bocaiuva A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do
feiúra feiura pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sen-
Sauípe Sauipe
do acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa
do singular do presente do indicativo). Ex:
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
Ela pode fazer isso agora.
abolido. Ex.:
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
Antes Agora
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
crêem creem
preposição por.
lêem leem
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “co-
vôo voo
locar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
enjôo enjoo
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex:
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos Faço isso por você.
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER.
Repare: Questões sobre Acentuação Gráfica
1-) O menino crê em você
Os meninos creem em você. 01. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA –
2-) Elza lê bem! VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras
Todas leem bem! são acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que
3-) Espero que ele dê o recado à sala. justificam, respectivamente, as acentuações de: década,
Esperamos que os garotos deem o recado! relógios, suíços.
4-) Rubens vê tudo! (A) flexíveis, cartório, tênis.
Eles veem tudo! (B) inferência, provável, saída.
(C) óbvio, após, países.
* Cuidado! Há o verbo vir: (D) islâmico, cenário, propôs.
Ele vem à tarde! (E) república, empresária, graúda.
Eles vêm à tarde!
02. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan- LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru Assinale a alternativa com as palavras acentuadas segundo
-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- e antropológico.
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. (A) Distúrbio e acórdão.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem (B) Máquina e jiló.
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba (C) Alvará e Vândalo.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na (D) Consciência e características.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de (E) Órgão e órfãs.
“e” ou “i” não serão mais acentuadas. Ex.:

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LÍNGUA PORTUGUESA

03. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE – RESOLUÇÃO


TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As pa-
lavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de 1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona
acordo com a mesma regra de acentuação gráfica. terminada em ditongo / suíços = regra do hiato
( ) CERTO ( ) ERRADO (A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em
ditongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida
04. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS de “s”)
GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a (B) inferência = paroxítona terminada em ditongo /
afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação. provável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do
A) tevê – pôde – vê hiato
B) únicas – histórias – saudáveis (C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após
C) indivíduo – séria – noticiários = oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
D) diário – máximo – satélite (D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona
terminada em ditongo / propôs = oxítona terminada em
05. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- “o” + “s”
PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego (E) república = proparoxítona / empresária = paroxíto-
do acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. na terminada em ditongo / graúda = regra do hiato
(...) CERTO ( ) ERRADO
2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, pri-
06. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- meiro temos que classificar as palavras do enunciado
PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” quanto à posição de sua sílaba tônica:
recebem acento gráfico com base na mesma regra de Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; An-
acentuação gráfica. tropológico = proparoxítona (todas são acentuadas). Ago-
ra, vamos à análise dos itens apresentados:
(...) CERTO ( ) ERRADO
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo;
acórdão = paroxítona terminada em “ão”
(B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada
07. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL – CES-
em “o”
GRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas mes-
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = pro-
mas regras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”,
paroxítona
respectivamente, são
(D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo;
a) trajetória, inútil, café e baú.
características = proparoxítona
b) exercício, balaústre, níveis e sofá. (E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em
c) necessário, túnel, infindáveis e só. “ão” e “ã”, respectivamente.
d) médio, nível, raízes e você.
e) éter, hífen, propôs e saída. 3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato;
calúnia = paroxítona terminada em ditongo; injúria = paro-
08. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São acen- xítona terminada em ditongo.
tuados graficamente de acordo com a mesma regra de RESPOSTA: “ERRADO”.
acentuação gráfica os vocábulos
A) também e coincidência. 4-)
B) quilômetros e tivéssemos. A) tevê – pôde – vê
C) jogá-la e incrível. Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito per-
D) Escócia e nós. feito do Indicativo) = acento diferencial (que ainda preva-
E) correspondência e três. lece após o Novo Acordo Ortográfico) para diferenciar de
“pode” – presente do Indicativo; vê = monossílaba termi-
09. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- nada em “e”
PE/2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de B) únicas – histórias – saudáveis
acordo com a mesma regra de acentuação gráfica. Únicas = proparoxítona; história = paroxítona termi-
(...) CERTO ( ) ERRADO nada em ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em
ditongo.
GABARITO C) indivíduo – séria – noticiários
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria =
01. E 02. D 03. E 04. C 05. E paroxítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona
06. C 07. D 08. B 09. E terminada em ditongo.
D) diário – máximo – satélite
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo =
proparoxítona; satélite = proparoxítona.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxíto- CRASE


na. Ambas são acentuadas pela mesma regra (antepenúlti-
ma sílaba é tônica, “mais forte”). A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”,
RESPOSTA: “ERRADO”. “mistura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à
“junção” de duas vogais idênticas. É de grande importân-
6-) Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diá- cia a crase da preposição “a” com o artigo feminino “a”
ria = paroxítona terminada em ditongo; paciência = paro- (s), com o “a” inicial dos pronomes aquele(s), aquela (s),
xítona terminada em ditongo. Os três vocábulos são acen- aquilo e com o “a” do relativo a qual (as quais). Na escri-
tuados devido à mesma regra. ta, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O
RESPOSTA: “CERTO”. uso apropriado do acento grave depende da compreensão
7-) Vamos classificar as palavras do enunciado: da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o
1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e
2-) razoável = paroxítona terminada em “l’ nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar a cra-
3-) países = regra do hiato se, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência
4-) será = oxítona terminada em “a” simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
Observe:
a) trajetória, inútil, café e baú. Vou a + a igreja.
Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil = Vou à igreja.
paroxítona terminada em “l’; café = oxítona terminada em No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição
“e” “a”, exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência
b) exercício, balaústre, níveis e sofá. do artigo “a” que está determinando o substantivo femini-
Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaús- no igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e
tre = regra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave.
s”; sofá = oxítona terminada em “a”. Observe os outros exemplos:
c) necessário, túnel, infindáveis e só. Conheço a aluna.
Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel Refiro-me à aluna.
= paroxítona terminada em “l’; infindáveis = paroxítona No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (co-
terminada em “i + s”; só = monossílaba terminada em “o”. nhecer algo ou alguém), logo não exige preposição e a
d) médio, nível, raízes e você. crase não pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é
Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = pa- transitivo indireto (referir--se a algo ou a alguém) e exige
roxítona terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será = a preposição “a”. Portanto, a crase é possível, desde que o
oxítona terminada em “a”. termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino
e) éter, hífen, propôs e saída. “a” ou um dos pronomes já especificados.
Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona
terminada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”; Casos em que a crase NÃO ocorre:
saída = regra do hiato.
- diante de substantivos masculinos:
8-) Andamos a cavalo.
A) também e coincidência. Fomos a pé.
Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência Passou a camisa a ferro.
= paroxítona terminada em ditongo Fazer o exercício a lápis.
B) quilômetros e tivéssemos. Compramos os móveis a prazo.
Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparo-
xítona - diante de verbos no infinitivo:
C) jogá-la e incrível. A criança começou a falar.
Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona termi- Ela não tem nada a dizer.
nada em “l’
D) Escócia e nós. Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos
Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá
monossílaba terminada em “o + s” crase.
E) correspondência e três.
Correspondência = paroxítona terminada em ditongo; - diante da maioria dos pronomes e das expressões
três = monossílaba terminada em “e + s” de tratamento, com exceção das formas senhora, se-
nhorita e dona:
9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monos- Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
sílaba terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em Entreguei a todos os documentos necessários.
ditongo aberto “éu”. Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de on-
RESPOSTA: “ERRADO”. tem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método: troque a palavra
feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)

- diante de numerais cardinais:


Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato.

Casos em que a crase SEMPRE ocorre:

- diante de palavras femininas:


Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.

- na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.

- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de

Crase diante de Nomes de Lugar


Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”.
A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:

Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)


Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)

*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.

- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase. Veja:


Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele A Palavra Distância


(s), Aquela (s), Aquilo
Se a palavra distância estiver especificada, determinada,
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o ter- a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância
mo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo: de 100km daqui. (A palavra está determinada)
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A
Refiro-me a + aquele atentado. palavra está especificada.)
Preposição Pronome Se a palavra distância não estiver especificada, a crase
não pode ocorrer. Por exemplo:
Refiro-me àquele atentado. Os militares ficaram a distância.
Gostava de fotografar a distância.
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
Ensinou a distância.
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige prepo-
Dizem que aquele médico cura a distância.
sição, portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Aluguei aquela casa. Reconheci o menino a distância.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não Observação: por motivo de clareza, para evitar ambigui-
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja dade, pode-se usar a crase. Veja:
outros exemplos: Gostava de fotografar à distância.
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. Ensinou à distância.
Quero agradecer àqueles que me socorreram. Dizem que aquele médico cura à distância.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz. - diante de nomes próprios femininos:
Fiz aquilo que você disse. Observação: é facultativo o uso da crase diante de no-
Comprei aquela caneta. mes próprios femininos porque é facultativo o uso do ar-
tigo. Observe:
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual
e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
pronomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possível
feminino diante de nomes próprios femininos, então pode-
detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a
substituição do termo regido feminino por um termo regido mos escrever as frases abaixo das seguintes formas:
masculino. Por exemplo: Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. berto.
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. - diante de pronome possessivo feminino:
Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
crase. Veja outros exemplos: artigo. Observe:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. por você.
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está espe-
responder nenhuma das questões. rando por você.
A sessão à qual assisti estava vazia. Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” as frases abaixo das seguintes formas:
Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a”
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
também pode ser detectada através da substituição do ter-

mo regente feminino por um termo regido masculino. Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país. - depois da preposição até:
Meu luto é ligado ao do meu país. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
As orações são semelhantes às de antes. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à por-
Os exemplos são semelhantes aos de antes. ta.
Suas perguntas são superiores às dele. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
Seus argumentos são superiores aos dele. palestra vai até às cinco horas da tarde.
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Crase A) leitura apressada e sem profundidade.


B) cada um de nós neste formigueiro.
01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as dis- C) exemplo de obras publicadas recentemente.
cussões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos ju- D) uma comunicação festiva e virtual.
rídicos ou policiais. É como se suas únicas consequências E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
estivessem em legalismos, tecnicalidades e estatísticas cri-
minais. Raro ler ____respeito envolvendo questões de saúde 05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
pública como programas de esclarecimento e prevenção, de NESP – 2013).
tratamento para dependentes e de reintegração desses____ O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP)
vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico ou também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ res-
clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa socialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará-
própria família? -lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e
17.09.2012. Adaptado) uma vida digna.
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e (Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/
respectivamente, com: qual_e_a_importancia_da_ressocializacao_de_presos. Aces-
(A) aos … à … a … a so em: 18.08.2012. Adaptado)
(B) aos … a … à … a
(C) a … a … à … à Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
(D) à … à … à … à vamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-pa-
(E) a … a … a … a drão da língua portuguesa.
A) à … à … à
B) a … a … à
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia
C) a … à … à
o texto a seguir.
D) à … à ... a
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor-
E) a … à … a
reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira
causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto-
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
deu-a por ter feito o que fez. Assinale a alternativa que completa as lacunas do trecho a
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. seguir, empregando o sinal indicativo de crase de acordo
Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6) com a norma-padrão.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos
ordem dada: espaço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar
A) à – a – a nossas instituições.
B) a – a – à (A) à … à … à
C) à – a – à (B) a … à … à
D) à – à – a (C) à … a … a
E) a – à – à (D) à … à … a
(E) a … a … à
03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU- 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
NESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua NESP – 2013-adap) O acento indicativo de crase está cor-
portuguesa, o acento indicativo de crase está corretamente retamente empregado em:
empregado em: A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
(A) A população, de um modo geral, está à espera de com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. desejos.
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repen- B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
sarem a sua postura. nos mecanismos biológicos de controle emocional.
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
punições muito mais severas. D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a alimentam a violência crescente nas cidades.
vida dos demais motoristas e de pedestres. E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento dade atinge os mais vulneráveis.
da nova lei para que ela possa funcionar.
08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não O sinal indicativo de crase está correto em:
me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
efervescente. área de biotecnologia.
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar
se o segmento grifado for substituído por: à educação dos filhos.

51
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à
instalações do prédio. punições (generalizando, palavra no plural)
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer (D) À ninguém (pronome indefinido)
detalhe que envolva a segurança das pessoas. (E) Cabe à todos (pronome indefinido)
E) É função da política é dedicar-se à todo problema
que comprometa o bem-estar do cidadão. 4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressa-
da e sem profundidade.
09. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) a cada um de nós neste formigueiro. (antes de prono-
O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é um ho- me indefinido)
mem de face corada, muito afeito ...... frases inteligentes e a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra
citações dos clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga e masculina)
sossegada, fica sentada tricotando tranquilamente, impassí- a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido)
vel ...... propensão de seu marido ...... investigar assassinatos. a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa-
(Adaptado de P.D.James, op.cit.) lavra masculina)

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na 5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional
ordem dada: (INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__
(A) à - à - a ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepa-
(B) a - à - a rá--lo para o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando
(C) à - a - à em liberdade, ele estará capacitado__a___ ter uma profissão
(D) a - à - à e uma vida digna.
(E) à - a – a - Apoio a ? Regência nominal pede preposição;
- retorno a? regência nominal pede preposição;
10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO - antes de verbo no infinitivo não há crase.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das op-
ções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente 6-) Vamos por partes!
indicado? - Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, por-
A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura. tanto: pede preposição;
B) Ninguém se referira à essa ideia antes. - quem cede, cede algo A alguém, então teremos obje-
C) Esta era à medida certa do quarto. to direto e indireto;
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. - quem se propõe, propõe-se A alguma coisa.
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. Vejamos:
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cederemos
GABARITO espaço A nenhuma ação que se proponha A prejudicar
nossas instituições.
01. B 02. A 03. A 04. A 05. D * Sujeitar A + A corrupção;
06.C 07. E 08. B 09.B 10. D * ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto
indireto. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhu-
ma” é pronome indefinido);
RESOLUÇÃO * que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no
caso, oração subordinada com função de objeto indireto.
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. Não há acento indicativo de crase porque temos um verbo
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina no infinitivo – “prejudicar”).
não há crase)
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a 7-)
vida = à) A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar en- com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
caminhar um drogado da nossa própria família? (antes de desejos. (antes de verbo no infinitivo não há crase)
pronome indefinido/relativo) B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
nos mecanismos biológicos de controle emocional. (se
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la so- o “a” está no singular e antecede palavra no plural, não há
bre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos crase)
que _a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
confiança (objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por (artigo indefinido)
ter feito o que fez. D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunida-
3-) de alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá masculina)
para substituir por “esperando”) de que E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repen- dade atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nomi-
sarem (antes de verbo) nal: desfavorável a?)

52
LÍNGUA PORTUGUESA

8-) Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo.


A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na Existem palavras que não comportam divisão em unidades
área de biotecnologia. (artigo indefinido) menores, tais como: mar, sol, lua, etc. São elementos mór-
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à ficos:
educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a ) - Raiz, Radical, Tema: elementos básicos e significati-
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as vos
instalações do prédio. (verbo no infinitivo) - Afixos (Prefixos, Sufixos), Desinência, Vogal Temá-
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer tica: elementos modificadores da significação dos primeiros
detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome - Vogal de Ligação, Consoante de Ligação: elementos
indefinido) de ligação ou eufônicos.
E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido) Raiz: É o elemento originário e irredutível em que se
concentra a significação das palavras, consideradas do ân-
9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no gulo histórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum
singular e “frases”, no plural) às palavras da mesma família etimológica. Exemplo: Raiz
Impassível à propensão (regência nominal: pede pre- noc [Latim nocere = prejudicar] tem a significação geral de
posição) causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum, as
A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acento palavras nocivo, nocividade, inocente, inocentar, inócuo, etc.
indicativo de crase)
Sequência: a / à / a. Uma raiz pode sofrer alterações: at-o; at-or; at-ivo; aç
-ão; ac-ionar;
10-)
A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e Radical:
substantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia)
B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes Observe o seguinte grupo de palavras: livr-o; livr-inho;
de pronome demonstrativo) livr-eiro; livr-eco. Você reparou que há um elemento comum
C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo nesse grupo? Você reparou que o elemento livr serve de
e substantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: base para o significado? Esse elemento é chamado de ra-
À medida que lia, mais aprendia)
dical (ou semantema). Elemento básico e significativo das
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advér-
palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. É
bio de modo = apressadamente)
encontrado através do despojo dos elementos secundários
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = pa-
(quando houver) da palavra. Exemplo: cert-o; cert-eza; in-
lavra masculina
cert-eza.

Afixos: são elementos secundários (geralmente sem


5. MORFOLOGIA: ESTRUTURA DAS vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para
PALAVRAS. FORMAÇÃO DE PALAVRAS. formar palavras derivadas. Sabemos que o acréscimo do
PALAVRA E MORFEMA. DERIVAÇÃO E morfema “-mente”, por exemplo, cria uma nova palavra a
partir de “certo”: certamente, advérbio de modo. De ma-
COMPOSIÇÃO. CLASSES DE PALAVRAS
neira semelhante, o acréscimo dos morfemas “a-” e “-ar” à
E CATEGORIAS GRAMATICAIS: forma “cert-” cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar são
RECONHECIMENTO, VALORES E EMPREGO. morfemas capazes de operar mudança de classe gramatical
na palavra a que são anexados.
Quando são colocados antes do radical, como acontece
com “a-”, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando,
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS como “-ar”, surgem depois do radical, os afixos são cha-
mados de sufixos. Exemplo: in-at-ivo; em-pobr-ecer; inter-
Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores nacion-al.
das palavras. Assim, compreendemos melhor o significado
de cada uma delas. As palavras podem ser divididas em uni-
Desinências: são os elementos terminais indicativos das
dades menores, a que damos o nome de elementos mórfi-
flexões das palavras. Existem dois tipos:
cos ou morfemas.
- Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero
Vamos analisar a palavra “cachorrinhas”. Nessa palavra
(masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos
observamos facilmente a existência de quatro elementos.
nomes. Exemplos: aluno-o / aluno-s; alun-a / aluna-s. Só
São eles:
cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, podemos falar em desinências nominais de gêneros e de
aquele que contém o significado. números em palavras que admitem tais flexões, como nos
inh - indica que a palavra é um diminutivo exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo, telefonema,
a - indica que a palavra é feminina por exemplo, não temos desinência nominal de gênero. Já
s - indica que a palavra se encontra no plural em pires, lápis, ônibus não temos desinência nominal de
número.

53
LÍNGUA PORTUGUESA

- Desinências Verbais: indicam as flexões de número A derivação sufixal pode ser:


e pessoa e de modo e tempo dos verbos. A desinência Nominal, formando substantivos e adjetivos: papel –
“-o”, presente em “am-o”, é uma desinência número pes- papelaria; riso – risonho.
soal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do Verbal, formando verbos: atual - atualizar.
singular; “-va”, de “ama-va”, é desinência modo-temporal: Adverbial, formando advérbios de modo: feliz – feliz-
caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do in- mente.
dicativo, na 1ª conjugação.
- Derivação Parassintética ou Parassíntese: Ocorre
Vogal Temática: é a vogal que se junta ao radical, pre- quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâ-
parando-o para receber as desinências. Nos verbos, distin- neo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Por meio da
guem-se três vogais temáticas: parassíntese formam-se nomes (substantivos e adjetivos)
- Caracteriza os verbos da 1ª conjugação: buscar, bus- e verbos. Considere o adjetivo “triste”. Do radical “trist-”
cavas, etc. formamos o verbo entristecer através da junção simultâ-
- Caracteriza os verbos da 2ª conjugação: romper, rom- nea do prefixo  “en-” e do sufixo “-ecer”. A presença de
pemos, etc. apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma
- Caracteriza os verbos da 3ª conjugação: proibir, proi- nova palavra, pois em nossa língua não existem as palavras
birá, etc. “entriste”, nem “tristecer”. Exemplos:
emudecer
Tema: é o grupo formado pelo radical mais vogal te- mudo – palavra inicial
mática. Nos verbos citados acima, os temas são: busca-, e – prefixo
rompe-, proibi- mud – radical
ecer – sufixo
Vogais e Consoantes de Ligação: As vogais e con-
soantes de ligação são morfemas que surgem por motivos desalmado
eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a alma – palavra inicial
pronúncia de uma determinada palavra. Exemplos: pari- des – prefixo
siense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i); gas alm – radical
-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, ado – sufixo
cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.
Não devemos confundir derivação parassintética, em
Formação das Palavras: existem dois processos bá- que o acréscimo de sufixo e de prefixo é obrigatoriamente
sicos pelos quais se formam as palavras: a Derivação e a simultâneo, com casos como os das palavras desvaloriza-
Composição. A diferença entre ambos consiste basica- ção e desigualdade. Nessas palavras, os afixos são acopla-
mente em que, no processo de derivação, partimos sempre dos em sequência: desvalorização provém de desvalorizar,
de um único radical, enquanto no processo de composição que provém de valorizar, que por sua vez provém de valor.
sempre haverá mais de um radical. É impossível fazer o mesmo com palavras formadas
por parassíntese: não se pode dizer que expropriar provém
Derivação: é o processo pelo qual se obtém uma pa- de “propriar” ou de “expróprio”, pois tais palavras não exis-
lavra nova, chamada derivada, a partir de outra já existente, tem. Logo, expropriar provém diretamente de próprio, pelo
chamada primitiva. Exemplo: Mar (marítimo, marinheiro, acréscimo concomitante de prefixo e sufixo.
marujo); terra (enterrar, terreiro, aterrar). Observamos que - Derivação Regressiva: ocorre derivação regressiva
«mar» e «terra» não se formam de nenhuma outra palavra, quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas
mas, ao contrário, possibilitam a formação de outras, por por redução: comprar (verbo), compra (substantivo); beijar
meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. Logo, mar e (verbo), beijo (substantivo).
terra são palavras primitivas, e as demais, derivadas. 
Para descobrirmos se um substantivo deriva de um
Tipos de Derivação verbo ou se ocorre o contrário, podemos seguir a seguinte
orientação:
- Derivação Prefixal ou Prefixação: resulta do acrés- - Se o substantivo denota ação, será palavra derivada,
cimo de prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significa- e o verbo palavra primitiva.
do alterado: crer- descrer; ler- reler; capaz- incapaz. - Se o nome denota algum objeto ou substância, veri-
- Derivação Sufixal ou Sufixação: resulta de acrésci- fica-se o contrário.
mo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo in-
de significado ou mudança de classe gramatical: alfabetiza- dicam ações, logo, são palavras derivadas. O mesmo não
ção. No exemplo, o sufixo -ção transforma em substantivo ocorre, porém, com a palavra âncora, que é um objeto.
o verbo alfabetizar. Este, por sua vez, já é derivado do subs- Neste caso, um substantivo primitivo que dá origem ao
tantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -izar. verbo ancorar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Por derivação regressiva, formam-se basicamente - Redução: algumas palavras apresentam, ao lado de
substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem o nome sua forma plena, uma forma reduzida. Observe: auto - por
de substantivos deverbais. Note que na linguagem popu- automóvel; cine - por cinema; micro - por microcomputa-
lar, são frequentes os exemplos de palavras formadas por dor; Zé - por José. Como exemplo de redução ou simpli-
derivação regressiva. o portuga (de português); o boteco ficação de palavras, podem ser citadas também as siglas,
(de botequim); o comuna (de comunista); agito (de agitar); muito frequentes na comunicação atual.
amasso (de amassar); chego (de chegar)
- Hibridismo: ocorre hibridismo na palavra em cuja
O processo normal é criar um verbo a partir de um formação entram elementos de línguas diferentes: auto
substantivo. Na derivação regressiva, a língua procede em (grego) + móvel (latim).
sentido inverso: forma o substantivo a partir do verbo.
- Onomatopeia: numerosas palavras devem sua ori-
- Derivação Imprópria: A derivação imprópria ocorre gem a uma tendência constante da fala humana para imi-
quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acrésci- tar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopeias são
mo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical. vocábulos que reproduzem aproximadamente os sons e as
Neste processo: vozes dos seres: miau, zumzum, piar, tinir, urrar, chocalhar,
Os adjetivos passam a substantivos: Os bons serão cocoricar, etc.
contemplados.
Os particípios passam a substantivos ou adjetivos: Prefixos: os prefixos são morfemas que se colocam
Aquele garoto alcançou um feito passando no concurso. antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes o
Os infinitivos passam a substantivos: O andar de Ro- sentido; raramente esses morfemas produzem mudança de
berta era fascinante; O badalar dos sinos soou na cidade- classe gramatical. Os prefixos ocorrentes em palavras por-
zinha. tuguesas se originam do latim e do grego, línguas em que
Os substantivos passam a adjetivos: O funcionário fan- funcionavam como preposições ou advérbios, logo, como
tasma foi despedido; O menino prodígio resolveu o pro- vocábulos autônomos.  Alguns prefixos foram pouco ou
blema. nada produtivos em português. Outros, por sua vez, tive-
Os adjetivos passam a advérbios: Falei baixo para que ram grande vitalidade na formação de novas palavras: a- ,
contra- , des- , em-  (ou en-) , es- , entre- re- , sub- , super- ,
ninguém escutasse.
anti-.
Palavras invariáveis passam a substantivos: Não enten-
do o porquê disso tudo.
Prefixos de Origem Grega
Substantivos próprios tornam-se comuns: Aquele
coordenador é um caxias! (chefe severo e exigente)
a-, an-: afastamento, privação, negação, insuficiência,
carência: anônimo, amoral, ateu, afônico.
Os processos de derivação vistos anteriormente fazem
ana-: inversão, mudança, repetição: analogia, análise,
parte da Morfologia porque implicam alterações na forma
anagrama, anacrônico.
das palavras. No entanto, a derivação imprópria lida basi- anfi-: em redor, em torno, de um e outro lado, duplici-
camente com seu significado, o que acaba caracterizando dade: anfiteatro, anfíbio, anfibologia.
um processo semântico. Por essa razão, entendemos o mo- anti-: oposição, ação contrária: antídoto, antipatia, an-
tivo pelo qual é denominada “imprópria”. tagonista, antítese.
apo-: afastamento, separação: apoteose, apóstolo,
Composição: é o processo que forma palavras com- apocalipse, apologia.
postas, a partir da junção de dois ou mais radicais. Existem arqui-, arce-: superioridade hierárquica, primazia, ex-
dois tipos: cesso: arquiduque, arquétipo, arcebispo, arquimilionário.
cata-: movimento de cima para baixo: cataplasma, ca-
- Composição por Justaposição: ao juntarmos duas tálogo, catarata.
ou mais palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética: di-:  duplicidade: dissílabo, ditongo, dilema.
passatempo, quinta-feira, girassol, couve-flor. Em «giras- dia-: movimento através de, afastamento: diálogo, dia-
sol» houve uma alteração na grafia (acréscimo de um «s») gonal, diafragma, diagrama.
justamente para manter inalterada a sonoridade da palavra. dis-: dificuldade, privação: dispneia, disenteria, dispep-
sia, disfasia.
- Composição por Aglutinação: ao unirmos dois ou ec-, ex-, exo-, ecto-: movimento para fora: eclipse,
mais vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um ou êxodo, ectoderma, exorcismo.
mais de seus elementos fonéticos: embora (em boa hora); en-, em-, e-:  posição interior, movimento para dentro:
fidalgo (filho de algo - referindo-se a família nobre); hi- encéfalo, embrião, elipse, entusiasmo.
drelétrico (hidro + elétrico); planalto (plano alto). Ao agluti- endo-: movimento para dentro: endovenoso, endocar-
narem-se, os componentes subordinam-se a um só acento po, endosmose.
tônico, o do último componente. epi-: posição superior, movimento para: epiderme, epí-
logo, epidemia, epitáfio.

55
LÍNGUA PORTUGUESA

eu-: excelência, perfeição, bondade: eufemismo, eufo- inter-, entre-: posição intermediária: internacional, in-
ria, eucaristia, eufonia. terplanetário.
hemi-: metade, meio: hemisfério, hemistíquio, hemi- intra-: posição interior: intramuscular, intravenoso, in-
plégico. traverbal.
hiper-: posição superior, excesso: hipertensão, hipér- intro-: movimento para dentro: introduzir, introverti-
bole, hipertrofia. do, introspectivo.
hipo-: posição inferior, escassez: hipocrisia, hipótese, justa-: posição ao lado: justapor, justalinear.
hipodérmico. ob-, o-: posição em frente, oposição: obstruir, ofuscar,
meta-: mudança, sucessão: metamorfose, metáfora, ocupar, obstáculo.
metacarpo. per-: movimento através: percorrer, perplexo, perfurar,
para-: proximidade, semelhança, intensidade: paralelo, perverter.
parasita, paradoxo, paradigma. pos-: posterioridade: pospor, posterior, pós-graduado.
peri-: movimento ou posição em torno de: periferia, pre-: anterioridade: prefácio, prever, prefixo, prelimi-
peripécia, período, periscópio. nar.
pro-: posição em frente, anterioridade: prólogo, prog- pro-: movimento para frente: progresso, promover,
nóstico, profeta, programa. prosseguir, projeção.
pros-: adjunção, em adição a: prosélito, prosódia. re-: repetição, reciprocidade: rever, reduzir, rebater,
proto-: início, começo, anterioridade: proto-história, reatar.
protótipo, protomártir. retro-: movimento para trás: retrospectiva, retrocesso,
poli-: multiplicidade: polissílabo, polissíndeto, politeís- retroagir, retrógrado.
mo. so-, sob-, sub-, su-: movimento de baixo para cima,
sin-, sim-: simultaneidade, companhia: síntese, sinfo- inferioridade: soterrar, sobpor, subestimar.
nia, simpatia, sinopse. super-, supra-, sobre-: posição superior, excesso: su-
tele-: distância, afastamento: televisão, telepatia, telé- percílio, supérfluo.
grafo. soto-, sota-: posição inferior: soto-mestre, sota-voga,
soto-pôr.
Prefixos de Origem Latina trans-, tras-, tres-, tra-: movimento para além, movi-
mento através: transatlântico, tresnoitar, tradição.
a-, ab-, abs-: afastamento, separação: aversão, abuso, ultra-: posição além do limite, excesso: ultrapassar, ul-
abstinência, abstração. trarromantismo, ultrassom, ultraleve, ultravioleta.
a-, ad-: aproximação, movimento para junto: adjun- vice-, vis-: em lugar de: vice-presidente, visconde, vi-
to,advogado, advir, aposto. ce-almirante.
ante-: anterioridade, procedência: antebraço, antessa-
la, anteontem, antever. Sufixos: são elementos (isoladamente insignificativos)
ambi-: duplicidade: ambidestro, ambiente, ambiguida- que, acrescentados a um radical, formam nova palavra. Sua
de, ambivalente. principal característica é a mudança de classe gramatical
ben(e)-, bem-: bem, excelência de fato ou ação: bene- que geralmente opera. Dessa forma, podemos utilizar o
fício, bendito. significado de um verbo num contexto em que se deve
bis-, bi-:  repetição, duas vezes: bisneto, bimestral, bi- usar um substantivo, por exemplo. Como o sufixo é coloca-
savô, biscoito. do depois do radical, a ele são incorporadas as desinências
circu(m)-: movimento em torno: circunferência, cir- que indicam as flexões das palavras variáveis. Existem dois
cunscrito, circulação. grupos de sufixos formadores de substantivos extrema-
cis-: posição aquém: cisalpino, cisplatino, cisandino. mente importantes para o funcionamento da língua. São
co-, con-, com-: companhia, concomitância: colégio, os que formam nomes de ação e os que formam nomes
cooperativa, condutor. de agente.
contra-: oposição: contrapeso, contrapor, contradizer.
de-: movimento de cima para baixo, separação, nega- Sufixos que formam nomes de ação: -ada – caminha-
ção: decapitar, decair, depor. da; -ança – mudança; -ância – abundância; -ção – emoção;
de(s)-, di(s)-: negação, ação contrária, separação: des- -dão – solidão; -ença – presença; -ez(a) – sensatez, beleza;
ventura, discórdia, discussão. -ismo – civismo; -mento – casamento; -são – compreen-
e-, es-, ex-: movimento para fora: excêntrico, evasão, são; -tude – amplitude; -ura – formatura.
exportação, expelir.
en-, em-, in-: movimento para dentro, passagem para Sufixos que formam nomes de agente: -ário(a) – se-
um estado ou forma, revestimento: imergir, enterrar, em- cretário; -eiro(a) – ferreiro; -ista – manobrista; -or – luta-
beber, injetar, importar. dor; -nte – feirante.
extra-: posição exterior, excesso: extradição, extraordi-
nário, extraviar. Sufixos que formam nomes de lugar, depositório:
i-, in-, im-: sentido contrário, privação, negação: ilegal, -aria – churrascaria; -ário – herbanário; -eiro – açucareiro;
impossível, improdutivo. -or – corredor; -tério – cemitério; -tório – dormitório.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Sufixos que formam nomes indicadores de abun- Sufixos Verbais: Os sufixos verbais agregam-se, via
dância, aglomeração, coleção: -aço – ricaço; -ada – pa- de regra, ao radical de substantivos e adjetivos para for-
pelada; -agem – folhagem; -al – capinzal; -ame – gentame; mar novos verbos. Em geral, os verbos novos da língua
-ario(a) - casario, infantaria; -edo – arvoredo; -eria – cor- formam-se pelo acréscimo da terminação-ar. Exemplos:
reria; -io – mulherio; -ume – negrume. esqui-ar; radiograf-ar; (a)doç-ar; nivel-ar; (a)fin-ar; tele-
fon-ar; (a)portugues-ar.
Sufixos que formam nomes técnicos usados na ciên-
cia: Os verbos exprimem, entre outras ideias, a prática de
-ite - bronquite, hepatite (inflamação), amotite (fós- ação.
seis). -ar: cruzar, analisar, limpar
-oma - mioma, epitelioma, carcinoma (tumores). -ear: guerrear, golear
-ato, eto, Ito - sulfato, cloreto, sulfito (sais), granito -entar: afugentar, amamentar
(pedra). -ficar: dignificar, liquidificar
-ina - cafeína, codeína (alcaloides, álcalis artificiais). -izar: finalizar, organizar
-ol - fenol, naftol (derivado de hidrocarboneto).
-ema - morfema, fonema, semema, semantema (ciên- Verbo Frequentativo: é aquele que traduz ação re-
cia linguística). petida.
-io - sódio, potássio, selênio (corpos simples) Verbo Factitivo: é aquele que envolve ideia de fazer
ou causar.
Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas fi- Verbo Diminutivo: é aquele que exprime ação pou-
losóficas, sistemas políticos: - ismo: budismo, kantismo, co intensa.
comunismo.
Exercícios
Sufixos Formadores de Adjetivos
01. Assinale a opção em que todas as palavras se for-
- de substantivos: -aco – maníaco; -ado – barbado; mam pelo mesmo processo:
-áceo(a) - herbáceo, liláceas; -aico – prosaico; -al – anual; a) ajoelhar / antebraço / assinatura
-ar – escolar; -ário - diário, ordinário; -ático – problemá- b) atraso / embarque / pesca
tico; -az – mordaz; -engo – mulherengo; -ento – cruento;
c) o jota / o sim / o tropeço
-eo – róseo; -esco – pitoresco; -este – agreste; -estre –
d) entrega / estupidez / sobreviver
terrestre; -enho – ferrenho; -eno – terreno; -ício – ali-
e) antepor / exportação / sanguessuga
mentício; -ico – geométrico; -il – febril; -ino – cristalino;
-ivo – lucrativo; -onho – tristonho; -oso – bondoso; -udo
02. A palavra “aguardente” formou-se por:
– barrigudo.
a) hibridismo
b) aglutinação
- de verbos:
c) justaposição
-(a)(e)(i)nte: ação, qualidade, estado – semelhante,
doente, seguinte. d) parassíntese
-(á)(í)vel: possibilidade de praticar ou sofrer uma ação e) derivação regressiva
– louvável, perecível, punível.
-io, -(t)ivo: ação referência, modo de ser – tardio, afir- 03. Que item contém somente palavras formadas por
mativo, pensativo. justaposição?
-(d)iço, -(t)ício: possibilidade de praticar ou sofrer uma a) desagradável – complemente
ação, referência – movediço, quebradiço, factício. b) vaga-lume - pé-de-cabra
-(d)ouro,-(t)ório: ação, pertinência – casadouro, prepa- c) encruzilhada – estremeceu
ratório. d) supersticiosa – valiosas
e) desatarraxou – estremeceu
Sufixos Adverbiais: Na Língua Portuguesa, existe ape-
nas um único sufixo adverbial: É o sufixo “-mente”, derivado 04. “Sarampo” é:
do substantivo feminino latino mens, mentis que pode sig- a) forma primitiva
nificar “a mente, o espírito, o intento”.Este sufixo juntou-se b) formado por derivação parassintética
a adjetivos, na forma feminina, para indicar circunstâncias, c) formado por derivação regressiva
especialmente a de modo. Exemplos: altiva-mente, bra- d) formado por derivação imprópria
va-mente, bondosa-mente, nervosa-mente, fraca-mente, e) formado por onomatopéia
pia-mente. Já os advérbios que se derivam de adjetivos ter-
minados em –ês (burgues-mente, portugues-mente, etc.) 05. Numere as palavras da primeira coluna conforme
não seguem esta regra, pois esses adjetivos eram outrora os processos de formação numerados à direita. Em segui-
uniformes. Exemplos: cabrito montês / cabrita montês. da, marque a alternativa que corresponde à sequência nu-
mérica encontrada:

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LÍNGUA PORTUGUESA

( ) aguardente     1) justaposição CLASSES DE PALAVRAS


( ) casamento     2) aglutinação
( ) portuário         3) parassíntese Adjetivo
( ) pontapé         4) derivação sufixal
( ) os contras     5) derivação imprópria Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
( ) submarino     6) derivação prefixal característica do ser e se relaciona com o substantivo.
( ) hipótese Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per-
cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode
a) 1, 4, 3, 2, 5, 6, 1 ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso,
b) 4, 1, 4, 1, 5, 3, 6 moça bondosa, pessoa bondosa.
c) 1, 4, 4, 1, 5, 6, 6 Já com a palavra bondade, embora expresse uma qua-
d) 2, 3, 4, 1, 5, 3, 6 lidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: ho-
e) 2, 4, 4, 1, 5, 3, 6
mem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade,
portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
06. Indique a palavra que foge ao processo de forma-
ção de chapechape:
a) zunzum Morfossintaxe do Adjetivo:
b) reco-reco
c) toque-toque O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
d) tlim-tlim dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
e) vivido como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
ou do objeto).
07. Em que alternativa a palavra sublinhada resulta de
derivação imprópria? Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
a) Às sete horas da manhã começou o trabalho princi-
pal: a votação. Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Ob-
b) Pereirinha estava mesmo com a razão. Sigilo... Voto serve alguns deles:
secreto... Bobagens, bobagens!
c) Sem radical reforma da lei eleitoral, as eleições con- Estados e cidades brasileiros:
tinuariam sendo uma farsa! Alagoas alagoano
d) Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se en- Amapá amapaense
tenderam. Aracaju aracajuano ou aracajuense
e) Dr. Osmírio andaria desorientado, senão bufando Amazonas amazonense ou baré
de raiva. Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
08. Assinale a série de palavras em que todas são for- Cabo Frio cabo-friense
madas por parassíntese: Campinas campineiro ou campinense
a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer
b) solução, passional, corrupção, visionário Adjetivo Pátrio Composto
c) enrijecer, deslealdade, tortura, vidente
d) biografia, macróbio, bibliografia, asteróide
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
e) acromatismo, hidrogênio, litografar, idiotismo
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru-
09. As palavras couve-flor, planalto e aguardente são dita. Observe alguns exemplos:
formadas por: África afro- / Cultura afro-americana
a) derivação Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
b) onomatopeia América américo- / Companhia américo-africana
c) hibridismo Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
d) composição China sino- / Acordos sino-japoneses
e) prefixação Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
10. Assinale a alternativa em que uma das palavras não França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
é formada por prefixação: Grécia greco- / Filmes greco-romanos
a) readquirir, predestinado, propor Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
b) irregular, amoral, demover Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
c) remeter, conter, antegozar Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
d) irrestrito, antípoda, prever Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
e) dever, deter, antever
Flexão dos adjetivos
Respostas: 1-B / 2-B / 3-B / 4-C / 5-E / 6-E / 7-D / 8-A
/ 9-D / 10-E / O adjetivo varia em gênero, número e grau.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Gênero dos Adjetivos Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-


quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se invariáveis.
referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos - Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha
substantivos, classificam-se em: têm os dois elementos flexionados.
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas-
culino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, Grau do Adjetivo
mau e má, judeu e judia.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe- Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten-
minino somente o último elemento. Por exemplo: o moço sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
norte-americano, a moça norte-americana. o comparativo e o superlativo.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
Comparativo
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
feliz. buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi-
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe
político-social. os exemplos abaixo:
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
Número dos Adjetivos No comparativo de igualdade, o segundo termo da
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
Plural dos adjetivos simples quão.

Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos rioridade Analítico
substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli- No comparativo de superioridade analítico, entre os
zes, ruim e ruins boa e boas dois substantivos comparados, um tem qualidade supe-
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça que” ou “mais...que”.
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: rioridade Sintético
a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se
estiver qualificando um elemento, funcionará como adje- Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su-
tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles:
cinza. bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior,
Veja outros exemplos: grande/maior, baixo/inferior.
Motos vinho (mas: motos verdes) Observe que:
Paredes musgo (mas: paredes brancas). a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
pectivamente.
Adjetivo Composto b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais gran-
o último elemento concorda com o substantivo a que se de e mais pequeno. Por exemplo:
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja mentos.
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto fica- Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
rá invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente duas qualidades de um mesmo elemento.
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um ferioridade
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará Sou menos passivo (do) que tolerante.
invariável. Por exemplo:
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Superlativo O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no


sentido de caracterizar os processos expressos por ele.
O superlativo expressa qualidades num grau muito ele- Contudo, ele não é modificador exclusivo desta classe
vado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser ab- (verbos), pois também modifica o adjetivo e até outro
soluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: advérbio. Seguem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto,
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade você está até bem informado.
de um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Temos o advérbio “distantemente” que modifica o
Apresenta-se nas formas: adjetivo alheio, representando uma qualidade, caracte-
rística.
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pa-
lavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exem- O artista canta muito mal.
plo: O secretário é muito inteligente.
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” mo-
Sintética: a intensificação se faz por meio do acrésci-
difica outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os
mo de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
exemplos pudemos verificar que se tratava de somente
uma palavra funcionando como advérbio. No entanto,
Observe alguns superlativos sintéticos:
benéfico beneficentíssimo ele pode estar demarcado por mais de uma palavra, que
bom boníssimo ou ótimo mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Temos
comum comuníssimo aí o que chamamos de locução adverbial, representada
cruel crudelíssimo por algumas expressões, tais como: às vezes, sem dúvida,
difícil dificílimo frente a frente, de modo algum, entre outras.
doce dulcíssimo Dependendo das circunstâncias expressas pelos ad-
fácil facílimo vérbios, eles se classificam em distintas categorias, uma
fiel fidelíssimo vez expressas por:

Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às
um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondi-
Essa relação pode ser: das, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira,
em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. vão, e a maior parte dos que terminam em -”mente”: cal-
mamente, tristemente, propositadamente, pacientemente,
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosa-
mente, generosamente
Note bem:
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quan-
etc., antepostos ao adjetivo. to, quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo,
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob quase, de todo, de muito, por completo.
duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular,
de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já,
forma popular é constituída do radical do adjetivo portu-
enfim, afinal, breve, constantemente, entrementes, ime-
guês + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, preca- diatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
riíssimo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente,
as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o de vez em quando, de quando em quando, a qualquer
desagradável hiato i-í. momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia

Advérbio de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,


atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí,
O advérbio, assim como muitas outras palavras exis- abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhu-
tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. res, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, ex-
Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica ternamente, a distância, à distancia de, de longe, de perto,
a ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta
faz referência ao processo verbal, no sentido de caracte-
rizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em que esse de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
processo se desenvolve. de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum

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LÍNGUA PORTUGUESA

de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel- Combinação dos Artigos


mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
É muito presente a combinação dos artigos definidos
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe- e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por
tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi- essas combinações:
tavelmente (=sem dúvida).
Preposições Artigos
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- o, os
mente, simplesmente, só, unicamente a ao, aos
de do, dos
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também em no, nos
por (per) pelo, pelos
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente a, as um, uns uma, umas
à, às - -
de designação: Eis da, das dum, duns duma, dumas
na, nas num, nuns numa, numas
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan- pela, pelas - -
do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade),
para quê? (finalidade) - As formas à e às indicam a fusão da preposição a com
o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhe-
Locução adverbial cida por crase.

É reunião de duas ou mais palavras com valor de advér- Constatemos as circunstância


bio. Exemplo: os em que os artigos se manifestam:
Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar
Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres- das olimpíadas.
pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
apressadamente. - Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza,
modo são flexionados, sendo que os demais são todos in- A Bahia...
variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na - Quando indicado no singular, o artigo definido pode
categoria dos advérbios é a de grau: indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.

Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe - No caso de nomes próprios personativos, denotando
- longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
inconstitucionalissimamente, etc.; do artigo: O Pedro é o xodó da família.

Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - - No caso de os nomes próprios personativos estarem
pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho. no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas...
Artigo
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o
indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
gênero e o número dos substantivos. Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
(qualquer classe)
Classificação dos Artigos
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
Artigos Definidos: determinam os substantivos de ma- cultativo:
neira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal. Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.

Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de - A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter
um animal. é uns vinte anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- O artigo também é usado para substantivar palavras Morfossintaxe da Conjunção


oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de
tudo isso. As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
lativo cujo (e flexões). Classificação
Este é o homem cujo amigo desapareceu. - Conjunções Coordenativas
Este é o autor cuja obra conheço. - Conjunções Subordinativas
- Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), Conjunções coordenativas
a menos que venham especificadas.
Eles estavam em casa. Dividem-se em:
Eles estavam na casa dos amigos.
Os marinheiros permaneceram em terra. - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gos-
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. to de cantar e de dançar.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas tam-
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata- bém, não só...como também.
mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. - ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo-
sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do Principais conjunções adversativas: mas, porém, contu-
nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O do, todavia, no entanto, entretanto.
Estado de S. Paulo.
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
Morfossintaxe Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora,
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas quer...quer, já...já.
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal - CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora-
do substantivo a que se refere. Tal função independe da ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
função exercida pelo substantivo: Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois
A existência é uma poesia. (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
Uma existência é a poesia.
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex.
Conjunção É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá
fora.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (an-
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por tes do verbo), porquanto.
exemplo:
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as Conjunções subordinativas
amiguinhas.
- CAUSAIS
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: Principais conjunções causais: porque, visto que, já que,
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as uma vez que, como (= porque).
amiguinhas Ele não fez o trabalho porque não tem livro.

Cada informação está estruturada em torno de um verbo: - COMPARATIVAS


segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...
como, mais...do que, menos...do que.
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e Ela fala mais que um papagaio.
mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e - CONCESSIVAS
a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. Principais conjunções concessivas: embora, ainda que,
As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações. mesmo que, apesar de, se bem que.
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um
Observe: Gosto de natação e de futebol. fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de
partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra estar cansada)
“e” está ligando termos de uma mesma oração. Apesar de ter chovido fui ao cinema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- CONFORMATIVAS Interjeição
Principais conjunções conformativas: como, segundo,
conforme, consoante Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,
Cada um colhe conforme semeia. sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor- o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento
midade. sem que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas
linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo:
- CONSECUTIVAS Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
Expressam uma ideia de consequência. No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo.
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia
“tanto”, “tão”, “tamanho”). ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou sim-
Falou tanto que ficou rouco. plesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de for-
- FINAIS ma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e
Expressam ideia de finalidade, objetivo. os distribui em posições adequadas a cada um deles. As in-
Todos trabalham para que possam sobreviver. terjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-fra-
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, por- se”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um
que (=para que), conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos:
- PROPORCIONAIS Bravo! Bis!
Principais conjunções proporcionais: à medida que, bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi mui-
quanto mais, ao passo que, à proporção que. to bom! Repitam!”
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = senten-
ça (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!”
- TEMPORAIS
Principais conjunções temporais: quando, enquanto,
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em
logo que.
que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como
Quando eu sair, vou passar na locadora.
são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um
suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação
Diferença entre orações causais e explicativas
particular, um momento ou um contexto específico. Exem-
plos:
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
(OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de-
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
paramos com a dúvida de como distinguir uma oração
causal de uma explicativa. Veja os exemplos: Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
atropelado”: O significado das interjeições está vinculado à maneira
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati- como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que
va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior. dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex-
b) As orações são coordenadas e, por isso, independen- to de enunciação. Exemplos:
tes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as ora- Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres-
ções que vêm marcadas por vírgula. são na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. chamando! Ei, espere!”
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Ora- Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
ção Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela em um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por
será explicativa. favor, faça silêncio!”
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo im- Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
perativo) puxa: interjeição; tom da fala: euforia
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra ci- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
dade porque não havia cemitério no local.” puxa: interjeição; tom da fala: decepção
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordina- As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
da (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é 1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção tristeza, dor, etc.
como - o que não ocorre com a CS Explicativa. Você faz o que no Brasil?
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar Eu? Eu negocio com madeiras.
os mortos em outra cidade. Ah, deve ser muito interessante.
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
dependentes uma da outra.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) Sintetizar uma frase apelativa Locução Interjetiva


Cuidado! Saia da minha frente.
As interjeições podem ser formadas por: Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma ex-
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô. pressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bo-
- palavras: Oba!, Olá!, Claro! las! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus!
Ora bolas! Alto lá! Muito bem!
A ideia expressa pela interjeição depende muitas ve- Observações:
zes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode - As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! =
exemplo: Peço-lhe que me desculpe.
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contra- - Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes
riedade)
gramaticais podem aparecer como interjeições.
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
Viva! Basta! (Verbos)
Fora! Francamente! (Advérbios)
Classificação das Interjeições - A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra-
se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.:
Comumente, as interjeições expressam sentido de: Socorro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto!
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
Atenção!, Olha!, Alerta! - Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitati-
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô! vas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba!
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, - Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Eia!, Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo
Boa! e não a fazemos depois do “ó” vocativo.
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, - Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
Ora! de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! no diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho!
- Desculpa: Perdão! Obrigadinho!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!,
Oh!, Eh! Interjeições, leitura e produção de textos
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!,
Epa!, Ora! Usadas com muita frequência na língua falada informal,
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, quando empregadas na língua escrita, as interjeições cos-
Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, tumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquiali-
dade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços
Hein?, Cruz!, Putz!
pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!,
temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem
Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha- sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e
me, Deus! conteúdo mais emocional do que racional fazem das inter-
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! jeições presença constante nos textos publicitários.
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto morf89.php
é, não sofrem variação em gênero, número e grau como
os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto Numeral
e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
gumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter Numeral é a palavra que indica os seres em termos nu-
claro, neste caso, que não se trata de um processo natural méricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a em determinada sequência.
linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
até loguinho. [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]

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LÍNGUA PORTUGUESA

Eu quero café duplo, e você? Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri-
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! plas do medicamento.
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e nú-
de “fila”] mero. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que terças partes
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
trata de numerais, mas sim de algarismos. É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- sentido. É o que ocorre em frases como:
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, “Me empresta duzentinho...”
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, dú- É artigo de primeiríssima qualidade!
zia, par, ambos(as), novena. O time está arriscado por ter caído na segundona. (= se-
gunda divisão de futebol)
Classificação dos Numerais
Emprego dos Numerais
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bá-
sico: um, dois, cem mil, etc. *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série décimo e a partir daí os cardinais, desde que o numeral
dada: primeiro, segundo, centésimo, etc. venha depois do substantivo:
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a di- Ordinais Cardinais
visão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumenta-
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
da: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Leitura dos Numerais
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o or-
Separando os números em centenas, de trás para frente, dinal até nono e o cardinal de dez em diante:
obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjun- Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
tos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e
vinte e seis. *Ambos/ambas são considerados numerais. Significam
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte. “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são
largamente empregados para retomar pares de seres aos
quais já se fez referência.
Flexão dos numerais Pedro e João parecem ter finalmente percebido a impor-
tância da solidariedade. Ambos agora participam das ativi-
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/ dades comunitárias de seu bairro.
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du-
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática.
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais
são invariáveis.

Os numerais ordinais variam em gênero e número:


primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando


atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço
e conseguiram o triplo de produção.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra,
de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.

2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante,
exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.

3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas:
abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto Dicas sobre preposição


pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concor-
dância em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome
+ a = pela. pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
Vale ressaltar que essa concordância não é caracterís- seja um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá
tica da preposição, mas das palavras às quais ela se une. para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
Esse processo de junção de uma preposição com outra nino.
palavra pode se dar a partir de dois processos: A dona da casa não quis nos atender.
Como posso fazer a Joana concordar comigo?
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
preposição a + artigos definidos o, os termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
a + o = ao Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
preposição a + advérbio onde Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro-
a + onde = aonde curar um tratamento adequado.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
Preposição + Artigos
lugar e/ou a função de um substantivo.
De + o(s) = do(s)
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + a(s) = da(s)
De + um = dum parte da família
De + uns = duns Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
De + uma = duma Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
De + umas = dumas
Em + o(s) = no(s) 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + a(s) = na(s) das preposições:
Em + um = num Destino = Irei para casa.
Em + uma = numa Modo = Chegou em casa aos gritos.
Em + uns = nuns Lugar = Vou ficar em casa;
Em + umas = numas Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
A + à(s) = à(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Por + o = pelo(s) Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Por + a = pela(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
Preposição + Pronomes tamento.
De + ele(s) = dele(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + ela(s) = dela(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + este(s) = deste(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + esta(s) = desta(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + esse(s) = desse(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + essa(s) = dessa(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquele(s) = daquele(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquela(s) = daquela(s) Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isto = disto Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + isso = disso
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aquilo = daquilo
Fonte:
De + aqui = daqui
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + aí = daí
De + ali = dali
De + outro = doutro(s) Pronome
De + outra = doutra(s)
Em + este(s) = neste(s) Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou
Em + esta(s) = nesta(s) a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o
Em + esse(s) = nesse(s) de alguma forma.
Em + aquele(s) = naquele(s)
Em + aquela(s) = naquela(s) A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + isto = nisto [substituição do nome]
Em + isso = nisso
Em + aquilo = naquilo A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
A + aquele(s) = àquele(s) [referência ao nome]
A + aquela(s) = àquela(s) Essa moça morava nos meus sonhos!
A + aquilo = àquilo [qualificação do nome]

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LÍNGUA PORTUGUESA

Grande parte dos pronomes não possuem significados Os pronomes retos apresentam flexão de número, gêne-
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro ro (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a prin-
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- cipal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro- - 1ª pessoa do singular: eu
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 2ª pessoa do singular: tu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 3ª pessoa do singular: ele, ela
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 1ª pessoa do plural: nós
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 2ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada - 3ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] como complementos verbais na língua-padrão. Frases como
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem
fala] ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na
rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem Obs.: frequentemente observamos a omissão do prono-
se fala] me reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró-
prias formas verbais marcam, através de suas desinências,
as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras boa viagem. (Nós)
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência Pronome Oblíquo
através do pronome seja coerente em termos de gênero
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
tença, exerce a função de complemento verbal (objeto dire-
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
to ou indireto) ou complemento nominal.
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos-
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
sa escola neste ano.
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma va-
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica
adequada]
a função diversa que eles desempenham na oração: prono-
[neste: pronome que determina “ano” = concordância
me reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca
adequada] o complemento da oração.
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
dância inadequada] a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
tônicos.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Pronome Oblíquo Átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
Pronomes Pessoais são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
fraca: Ele me deu um presente.
São aqueles que substituem os substantivos, indicando O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con-
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve figurado:
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, - 1ª pessoa do singular (eu): me
“vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e - 2ª pessoa do singular (tu): te
“ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ou às pessoas de quem fala. - 1ª pessoa do plural (nós): nos
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 2ª pessoa do plural (vós): vos
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
ou do caso oblíquo.
Observações:
Pronome Reto O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apre-
senta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompa-
tença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. nhar diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce
Nós lhe ofertamos flores. sempre a função de objeto indireto na oração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
diretos como objetos indiretos. de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o
objetos diretos. verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro-
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi- nome, deverá ser do caso reto.
nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; Não vá sem eu mandar.
no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Obser-
ve o uso dessas formas nos exemplos que seguem: - A combinação da preposição “com” e alguns prono-
- Trouxeste o pacote? mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Não contaram a novidade a vocês? quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
- Não, no-la contaram. companhia.
No português do Brasil, essas combinações não são Ele carregava o documento consigo.
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
é muito raro. por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas todos, ambos ou algum numeral.
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o Você terá de viajar com nós todos.
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma Estávamos com vós outros quando chegaram as más no-
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal tícias.
é suprimida. Por exemplo: Ele disse que iria com nós três.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo Pronome Reflexivo
dizer + a = dizê-la
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
viram + o: viram-no
expressa pelo verbo.
repõe + os = repõe-nos
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
retém + a: retém-na
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
tem + as = tem-nas
Eu não me vanglorio disso.
Pronome Oblíquo Tônico
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de Assim tu te prejudicas.
objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte. Conhece a ti mesmo.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
figurado: - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo Guilherme já se preparou.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Ela deu a si um presente.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela Antônio conversou consigo mesmo.
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco - 1ª pessoa do plural (nós): nos.
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Lavamo-nos no rio.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 2ª pessoa do plural (vós): vos.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.
- As preposições essenciais introduzem sempre pro-
nomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do A Segunda Pessoa Indireta
caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso
da língua formal, os pronomes costumam ser usados des- A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se
ta forma: quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem
Não há mais nada entre mim e ti. nosso interlocutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados prono-
Não há nenhuma acusação contra mim. mes de tratamento, que podem ser observados no quadro
Não vá sem mim. seguinte:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na
3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa pos-
suída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)

NÚMERO PESSOA PRONOME


singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s)

Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com
o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento difícil.

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Observações: No tempo:
Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar refere ao ano presente.
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se
seu José. refere a um passado próximo.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos- está se referindo a um passado distante.
se. Podem ter outros empregos, como:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
anos. la(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá
seus defeitos, mas eu gosto muito dela. - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
trouxe sua mensagem? Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
que te indiquei.)
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e o procuraram ontem.
anotações. - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram
o problema.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí- - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
os passos. (= Vou seguir seus passos.)
Note que:
Pronomes Demonstrativos
- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
Os pronomes demonstrativos são utilizados para expli-
construções redundantes, com finalidade expressiva, para
citar a posição de uma certa palavra em relação a outras
salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela,
ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de
essa é que dera em cheio casando com o José Afonso. Des-
espaço, no tempo ou discurso.
frutar das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
No espaço:
- O pronome demonstrativo neutro ou pode represen-
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o
tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso
carro está perto da pessoa que fala.
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o em que aparece, geralmente, como objeto direto, predi-
carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da cativo ou aposto: O casamento seria um desastre. Todos o
pessoa que fala. pressentiam.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo
quem falo. fazer, chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que
faz as vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo ela o fizesse.
quanto por meio de correspondência, que é uma moda- - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa
lidade escrita de fala), são particularmente importantes o mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao primeiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram
emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este
pode causar ambiguidade. solteiro, aquele casado]
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer- - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
sidade destinatária). irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Reafirmamos a disposição desta universidade em partici- - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
par no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universida- com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
de que envia a mensagem). disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Indefinidos Indefinidos Sistemáticos

São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, per-
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando cebemos que existem alguns grupos que criam oposição
quantidade indeterminada. de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sen-
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém tido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido
-plantadas. negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade afirmati-
va, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade negativa;
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e algo/nada,
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma que se referem à coisa; certo, que particulariza, e qualquer,
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- que generaliza.
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- Essas oposições de sentido são muito importantes na
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
guém, outrem, quem, tudo. de que fazem parte:
Algo o incomoda? Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
Quem avisa amigo é. prático.
Czrávamos no exterior.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade lavras:
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). - como (= pelo qual): Não me parece correto o modo
Cada povo tem seus costumes. como você agiu semana passada.
Certas pessoas exercem várias profissões. - quando (= em que): Bons eram os tempos quando po-
díamos jogar videogame.
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
ora pronomes indefinidos adjetivos: numa só frase.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), O futebol é um esporte.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, O povo gosta muito deste esporte.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
Menos palavras e mais ações. ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
Alguns se contentam pouco. gente que conversava, (que) ria, (que) fumava.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe: Pronomes Interrogativos

Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, São usados na formulação de perguntas, sejam elas di-
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne- referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual
algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, (e variações), quanto (e variações).
outras, quantas. Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
algo, cada. preferes.
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
São locuções pronominais indefinidas: tos passageiros desembarcaram.

cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), Sobre os pronomes:
quem quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele
(que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
uma ou outra, etc. de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
Cada um escolheu o vinho desejado. quando desempenha função de complemento. Vamos en-
tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
frase e que função exerce. Observe as orações:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” - Preposição seguida de gerúndio:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” indicado à pesquisa escolar.
exercendo função de complemento, e, consequentemente,
é do caso oblíquo. - Conjunção subordinativa:
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se Ênclise
devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta
Importante: Em observação à segunda oração, o em- não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver- nos. A ênclise vai acontecer quando:
bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode - O verbo estiver no imperativo afirmativo:
estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo Amem-se uns aos outros.
principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio. Sigam-me e não terão derrotas.
Eu desejo lhe perguntar algo. - O verbo iniciar a oração:
Eu estou perguntando-lhe algo. Diga-lhe que está tudo bem.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou Chamaram-me para ser sócio.
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos que são sempre precedidos - O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre-
de preposição. posição “a”:
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
estava fazendo. Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o
que eu estava fazendo. - O verbo estiver no gerúndio:
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo-
Colocação Pronominal cupada.
Despediu-se, beijando-me a face.
A colocação pronominal é a posição que os pronomes
pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no
me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos. mesmo instante.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
na oração em relação ao verbo:
1. próclise: pronome antes do verbo Mesóclise
2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado
no futuro do presente ou no futuro do pretérito:
Próclise A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
se realizará)
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
- Palavras com sentido negativo: proposta a você)
Nada me faz querer sair dessa cama.
Não se trata de nenhuma novidade. Questões sobre Pronome
- Advérbios:
Nesta casa se fala alemão. 01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012).
Naquele dia me falaram que a professora não veio. Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
- Pronomes relativos: seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
e da água faça em si diferença, as companhias não podem
- Pronomes indefinidos: suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por
Quem me disse isso? tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto,
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada-
- Pronomes demonstrativos: mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas
Isso me deixa muito feliz! de crescimento verde sempre será a segunda opção.
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! (Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, re- (D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que
ferem- -se, respectivamente, a abrisse a bolsa que encontrara.
(A) dúvidas e preços. (E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten-
(B) dúvidas e insumos básicos. dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
(C) companhias e insumos básicos.
(D) companhias e preços do carbono e da água. 07. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
(E) políticas de crescimento e preços adequados. Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- prazo.
adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho gri- Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta
fado está corretamente substituído por um pronome em: e respectivamente, considerando a norma culta da língua.
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo A) a que … acaba … à
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo- B) com que … acabam … à
lhes desalentado C) de que … acabam … a
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de D) em que … acaba … a
conhecê-lo? E) dos quais … acaba … à
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
parecia ser-lhe 08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013-
E) incomodaram o general... − incomodaram-no adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e res-
pectivamente, as lacunas do trecho.
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). ______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
A substituição do elemento grifado pelo pronome cor- vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava
respondente, com os necessários ajustes, foi realizada de sujeito de forma cômica.
modo INCORRETO em: A) Fazem... a ... de que
A) mostrando o rio= mostrando-o. B) Faz ...a ... que
C) Fazem ...à ... com que
B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
D) Faz ...à ... que
C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
E) Faz ...à ... a que
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada
lhes acrescentariam.
09. (TRF 3ª região- Técnico Judiciário - /2014)
E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
lantes.
04. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013). Assinale a
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabe-
alternativa em que o pronome destacado está posicionado ça...
de acordo com a norma-padrão da língua. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. grifados acima foram corretamente substituídos por um
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. pronome, na ordem dada, em:
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha. (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
(C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2011). Assinale a alterna- (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
tiva cujo emprego do pronome está em conformidade com (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
a norma padrão da língua.
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. 10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013-
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras dos
lada. estabelecimentos felizmente comprovam os acontecimen-
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. tos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investigação.
(D) Conformado, se rendeu às punições. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que subs-
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. tituem, corretamente, os termos em destaque são:
A) os comprovam … ajudá-la.
06. (Papiloscopista Policial = Vunesp - 2013). Assinale B) os comprovam …ajudar-la.
a alternativa correta quanto à colocação pronominal, de C) os comprovam … ajudar-lhe.
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que E) lhes comprovam … ajudá-la.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa- GABARITO
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
(C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO 9-)
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblí-
1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primei- quo no/na (fizeram-na, colocaram-no)
ro, não está claro até onde pode realmente chegar uma impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
política baseada em melhorar a eficiência sem preços ade- “lhe” é para objeto indireto
quados para o carbono, a água e (na maioria dos países convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos “lhe” é para objeto indireto
preços do carbono e da água faça em si diferença, as com- (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di-
gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer 10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabeleci-
preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som- mentos felizmente comprovam os acontecimentos, e teste-
bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- munhas vão ajudar a polícia na investigação.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos. felizmente os comprovam ... ajudá-la
E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde (advérbio)
sempre será a segunda opção.
Substantivo
2-)
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs-
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos,
desalentado os substantivos também nomeiam:
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
conhecê-las ? -sentimentos: raiva, amor...
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não -estados: alegria, tristeza...
parecia sê-lo -qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria...
3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las
Morfossintaxe do substantivo
4-)
(A) Ela não se lembrava do caminho de volta. Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em ge-
(B) A menina tinha se distanciado muito da família. ral exerce funções diretamente relacionadas com o verbo:
(C) A garota disse que se perdeu dos pais. atua como núcleo do sujeito, dos complementos verbais
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ain-
da funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
5-) aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. como núcleo do vocativo. Também encontramos substan-
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba- tivos como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos
lada. adverbiais - quando essas funções são desempenhadas por
(D) Conformado, rendeu-se às punições. grupos de palavras.
(E) Todos querem que se combata a corrupção.
Classificação dos Substantivos
6-) 1- Substantivos Comuns e Próprios
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Bra-
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos
sil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. cidade (em oposição aos bairros).
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que
abrisse a bolsa que encontrara. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten- edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade.
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, ho-
produtos de que não necessitam e acabam tendo mem, mulher, país, cachorro.
de pagar tudo a prazo. Estamos voando para Barcelona.

8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
jovem fazia referência à violência a que o brasileiro pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
estava sujeito de forma cômica. prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2 - Substantivos Concretos e Abstratos Substantivo coletivo Conjunto de:


assembleia pessoas reunidas
LÂMPADA MALA alcateia lobos
acervo livros
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com antologia trechos literários selecionados
existência própria, que são independentes de outros seres. arquipélago ilhas
São substantivos concretos. banda músicos
bando desordeiros ou malfeitores
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que banca examinadores
existe, independentemente de outros seres. batalhão soldados
Obs.: os substantivos concretos designam seres do cardume peixes
mundo real e do mundo imaginário. caravana viajantes peregrinos
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, cacho frutas
Brasília, etc. cáfila camelos
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- cancioneiro canções, poesias líricas
ma, etc. colmeia abelhas
chusma gente, pessoas
Observe agora: concílio bispos
Beleza exposta congresso parlamentares, cientistas.
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra
O substantivo beleza designa uma qualidade. enxoval roupas
falange soldados, anjos
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que fauna animais de uma região
dependem de outros para se manifestar ou existir. feixe lenha, capim
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser flora vegetais de uma região
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa frota navios mercantes, ônibus
ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para girândola fogos de artifício
se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo horda bandidos, invasores
abstrato. junta médicos, bois, credores, examinadores
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- júri jurados
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser legião soldados, anjos, demônios
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), leva presos, recrutas
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes,
3 - Substantivos Coletivos matilha cães de raça
molho chaves, verduras
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra multidão pessoas em geral
abelha, mais outra abelha. ninhada pintos
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. penca bananas, chaves
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- pinacoteca pinturas, quadros
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, quadrilha ladrões, bandidos
mais outra abelha... ramalhete flores
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural. rebanho ovelhas
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no sin- récua bestas de carga, cavalgadura
gular (enxame) para designar um conjunto de seres da repertório peças teatrais, obras musicais
mesma espécie (abelhas). réstia alhos ou cebolas
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. romanceiro poesias narrativas
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mes- revoada pássaros
mo estando no singular, designa um conjunto de seres da sínodo párocos
mesma espécie. talha lenha
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes

Substantivos Simples e Compostos Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar no-


mes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas for-
terra. mas, uma para o masculino e outra para o feminino. Obser-
O substantivo chuva é formado por um único elemento ve: gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito
ou radical. É um substantivo simples. - prefeita
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam
Substantivo Simples: é aquele formado por um único uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto
elemento. para o feminino. Classificam-se em:
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré
elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto. fêmea.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pes-
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou soas: a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio,
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. o ídolo, o indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes-
Substantivos Primitivos e Derivados soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
doente, o artista e a artista.
Meu limão meu limoeiro,
meu pé de jacarandá... Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de sistema, o sintoma, o teorema.
nenhum outro dentro de língua portuguesa. - Existem certos substantivos que, variando de gênero,
variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital (ci-
nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O dade)
substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
da palavra limão. Formação do Feminino dos Substantivos Biformes

Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno -
tra palavra. aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão dos substantivos masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- três formas:
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
exemplo, pode sofrer variações para indicar: - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
Plural: meninos Feminino: menina -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão -
Flexão de Gênero sultana
- Substantivos terminados em -or:
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
dois gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero
masculino os substantivos que podem vir precedidos dos - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes: - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque -
O velho e o mar duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
Um Natal inesquecível - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Os reis da praia final por -a: elefante - elefanta

Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po- - Substantivos que têm radicais diferentes no masculino
dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
A história sem fim
Uma cidade sem passado - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
As tartarugas ninjas pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
czar – czarina réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha- ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. Gênero dos Nomes de Cidades:
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A histórica Ouro Preto.
Sobrecomuns:
A dinâmica São Paulo.
Entregue as crianças à natureza.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação:
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que
Outros substantivos sobrecomuns: à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco,
criatura. manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (che-
Marcela faleceu fe), a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa,
dissidência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza
Comuns de Dois Gêneros: (a cor cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. (dinheiro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a
coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? coro), a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usa-
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma do na administração da crisma e de outros sacramentos), a
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura
A distinção de gênero pode ser feita através da análise (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- planície de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem guia (documento, pena grande das asas das aves), o gra-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- ma (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (funcionário
cês - repórter francesa
da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamentos), o lente
- A palavra personagem é usada indistintamente nos
(professor), a lente (vidro de aumento), o moral (ânimo), a
dois gêneros.
moral (honestidade, bons costumes, ética), o nascente (lado
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada pre-
ferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), o maria-fumaça
personagens dos contos de carochinha. (trem como locomotiva a vapor), maria-fumaça (locomoti-
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: va movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte anterior
O problema está nas mulheres de mais idade, que não acei- do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor), a
tam a personagem. rádio (estação emissora), o voga (remador), a voga (moda,
popularidade).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o do plural é o “s” final.
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – feitos
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
- cânones. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
em “ns”: homem - homens. - Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raí- verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
zes. palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
Atenção: O plural de caráter é caracteres. alto- -falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexio-
nam-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quin- - Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
tais; caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e ma- formados de:
les, cônsul e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba,
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o ca-rolhas
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Casos Especiais
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva- o louva-a-deus e os louva-a-deus
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o joão-ninguém e os joões-ninguém.
de três maneiras.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações Plural das Palavras Substantivadas
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: no plural, as flexões próprias dos substantivos.
o látex - os látex. Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
Plural dos Substantivos Compostos Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou
-A formação do plural dos substantivos compostos de- “z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
pende da forma como são grafados, do tipo de palavras tos seis e alguns dez.
que formam o composto e da relação que estabelecem
entre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam- Plural dos Diminutivos
se como os substantivos simples: aguardente/aguarden-
tes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malme- Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final
quer/malmequeres. e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos pãe(s) + zinhos = pãezinhos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e animai(s) + zinhos = animaizinhos
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: botõe(s) + zinhos = botõezinhos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos

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LÍNGUA PORTUGUESA

colhere(s) + zinhas = colherezinhas Particularidades sobre o Número dos Substantivos


flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
papéi(s) + zinhos = papeizinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
funi(s) + zinhos = funizinhos as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin-
pai(s) + zinhos = paizinhos gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom
pé(s) + zinhos = pezinhos nome) e honras (homenagem, títulos).
pé(s) + zitos = pezitos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
sentido de plural:
Plural dos Nomes Próprios Personativos Aqui morreu muito negro.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas improvisadas.
sempre que a terminação preste-se à flexão.
Os Napoleões também são derrotados. Flexão de Grau do Substantivo
As Raquéis e Esteres.
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
Plural dos Substantivos Estrangeiros variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- normal. Por exemplo: casa
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exce- - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
to quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os do ser. Classifica-se em:
jazz.
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjeti-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- vo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica-
os réquiens. dor de aumento. Por exemplo: casarão.
Observe o exemplo:
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
Este jogador faz gols toda vez que joga.
do ser. Pode ser:
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Plural com Mudança de Timbre
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica-
dor de diminuição. Por exemplo: casinha.
Certos substantivos formam o plural com mudança de
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato Verbo
fonético chamado metafonia (plural metafônico).
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes-
Singular Plural soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
corpo (ô) corpos (ó) processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
esforço esforços ocorrência (nascer); desejo (querer).
fogo fogos O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os
forno fornos seus possíveis significados. Observe que palavras como cor-
fosso fossos rida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de
imposto impostos alguns verbos mencionados acima; não apresentam, porém,
olho olhos todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem.
osso (ô) ossos (ó)
ovo ovos Estrutura das Formas Verbais
poço poços
porto portos Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode
posto postos apresentar os seguintes elementos:
tijolo tijolos - Radical: é a parte invariável, que expressa o significa-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am.
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- (radical fal-)
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. - Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
de molho (ó) = feixe (molho de lenha). São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª
- Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir).

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Desinência modo-temporal: é o elemento que de- ** Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar,
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói,
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) “Amanheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “ama-
nhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal,
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de- empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal
signa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (sin- para ser pessoal.
gular ou plural):
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, ** São impessoais, ainda:
pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”,
apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc. tempo: Já passa das seis.
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blas-
fêmias.
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem re-
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento ferência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda,
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai se, tais verbos, então, pessoais.
no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende-
rão, nutriríamos. 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de
“ser possível”. Por exemplo:
Classificação dos Verbos Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?
Classificam-se em:
* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca al- plural.
terações no radical: canto cantei cantarei cantava A fruta amadureceu.
cantasse. As frutas amadureceram.
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
ções no radical ou nas desinências: faço fiz farei Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como
fizesse. verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
receu bastante.
- Defectivos: são aqueles que não apresentam con- Entre os unipessoais estão os verbos que significam vo-
jugação completa. Classificam-se em impessoais, unipes- zes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo,
soais e pessoais: cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor-
Os principais verbos unipessoais são:
malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
principais verbos impessoais são:
(preciso, necessário, etc.):
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
bastante.)
zar-se ou fazer (em orações temporais).
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, segui-
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) dos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
** fazer, ser e estar (quando indicam tempo) fumar.)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil. Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo
Era primavera quando a conheci. Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Estava frio naquele dia. Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.

- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento
e a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar as moscas.


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

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LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

83
LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mes-
ma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:

- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater- -se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

84
LÍNGUA PORTUGUESA

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) Formas Nominais


tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for-
verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de refor- nominais. Observe:
ço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
respectivos pronomes): substantivo. Por exemplo:
Eu me arrependo Viver é lutar. (= vida é luta)
Tu te arrependes É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen-
Vós vos arrependeis te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
Eles se arrependem exemplo:
É preciso ler este livro.
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos Era preciso ter lido este livro.
em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o obje-
to representado por pronome oblíquo da mesma pessoa - Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três
do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não
ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou tran- apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im-
sitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
pronomes mencionados, formando o que se chama voz 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava. 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Maria penteou-me.
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma
Observações: boa colocação.
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem - Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo
função sintática. ou advérbio. Por exemplo:
- Há verbos que também são acompanhados de pro- Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad-
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente vérbio)
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos refle- Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad-
xivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa jetivo)
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exem- Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em
plo: curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me plo:
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Modos Verbais - Particípio: quando não é empregado na formação
dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, exis- nero, número e grau. Por exemplo:
tem três modos: Terminados os exames, os candidatos saíram.

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sem-


pre estudo. Quando o particípio exprime somente estado, sem ne-
nhuma relação temporal, assume verdadeiramente a fun-
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Tal- ção de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a alu-
vez eu estude amanhã. na escolhida para representar a escola.

Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda


agora, menino.

85
LÍNGUA PORTUGUESA

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
Veja:
1. Tempos do Indicativo

- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.

- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.

- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.

- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as
lições quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.

- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse
dinheiro, viajaria nas férias.

2. Tempos do Subjuntivo

- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o
jogo.
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por
exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à
loja, levará as encomendas.

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

86
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.

- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - ASSISTENTE SOCIAL JUDICIÁRIO - VUNESP/2012) Assinale a
alternativa em que todos os verbos estão conjugados segundo a norma-padrão.
(A) Absteu-se do álcool durante anos; agora, voltou ao vício.
(B) Perderam seus documentos durante a viagem, mas já os reaveram.
(C) Avisem-me, se vocês verem que estão ocorrendo conflitos.
(D) Só haverá acordo se nós propormos uma boa indenização.
(E) Antes do jantar, a criançada se entretinha com jogos eletrônicos.

02. (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


... e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:
(A) ... e de lá por navios que contornam a Índia...
(B) ... era a capital da China.
(C) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
(D) ... dispararam na última década.
(E) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...

03. (TRF - 2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012) O emprego, a grafia e a flexão dos verbos estão corretos em:
(A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty não prescindiram e não requiseram mais do que o esquecimento
e a passagem do tempo.
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge do es-
quecimento, em 1974.
(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a importância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, sobreviram
longos anos de esquecimento.
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos atro-
pelos do turismo selvagem.
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para que obtesse, agora em definitivo, o prestígio de um polo turístico
de inegável valor histórico.

04. (TRF - 3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Tinham seus prediletos ...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:
(A) Dumas consentiu.
(B) ... levaram com eles a instituição do “lector”.
(C) ... enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam charutos...
(D) Despontava a nova capital mundial do Havana.
(E) ... que cedesse o nome de seu herói...

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LÍNGUA PORTUGUESA

05.(Analista – Arquitetura – FCC – 2013-adap.). Está ade- 09. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGENHEIRO –
quada a correlação entre tempos e modos verbais na frase: ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) Considere as frases:
A) Os que levariam a vida pensando apenas nos valores I. Há diversos projetos de lei em tramitação na Câmara.
absolutos talvez façam melhor se pensassem no encanto II. Caso a bondade seja aprovada, haverá custo adicional
dos pequenos bons momentos. de 5,4 bilhões de reais por ano.
B) Há até quem queira saber quem fosse o maior ban- Assinale a alternativa que, respectivamente, substitui o
dido entre os que recebessem destaque nos popularescos verbo haver pelo verbo existir, conservando o tempo e o
programas da TV. modo.
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gos- (A) Existe – existe
tam tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tenha (B) Existem – existirão
aspirações a ser metafísica. (C) Existirão – existirá
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levarem em (D) Existem – existirá
conta nossa condição de mortais, não precisariam preocu- (E) Existiriam – existiria
par-se com os degraus da notoriedade.
E) Quanto mais aproveitássemos o que houvesse de 10. (MPE/PE – ANALISTA MINISTERIAL – FCC/2012)
grande nos momentos felizes, menos precisaríamos nos ... pois assim se via transportado de volta “à glória que foi
preocupar com conquistas superlativas. a Grécia e à grandeza que foi Roma”.
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o
06. (TRF - 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – grifado acima está em:
FCC/2012) ...Ou pretendia. a) Poe certamente acreditava nisso...
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o b) Se Grécia e Roma foram, para Poe, uma espécie de
grifado acima está em: casa...
a) ... ao que der ... c) ... ainda seja por nós obscuramente sentido como
b) ... virava a palavra pelo avesso ... verdadeiro, embora não de modo consciente.
c) Não teria graça ... d) ... como um legado que provê o fundamento de nos-
d) ... um conto que sai de um palíndromo ... sas sensibilidades.
e) ... como decidiu o seu destino de escritor. e) Seria ela efetivamente, para o poeta, uma encarnação
da princesa homérica?
07. (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) É importante
GABARITO
que a inserção da perspectiva da sustentabilidade na cultu-
ra empresarial, por meio das ações e projetos de Educação
01.E 02. B 03. D 04. D 05. E
Ambiental, esteja alinhada a esses conceitos.
06.B 07. E 08. C 09. D 10.B
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o
verbo grifado na frase acima está em:
RESOLUÇÃO
(A) ... a Empresa desenvolve todas as suas ações, polí-
ticas...
1-) Correção à frente:
(B) ... as definições de Educação Ambiental são abran-
(A) Absteu-se = absteve-se
gentes... (B) mas já os reaveram = reouveram
(C) ... também se associa o Desenvolvimento Susten- (C) se vocês verem = virem
tável... (D) Só haverá acordo se nós propormos = propusermos
(D) ... e incorporou [...] também aspectos de desenvol- (E) Antes do jantar, a criançada se entretinha com jogos
vimento humano. eletrônicos.
(E)... e reforce a identidade das comunidades.
2-) Percorriam = Pretérito Imperfeito do Indicativo
08. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JA- A = contornam – presente do Indicativo
NEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO- B = era = pretérito imperfeito do Indicativo
TECONOMIA – FGV PROJETOS /2014) Na frase “se você C = foi = pretérito perfeito do Indicativo
quiser ir mais longe”, a forma verbal empregada tem sua D = dispararam = pretérito mais-que-perfeito do Indi-
forma corretamente conjugada. A frase abaixo em que a cativo
forma verbal está ERRADA é E = acompanham = presente do Indicativo
(A) se você se opuser a esse desejo. 3-) Acrescentei as formas verbais adequadas nas ora-
(B) se você requerer este documento. ções analisadas:
(C) se você ver esse quadro. (A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty
(D) se você provier da China. não prescindiram e não requiseram (requereram) mais do
(E) se você se entretiver com o jogo. que o esquecimento e a passagem do tempo.
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para
sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge
(emerge) do esquecimento, em 1974.

90
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a impor- I. Existem diversos projetos de lei em tramitação na Câ-
tância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, so- mara.
breviram (sobrevieram) longos anos de esquecimento. II. Caso a bondade seja aprovada, existirá custo adicio-
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando nal de 5,4 bilhões de reais por ano.
as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos Existem / existirá.
atropelos do turismo selvagem.
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para 10-) Foi = pretérito perfeito do Indicativo
que obtesse, (obtivesse) agora em definitivo, o prestígio de a) Poe certamente acreditava = pretérito imperfeito do
um polo turístico de inegável valor histórico. Indicativo
b) Se Grécia e Roma foram = pretérito perfeito do In-
4-)Tinham = pretérito imperfeito do Indicativo. Vamos dicativo
às alternativas: c) ... ainda seja = presente do Subjuntivo
Consentiu = pretérito perfeito / levaram = pretérito d) ... como um legado que provê = presente do Indi-
perfeito (e mais-que-perfeito) do Indicativo cativo
Despontava = pretérito imperfeito do Indicativo e) Seria = futuro do pretérito do Indicativo
Cedesse = pretérito do Subjuntivo
5-) Vozes do Verbo
A) Os que levam a vida pensando apenas nos valores
absolutos talvez fariam melhor se pensassem no encanto Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para
dos pequenos bons momentos. indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da
B) Há até quem queira saber quem é o maior bandido ação. São três as vozes verbais:
entre os que recebem destaque nos popularescos progra-
mas da TV. - Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gos- expressa pelo verbo. Por exemplo:
tem tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tem Ele fez o trabalho.
aspirações a ser metafísica. sujeito agente ação objeto (paciente)
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levassem em
conta nossa condição de mortais, não precisariam preocu-
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a
par-se com os degraus da notoriedade.
ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
O trabalho foi feito por ele.
6-) Pretendia = pretérito imperfeito do Indicativo
sujeito paciente ação agente da pas-
a) ... ao que der ... = futuro do Subjuntivo
siva
b) ... virava = pretérito imperfeito do Indicativo
c) Não teria = futuro do pretérito do Indicativo
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen-
d) ... um conto que sai = presente do Indicativo
te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
e) ... como decidiu = pretérito perfeito do Indicativo
O menino feriu-se.
7-) O verbo “esteja” está no presente do Subjuntivo.
(A) ... a Empresa desenvolve = presente do Indicativo Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com
(B) ... as definições de Educação Ambiental são = pre- a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao
sente do Indicativo outro)
(C) ... também se associa o Desenvolvimento Sustentá-
vel... = presente do Indicativo Formação da Voz Passiva
(D) ... e incorporou [...] = pretérito perfeito do Indicativo
(E)... e reforce a identidade das comunidades. = presen- A voz passiva pode ser formada por dois processos:
te do Subjuntivo. analítico e sintético.
8-)
(A) se você se opuser a esse desejo. 1- Voz Passiva Analítica
(B) se você requerer este documento.
(C) se você ver esse quadro.= se você vir Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio
(D) se você provier da China. do verbo principal. Por exemplo:
(E) se você se entretiver com o jogo. A escola será pintada.
O trabalho é feito por ele.
9-) Há = presente do Indicativo / haverá = futuro do
presente do indicativo. Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado
Ao substituirmos pelo verbo “existir”, lembremo-nos de da preposição por, mas pode ocorrer a construção com
que esse sofrerá flexão de número (irá para o plural, caso a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de sol-
seja necessário): dados.

91
LÍNGUA PORTUGUESA

- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar mestres.
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
ção das frases seguintes: - Eu o acompanharei.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) Ele será acompanhado por mim.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi-
cativo) Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado,
não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)
Saiba que:
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexi-
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume vos, são chamados neutros.
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. O vinho é bom.
Observe a transformação da frase seguinte: Aqui chove muito.
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) - Há formas passivas com sentido ativo:
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
analítica com outros verbos que podem eventualmente És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou mar-
cada pela doença. - Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
2- Voz Passiva Sintética Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)

A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com - Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o su-
Por exemplo: jeito é paciente.
Abriram-se as inscrições para o concurso. Chamo-me Luís.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Batizei-me na Igreja do Carmo.
Operou-se de hérnia.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva Vacinaram-se contra a gripe.
sintética.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la- morf54.php
tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio-
nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem Questões sobre Vozes dos Verbos
o significado de voz passiva como sendo a voz que expres-
sa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois 01. (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) A frase
elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE que admite transposição para a voz passiva é:
e AGENTE DA PASSIVA. (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma gran-
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva de diversidade de fenômenos.
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade,
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs- a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
tancialmente o sentido da frase. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida (...).
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa) da falsa consciência.
Sujeito da Ativa objeto Direto
02. (TRE/RS – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) ... a Co-
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas- reia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho ...
siva) Transpondo a frase acima para a voz passiva, a forma ver-
Sujeito da Passiva Agente da Passiva bal corretamente obtida é:
a) tinha interrompido.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o b) foram interrompidas.
sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo c) fora interrompido.
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. d) haviam sido interrompidas.
Observe mais exemplos: e) haveriam de ser interrompidas.

92
LÍNGUA PORTUGUESA

03. (FCC-TRE-Analista Judiciário – 2011) Transpondo-se 08.(GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – PRO-
para a voz passiva a frase Hoje a autoria institucional en- CON – ADVOGADO – CEPERJ/2012) “todos que são impac-
frenta séria concorrência dos autores anônimos, obter-se-á tados pelas mídias de massa”
a seguinte forma verbal: O fragmento transcrito acima apresenta uma constru-
(A) são enfrentados. ção na voz passiva do verbo. Outro exemplo de voz passiva
(B) tem enfrentado. encontra-se em:
(C) tem sido enfrentada. A) “As crianças brasileiras influenciam 80% das decisões
(D) têm sido enfrentados. de compra de uma família”
(E) é enfrentada. B) “A publicidade na TV é a principal ferramenta do
mercado para a persuasão do público infantil”
04. (TRF - 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – C) “evidenciaram outros fatores que influenciam as
FCC/2012) Para o Brasil, o fundamental é que, ao exercer a crianças brasileiras nas práticas de consumo.”
responsabilidade de proteger pela via militar, a comunida- D) “Elas são assediadas pelo mercado”
de internacional [...] observe outro preceito ... E) “valores distorcidos são de fato um problema de or-
Transpondo-se o segmento grifado acima para a voz dem ética”
passiva, a forma verbal resultante será:
a) é observado. 09. (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – CASA CI-
b) seja observado. VIL – EXECUTIVO PÚBLICO – FCC/2010) Transpondo a frase
c) ser observado. o diretor estava promovendo seu filme para a voz passiva,
d) é observada. obtém-se corretamente o seguinte segmento:
e) for observado. (A) tinha recebido promoção.
(B) estaria sendo promovido.
05. (Analista de Procuradoria – FCC – 2013-adap) Trans- (C) fizera a promoção.
pondo- -se para a voz passiva a frase O poeta teria (D) estava sendo promovido.
aberto um diálogo entre as duas partes, a forma verbal re- (E) havia sido promovido.
sultante será:
A) fora aberto. 10. -) (MPE/PE – ANALISTA MINISTERIAL – FCC/2012)
B) abriria. Da sede do poder no Brasil holandês, Marcgrave acompa-
C) teria sido aberto. nhou e anotou, sempre sozinho, alguns fenômenos celestes,
D) teriam sido abertas. sobretudo eclipses lunares e solares.
E) foi aberto.
Ao transpor-se a frase acima para a voz passiva, as for-
06.(SEE/SP – PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PRO- mas verbais resultantes serão:
FESSOR II – LÍNGUA PORTUGUESA - FCC/2011) ...permite a) eram anotados e acompanhados.
que os criadores tomem atitudes quando a proliferação b) fora anotado e acompanhado.
de algas tóxicas ameaça os peixes. c) foram anotados e acompanhados.
A transposição para a voz passiva da oração grifada d) anota-se e acompanha-se.
acima teria, de acordo com a norma culta, como forma e) foi anotado e acompanhado.
verbal resultante:
(A) ameaçavam. GABARITO
(B) foram ameaçadas.
(C) ameaçarem. 01. B 02.B 03. E 04.B 05. C
(D) estiver sendo ameaçada. 06. E 07. D 08. D 09.D 10.C
(E) forem ameaçados.
RESOLUÇÃO
07. (INFRAERO – ENGENHEIRO SANITARISTA –
FCC/2011) Transpondo-se para a voz passiva a frase Um 1-)
figurante pode obscurecer a atuação de um protagonista, a (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.
forma verbal obtida será: (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
(A) pode ser obscurecido. grande diversidade de fenômenos.
(B) obscurecerá. - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
(C) pode ter obscurecido. explicada pelo conceito...
(D) pode ser obscurecida. (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
(E) será obscurecida. de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
vida (...).
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
e da falsa consciência.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) ... a Coreia do Norte interrompeu comunicações


com o vizinho = voz ativa com um verbo, então a passiva
terá dois: comunicações com o vizinho foram interrompi- 6. SINTAXE: FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO.
das pela Coreia... TERMOS DA ORAÇÃO. PERÍODOS SIMPLES
E COMPOSTOS. ORAÇÕES COMPLEXAS E
3-) Hoje a autoria institucional enfrenta séria concor- GRUPOS ORACIONAIS: SUBORDINAÇÃO E
rência dos autores anônimos = Séria concorrência é en- COORDENAÇÃO. CONCORDÂNCIA NOMINAL
frentada pela autoria... E VERBAL. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.
SINTAXE DE COLOCAÇÃO OU DE ORDEM.
4-) a comunidade internacional [...] observe outro pre- COLOCAÇÃO PRONOMINAL.
ceito = se na voz ativa temos um verbo, na passiva tere-
mos dois: outro preceito seja observado.

5-) O poeta teria aberto um diálogo entre as duas par-


tes = Um diálogo teria sido aberto... SINTAXE

6-) Quando a proliferação ameaça os peixes = voz ativa


Quando os peixes forem ameaçados pela proliferação... O princípio é o verbo.
= voz passiva
Essa é a premissa fundamental da Sintaxe, que é a parte
7-) Um figurante pode obscurecer a atuação de um da gramática que estuda as palavras enquanto elementos
protagonista. de uma frase, as suas relações de concordância, de subor-
Se na voz ativa temos um verbo, na passiva teremos dinação e de ordem. Significa que, ao se realizar a análise
dois; se na ativa temos dois, na passiva teremos três. Então: sintática de uma oração, sempre se inicia pelo verbo. É a
A atuação de um protagonista pode ser obscurecida por partir dele que se descobre qual o sujeito da oração, se há a
um figurante. indicação de qualidade, estado ou modo de ser do sujeito,
se ele pratica uma ação ou se a sofre, se há complemento
8-) verbal, se há circunstância (adjunto adverbial), etc.
A) “As crianças brasileiras influenciam 80% das deci- Nem sempre o verbo se apresenta sozinho em uma
sões de compra de uma família” = voz ativa oração. Em muitos casos, surgem dois ou mais verbos jun-
B) “A publicidade na TV é a principal ferramenta do tos, para indicar que se pratica ou se sofre uma ação, ou
mercado para a persuasão do público infantil” = ativa (ver- que o sujeito possui uma qualidade. A essa junção, dá-se
bo de ligação); não dá para passar para a passiva o nome de locução verbal. Toda locução verbal é formada
C) “evidenciaram outros fatores que influenciam as por um verbo auxiliar (ou mais de um) e um verbo principal
crianças brasileiras nas práticas de consumo.” = ativa (somente um).
D) “Elas são assediadas pelo mercado” = voz passiva O verbo auxiliar é o que se relaciona com o sujeito,
E) “valores distorcidos são de fato um problema de or- por isso concorda com este, ou seja, se o sujeito estiver
dem ética” = ativa (verbo de ligação); não dá para passar no singular, o verbo auxiliar também ficará no singular; se
para a passiva o sujeito estiver no plural, o verbo auxiliar também ficará
9-) o diretor estava promovendo seu filme = dois ver- no plural. Na Língua Portuguesa os verbos auxiliares são os
bos na voz ativa, três na passiva: seu filme estava sendo seguintes: ser, estar, ter, haver, dever, poder, ir, dentre outros.
produzido. O verbo principal é o que indica se o sujeito possui uma
10-)Marcgrave acompanhou e anotou alguns fenô- qualidade, se ele pratica uma ação ou se a sofre. É o mais
menos celestes = voz ativa com um verbo (sem auxiliar!), importante da locução. Na Língua Portuguesa, o verbo
então na passiva teremos dois: alguns fenômenos foram principal surge sempre no infinitivo (terminado em –ar, -er,
acompanhados e anotados por Marcgrave. ou –ir), no gerúndio (terminado em –ndo) ou no particípio
(terminado em –ado ou –ido, dentre outras terminações).
Veja alguns exemplos de locuções verbais:
Os funcionários FORAM CONVOCADOS pelo diretor.
(aux.: SER; princ.: CONVOCAR)
Os estudantes ESTÃO RESPONDENDO às questões.
(aux.: ESTAR; princ.: RESPONDER)
Os trabalhadores TÊM ENFRENTADO muitos proble-
mas.(aux.: TER; princ.: ENFRENTAR)
O vereador HAVIA DENUNCIADO seus companheiros.
(aux.: HAVER; princ.: DENUNCIAR)
Os alunos DEVEM ESTUDAR todos os dias. (aux.: DEVER;
princ.: ESTUDAR)

94
LÍNGUA PORTUGUESA

Sujeito: É importante salientar que um verbo só será TRAN-


SITIVO se houver complemento (objeto direto ou objeto
Para se descobrir qual o sujeito do verbo (ou da locu- indireto). A análise de um verbo depende, portanto, do
ção verbal), deve-se perguntar a ele (ou a ela) o seguinte: ambiente sintático em que ele se encontra. Um verbo que
Que(m) é que ..........? A resposta será o sujeito. Por exemplo, aparentemente seja transitivo direto pode ser, na realida-
analisemos a primeira frase dentre as apresentadas acima: de, intransitivo, caso não haja complemento. Por exemplo,
Os funcionários foram convocados pelo diretor. observe a seguinte frase:
O pior cego é aquele que não quer ver.
O princípio é o verbo. Procura-se, portanto, o verbo: é O verbo “ver” é, aparentemente, transitivo direto, uma
a locução verbal foram convocados. - - Pergunta-se a ela: vez que se encaixa na frase Quem vê, vê algo. Ocorre, po-
Que(m) é que foi convocado? rém, que não há o “algo”. O pior cego é aquele que não
- Resposta: Os funcionários. quer ver o quê? Não aparece na oração; não há, portanto,
- O sujeito da oração, então, é o seguinte: os funcioná- o objeto direto. Como não o há, o verbo não pode ser tran-
rios.
sitivo direto, e sim intransitivo.
Encontrado o sujeito, parte-se para a análise do verbo:
Observe, agora, esta frase: Quem dá aos pobres, empres-
Se ele indicar que o sujeito possui uma qualidade, um
ta a Deus.
estado ou um modo de ser, sem praticar ação alguma, será
Os verbos “dar” e “emprestar” são, aparentemente,
denominado de VERBO DE LIGAÇÃO. Os verbos de ligação
mais comuns são os seguintes: ser, estar, parecer, ficar, per- transitivos diretos e indiretos, uma vez que se encaixam nas
manecer e continuar. Não se esqueça, porém, de que só frases Quem dá, dá algo a alguém e Quem empresta, em-
será verbo de ligação o que indicar qualidade, estado ou presta algo a alguém. Ocorre, porém, que não há o “algo”.
modo de ser do sujeito, sem praticar ação alguma. Observe Quem dá o que aos pobres empresta o que a Deus? Não
as seguintes frases: aparece na oração; não há, portanto, o objeto direto. Como
O político continuou seu discurso mesmo com todas as não o há, os verbos não podem ser transitivos diretos e
vaias recebidas. indiretos, e sim somente transitivos indiretos.
Continuar, nesta frase, não é de ligação já que não indi-
ca qualidade do sujeito, e sim ação. FONTE: http://www.gramaticaonline.com.br/texto/1231

A professora estava na sala de aula. Questões sobre Análise Sintática


Estar, nesta frase, não é de ligação já que não indica
qualidade do sujeito, e sim fato. 01. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os
A garota estava muito alegre. trabalhadores passaram mais tempo na escola...
Estar é verbo de ligação porque indica qualidade do O segmento grifado acima possui a mesma função sin-
sujeito. tática que o destacado em:
Se o verbo indicar que o sujeito pratica uma ação, ou A) ...o que reduz a média de ganho da categoria.
que participa ativamente de um fato, será denominado de B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe.
VERBO INTRANSITIVO ou VERBO TRANSITIVO, de acordo C) O crescimento da escolaridade também foi impul-
com o seguinte: sionado...
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé-
- Quem ............ , ................. : Todo verbo que se encaixar dio...
nessa frase será INTRANSITIVO. Por exemplo, o verbo cor- E) ...impulsionado pelo aumento do número de uni-
rer: Quem corre, corre.
versidades...
- Quem ............ , ................. algo/alguém: Todo verbo
que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO DIRETO. Por
02.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013). Donos
exemplo, o verbo comer: Quem come, come algo; ou o ver-
de uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens [...],
bo amar: Quem ama, ama alguém.
sabiam os paulistas como...
- Quem ............ , ................. + prep. + algo/alguém: Todo O segmento em destaque na frase acima exerce a mes-
verbo que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO INDI- ma função sintática que o elemento grifado em:
RETO. Por exemplo, o verbo gostar: Quem gosta, gosta de A) Nas expedições breves serviam de balizas ou mos-
algo ou de alguém. As preposições mais comuns são as tradores para a volta.
seguintes: a, de, em, por, para, sem e com. B) Às estreitas veredas e atalhos [...], nada acrescenta-
riam aqueles de considerável...
- Quem ............ , ................. algo/alguém + prep. + algo/ C) Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o
alguém: Todo verbo que se encaixar nessa frase será TRAN- sinal.
SITIVO DIRETO E INDIRETO - também denominado de BI- D) Uma sequência de tais galhos, em qualquer flores-
TRANSITIVO. Por exemplo, o verbo mostrar: Quem mostra, ta, podia significar uma pista.
mostra algo a alguém; ou o verbo informar: Quem informa, E) Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-
informa alguém de algo ou Quem informa, informa algo a nos a vila de São Paulo como centro...
alguém.

95
LÍNGUA PORTUGUESA

03. Há complemento nominal em: C) O crescimento da escolaridade também foi impulsio-


A)Você devia vir cá fora receber o beijo da madrugada. nado... = sujeito paciente
B)... embora fosse quase certa a sua possibilidade de D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio...
ganhar a vida. = objeto direto
C)Ela estava na janela do edifício. E) ...impulsionado pelo aumento do número de univer-
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. sidades... = agente da passiva
E)Pouco depois começaram a brincar de bandido e mo-
cinho de cinema. 2-) Donos de uma capacidade de orientação nas bre-
nhas selvagens [...], sabiam os paulistas como... = SUJEITO
04. (ESPM-SP) Em “esta lhe deu cem mil contos”, o ter- A) Nas expedições breves = ADJUNTO ADVERBIAL
mo destacado é: B) nada acrescentariam aqueles de considerável...= ad-
A) pronome possessivo junto adverbial
B) complemento nominal C) seria perceptível o sinal. = predicativo
C) objeto indireto D) Uma sequência de tais galhos = sujeito
D) adjunto adnominal E) apresentam-nos a vila de São Paulo como = objeto
E) objeto direto direto
05. Assinale a alternativa correta e identifique o sujeito
3-)
das seguintes orações em relação aos verbos destacados:
A) o beijo da madrugada. = adjunto adnominal
- Amanhã teremos uma palestra sobre qualidade de
B)a sua possibilidade de ganhar a vida. = complemento
vida.
- Neste ano, quero prestar serviço voluntário. nominal (possibilidade de quê?)
C)na janela do edifício. = adjunto adnominal
A)Tu – vós D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. = objeto
B)Nós – eu indireto
C)Vós – nós E) a brincar de bandido e mocinho de cinema = objeto
D) Ele - tu indireto
4-) esta lhe deu cem mil contos = o verbo DAR é bitran-
06. Classifique o sujeito das orações destacadas no tex- sitivo, ou seja, transitivo direto e indireto, portanto precisa
to seguinte e, a seguir, assinale a sequência correta. de dois complementos – dois objetos: direto e indireto.
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrenatu- Deu o quê? = cem mil contos (direto)
ral. É frequente a mistura de assuntos relativos ao naciona- Deu a quem? lhe (=a ele, a ela) = indireto
lismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deuses
tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis, aju- 5-) - Amanhã ( nós ) teremos uma palestra sobre qua-
dando-os ou atrapalhando- -os. lidade de vida.
A)simples, composto - Neste ano, ( eu ) quero prestar serviço voluntário.
B)indeterminado, composto
C)simples, simples 6-) É notável, nos textos épicos, a participação do so-
D) oculto, indeterminado brenatural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao
nacionalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os
07. (ESPM-SP) “Surgiram fotógrafos e repórteres”. deuses tomam partido e interferem nas aventuras dos he-
Identifique a alternativa que classifica corretamente a fun- róis, ajudando-os ou atrapalhando-os.
ção sintática e a classe morfológica dos termos destacados: Ambos os termos apresentam sujeito simples
A) objeto indireto – substantivo 7-) Surgiram fotógrafos e repórteres.
B) objeto direto - substantivo O sujeito está deslocado, colocado na ordem indireta
C) sujeito – adjetivo
(final da oração). Portanto: função sintática: sujeito (com-
D) objeto direto – adjetivo
posto); classe morfológica (classe de palavras): substanti-
E) sujeito - substantivo
vos.
GABARITO
Períodos Compostos
01. C 02. D 03. B 04. C 05. B 06. C 07. E
O período composto caracteriza-se por possuir mais de
RESOLUÇÃO uma oração em sua composição. Sendo Assim:
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora-
1-) Os trabalhadores passaram mais tempo na escola ção)
= SUJEITO - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria. = ob- (Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
jeto direto - Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe. protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
= objeto direto ções).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima corres- Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
ponde a uma oração. Isso implica que o primeiro exem- principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
plo é um período simples, pois tem apenas uma oração, seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo)
os dois outros exemplos são períodos compostos, pois têm - Passei no vestibular, portanto irei comemorar.
mais de uma oração. - Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer en- - Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
tre as orações de um período composto: uma relação de - A situação é delicada; devemos, pois, agir
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas em Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
um mesmo período (ou seja, em um mesmo bloco de infor- principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
mações, marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, de, pois (anteposto ao verbo).
estruturas individuais, como é o exemplo de: - Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo.
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. - Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
(Período Composto) - Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Podemos dizer: mingo.
1. Estou comprando um protetor solar.
2. Irei à praia. Fonte: http://www.infoescola.com/portugues/oracoes-
Separando as duas, vemos que elas são independentes. coordenadas-assindeticas-e-sindeticas/
É esse tipo de período que veremos: o Período Compos-
to por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos Questões sobre Orações Coordenadas
dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sin-
déticas. 01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplan-
tação integral de gosto e de estilo” tem valor:
Coordenadas Assindéticas A) conclusivo
B) adversativo
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas C) concessivo
através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas. D) explicativo
E) alternativo
Coordenadas Sindéticas
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre 02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”.
si, mas que são ligadas através de uma conjunção coorde- A oração em destaque é:
nativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração uma a) coordenada explicativa
classificação. As orações coordenadas sindéticas são clas- b) coordenada adversativa
sificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, c) coordenada aditiva
conclusivas e explicativas. d) coordenada conclusiva
e) coordenada assindética
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas princi- 03. (Agente Educacional – VUNESP – 2013-adap.) Releia
pais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não só... o seguinte trecho:
como, assim... como. Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a
- Não só cantei como também dancei. cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
- Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia. prática.
- Comprei o protetor solar e fui à praia. Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a
norma- -padrão da língua portuguesa, ao se substituir o
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas termo em destaque, o trecho estará corretamente reescrito
principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan- em:
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão. A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como qua-
- Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dan- nossa vida prática.
çando. B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como
- Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
praia. para nossa vida prática.
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; sa vida prática.
seja...seja. D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como quase
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras sa vida prática.
diferentes. E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase
- Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quar- toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
to. sa vida prática.

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LÍNGUA PORTUGUESA

04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013-adap.) 10- Na oração “Pedro não joga E NEM ASSISTE”, te-
Em – ...fruto não só do novo acesso da população ao auto- mos a presença de uma oração coordenada que pode ser
móvel mas também da necessidade de maior número de classificada em:
viagens... –, os termos em destaque estabelecem relação de A) Coordenada assindética;
A) explicação. B) Coordenada assindética aditiva;
B) oposição. C) Coordenada sindética alternativa;
C) alternância. D) Coordenada sindética aditiva.
D) conclusão.
E) adição. GABARITO

05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que 01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
estaremos a seu lado sempre. 06. A 07. B 08. A 09. D 10. D
Marque a opção correta quanto à sua classificação:
A) Coordenada sindética aditiva. RESOLUÇÃO
B) Coordenada sindética alternativa.
C) Coordenada sindética conclusiva. 1-) “Não se verificou, todavia, uma transplantação inte-
D) Coordenada sindética explicativa.
gral de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portan-
06. A frase abaixo em que o conectivo E tem valor ad-
to: oração coordenada sindética adversativa
versativo é:
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”.
2-) Estudamos, logo deveremos passar nos exames =
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”.
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa a oração em destaque não é introduzida por conjunção,
de pedir esmola”. então: coordenada assindética
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manu-
tenção da miséria E prejudica o desenvolvimento da so- 3-) Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção
ciedade”. (e ideia) adversativa
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de di- A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como qua-
nheiro, de moradia digna, emprego, segurança, lazer, cul- se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para
tura, acesso à saúde E à educação”. nossa vida prática. = conclusiva
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como
07. Assinale a alternativa em que o sentido da conjun- quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
ção sublinhada está corretamente indicado entre parênte- para nossa vida prática. = conformativa
ses. C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pre- toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
tende trabalhar como advogado. (explicação) sa vida prática. = conclusiva
B) Não fui ao cinema nem assisti ao jogo. (adição) E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
preocupe. (oposição) sa vida prática. = explicativa
D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
(alternância) Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu
E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam substituir por porque; como conclusiva: substituo por por-
toda a chuva. (conclusão) tanto.
08. Analise sintaticamente as duas orações destacadas 4-) fruto não só do novo acesso da população ao auto-
no texto “O assaltante pulou o muro, mas não penetrou na
móvel mas também da necessidade de maior número de
casa, nem assustou seus habitantes.” A seguir, classifique
viagens... estabelecem relação de adição de ideias, de fatos
-as, respectivamente, como coordenadas:
A) adversativa e aditiva.
5-) Não se desespere, que estaremos a seu lado sem-
B) explicativa e aditiva.
C) adversativa e alternativa. pre.
D) aditiva e alternativa. = conjunção explicativa (= porque) - coordenada sin-
dética explicativa
09. Um livro de receita é um bom presente porque aju-
da as pessoas que não sabem cozinhar. A palavra “porque” 6-)
pode ser substituída, sem alteração de sentido, por A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = mas não
A) entretanto. ajuda (ideia contrária)
B) então. B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”.
C) assim. = adição
D) pois. C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa
E) porém. de pedir esmola”. = adição

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LÍNGUA PORTUGUESA

D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manu- 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS


tenção da miséria E prejudica o desenvolvimento da socie- SUBSTANTIVAS
dade”. = adição
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de di- A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
nheiro, de moradia digna, emprego, segurança, lazer, cul- tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
tura, acesso à saúde E à educação”. = adição tegrante (que, se).

7-) Suponho que você foi à biblioteca hoje.


A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pre- Oração Subordinada Substantiva
tende trabalhar como advogado. = adversativa
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se Você sabe se o presidente já chegou?
preocupe. = conclusão Oração Subordinada Substantiva
D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
= explicativa Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
toda a chuva. = alternativa como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde,
8-) - mas não penetrou na casa = conjunção adversativa como). Veja os exemplos:
- nem assustou seus habitantes = conjunção aditiva O garoto perguntou qual era o telefone da
moça.
9-) Um livro de receita é um bom presente porque aju- Oração Subordinada Substantiva
da as pessoas que não sabem cozinhar. Não sabemos por que a vizinha se mudou.
= conjunção explicativa: pois Oração Subordinada Substantiva

10-) E NEM ASSISTE= conjunção aditiva (ideia de adi- Classificação das Orações Subordinadas
ção, soma de fatos) = Coordenada sindética aditiva. Substantivas

De acordo com a função que exerce no período, a ora-


Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes: ção subordinada substantiva pode ser:

“Eu sinto que em meu gesto existe o a) Subjetiva


teu gesto.” É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito
Oração Principal Oração Subordinada do verbo da oração principal. Observe:
Observe que na oração subordinada temos o verbo É fundamental o seu comparecimento à reunião.
“existe”, que está conjugado na terceira pessoa do singular Sujeito
do presente do indicativo. As orações subordinadas que
apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tem- É fundamental que você compareça à reunião.
pos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo), são Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
chamadas de orações desenvolvidas ou explícitas. Pode- Subjetiva
mos modificar o período acima. Veja:
Atenção: Observe que a oração subordinada substanti-
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. va pode ser substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos
Oração Principal Oração Subordinada um período simples:
É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu
sinto” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
subordinada “existir em meu gesto o teu gesto”. Note que a função de sujeito
a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo. Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas principal:
orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado ou 1- Verbos de ligação + predicativo, em construções
não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzi- do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo
das ou implícitas. - É claro - Está evidente - Está comprovado
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por É bom que você compareça à minha festa.
conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
mente, introduzidas por preposição. 2- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-
se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anun-
ciado - Ficou provado
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

99
LÍNGUA PORTUGUESA

3- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob-
importar - ocorrer - acontecer jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto
Convém que não se atrase na entrevista. que orações subordinadas substantivas completivas nomi-
Obs.: quando a oração subordinada substantiva é sub- nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma
jetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pes- da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
soa do singular. tado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o
complemento nominal: o primeiro complementa um verbo,
b) Objetiva Direta o segundo, um nome.
A oração subordinada substantiva objetiva direta exer-
ce função de objeto direto do verbo da oração principal. e) Predicativa
A oração subordinada substantiva predicativa exerce
Todos querem sua aprovação no concurso. papel de predicativo do sujeito do verbo da oração princi-
Objeto Direto pal e vem sempre depois do verbo ser.
Todos querem que você seja aprovado. (= Todos Nosso desejo era sua desistência.
querem isso) Predicativo do Sujeito
Oração Principal oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo
era isso)
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas Oração Subordinada Substantiva Predicativa
desenvolvidas são iniciadas por: Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva
- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não
“se”: fui bem na prova.
A professora verificou se todos alunos estavam presentes.
f) Apositiva
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às A oração subordinada substantiva apositiva exerce fun-
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: ção de aposto de algum termo da oração principal.
O pessoal queria saber quem era o dono do carro im- Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de
portado. seu casamento. Aposto
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
casamento chegasse.
Eu não sei por que ela fez isso.
Oração Subordinada Substantiva Apositiva
c) Objetiva Indireta
A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem
precedida de preposição.
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Meu pai insiste em meu estudo. valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
Objeto Indireto orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
a função de adjunto adnominal do antecedente. Observe
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste o exemplo:
nisso) Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Indireta
Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos
na oração. outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo pa-
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. pel. Veja:
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
Esta foi uma redação que fez sucesso.
d) Completiva Nominal Oração Principal Oração Subordinada Ad-
A oração subordinada substantiva completiva nominal jetiva
completa um nome que pertence à oração principal e tam-
bém vem marcada por preposição. Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad-
Sentimos orgulho de seu comportamento. jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
Complemento Nominal pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio-
nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma
de que você se comportou. (= Sen- função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que
timos orgulho disso.) seria exercido pelo termo que o antecede.
Oração Subordinada Substantiva Completiva Obs.: para que dois períodos se unam num período
Nominal composto, altera-se o modo verbal da segunda oração.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re- Saiba que:


conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser A oração subordinada adjetiva explicativa é separada
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais da oração principal por uma pausa, que, na escrita, é repre-
Refiro-me ao aluno que é estudioso. sentada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação
Essa oração é equivalente a: seja indicada como forma de diferenciar as orações expli-
Refiro-me ao aluno o qual estuda. cativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre
isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
Quando são introduzidas por um pronome relativo e
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal.
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Dessa forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo,
das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida,
reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo vem introduzida por uma das conjunções subordinativas
(podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o (com exclusão das integrantes). Classifica-se de acordo
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou com a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz.
particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. Oração Subordinada Adverbial
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- Observe que a oração em destaque agrega uma cir-
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome cunstância de tempo. É, portanto, chamada de oração
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito subordinada adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor- são termos acessórios que indicam uma circunstância refe-
dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome re- rente, via de regra, a um verbo. A classificação do adjunto
lativo e seu verbo está no infinitivo. adverbial depende da exata compreensão da circunstância
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas que exprime. Observe os exemplos abaixo:
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
Na relação que estabelecem com o termo que caracte- minha vida.
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
minha vida.
duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou
especificam o sentido do termo a que se referem, indivi- No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto
dualizando-o. Nessas orações não há marcação de pausa, adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”.
sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem No segundo período, esse papel é exercido pela oração
também orações que realçam um detalhe ou amplificam “Quando vi a estátua”, que é, portanto, uma oração su-
dados sobre o antecedente, que já se encontra suficiente- bordinada adverbial temporal. Essa oração é desenvolvi-
mente definido, as quais denominam-se subordinadas ad- da, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa
jetivas explicativas. (quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicati-
Exemplo 1: vo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um reduzi-la, obtendo-se:
homem que passava naquele momento. Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva minha vida.

Nesse período, observe que a oração em destaque res- A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma
tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
se de um homem específico, único. A oração limita o uni- introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
Obs.: a classificação das orações subordinadas adver-
mas sim àquele que estava passando naquele momento.
biais é feita do mesmo modo que a classificação dos ad-
juntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
Exemplo 2: oração.
O homem, que se considera racional, muitas vezes age
animalescamente. Circunstâncias Expressas
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pelas Orações Subordinadas Adverbiais

Nesse período, a oração em destaque não tem sentido a) Causa


restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que
oração apenas explicita uma ideia que já sabemos estar provoca um determinado fato, ao motivo do que se decla-
contida no conceito de “homem”. ra na oração principal. “É aquilo ou aquele que determina
um acontecimento”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE Embora fizesse calor, levei agasalho.
Outras conjunções e locuções causais: como (sempre in- Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos me-
troduzido na oração anteposta à oração principal), pois, pois tade da população continua à margem do mercado de con-
que, já que, uma vez que, visto que. sumo.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte. Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve al- bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
ternativa a não ser cancelá-lo.
Já que você não vai, eu também não vou. e) Comparação
As orações subordinadas adverbiais comparativas esta-
b) Consequência belecem uma comparação com a ação indicada pelo verbo
As orações subordinadas adverbiais consecutivas expri- da oração principal.
mem um fato que é consequência, que é efeito do que se Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO
declara na oração principal. São introduzidas pelas conjun- Ele dorme como um urso.
ções e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto que,
etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) Agem como crianças. (agem)
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa Oração Subordinada Adverbial Comparativa
dor.) No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- não ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (compa-
cretizando-os. ração do verbo falar e do verbo fazer).
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida f) Conformidade
de Infinitivo) As orações subordinadas adverbiais conformativas indi-
c) Condição cam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra,
Condição é aquilo que se impõe como necessário para um modelo adotado para a execução do que se declara na
a realização ou não de um fato. As orações subordinadas oração principal.
adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocor- Principal conjunção subordinativa conformativa: CON-
rer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expres- FORME
so na oração principal. Outras conjunções conformativas: como, consoante e
Principal conjunção subordinativa condicional: SE segundo (todas com o mesmo valor de conforme).
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, Fiz o bolo conforme ensina a receita.
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). direitos iguais.
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
certamente o melhor time será campeão. g) Finalidade
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o As orações subordinadas adverbiais finais indicam a in-
contrato. tenção, a finalidade daquilo que se declara na oração prin-
Caso você se case, convide-me para a festa. cipal.
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE
d) Concessão Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a
As orações subordinadas adverbiais concessivas in- locução conjuntiva para que.
dicam concessão às ações do verbo da oração principal, Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
isto é, admitem uma contradição ou um fato inesperado. A Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada
ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à entrasse.
quebra de expectativa.
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA h) Proporção
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locu- As orações subordinadas adverbiais proporcionais ex-
ções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, pos- primem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao
to que, apesar de que. expresso na oração principal.
Só irei se ele for. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcio-
nal: À PROPORÇÃO QUE
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida
só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Compare que, ao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
agora com: (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
Irei mesmo que ele não vá. quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quanto mais...
(menos), quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei À proporção que estudávamos, acertávamos mais ques-
de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A tões.
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
cessiva. Observe outros exemplos: Quanto maior for a altura, maior será o tombo.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

i) Tempo As expressões mais denso e menos trânsito, no título,


As orações subordinadas adverbiais temporais acres- estabelecem entre si uma relação de
centam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração (A) comparação e adição.
principal, podendo exprimir noções de simultaneidade, an- (B) causa e consequência.
terioridade ou posterioridade. (C) conformidade e negação.
Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO (D) hipótese e concessão.
Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, (E) alternância e explicação
mal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as
vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde que, etc. 02. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
Quando você foi embora, chegaram outros convidados. NESP – 2013). No trecho – Tem surtido um efeito positi-
Sempre que ele vem, ocorrem problemas. vo por eles se tornarem uma referência positiva dentro da
Mal você saiu, ela chegou. unidade, já que cumprem melhor as regras, respeitam o
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi- próximo e pensam melhor nas suas ações, refletem antes
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) de tomar uma atitude. – o termo em destaque estabelece
entre as orações uma relação de
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/ A) condição.
sint29.php B) causa.
Questões sobre Orações Subordinadas C) comparação.
D) tempo.
01. (Papiloscopista Policial – Vunesp/2013). E) concessão.
Mais denso, menos trânsito
03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e que aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas,
em processo de deterioração agudizado pelo crescimento exceto:
econômico da última década. Existem deficiências evidentes A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço.
em infraestrutura, mas é importante também considerar o B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita
planejamento urbano. sobre sua vida.
Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de C) Ignoras quanto custou meu relógio?
desconcentração, incentivando a criação de diversos centros D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebidos.
urbanos, na visão de que isso levaria a uma maior facilidade E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião
de deslocamento.
Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos 04. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
centros e o aumento das distâncias multiplicam o número de Considere a tirinha em que se vê Honi conversando com
viagens, dificultando o investimento em transporte coletivo e seu Namorado Lute.
aumentando a necessidade do transporte individual.
Se olharmos Los Angeles como a região que levou a des-
concentração ao extremo, ficam claras as consequências.
Numa região rica como a Califórnia, com enorme investi-
mento viário, temos engarrafamentos gigantescos que vira-
ram característica da cidade.
Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com
elevado adensamento e predominância do transporte coleti-
vo, como mostram Manhattan e Tóquio.
O centro histórico de São Paulo é a região da cidade
mais bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura
de telecomunicação, água, eletricidade etc. Como em outras
grandes cidades, essa deveria ser a região mais adensada da
metrópole. Mas não é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento
gradual do centro, com deslocamento das atividades para
diversas regiões da cidade.
A visão de adensamento com uso abundante de trans-
porte coletivo precisa ser recuperada. Desse modo, será pos-
sível reverter esse processo de uso cada vez mais intenso do
transporte individual, fruto não só do novo acesso da popu-
lação ao automóvel, mas também da necessidade de maior
número de viagens em função da distância cada vez maior
entre os destinos da população.
(Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adap-
tado) (Dik Browne, Folha de S. Paulo, 26.01.2013)

103
LÍNGUA PORTUGUESA

É correto afirmar que a expressão contanto que estabe- 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
lece entre as orações relação de Públicas – VUNESP – 2013-adap.) No trecho – “Fio, disjun-
A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja trabalhar tor, tomada, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho
depois de casada. que chega a contaminar-me. –, a construção tanto ... que
B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso estabelece entre as construções [com tanto orgulho] e [que
como cantor romântico. chega a contaminar-me] uma relação de
C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já A) condição e finalidade.
pensam em casamento. B) conformidade e proporção.
D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão C) finalidade e concessão.
de músico provavelmente ganhará pouco. D) proporção e comparação.
E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido E) causa e consequência.
torne-se um artista famoso. 09. “Os Estados Unidos são considerados hoje um país
bem mais fechado – embora em doze dias recebam o mes-
05. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – mo número de imigrantes que o Brasil em um ano.” A alter-
Apesar da desconcentração e do aumento da extensão nativa que substitui a expressão em negrito, sem prejuízo
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e ao conteúdo, é:
adensar ainda mais os diversos centros já existentes... –, sem A) já que.
que tenha seu sentido alterado, o trecho em destaque está B) todavia.
corretamente reescrito em: C) ainda que.
A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Ex- D) entretanto.
tensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvol- E) talvez.
ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au- 10. (Escrevente TJ SP – Vunesp – 2013) Assinale a alter-
mento da extensão urbana no Brasil, é importante desen- nativa que substitui o trecho em destaque na frase – Assi-
volver e adensar ainda mais os diversos centros já existen-
narei o documento, contanto que garantam sua autenti-
tes...
cidade. – sem que haja prejuízo de sentido.
C) Assim como são verificados a desconcentração e o
(A) desde que garantam sua autenticidade.
aumento da extensão urbana no Brasil, é importante de-
(B) no entanto garantam sua autenticidade.
senvolver e adensar ainda mais os diversos centros já exis-
(C) embora garantam sua autenticidade.
tentes...
(D) portanto garantam sua autenticidade.
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da ex-
(E) a menos que garantam sua autenticidade.
tensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvol-
ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
GABARITO
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento
da extensão urbana verificados no Brasil, é importante de- 01. B 02. B 03. C 04. D 05. A
senvolver e adensar ainda mais os diversos centros já exis- 06. C 07. D 08. E 09. C 10. A
tentes...
RESOLUÇÃO
06. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – É
fundamental que essa visão de adensamento com uso 1-) mais denso e menos trânsito = mais denso, conse-
abundante de transporte coletivo seja recuperada para que quentemente, menos trânsito, então: causa e consequência
possamos reverter esse processo de uso… –, a expressão em
destaque estabelece entre as orações relação de 2-) já que cumprem melhor as regras = estabelece en-
A) consequência. tre as orações uma relação de causa com a consequência
B) condição. de “tem um efeito positivo”.
C) finalidade. 3-) Ignoras quanto custou meu relógio? = oração su-
D) causa. bordinada substantiva objetiva direta
E) concessão. A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou
seja, não se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013 – adap.). verbos “convir”, “parecer”, “importar”, “constar” etc., e tam-
Considere o trecho: “Como as músicas eram de protesto, bém não inicia com as conjunções integrantes “que” e “se”.
naquele mesmo ano foi enquadrado na lei de segurança na-
cional pela ditadura militar e exilado.” O termo Como, em 4-) a expressão contanto que estabelece uma relação
destaque na primeira parte do enunciado, expressa ideia de de condição (condicional)
A) contraste e tem sentido equivalente a porém.
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que. 5-) Apesar da desconcentração e do aumento da ex-
C) conformidade e tem sentido equivalente a conforme. tensão urbana verificados no Brasil = conjunção concessiva
D) causa e tem sentido equivalente a visto que. B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au-
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que. mento da extensão urbana no Brasil, = causal

104
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Assim como são verificados a desconcentração e o 4) No caso de o sujeito ser representado por expres-
aumento da extensão urbana no Brasil = comparativa sões aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”,
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da o verbo concorda com o substantivo determinado por elas:
extensão urbana verificados no Brasil = causal Cerca de mil candidatos se inscreveram no concurso.
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen-
to da extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas 5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex-
pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
6-) para que possamos = conjunção final (finalidade) de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
Observação:
7-) “Como as músicas eram de protesto = expressa - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
ideia de causa da consequência “foi enquadrado” = causa associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
e tem sentido equivalente a visto que. necessariamente, deverá permanecer no plural:
8-) com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
construção estabelece uma relação de causa e consequên- campanha de doação de alimentos.
cia. (a causa da “contaminação” – consequência) Mais de um formando se abraçaram durante as soleni-
dades de formatura.
9-) Os Estados Unidos são considerados hoje um país
bem mais fechado – embora em doze dias recebam o mes- 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um
mo número de imigrantes que o Brasil em um ano.” = dos que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi
conjunção concessiva: ainda que um dos que atuaram na Copa América.
10-) contanto que garantam sua autenticidade. = con- 7) Em casos relativos à concordância com locuções pro-
junção condicional = desde que nominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
nos atermos a duas questões básicas:
CONCORDÂNCIA
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no
plural, o verbo poderá com ele concordar, como poderá
também concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
referindo à relação de dependência estabelecida entre um o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
termo e outro mediante um contexto oracional. Desta fei- - Quando o primeiro pronome da locução estiver ex-
ta, os agentes principais desse processo são representados presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin-
pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante; e o gular: Algum de nós o receberá.
verbo, o qual desempenha a função de subordinado.
Dessa forma, temos que a concordância verbal caracte- 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pro-
riza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesi- nome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do
tos “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplifican- singular ou poderá concordar com o antecedente desse
do, temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para
apresenta-se na terceira pessoa do singular, pois faz refe- ela. / Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela.
rência a um sujeito, assim também expresso (ele). Como
poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados. 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
Casos referentes a sujeito simples antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma-
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo.
o núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
2) Nos casos referentes a sujeito representado por subs- 10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex-
tantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos. com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa
Observação: porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão.
adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
poderá ir para o plural: Observações:
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. - Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por-
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
3) Quando o sujeito é representado por expressões par- - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin-
titivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da dire-
a metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto toria.
pode concordar com o núcleo dessas expressões quanto - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
com o substantivo que a segue: A maioria dos alunos resol- determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural:
veu ficar. A maioria dos alunos resolveram ficar. Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.

105
LÍNGUA PORTUGUESA

11) Nos casos em que o sujeito estiver representado Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o prono-
por pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empre- me concordam em gênero e número com o substantivo.
gado na terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas - A pequena criança é uma gracinha.
Majestades gostaram das homenagens. Vossa Majestade - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
agradeceu o convite.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- regra geral mostrada acima.
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns
aspectos que os determinam: a) Um adjetivo após vários substantivos
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver- - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predi- plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
cativo também esteja no singular: Memórias póstumas de - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
Brás Cubas é uma criação de Machado de Assis. - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam- - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po-
masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
tência mundial.
- Ela tem pai e mãe louros.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que
- Ela tem pai e mãe loura.
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados
- Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
Unidos é uma potência mundial.
mente para o plural.
Casos referentes a sujeito composto - O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, es- b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
tando relacionado a dois pressupostos básicos: - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as mais próximo.
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Comi delicioso almoço e sobremesa.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar Provei deliciosa fruta e suco.
na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são
primos. - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer an- Estavam feridos o pai e os filhos.
teposto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus Estava ferido o pai e os filhos.
dois filhos compareceram ao evento.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver- - antecede todos os adjetivos com um artigo.
bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. - coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singu- d) Pronomes de tratamento
lar: Meu esposo e grande companheiro merece toda a felici- - sempre concordam com a 3ª pessoa.
dade do mundo.
Vossa Santidade esteve no Brasil.

e) Anexo, incluso, próprio, obrigado


5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
- Concordam com o substantivo a que se referem.
nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha As cartas estão anexas.
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de A bebida está inclusa.
meu esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha pre- Precisamos de nomes próprios.
miação é fruto de meu esforço. Obrigado, disse o rapaz.

Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos de- f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
mais termos da oração para que concordem em gênero e - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, singular e o adjetivo no plural.
o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, Renato advogou um e outro caso fáceis.
temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira. Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.

106
LÍNGUA PORTUGUESA

g) É bom, é necessário, é proibido Questões sobre Concordância Nominal e Verbal


- Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre-
cedido de artigo ou outro determinante. 01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
Canja é bom. / A canja é boa. cordância verbal e nominal está inteiramente correta na
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença. frase:
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A en- (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
trada é proibida. que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
rir legitimidade a suas decisões.
h) Muito, pouco, caro (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
- Como adjetivos: seguem a regra geral. ser embasados na percepção dos valores e princípios que
Comi muitas frutas durante a viagem. regem a prática política.
Pouco arroz é suficiente para mim. (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro
Os sapatos estavam caros. regime democrático, em que se respeita tanto as liberda-
- Como advérbios: são invariáveis. des individuais quanto as coletivas.
Comi muito durante a viagem. (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimi-
Comprei caro os sapatos. nadas de um único poder central.
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
i) Mesmo, bastante para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
- Como advérbios: invariáveis niões existentes na sociedade.
Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. 02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de con-
cordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas
- Como pronomes: seguem a regra geral. em:
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa lei-
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. tura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimora-
mento intelectual, estão na capacidade de criação do autor,
j) Menos, alerta mediante palavras, sua matéria-prima.
- Em todas as ocasiões são invariáveis. B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre
Preciso de menos comida para perder peso. delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor
Estamos alerta para com suas chamadas. ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus au-
tores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
k) Tal Qual C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas,
- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda lhe permitem criar todo um mundo de ficção, em que per-
com o consequente. sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
As garotas são vaidosas tais qual a tia. leitores, numa verdadeira interação com a realidade.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
tor somente se realiza plenamente caso haja afinidade de
l) Possível ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me- crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura.
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as ex- E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que
pressões. constitui leitura obrigatória e se tornam referências por seu
A mais possível das alternativas é a que você expôs. conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas 03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para
da cidade. responder à questão.
m) Meio _________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
- Como advérbio: invariável. está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
Estou meio (um pouco) insegura. seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
- Como numeral: segue a regra geral. o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É
Comi meia (metade) laranja pela manhã. verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e
da água em si ___________diferença, as companhias não po-
n) Só dem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares
- apenas, somente (advérbio): invariável. por tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portan-
Só consegui comprar uma passagem. to, elas começam a usar preços- -sombra. Ainda assim,
- sozinho (adjetivo): variável. ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
Estiveram sós durante horas. adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria
das políticas de crescimento verde sempre ___________ a se-
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/concor- gunda opção.
dancia-verbal.htm (Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas
pectivamente, com: em:
(A) Restam… faça… será (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel
(B) Resta… faz… será sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
(C) Restam… faz... serão dessas criações poéticas tão originais.
(D) Restam… façam… serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
(E) Resta… fazem… será atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
nas melhores universidades do país.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
tiva em que o trecho a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-pa- a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
drão da língua portuguesa. resultado do puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
até agora uma maneira adequada de se quantificar os insu- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
mos básicos. representatividade.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási- 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
cos ser quantificados. Observam-se corretamente as regras de concordância ver-
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou bal e nominal em:
até agora uma maneira adequada para que os insumos bá- a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
sicos sejam quantificado. entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica-
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias
trou até agora uma maneira adequada para que os insumos
de hoje.
básicos seja quantificado.
b) A importância de intelectuais como Edward Said e
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que
os insumos básicos.
escreveram.
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre
05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto so-
- VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota nega- frimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo
tiva... menos de terem alguma trégua.
II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifi-
cação do continente americano (2,0)... d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a ver-
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e dade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto
II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos relativa, costumam encontrar muito mais detratores que
exemplos, em: admiradores.
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próxi- e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais
mo ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria? e escritores como Edward Said, que não apenas era notícia
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. pelos livros que publicavam como pelas posições que co-
Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha. rajosamente assumiam.
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia. 09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos-
também existem umas que não merecem nossa atenção. tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural,
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. está em:
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) (B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla-
Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de neta)
peregrinação. (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O
O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural consumo mundial de barris de petróleo)
caso o segmento grifado seja substituído por: (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se
(A) Há folheteiros que no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos)
(B) A maior parte dos folheteiros (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es-
(C) O folheteiro e sua família forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças
(D) O grosso dos folheteiros climáticas)
(E) Cada um dos folheteiros

108
LÍNGUA PORTUGUESA

10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- 3-) _Restam___dúvidas


nale a alternativa em que a concordância das formas verbais mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água
destacadas está de acordo com a norma-padrão da língua. em si __faça __diferença
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higieni- a maioria das políticas de crescimento verde sempre
zação subterrânea. ____será_____ a segunda opção.
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os tra- Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto
balhadores da área de limpeza. no plural quanto no singular. Nas alternativas não há “res-
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos ris- tam/faça/serão”, portanto a A é que apresenta as opções
cos de se contrair alguma doença. adequadas.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço. 4-)
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
de seus funcionários.
insumos básicos.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
GABARITO
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A cos serem quantificados.
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
RESOLUÇÃO mos básicos sejam quantificados.
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
1-) Fiz os acertos entre parênteses: trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores mos básicos sejam quantificados.
que determinam as escolhas dos governantes, para conferir (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
legitimidade a suas decisões. trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem os insumos básicos. = correta
(deve) ser embasados (embasada) na percepção dos valores
e princípios que regem a prática política. 5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verda- aos itens:
deiro regime democrático, em que se respeita (respeitam) (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém
tanto as liberdades individuais quanto as coletivas. tem (singular)
(D) As instituições fundamentais de um regime demo- (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. (plural)
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) volta- (D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem
dos (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- umas (plural)
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
as formas estão no plural)
2-)
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa lei- 6-)
tura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimora-
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto
mento intelectual, estão na capacidade de criação do autor,
“folheterios”)
mediante palavras, sua matéria-prima. = correta
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional)
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sem-
pre delineiam novos caminhos, pois são capazes de encan- C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
tar o leitor ao ultrapassarem os limites da época em que D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
vivem seus autores, gênios no domínio das palavras, sua E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
matéria-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, 7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
lhes permite criar todo um mundo de ficção, em que per- (A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a conside-
sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os rar o cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capa-
leitores, numa verdadeira interação com a realidade. zes de fruir dessas criações poéticas tão originais.
D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei- (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
de ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o nas melhores universidades do país.
crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura. (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
constituem leitura obrigatória e se tornam referências por mesmos requizessem (requeressem) o respeito que faziam
seu conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. por merecer.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desva- REGÊNCIA


lorização e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica
só pode (podem) ser resultado do puro e simples desco- Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
nhecimento. que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as pala-
os problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados vras, criando frases não ambíguas, que expressem efeti-
à falta de representatividade. vamente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.

8-) Fiz as correções entre parênteses: Regência Verbal


a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofis- Termo Regente: VERBO
ticadas às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns
(comum) nos dias de hoje. A regência verbal estuda a relação que se estabelece
b) A importância de intelectuais como Edward Said e entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros adverbiais).
que escreveram. O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto conhecermos as diversas significações que um verbo pode
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem assumir com a simples mudança ou retirada de uma pre-
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) posição. Observe:
alguma trégua. A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar,
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a ver- contentar.
dade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar
relativa, costumam encontrar muito mais detratores que agrado ou prazer”, satisfazer.
admiradores. Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos in- “agradar a alguém”.
telectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas Saiba que:
posições que corajosamente assumiam. O conhecimento do uso adequado das preposições é
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver-
9-) bal (e também nominal). As preposições são capazes de
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = modificar completamente o sentido do que se está sendo
“há” permaneceria no singular dito. Veja os exemplos:
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla- Cheguei ao metrô.
neta) = “sabe” permaneceria no singular Cheguei no metrô.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane- gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A
ceria no singular oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da
custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete” língua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem
passaria para “refletem-se” divergências entre a regência coloquial, cotidiana de al-
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esfor- guns verbos, e a regência culta.
ços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças cli- Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
máticas) = “pressiona” permaneceria no singular de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém,
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de
10-) Fiz as correções: diferentes formas em frases distintas.
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem Verbos Intransitivos
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos ris-
cos Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
sete da manhã = eram aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente,
começou = começaram - Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
indicar destino ou direção são: a, para.

110
LÍNGUA PORTUGUESA

Fui ao teatro. - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-


Adjunto Adverbial de Lugar mentos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Ricardo foi para a Espanha. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Adjunto Adverbial de Lugar - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
- Comparecer quem” ou “ao que” se responde.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Respondi ao meu patrão.
em ou a. Respondemos às perguntas.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl- Respondeu-lhe à altura.
timo jogo. Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
Verbos Transitivos Diretos siva analítica. Veja:
O questionário foi respondido corretamente.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre- - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
gar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblí- tos introduzidos pela preposição “com”.
quos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses prono- Antipatizo com aquela apresentadora.
mes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após nam para uma minoria privilegiada.
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa-
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta-
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, es-
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e obje-
timar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger,
to indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
Objeto Indireto Objeto Direto
como o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Paguei o débito ao cobrador.
Amo aquela moça. / Amo-a.
Objeto Direto Objeto Indireto
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver- com particular cuidado. Observe:
bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Agradeci o presente. / Agradeci-o.
adnominais). Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Verbos Transitivos Indiretos
Informar
Os verbos transitivos indiretos são complementados por - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
uma preposição para o estabelecimento da relação de re- Informe os novos preços aos clientes.
gência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
pessoa que podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, preços)
o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam os prono-
mes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos - Na utilização de pronomes como complementos, veja
indiretos. Com os objetos indiretos que não representam as construções:
pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: bre eles)
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
iguais para todos.

111
LÍNGUA PORTUGUESA

Comparar ASPIRAR
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
indireto. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
criança. (Aspirávamos a elas)
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Pedir pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de (s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
pessoa. Aspiravam a ela)
Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto ASSISTIR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. tar assistência a, auxiliar. Por exemplo:
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Objetiva Direta
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Saiba que:
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
- A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra Assistimos ao documentário.
licença estiver subentendida. Não assisti às últimas sessões.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. Essa lei assiste ao inquilino.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini- intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
- A construção “dizer para”, também muito usada po- conturbada cidade.
pularmente, é igualmente considerada incorreta.
CHAMAR
Preferir - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indi- licitar a atenção ou a presença de.
reto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo: Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha-
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. má-la.
Prefiro trem a ônibus. Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre-
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
prefixo existente no próprio verbo (pre). preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
Mudança de Transitividade X Mudança de Significado A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- A torcida chamou ao jogador de mercenário.
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimento
das diferentes regências desses verbos é um recurso linguís-
CUSTAR
tico muito importante, pois além de permitir a correta inter-
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
pretação de passagens escritas, oferece possibilidades ex-
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
pressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
AGRADAR - No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari- ou transitivo indireto.
nhos, acariciar.
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada Muito custa viver tão longe da família.
quando o revê. Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjeti-
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / va
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo. Intransitivo Reduzida de Infinitivo
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento atitude.
introduzido pela preposição “a”. Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjeti-
O cantor não agradou aos presentes. va
O cantor não lhes agradou. Indireto Reduzida de Infinitivo

112
LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: a Gramática Normativa condena as construções ESQUECER – LEMBRAR


que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado - Lembrar algo – esquecer algo
por pessoa. Observe: - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema. No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
IMPLICAR No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes to, transitivos indiretos:
implicavam um firme propósito. - Ele se esqueceu do caderno.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, - Eu me esqueci da chave.
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadure- - Eles se esqueceram da prova.
cimento político de um povo. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
econômicas. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transi- Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
tivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com - Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
quem não trabalhasse arduamente. - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de al-
cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, guma coisa).
agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado
de adjunto adverbial de modo. SIMPATIZAR
As afirmações da testemunha procediam, não havia Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não sim-
como refutá-las. patizei com os jurados.
Você procede muito mal.
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- NAMORAR
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi- É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Ma-
do pela preposição “a”) é transitivo indireto. ria namora João.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames. Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.
O delegado procederá ao inquérito.
OBEDECER
QUERER É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
vontade de, cobiçar. Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode
ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
VER
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu
estimar, amar. o filme.
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina. Regência Nominal
Despede-se o filho que muito lhe quer.
É o nome da relação existente entre um nome (subs-
VISAR tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
O homem visou o alvo. conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
O gerente não quis visar o cheque. regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”. nomes correspondentes: todos regem complementos in-
O ensino deve sempre visar ao progresso social. troduzidos pela preposição a. Veja:
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar Obedecer a algo/ a alguém.
público. Obediente a algo/ a alguém.

113
LÍNGUA PORTUGUESA

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos

Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de


Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos

Acessível a Diferente de Necessário a


Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios

Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em responsabilidade pelo problema.
partes desiguais... (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que se perdido.
o grifado acima está empregado em: (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a de um índio na porta do prédio.
extremos de sutileza. (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado perdido de sua família.
nos troncos mais robustos. (E) A família toda se organizou para realizar a procura
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- à garotinha.
rientam, não raro, quem...
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale
na serra de Tunuí...
a alternativa que completa, correta e respectivamente, as
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
gentio, mestre e colaborador...
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
o da frase acima se encontra em: mídia pode exercer sobre os jovens.
A) A palavra direito, em português, vem de directum, A) dos … na
do verbo latino dirigere... B) nos … entre a
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das C) aos … para a
sociedades... D) sobre os … pela
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado E) pelos … sob a
pela justiça.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspi- 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
rações da justiça... Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
sentimento de justiça. cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alter- dez mil tomadas.
nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
nominal e à pontuação. C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida- criar logotipos e negociar.
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avan- D) O taxista levou o autor a indagar no número de to-
ço seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exem- madas do edifício.
plo, do que em outros. E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra- rasse a um prédio na marginal.
pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As-
exemplo!, do que em outros. sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra- frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o língua e sem alteração de sentido.
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
exemplo, do que em outros. direitos dos trabalhadores domésticos.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam ra- A) da
pidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o B) na
avanço seja mais notável em alguns países – o Brasil é um C) pela
exemplo – do que em outros. D) sob a
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida- E) sobre a
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem- GABARITO
plo) do que em outros.
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina- 06. A 07. C 08. A 09. C
le a alternativa correta quanto à regência dos termos em
destaque.

115
LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO 6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das ou- se perdido.
tras ciências ... (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
Facilitar – verbo transitivo direto um índio na porta do prédio.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de liga- (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdi-
ção do de sua família.
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo (E) A família toda se organizou para realizar a procura
de ligação
pela garotinha.
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo tran-
sitivo direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou
verbo transitivo indireto já assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
nos filhos do sueco. A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
Pedir = verbo transitivo direto e indireto que a mídia pode exercer sobre os jovens.
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran-
sitivo direto 8-)
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha-
ligação
ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
=verbo intransitivo
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- criar logotipos e negociar.
mento. =transitivo direto D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
tomadas do edifício.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
em partes desiguais... parasse em um prédio na marginal.
Constar = verbo intransitivo
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
nos troncos mais robustos. =ligação direitos dos trabalhadores domésticos.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
rientam, não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho 7. PONTUAÇÃO: EMPREGO DOS SINAIS DE
na serra de Tunuí... = transitivo direto
PONTUAÇÃO.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto

4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
Lidar = transitivo indireto servem para compor a coesão e a coerência textual, além
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ve-
sociedades... =transitivo direto jamos as principais funções dos sinais de pontuação co-
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado nhecidos pelo uso da língua portuguesa.
pela justiça. =ligação
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- Ponto
ções da justiça... =transitivo direto e indireto 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen- - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em
timento de justiça. =transitivo direto que se encontra.
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re-
gência (pontuação encontra-se em tópico específico)
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
tuação) Ponto e Vírgula ( ; )
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
à pontuação) importância.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi- - “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida;
avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
exemplo) do que em outros.

116
LÍNGUA PORTUGUESA

2- Separa partes de frases que já estão separadas por - entre sujeito e predicado.
vírgulas. Todos os alunos da sala foram advertidos.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta- Sujeito predicado
nhas, frio e cobertor.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo- - entre o verbo e seus objetos.
tivos, decreto de lei, etc. O trabalho custou sacrifício aos realiza-
- Ir ao supermercado; dores.
- Pegar as crianças na escola; V.T.D.I. O.D. O.I.
- Caminhada na praia;
- Reunião com amigos. Usa-se a vírgula:
- Para marcar intercalação:
Dois pontos a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
1- Antes de uma citação dância, vem caindo de preço.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
2- Antes de um aposto c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
tarde e calor à noite. querem abrir mão dos lucros altos.
- Para marcar inversão:
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven- Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
do a rotina de sempre. chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
4- Em frases de estilo direto pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
Maria perguntou: c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
- Por que você não toma uma decisão? maio de 1982.
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
Ponto de Exclamação tos em enumeração):
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
susto, súplica, etc. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
2- Depois de interjeições ou vocativos
- Para marcar elipse (omissão) do verbo:
- Ai! Que susto!
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
- João! Há quanto tempo!
- Para isolar:
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei-
Ponto de Interrogação
ra, possui um trânsito caótico.
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
vedo)
Fontes:
Reticências http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
1- Indica que palavras foram suprimidas. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
- Comprei lápis, canetas, cadernos... la.htm

2- Indica interrupção violenta da frase. Questões sobre Pontuação


“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alter-
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida nativa em que a pontuação está corretamente empregada,
- Este mal... pega doutor? de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimi-
- Deixa, depois, o coração falar... dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
Vírgula dona.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e,
Não se usa vírgula embora experimentasse a sensação, de violar uma intimi-
*separando termos que, do ponto de vista sintático, li- dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en-
gam-se diretamente entre si: contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
dona.

117
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- meiro às, areias do Guarujá.
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. lefone de quem a encontrou e informar um ponto de re-
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, ferência
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- 06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramatical-
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. mente correto, é necessário inserir sinais de pontuação.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, Assinale a posição em que não deve ser usado o sinal de
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimida- ponto, e sim a vírgula, para que sejam respeitadas as re-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar gras gramaticais. Desconsidere os ajustes nas letras ini-
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. ciais minúsculas.
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicle-
02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAP- tas de bambu para 4600 alunos da rede pública de São
TADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em Paulo(A) o programa desenvolve ainda oficinas e cursos
campo em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do para as crianças utilizarem a bicicleta de forma segura e
Campeonato Nacional em apoio à campanha que visa 4 re- correta(B) os alunos ajudam a traçar ciclorrotas e partici-
duzir o número de pessoas que não possuem o nome do pai pam de atividades sobre cidadania e reciclagem(C) as es-
em sua certidão de nascimento. (...) colas participantes se tornam também centros de descarte
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai de garrafas PET(D) destinadas depois para reciclagem(E) o
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgu- programa possibilitará o retorno das bicicletas pela saúde
la porque tem natureza restritiva. das crianças e transformação das comunidades em lugares
( ) Certo ( ) Errado melhores para se viver.
(Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117)
03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BNDES/2012) a) A
Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo-se o b) B
sentido e a obediência à norma-padrão? c) C
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o trei- d) D
no. e) E
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos es-
portes? 07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – VU-
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se NESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso
prepara para o evento. da pontuação.
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimo- (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas
ramento do desportista.
circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja ali-
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
viada.
judô, natação e canoagem.
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse,
porque você está junto; com os outros motoristas cujos
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012)
comportamentos, são desconhecidos.
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem
a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
ser uma extensão de nossa personalidade.
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da tran-
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; au-
sação.
c) Maria, você trouxe os documentos? mentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema. (E) Os congestionamentos e o número de motoristas
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimen- na rua, são as principais causas da ira de trânsito.
tação estranha.
08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). As- GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
sinale a alternativa em que a frase mantém-se correta após MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ci-
o acréscimo das vírgulas. clo econômico e a nossa geração foi escolhida para este
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na vexame, você aí desse tamanho pedindo esmola e eu aqui
pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô- sem nada para te dizer, agora afasta que abriu o sinal.”
nica ao grupo ou acione o código na internet. No período acima, as vírgulas foram empregadas em
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde “Paciência, minha filha, este é [...]”, para separar
o código foi acionado. (A) aposto.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra- (B) vocativo.
dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo (C) adjunto adverbial.
que a criança foi encontrada. (D) expressão explicativa.

118
LÍNGUA PORTUGUESA

09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL (C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se
PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O perío- prepara para o evento.
do corretamente pontuado é: = mantê-la (explicação)
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivên- (D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimo-
cia em condições hostis nem sempre conseguem agradar, ramento do desportista.
aos espectadores. = pode retirá-la (advérbio de tempo)
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes en- (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
tre si, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma judô, natação e canoagem.
história ficcional. = mantê-la (enumeração)
(C) A história de heroísmo e de determinação que nem
sempre, é convincente, se passa em um cenário marcado, 4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou fal-
pelo frio. tante:
(D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem!
riscos iminentes que comprometem, a sobrevivência. b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da
(E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a transação.
liberdade, nada poderia parecer, realmente intransponível. c) Maria, você trouxe os documentos?
d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
GABARITO e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma mo-
vimentação estranha.
01. C 02. C 03. D 04. C 05. E
06. D 07. A 08. B 09.B 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
quadas
RESOLUÇÃO (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá
na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem
eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
de onde o código foi acionado.
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando
dos , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
dizendo que a criança foi encontrada.
sua dona. (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa primeiro às , (X) areias do Guarujá.
e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando 6-)
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas
sua dona. de bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A).
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa O programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as crian-
e, embora experimentasse a sensação de violar uma inti- ças utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os
midade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) alunos ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sobre cidadania e reciclagem(C). As escolas participantes se
sua dona. tornam também centros de descarte de garrafas PET(D), des-
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, tinadas depois para reciclagem(E). O programa possibilitará
embora , (X) experimentasse a sensação de violar uma in- o retorno das bicicletas pela saúde das crianças e transfor-
timidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , mação das comunidades em lugares melhores para se viver.
(X) encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posi-
a sua dona. ção (D), pois antecipa um termo explicativo.

2-) A oração restringe o grupo que participará da cam- 7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas:
panha (apenas os que não têm o nome do pai na certidão (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas
de nascimento). Se colocarmos uma vírgula, a oração tor- circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja ali-
nar-se-á “explicativa”, generalizando a informação, o que viada.
dará a entender que TODAS as pessoa não têm o nome do (B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse,
pai na certidão. porque você está junto; (X) com os outros motoristas cujos
RESPOSTA: “CERTO”. comportamentos, (X) são desconhecidos.
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros
3-) podem ser uma extensão de nossa personalidade.
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o (D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X)
treino. = mantê-la (termo deslocado) aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos es- (E) Os congestionamentos e o número de motoristas na
portes? = mantê-la (vocativo) rua, (X) são as principais causas da ira de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado Polissemia e homonímia
para se dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão ina- comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signi-
dequadas ou faltantes: ficados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
(A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência quando duas ou mais palavras com origens e significados
em condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
aos espectadores. monímia.
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes en- A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
tre si, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
história ficcional. polissemia porque os diferentes significados para a palavra
(C) A história de heroísmo e de determinação (X) que manga têm origens diferentes, e por isso alguns estudiosos
nem sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário mencionam que a palavra manga deveria ter mais do que
marcado, (X) pelo frio.
uma entrada no dicionário.
(D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é
“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar
correr riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobre-
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou a
vivência.
(E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os dife-
a liberdade, nada poderia parecer, (X) realmente intrans- rentes significados estão interligados porque remetem para
ponível. o mesmo conceito, o da escrita.
Polissemia e ambiguidade

8. SEMÂNTICA: POLISSEMIA, HOMONÍMIA, Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na


SINONÍMIA, ANTONÍMIA, PARONÍMIA. interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
ser ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpreta-
ção. Essa ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
Consideremos as seguintes frases:
uma frase. Vejamos a seguinte frase: Pessoas que têm uma
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!
alimentação equilibrada frequentemente são felizes. Neste
Vamos! Coloque logo a mão na massa!
caso podem existir duas interpretações diferentes. As pes-
As crianças estão com as mãos sujas.
soas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.
felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idên-
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter-
ticas no que se refere à grafia, mas será que possuem o mes-
pretação. Para fazer a interpretação correta é muito impor-
mo significado?
tante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
Existe uma parte da gramática normativa denominada
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo-
Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significados
la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de-
que uma mesma palavra apresenta de acordo com o contex-
finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma
to em que se insere.
língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto.
Tomando como exemplo as frases já mencionadas, ana-
lisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo com seu
Sentido Próprio e Figurado das Palavras
sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário.
Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, efi-
Pela própria definição acima destacada podemos per-
ciência diante do ato praticado. Nas outras que seguem o
ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas
significado é de: participação, interação mediante a uma
relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por
significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex-
último simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa.
pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado).
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo perce-
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
bemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo.
dem-se assim:
Possibilidades de várias interpretações levando-se em con-
sideração as situações de aplicabilidade.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o senti-
Há uma infinidade de outros exemplos em que pode-
do comum que costumamos dar a uma palavra.
mos verificar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:
O rapaz é um tremendo gato.
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
O gato do vizinho é peralta.
do”, que podemos dar a uma palavra.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua so-
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes
brevivência
contextos:
O passarinho foi atingido no bico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento) Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra- (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
dável, que adota condutas pouco apreciáveis) (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co- (C) adotar como referência de qualidade.
nhece muito sobre alguma coisa, “expert”) (D) julgar de acordo com normas legais.
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- (E) classificar segundo ideias preconcebidas.
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado
em sentido figurado. 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
Podemos então concluir que um mesmo significante LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). - ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as
palavras destacadas nas seguintes passagens do texto:
Denotação e Conotação Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
... informações ligadas especialmente à pesquisa aca-
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra dêmica,
com o seu significado primitivo e original, com o sentido ... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem analogia e associação...
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave para Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a ideia
que não voasse mais. de hipertexto...
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido ... 20 anos depois de seu artigo fundador...
próprio, comum, usual, literal. As palavras destacadas que expressam ideia de tem-
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Di- po são:
cionário: trata-se de definição literal, quando o termo é uti- (A) algo, especialmente e Quando.
lizado em seu sentido dicionarístico. (B) Desde, especialmente e algo.
(C) especialmente, Quando e depois.
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra (D) Desde, Quando e depois.
com o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou (E) Desde, algo e depois.
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lingua-
gem rica e expressiva. Veja este exemplo: 4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o movi-
que seja tarde demais. mento cordelista pode ser comparada à de outros dois gran-
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma fi- des nomes...
gurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem pre-
ações; disciplina, limitação de conduta e comportamento. juízo da correção, o elemento grifado pode ser substituído
por:
Fonte: (A) contrastada.
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de- (B) confrontada.
justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figu- (C) ombreada.
rado-das-palavras.html (D) rivalizada.
(E) equiparada.
Questões sobre Denotação e Conotação
5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O abras com teu amigo – o verbo em destaque foi empregado
sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão em sentido figurado.
Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
de mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões
continua sendo empregado em sentido figurado.
com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das pala-
(A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
vras ígneo e pétreo.
(B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abri-
(A) De corda; de plástico.
dor.
(B) De fogo; de madeira.
(C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
(C) De madeira; de pedra.
(D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em casa.
(D) De fogo; de pedra.
(E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.
(E) De plástico; de cinza.
6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – FCC/2014
2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, considere
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 - o texto abaixo.
ADAPTADO) Para responder à questão, considere a seguin-
te passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereotipando:
trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99%
das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A marca da solidão 8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-


DES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de “Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a anos”. A frase em que esse verbo está usado com o mesmo
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de sentido é:
penumbra na tarde quente. (A) O menino leva o material adequado para a escola.
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- (B) João levou uma surra da mãe.
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando pequenas (D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz (E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar
de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a marca a prova.
da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja- RESOLUÇÃO
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
1-)
No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as-
figurado é sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
(A) menino. fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a resposta?
(B) chão.
(C) testa. RESPOSTA: “D”.
(D) penumbra. 2-)
(E) tenda. Classificar conforme regras conhecidas, mas não con-
7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU- firmadas se verdadeiras.
NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à
questão. RESPOSTA: “E”.
RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a 3-)
Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a ci- As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
dade. Em primeira instância, a campanha é educativa. Equi- desde, quando e depois.
pes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão per-
correndo as ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas RESPOSTA: “D”.
onde não devem e alertá-los para o que os espera. Em breve,
com guardas municipais, policiais militares e 600 fiscais em 4-)
ação, as multas começarão a chegar para quem tratar a via Ao participar de um concurso, não temos acesso a
pública como a casa da sogra. dicionários para que verifiquemos o significado das pala-
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os vras, por isso, caso não saibamos o que significam, deve-
recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas mos analisá-las dentro do contexto em que se encontram.
que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, No exercício acima, a que se “encaixa” é “equiparada”.
pichar monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar
orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar ban- RESPOSTA: “E”.
cos, saquear lojas e, por uma estranha compulsão, destruir
lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de fogo 5-)
com ele. Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empre-
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão gado em seu sentido denotativo. No item C, conotativo
nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum mo- (“abrir a mente” = aberto a mudanças, novas ideias).
tivo, parecem querer levar ao colapso.
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalismo, RESPOSTA: “C”.
saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade, resis-
tência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos públicos, 6-)
talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua. Novamente, responderemos com frase do texto: seu
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013. rosto formando uma tenda.
Adaptado)
RESPOSTA: “E”.
Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º
parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de 7-)
(A) progresso. Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção
(B) descaso. do autor ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-
(C) vitória. se à queda, ao fim, à ruína da cidade.
(D) tédio.
(E) ruína. RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

8-) - Parônimos
No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro
sentido de “duração/tempo” e couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede
(A) O menino leva o material adequado para a escola. e cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; au-
= carrega tuar e atuar; degradar e degredar; infligir e infringir; deferir
(B) João levou uma surra da mãe. = apanhou e diferir; suar e soar.
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. = http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
direciona tonimos,-homonimos-e-paronimos
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar
a prova = duração/tempo Questões sobre Significação das Palavras

RESPOSTA: “E”. 01. Assinale a alternativa que preenche corretamente


as lacunas da frase abaixo:
- Sinônimos Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa- para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
- abolir. internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
Observação: A contribuição greco-latina é responsá- a) imigraram - emigram - migram
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- b) migraram - imigram - emigram
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e c) emigraram - migram - imigram.
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e d) emigraram - imigram - migram.
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese. e) imigraram - migram – emigram

- Antônimos Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013


São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; - Leia o texto para responder às questões de números 02
soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem. e 03.
Observação: A antonímia pode originar-se de um pre-
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis-
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- Você comprou um smartphone e acha que aquele seu
ticomunista; simétrico e assimétrico. celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo
para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID
O que são Homônimos e Parônimos: – Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto
- Homônimos
ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul,
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen-
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
tes na pronúncia:
eletrônico.
rego (subst.) e rego (verbo);
Os alunos da turma avançada de robótica, por exem-
colher (verbo) e colher (subst.);
plo, constroem carros com sensores de movimento que
jogo (subst.) e jogo (verbo);
respondem à aproximação das pessoas. A fonte de energia
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
vem de baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que
providência (subst.) e providencia (verbo).
precisamos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o ins-
trutor de robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alunos
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di-
também aprendem a consertar computadores antigos. “O
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); nosso projeto só funciona por causa do lixo eletrônico. Se
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); tivéssemos que comprar tudo, não seria viável”, completou.
cela (compartimento) e sela (arreio); Em uma época em que celebridades do mundo digital
censo (recenseamento) e senso ( juízo); fazem campanha a favor do ensino de programação nas
paço (palácio) e passo (andar). escolas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da
turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já
c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
palavras iguais na escrita e na pronúncia: início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me
caminho (subst.) e caminho (verbo); interessando”, disse.
cedo (verbo) e cedo (adv.); (Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013.
livre (adj.) e livre (verbo). Adaptado)

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LÍNGUA PORTUGUESA

02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando al- Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans-
guns sensores, que precisamos comprar, é tudo recicla- mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
gem”... – pode ser substituída, sem alteração do sentido lhes impuseram limites de disciplina.
da mensagem, pela seguinte expressão: O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
A) Pelo menos trecho, é:
B) A contar de A) de desprendimento.
C) Em substituição a B) de responsabilidade.
D) Com exceção de C) de abnegação.
E) No que se refere a D) de amor.
E) de egoísmo.
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser preen-
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. chida com a primeira alternativa da série dada nos parênteses:
A) Estimulante. A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das enchen-
B) Cansativo. tes. (afim- a fim).
C) Irritante. B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
D) Confuso. C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflin-
E) Improdutivo. girem - infringirem).
D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- (concelhos - conselhos).
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso de - acerca de).
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí-
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. 08. Assinale a alternativa correta, considerando que à di-
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reita de cada palavra há um sinônimo.
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta- a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
ção. b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. – d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
do”, sem alterar o sentido do texto.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, GABARITO
está correto o que se afirma em
A) I, II e III. 01. A 02. D 03. A 04. A
B) III, apenas. 05. D 06. E 07. E 08. A
C) I e III, apenas.
D) I, apenas. RESOLUÇÃO
E) I e II, apenas.
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses imi-
05. Leia as frases abaixo: graram para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi; emigram para a Europa e para o Japão, à busca de uma
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em vida melhor; internamente, migram para o Sul, pelo
Marte. mesmo motivo.
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas
de humor. 2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo. comprar, é tudo reciclagem”...

Escolha a alternativa que oferece a sequência correta 3-) antônimo para o termo destacado : “No início das au-
de vocábulos para as lacunas existentes: las, eu achava meio chato, mas depois fui me interessando”
a) concerto – há – a – cessões – há; “No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas
b) conserto – a – há – sessões – há; depois fui me interessando”
c) concerto – a – há – seções – a;
d) concerto – a – há – sessões – há; 4-)
e) conserto – há – a – sessões – a . I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído,
06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- sem alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta
NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res- II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescri-
ponder à questão. ta da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação. = correta

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LÍNGUA PORTUGUESA

III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente


aqui no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se
substituir a expressão em destaque por “em razão do”, sem 9. ESTILÍSTICA: FIGURAS DE LINGUAGEM.
alterar o sentido do texto. = correta

5-)
1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer
2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimento,
vida em Marte.
além de auxiliar a compreender melhor os textos literários,
3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao
gramas de humor.
significado simbólico das palavras e dos textos.
4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
Definição: Figuras de linguagem são certos recursos
tempo passado)
não--convencionais que o falante ou escritor cria para dar
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
maior expressividade à sua mensagem.
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
não lhes impuseram limites de disciplina.
Metáfora
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
É o emprego de uma palavra com o significado de outra
trecho, é de egoísmo
em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado
uma comparação subentendida.
nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações
Minha boca é um túmulo.
de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan-
Essa rua é um verdadeiro deserto.
tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per-
Comparação
cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
Consiste em atribuir características de um ser a outro,
conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli-
em virtude de uma determinada semelhança.
nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
O meu coração está igual a um céu cinzento.
coletivas).
O carro dele é rápido como um avião.
7-)
Prosopopeia
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das
É uma figura de linguagem que atribui características
enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para in-
humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la
dicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas
de PERSONIFICAÇÃO.
que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos)
O céu está mostrando sua face mais bela.
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar
O cão mostrou grande sisudez.
arreio no cavalo)
C) Serão punidos os que infringirem o regulamen-
Sinestesia
to. (inflingirem = aplicarem a pena)
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve-
(mistura dos cinco sentidos).
lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
Raquel tem um olhar frio, desesperador.
de um distrito).
Aquela criança tem um olhar tão doce.
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal.
(acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
Catacrese
É o emprego de uma palavra no sentido figurado por
8-)
falta de um termo próprio.
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) =
O menino quebrou o braço da cadeira.
significados invertidos
A manga da camisa rasgou.
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
cados invertidos
Metonímia
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi-
É a substituição de uma palavra por outra, quando
cados invertidos
existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
que permite essa troca. Ocorre metonímia quando
significados invertidos
empregamos:

- O autor pela obra.


Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares)

- o continente pelo conteúdo.


O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo
os torcedores)

125
LÍNGUA PORTUGUESA

- a parte pelo todo. Zeugma


Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto Consiste na omissão de um termo já empregado
substitui casa) anteriormente.
Ele come carne, eu verduras.
- o efeito pela causa.
Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui Pleonasmo
o trabalho) Consiste na intensificação de um termo através da sua
repetição, reforçando seu significado.
Perífrase Nós cantamos um canto glorioso.
É a designação de um ser através de alguma de suas
características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. Polissíndeto
A Veneza Brasileira também é palco de grandes É a repetição da conjunção entre as orações de um
espetáculos. (Veneza Brasileira = Recife) período ou entre os termos da oração.
A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para
(Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro) dançar.

Assíndeto
Antítese
Ocorre quando há a ausência da conjunção entre duas
Consiste no uso de palavras de sentidos opostos.
orações.
Nada com Deus é tudo. Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos
Tudo sem Deus é nada. para dançar.
Eufemismo Anacoluto
Consiste em suavizar palavras ou expressões que são Consiste numa mudança repentina da construção
desagradáveis. sintática da frase.
Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu Ele, nada podia assustá-lo.
= morrer)
Os homens públicos envergonham o povo. (homens - Nota: o anacoluto ocorre com frequência na linguagem
públicos = políticos) falada, quando o falante interrompe a frase, abandonando
o que havia dito para reconstruí-la novamente.
Hipérbole
É um exagero intencional com a finalidade de tornar Anáfora
mais expressiva a ideia. Consiste na repetição de uma palavra ou expressão
Ela chorou rios de lágrimas. para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior
Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda. expressividade.
Cada alma é uma escada para Deus,
Ironia Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno.
contrário do que pensamos.
(Fernando Pessoa)
Que alunos inteligentes, não sabem nem somar.
Se você gritar mais alto, eu agradeço. Silepse
Ocorre quando a concordância é realizada com a ideia
Onomatopeia e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse:
Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz gênero, número e pessoa.
natural dos seres. - De gênero: Vossa excelência está preocupado com as
Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram. notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à
Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite forma, mas nesse exemplo a concordância se deu com a
toda. pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não
com o sujeito).
Aliteração - De número: A boiada ficou furiosa com o peão e
Consiste na repetição de um determinado som derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com
consonantal no início ou interior das palavras. a ideia de plural da palavra boiada).
O rato roeu a roupa do rei de Roma. - De pessoa: As mulheres decidimos não votar em
determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse
Elipse tipo de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os
participantes de um sujeito em 3ª pessoa).
Consiste na omissão de um termo que fica subentendido
no contexto, identificado facilmente. Fonte:http://juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/
Após a queda, nenhuma fratura. figuraslinguagem001.asp

126
LÍNGUA PORTUGUESA

São conhecidas pelo nome de figuras de pensamento Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
os recursos estilísticos utilizados para incrementar o estão por perto.
significado das palavras no seu aspecto semântico. “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, /
burra como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
São oito as figuras de pensamento:
1) Antítese 8) Prosopopeia ou Personificação
É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos Consiste na atribuição de ações, qualidades ou
opostos. O contraste que se estabelece serve para dar uma características humanas a seres não humanos. Exemplos:
ênfase aos conceitos envolvidos, o que não ocorreria com Chora, viola.
a exposição isolada dos mesmos. Exemplos: A morte mostrou sua face mais sinistra.
Viverei para sempre ou morrerei tentando. O morro dos ventos uivantes.
Do riso se fez o pranto.
Hoje fez sol, ontem, porém, choveu muito.
Figuras de construção ou sintaxe integram as
2) Apóstrofe chamadas figuras de linguagem, representando um
É assim denominado o chamamento do receptor subgrupo destas. Dessa forma, tendo em vista o padrão não
da mensagem, seja ele de natureza imaginária ou não. É convencional que prevalece nas figuras de linguagem (ou
utilizada para dar ênfase à expressão e realiza-se por meio seja, a subjetividade, a sensibilidade por parte do emissor,
do vocativo. Exemplos: deixando às claras seus aspectos estilísticos), devemos
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? compreender sua denominação. Em outras palavras, por
Pai Nosso, que estais no céu; que “figuras de construção ou sintaxe”?
Ó meu querido Santo António; Podemos afirmar que assim se denominam em virtude
3) Paradoxo de apresentarem algum tipo de modificação na estrutura
É uma proposição aparentemente absurda, resultante da oração, tendo em vista os reais e já ressaltados objetivos
da união de ideias que se contradizem referindo-se ao da enunciação (do discurso) – sendo o principal conferir
mesmo termo. Os paradoxos viciosos são denominados ênfase a ela.
Oxímoros (ou oximoron). Exemplos: Assim sendo, comecemos entendendo que, em termos
“Menino do Rio / Calor que provoca arrepio...” convencionais, a estrutura sintática da nossa língua se perfaz
“Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e de uma sequência, demarcada pelos seguintes elementos:
não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que
desatina sem doer;” (Camões) SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTO

4) Eufemismo (Nós) CHEGAMOS ATRASADOS À REUNIÃO.


Consiste em empregar uma expressão mais suave,
mais nobre ou menos agressiva, para atenuar uma verdade Temos, assim, um sujeito oculto – nós; um predicado
tida como penosa, desagradável ou chocante. Exemplos: verbal – chegamos atrasados; e um complemento,
“E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus representado por um adjunto adverbial de lugar – à reunião.
lhe pague”. (Chico Buarque). Quando há uma ruptura dessa sequência lógica,
materializada pela inversão de termos, repetição ou até
paz derradeira = morte
mesmo omissão destes, é justamente aí que as figuras em
questão se manifestam. Desse modo, elas se encontram
5) Gradação muito presentes na linguagem literária, na publicitária e
Na gradação temos uma sequência de palavras que na linguagem cotidiana de forma geral. Vejamos cada uma
intensificam a mesma ideia. Exemplo: delas de modo particular:
“Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo.”
(Castro Alves). Elipse
Tal figura se caracteriza pela omissão de um termo na
6) Hipérbole oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente
É a expressão intencionalmente exagerada com o identificado pelo contexto. Vejamos um exemplo:
intuito de realçar uma ideia, proporcionando uma imagem
emocionante e de impacto. Exemplos: Rondó dos cavalinhos
“Faz umas dez horas que essa menina penteia esse [...]
cabelo”.
Ele morreu de tanto rir. Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
7) Ironia O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação,
O sol tão claro lá fora,
pela contradição de termos, pretende-se questionar
O sol tão claro, Esmeralda,
certo tipo de pensamento. A intenção é depreciativa ou E em minhalma — anoitecendo!
sarcástica. Exemplos: Manuel Bandeira

127
LÍNGUA PORTUGUESA

Notamos que em todos os versos há a omissão do verbo Deduzimos que o predicativo do sujeito (pois se trata
estar, sendo este facilmente identificado pelo contexto. de um predicado verbo-nominal) encontra-se no início da
oração, quando este deveria estar expresso no final, ou
Zeugma seja: O menino chegou eufórico.
Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão
de um termo já expresso no discurso. Constatemos: Maria Pleonasmo
gosta de Matemática, eu de Português. Figura que consiste na repetição enfática de uma ideia
Observamos que houve a omissão do verbo gostar. antes expressa, tanto do ponto de vista sintático quanto
semântico, no intuito de reforçar a mensagem. Exemplo:
Anáfora Vivemos uma vida tranquila.
Essa figura de linguagem se caracteriza pela repetição O termo em destaque reforça uma ideia antes
intencional de um termo no início de um período, frase ou ressaltada, uma vez que viver já diz respeito à vida. Temos
verso. Observemos um caso representativo: uma repetição de ordem semântica.
A Estrela A ele nada lhe devo.

Vi uma estrela tão alta, Percebemos que o pronome oblíquo (lhe) faz referência
Vi uma estrela tão fria! à terceira pessoa do singular, já expressa. Trata-se, portanto,
Vi uma estrela luzindo de uma repetição de ordem sintática demarcada pelo que
Na minha vida vazia. chamamos de objeto direto pleonástico.
Era uma estrela tão alta! Observação importante: O pleonasmo utilizado sem
Era uma estrela tão fria! a intenção de conferir ênfase ao discurso, torna-se o que
Era uma estrela sozinha denominamos de vício de linguagem – ocorrência que deve
Luzindo no fim do dia. ser evitada. Como, por exemplo: subir para cima, descer
[...] para baixo, entrar para dentro, entre outras circunstâncias
Manuel Bandeira linguísticas.

Notamos a utilização de termos que se repetem


sucessivamente em cada verso da criação de Manuel
Bandeira.

Polissíndeto
Figura cuja principal característica se define pela
repetição enfática do conectivo, geralmente representado
pela conjunção coordenada “e”. Observemos um verso
extraído de uma criação de Olavo Bilac, intitulada “A um
poeta”: “Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”

Assíndeto
Diferentemente do que ocorre no polissíndeto,
manifestado pela repetição da conjunção, no assíndeto
ocorre a omissão deste. Vejamos: Vim, vi, venci (Júlio César)
Depreendemos que se trata de orações assindéticas,
justamente pela omissão do conectivo “e”.

Anacoluto
Trata-se de uma figura que se caracteriza pela
interrupção da sequência lógica do pensamento, ou seja,
em termos sintáticos, afirma-se que há uma mudança na
construção do período, deixando algum termo desligado
do restante dos elementos. Vejamos:
Essas crianças de hoje, elas estão muito evoluídas.
Notamos que o termo em destaque, que era para
representar o sujeito da oração, encontra-se desligado dos
demais termos, não cumprindo, portanto, nenhuma função
sintática.

Inversão (ou Hipérbato)


Trata-se da inversão da ordem direta dos termos da
oração. Constatemos: Eufórico chegou o menino.

128
LÍNGUA PORTUGUESA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des-
1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/ sa fonte.
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al- (D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes
ternativa correta quanto à concordância, de acordo americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
com a norma-padrão da língua portuguesa. diárias dessa fonte.
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
social está no centro dos debates atuais. americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re- diárias, (X) dessa fonte.
lação aos efeitos da desigualdade social.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos RESPOSTA: “C”.
mais pobres é um fenômeno crescente.
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito 3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO –
criticado por alguns teóricos. FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de
(E) Os debates relacionado à distribuição de rique- concordância verbal na frase:
zas não são de exclusividade dos economistas. a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a
Realizei a correção nos itens: visibilidade social.
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so- b) As duas tábuas em que se comprimem o famige-
cial está = estão rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos,
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver- como “compro ouro”.
gem c) Não se compara aos vexames dos homens-placa
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos a exposição pública a que se submetem os guardadores
mais pobres é um fenômeno crescente. de carros.
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti- d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na
cado = criticada propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de-
(E) Os debates relacionado = relacionados monstração de mau gosto.
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados
RESPOSTA: “C”. em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve-
lhos carros-placa.
2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase Fiz as correções entre parênteses:
– Um levantamento mostrou que os adolescentes ame- a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu-
ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri-
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em: mida a visibilidade social.
(A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime)
americanos consomem em média 357 calorias, diárias o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô-
dessa fonte. nicos, como “compro ouro”.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a
americanos consomem, em média 357 calorias diárias exposição pública a que se submetem os guardadores de
dessa fonte. carros.
(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros-
americanos consomem, em média, 357 calorias diárias -placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma
dessa fonte. demonstração de mau gosto.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in-
americanos, consomem em média 357 calorias diárias teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da-
dessa fonte. queles velhos carros-placa.
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
americanos, consomem em média 357 calorias diárias, RESPOSTA: “C”.
dessa fonte.
4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a
ou faltante: mesma regra que distribuídos.
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes (A) sócio
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X) (B) sofrê-lo
diárias dessa fonte. (C) lúcidos
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes (D) constituí
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias (E) órfãos
dessa fonte.

129
LÍNGUA PORTUGUESA

Distribuímos = regra do hiato (...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria


(A) sócio = paroxítona terminada em ditongo (abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa
(B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu
oblíquo. Nunca!) presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi-
(C) lúcidos = proparoxítona dência da República (1991).
(D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui” (Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-
– oxítona: cons-ti-tui) -detail.php?id=393)
(E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
A concordância verbal está plenamente observada na ciedade como tais.
frase: Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo
(A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e passará a ser, corretamente,
materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e (A) perceba.
parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas (B) foi percebido.
públicas.
(C) tenham percebido.
(B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
(D) devam perceber.
àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
(E) estava percebendo.
religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
ciativa privada.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
escola pública, consistem nos altos custos econômicos
princípios...
que acarretarão tal medida.
(D) O número de templos em atividade na cidade
de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em RESPOSTA: “A”
proporção maior do que ocorrem com o número de es-
colas públicas. 8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação A concordância verbal e nominal está inteiramente cor-
como a regulação natural do mercado sinalizam para reta na frase:
as inconveniências que adviriam da adoção do ensino (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e
religioso nas escolas públicas. valores que determinam as escolhas dos governantes,
para conferir legitimidade a suas decisões.
(A) Provocam = provoca (o posicionamento) (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes
(B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, cípios que regem a prática política.
contra os que votam a favor do ensino religioso na escola (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda-
pública, consistem = consiste. deiro regime democrático, em que se respeita tanto as
(D) O número de templos em atividade na cidade de liberdades individuais quanto as coletivas.
São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor- (D) As instituições fundamentais de um regime de-
ção maior do que ocorrem = ocorre mocrático não pode estar subordinado às ordens indis-
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como criminadas de um único poder central.
a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve- (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas para o momento eleitoral, que expõem as diferentes
escolas públicas. opiniões existentes na sociedade.
Fiz os acertos entre parênteses:
RESPOSTA: “E”. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va-
6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) lores que determinam as escolhas dos governantes, para
Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú- conferir legitimidade a suas decisões.
blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
(A) embaixadores. vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
(B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais. valores e princípios que regem a prática política.
(C) prefeitos municipais. (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
(D) presidentes das Câmaras de Vereadores. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
(E) vereadores. tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

130
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) As instituições fundamentais de um regime demo- a) Será preciso, talvez, redefinir a infância já que as
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- crianças de hoje, ao que tudo indica nada mais têm a
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. ver com as de ontem.
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- b) Será preciso, talvez redefinir a infância: já que
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- as crianças, de hoje, ao que tudo indica nada têm a ver,
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. com as de ontem.
c) Será preciso, talvez: redefinir a infância, já que
RESPOSTA: “A”. as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
com as de ontem.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) d) Será preciso, talvez redefinir a infância? - já que
A frase que admite transposição para a voz passiva é: as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa- com as de ontem.
grado. e) Será preciso, talvez, redefinir a infância, já que
as crianças de hoje, ao que tudo indica, nada têm a ver
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
com as de ontem.
grande diversidade de fenômenos.
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
Devido à igualdade textual entre os itens, a apresenta-
ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
ção da alternativa correta indica quais são as inadequações
ficação. nas demais.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
da vida (...). RESPOSTA: “E”.
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência. 12-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE –
ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra- No trecho: “O crescimento econômico, se associado à
do. ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma sumariamente descrito.”, se passarmos o verbo desta-
grande diversidade de fenômenos. cado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e a forma:
explicada pelo conceito... A) puder.
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda- B) poderia.
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. C) pôde.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da D) poderá.
vida (...). E) pudesse.
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
e da falsa consciência. Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
RESPOSTA: “B”. ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração
é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA- soa do singular (ele) = poderia.
TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista RESPOSTA: “B”.
13-) (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011)
ambiental Geraldo Motta.
Entre as frases que seguem, a única correta é:
Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
a) Ele se esqueceu de que?
nhados devem sofrer as seguintes alterações:
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para dis-
(A) entrar − vira
tribui-lo entre os presentes.
(B) entrava − tinha visto c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
(C) entrasse − veria críticas.
(D) entraria − veria d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindica-
(E) entrava − teria visto ções dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha conside-
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve- ração.
ria = entrasse / veria.
(A) Ele se esqueceu de que? = quê?
RESPOSTA: “C”. (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
11-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex-
A pontuação está inteiramente adequada na frase: cessivos nas críticas.

131
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi- (E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando
cações dos funcionários. eles falam nós calamos a boca!
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
No presente: nós sabemos / eles falam.
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “E”.
14-) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS-
TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as 16-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS-
frases do texto: TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas
I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota ne- verbais está correta em:
gativa... (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o
II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior clas- planeta não resistiu.
sificação do continente americano (2,0)... (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co-
I e II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem lapso.
dos exemplos, em: (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebi-
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o da, o do jogo, o do sexo e o do consumo não conheces-
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente se distorções patológicas, não haverá vícios.
da maioria? (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tor-
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas ju- nado tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão
ninas. Vêm pessoas de muito longe para brincar de qua- baratas.
drilha. (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. conscientemente, a oferta de produtos supérfluos cres-
Quase todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia. cia.
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui,
Fiz as correções necessárias:
mas também existem umas que não merecem nossa
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
atenção.
ta não resistiu = resistirá
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
aos itens:
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém
torções patológicas, não haverá = haveria
tem (singular) (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- teriam ficado)
ram (plural) (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia =
umas (plural) crescerá
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
as formas estão no plural) RESPOSTA: “B”.
17-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
RESPOSTA: “A”. RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preen-
15-) (CETESB/SP - ANALISTA ADMINISTRATIVO - che adequadamente e de acordo com a norma culta a
RECURSOS HUMANOS - VUNESP/2013 - ADAPTADA) lacuna da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu
Considere as orações: … sabíamos respeitar os mais lhe faria a pergunta mais deliciosa de todas.
velhos! / E quando eles falavam nós calávamos a boca! (A) entrasse
Alterando apenas o tempo dos verbos destacados (B) entraria
para o tempo presente, sem qualquer outro ajuste, (C) entrava
tem-se, de acordo com a norma-padrão da língua por- (D) entrar
tuguesa: (E) entrou
(A) … soubemos respeitar os mais velhos! / E quan-
do eles falaram nós calamos a boca! O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in-
(B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan- dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou-
do eles falassem nós calaríamos a boca! tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se
(C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço...
quando eles falassem nós calaríamos a boca!
(D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quan- RESPOSTA: “A”.
do eles falarem nós calaremos a boca!

132
LÍNGUA PORTUGUESA

18-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- (E) república = proparoxítona / empresária = paroxíto-
RIA – VUNESP/2010 - ADAPTADA) na terminada em ditongo / graúda = regra do hiato
Assinale a alternativa de concordância que pode ser
considerada correta como variante da frase do texto – RESPOSTA: “E”.
A maioria considera aceitável que um convidado che-
gue mais de duas horas ... 20-) (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU-
(A) A maioria dos cariocas consideram aceitável NESP/2013) De acordo com a norma- padrão da
que um convidado chegue mais de duas horas... língua portuguesa, o acento indicativo de crase está
(B) A maioria dos cariocas considera aceitáveis que corretamente empregado em:
um convidado chegue mais de duas horas... (A) A população, de um modo geral, está à espera
(C) As maiorias dos cariocas considera aceitáveis de que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os aci-
que um convidado chegue mais de duas horas... dentes.
(D) As maiorias dos cariocas consideram aceitáveis (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à
que um convidado chegue mais de duas horas... repensarem a sua postura.
(E) As maiorias dos cariocas consideram aceitável (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos
que um convidado cheguem mais de duas horas... à punições muito mais severas.
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco
Fiz as indicações: a vida dos demais motoristas e de pedestres.
(A) A maioria dos cariocas consideram (ou considera, (E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumpri-
tanto faz) aceitável que um convidado chegue mais de mento da nova lei para que ela possa funcionar.
duas horas...
(B) A maioria dos cariocas considera (ok) aceitáveis (A) A população, de um modo geral, está à espera (dá
(aceitável) que um convidado chegue mais de duas horas... para substituir por “esperando”) de que
(C) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas considera (ok) (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re-
aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais de pensarem (antes de verbo)
duas horas... (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à
(D) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram punições (generalizando, palavra no plural)
(ok) aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais (D) À ninguém (pronome indefinido)
de duas horas... (E) Cabe à todos (pronome indefinido)
(E) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram
(ok) aceitável que um convidado cheguem (chegue) mais RESPOSTA: “A”.
de duas horas... (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
RESPOSTA: “A”. ADAPTADO) Leia o texto, para responder às questões
de números 21 e 22.
19-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de
RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as deux” (*): sentado, ao fundo do restaurante, o cliente
palavras são acentuadas graficamente pelos mesmos paulista acena, assovia, agita os braços num agônico
motivos que justificam, respectivamente, as acentua- polichinelo; encostado à parede, marmóreo e impassí-
ções de: década, relógios, suíços. vel, o garçom carioca o ignora com redobrada atenção.
(A) flexíveis, cartório, tênis. O paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Parcei-
(B) inferência, provável, saída. rô?!”; o garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha
(C) óbvio, após, países. pro lustre.
(D) islâmico, cenário, propôs. Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância:
(E) república, empresária, graúda. o paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar,
mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas inte-
Década = proparoxítona / relógios = paroxítona termi- rações sociais terminam, 99% das vezes, diante da per-
nada em ditongo / suíços = regra do hiato gunta “débito ou crédito?”.[...] Como pode ele entender
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em que o fato de estar pagando não garantirá a atenção do
ditongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida garçom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido
de “s”) e criado na crua batalha entre burgueses e proletários,
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / compreender o discreto charme da aristocracia?
provável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes
hiato de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que
(C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso
= oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato e da gravata borboleta, saudades do imperador. [...]
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século
terminada em ditongo / propôs = oxítona terminada em 19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tô-
“o” + “s” nicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques

133
LÍNGUA PORTUGUESA

para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas”
de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje do século 20 são as personalidades da mídia, os “famosos”
fala de futebol com Roberto Carlos e ouve conselhos de e “famosas”. Quanto a príncipes e princesas do século 19,
João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi, esses eram da corte, literalmente.
seu orgulho permanece intacto.
Até que chega esse paulista, esse homem bidimen- RESPOSTA: “B”.
sional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e
sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é 23-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
um crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah, PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
paulishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o NESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equiva-
vazio que carregas no peito - pensa o garçom, antes de le ao da expressão de mármore. Assinale a alternativa
conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do contendo as expressões com sentidos equivalentes, res-
banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre. pectivamente, aos das palavras ígneo e pétreo.
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá (A) De corda; de plástico.
amanhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cin- (B) De fogo; de madeira.
zas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do (C) De madeira; de pedra.
Tietê, onde a desigualdade é tão mais organizada: “Ô, (D) De fogo; de pedra.
companheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava pra (E) De plástico; de cinza.
ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo.
Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as-
carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao res- sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
taurante para homenageá-lo. fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a respos-
(Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha ta?
de S.Paulo, 06.02.2013)
RESPOSTA: “D”.
(*) Um tipo de coreografia, de dança.
24-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
21-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- NESP/2011) Em – A falta de modos dos homens da Casa
NESP/2013) Assinale a alternativa contendo passagem
de Windsor é proverbial, mas o príncipe Edward dizendo
em que o autor simula dialogar com o leitor.
bobagens para estranhos no Quirguistão incomodou a
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua
embaixadora americana.
existência plebeia.
A conjunção destacada pode ser substituída por
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei...
A) portanto. (B) como. (C) no entanto. (D)
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de
porque. (E) ou.
deux”.
(D) Sim, meu caro paulista...
(E) Ah, paulishhhhta otááário... O “mas” é uma conjunção adversativa, dando a ideia de
oposição entre as informações apresentadas pelas orações,
Em “meu caro paulista”, o autor está dirigindo-se a nós, o que acontece no enunciado da questão. Em “A”, temos
leitores. uma conclusiva; “B”, comparativa; “C”, adversativa; “D”, ex-
plicativa; “E”, alternativa.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
22-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2013) O contexto em que se encontra a passa-
gem – Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
século 19, passou a servir reis e rainhas do 20 (2.º pará-
grafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção a
(A) príncipes e princesas constitui uma referência
em sentido não literal.
(B) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
tido não literal.
(C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
referência em sentido não literal.
(D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
referência em sentido literal.
(E) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
tido literal.

134
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Regime Jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das
fundações públicas federais: ............................................................................................................................................................................... 01
1. Cargo público; do provimento; da investidura; da nomeação; do concurso púbico; da posse; do exercício; da esta-
bilidade; da readaptação; da reversão; da reintegração; da recondução; da disponibilidade e do aproveitamento; da
vacância; da remoção; da redistribuição; da substituição. ...................................................................................................................... 01
2. Do estágio probatório e da estabilidade. ................................................................................................................................................. 01
3. Dos direitos e vantagens: vencimento, indenizações, gratificações e adicionais. ..................................................................... 01
4. Das férias e das licenças; dos afastamentos e da concessões. ......................................................................................................... 01
5. Do tempo de serviço. ........................................................................................................................................................................................ 01
6. Do Regime disciplinar – dos deveres; das proibições; da acumulação de cargos públicos; das responsabilidades e das
penalidades. ............................................................................................................................................................................................................... 01
7. O Processo Administrativo Disciplinar. ...................................................................................................................................................... 01
8. Da seguridade social do servidor; dos benefícios e da aposentadoria.......................................................................................... 01
9. Da assistência à saúde do servidor............................................................................................................................................................... 01
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Título II
LEI N° 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990. Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribui-
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLI- ção e Substituição
COS CIVIS DA UNIÃO, DAS AUTARQUIAS E DAS Capítulo I
FUNDAÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS: 1. CARGO Do Provimento
PÚBLICO; DO PROVIMENTO; DA INVESTIDURA; Seção I
DA NOMEAÇÃO; DO CONCURSO PÚBICO; DA Disposições Gerais
POSSE; DO EXERCÍCIO; DA ESTABILIDADE; DA
READAPTAÇÃO; DA REVERSÃO; DA REINTE- Art. 5o São requisitos básicos para investidura em car-
GRAÇÃO; DA RECONDUÇÃO; DA DISPONIBILI- go público:
DADE E DO APROVEITAMENTO; DA VACÂNCIA; I - a nacionalidade brasileira;
DA REMOÇÃO; DA REDISTRIBUIÇÃO; DA SUBS- II - o gozo dos direitos políticos;
TITUIÇÃO. 2. DO ESTÁGIO PROBATÓRIO E DA III - a quitação com as obrigações militares e eleito-
ESTABILIDADE. 3. DOS DIREITOS E VANTAGENS: rais;
VENCIMENTO, INDENIZAÇÕES, GRATIFICAÇÕES IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício
E ADICIONAIS. 4. DAS FÉRIAS E DAS LICENÇAS; do cargo;
DOS AFASTAMENTOS E DA CONCESSÕES. 5. V - a idade mínima de dezoito anos;
DO TEMPO DE SERVIÇO. 6. DO REGIME DISCI- VI - aptidão física e mental.
PLINAR – DOS DEVERES; DAS PROIBIÇÕES; DA § 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigên-
ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS; DAS cia de outros requisitos estabelecidos em lei.
RESPONSABILIDADES E DAS PENALIDADES. 7. § 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegu-
O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. rado o direito de se inscrever em concurso público para
8. DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR; DOS provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis
BENEFÍCIOS E DA APOSENTADORIA. 9. DA AS- com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas
SISTÊNCIA À SAÚDE DO SERVIDOR. serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas ofe-
recidas no concurso.
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa cien-
tífica e tecnológica federais poderão prover seus cargos
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. (In-
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos
cluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
civis da União, das autarquias e das fundações públicas fe-
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á me-
derais.
diante ato da autoridade competente de cada Poder.
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com
11 DE DEZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART. a posse.
13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997. Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
I - nomeação;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- II - promoção;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Título I V - readaptação;
Capítulo Único VI - reversão;
Das Disposições Preliminares VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servido- IX - recondução.
res Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em
regime especial, e das fundações públicas federais. Seção II
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa Da Nomeação
legalmente investida em cargo público.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e res- Art. 9o A nomeação far-se-á:
ponsabilidades previstas na estrutura organizacional que I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isola-
devem ser cometidas a um servidor. do de provimento efetivo ou de carreira;
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos II - em comissão, inclusive na condição de interino,
os brasileiros, são criados por lei, com denominação pró- para cargos de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº
pria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provi- 9.527, de 10.12.97)
mento em caráter efetivo ou em comissão. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em co-
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, missão ou de natureza especial poderá ser nomeado para
salvo os casos previstos em lei. ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança,

1
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração es-
hipótese em que deverá optar pela remuneração de um pecífica.
deles durante o período da interinidade. (Redação dada § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) cargo por nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo 10.12.97)
isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita- § 5o No ato da posse, o servidor apresentará decla-
ção em concurso público de provas ou de provas e títulos, ração de bens e valores que constituem seu patrimônio
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua va- e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
lidade. emprego ou função pública.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingres- § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se
so e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretri- Art. 14. A posse em cargo público dependerá de pré-
zes do sistema de carreira na Administração Pública Fede- via inspeção médica oficial.
ral e seus regulamentos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele
de 10.12.97) que for julgado apto física e mentalmente para o exercício
do cargo.
Seção III Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribui-
Do Concurso Público ções do cargo público ou da função de confiança. (Reda-
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e § 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossa-
títulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme do em cargo público entrar em exercício, contados da data
dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de da posse. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
carreira, condicionada a inscrição do candidato ao paga- § 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tor-
mento do valor fixado no edital, quando indispensável ao nado sem efeito o ato de sua designação para função de
seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele ex- confiança, se não entrar em exercício nos prazos previs-
pressamente previstas.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de tos neste artigo, observado o disposto no art. 18.(Redação
10.12.97) (Regulamento) dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 § 3o À autoridade competente do órgão ou entidade
(dois ) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por para onde for nomeado ou designado o servidor compe-
igual período. te dar-lhe exercício.  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições 10.12.97)
de sua realização serão fixados em edital, que será pu- § 4o O início do exercício de função de confiança coin-
blicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de cidirá com a data de publicação do ato de designação, sal-
grande circulação. vo quando o servidor estiver em licença ou afastado por
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de primeiro dia útil após o término do impedimento, que não
validade não expirado. poderá exceder a trinta dias da publicação. (Incluído pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção IV Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reiní-
Da Posse e do Exercício cio do exercício serão registrados no assentamento indivi-
dual do servidor.
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, apresentará ao órgão competente os elementos necessá-
as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocu- rios ao seu assentamento individual.
pado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exer-
qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previs- cício, que é contado no novo posicionamento na carreira a
tos em lei. partir da data de publicação do ato que promover o servi-
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados dor. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
da publicação do ato de provimento. (Redação dada pela Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro
Lei nº 9.527, de 10.12.97) município em razão de ter sido removido, redistribuído,
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá,
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, con-
incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos tados da publicação do ato, para a retomada do efetivo
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse pra-
art. 102, o prazo será contado do término do impedimen- zo o tempo necessário para o deslocamento para a nova
to. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

2
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença § 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as
ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
será contado a partir do término do impedimento. (Pará- 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso
grafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de formação, e será retomado a partir do término do impe-
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos esta- dimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
belecidos no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho Seção V
fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos Da Estabilidade
cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal
de quarenta horas e observados os limites mínimo e máxi- Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e
mo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. (Re- empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá es-
dação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) tabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de efetivo exercício. (prazo 3 anos - vide EMC nº 19)
confiança submete-se a regime de integral dedicação ao Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em vir-
serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser tude de sentença judicial transitada em julgado ou de pro-
convocado sempre que houver interesse da Administra- cesso administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada
ção. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ampla defesa.
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de
trabalho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº Seção VI
8.270, de 17.12.91) Da Transferência
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, du-
rante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de Seção VII
avaliação para o desempenho do cargo, observados os se- Da Readaptação
guinte fatores: (vide EMC nº 19)
I - assiduidade; Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em
II - disciplina; cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com
III - capacidade de iniciativa; a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
IV - produtividade; mental verificada em inspeção médica.
V- responsabilidade. § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o rea-
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do está- daptando será aposentado.
gio probatório, será submetida à homologação da autori- § 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribui-
dade competente a avaliação do desempenho do servidor, ções afins, respeitada a habilitação exigida, nível de esco-
realizada por comissão constituída para essa finalidade, laridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de
de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribui-
respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade ções como excedente, até a ocorrência de vaga.(Redação
de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de
2008
Seção VIII
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório
Da Reversão
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000)
teriormente ocupado, observado o disposto no parágra-
fo único do art. 29.
Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer
aposentado:  (Redação dada pela Medida Provisória nº
quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
2.225-45, de 4.9.2001)
de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór- I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído
cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou II - no interesse da administração, desde que: (Incluído
equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente pode- a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida
rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta- b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído
mento para participar de curso de formação decorrente de pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida
aprovação em concurso para outro cargo na Administração
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Pública Federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

3
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos an- Seção XI


teriores à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória nº Da Disponibilidade e do Aproveitamento
2.225-45, de 4.9.2001)
e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº Art. 30. O retorno à atividade de servidor em dispo-
2.225-45, de 4.9.2001) nibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no car- em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o
go resultante de sua transformação. (Incluído pela Medida anteriormente ocupado.
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício determinará o imediato aproveitamento de servidor em
será considerado para concessão da aposentadoria. (Incluí- disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou
do pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) entidades da Administração Pública Federal.
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o car- Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art.
go, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser manti-
até a ocorrência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória
do sob responsabilidade do órgão central do Sistema de
nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse
adequado aproveitamento em outro órgão ou entida-
da administração perceberá, em substituição aos proven-
de. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar
a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
que percebia anteriormente à aposentadoria. (Incluído pela cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exer-
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) cício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os médica oficial.
proventos calculados com base nas regras atuais se per-
manecer pelo menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Capítulo II
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Da Vacância
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto nes-
te artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
4.9.2001) I - exoneração;
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, II - demissão;
de 4.9.2001) III - promoção;
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
completado 70 (setenta) anos de idade. V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VI - readaptação;
Seção IX VII - aposentadoria;
Da Reintegração VIII - posse em outro cargo inacumulável;
IX - falecimento.
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pe-
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo re- dido do servidor, ou de ofício.
sultante de sua transformação, quando invalidada a sua Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
demissão por decisão administrativa ou judicial, com res- I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
sarcimento de todas as vantagens. batório;
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts.
em exercício no prazo estabelecido.
30 e 31.
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dis-
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
pensa de função de confiança dar-se-á:  (Redação dada
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direi-
to à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
posto em disponibilidade. I - a juízo da autoridade competente;
II - a pedido do próprio servidor.
Seção X Parágrafo único.  (Revogado pela Lei nº 9.527, de
Da Recondução 10.12.97)

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao Capítulo III


cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: Da Remoção e da Redistribuição
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro Seção I
cargo; Da Remoção
II - reintegração do anterior ocupante.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pe-
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado dido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou
o disposto no art. 30. sem mudança de sede.

4
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, § 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão
entende-se por modalidades de remoção: (Redação dada ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desneces-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31. (Parágrafo re-
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela numerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado
III - a pedido, para outra localidade, independente- em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabili-
mente do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº dade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório,
9.527, de 10.12.97) em outro órgão ou entidade, até seu adequado aprovei-
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, tam- tamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
bém servidor público civil ou militar, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Capítulo IV
Municípios, que foi deslocado no interesse da Administra- Da Substituição
ção;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa- Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função
nheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza
do seu assentamento funcional, condicionada à compro- Especial terão substitutos indicados no regimento inter-
vação por junta médica oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, no ou, no caso de omissão, previamente designados pelo
de 10.12.97) dirigente máximo do órgão ou entidade. (Redação dada
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hi- pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pótese em que o número de interessados for superior ao § 1o O substituto assumirá automática e cumulativa-
número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas mente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do
pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Especial, nos afastamentos, impedimentos legais ou re-
gulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóte-
Seção II ses em que deverá optar pela remuneração de um deles
Da Redistribuição durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de § 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do qua- do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de
dro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impe-
mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do dimentos legais do titular, superiores a trinta dias conse-
SIPEC, observados os seguintes preceitos:  (Redação dada cutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substitui-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ção, que excederem o referido período.  (Redação dada
I - interesse da administração;  (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
9.527, de 10.12.97) Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos ti-
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº tulares de unidades administrativas organizadas em nível
9.527, de 10.12.97) de assessoria.
III - manutenção da essência das atribuições do car-
go; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Título III
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e Dos Direitos e Vantagens
complexidade das atividades;  (Incluído pela Lei nº 9.527, Capítulo I
de 10.12.97) Do Vencimento e da Remuneração
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
habilitação profissional;  (Incluído pela Lei nº 9.527, de Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
10.12.97) exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória
finalidades institucionais do órgão ou entidade.  (Incluído nº 431, de 2008). (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efe-
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajusta- tivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
mento de lotação e da força de trabalho às necessidades estabelecidas em lei.
dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extin- § 1o A remuneração do servidor investido em função
ção ou criação de órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº ou cargo em comissão será paga na forma prevista no
9.527, de 10.12.97) art. 62.
§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará § 2o O servidor investido em cargo em comissão de
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
órgãos e entidades da Administração Pública Federal en- remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do
volvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) art. 93.

5
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior
tagens de caráter permanente, é irredutível. ao correspondente a dez por cento da remuneração, pro-
§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para vento ou pensão. (Redação dada pela Medida Provisória nº
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo 2.225-45, de 4.9.2001)
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição
ao local de trabalho. será feita imediatamente, em uma única parcela. (Redação
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
ao salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensal- de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou
mente, a título de remuneração, importância superior à a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão
soma dos valores percebidos como remuneração, em es- eles atualizados até a data da reposição. (Redação dada
pécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Pode- pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
res, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para
as vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. quitar o débito. (Redação dada pela Medida Provisória nº
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide 2.225-45, de 4.9.2001)
Lei nº 9.624, de 2.4.98) Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo
Art. 44. O servidor perderá: previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
sem motivo justificado;  (Redação dada pela Lei nº 9.527, Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento
de 10.12.97) não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão
atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões judicial.
de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipóte-
se de compensação de horário, até o mês subsequente ao Capítulo II
da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. (Re- Das Vantagens
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao
caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a servidor as seguintes vantagens:
critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como I - indenizações;
efetivo exercício. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) II - gratificações;
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, III - adicionais.
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou pro- § 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento
vento.  (Vide Decreto nº 1.502, de 1995) (Vide Decreto nº ou provento para qualquer efeito.
1.903, de 1996) (Vide Decreto nº 2.065, de 1996) (Regula- § 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao
mento) (Regulamento) vencimento ou provento, nos casos e condições indicados
§ 1o Mediante autorização do servidor, poderá haver em lei.
consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computa-
a critério da administração e com reposição de custos, na das, nem acumuladas, para efeito de concessão de quais-
forma definida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº quer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mes-
13.172, de 2015) mo título ou idêntico fundamento.
§ 2o O total de consignações facultativas de que trata
o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da re- Seção I
muneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados Das Indenizações
exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de
2015) Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
I - a amortização de despesas contraídas por meio de I - ajuda de custo;
cartão de crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) II - diárias;
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do III - transporte.
cartão de crédito. (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atuali- 2006)
zadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comu- Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos
nicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua
para pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo concessão, serão estabelecidos em regulamento. (Redação
ser parceladas, a pedido do interessado. (Redação dada dada pela Lei nº 11.355, de 2006)
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

6
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Subseção I limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de con-


Da Ajuda de Custo trole integrado mantidas com países limítrofes, cuja juris-
dição e competência dos órgãos, entidades e servidores
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoi-
despesas de instalação do servidor que, no interesse do te fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão
serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança sempre as fixadas para os afastamentos dentro do territó-
de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pa- rio nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
gamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar
cônjuge ou companheiro que detenha também a condição da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las
de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. (Redação integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à
§ 1o Correm por conta da administração as despesas sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta-
de transporte do servidor e de sua família, compreenden- mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo
do passagem, bagagem e bens pessoais. previsto no caput.
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são
assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade Subseção III
de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do Da Indenização de Transporte
óbito.
§ 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao
de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único servidor que realizar despesas com a utilização de meio
do art. 36. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) próprio de locomoção para a execução de serviços exter-
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remune- nos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme
ração do servidor, conforme se dispuser em regulamento, se dispuser em regulamento.
não podendo exceder a importância correspondente a 3
(três) meses. Subseção IV
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servi- Do Auxílio-Moradia
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
dor que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de
mandato eletivo.
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que,
das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor
não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
comissão, com mudança de domicílio.
administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I
após a comprovação da despesa pelo servidor. (Incluído
do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessio-
pela Lei nº 11.355, de 2006)
nário, quando cabível. Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda se atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº
de custo quando, injustificadamente, não se apresentar na 11.355, de 2006)
nova sede no prazo de 30 (trinta) dias. I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Subseção II II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
Das Diárias imóvel funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador,
em caráter eventual ou transitório para outro ponto do cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Mu-
território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens nicípio aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de
e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas lote edificado sem averbação de construção, nos doze me-
extraordinária com pousada, alimentação e locomoção ur- ses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela Lei nº
bana, conforme dispuser em regulamento. (Redação dada 11.355, de 2006)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servi-
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, dor receba auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de
sendo devida pela metade quando o deslocamento não 2006)
exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, V - o servidor tenha se mudado do local de residência
por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do
diárias.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede cons- 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou
tituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará equivalentes; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
jus a diárias. VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglome- art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio
ração urbana ou microrregião, constituídas por municípios do servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)

7
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha Subseção I


residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire-
exercer o cargo em comissão ou função de confiança, des- ção, Chefia e Assessoramento 
considerando-se prazo inferior a sessenta dias dentro des- (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
se período; e (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alte- Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investi-
ração de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído do em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo
pela Lei nº 11.355, de 2006) de provimento em comissão ou de Natureza Especial é de-
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho vida retribuição pelo seu exercício.(Redação dada pela Lei
de 2006. (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007) nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será consi- Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remune-
derado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro ração dos cargos em comissão de que trata o inciso II do
cargo em comissão relacionado no inciso V. (Incluído pela art. 9o. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 62-A.  Fica transformada em Vantagem Pessoal
Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014)
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da re-
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limita-
tribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou
do a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em
assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de
comissão, função comissionada ou cargo de Ministro de
Estado ocupado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Natureza Especial a que se referem os arts. 3o e 10 da Lei
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no 9.624,
25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Medida Provisória nº
de Estado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comis- Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste ar-
são ou função comissionada, fica garantido a todos os que tigo somente estará sujeita às revisões gerais de remunera-
preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de ção dos servidores públicos federais. (Incluído pela Medida
R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). (Incluído pela Lei nº Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
11.784, de 2008
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, coloca- Subseção II
ção de imóvel funcional à disposição do servidor ou aqui- Da Gratificação Natalina
sição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago
por um mês. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
doze avos)  da remuneração a que o servidor fizer jus no
Seção II mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
Das Gratificações e Adicionais Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin-
ze) dias será considerada como mês integral.
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri- mês de dezembro de cada ano.
buições, gratificações e adicionais: (Redação dada pela Lei Parágrafo único. (VETADO).
nº 9.527, de 10.12.97) Art.  65. O servidor exonerado perceberá sua gratifi-
I - retribuição pelo exercício de função de direção, cação natalina, proporcionalmente aos meses de exercício,
chefia e assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração.
de 10.12.97) Art.  66. A gratificação natalina não será considerada
II - gratificação natalina;
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
4.9.2001)
Subseção III
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
Do Adicional por Tempo de Serviço
perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
VI - adicional noturno; Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45,
VII - adicional de férias; de 2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999)
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do tra-
balho. Subseção IV
IX - gratificação por encargo de curso ou concur- Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
so. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Atividades Penosas

Art. 68. Os servidores que trabalhem com habituali-


dade em locais insalubres ou em contato permanente com
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem
jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.

8
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri- Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
dade e de periculosidade deverá optar por um deles. de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou peri- comissão, a respectiva vantagem será considerada no cál-
culosidade cessa com a eliminação das condições ou dos culo do adicional de que trata este artigo.
riscos que deram causa a sua concessão.
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de Subseção VIII
servidores em operações ou locais considerados penosos, Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concur-
insalubres ou perigosos. so
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das ope-
rações e locais previstos neste artigo, exercendo suas ati- Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou
vidades em local salubre e em serviço não penoso e não Concurso é devida ao servidor que, em caráter even-
perigoso. tual: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) (Regulamento)
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades pe- I - atuar como instrutor em curso de formação, de de-
nosas, de insalubridade e de periculosidade, serão obser- senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
vadas as situações estabelecidas em legislação específica. no âmbito da administração pública federal; (Incluído pela
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido Lei nº 11.314 de 2006)
aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em II - participar de banca examinadora ou de comissão
localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos ter- para exames orais, para análise curricular, para correção
mos, condições e limites fixados em regulamento. de provas discursivas, para elaboração de questões de
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que ope- provas ou para julgamento de recursos intentados por
ram com Raios X ou substâncias radioativas serão manti- candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
dos sob controle permanente, de modo que as doses de III - participar da logística de preparação e de realiza-
radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo previs- ção de concurso público envolvendo atividades de plane-
to na legislação própria. jamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este ar- de resultado, quando tais atividades não estiverem incluí-
tigo serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis)
das entre as suas atribuições permanentes; (Incluído pela
meses.
Lei nº 11.314 de 2006)
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas
Subseção V
de exame vestibular ou de concurso público ou super-
Do Adicional por Serviço Extraordinário
visionar essas atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de
2006)
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratifica-
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
ção de que trata este artigo serão fixados em regulamen-
normal de trabalho.
to, observados os seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário
para atender a situações excepcionais e temporárias, res- nº 11.314 de 2006)
peitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. I - o valor da gratificação será calculado em horas, ob-
servadas a natureza e a complexidade da atividade exerci-
Subseção VI da; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Do Adicional Noturno II - a retribuição não poderá ser superior ao equiva-
lente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, res-
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário com- salvada situação de excepcionalidade, devidamente justi-
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cin- ficada e previamente aprovada pela autoridade máxima
co) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo
25% (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais; (In-
como cinquenta e dois minutos e trinta segundos. cluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordi- III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
nário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior ven-
remuneração prevista no art. 73. cimento básico da administração pública federal: (Incluí-
do pela Lei nº 11.314 de 2006)
Subseção VII a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em
Do Adicional de Férias se tratando de atividades previstas nos incisos I e II do
caput deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.501, de
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago 2007)
ao servidor, por ocasião das férias, um adicional corres- b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
pondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período das tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
férias. deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)

9
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas
somente será paga se as atividades referidas nos incisos por motivo de calamidade pública, comoção interna, con-
do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das vocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por ne-
atribuições do cargo de que o servidor for titular, deven- cessidade do serviço declarada pela autoridade máxima
do ser objeto de compensação de carga horária quando do órgão ou entidade.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma 10.12.97) (Vide Lei nº 9.525, de 1997)
do § 4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de Parágrafo único. O restante do período interrompido
2006) será gozado de uma só vez, observado o disposto no art.
§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concur- 77. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
so não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor
para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base Capítulo IV
de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para Das Licenças
fins de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pen- Seção I
sões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Disposições Gerais

Capítulo III Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:


Das Férias I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com-
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que panheiro;
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, III - para o serviço militar;
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóte- IV - para atividade política;
ses em que haja legislação específica. (Redação dada pela V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527,
Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Vide Lei nº 9.525, de 1997) de 10.12.97)
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão VI - para tratar de interesses particulares;
exigidos 12 (doze) meses de exercício. VII - para desempenho de mandato classista.
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao § 1o A licença prevista no inciso I do caput deste arti-
serviço. go bem como cada uma de suas prorrogações serão pre-
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três eta- cedidas de exame por perícia médica oficial, observado o
pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte- disposto no art. 204 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
resse da administração pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, 11.907, de 2009)
de 10.12.97) § 2o (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será § 3o É vedado o exercício de atividade remunerada du-
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo.
período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo. Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta)
(Vide Lei nº 9.525, de 1997) dias do término de outra da mesma espécie será conside-
§ 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) rada como prorrogação.
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
comissão, perceberá indenização relativa ao período das Seção II
férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração Família
superior a quatorze dias. (Incluído pela Lei nº 8.216, de
13.8.91) Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por
§ 4o A indenização será calculada com base na remu- motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais,
neração do mês em que for publicado o ato exonerató- dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou de-
rio. (Incluído pela Lei nº 8.216, de 13.8.91) pendente que viva a suas expensas e conste do seu as-
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o sentamento funcional, mediante comprovação por perícia
valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Cons- médica oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
tituição Federal quando da utilização do primeiro perío- § 1o A licença somente será deferida se a assistên-
do. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) cia direta do servidor for indispensável e não puder ser
Art. 79. O servidor que opera direta e permanente- prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou
mente com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 mediante compensação de horário, na forma do disposto
(vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de ativi- no inciso II do art. 44. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
dade profissional, proibida em qualquer hipótese a acu- 10.12.97)
mulação. § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as pror-
Parágrafo único.  (Revogado pela Lei nº 9.527, de rogações, poderá ser concedida a cada período de doze
10.12.97) meses nas seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº
12.269, de 2010)

10
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, § 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo
mantida a remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, as-
12.269, de 2010) segurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem período de três meses. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
remuneração. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) 10.12.97)
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será con-
tado a partir da data do deferimento da primeira licença Seção VI
concedida. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) Da Licença para Capacitação
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações,
concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o
observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se
limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o. (Incluído pela do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
Lei nº 12.269, de 2010) por até três meses, para participar de curso de capacitação
profissional.  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção III (Vide Decreto nº 5.707, de 2006)
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge Parágrafo único. Os períodos de licença de que tra-
ta o caput não são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para 9.527, de 10.12.97)
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
para outro ponto do território nacional, para o exterior ou Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo Art. 90. (VETADO).
e Legislativo.
Seção VII
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem re-
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
muneração.
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser con-
companheiro também seja servidor público, civil ou militar,
cedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de as-
Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisó-
suntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos,
rio em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
sem remuneração. (Redação dada pela Medida Provisória nº
autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de 2.225-45, de 4.9.2001)
atividade compatível com o seu cargo. (Redação dada pela Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a
Lei nº 9.527, de 10.12.97) qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do
serviço. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
Seção IV de 4.9.2001)
Da Licença para o Serviço Militar
Seção VIII
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar Da Licença para o Desempenho de Mandato Classis-
será concedida licença, na forma e condições previstas na ta
legislação específica.
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o remuneração para o desempenho de mandato em confede-
exercício do cargo. ração, federação, associação de classe de âmbito nacional,
sindicato representativo da categoria ou entidade fiscaliza-
Seção V dora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou
Da Licença para Atividade Política administração em sociedade cooperativa constituída por
servidores públicos para prestar serviços a seus membros,
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remune- observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102
ração, durante o período que mediar entre a sua escolha desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados
em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094, de
e a véspera do registro de sua candidatura perante a Jus- 2005) (Regulamento)
tiça Eleitoral. I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade (dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de di- II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
reção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada
dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro pela Lei nº 12.998, de 2014)
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) as-
dia seguinte ao do pleito. (Redação dada pela Lei nº 9.527, sociados, 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº
de 10.12.97) 12.998, de 2014)

11
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores sições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo,
eleitos para cargos de direção ou de representação nas re- ficando o exercício do empregado cedido condicionado a
feridas entidades, desde que cadastradas no órgão compe- autorização específica do Ministério do Planejamento, Or-
tente. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) çamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo
§ 2o A licença terá duração igual à do mandato, poden- em comissão ou função gratificada.  (Incluído pela Lei nº
do ser renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela 10.470, de 25.6.2002)
Lei nº 12.998, de 2014) § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
tão, com a finalidade de promover a composição da força
Capítulo V de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pú-
Dos Afastamentos blica Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício
Seção I de empregado ou servidor, independentemente da obser-
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou En- vância do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste arti-
tidade go. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) (Vide Decreto
nº 5.375, de 2005)
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício
em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Seção II
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
social autônomo instituído pela União que exerça ativida-
des de cooperação com a administração pública federal, Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
nas seguintes hipóteses: (Redação dada pela Medida Pro- cam-se as seguintes disposições:
visória nº 765, de 2016) I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distri-
I - para exercício de cargo em comissão, função de tal, ficará afastado do cargo;
confiança ou, no caso de serviço social autônomo, para II - investido no mandato de Prefeito, será afastado
o exercício de cargo de direção ou de gerência; (Redação do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
dada pela Medida Provisória nº 765, de 2016) III - investido no mandato de vereador:
II  -  em casos previstos em leis específicas.(Redação a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
cargo eletivo;
§ 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sen-
b) não havendo compatibilidade de horário, será afas-
do a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Dis-
tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remu-
trito Federal, dos Municípios ou para serviço social autôno-
neração.
mo, o ônus da remuneração será do órgão ou da entidade
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor con-
cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais ca-
tribuirá para a seguridade social como se em exercício es-
sos. (Redação dada pela Medida Provisória nº 765, de 2016)
tivesse.
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pú-
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou clas-
blica, sociedade de economia mista ou serviço social au- sista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício
tônomo, nos termos de suas respectivas normas, optar para localidade diversa daquela onde exerce o mandato.
pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do Seção III
cargo em comissão, de direção ou de gerência, a entidade Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
cessionária ou o serviço social autônomo efetuará o reem-
bolso das despesas realizadas pelo órgão ou pela entidade Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para
de origem. (Redação dada pela Medida Provisória nº 765, estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da
de 2016) República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Vide Decreto nº
Diário Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 1.387, de 1995)
17.12.91) § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exer- permitida nova ausência.
cício em outro órgão da Administração Federal direta que § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste arti-
não tenha quadro próprio de pessoal, para fim determina- go não será concedida exoneração ou licença para tratar
do e a prazo certo. (Incluído pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) de interesse particular antes de decorrido período igual ao
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de emprega- do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
do ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ despesa havida com seu afastamento.
1º e 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.470, de § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servido-
25.6.2002) res da carreira diplomática.
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública § 4o As hipóteses, condições e formas para a autori-
ou de sociedade de economia mista, que receba recursos zação de que trata este artigo, inclusive no que se refere à
de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua remuneração do servidor, serão disciplinadas em regula-
folha de pagamento de pessoal, independem das dispo- mento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

12
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 96. O afastamento de servidor para servir em orga- § 7o Aplica-se à participação em programa de pós-gra-
nismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta
coopere dar-se-á com perda total da remuneração. (Vide Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei
Decreto nº 3.456, de 2000) nº 11.907, de 2009)

Seção IV Capítulo VI
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) Das Concessões
Do Afastamento para Participação em Programa
de Pós-Graduação Stricto Sensu no País Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor au-
sentar-se do serviço: (Redação dada pela Medida provisó-
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Admi- ria nº 632, de 2013)
nistração, e desde que a participação não possa ocorrer I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante II - pelo período comprovadamente necessário para
compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em
efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em qualquer caso, a 2 (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº
programa de pós-graduação stricto sensu  em instituição 12.998, de 2014)
de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, de III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
2009)
a) casamento;
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma-
definirá, em conformidade com a legislação vigente, os
drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou
programas de capacitação e os critérios para participação
em programas de pós-graduação no País, com ou sem tutela e irmãos.
afastamento do servidor, que serão avaliados por um co- Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor
mitê constituído para este fim. (Incluído pela Lei nº 11.907, estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre
de 2009) o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exer-
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de cício do cargo.
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos ser- § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida
vidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 exercício, respeitada a duração semanal do trabalho. (Pará-
(quatro) anos para doutorado, incluído o período de es- grafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tágio probatório, que não tenham se afastado por licença § 2o Também será concedido horário especial ao ser-
para tratar de assuntos particulares para gozo de licença vidor portador de deficiência, quando comprovada a ne-
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) cessidade por junta médica oficial, independentemente de
anos anteriores à data da solicitação de afastamento. (In- compensação de horário.  (Incluído pela Lei nº 9.527, de
cluído pela Lei nº 11.907, de 2009) 10.12.97)
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de § 3o As disposições constantes do § 2o são extensivas
pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.370, de 2016)
há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio § 4o Será igualmente concedido horário especial, vin-
probatório, e que não tenham se afastado por licença para culado à compensação de horário a ser efetivada no prazo
tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe ativida-
artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de de prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta
afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010) Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permane- interesse da administração é assegurada, na localidade da
cer no exercício de suas funções após o seu retorno por um
nova residência ou na mais próxima, matrícula em insti-
período igual ao do afastamento concedido.(Incluído pela
tuição de ensino congênere, em qualquer época, indepen-
Lei nº 11.907, de 2009)
dentemente de vaga.
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se
permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do
o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no8.112, de servidor que vivam na sua companhia, bem como aos me-
11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoa- nores sob sua guarda, com autorização judicial.
mento. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que Capítulo VII
justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se Do Tempo de Serviço
o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese com-
provada de força maior ou de caso fortuito, a critério do Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de
dirigente máximo do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei serviço público federal, inclusive o prestado às Forças Ar-
nº 11.907, de 2009) madas.

13
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano família do servidor, com remuneração, que exceder a 30
como de trezentos e sessenta e cinco dias. (trinta) dias em período de 12 (doze) meses. (Redação dada
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de pela Lei nº 12.269, de 2010)
10.12.97) III - a licença para atividade política, no caso do art.
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no 86, § 2o;
art. 97, são considerados como de efetivo exercício os afas- IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
tamentos em virtude de: (Vide Decreto nº 5.707, de 2006) dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, ante-
I - férias; rior ao ingresso no serviço público federal;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada
em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, à Previdência Social;
Municípios e Distrito Federal; VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
III - exercício de cargo ou função de governo ou ad- VII - o tempo de licença para tratamento da própria
ministração, em qualquer parte do território nacional, por saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b”
nomeação do Presidente da República; do inciso VIII do art. 102.  (Incluído pela Lei nº 9.527, de
IV - participação em programa de treinamento regu- 10.12.97)
larmente instituído ou em programa de pós-graduação § 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado
stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamen- será contado apenas para nova aposentadoria.
to; (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) (Vide Decre- § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço pres-
to nº 5.707, de 2006) tado às Forças Armadas em operações de guerra.
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, § 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo
por merecimento; ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União,
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, fundação
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado pública, sociedade de economia mista e empresa pública.
o afastamento, conforme dispuser o regulamento; (Reda-
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Vide Decreto nº Capítulo VIII
5.707, de 2006) Do Direito de Petição
VIII - licença:
a) à gestante, à adotante e à paternidade; Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de reque-
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de rer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse
vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de legítimo.
serviço público prestado à União, em cargo de provimento Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade
competente para decidi-lo e encaminhado por intermé-
efetivo; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dio daquela a que estiver imediatamente subordinado o
c) para o desempenho de mandato classista ou parti-
requerente.
cipação de gerência ou administração em sociedade coo-
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade
perativa constituída por servidores para prestar serviços a
que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão,
seus membros, exceto para efeito de promoção por mere-
não podendo ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
cimento; (Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005)
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon-
d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro-
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão ser
fissional;
despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamen-
de 30 (trinta) dias.
to; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
f) por convocação para o serviço militar; I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
art. 18; terpostos.
X - participação em competição desportiva nacional § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamen-
ou convocação para integrar representação desportiva na- te superior à que tiver expedido o ato ou proferido a de-
cional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei cisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais
específica; autoridades.
XI - afastamento para servir em organismo internacio- § 2o O recurso será encaminhado por intermédio da
nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluí- autoridade a que estiver imediatamente subordinado o re-
do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) querente.
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposenta- Art. 108. O prazo para interposição de pedido de re-
doria e disponibilidade: consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão
Municípios e Distrito Federal; recorrida. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)

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LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito Parágrafo único. A representação de que trata o inciso
suspensivo, a juízo da autoridade competente. XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de autoridade superior àquela contra a qual é formulada, as-
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroa- segurando-se ao representando ampla defesa.
girão à data do ato impugnado.
Art. 110. O direito de requerer prescreve: Capítulo II
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e Das Proibições
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que
afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das re- Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisó-
lações de trabalho; ria nº 2.225-45, de 4.9.2001)
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
quando outro prazo for fixado em lei. prévia autorização do chefe imediato;
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência
tente, qualquer documento ou objeto da repartição;
pelo interessado, quando o ato não for publicado.
III - recusar fé a documentos públicos;
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso,
IV  -  opor resistência injustificada ao andamento de
quando cabíveis, interrompem a prescrição.
documento e processo ou execução de serviço;
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não poden-
do ser relevada pela administração. V - promover manifestação de apreço ou desapreço
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é asse- no recinto da repartição;
gurada vista do processo ou documento, na repartição, ao VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
servidor ou a procurador por ele constituído. casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi-
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabe- liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido
lecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. político;
VIII  -  manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
Título IV função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até
Do Regime Disciplinar o segundo grau civil;
Capítulo I IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
Dos Deveres de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
X - participar de gerência ou administração de socie-
Art. 116. São deveres do servidor: dade privada, personificada ou não personificada, exercer
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car- o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
go; comanditário; (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008
II - ser leal às instituições a que servir; XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
III - observar as normas legais e regulamentares; repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
nifestamente ilegais; grau, e de cônjuge ou companheiro;
V - atender com presteza: XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
a) ao público em geral, prestando as informações re- de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
estrangeiro;
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
XV - proceder de forma desidiosa;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior
ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao co- ção em serviços ou atividades particulares;
nhecimento de outra autoridade competente para apura- XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
ção; (Redação dada pela Lei nº 12.527, de 2011) ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e
VII - zelar pela economia do material e a conservação transitórias;
do patrimônio público; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; patíveis com o exercício do cargo ou função e com o horá-
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- rio de trabalho;
ministrativa; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
X - ser assíduo e pontual ao serviço; quando solicitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
XI - tratar com urbanidade as pessoas; Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (In-
de poder. cluído pela Lei nº 11.784, de 2008

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LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

I - participação nos conselhos de administração e fiscal § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado
de empresas ou entidades em que a União detenha, dire- ao erário somente será liquidada na forma prevista no art.
ta ou indiretamente, participação no capital social ou em 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do
sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a débito pela via judicial.
seus membros; e (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, respon-
II - gozo de licença para o trato de interesses particu- derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regres-
lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação siva.
sobre conflito de interesses.  (Incluído pela Lei nº 11.784, § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos su-
de 2008 cessores e contra eles será executada, até o limite do valor
da herança recebida.
Capítulo III Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes
Da Acumulação e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resul-
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constitui- ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho
ção, é vedada a acumulação remunerada de cargos públi- do cargo ou função.
cos. Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po-
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em- derão cumular-se, sendo independentes entre si.
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em- Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor
presas públicas, sociedades de economia mista da União, será afastada no caso de absolvição criminal que negue a
do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu- existência do fato ou sua autoria.
nicípios. Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con- zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à
dicionada à comprovação da compatibilidade de horários. autoridade superior ou, quando houver suspeita de envol-
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção vimento desta, a outra autoridade competente para apu-
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com ração de informação concernente à prática de crimes ou
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ativi- decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pú-
dade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) blica. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011)
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um
cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo Capítulo V
único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em Das Penalidades
órgão de deliberação coletiva.  (Redação dada pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Art. 127. São penalidades disciplinares:
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
I - advertência;
à remuneração devida pela participação em conselhos de
II - suspensão;
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades
III - demissão;
de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
como quaisquer empresas ou entidades em que a União,
V - destituição de cargo em comissão;
direta ou indiretamente, detenha participação no capital
VI - destituição de função comissionada.
social, observado o que, a respeito, dispuser legislação es-
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consi-
pecífica.  (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-
deradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os
45, de 4.9.2001)
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que danos que dela provierem para o serviço público, as cir-
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando inves- cunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
tido em cargo de provimento em comissão, ficará afasta- funcionais.
do de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
houver compatibilidade de horário e local com o exercício mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san-
de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos ór- ção disciplinar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
gãos ou entidades envolvidos.(Redação dada pela Lei nº Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos
9.527, de 10.12.97) casos de violação de proibição constante do art. 117, in-
cisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional
Capítulo IV previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
Das Responsabilidades justifique imposição de penalidade mais grave.  (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra- Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de rein-
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. cidência das faltas punidas com advertência e de violação
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis- das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a
sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre- penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (no-
juízo ao erário ou a terceiros. venta) dias.

16
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quin- em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entida-
ze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser des de vinculação, das datas de ingresso, do horário de
submetido a inspeção médica determinada pela autorida- trabalho e do correspondente regime jurídico.  (Redação
de competente, cessando os efeitos da penalidade uma dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
vez cumprida a determinação. § 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a pe- do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão
nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na transcritas as informações de que trata o parágrafo ante-
base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento rior, bem como promoverá a citação pessoal do servidor
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permane- indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata, para,
cer em serviço. no prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegu-
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen- rando-se-lhe vista do processo na repartição, observado o
são terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 disposto nos arts. 163 e 164.  (Redação dada pela Lei nº
(três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamen- 9.527, de 10.12.97)
te, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova § 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela-
infração disciplinar. tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
surtirá efeitos retroativos. opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes ca- o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à au-
sos: toridade instauradora, para julgamento. (Incluído pela Lei
I - crime contra a administração pública; nº 9.527, de 10.12.97)
II - abandono de cargo; § 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento
III - inassiduidade habitual; do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua deci-
IV - improbidade administrativa; são, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na art. 167. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
repartição; § 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo
VI - insubordinação grave em serviço; para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu- converterá automaticamente em pedido de exoneração do
lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; outro cargo. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; § 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassa-
razão do cargo; ção de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri- cargos, empregos ou funções públicas em regime de acu-
mônio nacional; mulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de
XI - corrupção; vinculação serão comunicados. (Incluído pela Lei nº 9.527,
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun- de 10.12.97)
ções públicas; § 7o O prazo para a conclusão do processo adminis-
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. trativo disciplinar submetido ao rito sumário não excede-
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação rá trinta dias, contados da data de publicação do ato que
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autori- constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até
dade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem. (Incluído
intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da § 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposi-
ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimen- ções deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
to sumário para a sua apuração e regularização imediata, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta
cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá Lei. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nas seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi-
10.12.97) lidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta
I - instauração, com a publicação do ato que consti- punível com a demissão.
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores está- Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido
veis, e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos
da transgressão objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº de infração sujeita às penalidades de suspensão e de de-
9.527, de 10.12.97) missão.
II - instrução sumária, que compreende indiciação, Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata
defesa e relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35
III - julgamento.  (Incluído pela Lei nº 9.527, de será convertida em destituição de cargo em comissão.
10.12.97) Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar- comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas erário, sem prejuízo da ação penal cabível.

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LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;


comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, in- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à adver-
compatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo tência.
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço pú- que o fato se tornou conhecido.
blico federal o servidor que for demitido ou destituído do § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal
cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
IV, VIII, X e XI. como crime.
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in- § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi-
consecutivos. nal proferida por autoridade competente.
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, inter- meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
poladamente, durante o período de doze meses.
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas- Título V
siduidade habitual, também será adotado o procedimento Do Processo Administrativo Disciplinar
sumário a que se refere o art. 133, observando-se especial- Capítulo I
mente que: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Disposições Gerais
I - a indicação da materialidade dar-se-á:  (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari-
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação dade no serviço público é obrigada a promover a sua apu-
precisa do período de ausência intencional do servidor ao ração imediata, mediante sindicância ou processo adminis-
serviço superior a trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, trativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
de 10.12.97) § 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por pe-
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação
ríodo igual ou superior a sessenta dias interpoladamente,
da autoridade a que se refere, poderá ser promovida por
durante o período de doze meses;  (Incluído pela Lei nº
autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que
9.527, de 10.12.97)
tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência
II - após a apresentação da defesa a comissão ela-
específica para tal finalidade, delegada em caráter perma-
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou à res-
nente ou temporário pelo Presidente da República, pelos
ponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo le-
Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbi-
gal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a
intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta to do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as
dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para competências para o julgamento que se seguir à apura-
julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ção. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob-
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de confirmada a autenticidade.
demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade Parágrafo único. Quando o fato narrado não configu-
de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou en- rar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia
tidade; será arquivada, por falta de objeto.
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso an- I - arquivamento do processo;
terior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trin- II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
ta) dias; são de até 30 (trinta) dias;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na III - instauração de processo disciplinar.
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân-
casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trin- cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado
ta) dias; por igual período, a critério da autoridade superior.
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão,
com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili- será obrigatória a instauração de processo disciplinar.
dade e destituição de cargo em comissão;

18
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Capítulo II Seção I
Do Afastamento Preventivo Do Inquérito

Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o ser- Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao
vidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a princípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla
autoridade instauradora do processo disciplinar poderá defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos
determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo em direito.
prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remune- Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo
ração. disciplinar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorroga- Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindi-
do por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, cância concluir que a infração está capitulada como ilícito
ainda que não concluído o processo. penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos
autos ao Ministério Público, independentemente da ime-
Capítulo III
diata instauração do processo disciplinar.
Do Processo Disciplinar
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promove-
rá a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento des-
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recor-
tinado a apurar responsabilidade de servidor por infração
praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha rendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a
relação com as atribuições do cargo em que se encontre permitir a completa elucidação dos fatos.
investido. Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom-
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
comissão composta de três servidores estáveis designa- procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir pro-
dos pela autoridade competente, observado o disposto no vas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de
§ 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, prova pericial.
que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de § 1o O presidente da comissão poderá denegar pedi-
mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou supe- dos considerados impertinentes, meramente protelatórios,
rior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
10.12.97) § 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quan-
§ 1o A Comissão terá como secretário servidor desig- do a comprovação do fato independer de conhecimento
nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair em especial de perito.
um de seus membros. Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me-
§ 2o Não poderá participar de comissão de sindicância diante mandado expedido pelo presidente da comissão,
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acu- devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser
sado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até anexado aos autos.
o terceiro grau. Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com a expedição do mandado será imediatamente comunicada
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne- ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da e hora marcados para inquirição.
administração. Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co- duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por
missões terão caráter reservado. escrito.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se-
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente.
guintes fases:
§ 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou
I - instauração, com a publicação do ato que constituir
que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de-
a comissão;
poentes.
II - inquérito administrativo, que compreende instru-
ção, defesa e relatório; Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a
III - julgamento. comissão promoverá o interrogatório do acusado, obser-
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis- vados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data § 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles
de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em
sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será pro-
o exigirem. movida a acareação entre eles.
§ 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tem- § 2o O procurador do acusado poderá assistir ao in-
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dis- terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas,
pensados do ponto, até a entrega do relatório final. sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
§ 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do
que deverão detalhar as deliberações adotadas. presidente da comissão.

19
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade Seção II


mental do acusado, a comissão proporá à autoridade com- Do Julgamento
petente que ele seja submetido a exame por junta médica
oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re-
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será cebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a
processado em auto apartado e apenso ao processo prin- sua decisão.
cipal, após a expedição do laudo pericial. § 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formula- autoridade instauradora do processo, este será encaminha-
da a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos do à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.
a ele imputados e das respectivas provas. § 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de
§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
pelo presidente da comissão para apresentar defesa escri- para a imposição da pena mais grave.
ta, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do § 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cas-
processo na repartição. sação de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
comum e de 20 (vinte) dias. § 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servi-
§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dor, a autoridade instauradora do processo determinará o
dobro, para diligências reputadas indispensáveis. seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à pro-
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente va dos autos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão,
data declarada, em termo próprio, pelo membro da comis- salvo quando contrário às provas dos autos.
são que fez a citação, com a assinatura de (2) duas teste- Parágrafo único. Quando o relatório da comissão con-
munhas. trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá,
Art.  162. O indiciado que mudar de residência fica motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la
obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser ou isentar o servidor de responsabilidade.
encontrado. Art.  169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e autoridade que determinou a instauração do processo ou
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Ofi- outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total
cial da União e em jornal de grande circulação na localida- ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de ou-
de do último domicílio conhecido, para apresentar defesa. tra comissão para instauração de novo processo.(Redação
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última pu- § 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nu-
blicação do edital. lidade do processo.
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- § 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma
§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do do Capítulo IV do Título IV.
processo e devolverá o prazo para a defesa. Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a auto-
§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade ins- ridade julgadora determinará o registro do fato nos assen-
tauradora do processo designará um servidor como de- tamentos individuais do servidor.
fensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério
igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei Público para instauração da ação penal, ficando trasladado
nº 9.527, de 10.12.97) na repartição.
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará re- Art. 172. O servidor que responder a processo disci-
latório minucioso, onde resumirá as peças principais dos plinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
autos e mencionará as provas em que se baseou para for- voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumpri-
mar a sua convicção. mento da penalidade, acaso aplicada.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à ino- Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
cência ou à responsabilidade do servidor. parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a demissão, se for o caso.
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou I - ao servidor convocado para prestar depoimento
atenuantes. fora da sede de sua repartição, na condição de testemunha,
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co- denunciado ou indiciado;
missão, será remetido à autoridade que determinou a sua II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
instauração, para julgamento. obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a
realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.

20
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Seção III § 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que


Da Revisão do Processo não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou empre-
go efetivo na administração pública direta, autárquica e
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a fundacional não terá direito aos benefícios do Plano de Se-
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzi- guridade Social, com exceção da assistência à saúde. (Re-
rem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar dação dada pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
a inocência do punido ou a inadequação da penalidade § 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efeti-
aplicada. vo, sem direito à remuneração, inclusive para servir em or-
§ 1o Em caso de falecimento, ausência ou desapareci- ganismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro
mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá re- efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para
regime de previdência social no exterior, terá suspenso o
querer a revisão do processo.
seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social
§ 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a
do Servidor Público enquanto durar o afastamento ou a
revisão será requerida pelo respectivo curador.
licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe mencionado regime de previdência. (Incluído pela Lei nº
ao requerente. 10.667, de 14.5.2003)
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalida- § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afasta-
de não constitui fundamento para a revisão, que requer do sem remuneração a manutenção da vinculação ao regi-
elementos novos, ainda não apreciados no processo ori- me do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, me-
ginário. diante o recolhimento mensal da respectiva contribuição,
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será no mesmo percentual devido pelos servidores em ativida-
dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, de, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz
que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao diri- jus no exercício de suas atribuições, computando-se, para
gente do órgão ou entidade onde se originou o processo esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. (Incluído pela
disciplinar. Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com- § 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efe-
petente providenciará a constituição de comissão, na for- tuado até o segundo dia útil após a data do pagamento
ma do art. 149. das remunerações dos servidores públicos, aplicando-se os
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo ori- procedimentos de cobrança e execução dos tributos fede-
rais quando não recolhidas na data de vencimento. (Incluí-
ginário.
do pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pe-
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar co-
dirá dia e hora para a produção de provas e inquirição das
bertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua fa-
testemunhas que arrolar. mília, e compreende um conjunto de benefícios e ações
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias que atendam às seguintes finalidades:
para a conclusão dos trabalhos. I - garantir meios de subsistência nos eventos de
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão reviso- doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade,
ra, no que couber, as normas e procedimentos próprios da falecimento e reclusão;
comissão do processo disciplinar. II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que apli- III - assistência à saúde.
cou a penalidade, nos termos do art. 141. Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 termos e condições definidos em regulamento, observadas
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no cur- as disposições desta Lei.
so do qual a autoridade julgadora poderá determinar dili- Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social
gências. do servidor compreendem:
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada I - quanto ao servidor:
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos a) aposentadoria;
os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do b) auxílio-natalidade;
c) salário-família;
cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
d) licença para tratamento de saúde;
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
resultar agravamento de penalidade.
f) licença por acidente em serviço;
g) assistência à saúde;
Título VI h) garantia de condições individuais e ambientais de
Da Seguridade Social do Servidor trabalho satisfatórias;
Capítulo I II - quanto ao dependente:
Disposições Gerais a) pensão vitalícia e temporária;
b) auxílio-funeral;
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social c) auxílio-reclusão;
para o servidor e sua família. d) assistência à saúde.

21
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encon- vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.
tram vinculados os servidores, observado o disposto nos § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de
arts. 189 e 224. licença para tratamento de saúde, por período não exce-
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos dente a 24 (vinte e quatro) meses.
por fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário § 2o Expirado o período de licença e não estando em
do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o
servidor será aposentado.
Capítulo II § 3o O lapso de tempo compreendido entre o térmi-
Dos Benefícios no da licença e a publicação do ato da aposentadoria será
Seção I considerado como de prorrogação da licença.
Da Aposentadoria § 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, se-
rão consideradas apenas as licenças motivadas pela enfer-
Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da midade ensejadora da invalidez ou doenças correlaciona-
Constituição) das. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
I - por invalidez permanente, sendo os proventos § 5o A critério da Administração, o servidor em licen-
integrais quando decorrente de acidente em serviço, ça para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou in- poderá ser convocado a qualquer momento, para avaliação
curável, especificada em lei, e proporcionais nos demais das condições que ensejaram o afastamento ou a aposen-
casos; tadoria. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado
com proventos proporcionais ao tempo de serviço; com observância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto
III - voluntariamente: na mesma data e proporção, sempre que se modificar a
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, remuneração dos servidores em atividade.
e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; Parágrafo único. São estendidos aos inativos quais-
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em fun- quer benefícios ou vantagens posteriormente concedidas
ções de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes
professora, com proventos integrais; de transformação ou reclassificação do cargo ou função
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 em que se deu a aposentadoria.
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais a Art. 190. O servidor aposentado com provento pro-
esse tempo; porcional ao tempo de serviço se acometido de qualquer
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se ho- das moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e,
mem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos pro- por esse motivo, for considerado inválido por junta médica
porcionais ao tempo de serviço. oficial passará a perceber provento integral, calculado com
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou base no fundamento legal de concessão da aposentado-
incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tubercu- ria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
lose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço públi- provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração
co, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, da atividade.
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose an- Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
quilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodefi- Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratifica-
ciência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com ção natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor
base na medicina especializada. equivalente ao respectivo provento, deduzido o adianta-
§ 2o Nos casos de exercício de atividades conside- mento recebido.
radas insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente
previstas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso participado de operações bélicas, durante a Segunda Guer-
III, “a” e “c”, observará o disposto em lei específica. ra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será sub- de 1967, será concedida aposentadoria com provento inte-
metido à junta médica oficial, que atestará a invalidez gral, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo.
quando caracterizada a incapacidade para o desempe-
nho das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se Seção II
aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei nº 9.527, Do Auxílio-Natalidade
de 10.12.97)
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automá- Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por
tica, e declarada por ato, com vigência a partir do dia motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao
imediato àquele em que o servidor atingir a idade-limite menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de
de permanência no serviço ativo. natimorto.

22
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acres- § 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente
cido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro recursos humanos do órgão ou entidade. (Redação dada
servidor público, quando a parturiente não for servidora. pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vin-
Seção III te) dias no período de 12 (doze) meses a contar do primei-
Do Salário-Família ro dia de afastamento será concedida mediante avaliação
por junta médica oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907,
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou de 2009)
ao inativo, por dependente econômico. § 5o A perícia oficial para concessão da licença de que
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econô- trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos de
micos para efeito de percepção do salário-família: perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirur-
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os giões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudan- de atuação da odontologia. (Incluído pela Lei nº 11.907, de
te, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer 2009)
idade; Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispen-
autorização judicial, viver na companhia e às expensas do sada de perícia oficial, na forma definida em regulamen-
servidor, ou do inativo; to. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
III - a mãe e o pai sem economia própria. Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se
Art. 198. Não se configura a dependência econômica referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se
quando o beneficiário do salário-família perceber rendi- tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doen-
mento do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive ça profissional ou qualquer das doenças especificadas no
pensão ou provento da aposentadoria, em valor igual ou art. 186, § 1o.
superior ao salário-mínimo. Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores pú- orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica.
blicos e viverem em comum, o salário-família será pago a Art. 206-A. O servidor será submetido a exames mé-
um deles; quando separados, será pago a um e outro, de dicos periódicos, nos termos e condições definidos em re-
acordo com a distribuição dos dependentes. gulamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regula-
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o pa- mento).
drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes le- Parágrafo único. Para os fins do disposto no  caput, a
gais dos incapazes. União e suas entidades autárquicas e fundacionais pode-
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer rão: (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição, I - prestar os exames médicos periódicos diretamente
inclusive para a Previdência Social. pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o ser-
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remu- vidor; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
neração, não acarreta a suspensão do pagamento do salá- II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação
rio-família. ou parceria com os órgãos e entidades da administração
direta, suas autarquias e fundações; (Incluído pela Lei nº
Seção IV 12.998, de 2014)
Da Licença para Tratamento de Saúde III - celebrar convênios com operadoras de plano de
assistência à saúde, organizadas na modalidade de auto-
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tra- gestão, que possuam autorização de funcionamento do
tamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em pe- órgão regulador, na forma do art. 230; ou (Incluído pela Lei
rícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus. nº 12.998, de 2014)
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será IV - prestar os exames médicos periódicos median-
concedida com base em perícia oficial. (Redação dada pela te contrato administrativo, observado o disposto na Lei
Lei nº 11.907, de 2009) no 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas perti-
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será nentes. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
realizada na residência do servidor ou no estabelecimento
hospitalar onde se encontrar internado. Seção V
§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Pa-
onde se encontra ou tenha exercício em caráter permanen- ternidade
te o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas
nos parágrafos do art. 230, será aceito atestado passado Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante
por médico particular. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da
10.12.97) remuneração. (Vide Decreto nº 6.690, de 2008)

23
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono Art. 216. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de
mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. 2014) (Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá Art. 217. São beneficiários das pensões: 
início a partir do parto. I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias 2015)
do evento, a servidora será submetida a exame médico, e a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
se julgada apta, reassumirá o exercício. 2015)
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remu- 2015)
nerado. c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o ser- 2015)
vidor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
consecutivos. 2015)
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a 2015)
jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
ser parcelada em dois períodos de meia hora. de fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda ju- judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
dicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
90 (noventa) dias de licença remunerada. (Vide Decreto nº 2015)
6.691, de 2008) b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial 2015)
de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
que trata este artigo será de 30 (trinta) dias. 2015)
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
Seção VI 2015)
Da Licença por Acidente em Serviço
III - o companheiro ou companheira que comprove
união estável como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o
13.135, de 2015)
servidor acidentado em serviço.
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico
seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei
ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.
nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço
b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
o dano:
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
pelo servidor no exercício do cargo; d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho do regulamento; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
e vice-versa. V - a mãe e o pai que comprovem dependência eco-
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que ne- nômica do servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
cessite de tratamento especializado poderá ser tratado em VI - o irmão de qualquer condição que comprove de-
instituição privada, à conta de recursos públicos. pendência econômica do servidor e atenda a um dos re-
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta quisitos previstos no inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135,
médica oficial constitui medida de exceção e somente será de 2015)
admissível quando inexistirem meios e recursos adequados § 1o A concessão de pensão aos beneficiários de que
em instituição pública. tratam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários re-
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de feridos nos incisos V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135,
10 (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exi- de 2015)
girem. § 2o A concessão de pensão aos beneficiários de que
trata o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no
Seção VII inciso VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Da Pensão § 3o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a fi-
lho mediante declaração do servidor e desde que compro-
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hi- vada dependência econômica, na forma estabelecida em
póteses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
observado o limite estabelecido no inciso XI do caput do Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
art. 37 da Constituição Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais en-
de 18 de junho de 2004. (Redação dada pela Lei nº 13.135, tre os beneficiários habilitados. (Redação dada pela Lei nº
de 2015) 13.135, de 2015)

24
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer
2015) sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribui-
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de ções mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem
2015) sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
2015) b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer de acordo com a idade do pensionista na data de óbito
tempo, prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis do servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições
há mais de 5 (cinco) anos. mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casa-
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer pro- mento ou da união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de
va posterior ou habilitação tardia que implique exclusão de 2015)
beneficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de
partir da data em que for oferecida. idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
dada pela Lei nº 13.135, de 2015) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e
pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado nove) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
a morte do servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta)
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (qua-
casamento ou na união estável, ou a formalização desses renta e três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de
com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, 2015)
apuradas em processo judicial no qual será assegurado o 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de
direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela Lei idade. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
nº 13.135, de 2015) § 1o A critério da administração, o beneficiário de pen-
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte são cuja preservação seja motivada por invalidez, por inca-
presumida do servidor, nos seguintes casos: pacidade ou por deficiência poderá ser convocado a qual-
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária quer momento para avaliação das referidas condições. (In-
competente; cluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
II - desaparecimento em desabamento, inundação, in- § 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida
cêndio ou acidente não caracterizado como em serviço; no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso
III - desaparecimento no desempenho das atribuições VII, ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de
do cargo ou em missão de segurança. acidente de qualquer natureza ou de doença profissional
Parágrafo único. A pensão provisória será transforma- ou do trabalho, independentemente do recolhimento de
da em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de
5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual rea- 2 (dois) anos de casamento ou de união estável. (Incluído
parecimento do servidor, hipótese em que o benefício será pela Lei nº 13.135, de 2015)
automaticamente cancelado. § 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: desde que nesse período se verifique o incremento mínimo
I - o seu falecimento; de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da po-
após a concessão da pensão ao cônjuge; pulação brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em nú-
III - a cessação da invalidez, em se tratando de benefi- meros inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea
ciário inválido, o afastamento da deficiência, em se tratan- “b” do inciso VII do caput, em ato do Ministro de Estado do
do de beneficiário com deficiência, ou o levantamento da Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo
interdição, em se tratando de beneficiário com deficiência na comparação com as idades anteriores ao referido incre-
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente mento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
incapaz, respeitados os períodos mínimos decorrentes da § 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Pre-
aplicação das alíneas “a” e “b” do inciso VII; (Redação dada vidência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência
pela Lei nº 13.135, de 2015) Social (RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoi-
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, to) contribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do
pelo filho ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de inciso VII do caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
2015) Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de bene-
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; ficiário, a respectiva cota reverterá para os cobeneficiá-
VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº rios. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
13.135, de 2015) I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os inci- 2015)
sos I a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
de 2015) 2015)

25
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza- Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou
das na mesma data e na mesma proporção dos reajustes entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante
dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, me-
no parágrafo único do art. 189. diante ressarcimento parcial do valor despendido pelo ser-
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a vidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas
percepção cumulativa de pensão deixada por mais de um com planos ou seguros privados de assistência à saúde, na
cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de 2 forma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela
(duas) pensões. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Lei nº 11.302 de 2006)
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja
Seção VIII exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência
Do Auxílio-Funeral de médico ou junta médica oficial, para a sua realização o
órgão ou entidade celebrará, preferencialmente, convênio
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servi- com unidades de atendimento do sistema público de saú-
dor falecido na atividade ou aposentado, em valor equiva- de, entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade
lente a um mês da remuneração ou provento. pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social -
§ 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
será pago somente em razão do cargo de maior remune- § 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da
ração. aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou
§ 2o (VETADO). entidade promoverá a contratação da prestação de ser-
§ 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e viços por pessoa jurídica, que constituirá junta médica
oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pes- especificamente para esses fins, indicando os nomes e
soa da família que houver custeado o funeral. especialidades dos seus integrantes, com a comprovação
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este de suas habilitações e de que não estejam respondendo a
será indenizado, observado o disposto no artigo anterior. processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da pro-
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em ser- fissão. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
viço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as des- § 3o Para os fins do disposto no  caput  deste artigo,
pesas de transporte do corpo correrão à conta de recursos
ficam a União e suas entidades autárquicas e fundacionais
da União, autarquia ou fundação pública.
autorizadas a: (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação
Seção IX
de serviços de assistência à saúde para os seus servidores
Do Auxílio-Reclusão
ou empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem
como para seus respectivos grupos familiares definidos,
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio
com entidades de autogestão por elas patrocinadas por
-reclusão, nos seguintes valores:
meio de instrumentos jurídicos efetivamente celebrados
I - dois terços da remuneração, quando afastado por
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; autorização de funcionamento do órgão regulador, sen-
II - metade da remuneração, durante o afastamento, do certo que os convênios celebrados depois dessa data
em virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena somente poderão sê-lo na forma da regulamentação es-
que não determine a perda de cargo. pecífica sobre patrocínio de autogestões, a ser publicada
§ 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o ser- pelo mesmo órgão regulador, no prazo de 180 (cento e
vidor terá direito à integralização da remuneração, desde oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas também
que absolvido. aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de
§ 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir 2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
do dia imediato àquele em que o servidor for posto em II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
liberdade, ainda que condicional. no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos e
§ 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-re- seguros privados de assistência à saúde que possuam au-
clusão será devido, nas mesmas condições da pensão por torização de funcionamento do órgão regulador; (Incluído
morte, aos dependentes do segurado recolhido à pri- pela Lei nº 11.302 de 2006)
são. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
Capítulo III § 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total
Da Assistência à Saúde despendido pelo servidor ou pensionista civil com plano
ou seguro privado de assistência à saúde. (Incluído pela
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou Lei nº 11.302 de 2006)
inativo, e de sua família compreende assistência médica,
hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá
como diretriz básica o implemento de ações preventivas
voltadas para a promoção da saúde e será prestada pelo

26
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Capítulo IV Art.  242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o


Do Custeio município onde a repartição estiver instalada e onde o ser-
vidor tiver exercício, em caráter permanente.
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)
Título IX
Título VII Capítulo Único
Capítulo Único Das Disposições Transitórias e Finais
Da Contratação Temporária de Excepcional Interes-
se Público Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico insti-
tuído por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) autarquias, inclusive as em regime especial, e das funda-
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) ções públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outu-
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) bro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da
União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, apro-
Título VIII
vada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
Capítulo Único
exceto os contratados por prazo determinado, cujos con-
Das Disposições Gerais
tratos não poderão ser prorrogados após o vencimento
do prazo de prorrogação.
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado
a vinte e oito de outubro. § 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluí-
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Pode- dos no regime instituído por esta Lei ficam transformados
res Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incenti- em cargos, na data de sua publicação.
vos funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos § 2o As funções de confiança exercidas por pessoas
planos de carreira: não integrantes de tabela permanente do órgão ou enti-
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou dade onde têm exercício ficam transformadas em cargos
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a em comissão, e mantidas enquanto não for implantado o
redução dos custos operacionais; plano de cargos dos órgãos ou entidades na forma da lei.
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mé- § 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS,
rito, condecoração e elogio. exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei.
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluin- § 4o (VETADO).
do-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o pri- § 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos ser-
meiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não ventuários da Justiça, remunerados com recursos da
haja expediente. União, no que couber.
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convic- § 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com
ção filosófica ou política, o servidor não poderá ser priva- estabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem
do de quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em
sua vida funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo
deveres. dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos encontrem vinculados os empregos.
termos da Constituição Federal, o direito à livre associação § 7o Os servidores públicos de que trata o caput des-
sindical e os seguintes direitos, entre outros, dela decor- te artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Dispo-
rentes:
sições Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
da Administração e conforme critérios estabelecidos em
substituto processual;
regulamento, ser exonerados mediante indenização de
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um
um mês de remuneração por ano de efetivo exercício
ano após o final do mandato, exceto se a pedido;
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
sindical a que for filiado, o valor das mensalidades e contri- 10.12.97)
buições definidas em assembleia geral da categoria. § 8o Para fins de incidência do imposto de renda na
d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)  fonte e na declaração de rendimentos, serão considera-
e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dos como indenizações isentas os pagamentos efetuados
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além a título de indenização prevista no parágrafo anterior.(In-
do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
expensas e constem do seu assentamento individual. § 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a compa- disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Execu-
nheira ou companheiro, que comprove união estável como tivo quando considerados desnecessários.  (Incluído pela
entidade familiar. Lei nº 9.527, de 10.12.97)

27
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já con- LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
cedidos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam
transformados em anuênio. Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 pelo Congresso Nacional, do Projeto que se transformou
da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica na Lei n.° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que “dispõe
transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da
prevista nos arts. 87 a 90. União, das autarquias e das fundações públicas federais”.
Art. 246. (VETADO). O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e
haverá ajuste de contas com a Previdência Social, corres- eu, MAURO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos
pondente ao período de contribuição por parte dos ser- termos do § 7° do art. 66 da Constituição, promulgo as se-
vidores celetistas abrangidos pelo art. 243. (Redação dada guintes partes da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990:
pela Lei nº 8.162, de 8.1.91)  “Art. 87 ............................................................................................
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a .................................
vigência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou § 1° ...................................................................................................
entidade de origem do servidor. ...............................
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. § 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não
231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na gozados pelo servidor que vier a falecer serão convertidos
forma e nos percentuais atualmente estabelecidos para o em pecúnia, em favor de seus beneficiários da pensão.
servidor civil da União conforme regulamento próprio. Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a aposentadoria com provento integral será aposentado:
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias I - com a remuneração do padrão de classe imediata-
para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do mente superior àquela em que se encontra posicionado;
antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, II - quando ocupante da última classe da carreira, com
Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á a remuneração do padrão correspondente, acrescida da
com a vantagem prevista naquele dispositivo. (Mantido diferença entre esse e o padrão da classe imediatamente
pelo Congresso Nacional) anterior.
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 193. O servidor que tiver exercido função de dire-
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ção, chefia, assessoramento, assistência ou cargo em co-
cação, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do missão, por período de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10
mês subsequente. (dez) anos interpolados, poderá aposentar-se com a grati-
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou- ficação da função ou remuneração do cargo em comissão,
tubro de 1952, e respectiva legislação complementar, bem de maior valor, desde que exercido por um período míni-
como as demais disposições em contrário. mo de 2 (dois) anos.
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independên- § 1° Quando o exercício da função ou cargo em comis-
cia e 102o da República. são de maior valor não corresponder ao período de 2 (dois)
FERNANDO COLLOR anos, será incorporada a gratificação ou remuneração da
Jarbas Passarinho função ou cargo em comissão imediatamente inferior den-
Este texto não substitui o publicado no DOU de tre os exercidos.
12.12.1990 e republicado em 18.3.1998 § 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as van-
  tagens previstas no art. 192, bem como a incorporação de
  que trata o art. 62, ressalvado o direito de opção.
Art. 231. ..........................................................................................
.................................
§ 1° ...................................................................................................
...............................
§ 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade
integral do Tesouro Nacional.
Art. 240. ..........................................................................................
.................................
a) ........................................................................................................
.............................
b) .......................................................................................................
..............................
c) ........................................................................................................
.............................
d) de negociação coletiva;
e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente
à Justiça do Trabalho, nos termos da Constituição Federal.

28
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a Resposta: C


satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias
para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do 05) De acordo com o Decreto n.º 1.171/1994 (Código
antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á cutivo Federal) e com a Lei Federal n.º 8.112/1990 (Regime
com a vantagem prevista naquele dispositivo.” Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União), julgue os
Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Indepen- itens a seguir. As formas de provimento de cargo público
dência e 103° da República. incluem a ascensão e a transferência.
MAURO BENEVIDES C. Certo
Este texto não substitui o publicado no DOU de E. Errado
19.4.1991
  Resposta: Errado

Exercícios

01) Conforme o disposto na Lei n.º 8.112/1990, ao ser-


vidor em estágio probatório é vedada a concessão de li-
cença
A. para capacitação.
B. para o serviço militar.
C. por motivo de afastamento do cônjuge.
D. por motivo de doença em pessoa da família.
E. para atividade política.

Resposta: A

02) Compõem o referido plano os cargos de provi-


mento efetivo, os cargos de provimento em comissão e as
funções gratificadas. Será tornada sem efeito a posse do
servidor que não entrar em exercício no prazo legal.
C. Certo
E. Errado

Resposta: Errado

03) Conforme a Lei n.º 8.112/1990, o deslocamento de


cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago, no âmbito
do quadro geral de pessoal para outro órgão ou entidade
do mesmo poder denomina-se
A. transferência.
B. substituição.
C. redistribuição.
D. remoção.
E. reintegração.

Resposta: C

04) Com relação aos convênios administrativos, aos


agentes públicos e à responsabilidade civil do Estado, jul-
gue os itens a seguir. De acordo com a Lei n.º 8.112/1990,
tendo sofrido limitação em sua capacidade física ou men-
tal, verificada em inspeção médica, o servidor público es-
tará sujeito a readaptação, que consiste na investidura em
outro cargo de atribuições e responsabilidades compatí-
veis com as do cargo por ele anteriormente ocupado.
C. Certo
E. Errado

29
LEGISLAÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO

ANOTAÇÕES

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30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

1. Noções gerais sobre administração: conceitos e objetivos da administração;........................................................................... 01


Teoria Da Burocracia: Origens, Características, Vantagens, Dilemas E Disfunções;........................................................................ 02
Rotinas Administrativas; Fundamentos De Organização, Sistemas E Métodos: Níveis Hierárquicos, Organograma,...... 03
Fluxograma E Departamentalização,................................................................................................................................................................. 04
Processo De Tomada De Decisão, Autoridade,............................................................................................................................................. 09
Responsabilidade E Competência Gerencial; ................................................................................................................................................ 10
Processo Organizacional: Planejamento, Organização, Direção E Controle;..................................................................................... 10
Liderança E Processos De Comunicação;........................................................................................................................................................ 12
Mudança E Cultural Organizacional.................................................................................................................................................................. 30
2. Noções Gerais Sobre Administração E Da Administração Pública: Conceitos E Objetivos Da Administração; Elementos
E Funcionamento Do Setor Público; ................................................................................................................................................................ 31
Rotinas Administrativas; ........................................................................................................................................................................................ 31
Princípios Da Administração Básicos E Gerenciais Da Administração Pública; ............................................................................... 33
Mecanismos De Controle Interno E Externo; ................................................................................................................................................ 37
Administração Direta E Indireta; ........................................................................................................................................................................ 43
Agentes Públicos; .................................................................................................................................................................................................... 45
Poderes ........................................................................................................................................................................................................................ 50
Atos administrativos: conceitos e classificação............................................................................................................................................. 51
3. Noções de documentação e arquivos: conceitos, objetivos e importância do fluxo de documentos na organização;
etapas do processo de documentação; classificação, encaminhamento e arquivo de documentos em instituições
públicas; tipos de arquivos; organização, proteção, conservação e recuperação de informações e arquivos de docu-
mentos.................................................................................................................................................................................................................54
4. Noções de comunicação, redação e expedição de documentos em órgãos públicos: cartas comerciais; relatórios;
manuais; memorandos; requerimentos; circulares; ofícios; editais; telegramas; mensagens eletrônicas.............................. 72
5. Noções gerais sobre o serviço público: conhecimento do código de ética profissional no serviço público (Decreto nº
1.711/94 e suas alterações);...............................................................................................................................................................................95P
Processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (Lei nº 9.784/99 e suas alterações). ..................... 97
6. Noções gerais sobre orçamento, receita e despesa públicos: conceitos de receitas, despesas públicas e de orçamento
público; classificação de receitas e despesas públicas; diferença entre investimentos e dispêndios; Plano Plurianual; Lei
de Diretrizes Orçamentárias; Lei Orçamentária Anual; processos de empenho, liquidação e pagamento; contratos; con-
vênios. ........................................................................................................................................................................................................................103
7. Noções sobre compras no setor público: conceitos e sistemas de compras; licitação no serviço público: concei-
to; finalidade; princípios; modalidades; cadastro de fornecedores; procedimentos administrativos; sanções (Lei nº
8.666/93, .........................................................................................................................................................................................................107
Lei nº 8.429/92, ......................................................................................................................................................................................................133
Lei nº 10.520/02, ....................................................................................................................................................................................................138
Lei nº 12.462/11).....................................................................................................................................................................................................140
8. Noções gerais sobre gestão de materiais, patrimônio e logística: conhecimentos sobre normas a respeito de recursos
materiais e patrimoniais e de sua logística no serviço público; sistemas de controle de estoques e patrimônio; modalida-
des de transportes; sistemas e métodos de armazenamento; inventários; solicitações de compra; relatórios de consumo;
processos de devolução; pesquisa de preços; inventários de materiais e patrimônio em órgãos públicos......................154
9. Habilidades e comportamentos necessários para o bom desempenho no trabalho: equipes e grupos de trabalho;
atitudes necessárias ao bom relacionamento interpessoal; empatia; proatividade; compreensão e receptividade nas
relações de trabalho..............................................................................................................................................................................................162
10. Noções de Gestão de Pessoas: conceitos e objetivos; recrutamento; seleção; treinamento; desenvolvimento e re-
lações interpessoais; competências, habilidades e atitudes para qualidade no atendimento ao público; apresentação
pessoal;.......................................................................................................................................................................................................................170
Presteza; eficiência; empatia; proatividade; tolerância; discrição; cortesia; interesse; atenção; objetividade; comunicação
interpessoal...............................................................................................................................................................................................................180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
As Organizações formais possuem uma estrutura hie-
1. NOÇÕES GERAIS SOBRE rárquica com suas regras e seus padrões. Os Organogramas
ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS E OBJETIVOS com sua estrutura bem dimensionada podem facilitar a au-
DA ADMINISTRAÇÃO; tonomia interna, agilizando o processo de desenvolvimento
de produtos e serviços. O mundo empresarial cada vez mais
competitivo e os clientes a cada dia mais exigentes levam as
organizações a pensar na sua estrutura, para se adequar ao
O conceito de administração representa uma governa- que o mercado procura. Com os órgãos bem dispostos nessa
bilidade, gestão de uma empresa ou organização de forma representação gráfica, fica mais bem objetivada a hierarquia
que as atividades sejam administradas com planejamento, bem como o entrosamento entre os cargos.
organização, direção, e controle. Montana e Charnov em As organizações fazem uso do organograma que melhor
2003 asseveraram que o ato de administrar é trabalhar com representa a realidade da empresa, vale lembrar que o mode-
e por intermédio de outras pessoas na busca de realizar ob- lo piramidal ficou obsoleto, hoje o que vale é a contribuição,
jetivos da organização bem como de seus membros. são muitas pessoas empenhadas no desenvolvimento da em-
A administração tem uma série de características entre presa, todos contribuem com ideias na tomada de decisão.
elas: um circuito de atividades interligadas, buscar de ob- Com vistas às diversidades de informações, é preciso
tenção de resultados, proporcionar a utilização dos recursos estar atento para sua relevância, nas organizações as infor-
físicos e materiais disponíveis, envolver atividades de plane- mações são importantes, mesmo em tomada de decisões. É
jamento, organização, direção e controle. necessário avaliar a qualidade da informação e saber aplicar
O planejamento consiste em definir objetivos para tra- em momentos oportunos.
çar metas, assim identificando forças, fraquezas, oportunida- Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há
des e ameaças. Interpretam-se dados, analisam-se recursos. que se definir qual informação e como ela vai ser mantida no
O planejamento ocorre com base em muito estudo, muita sistema, deve haver um estudo no organograma da empresa
pesquisa, antes da implantação de qualquer coisa, ele pode verificando assim quais os dados e quais os campos vão ser
durar meses ou até anos. Organizar significa preparar pro- necessários para essa implantação. Cada empresa tem suas
cessos a fim de obter os resultados planejados. características e suas necessidades, e o sistema de informação
Direção, neste procedimento decisões são necessárias, se adéqua a organização e aos seus propósitos.
para que os objetivos relacionados no planejamento conti- Para as organizações as pessoas são as mais importantes,
nuem alinhados. por isso tantos estudos a fim de sanar interrogações a respei-
Controle, aqui é possível vislumbrar todo o processo de to da complexidade do ser humano. Maslow diz que em pri-
planejar, organizar e direcionar. Liderar e discernir se o re-
meiro na base da pirâmide vem às necessidades fisiológicas,
sultado foi o almejado. Assim é possível recomeçar um novo
como: fome, sede sono, sexo, depois ele nomeia segurança
ciclo com mais planejamento e suas etapas subsequentes.
como o segundo item mais importante, estabilidade no tra-
Para administrar nos mais variados níveis de organiza-
balho, por exemplo, logo depois necessidades afetivo sociais,
ção é necessário ter habilidades, estas são divididas em três
como pertencer a um grupo, ter amigos, família; necessidades
grupos: as Habilidades Técnicas são habilidades que neces-
de status e estima, aqui podemos dar como exemplo a neces-
sitam de conhecimento especializado e procedimentos es-
pecíficos e pode ser obtida através de instrução. As Habili- sidade das pessoas em ter reconhecimento, por seu trabalho
dades Humanas envolvem também aptidão, pois interage por seu empenho, no topo Maslow colocou as necessidades
com as pessoas e suas atitudes, exige compreensão para de auto realização, em que o indivíduo procura tornar-se
liderar com eficiência. As Habilidades Conceituais englobam aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades.
um conhecimento geral das organizações, o gestor precisa O raciocínio de Viktor Frankl “ vontade de sentido” tam-
conhecer cada setor, como ele trabalha e para que ele existe. bém é coerente, ele nos atenta para o fato de que nem sem-
De acordo com Chiavenato a estrutura garante a totali- pre a pirâmide de Maslow ocorre em todas as escalas de
dade de um sistema e permite sua integridade, assim são as uma forma sequencial, de acordo com ele, o que nos move é
organizações, diversos órgãos agrupados hierarquicamente, aquilo que faz com que nossa vida tenha sentido, nossas ne-
os sistemas de responsabilidade, sistemas de autoridade e cessidades aparecem de forma aleatória, são nossas motiva-
os sistemas de comunicações são componentes estruturais. ções que nos levam a agir. Os colaboradores são estimulados,
Existem vários modelos de organização, Organização fazendo o que gostam, as pessoas alocam mais tempo nas
Empresarial, Organização Máquina, Organização Política en- atividades em que estão motivados. Sendo assim um funcio-
tre outras. As organizações possuem seus níveis de influên- nário trabalhando em uma determinada tarefa, pode sentir
cia. O nível estratégico é representado pelos gestores e o autorealização sem necessariamente ter passado por todas as
nível tático, representado pelos gerentes. Eles são importan- escalas da piramide. Mas o que é realização para um, não é
tes para manter tudo sob controle. O gerente tem uma visão realização para todas as pessoas. O ser humano é insaciável,
global, ele coordena, define, formula, estabelece uma auto- quando realiza algo que desejou intensamente, logo cobiçara
ridade de forma construtiva, competente, enérgica e única. outras coisas.
Fayol nomeia 16 diferentes atribuições dos gerentes. Os ge- O comportamento das pessoas nas organizações afetam
rentes são responsáveis pelo elo entre o nível operacional, diretamente na imagem, no sucesso ou insucesso da mesma,
onde os colaboradores desenvolvem os produtos e serviços o comportamento dos colaboradores refletem seu desem-
da organização. penho. Há uma necessidade das pessoas de ter incentivos

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

para que o trabalho flua, a motivação é intrínseca, mas os de ênfase na eficiência. Estudos apontam que os primeiros
estímulos são imprescindíveis para que a motivação pelo traços de burocracia tenham surgido ainda na antiguidade,
trabalho continue gerando resultados para a empresa. com os códigos de conduta e normatização de comporta-
Os lideres são importantes no processo de sobrevivên- mento entre estado e população.
cia no mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condi- No entanto, para Weber, a burocracia como a conhe-
ção de exercer, função, tarefa ou responsabilidade quando cemos tem suas origens vinculadas às alterações religiosas
é responsável pelo grupo. Um líder precisa ser motivado, ocorridas após o Renascimento. Max Weber verificou que o
competente, conseguir conquistar e conhecer as pessoas, sistema produtivo moderno, tipicamente racional e capitalista,
ter habilidades e intercalar objetivos pessoais e organizacio- teve como embrião o conjunto de normas morais da chama-
nais. O estilo do líder Democrático contribui na condução da “ética protestante”, que pregava o culto ao trabalho duro,
das organizações, ele delega não só tarefas, mas poderes, poupança e aplicação de excedentes de produção.
isso é importante para estimular os mais diversos profissio- O grande crescimento pelo qual passaram as organiza-
nais dentro da organização. ções do período de Weber fez com que a Teoria Clássica e
No processo de centralização a tomada de decisões é a das Relações Humanas não fossem mais capazes de suprir
unilateral, deixando os colaboradores travados, sem poder suas necessidades. Era imperioso que algo fornecesse mais
de opinião. Já no processo de descentralização existe maior formalidade, impessoalidade e eficiência ao processo.
estimulo por parte dos funcionários, podendo opinar eles se Burocracia e Autoridade
sentem parte ativa da empresa. A relações burocráticas são tipicamente autoritárias. Os
Existem benefícios assegurados por leis e benefícios es- subordinados aceitam as ordens de seus superiores por admi-
pontâneos. Um bom plano de benefícios motivam os cola- tirem a ideia de que tais ordens estão amparadas por normas
boradores. O funcionário hoje com todo seu conhecimento e preceitos legais. Dessa maneira, a obediência não deriva de
adquirido na empresa tem sido tratado como ativo não mais nenhuma pessoa em si, mas sim do conjunto de normas e re-
como recurso. Dar estímulos como os benefícios contribuem gulamentos estabelecidos e aceitos como legítimos por todos.
para a permanência do funcionário na organização. São inú- Em conceito mais amplo, a própria relação do povo com
meras vantagens tanto para o empregado quanto para o seus governantes baseia-se em preceitos burocráticos. O povo
empregador. Reduzindo insatisfações e aumentando a pro- aceita as leis como legítimas por acreditar que as mesmas fo-
dução, gerando assim resultados satisfatórios. ram elaboradas em uma espécie de cooperação entre a pró-
Fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/ne- pria população e seus representantes políticos.
gocios/principios-da-administracao-o-conceito-da-admi- Com isso, toda a esfera administrativa, principalmente no
nistracao-e-suas-funcoes/57654/ serviço público, serve para replicar a vontade da ideologia po-
lítica em vigor. Os funcionários, ou burocratas, devem agir de
maneira estritamente prevista nas normas e regulamentos que
os regem. Normas e regulamentos esses criados por quem?
TEORIA DA BUROCRACIA: ORIGENS, Políticos. Concepção essa, mais claramente ligada à sociologia
CARACTERÍSTICAS, VANTAGENS, DILEMAS E do que à administração.
DISFUNÇÕES; Concluindo, toda organização administrativa de um siste-
ma burocrata é feita de maneira a refletir a vontade política de
um grupo de pessoas, nunca é totalmente impessoal.
Conceito comum de burocracia e o de Weber
A Teoria da Burocracia de Max Weber teria se popula- No senso comum, a burocracia é vista geralmente sob
rizado por volta do ano de 1940, já após a morte do au- uma ótica pejorativa. Quando se fala em burocracia, normal-
tor. Max Weber, juntamente com Taylor e Fayol, está entre mente associa-se a ideia de grande acumulo de papeis docu-
os principais pensadores da teoria administrativa. A teoria mentais e de procedimentos vistos quase sempre como des-
burocrática surgiu em clara oposição a suas antecessoras, necessários. Na verdade, essa é a disfunção da burocracia, ou
ou seja, à Teoria Clássica e Teoria das Relações Humanas. A seja, um defeito no sistema burocrático, mas não é o sistema
primeira era criticada pelo seu excesso de mecanicismos e a em si.
segunda pelo seu ingênuo romantismo. Na Teoria da burocracia de Max Weber o conceito é com-
A teoria de Max Weber foi marcante em sua época e o pletamente diverso. A burocracia prima pela total eficiência
é até os dias atuais, tendo em vista o seu pioneirismo. Dessa da organização e, para que se alcance a eficiência, todos os
forma, várias pesquisas posteriores reportam-se à Teoria da detalhes formais devem ser vistos com antecedência, a fim de
Burocracia de Max Weber ou para apoiar-se nela, ou pela que não existam interferências pessoais que acabem por atra-
criticá-la. Importante frisar, também, que a teoria da buro- palhar o processo.
cracia de Max Weber tem alguns traços mais ligados à socio- Formalidade nas comunicações
logia do que a administração em si. Na organizações burocráticas as comunicações devem
Origem da Teoria da Burocracia de Max Weber ser essencialmente escritas. Todas as regras e decisões devem
Weber A teoria burocrática de Max Weber é uma es- constar em algum documento para que possam ter validade
pécie de organização humana baseada na racionalidade, ou formal. Em razão disso, quando deparamo-nos com procedi-
seja, os meios devem ser analisados e estabelecidos de ma- mentos tidos como burocráticos são cobrados vários tipos de
neira totalmente formal e impessoal, a fim de alcançarem os documentos e várias vias de papéis assinados. Se não estiver
fins pretendidos. Dessa forma, na teoria burocrática há gran- documentado, não há validade!

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Burocracia e divisão do trabalho As organizações trabalham com determinados recursos
Uma organização burocrática é essencialmente autoritária disponíveis e a partir disso, deve estabelecer e avaliar se os
e hierarquizada. Há divisão sistêmica do trabalho de forma que recursos estão alinhados aos objetivos e estratégias, se os
cada um possui cargos e funções específicas, de competências recursos serão de grande valia para obter objetivos, se os
e responsabilidades distintas. Cada membro do processo deve recursos estão ao alcance da empresa e se não estão, como
saber exatamente qual posição ocupa e que trabalho realiza. a empresa pode trabalhar com os recursos disponíveis sem
Dessa maneira, as atribuições administrativas são altamente desistir de seus objetivos e estratégias traçadas.
especializadas e distribuídas de acordo com os fins que se Essa problemática acima pertence à capacidade da em-
pretende alcançar. presa dirigir o que possui e buscar algo mais. De forma que
Principais características do sistema burocrático o principal recurso da empresa capaz de transformar recur-
Autoridade sos em objetivos são as pessoas. Colocando as pessoas cer-
Hierarquia e divisão do trabalho tas para as atividades ideais.
Formalidade no atos e comunicações
Especialização dos funcionários Todo o conjunto de procedimentos acima exige que o
Impessoalidade nas relações. profissional tenha nível superior e saiba lidar com o ambien-
Fonte: http://www.estudoadministracao.com.br/ler/teo- te complexo das organizações.
ria-da-burocracia-de-max-weber/ Abaixo teremos algumas rotinas administrativas que são
repetitivas e exige conhecimento técnico dos profissionais.

ROTINAS ADMINISTRATIVAS; FUNDAMENTOS Técnicas nas rotinas administrativas


DE ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS: As funções básicas de uma empresa são a função co-
NÍVEIS HIERÁRQUICOS, ORGANOGRAMA, mercial, a função técnica, financeira e de contabilidade.
Algumas técnicas administrativas são a construção de
organogramas, que identifique os departamentos da em-
presa e os níveis de hierarquia.
Rotina administrativa é formada por vários processos que
Outros documentos referentes às técnicas administrati-
acontecem de forma sistemática e que requerem conheci-
vas são o manual de rotina e regulamento interno.
mento técnico e domínio de tecnologias. Sendo que processo
Nos manuais de rotina estão descritos quais as normas
é todo conjunto de procedimentos com entradas, processa-
mento e resultados. necessárias para execução de atividades específicas.
Nas rotinas administrativas ocorre que um conjunto de Já o regulamento ou regimento interno é um documen-
profissionais executa atividades para se obter resultados, es- to com um conjunto de diretrizes que definem a estrutura
sas atividades devem estar em conformidade com o nível de organizacional e as políticas da empresa.
competência dos profissionais, nível de autoridade e respon- Outros documentos que auxiliam as atividades adminis-
sabilidades. trativas são os relatórios que devem expor fatos e ocorrên-
Dessa forma, tem-se que administradores e gerentes pos- cias para esclarecimento, dúvidas ou informação de proble-
suem competências distintas no processamento das rotinas mas e outros documentos propostos para informações do
administrativas, assim como os profissionais de nível técnico e interesse de um quadro de colaboradores são documentos
de apoio também o possuem. como a CI (circular interna) e o ofício.
Portanto, os administradores possuem responsabilidades
como planejamento, direção, controle, supervisão e outras Qualidade nas rotinas administrativas
funções que exigem dos profissionais conhecimento e expe- Como vimos a atividade administrativa são compos-
riências maiores. tos de vários processos, processos primários, processos de
É necessário também distinguir atividades administrativas apoio e processos finalísticos que são os processos que de-
das atividades gerenciais, pois as atividades gerenciais cons- finem a atividade fim da empresa.
titui um processo que originará as atividades administrativas, Os processos, portanto são fundamentais para que as
ou seja, é para apoio gerencial que existem as atividades ad- empresas atinjam seus objetivos e tenham sucesso. Para que
ministrativas. tenha um funcionamento eficiente, a empresa deve estru-
Deixando mas claro, que as atividades gerenciais têm a turar e organizar seus processos e sempre que necessário
função de identificar estratégias, trabalhar as oportunidades, trabalhar a melhoria de processos.
alocação de recursos, compartilhamento de objetivos e outros. A qualidade nos processos administrativos requer mé-
A administração, portanto é algo maior e que exige crité- todos, técnicas, normas e até inovações.
rio nas atividades gerenciais e rotineiras, de forma ordenada, Os métodos são utilizados para que as ações nos pro-
pois primeiro é necessário planejar, depois se organiza os re- cessos sejam realizadas e atinjam os objetivos propostos.
cursos, dirige a informação e a mão de obra de forma eficiente Já os objetivos nos processos deve ser sempre o va-
e depois se controla os resultados alcançados. lor agregado e por isso, exige-se qualidade total em todos
Na verdade, a administração é todo conjunto de pro- os processos, para isso faz-se necessário a implantação de
cedimentos que consome recursos, que requer organização metodologias e ferramentas da qualidade para que as or-
dos recursos, planejamento de alocação e avaliação dos re- ganizações atinjam objetivos, conquiste o cliente e se torne
sultados obtidos com esses recursos. competitiva mesmo em longo prazo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Para isso, temos algumas ferramentas da qualidade que são Instruções de trabalho
de simples aplicação, mas rendem até uma certificação ISO, se Consideradas como o instrumento mais simples do rol
forem implantadas com sucesso. das informações técnicas e gerenciais da área da qualidade,
Entre as ferramentas da qualidade aplicada aos processos as Instruções de Trabalho – IT - também conhecidas como
está a ferramenta 5´s. O 5´s surgiram de uma filosofia japonesa e NOP (Norma Operacional Padrão) ou POP (Procedimento
se solidificou no meio empresarial como ferramenta da qualida- Operacional Padrão), têm uma importância capital dentro de
de aplicada aos processos e útil para estruturar, desenhar e evitar qualquer processo funcional cujo objetivo básico é o de ga-
desperdícios com maior economia de recursos e tempo. O ideal rantir, mediante uma padronização, os resultados esperados
é que toda a equipe esteja integrada em um trabalho de organi- por cada tarefa executada (Colenghi, 2007).
zação, arrumação, utilização, limpeza, padronização e disciplina. Quando da elaboração de uma IT, mais importante do
-Organização: organizar poupa tempo e faz com que as ati- que a forma é essencial colocar todas as informações neces-
vidades sejam desenvolvidas sem atrapalho. Organizar materiais sárias ao bom desempenho da tarefa, e não deve ser igno-
pela frequência de uso elimina retrabalhos e tempo gasto com rado que a Instrução é um instrumento destinado a quem
a distribuição de materiais para as atividades frequentes e segu- realmente vai executar a tarefa, ou seja, o operador. Prefe-
rança contra acidentes ou perda de materiais. rencialmente, as IT deverão ser “elaboradas” pelos próprios
-Identificar: o trabalho de identificar materiais por catego- operadores, executores de cada tarefa.
rias poupa o tempo de procurar o material e acabar perdendo
o tempo. Itens
-Utilização: o senso de utilização é também ligado á or- Procedimentos de segurança para realizar a atividade
ganização e realiza-se o trabalho de separar o material de uso A seleção e uso adequado de recursos e ferramentas
eventual e material necessário ás atividades menos constantes, Condições para assegurar a repetição do desempenho
evitando que fiquem espalhados pelo chão material sem uso dentro das variações previstas ao longo do tempo
imediato.
-Limpeza: a limpeza é útil para manter o ambiente com uma Os principais passos para se elaborar um POP, são :
aparência limpa, organizada e com maior segurança. Criar meios 1. Nome do POP (nome da atividade/processo a ser tra-
para manter o ambiente limpo, organizado e sempre arruma- balhado)
do é também uma medida para que os colaboradores poupem 2. Objetivo do POP (A quê ele se destina, qual a razão da
tempo e trabalho de organizarem e limparem tudo de novo, sua atual existência e importância)
quando deveriam estar concentrados em outras tarefas. 3. Documentos de referência (Quais documentos pode-
-Padronizar: padronizar é uma solução para manter uma ro- rão ser usados ou consultados quando alguém for usar ou se-
tina de organização, de limpeza e de eliminação de desperdícios, guir o POP ? Podem ser Manuais, outros POP’s, Códigos, etc)
sendo que a padronização pode auxiliar o trabalho e orientar a 4. Local de aplicação (Aonde se aplica aquele POP? Am-
equipe para a realização das atividades. biente ou Setor ao qual o POP é destinado)
E por fim, para manter a limpeza, a organização e a padroni- 5. Siglas (Caso siglas sejam usadas no POP, dar a explica-
zação nas rotinas administrativas deve-se manter o senso de dis- ção de todas : DT = Diretor Técnico ; MQ = Manual da Qua-
ciplina, portanto é necessário que o programa 5´s tenha a adesão lidade, etc)
e participação com o comprometimento de todos. 6. Descrição das etapas da tarefa com os executantes e
responsáveis.
Há um detalhe muito importante. Executante é uma coi-
FLUXOGRAMA E DEPARTAMENTALIZAÇÃO, sa, responsável é outra. Pode acontecer que o executante seja
a mesma pessoa responsável, mas nem sempre isso acontece.
7. Se existir algum fluxograma relativo a essa tarefa, como
um todo, ele pode ser agregado nessa etapa.
MANUAIS, PROCEDIMENTOS 8. Informar o local de guarda do documento ; aonde ele
OPERACIONAIS, ORGANOGRAMAS, vai ficar guardado e o responsável pela guarda e atualização.
FLUXOGRAMAS, CRONOGRAMAS. 9. Informar frequência de atualização (Digamos, de 12 em
12 meses )
Procedimento Operacional Padrão  10. Informar em quais meios ele será guardado (Eletrôni-
É uma descrição detalhada de todas as operações neces- co ou computador ou em papel)
sárias para a realização de uma atividade, ou seja, é um roteiro 11. Gestor do POP (Quem o elaborou)
padronizado para realizar uma atividade. 12. Responsável por ele.
O Procedimento Operacional Padrão pode ser aplicado,
por exemplo, numa  empresa  cujos colaboradores trabalhem ORGANOGRAMA
em três turnos, sem que os trabalhadores desses turnos se en-
contrem e que, por isso, executem a mesma tarefa de modo Organograma é um gráfico que representa a estrutura
diferente. formal de uma organização.
A maioria das empresas que empregam este tipo de for- Os organogramas mostram como estão dispostas unida-
mulário possui um Manual de Procedimentos que é originado des funcionais, a hierarquia e as relações de comunicação
a partir do fluxograma da organização. existentes entre estes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Os órgãos são unidades administrativas com funções caracteriza-se por ser uma atividade individual, executada
bem definidas. Exemplos de órgãos: Tesouraria, Departa- pelo titular respectivo, referindo-se a cargos que envolvem
mento de Compras, Portaria, Biblioteca, Setor de Produção, atividades mais diferenciadas. A função já é um conceito de
Gerência Administrativa, Diretoria Técnica, Secretaria, etc. Os maior abrangência, porquanto se refere ao conjunto de tare-
órgãos possuem um responsável, cujo cargo pode ser che- fas que são executadas, de uma forma sistemática, pelo ocu-
fe, supervisor, gerente, coordenador, diretor, secretário, go- pante do cargo. Por último, a definição de cargo, integra um
vernador, presidente, etc. Normalmente tem colaboradores conjunto de funções com uma posição definida na estrutura
(funcionários) e espaço físico definido. organizativa, isto é, no organograma da empresa.
Num organograma, os órgãos são dispostos em ní-
veis que representam a hierarquia existente entre eles. Em O aprofundamento da Revolução Industrial a partir da
um organograma vertical, quanto mais alto estiver o órgão, segunda metade do século XIX gerou inúmeras consequên-
maior a autoridade e a abrangência da atividade. cias para a sociedade, principalmente no que diz respeito ao
Tipos de organogramas desenvolvimento e aumento da complexidade das organi-
Clássicos - O organograma clássico também é chama- zações empresariais. O aparecimento exponencial de novas
do de vertical. É o mais comum tipo de organograma, ela- tecnologias, invenções, inovações técnicas e sociais, e a ten-
borado com retângulos que representam os órgãos e linhas dência de concentração do capital, ocasionou o surgimento
que fazem a ligação hierárquica e de comunicação entre de grandes fábricas responsáveis por empregar - em um só
eles. local – centenas e às vezes milhares de seres humanos que
Não clássicos - São todos os demais tipos como abaixo: só tinham a força de trabalho a oferecer aos detentores dos
Em barras - representados por intermédio de longos meios de produção.
retângulos a partir de uma base vertical, onde o tamanho Dentro desse contexto de grandes mudanças econômi-
do retângulo é diretamente proporcional à importância da cas, sociais e demográficas, muitos estudiosos e profissio-
autoridade que o representa. nais começaram a perceber o quão difícil se tornava a orga-
Em setores (setorial, setograma) - são elaborados por nização e o controle dessas grandes empresas, as quais pre-
meio de círculos concêntricos, os quais representam os di- cisavam lidar com diversas variáveis, ao mesmo tempo em
versos níveis de autoridade a partir do círculo central, onde que buscavam garantir o lucro necessário à manutenção do
localiza-se a autoridade maior da empresa. empreendimento e a remuneração do capital investido. No
Radial (solar, circular) - o seu objetivo é mostrar o ma- início do século XX, grandes empresários, como Ford, Rocke-
crossistema das empresas componentes de um grande gru- feller dentre outros, estavam com bastantes problemas em
po empresarial. seus conglomerados, principalmente no que tange à gestão
Lambda - apresentam, apenas, grupos de órgãos que dos empregados. Dessa forma, foram nas duas primeiras dé-
possuam características comuns. cadas do século passado que apareceram os acadêmicos e
Bandeira - apresentam grupos de órgãos que possuem “peritos da indústria”, os quais apresentaram-se oferecendo
uma missão específica e bem definida na estrutura organi- ajuda aos empresários americanos e europeus.
zacional, normalmente em quatro níveis. Como havia a necessidade de produção em massa, de-
Organograma Linear de Responsabilidade (OLR) - vido à demanda sempre crescente e a exploração de novos
possui um diferenciador em relação aos demais organogra- mercados, a relação empregado x empregador parecia ser
mas, pois a sua preocupação não é apresentar o posicio- a mais complexa. Os principais problemas podem ser assim
namento hierárquico, mas sim o inter-relacionamento entre enumerados:
diversas atividades e os responsáveis por cada uma delas. 1) altíssimas taxas de rotatividade da mão-de-obra;
Informativo - apresenta um máximo de informações de 2) pressão por produtividade por meio de atitudes mui-
diversas naturezas relacionadas com cada unidade organiza- tas vezes agressivas e injustas;
cional da empresa. 3) baixa qualificação dos empregados;
Dial de Wyllie - na forma de um disco separado por 4) necessidade de adaptação às novas tecnologias,
círculos concêntricos conforme o grau hierárquico e, dentro como a linha de montagem;
de tais sessões, órgãos representados por círculos menores, 5) modelos de remuneração capazes de gerar motiva-
cuja posição relativa aos órgãos representados em sessões ção e produtividade.
mais próximas ao centro indicam sua subordinação hierár- Surge, então, neste momento, no despontar do século
quica.[2] O organograma Dial de Wyllie tem por objetivo XX, os primeiros trabalhos de cunho científico na adminis-
representar organizações de hierarquia dinâmica, com vin- tração. Os expoentes dessa fase científica foram dois enge-
culações variando conforme o desenvolvimento de novos nheiros: Frederick Winslow Taylor, responsável pelo desen-
projetos interdepartamentais. volvimento da Escola da Administração Científica, e Henri
Fayol, criador da Teoria Clássica. Dessa forma, a chamada
Cargo, tarefa ou função Abordagem Clássica da Administração é formada pelas duas
O conceito de cargo é abrangente, baseando-se em di- abordagens construídas por esses dois engenheiros pesqui-
ferentes noções fundamentais, tais como tarefa, atribuição, sadores.
função e cargo. A noção de tarefa consiste nas atividades in- Os trabalhos de Taylor podem ser considerados como a
dividuais executadas pelo titular do cargo e é atribuída, nor- primeira tentativa de fundar uma “ciência da administração”.
malmente, a cargos bastante simples. A noção de atribuição O pesquisador era engenheiro, e teve a possibilidade de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

atuar em vários cargos dentro uma fábrica, desde operário monizar e unificar todos os esforços e atividades, a fim de
até engenheiro-chefe. Após alguns anos como empregado, que os objetivos das unidades estejam alinhados com os ob-
Taylor passou a trabalhar como consultor, aperfeiçoando jetivos estratégicos da organização. 5) Controle, responsável
suas pesquisas e ideias sobre gestão. O aspecto funda- pela verificação do desempenho de todos os elementos an-
mental de sua teoria é a busca do aumento da eficiência da teriores. O controle deve se certificar que as atividades estão
organização, por meio da racionalização do trabalho e da sendo realizadas de acordo com o plano estabelecido.
obtenção de métodos mais eficientes de controle dos tra- Fayol também desenvolveu alguns princípios gerais da
balhadores. administração, os quais são a base de sua teoria. São alguns
Para solucionar a questão do relacionamento emprega- deles: divisão do trabalho (a especialização torna o indiví-
do x empregador, Taylor propõe quatro “grandes princípios”: duo mais produtivo); unidade de comando, em que Fayol
1) O desenvolvimento de uma verdadeira ciência do tra- estabelece que o empregado deve ter somente um chefe,
balho, em que seria necessária uma investigação científica para evitar conflitos de comando; remuneração, como im-
para se chegar a uma jornada de trabalho justa. Neste caso, portante fator de motivação; cadeia escalar, em que se diz
o empregador saberia qual a quantidade de trabalho ideal que a hierarquia é necessária, porém a comunicação lateral
a ser realizada pelo trabalhador, e este receberia uma alta também é importante, desde que os superiores sejam infor-
taxa de pagamento, já que este busca a “maximização de mados a respeito daquilo que está sendo tratado; espírito de
seus ganhos”; equipe, equidade e justiça na condução da empresa; ordem
2) A seleção científica e o desenvolvimento progressivo material, social e estabilidade de pessoal, para minimização
do trabalhador. Aqui caberia à administração da organização dos custos com desenvolvimento da equipe.
desenvolver os trabalhadores, buscando garantir que estes Apesar das criticas à visão minimalista do ser humano
se tornem altamente produtivos, ou seja, de “primeira linha”; (homo economicus) ou talvez a uma “falta de humanidade”
3) A conexão da ciência do trabalho e trabalhadores dos princípios tayloristas, que levariam o homem a com-
cientificamente selecionados e treinados; portar-se como uma máquina, as contribuições de Taylor e
4) A constante e íntima cooperação de gestores e traba- Fayol foram de essencial importância para o desenvolvimen-
lhadores. Esta cooperação eliminaria os conflitos, já que os to posterior da administração, servindo de base para várias
gestores e operários estariam cientes de suas responsabili- áreas, tais como a engenharia industrial, gestão de proces-
dades e funções. sos, qualidade, modelos de gestão e aperfeiçoamento das
O trabalho de Taylor visou resolver a problemática da
funções gerenciais.
dependência do capital frente ao trabalho vivo. Para isso, a
administração deveria entender, sistematizar e normatizar a
ORGANIZAÇÃO FORMAL
execução das tarefas dentro da organização, visando a má-
Hierarquia oficial como ela se apresenta no papel. Pira-
xima produtividade por meio das ferramentas adequadas.
midal.
O Taylorismo, esclarecendo que este se caracteriza
Status
como uma forma de controle do capital sobre os processos
•Diferença entre operários e pessoal do escritório.
de trabalho, através do controle de todos os tempos e movi-
•Status medido pela opulência do escritório. Cada um
mentos do trabalhador, ou seja, do trabalho vivo.
A Teoria Clássica da Administração de Henri Fayol surgia em sua posição.
logo depois dos primeiros estudos e resultados de Taylor •Pessoas do mesmo departamento, juntas.
realizados nos Estados Unidos. Pode-se dizer que o pon- Autoridade e Poder:
to de partida foi em 1916, com a primeira publicação do • de cima para baixo
trabalho de Fayol, intitulado Administration Industrielle et Ordens para baixo e informações para cima.
Générale – Prévoyance, Organisation, Comandement, Coor- As informações sempre são relativas à produção e nun-
dination, Controle. Assim como a Administração Científica, ca em relação aos problemas humanos e ressentimentos.
a Teoria Clássica se caracterizava também pela busca da efi- Informações relativas a assuntos pessoais circulam em
ciência organizacional, porém com um foco diferenciado: a forma de cochichos. (não oficiais)
estrutura da organização e as funções gerenciais. Comitês – tratar assuntos emocionais, pessoais e técni-
Fayol estabeleceu a definição de gerência, como com- cos. Limitam-se a tratar de assuntos e queixas triviais e for-
preendendo cinco elementos: 1) Planejar, diz respeito ao mais.
“olhar para o futuro”, preparando-se para ele. Sobre essa Ressentimentos se manifestam: greves, sabotagens, ab-
função, a gerência deveria levar em conta os objetivos de senteísmo, etc.
cada unidade e alinhamento aos objetivos organizacionais; Firma do tipo autoritário leva o trabalhador a um estado
utilizar previsões de curto e longo prazo; ter flexibilidade de civilidade e disciplina superficial.
para adaptações do plano; ser capaz de prognosticar os cur- Trabalham na presença do “chefe”. Atmosfera de medo.
sos das ações. 2) Organizar, referindo-se a elaboração de Promoção
uma estrutura material e humana onde as atividades pode- Gerentes promovem pessoas bem adaptadas ou que
rão ser desenvolvidas de forma otimizada. 3) Comando, que adotem seu ponto de vista. “Escolhidas” do gerente.
significa manter as pessoas em atividade, buscando, através Características das organizações formais
da liderança e relacionamento, o melhor desempenho dos 1. deliberadamente impessoal;
colaboradores. 4) Coordenação, em que o gestor busca har- 2. baseada em relações ideais;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
3. baseada na “hipótese da gentalha” sobre a natu- DEPARTAMENTALIZAÇÃO
reza humana. (a competição leva a máxima eficiência, luta É uma divisão do trabalho por especialização dentro da
de cada um por si leva a servir aos melhores interesses do estrutura organizacional da empresa.
grupo, homem unidade isolada que podem ser deslocadas Ou Departamentalização é o agrupamento, de acordo
de um trabalho para o outro...) iguala o bem da organiza- com um critério específico de homogeneidade, das ativida-
ção com o bem dos indivíduos que a compõem. des e correspondente recursos (humanos, financeiros, mate-
Estrutura de trabalho riais e equipamentos) em unidades organizacionais.
• Organização em linha. Existem diversas maneiras básicas pelas quais as orga-
Divisão básica na estrutura de trabalho – baseada na nizações decidem sobre a configuração organizacional que
autoridade – função definida (cada um tem um chefe e é será usada para agrupar as várias atividades. O processo or-
ganizacional de determinar como as atividades devem ser
responsável por chefiar).
agrupadas chama-se Departamentalização.
Quanto maior o nível de estrutura maior a distância
Formas de Departamentalizar:
social.
1- Função
• Organização funcional. 2- Produto ou serviço
Baseada no tipo de trabalho a ser feito. Na subdivisão 3- Território
do trabalho. 4- Cliente
Status de função. Fonte de conflito. (mesma linha hie- 5- Processo
rárquica, importância do trabalho) 6- Projeto
• Organização do estado-maior. 7- Matricial
Fundamentada na especialização. 8- Mista
Posição de aconselhamento – não possuem autoridade Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organi-
na organização. zações usam uma abordagem da contingência à Departa-
Podem ser integradas na organização em linha. mentalização: isto é, a maioria usará mais de uma destas
abordagens usadas em algumas das maiores organizações.
FRAQUEZAS NA TEORIA DA ORGANIZAÇÃO FORMAL A maioria usa a abordagem funcional na cúpula e outras nos
• Problemas de coordenação - deficiências na comuni- níveis mais baixos.
cação devido ao fator tempo, espaço e as divisões naturais
da estrutura . DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES
A Departamentalização funcional agrupa funções co-
• Tempo - pouco contato entre turnos e pessoas, pro-
muns ou atividades semelhantes para formar uma unidade
blemas são deixados para o outro turno, vagas trocas de
organizacional. Assim todos os indivíduos que executam
informações.
funções semelhantes ficam reunidos, todo o pessoal de ven-
• Espaço - unidades podem estar amplamente separa- das, todo o pessoal de contabilidade, todo o pessoal de se-
das, quanto maior a separação maior dificuldade de coor- cretaria, todas as enfermeiras, e assim por diante.
denação. Distância espacial tende a levar distância social. A Departamentalização funcional pode ocorrer em qual-
• Divisões da estrutura - funções diferentes, vários de- quer nível e é normalmente encontrada muito próximo à cú-
partamentos na mesma linha horizontal – difícil o membros pula.
de um nível apreciar o trabalho de outro nível. Vantagens: As vantagens principais da abordagem fun-
A organização formal não pode ser eliminada; é inevi- cional são:
tável e essencial, pois nenhuma organização pode ser com- • Mantém o poder e o prestígio das funções principais
preendida sem o conhecimento da organização formal, é • Cria eficiência através dos princípios da especialização.
quase impossível também compreendê-la apenas nessa • Centraliza a perícia da organização.
base. • Permite maior rigor no controle das funções pela alta
Vantagem da grande empresa - resolver os problemas administração.
humanos - solução de problemas, esquemas de participa- • Segurança na execução de tarefas e relacionamento
ção, benéficos, etc, dando segurança aos trabalhadores. de colegas.
Desvantagem – sua natureza impessoal, dificuldade de • Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas
comunicação. de produtos.
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens
A estrutura de uma firma e sua organização influen-
na abordagem funcional.
ciam o comportamento dos indivíduos e grupos. Assim
• Entre elas podemos dizer:
como os atos individuais só podem ser compreendidos em • A responsabilidade pelo desempenho total está so-
relação ao grupo e o comportamento de grupo só pode ser mente na cúpula.
compreendido num contexto de um grupo maior ao qual • Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita.
pertencem. • O treinamento de gerentes para assumir a posição no
Para se estudar pequenos grupos faz-se necessário o topo é limitado.
conhecimento das estruturas maiores. O grupo sofre in- • A coordenação entre as funções se torna complexa e
fluências de fatores vindos de fora do mesmo. mais difícil quanto à organização em tamanho e amplitude.
• Muita especialização do trabalho.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO A principal vantagem da Departamentalização de clien-


É feito de acordo com as atividades inerentes a cada um te é a adaptabilidade uma determinada clientela.
dos produtos ou serviços da empresa. As desvantagens são:
Exemplos de Departamentalização de produto: • Dificuldade de coordenação.
1- Lojas de departamentos • Subutilização de recursos e concorrência entre os ge-
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, rentes para concessões especiais em benefício de seus pró-
Mercury e Lincoln Continental. prios clientes.
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços pres-
tados, como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU EQUIPA-
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentali- MENTO
zação de produtos são: É o agrupamento de atividades que se centralizam nos pro-
• Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de pro- cessos de produção ou equipamento. É encontrada com mais
dutos ou serviços. frequência em produção. As atividades de uma fábrica podem
• A coordenação de funções ao nível da divisão de pro- ser grupadas em perfuração, esmerilamento, soldagem, mon-
duto torna-se melhor. tagem e acabamento, cada qual em seu departamento.
• Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao Você perceberá uma modificação deste agrupamento
lucro. organizacional quando comprar um hambúrguer em um res-
• Facilita a coordenação de resultados. taurante de serviço rápido. Note que algumas pessoas estão
• Propicia a alocação de capital especializado para cada assando a carne, outras estão fritando as batatas, e outras
grupo de produto. preparando a bebida. Usualmente há um anotador de pedi-
• Propicia condições favoráveis para a inovação e cria- dos que também recebe o pagamento e compõe o pedido.
tividade. Vantagens:
Desvantagens: • Maior especialização de recursos alocados.
• Exige mais pessoal e recursos de material, podendo • Possibilidade de comunicação mais rápida de informa-
daí resultar duplicação desnecessária de recursos e equipa- ções técnicas.
mento. Desvantagens:
• Possibilidade de perda da visão global do andamento
• Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicida-
do processo.
des de atividade nos vários grupos de produtos.
• Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
• Pode criar uma situação em que os gerentes de produ-
tos se tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO
estrutura da empresa.
Aqui as pessoas recebem atribuições temporárias, uma
vez que o projeto tem data de inicio e término. Terminado
DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL o projeto as pessoas são deslocadas para outras atividades.
Algumas vezes mencionadas como regional, de área Por exemplo: uma firma contábil poderia designar um
ou geográfica. É o agrupamento de atividades de acordo sócio (como administrador de projeto), um contador sênior,
com os lugares onde estão localizadas as operações. Uma e três contadores juniores para uma auditoria que está sendo
empresa de grande porte pode agrupar suas atividades de feita para um cliente.
vendas em áreas do Brasil como a região Nordeste, região Uma empresa manufatureira, um especialista em produ-
Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as filiais de bancos são ção, um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser
estabelecidas desta maneira. indicados para, sob a chefia de um administrador de projeto,
As vantagens e desvantagens da Departamentalização completar o projeto de controle de poluição.
territorial são semelhantes às dadas para a Departamenta- Em cada um destes casos, o administrador de projeto
lização de produto. Tal grupamento permite a uma divisão seria designado para chefiar a equipe, com plena autoridade
focalizar as necessidades singulares de sua área, mas exi- sobre seus membros para a atividade específica do projeto.
ge coordenação e controle da administração de cúpula em
cada região. DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ
A Departamentalização de matriz é semelhante à de proje-
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE to, com uma exceção principal. No caso da Departamentaliza-
A Departamentalização de cliente consiste em agrupar ção de matriz, o administrador de projeto não tem autoridade
as atividades de tal modo que elas focalizem um determi- de linha sobre os membros da equipe. Em lugar disso, a orga-
nado uso do produto ou serviço. A Departamentalização de nização do administrador de projeto é sobreposta aos vários
cliente é usada principalmente no grupamento de atividade departamentos funcionais, dando a impressão de uma matriz.
de vendas ou serviços. A organização de matriz proporciona uma hierarquia que
As lojas de departamentos, por exemplo, podem ter uma responde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso,
seção para o grupo dos catorze aos vinte anos, uma seção é tipicamente encontrada em organização de orientação téc-
para gestantes ou uma seção de roupas masculinas sociais, nica, como a Boeing, General Dynamics, NASA e GE onde os
sem mencionar os departamentos para bebês e crianças. Em cientistas, engenheiros, ou especialistas técnicos trabalham
cada caso, o esforço de vendas pode concentrar-se nos atri- em projetos ou programas sofisticados. Também é usada por
butos e necessidades especificas do cliente. empresas com projetos de construção complexos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Vantagens: Permitem comunicação aberta e coordena- Segundo Simon (1963), a decisão é um processo de aná-
ção de atividades entre os especialistas funcionais relevan- lise e escolha entre várias alternativas disponíveis do curso
tes. Capacita a organização a responder rapidamente à mu- de ação que a pessoa deverá seguir. Ele aponta seis elemen-
dança. São abordagens orientadas para a tecnologia. tos clássicos na tomada de decisão:
Desvantagens: Pode haver choques resultantes das prio- • o tomador de decisão – é a pessoa que faz uma escolha
ridades. ou opção entre várias alternativas de ação;
• os objetivos – que o tomador de decisão pretende alcan-
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR çar com suas ações;
Para evitar problemas na hora de decidir como departa- • as preferências – critérios que o tomador de decisão usa
mentalizar, pode-se seguir certos princípios: para fazer sua escolha;
• Princípio do maior uso – o departamento que faz maior • a estratégia – o curso da ação que o tomador de decisão
uso de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição. escolhe para atingir os objetivos, dependendo dos recursos que
• Principio do maior interesse – o departamento que venha a dispor;
tem maior interesse pela atividade deve supervisioná-la. • a situação – aspectos do ambiente que envolvem o toma-
• Principio da separação e do controle – As atividades do dor de decisão, muitos dos quais se encontram fora do seu con-
controle devem estar separadas das atividades controladas. trole, conhecimento ou compreensão e que afetam sua escolha;
• Principio da supressão da concorrência – Eliminar a • o resultado – é a consequência ou resultante de uma dada
concorrência entre departamentos, agrupando atividades estratégia de decisão.
correlatas no mesmo departamento. Tendo como premissa que processos administrativos são
Outro critério básico para departamentalização está ba- processos decisórios, Ansoff (1977) afirma que todo executivo
seado na diferenciação e na integração, os princípios são: experiente sabe que grande parte de seu trabalho é ocupado
• Diferenciação, cujo princípio estabelece que as ativida- por um processo diário de tomada de decisões e, portanto,
des diferentes devem ficar em departamentos separados. A deve ser potencializado por parte das empresas, através dos re-
diferenciação ocorre quando: cursos básicos: físicos, financeiros e humanos.
• O fator humano é diferente, Já Bethlem (1987), no artigo modelos de Processo Deci-
• A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes, sório, sintetizou os principais mecanismos (instrumentos) que
• Os ambientes externos são diferentes, orientam o processo decisório e a tomada de decisão, revisando
• Os objetivos e as estratégias são diferentes. os modelos apresentados por autores como Simon, Kepner &
A integração – Quanto mais atividades trabalham inte- Tregoe, Guilford e Mintzberg e até mesmo os modelos militares,
gradas, maior razão para ficarem no mesmo departamento. sugerindo um modelo genérico composto de quatro etapas:
Fatores de integração são: Etapa 1 – decisão de decidir – assumir um comportamento
• Necessidade de coordenação. que leve a uma decisão qualquer é uma decisão;
Etapa 2 – uma vez decidido iniciar o processo decisório, a
DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA etapa seguinte é a definição do que vamos decidir. Há ocasiões
É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve em que trabalhamos na solução de problemas que não defini-
ter a estrutura que mais se adapte à sua realidade organi- mos, mas estatisticamente o seu número é menos significativo;
zacional. Etapa 3 – formulação de alternativas. As diversas soluções
possíveis para resolver o problema ou crise, ou as alternativas
que vão permitir aproveitarmos as oportunidades; e
PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO, Etapa 4 – escolha de alternativas que julgamos mais ade-
AUTORIDADE, quadas. É a tomada de decisão.
Peter Drucker (1972), o patrono da moderna Administra-
ção, denomina as decisões de táticas e estratégicas.
Os estudiosos em Administração, Koontz e O’Donnell As decisões táticas são mais simples, podendo-se confiar
(1972), identificam a tomada de decisão como o planeja- na capacidade intuitiva do decisor de tomar a decisão acerta-
mento administrativo. da. As decisões estratégicas são mais difíceis, pois o problema
Já Herbert Simon (1963), considerado o “pai” do Pro- e a solução são desconhecidos, fazendo com que a tomada de
cesso Decisório, entende o mesmo como um processo ad- decisão seja sempre obtida através de um processo visando a
ministrativo. solução do problema.
Segundo Chiavenato (1999), a tomada de decisão é ta- A formulação de decisões inclui elementos relacionados
refa mais característica do administrador. Porém, os gestores tanto com o clima organizacional como com um conjunto de
não são os únicos a decidir, pois o trabalho do executivo regras básicas previamente estabelecidas.
consiste não apenas em tomar decisões próprias, mas tam- Blake e Mouton (apud CHIAVENATO, 1999) afirmam que os
bém em providenciar para que toda a organização que diri- problemas serão corretamente solucionados e serão tomadas boas
ge, ou parte dela, tome-as também de maneira efetiva. decisões se existir uma cultura ou clima dentro da organização que
O administrador tem como função específica desenvolver permita o uso livre e objetivo da informação. Por conseguinte, é
e regular o processo de tomada de decisão da maneira mais função do administrador formar o clima em que seus subordina-
eficaz possível, isto é, a função do administrador não é exclu- dos tenham interesse tanto pela produção como pelas pessoas.
sivamente tomar decisões, mas também tomar providências Trecho adaptado de: http://www.uern.br/professor/ar-
para que o processo de decisão se realize de maneira eficaz. quivo_baixar.asp?arq_id=1701.

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Para determinação da abrangência da responsabilidade


RESPONSABILIDADE E COMPETÊNCIA individual a ser exigida é necessário considerar:
GERENCIAL; a) Organograma;
b) Processos e tarefas;
c) Recursos físicos e humanos necessários, dentre ou-
tras.
Responsabilidade X Autoridade Muitos colaboradores, no intuito de mostrar compe-
tência, acabam assumindo responsabilidades além da sua
Heitor Borba autoridade. Mais tarde, acabam frustrados por não atende-
Além de constituir principio básico da administração, a rem as expectativas dos seus superiores hierárquicos. Ou-
paridade entre a responsabilidade assumida pelo colabora- tros, assumem as vezes do patrão e, para não serem vistos
dor e a autoridade a ele delegada também é requisito das como incompetentes, terminam por “carregar a empresa
Normas de nas próprias costas”.
Qualidade, Segurança, Saúde e Meio Ambiente. O fim disso tudo é o adoecimento do trabalhador, cul-
O termo “autoridade” pode ser definido como “poder minando em estresse, úlceras, AVC, etc.
legítimo”, “direito de mandar”, ou seja, é o direito de man- Isso, quando não são demitidos por incompetência,
dar e ser obedecido. Já a “responsabilidade” consiste numa quando na verdade, a causa do fracasso foi a ineficácia da
consequência da autoridade, atribuindo a obrigação de res- empresa para gerir seus processos de trabalho. Ineficácia
ponder pelas ações próprias e dos outros. essa que leva a entidade a perder excelentes profissionais,
A paridade entre a responsabilidade e a autoridade não além dos danos gerados ao psicológico dessas vítimas do
é necessária somente aos líderes. Ao contrário do que pen- trabalho.
sa a maioria, para que qualquer trabalhador possa cum- Em alguns casos, quando o subordinado expõe as de-
prir suas obrigações contratuais, é imprescindível possuir a ficiências do seu setor para o patrão, escuta a indelicada
autoridade necessária e adequada ao desenvolvimento da resposta de que o funcionário anterior conseguia atender
função assumida.
as expectativas da empresa. O problema é: A que custo?
A boa gestão manda que haja divisão da organização
Diante desse dilema, o melhor a fazer é expor os fatos
em processos. Cada etapa de realização do produto deverá
claramente ao superior. Caso uma boa conversa não resol-
ser prevista no processo. Isso inclui processos relacionados
va, então é colocar currículos e partir para outra. Pois, não
ao sistema de gestão e de apoio, como por exemplo, re-
vale a pena trocar saúde por trabalho.
cursos humanos, manutenção, meio ambiente, segurança
Fonte: https://www.trf5.jus.br/downloads/Responsabi-
e saúde ocupacional, etc. Percebemos que cada processo é
lidade%20X%20Autoridade.pdf
composto por uma série de tarefas a serem executadas. Essa
divisão é a única forma de fazer com que o sistema de ges-
tão alcance os objetivos almejados. Ainda, para cada uma
dessas tarefas, a alta direção deve determinar as devidas res- PROCESSO ORGANIZACIONAL:
ponsabilidades e delegar a autoridade necessária, suficiente PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E
e adequada a cada situação. CONTROLE;
Delegar autoridade não é tarefa fácil dentro de uma em-
presa.
Para determinação da abrangência da autoridade indivi-
dual a ser delegada é necessário considerar: ORGANIZAÇÃO
a) Função;
b) Responsabilidade; A palavra organização pode assumir vários significa-
c) Competência; dos:
d) Nível hierárquico; a) Organização como uma entidade social: Uma or-
e) Confiabilidade; ganização social dirigida para objetivos específicos e de-
f) Liderança; liberadamente estruturada. A organização é uma entidade
g) Objetivo da autoridade; social porque é constituída por pessoas. É dirigida para ob-
h) Postura profissional, dentre outras. jetivos porque é desenhada para alcançar resultados, como
Os objetivos da autoridade podem ser: gerar lucros, proporcionar satisfação social, etc. É delibera-
a) Aprovar recursos físicos e humanos; damente estruturada pelo fato que o trabalho é dividido e
b) Homologar fornecedores de bens e serviços; seu desempenho é atribuído aos membros da organização.
c) Indicar e aprovar materiais; Nesse sentido, a palavra organização significa qualquer
d) Qualificar serviços; empreendimento humano moldado intencionalmente par
e) Qualificar novos produtos; atingir determinados objetivos. Essa definição é aplicável
f) Aprovação de documentos; a todos os tipos de organizações, sejam elas lucrativas ou
g) Definir plano de controle; não, como empresas, bancos, financeiras, hospitais, clubes,
h) Qualificar processos; igrejas etc. Dentro desse ponto de vista, a organização
i) Definir plano de amostragem, etc. pode ser visualizada sob dois aspectos distintos:

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
• Organização formal: É a organização baseada em CONTROLE
uma divisão de trabalho racional que especializa órgãos e Controlar significa garantir que o planejamento seja
pessoas em determinadas atividades. É, portanto, a organi- bem executado e que os objetivos estabelecidos sejam al-
zação planejada ou a organização que está definida no or- cançados da melhor maneira possível.
ganograma, sacramentada pela direção e comunicada a to-  A função administrativa de controle está relacionada
dos por meio dos manuais de organização. É a organização com a maneira pela qual os objetivos devem ser alcan-
formalizada oficialmente. çados através da atividade das pessoas que compõem a
• Organização Informal: É a organização que emerge es- organização. O planejamento serve para definir os obje-
pontânea e naturalmente entre as pessoas que ocupam po- tivos, traçar as estratégias para alcançá-los e estabelecer
sições na organização formal e a partir dos relacionamentos os planos de ação. A organização serve para estruturar as
humanos como ocupantes de cargos. Forma-se a partir das pessoas e recursos de maneira a trabalhar de forma orga-
relações de amizade e do surgimento de grupos informais nizada e racional. A direção mostra os rumos e dinamiza as
que não aparecem no organograma ou em qualquer outro pessoas para que utilizem os recursos da melhor maneira
documento formal.
possível. Por fim, o controle serve para que todas as coisas
b) Organização como função administrativa e parte in-
funcionem da maneira certa e no tempo certo.
tegrante do processo administrativo: Nesse sentido, orga-
 O controle verifica se a execução está de acordo com
nização significa o ato de organizar, estruturar e integrar
o que foi planejado: quanto mais completos, definidos e
os recursos e os órgãos incumbidos de sua administração
e estabelecer as relações entre eles e as atribuições de cada coordenados forem os planos, mais fácil será o controle.
um. Trataremos da organização sob o segundo ponto de
vista, ou seja, a organização como a segunda função admi- Planejamento Estratégico, Tático e Operacional
nistrativa e que depende do planejamento, da direção e do Desenvolver o planejamento em uma empresa envolve
controle para formar o processo administrativo. Organizar diversas etapas. Apesar do planejamento estratégico ser o
consiste em: mais famoso na administração, os outros dois têm a mes-
• Determinar as atividades específicas necessárias ao al- ma importância em um planejamento integrado dentro da
cance dos objetivos planejados (especialização). companhia.
• Agrupar as atividades em uma estrutura lógica (depar-
tamentalização). Planejamento Estratégico (longo alcance)
• Designar as atividades às específicas posições e pes- O planejamento estratégico é aquele que define as es-
soas (cargos e tarefas). tratégias de longo prazo da empresa. Este planejamento
  leva em conta todos os fatores internos e externos a com-
DIREÇÃO panhia – por exemplo, a situação econômica global é um
Está relacionada com a maneira pela qual os objetivos fator a ser levado em conta no planejamento estratégico.
devem ser alcançados através da atividade das pessoas e da Quando elaboramos este planejamento procuramos ter
aplicação dos recursos que compõem a organização. uma visão integrada dos processos e da companhia, por
Direção é a atividade consistente em conduzir e coor- que a empresa como um todo entra nesta etapa.
denar o pessoal na execução de um plano previamente ela- O planejamento estratégico é feito em geral entre 5 e
borado. Assim, dirigir uma organização pública ou privada 10 anos no futuro.
significa dominar a habilidade de conseguir que os seus É essencial que o planejamento estratégico, apesar de
subordinados executem as tarefas para as quais foram de- ter um alcance de até 10 anos, seja atualizado constante-
signados por força do cargo (setor público) ou por força do mente. Se isto não ocorrer, o planejamento sofre um sério
contrato de trabalho (setor privado). risco de ficar obsoleto e não ser utilizado dentro da empre-
Os meios normalmente utilizados para o desempenho
sa, como deve ser.
de uma direção eficaz são: a) ordens e instruções, b) moti-
vação, c) comunicação e d) liderança, sendo que um bom
Planejamento Tático (médio)
gestor sabe que os melhores resultados de gestão surgirão
O planejamento tático é diferente para cada área da
do uso combinado delas.
Ou seja, não basta dar ordens e instruções, é preciso companhia. A area financeira terá seu próprio planejamen-
saber motivar seus subordinados na execução das tarefas. to tático financeiro, assim como a RH, marketing e assim
E isso se faz, por exemplo, através de uma comunicação efi- por diante. Esta etapa é mais focada que o planejamento
ciente entre chefe e subordinado. É preciso dizer à equipe o estratégico, que é desdobrado em diversos planos táticos.
motivo pelo qual aquele determinado trabalho é importante O planejamento tático é feito de ano a ano e busca
para a organização. Estes conceitos, apesar de simples, são otimizar uma determinada área da empresa na busca de
comumente esquecidos pelos dirigentes de organizações um resultado.
públicas e privadas, trazendo-lhes sérios prejuízos financei-
ros e operacionais a curto prazo sem falar na perda da cre- Planejamento Operacional (Curto alcance)
dibilidade do trabalho executado pelo gestor perante seus O plano operacional coloca em prática cada um dos
subordinados, pares e superiores. planos táticos dentro da empresa. Ele é projetado no curto
  prazo e envolve cada uma das tarefas e metas da empresa.

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Um planejamento operacional deve planejar os prazos, sável pelo desempenho das pessoas que ele dirige. Assim,
metas e recursos para a implantação de um projeto ou ta- para que um gestor possa se desincumbir satisfatoriamente
refa dentro da empresa. Por ser a última etapa de planeja- dessa responsabilidade, ele precisa conhecer os fatores que
mento, o operacional deve ser um plano mais detalhado influenciam o desempenho dos indivíduos no trabalho.
que os outros dois, tentando explicar cada tarefa isolada- De que fatores depende o desempenho das pessoas em
mente. uma organização? Há uma infinidade deles mas, de modo ge-
Desta maneira que os planejamentos Estratégico, Táti- ral, pode-se agrupá-los em quatro categorias:
co e Operacional trabalham juntos. Cada um tem um esco- 1) qualificação;
po dentro da empresa e seguem uma ordem: 2) motivação;
Estratégia >> Tática >> Operação 3)problemas ambientais; e
Fonte: http://adm.esobre.com/planejamento-estratgi- 4) problemas pessoais.
co-ttico-operacional Os dois primeiros fatores descrevem as relações do indi-
víduo com o que ele faz, isto é, com o conteúdo de seu servi-
ço. São fatores que atuam de modo positivo. O terceiro fator,
que descreve a relação do ser humano com o ambiente em
LIDERANÇA E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO; que ele realiza seu trabalho, bem como o quarto fator, agem
no sentido negativo. Se qualquer um desses quatro grandes
fatores estiver em desordem, o desempenho do funcionário
Muito tem sido falado sobre a relação entre liderança será afetado. Vamos examinar cada categoria para entender
e motivação. Afirma-se que o líder exerce um papel funda- o que significa.
mental, o de manter sua equipe motivada a fim de obter O profissional de administração deve estabelecer e man-
altos níveis de desempenho. Sustenta-se que liderança é a ter um sistema contingente de comunicação dentro da orga-
capacidade de inspirar e motivar as pessoas a alcançarem nização, de forma unificadora e esclarecedora, a fim de saber
suas metas e ultrapassar seus limites. Declara-se que o líder qual é a situação de sua organização para poder controlar as
é capaz de influenciar as pessoas a atingirem seus próprios atividades e tomar decisões, visto que nem sempre a infor-
objetivos bem como os da organização, e que, para isso, mação segue os rumos que a organização deseja, transfor-
é necessário compreender o comportamento humano e o mando-se muitas vezes em boatos que venham a prejudicar
que o motiva, ou seja, é preciso identificar as necessidades a corporação.
das pessoas para facilitar o processo motivacional e aumen- A comunicação administrativa não deve se preocupar
tar a produtividade.1 com meios externos e sim com seu fluxo interno de infor-
Embora seja verdade que o comportamento do líder mações. Ela deve ser feita entre e para os membros da or-
têm, de fato, influência sobre a motivação da equipe, a ên- ganização, o que não impede que algumas informações
fase que inúmeros textos têm colocado nessa relação induz transmitidas internamente sejam difundidas além dos limites
os leitores a pensar que a única preocupação do líder deve da organização. Ela precisa ser vista como uma forma de co-
ser com o fator motivacional. Essa restrição implica deixar municação social e humana, constituída por cinco elementos
de lado outros elementos, igualmente poderosos, que exer- básicos; um comunicador que transmite uma mensagem para
cem considerável influência sobre a produtividade e o de- um receptor visando obter um feedback do mesmo.
sempenho dos funcionários. É conveniente, pois, alargar o Seu principal objetivo é unir a situação de todos os seto-
foco para incluir na discussão essas outras variáveis. Como res, e todos os assuntos, interagir entre os membros e garantir
consequência, em vez de discutirmos a relação entre lide- a funcionalidade da empresa. Denominada de comunicação
rança e motivação, analisaremos a relação entre liderança funcional, parte-se do pressuposto de que cada cargo de uma
e desempenho. Começaremos examinando os fatores que organização precisa comunicar algo a alguém ou algum setor,
afetam o desempenho e, posteriormente, o papel da lide- de modo a transmitir as informações necessárias em busca
rança na conformação desses fatores. de um trabalho sinérgico, respeitando as individualidades de
cada cargo, setor e também as pessoais. A comunicação deve
DESEMPENHO E SEUS FATORES DETERMINANTES ser vista pelo administrador como instrumento descentraliza-
Uma definição comum para a palavra “Gerente” é: um dor e de elevação da capacidade operacional da organização,
indivíduo que dirige o trabalho de outras pessoas e que, através da delegação de autoridades e atribuições, contudo
portanto, é responsável pelo trabalho dessas pessoas. Outro sem que o administrador perca o controle e a autoridade pe-
conceito para esse termo é o de que Gerente é o profissio- rante seus subordinados. A descentralização administrativa
nal que obtém resultados por meio de outras pessoas. Esta exige, acima de tudo, um sistema eficaz de comunicação e
definição ressalta o fato de que o gerente contribui para os controle. É a comunicação horizontal que permitirá ao admi-
objetivos da organização fazendo com que outras pessoas, nistrador alcançar sinergia e controle dos mais variados seto-
e não ele mesmo, executem as tarefas que são necessárias. res que compõe o corpo da empresa.
Essas pessoas, cujo trabalho o gerente dirige, são exata- Fica explícito que conforme o tamanho da organização as
mente os indivíduos por meio dos quais o gerente obtém trocas de informação podem sofrer mais empecilhos, contudo
resultados. Em tais condições, o gerente torna-se respon- são nesses casos que a comunicação torna-se mais necessá-
ria. Sem um plano comunicacional eficaz o trabalho torna-se

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
mais demorado e desperdiçam-se esforços, já que fica clara Barreiras e ruídos
a dificuldade de interação entre os mais variados setores da No atendimento é preciso cuidado para evitar ruídos na
organização. Onde se faz necessário o trabalho em grupo há comunicação, ou seja, é necessário reconhecer os elementos
consequentemente a necessidade de se realizar uma compe- que podem complicar ou impedir o perfeito entendimento
tente comunicação horizontal. das mensagens. Às vezes, uma pessoa fala e a outra não en-
tende exatamente o que foi dito. Ou, então, tendo em vista a
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO subjetividade presente na mensagem, muitas vezes, o emis-
São elementos do processo de comunicação: sor tem uma compreensão diferente da que foi captada pelo
• emissor – o que emite ou envia a mensagem receptor. Alguns exemplos:
• receptor – o que recebe a mensagem Ruídos
• mensagem – 0 que se quer comunicar Sobrecarga de informações
• canal – o meio de comunicação pelo qual se transmite Tipos de informações
a mensagem Fonte de informações
• ruídos –tudo aquilo que pode atrapalhar a comunicação . Localização Física
Defensidade
O processo de comunicação é o centro de todas as ativi- Além dessas dificuldades, existem outras que interferem
dades humanas. No entanto, além de usar palavras corretas no processo de comunicação, entre elas, as barreiras tec-
e adequadas ao contexto, o emissor deve transmitir à outra nológicas, psicológicas e de linguagem. Essas barreiras são
pessoa, o receptor, informações, ideias, percepções, inten- verdadeiros ruídos na comunicação.
ções, desejos e sentimentos, ou seja, a mensagem do proces- As barreiras tecnológicas resultam de defeitos ou inter-
so de comunicação. Ao mesmo tempo, para que a comuni- ferências dos canais de comunicação. São de natureza ma-
cação ocorra, não basta transmitir ou receber bem as mensa- terial, ou seja, resultam de problemas técnicos, como o do
gens. É preciso, sobretudo, que haja troca de entendimentos. telefone com ruído.
Para tanto, as palavras são importantes, mas também o são As barreiras de linguagem podem ocorrer em razão das
as emoções, as ideias, as informações não verbais. gírias, regionalismos, dificuldades de verbalização, dificulda-
des ao escrever, gagueira, entre outros.
Comunicação verbal e não verbal As barreiras psicológicas provêm das diferenças indivi-
A comunicação verbal realiza-se oralmente ou por meio duais e podem ter origem em aspectos do comportamento
da escrita. São exemplos de comunicações orais: ordens, pe- humano, tais como:
didos, debates, discussões, tanto face-a-face quanto por te- Seletividade: o emissor só ouve o que é do seu interesse
lefone, rádio, televisão ou outro meio eletrônico. Cartas, jor- ou o que coincida com a sua opinião;
nais, impressos, revistas, cartazes, entre outros, fazem parte Egocentrismo: o emissor ou o receptor não aceita o
das comunicações escritas. ponto de vista do outro ou corta a palavra do outro, de-
A comunicação não verbal realiza-se por meio de gestos monstrando resistência para ouvir;
e expressões faciais e corporais que podem reforçar ou con- Timidez: a inibição de uma pessoa em relação a outra
tradizer o que está sendo dito. Cruzar os braços e as pernas, pode causar gagueira ou voz baixa, quase inaudível;
por exemplo, é um gesto que pode ser interpretado como Preconceito: a percepção indevida das diferenças socio-
posição de defesa. Colocar a mão no queixo, coçar a cabeça culturais, raciais, religiosas, hierárquicas, entre outras;
ou espreguiçar-se na cadeira podem indicar falta de interesse Descaso: indiferença às necessidades do outro.
no que a outra pessoa tem a dizer.
Também são gestos interpretados como forma de de- A comunicação interna e sua importância nas organizações
monstrar desinteresse durante a comunicação: ajeitar papéis A imagem da empresa é muito importante para a sobre-
que se encontrem sobre a mesa, guardar papéis na gaveta, vivência da mesma. Para ter uma imagem consolidada é ne-
responder perguntas com irritação ou deixar de respondê-las. cessário transformar seus funcionários em verdadeiros em-
A linguagem é um código utilizado pelos indivíduos baixadores da boa vontade de sua empresa. Em decorrência
para processar pensamentos, idéias e diálogos interiores, ou disso, tem se discutido a relação entre empregado/emprega-
comunicar-se com outros. A linguagem pode ser representa- dor. Assim, este artigo trata da importância da comunicação
da por uma língua ou pela não verbalização. interna para as instituições, as estratégias usadas por ela para
É importante observar que algumas palavras assumem o bom relacionamento com seus funcionários, a eficiência da
diferentes significados para cada pessoa. comunicação para com o público interno e a importância do
Palavras como amor, solidariedade, fraternidade, igual- profissional de Relações Públicas nesse contexto.
dade, entre outras, servem de rótulos para experiências uni- Não basta ter uma equipe de grandes talentos altamen-
versais, mas têm significados particulares para cada indiví- te motivados.
duo. A realidade subjetiva de cada pessoa é formada pelo Se ela não estiver bem informada, se seus integrantes
seu sistema de valores, pelas suas crenças, pelos seus obje- não se comunicarem adequadamente, não será possível po-
tivos pessoais e pela sua visão de mundo. Daí a importância tencializar a força humana da empresa.
de checarmos a linguagem utilizada no processo de comu- A comunicação interna nas organizações, empresas ou
nicação e adaptarmos nossa mensagem ao vocabulário, aos entidades nem sempre foi valorizada ou reconhecida como
interesses e às necessidades da pessoa a quem transmitimos de vital importância para o desenvolvimento e sobrevivência
alguma informação. dessas organizações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Na era da informação e em um momento em que a tec- O envolvimento dos colaboradores em todo o processo
nologia é disponibilizada, a habilidade no processamento organizacional desenvolvendo a capacidade de boa comu-
de dados e a transformação desses dados em informações nicação interpessoal é condição imprescindível ao bom an-
prontas para serem usadas nas tomadas de decisões, repre- damento da organização.
senta uma oportunidade valiosa na melhoria do processo A falta de cultura do diálogo, de abertura a conversa-
de comunicação no mundo dos negócios. Só através de ção e a troca de ideias, opiniões, impressões e sentimentos,
uma comunicação interna eficiente, é que acontece a troca é, sem dúvida alguma, o grande problema que prejudica o
de informações. funcionamento de organizações e países. A comunicação
É papel do profissional de Relações Públicas fazer com corporativa é um processo diretamente ligado à cultura da
que haja interação entre todo o universo organizacional. empresa, ou seja, aos valores e ao comportamento das suas
lideranças e às crenças dos seus colaboradores.
OBJETIVOS DA COMUNICAÇÃO INTERNA As comunicações administrativas consideradas como
Os principais objetivos da comunicação interna são: fontes de comunicação social e humana encontram os se-
•Tornar influentes, informados e integrados todos os guintes elementos: comunicador, mensagem e destinatário.
funcionários da empresa; O processo de comunicação envolve no mínimo duas pes-
soas ou grupos: remetente (fonte) e o destino (recebedor)
•Possibilitar aos colaboradores de uma empresa o co- isto é, o que envia a documentação e o que recebe.
nhecimento das transformações ocorridas no ambiente de O conteúdo da comunicação é geralmente uma mensa-
trabalho; gem e o seu objetivo é a compreensão por parte de quem
recebe. A comunicação só ocorre quando o destino (quem a
•Tornar determinante a presença dos colaboradores de recebe) a compreende ou a interpreta. Se a mensagem não
uma organização no andamento dos negócios. chega ao destino à comunicação não acontece.
•Facilitar a comunicação empresarial, deixando-a clara e
objetiva para o público interno. FATORES QUE INFLUENCIAM A COMUNICAÇÃO
A qualidade da comunicação é derivada de alguns pon-
Comunicação interna: porque, como e quando deve tos considerados de suma importância:
acontecer •Prioridade à comunicação – qualidade e timing da co-
Sabemos que a comunicação é o processo de troca de municação assegurando sintonia de energia e recursos de
informações entre duas ou mais pessoas. Desde os tem- todos com os objetivos maiores da empresa;
pos mais remotos, a necessidade de nos comunicar é uma •Abertura da alta direção – disposição da cúpula de abrir
questão de sobrevivência. No mundo dos negócios não é informações essenciais garantindo insumos básicos a todos
diferente. A necessidade de tornar os funcionários influen- os colaboradores;
tes, integrados e informados do que acontece na empresa, •Processo de busca – pro-atividade de cada colaborador
fazendo-os sentir parte dela, fez surgir a comunicação inter- em busca das informações que precisa para realizar bem o
na, considerada hoje como algo imprescindível às organiza- seu trabalho;
ções, merecendo, cada vez mais, maior atenção. Por meio •Autenticidade – verdade acima de tudo, ausência de
da Comunicação Interna, torna-se possível estabelecer ca- “jogos de faz de conta” e autenticidade no relacionamento
nais que possibilitem o relacionamento ágil e transparente entre os colaboradores assegurando eficácia da comunica-
da direção da organização com o seu público interno e en- ção e do trabalho em times;
tre os próprios elementos que integram este público. •Foco em aprendizagem – garantia de efetiva apren-
Nesse sentido, entender a importância da Comuni- dizagem do que é comunicado, otimizando o processo de
cação Interna em todos os meios hierárquicos, como um comunicação;
instrumento da administração estratégica é uma exigência •Individualização – consideração às diferenças indivi-
para se atingir a eficácia organizacional. Compreender a duais (evitando estereotipo e generalizações) assegurando
importância desse processo de comunicação para que flua melhor sintonia e qualidade de relacionamento na empresa;
de forma eficiente, no momento oportuno, de forma que •Competências de base – desenvolvimento de compe-
seja atingido o objetivo pretendido, é um desafio para as tências básicas em comunicação (ouvir, expressão oral e es-
organizações. crita, habilidades interpessoais) assegurando qualidade das
A comunicação efetiva só se estabelece em clima de relações internas;
verdade e autenticidade. Caso contrário, só haverá jogos •Velocidade – rapidez na comunicação dentro da em-
de aparência, desperdício de tempo e, principalmente uma presa potencializando sua qualidade e nível de contribuição
“anti-comunicação” no que é essencial/necessário. Porém aos objetivos maiores;
não basta assegurar que a comunicação ocorra. É preciso •Adequação tecnológica – equilíbrio entre tecnologia e
fazer com que o conteúdo seja efetivamente aprendido alto contato humano assegurando evolução da qualidade
para que as pessoas estejam em condições de usar o que é da comunicação e potencializando a força do grupo.
informado. Quatro fatores influenciam a eficácia da comunicação
Por tanto, o trabalho em equipe precisa ser incentivado nas organizações: canais formais da comunicação, estrutura
com uma postura de empatia e cooperação eliminando as- de autoridade, especialização do trabalho e a propriedade
sim, os afastamentos e as falhas na comunicação. da informação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Os canais formais da comunicação influenciam a eficácia 6. Timbre de voz – podem comunicar confiança, nervo-
da comunicação de duas formas: primeiro, os canais cobrem sismo ou entusiasmo.
uma distância cada vez maior à medida que as organizações 7. Vestuário, adorno e aparência
crescem e se desenvolvem. Atingir a comunicação eficaz em 8. Reflexão – muitos sinais não verbais são ambíguos.
uma grande organização é muito mais difícil do que em uma Exemplo: um sorriso indica calor humano, mas, às vezes
organização menor. pode indicar nervosismo.
Segundo, os canais de comunicação inibem o fluxo li-
vre de informações entre os diversos níveis da organização. Seja através da comunicação verbal ou não verbal, a in-
Exemplo: um trabalhador do almoxarifado de uma empresa formação é indispensável aos funcionários de uma empresa
comunicará problemas do seu trabalho a um supervisor e como base para atingir metas. É através da informação que
nunca ao gerente. se pode detectar áreas problemáticas capazes de impedir a
Estrutura de autoridade: verifica-se que as diferenças consecução de objetivos. É também, por meio dela que são
hierárquicas ajudam a determinar quem irá comunicar-se avaliados desempenhos individuais e/ou coletivos. E ainda,
com quem. O conteúdo e exatidão da comunicação são só através de informações torna-se possível fazer ajusta-
sempre comprometidos pela diferença de autoridade. mentos necessários para que a eficiência no trabalho seja
A especialização do trabalho, ou seja, a divisão do traba- alcançada.
lho em ações pertinentes a cada grupo facilita a comunica-
ção entre esses grupos. CANAIS DA COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
As mensagens, nas organizações passam por diferentes
TIPOS DE COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES caminhos ou canais. Tais canais podem ser formais ou infor-
Nas organizações a comunicação apresenta diferentes mais. Para Du Brin (2001) os canais formais de comunicação
formas que variam de acordo com os elementos, contexto e são os caminhos oficiais para envio de informações den-
tipo de comunicação a ser usado. tro e fora da empresa, tendo como fonte de informação o
A comunicação se divide em dois itens: comunicação Organograma, que indica os canais que a mensagem deve
verbal e comunicação não verbal. seguir.
No primeiro item a comunicação envolve participação, Além de serem caminhos para a comunicação, os canais
transmissão e trocas de conhecimento e experiências. A co- também são meios de enviar mensagens. Incluem boletins,
municação verbal pode ser: interna – quando o processo jornais, reuniões, memorandos escritos, correio eletrônico,
acontece dentro da empresa e externa – quando o proces- quadros de aviso tradicionais e informativos mais elevados.
As mensagens nas organizações viajam em quatro di-
so ultrapassa os limites da empresa, ocorrendo entre esta e
reções: para baixo, para cima, horizontal e diagonalmente.
funcionários ou instituições de fora da empresa.
A comunicação que viaja para baixo é aquela que par-
Quanto à transmissão da mensagem, a comunicação
te do superior da empresa para os subordinados – envolve
ocorre de duas formas: oral e escrita.
os relatórios administrativos, manuais de políticas e proce-
Para se ter ideia da importância das comunicações orais,
dimentos, jornais internos da empresa, cartas e circulares,
basta lembrar que elas estão no cerne dos problemas de
relatórios escritos sobre desempenho, manuais de empre-
relacionamento entre setores ou na raiz das soluções de
gados e etc. O tipo de comunicação mais adequado aos
integração horizontal/vertical. Muitas questões pendentes
subordinados é a que presta mais informações; não apre-
poderiam ser resolvidas por meio de uma receita que inclui, senta controvérsias e cujo propósito é mais informativo que
necessariamente, contatos, reuniões de integração, avalia- persuasivo.
ção, análise, controle e feedback. Como se percebe, as co- A comunicação ascendente ocorre para cima, do su-
municações orais merecem atenção. bordinado para o superior. Envolve: memorandos escritos,
Quanto ao tipo de comunicação a ser utilizado, pode relatórios, reuniões grupais planejadas, conversas informais
ser: formal (realizada através da hierarquia) e informal (reali- com o superior. Apresenta propósito informativo e auxilia
zada fora do sistema convencional). na tomada de decisão.
Para facilitar este tipo de comunicação as empresas de-
Comunicação não verbal – O propósito deste tipo de in- senvolvem programas e políticas tais como:
formação é exprimir sentimentos sem usar a palavra. Exem- •Políticas de portas abertas – permite a qualquer em-
plo: balançar a cabeça para indicar um “sim”. pregado receber a atenção da alta administração.
A comunicação não verbal, de um modo geral pode ser •Programas de treinamento – serve para avaliar aspec-
dividida em oito categorias: tos da empresa – os empregados trazem os problemas da
1. Ambiente – espaço físico. Empresa à tona. Permite a ela atingir velocidade e simplici-
2. Posição do corpo dade nas operações.
3. Postura – inclinar-se em direção a outra pessoa suge- •Programas de reclamações – as reclamações são en-
re ser favorável em relação à mensagem. viadas para cima, incluindo aquelas sobre os supervisores,
4. Gestos das mãos condição de trabalho, conflitos, assédio sexual, métodos de
5. Expressões e movimentos faciais – aspectos da face e trabalho, etc.
movimentos com a cabeça podem indicar aprovação, desa- Comunicação Horizontal – trata-se do envio de infor-
provação ou descrença. mações entre funcionários do mesmo nível organizacional.

15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Comunicação Diagonal – transmissão de mensagem de A internet cada vez mais se forma como mídia. Suas ca-
níveis organizacionais mais altos ou mais baixos em diferen- racterísticas mais importantes para a atividade e o negócio
tes departamentos, demonstrando maior dinamismo no que da Comunicação Social são: a facilidade operacional, o baixo
se refere às decisões da comunicação. custo de operação e a interatividade.
Canais informais de comunicação - representam a rede Como exemplos de canais de comunicação eletrônica,
de comunicação, não oficial, que complementa os canais temos os SMS, redes sociais, e a agora falaremos sobre o
formais. São dois importantes canais informais de comuni- e-mail, que é uma mensagem eletrônica das mais difundidas
cação: rádio corredor e os encontros casuais. nesse tipo de comunicação.
A rádio corredor é o principal meio de transmissão de Além de ser um dos mais populares serviços da internet,
boatos e até pode criar problemas à organização. Boatos por ser uma forma rápida e de baixo custo de manter co-
falsos podem ser prejudiciais à moral e à produtividade da municação, o fator da distancia não interferir e de liberdade
empresa. Reuniões com empregados para discutir o boato de horário para utiliza-la também favoreceram essa popu-
é a melhor forma de evitar que tais boatos comprometam a laridade.
imagem dos funcionários da Organização. Pela facilidade de uso e eficácia, tornou-se um dos ser-
Encontros Casuais - não programados - acontecendo viços mais populares da internet. Utilizar corretamente esse
entre os superiores e empregados podem representar um serviço de e-mail pode auxiliar a ter acesso à informações,
canal de informação eficiente. Além das reuniões formais, gerenciar, manter e ampliar sua rede de contatos, agilizar e
muitas informações valiosas podem ser coletadas nesses otimizar o tempo quando a comunicação se faz necessária.
encontros casuais. A alta direção, preocupados com a co- Assim, é importante compreender como ele funciona e
municação interna, utilizam desses canais sem preconceito, quais os benefícios de seu uso para poder tirar o máximo de
coletando informações que os ajudam na tomada de deci- proveito dessa ferramenta praticamente indispensável nos
sões importantes. dias de hoje, lembrando-se que, embora esse meio de co-
Muitas vezes, a comunicação não acontece de forma municação traga muita facilidade, ele ainda é uma forma de
eficaz em virtude da falta de habilidade do emissor e/ou re- comunicação, portanto, exigirá todos os cuidados exigidos
ceptor, constituindo-se verdadeiras barreiras. Consideram- na comunicação como vimos na abordagem acima, ou seja,
se barreiras da comunicação: motivação e interesses baixos, formalidade, uso correto da linguagem, adequação ao con-
texto, e principalmente, uso do bom senso, garantirão um
reações emocionais e desconfianças que podem limitar ou
resultado eficaz ao utilizar de mensagens eletrônicas como
distorcer as comunicações; diferenças de linguagem, jargão,
forma de se comunicar.
colaboradores com conhecimentos e experiências diferentes
também podem se constituir em barreiras da comunicação
EFICIÊNCIA NA COMUNICAÇÃO INTERNA ORGANIZA-
numa organização.
CIONAL
A alta direção de qualquer organização precisa conhecer
USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS – COMUNICAÇÃO ELE-
e acreditar no poder da comunicação interna, pois, é através
TRÔNICA dela, com uma boa relação com o público interno, de forma
A tecnologia tem um dos principais papéis na transfor- eficiente, que a empresa poderá transmitir a sua imagem ao
mação das atividades e no negócio da comunicação social. seu público externo, pois são eles, os responsáveis por essa
Além de representar para muitos, uma verdadeira revolução imagem.
cultural, ela significa investimentos e até a definição de no- A qualidade de comunicação nas organizações deve
vos objetivos e rumos. pressupor individualização do processo em função das na-
A internet está se tornando imprescindível nos planos turais diferenças em outro quadro de referência, nível de ex-
de comunicação das grandes corporações, cujos sites foram periência, amplitude de interesses, grau de motivação, etc.
criados como centros de informação para consumidores. Em de pessoa para pessoas. Comunicações feitas para a “média”
vez de vendas, muitas empresas estabelecem objetivos de do público acabam gerando, mais problemas do que benefí-
comunicação e realizam on-line uma verdadeira estratégia cios, sem falar no fato da pasteurização tornar as mensagens
de administração dos seus contatos e do relacionamento sem impacto.
com os diferentes públicos que com elas se relacionam e Para que haja eficiência na comunicação interna, é de
interagem. fundamental importância conhecer em profundidade o pú-
A vídeo conferência também faz parte dos avanços de blico interno da empresa. É necessário um contato pessoal
tecnologia e, tem tido aceitação cada vez maior no mundo em que se estabeleça uma relação de confiança, que possa
dos negócios. Através desse recurso, funcionário de uma or- transmitir as suas expectativas, ansiedades e interesses entre
ganização em diferentes locais mantém um diálogo vendo a organização e o seu público interno. É importante que o
as imagens na tela da televisão, realizando uma reunião em emissor tenha acesso aos conhecimentos do receptor sobre
diversos lugares ao mesmo tempo. Esta tecnologia traz a o assunto a ser abordado. O seu nível de linguagem e o seu
vantagem da diminuição de gastos para a empresa, além do grau de interesse são itens relevantes para que ocorra a sin-
aumento da produtividade, pois os funcionários precisam ir tonia entre eles.
apenas ao centro de vídeo conferência próximo à empresa. Destaca-se que os elementos para uma transmissão de
Em decorrência disso, a comunicação eletrônica veio mensagem eficiente são: comunicação assertivamente – a
para facilitar a vida das organizações, trazendo agilidade, mensagem será mais bem recebida se os funcionários expo-
comodidade e baixo custo para as empresas. rem suas ideias diretamente; uso de canais múltiplos – uso

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
dos cinco sentidos para recepção; uso da comunicação bi- Por que é importante?
direcional – envolvimento da mensagem dos receptores na A pronúncia correta confere dignidade à mensagem
conversação; apoiar-se- certos tipos de comunicação fazem que pregamos. Permite que os ouvintes se concentrem no
com que as pessoas se sintam apoiadas, facilitando o proces- teor da mensagem sem ser distraídos por erros de pro-
so; ser sensível as diferenças culturais- respeito as diferenças núncia.
de estilo, sotaque, erros gramaticais, aparência pessoal; ser Fatores a considerar. Não há um conjunto de regras
sensível as diferenças de gênero – identificar as diferenças no de pronúncia que se aplique a todos os idiomas. Muitos
estilo de comunicação relacionadas ao gênero. idiomas utilizam um alfabeto. Além do alfabeto latino, há
Nesse sentido, homens e mulheres apesar da tendência também os alfabetos árabe, cirílico, grego e hebraico. No
à igualdade nas organizações, comunicam-se de formas di- idioma chinês, a escrita não é feita por meio de um alfabe-
ferentes. to, mas por meio de caracteres que podem ser compostos
A comunicação interna é uma via de mão dupla, portan- de vários elementos. Esses caracteres geralmente repre-
to, tão importante como comunicar é saber escutar. Os 5 “C’s” sentam uma palavra ou parte de uma palavra. Embora os
de uma comunicação interna eficaz são: clara, consciente, idiomas japonês e coreano usem caracteres chineses, estes
contínua e frequente, curta e rápida e completa.
podem ser pronunciados de maneiras bem diferentes e
nem sempre ter o mesmo significado.
RELAÇÕES INTERPESSOAIS, RELAÇÕES PÚBLICAS E A CO-
Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige
MUNICAÇÃO INTERNA
Quando se fala em comunicação interna organizacional, que se use o som correto para cada letra ou combinação
automaticamente relaciona ao profissional de Relações Públi- de letras. Quando o idioma segue regras coerentes, como é
cas, pois ele é o responsável pelo relacionamento da empresa o caso do espanhol, do grego e do zulu, a tarefa não é tão
com os seus diversos públicos (internos, externos e misto). difícil. Contudo, as palavras estrangeiras incorporadas ao
As organizações têm passado por diversas mudanças idioma às vezes mantêm uma pronúncia parecida à origi-
buscando a modernização e a sobrevivência no mundo dos nal. Assim, determinadas letras, ou combinações de letras,
negócios. Os maiores objetivos dessas transformações são: podem ser pronunciadas de diversas maneiras ou, às vezes,
tornar a empresa competitiva, flexível, capaz de responder as simplesmente não ser pronunciadas. Você talvez precise
exigências do mercado, reduzindo custos operacionais e apre- memorizar as exceções e então usá-las regularmente ao
sentando produtos competitivos e de qualidade. A reestrutu- conversar. Em chinês, a pronúncia correta exige a memori-
ração das organizações gerou um público interno de novo zação de milhares de caracteres. Em alguns idiomas, o sig-
perfil. Hoje, os empregados são muito mais conscientes, res- nificado de uma palavra muda de acordo com a entonação.
ponsáveis, inseridos e atentos às cobranças das empresas em Se a pessoa não der a devida atenção a esse aspecto do
todos os setores. Diante desse novo modelo organizacional, idioma, poderá transmitir ideias erradas.
é que se propõe como atribuição do profissional de Relações Se as palavras de um idioma forem compostas de síla-
Públicas ser o intermediador, o administrador dos relaciona- bas, é importante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas
mentos institucionais e de negócios da empresa com os seus que usam esse tipo de estrutura têm regras bem defini-
públicos. Sendo assim, fica claro que esse profissional tem das sobre a posição da sílaba tônica (aquela que soa mais
seu campo de ação na política de relacionamento da organi- forte). As palavras que fogem a essas regras geralmente
zação. A comunicação interna, portanto, deve ser entendida recebem um acento gráfico, o que torna relativamente fácil
como um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, pronunciá-las de maneira correta. Contudo, se houver mui-
coisa significativamente maior que um simples programa de tas exceções às regras, o problema fica mais complicado.
comunicação impressa. Para que se desenvolva em toda sua Nesse caso, exige bastante memorização para se pronun-
plenitude, as empresas estão a exigir profissionais de comuni- ciar corretamente as palavras.
cação sistêmicos, abertos, treinados, com visões integradas e
Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante
em permanente estado de alerta para as ameaças e oportuni-
atenção aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo
dades ditadas pelo meio ambiente.
de determinadas letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, u, č, ç.
Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos
Relações Públicas: estratégica, política, institucional, mercado- Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas ar-
lógica, social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para madilhas. A precisão exagerada pode dar a impressão de
cumprir os objetivos da organização e definir suas políticas afetação e até de esnobismo. O mesmo acontece com as
gerais de relacionamento. pronúncias em desuso. Tais coisas apenas chamam atenção
Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações para o orador. Por outro lado, é bom evitar o outro extremo
Públicas, destaca-se como principal objetivo liderar o proces- e relaxar tanto no uso da linguagem quanto na pronúncia
so de comunicação total da empresa, tanto no nível do enten- das palavras. Algumas dessas questões já foram discutidas
dimento, como no nível de persuasão nos negócios. no estudo “Articulação clara”.
Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir
Pronúncia correta das palavras de um país para outro — até mesmo de uma região para
Proferir as palavras corretamente. Isso envolve: outra no mesmo país. Um estrangeiro talvez fale o idioma
Usar os sons corretos para vocalizar as palavras; local com sotaque. Os dicionários às vezes admitem mais
Enfatizar a sílaba certa; de uma pronúncia para determinada palavra. Especialmen-
Dar a devida atenção aos sinais diacríticos te se a pessoa não teve muito acesso à instrução escolar ou

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

se a sua língua materna for outra, ela se beneficiará muito Atendimento telefonico
por ouvir com atenção os que falam bem o idioma local e Na comunicação telefônica, é fundamental que o in-
imitar sua pronúncia. Como Testemunhas de Jeová quere- terlocutor se sinta acolhido e respeitado, sobretudo por-
mos falar de uma maneira que dignifique a mensagem que que se trata da utilização de um canal de comunicação a
pregamos e que seja prontamente entendida pelas pessoas distância. É preciso, portanto, que o processo de comunica-
da localidade. ção ocorra da melhor maneira possível para ambas as par-
No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se tes (emissor e receptor) e que as mensagens sejam sempre
está bem familiarizado. Normalmente, a pronúncia não acolhidas e contextualizadas, de modo que todos possam
constitui problema numa conversa, mas ao ler em voz alta receber bom atendimento ao telefone.
você poderá se deparar com palavras que não usa no co- Alguns autores estabelecem as seguintes recomenda-
tidiano. ções para o atendimento telefônico:
• não deixar o cliente esperando por um tempo muito
Maneiras de aprimorar. Muitas pessoas que têm pro- longo. É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo
blemas de pronúncia não se dão conta disso. e retornar a ligação em seguida;
Em primeiro lugar, quando for designado a ler em pú- • o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário
blico, consulte num dicionário as palavras que não conhece. tem de se empenhar em explicar corretamente produtos e
Se não tiver prática em usar o dicionário, procure em suas serviços;
páginas iniciais, ou finais, a explicação sobre as abreviaturas, • atender às necessidades do cliente; se ele desejar
as siglas e os símbolos fonéticos usados ou, se necessário, algo que o atendente não possa fornecer, é importante
peça que alguém o ajude a entendê-los. Em alguns casos, oferecer alternativas;
uma palavra pode ter pronúncias diferentes, dependendo • agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia”
do contexto. Alguns dicionários indicam a pronúncia de le- ou “boa-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou ins-
tras que têm sons variáveis bem como a sílaba tônica. Antes tituição são atitudes que tornam a conversa mais pessoal.
de fechar o dicionário, repita a palavra várias vezes em voz Perguntar o nome do cliente e tratá-lo pelo nome trans-
alta. mitem a ideia de que ele é importante para a empresa ou
Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler instituição. O atendente deve também esperar que o seu
para alguém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que interlocutor desligue o telefone. Isso garante que ele não
corrija seus erros. interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple-
Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa.
atenção aos bons oradores.
No atendimento telefônico, a linguagem é o fator prin-
Pronúncia de números telefonicos cipal para garantir a qualidade da comunicação. Portanto,
O número de telefone deve ser pronunciado algarismo é preciso que o atendente saiba ouvir o interlocutor e res-
por algarismo. ponda a suas demandas de maneira cordial, simples, clara e
Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo. objetiva. O uso correto da língua portuguesa e a qualidade
Lê-se em caso de uma sequencia de números de tres da dicção também são fatores importantes para assegu-
em tres algarismos, com exceção de uma sequencia de qua- rar uma boa comunicação telefônica. É fundamental que o
tro numeros juntos, onde damos uma pausa a cada dois atendente transmita a seu interlocutor segurança, compro-
algarismos. misso e credibilidade.
O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o Além das recomendações anteriores, são citados, a
número “11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado seguir, procedimentos para a excelência no atendimento
como “onze”. telefônico:
Veja abaixo os exemplos
011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém
zero – zero, tres gosta de falar com um interlocutor desconhecido, por isso,
021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – tres, o atendente da chamada deve identificar-se assim que
tres – quatro, tres atender ao telefone. Por outro lado, deve perguntar com
031.386.1198 – zero, tres, um – tres, oito, meia – onze quem está falando e passar a tratar o interlocutor pelo
– nove, oito nome. Esse toque pessoal faz com que o interlocutor se
sinta importante;
Exceções assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa
110 - cento e dez que atende ao telefone deve considerar o assunto como
111 – cento e onze seu, ou seja, comprometer-se e, assim, garantir ao inter-
211 – duzentos e onze locutor uma resposta rápida. Por exemplo: não deve dizer
118 – cento e dezoito “não sei”, mas “vou imediatamente saber” ou “daremos
511 – quinhentos e onze uma resposta logo que seja possível”. Se não for mesmo
0001 – mil ao contrario possível dar uma resposta ao assunto, o atendente deverá
apresentar formas alternativas para o fazer, como: fornecer

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
o número do telefone direto de alguém capaz de resolver Atendimento e tratamento
o problema rapidamente, indicar o e-mail ou numero da O atendimento está diretamente relacionado aos negó-
pessoa responsável procurado. A pessoa que ligou deve ter cios de uma organização, suas finalidades, produtos e ser-
a garantia de que alguém confirmará a recepção do pedido viços, de acordo com suas normas e regras. O atendimento
ou chamada; estabelece, dessa forma, uma relação entre o atendente, a
Não negar informações: nenhuma informação deve ser organização e o cliente.
negada, mas há que se identificar o interlocutor antes de
a fornecer, para confirmar a seriedade da chamada. Nessa A qualidade do atendimento, de modo geral, é determi-
situação, é adequada a seguinte frase: vamos anotar esses nada por indicadores percebidos pelo próprio usuário rela-
dados e depois entraremos em contato com o senhor tivamente a:
Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao • competência – recursos humanos capacitados e recur-
tempo, ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a sos tecnológicos adequados;
dizer e mostrar que o diálogo está sendo acompanhado • confiabilidade – cumprimento de prazos e horários es-
com atenção, dando feedback, mas não interrompendo o tabelecidos previamente;
raciocínio do interlocutor; • credibilidade – honestidade no serviço proposto;
Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demons- • segurança – sigilo das informações pessoais;
tra que o atendente é uma pessoa amável, solícita e inte- • facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pes-
ressada; soal de contato;
Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser ca- • comunicação – clareza nas instruções de utilização dos
tastrófica: as más palavras difundem-se mais rapidamente serviços.
do que as boas;
Manter o cliente informado: como, nessa forma de co- Fatores críticos de sucesso ao telefone:
municação, não se estabele o contato visual, é necessário A voz / respiração / ritmo do discurso
A escolha das palavras
que o atendente, se tiver mesmo que desviar a atenção do
A educação
telefone durante alguns segundos, peça licença para inter-
Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do ou-
romper o diálogo e, depois, peça desculpa pela demora.
tro lado da linha não pode ver as suas expressões faciais e
Essa atitude é importante porque poucos segundos podem
gestos, mas você transmite através da voz o sentimento que
parecer uma eternidade para quem está do outro lado da
está alimentando ao conversar com ela. As emoções positi-
linha;
vas ou negativas, podem ser reveladas, tais como:
Interesse ou desinteresse,
Ter as informações à mão: um atendente deve conser- Confiança ou desconfiança,
var a informação importante perto de si e ter sempre à mão Alerta ou cansaço,
as informações mais significativas de seu setor. Isso permi- Calma ou agressividade,
te aumentar a rapidez de resposta e demonstra o profissio- Alegria ou tristeza,
nalismo do atendente; Descontração ou embaraço,
Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que Entusiasmo ou desânimo.
liga: quem atende a chamada deve definir quando é que a O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras
pessoa deve voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a por minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras
empresa ou instituição vai retornar a chamada. por minuto aproximadamente, tornando o discurso mais
claro.
Todas estas recomendações envolvem as seguintes ati- A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensa-
tudes no atendimento telefônico: gem e pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o
Receptividade - demonstrar paciência e disposição outro a julgar que não existe entusiasmo da sua parte.
para servir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais
comuns dos usuários como se as estivesse respondendo O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige
pela primeira vez. Da mesma forma é necessário evitar que ao cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando
interlocutor espere por respostas; sua simpatia. Está relacionada a:
Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizan-
dizer palavras como “compreendo”, “entendo” e, se neces- do prontamente a solicitação do usuário;
sário, anotar a mensagem do interlocutor); Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cor-
Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se dialidade;
pronunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não
expressões como “meu bem”, “meu querido, entre outras); -previstas.
Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor
(evitar distrair-se com outras pessoas, colegas ou situa- A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja
ções, desviando-se do tema da conversa, bem como evitar vista, que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fa-
comer ou beber enquanto se fala); zê-la compreender a essência da mesma é uma tarefa que
Comportamento ético na conversação – o que envolve envolve inúmeras variáveis que transformam a comunicação
também evitar promessas que não poderão ser cumpridas. humana em um desafio constante para todos nós.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

E essa complexidade aumenta quando não há uma co- 11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém
municação visual, como na comunicação por telefone, onde que não está presente na sua empresa no momento da liga-
a voz é o único instrumento capaz de transmitir a mensagem ção, jamais peça a ele para ligar mais tarde, pois, essa é uma
de um emissor para um receptor. Sendo assim, inúmeras função do atendente, ou seja, a de retornar a ligação quando
empresas cometem erros primários no atendimento telefô- essa pessoa estiver de volta à organização.
nico, por se tratar de algo de difícil consecução. 12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organi-
Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefôni- zação é um dos princípios para um bom atendimento telefô-
co, de modo a atingirmos a excelência, confira: nico, haja vista, que é necessário anotar o nome da pessoa e
os pontos principais que foram abordados.
1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma lingua- 13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que
gem formal, privilegiando uma comunicação que transmita não tem responsabilidade de cumprir aquilo que foi acor-
respeito e seriedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, dado demonstra desleixo e incompetência, comprometendo
etc, pois assim fazendo, você estará gerando uma imagem assim, a imagem da empresa. Sendo assim, se tiver que dar
positiva de si mesmo por conta do profissionalismo de- um recado, ou, retornar uma ligação lembre-se de sua res-
monstrado. ponsabilidade, evitando esquecimentos.
2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extrema- 14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao
mente prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, atender o telefone, você deve demonstrar para o cliente uma
tudo aquilo que atrapalha a comunicação entre as partes postura de quem realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se
(chieira, sons de aparelhos eletrônicos ligados, etc.). Sendo importa com os problemas do mesmo. Atitudes negativas
assim, é necessário manter a linha “limpa” para que a comu- como um tom de voz desinteressado, melancólico e enfada-
nicação seja eficiente, evitando desvios. do contribuem para a desmotivação do cliente, sendo assim,
3 - Fale no tom certo: deve-se usar um tom de voz é necessário demonstrar interesse e iniciativa para que a ou-
que seja minimamente compreensível, evitando desconforto tra parte se sinta acolhida.
para o cliente que por várias vezes é obrigado a “implorar” 15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente aten-
para que o atendente fale mais alto. tamente, sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui po-
4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você sitivamente para a identificação dos problemas existentes e
não cometa o erro de falar muito rapidamente, ou seja, pro- consequentemente para as possíveis soluções que os mes-
mos exigem.
cure encontrar o meio termo (nem lento e nem rápido), de
16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou
forma que o cliente entenda perfeitamente a mensagem,
ligar para alguma empresa e teve que esperar um longo pe-
que deve ser transmitida com clareza e objetividade.
ríodo de tempo para que a linha fosse desocupada? Pois é, é
5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e
algo extremamente inconveniente e constrangedor. Por esse
coesão para que a mensagem tenha organização, evitando
motivo, busque não delongar as conversas e evite conver-
possíveis erros de interpretação por parte do cliente.
sas pessoais, objetivando manter, na medida do possível, sua
6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um
linha sempre disponível para que o cliente não tenha que
cliente sem educação, use a inteligência, ou seja, seja pa-
esperar muito tempo para ser atendido.
ciente, ouça-o atentamente, jamais seja hostil com o mes- Buscar a excelência constantemente na comunicação
mo e tente acalmá-lo, pois assim, você estará mantendo sua humana é um ato fundamental para todos nós, haja vista,
imagem intacta, haja vista, que esses “dinossauros” não pre- que estamos nos comunicando o tempo todo com outras
cisam ser atacados, pois, eles se matam sozinhos. pessoas. Infelizmente algumas pessoas não levam esse im-
7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorri- portante ato a sério, comprometendo assim, a capacidade
dente para que o cliente se sinta valorizado pela empresa, humana de transmitir uma simples mensagem para outra
gerando um clima confortável e harmônico. Para isso, use pessoa. Sendo assim, devemos ficar atentos para não repe-
suas entonações com criatividade, de modo a transmitir tirmos esses erros e consequentemente aumentarmos nossa
emoções inteligentes e contagiantes. capacidade de comunicação com nosso semelhante.
8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o
cliente para aguardar na linha, mas não demore uma eterni- Resoluções de situações conflitantes ou problemas
dade, pois, o cliente pode se sentir desprestigiado e desligar quanto ao atendimento de ligações ou transferências
o telefone. O agente de comunicação é o cartão de visita da em-
9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal presa.. Por isso é muito importante prestar atenção a todos
é atender o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, os detalhes do seu trabalho. Geralmente você é a primeira
é um ato que demonstra afabilidade e empenho em tentar pessoa a manter contato com o público. Sua maneira de falar
entregar para o cliente a máxima eficiência. e agir vai contribuir muito para a imagem que irão formar
10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é sobre sua empresa. Não esqueça: a primeira impressão é a
dizer o nome da organização, o nome da própria pessoa se- que fica.
guido ainda, das tradicionais saudações (bom dia, boa tarde, Alguns detalhes que podem passar despercebidos na ro-
etc.). Além disso, quando for encerrar a conversa lembre-se tina do seu trabalho:
de ser amistoso, agradecendo e reafirmando o que foi acor- - Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural
dado. possível. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
- Calma: Ás vezes pode não ser fácil mas é muito impor- A conversa: existem expressões que nunca devem ser
tante que você mantenha a calma e a paciência . A pessoa usadas, tais como girias, meias palavras, e palavras com co-
que esta chamando merece ser atendida com toda a delica- notação de intimidade. A conversa deve ser sempre mantida
deza. Não deve ser apressada ou interrompida. Mesmo que em nível profissional.
ela seja um pouco grosseira, você não deve responder no
mesmo tom. Pelo contrário, procure acalmá-la. Equipamento básico
- Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece Além da sala, existem outras coisas necessárias para as-
atenção especial. E você, como toda boa telefonista, deve segurar o bom andamento do seu trabalho:
ser sempre simpática e demonstrar interesse em ajudar.  - Listas telefônicas atualizadas.
- Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de - Relação dos ramais por nomes de funcionários (em or-
detalhes importantes sobre o assunto que será tratado. Es- dem alfabética).
ses detalhes são confidenciais e pertencem somente às pes- - Relação dos números de telefones mais chamados.
soas envolvidas. Você deve ser discreta e manter tudo em
- Tabela de tarifas telefônicas.
segredo. A quebra de sigilo nas ligações telefônicas é consi-
- Lápis e caneta
derada uma falta grave, sujeita às penalidades legais. 
- Bloco para anotações
- Livro de registro de defeitos.
O que dizer e como dizer
 Aqui seguem algumas sugestões de como atender as
chamadas externas:  O que você precisa saber:
- Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o O seu equipamento telefônico não é apenas parte do
nome da sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou seu material de trabalho. É o que há de mais importante.
boa noite. Por isso você deve saber como ele funciona. Tecnicamente,
- Essa chamada externa vai solicitar um ramal ou pessoa. o equipamento que você usa é chamado de CPCT - Central
Você deve repetir esse número ou nome, para ter certeza Privada de Comunicação Telefônica, que permite você fazer
de que entendeu corretamente. Em seguida diga: “ Um mo- ligações internas (de ramal para ramal) e externas. Atual-
mento, por favor,” e transfira a ligação. mente existem dois tipos: PABX e KS.
Ao transferir as ligações, forneça as informações que já - PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sis-
possui; faça uso do seu vocabulário profissional; fale somen- tema, todas as ligações internas e a maioria das ligações
te o necessário e evite assuntos pessoais. para fora da empresa são feitas pelos usuários de ramais.
Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar Todas as ligações que entram, passam pela telefonista.
ao seu interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a - KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de en-
ligação, mantenha-o ciente dos passos desse atendimento. trada, de saída ou internas, são feitas sem passar pela tele-
Não se deve transferir uma ligação apenas para se li- fonista
vrar dela. Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colo- Informações básicas adicionais
car-se à disposição dele, e se acontecer de não ser possível, -  Ramal:  são os terminais de onde saem e entram as
transfira-o para quem realmente possa atendê-lo e resolver ligações telefônicas. Eles se dividem em:
sua solicitação. Transferir o cliente de um setor para outro, * Ramais privilegiados: são os ramais de onde se po-
quando essa ligação já tiver sido transferida várias vezes não dem fazer ligações para fora sem passar pela telefonista
favorece a imagem da empresa. Nesse caso, anote a situa- * Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessá-
ção e diga que irá retornar com as informações solicitadas. rio o auxilio da telefonista para ligar para fora.
- Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a trans- * Ramais restritos: só fazem ligações internas.
ferência, diga à pessoa que chamou: “O ramal está ocupado.
-Linha - Tronco: linha telefônica que liga a CPCT à cen-
Posso anotar o recado e retornar a ligação.” É importante
tral Telefônica Pública.
que você não deixe uma linha ocupada com uma pessoa
- Número-Chave ou Piloto: Número que acessa auto-
que está apenas esperando a liberação de um ramal. Isso
maticamente as linhas que estão em busca automática, de-
pode congestionar as linhas do equipamento, gerando per-
da de ligações. Mas caso essa pessoa insista em falar com vendo ser o único número divulgado ao público.
o ramal ocupado, você deve interromper a outra ligação e - Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligações entre
dizer: “Desculpe-me interromper sua ligação, mas há uma ramais e linhas-tronco.
chamada urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) para este ramal. O - Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a
(a) senhor (a) pode atender?” Se a pessoa puder atender , realização de ligações interurbanas.
complete a ligação, se não, diga que a outra ligação ainda - DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano
está em andamento e reafirme sua possibilidade em auxiliar. franqueado, cuja cobrança das ligações é feita no telefone
Lembre-se : chamado.
Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas - DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas exter-
formalidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” nas vão direto para o ramal desejado, sem passar pela tele-
, “Queira desculpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a co- fonista . Isto só é possível em algumas CPCTs do tipo PABX.
municação e induz a outra pessoa a ter com você o mesmo - Pulso : Critério de medição de uma chamada por tem-
tipo de tratamento. po, distância e horário.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

- Consultores: empregados da Telems que dão orien- 5ª – Discussão com o Cliente


tação às empresas quanto ao melhor funcionamento dos Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão,
sistemas de telecomunicações. você sempre perde!
- Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar”
e dar assistência às CPCTs. ou “discutir” com um cliente é estar consciente – sempre
-  Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas alerta -, de forma que se evite SINTONIZAR na mesma fre-
nos horários fora do expediente para determinados ramais. quência emocional do Cliente, quando esta for negativa.
Só é possível em CPCTs do tipo PBX e PABX. Exemplos:
 
Em casos onde você se depara com uma situação que
O Cliente está... Reaja de forma oposta
represente conflito ou problema, é necessário adequar a sua
reação à cada circunstância. Abaixo alguns exemplos. Falando alto,
Fale baixo, pausadamente.
gritando.
1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer? Irritado Mantenha a calma.
Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a raiva.
Não aceite. Ignore o
Acima de tudo, mantenha-se calmo. Desafiando
desafio.
Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em um
estado de nervosismo. Diga-lhe que é possível
Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está mui- resolver o problema sem a
Ameaçando
to nervoso (a), tente acalmar-se”. necessidade de uma ação
Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam extrema.
acalmar o Cliente, deixando claro que você está ali para aju- Diga-lhe que o
dá-lo compreende, que gostaria
Ofendendo que ele lhe desse uma
2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fa- oportunidade para ajudá-
zer? lo.
O tratamento deverá ser sempre positivo, independen-
temente das circunstâncias. 6ª – Equilíbrio Emocional
Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a enten- Em uma época em que manter um excelente relacio-
der que você não é o alvo. namento com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter
Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando para um alto coeficiente de IE (Inteligência Emocional) é muito
não parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age po- importante para todos os profissionais, particularmente os
sitivamente, coloca uma pressão psicológica no Cliente, para que trabalham diretamente no atendimento a Clientes.
que ele reaja de modo positivo.
Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à
3ª – Diante de erros ou problemas causados pela em- medida que:
presa For paciente e compreensivo com o Cliente.
ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível. Tiver uma crescente capacidade de separar as questões
Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver ao pessoais dos problemas da empresa.
seu alcance para que o problema seja resolvido. Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você,
CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai cor- mas, sim, a empresa. Que você só está ali como uma espécie
rigir. de “para-raios”.
Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema.
Não fizer pré julgamentos dos clientes.
EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar.
Entender que cada cliente é diferente do outro.
Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE,
Entender que para você o problema apresentado pelo
mas com muita prudência. O Cliente não se interessa por
cliente é um entre dezenas de outros; para o cliente não, o
“justificativas”. Este é um problema da empresa.
problema é único, é o problema dele.
Entender que seu trabalho é este: atender o melhor pos-
4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer?
sível.
Concentre-se para entender o que realmente o Cliente
Entender que você e a empresa dependem do cliente,
quer ou, exatamente, o que ele não está entendendo e o
porquê. não ele de vocês.
Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, até Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depen-
que o Cliente entenda. der o futuro da relação do cliente com a empresa.
Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o geren-
te, o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do possível,
que o Cliente saia sem entender ou concordar com a reso-
lução.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
POSTURA DE ATENDIMENTO - (Conduta/Bom sen- Já a POSTURA DE ATENDIMENTO, que é o tratamento
so/Cordialidade) dispensado às pessoas, está mais relacionado com o funcio-
A FUGA DOS CLIENTES nário em si, com as suas atitudes e o seu modo de agir com
As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empre- os clientes. Portanto, está ligado às condições individuais.
sas fogem delas por problemas relacionados à postura de É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas
atendimento. políticas das empresas, o treinamento, a definição de um
Numa escala decrescente de importância, podemos ob- padrão de atendimento e de um perfil básico para o profis-
servar os seguintes percentuais: sional de atendimento, como forma de avançar no próprio
68% dos clientes fogem das empresas por problemas de negócio. Dessa maneira, estes dois itens se tornam comple-
postura no atendimento; mentares e inter-relacionados, com dependência recíproca
14% fogem por não terem suas reclamações atendidas; para terem peso.
9% fogem pelo preço; Para conhecermos melhor a postura de atendimento,
9% fogem por competição, mudança de endereço, morte. faz-se necessário falar do Verdadeiro profissional do aten-
dimento.
A origem dos problemas está nos sistemas implantados
nas organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento:
definem uma política clara de serviços, não definem o que 01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de
é o próprio serviço e qual é o seu produto. Sem isso, existe compreender e atender as necessidades dos clientes,
muita dificuldade em satisfazer plenamente o cliente. fazer com que ele seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir
Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não importante e proporcioná-lo um ambiente agradável. Este
contratam profissionais com características básicas para profissional é voltado completamente para a interação com
atender o público, não treinam estes profissionais na postura o cliente, estando sempre com as suas antenas ligadas nes-
adequada, não criam um padrão de atendimento e este pas- te, para perceber constantemente as suas necessidades. Para
sa a ser realizado de acordo com as características individuais este profissional, não basta apenas conhecer o produto ou
e o bom senso de cada um. serviço, mas o mais importante é demonstrar interesse em
A falta de noção clara da causa primária da perda de
relação às necessidades dos clientes e atendê-las.
clientes faz com que as empresas demitam os funcionários
02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as neces-
“porque eles não sabem nem atender o cliente”. Parece até
sidades dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o
que o atendimento é a tarefa mais simples da empresa e que
cliente. Para entender o lado humano, é necessário que este
menos merece preocupação. Ao contrário, é a mais comple-
profissional tenha uma formação voltada para as pessoas e
xa e recheada de nuances que perpassam pela condição in-
goste de lidar com gente. Se espera que ele fique feliz em
dividual e por condições sistêmicas.
fazer o outro feliz, pois para este profissional, a felicidade de
Estas condições sistêmicas estão relacionadas a: uma pessoa começa no mesmo instante em que ela cessa a
1. Falta de uma política clara de serviços; busca de sua própria felicidade para buscar a felicidade do
2. Indefinição do conceito de serviços; outro.
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de
atendimento; 03. Entender a necessidade de manter um ESTADO
4. Falta de um padrão de atendimento; DE ESPÍRITO POSITIVO, cultivando pensamentos e senti-
5. Inexistência do follow up; mentos positivos, para ter atitudes adequadas no momen-
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal. to do atendimento. Ele sabe que é fundamental separar os
problemas particulares do dia a dia do trabalho e, para isso,
Nas condições individuais, podemos encontrar a con- cultiva o estado de espírito antes da chegada do cliente. O
tratação de pessoas com características opostas ao necessá- primeiro passo de cada dia, é iniciar o trabalho com a cons-
rio para atender ao público, como: timidez, avareza, rebeldia... ciência de que o seu principal papel é o de ajudar os clientes
a solucionarem suas necessidades. A postura é de realizar
SERVIÇO E POSTURA DE ATENDIMENTO serviços para o cliente.
Observando estas duas condições principais que causam
a vinculação ou o afastamento do cliente da empresa, pode- Os requisitos para contratação deste profissional
mos separar a estrutura de uma empresa de serviços em dois Para trabalhar com atendimento ao público, alguns re-
itens: os serviços e a postura de atendimento. quisitos são essenciais ao atendente. São eles:
O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações
e, como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio. Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz.
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de Gostar de lidar com gente.
serviços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, também Ser extrovertido.
são tratados os aspectos gerais da organização que dão peso Ter humildade.
ao negócio, como: o ambiente físico, as cores (pintura), os Cultivar um estado de espírito positivo.
jardins. Este item, portanto, depende mais diretamente da Satisfazer as necessidades do cliente.
empresa e está mais relacionado com as condições sistê- Cuidar da aparência.
micas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendi- Para atender ao público, é preciso que haja interesse e
mento. gosto, pois só assim conseguimos repassar uma sensação
agradável para o cliente. Gostar de atender o público signifi-
A POSTURA pode ser entendida como a junção de to- ca gostar de atender as necessidades dos clientes, querer ver
dos os aspectos relacionados com a nossa expressão corporal o cliente feliz e satisfeito.
na sua totalidade e nossa condição emocional.
Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode trans-
de POSTURA. São eles: mitir:
01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracte- 01. Interesse quando:
riza por um posicionamento de humildade, mostrando-se Brilha;
sempre disponível para atender e interagir prontamente Tem atenção;
com o cliente. Esta POSTURA DE ABERTURA do atendente Vem acompanhado de aceno de cabeça.
suscita alguns sentimentos positivos nos clientes, como por 02. Desinteresse quando:
exemplo: É apático;
a) postura do atendente de manter os ombros abertos e É imóvel, rígido;
o peito aberto, passa ao cliente um sentimento de receptivi- Não tem expressão.
dade e acolhimento;
b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o
inclinado transmite ao cliente a humildade do atendente; gelo. O olhar nos olhos dá credibilidade e não há como dis-
c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme traduzem simular com o olhar.
respeito e segurança;
d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afeti- A aproximação - raio de ação.
vidade e calorosidade. A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao con-
ceito de RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o públi-
02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO COR- co, independente deste ser cliente ou não.
PORAL: que se caracteriza pela existência de uma unidade Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3
entre o que dizemos e o que expressamos no nosso corpo. metros de distância do público e de um tempo imediato, ou
Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e seja, prontamente.
confortáveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os Além do mais, deve ocorrer independentemente do
nossos sentimentos e eles fluem livremente. Dessa forma, funcionário estar ou não na sua área de trabalho. Estes re-
nos sentimos mais livres do stress, das doenças, dos medos. quisitos para a interação, a tornam mais eficaz.
03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos ex- Esta interação pode se caracterizar por um cumprimen-
trair dois aspectos: o expressivo, ligado aos estados emo-
to verbal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas
cionais que elas traduzem e a identificação destes estados
por um aceno de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente
pelas pessoas; e a sua função social que diz em que condi-
sentir-se acolhido e certo de estar recebendo toda a aten-
ções ocorreu a expressão, seus efeitos sobre o observador e
ção necessária para satisfazer os seus anseios.
quem a expressa.
Podemos concluir, entendendo que, qualquer compor-
Alguns exemplos são:
tamento inclui posturas e é sempre fruto da interação com-
1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o car-
plexa entre o organismo e o seu meio ambiente.
rinho de limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela
prontamente olha para ele e diz com um sorriso: “bom dia!”.
O olhar
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através 2. O caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no
do olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimen- momento do pagamento;
tos mais profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito. 03. O frentista do posto de gasolina que se aproxima ao
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos pren- ver o carro entrando no posto e faz uma sudação...
der somente a ele, mas a fisionomia como um todo para
entendermos o real sentido dos olhos. A INVASÃO
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver
acolhimento, de interesse no atendimento das suas necessi- com INVASÃO DE TERRITÓRIO.
dades, de vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, Vamos entender melhor isso.
traduz fraqueza e desinteresse, dando ao cliente, a impres- Todo ser humano sente necessidade de definir um TER-
são de desgosto e dissabor pelo atendimento. RITÓRIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos.
Este território não se configura apenas em um espaço físico
Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este demarcado, mas principalmente num espaço pessoal e so-
brilho nos nossos olhos ? A resposta é simples: cial, o que podemos traduzir como a necessidade de priva-
Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, cidade, de respeito, de manter uma distância ideal entre si e
gostar de ajudar o próximo. os outros de acordo com cada situação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes A primeira impressão
na privacidade, o que normalmente traz consequências ne- Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A
gativas. Podemos exemplificar estas invasões com algumas PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA.
situações corriqueiras: uma piada muito picante contada Você concorda com ela?
na presença de pessoas estranhas a um grupo social; ficar No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil
muito próximo do outro, quase se encostando nele; dar um a empresa ter uma segunda chance para tentar mudar a
tapinha nas costas... impressão inicial, se esta foi negativa, pois dificilmente o
Nas situações de atendimento, são bastante comuns as cliente irá voltar.
invasões de território pelos atendentes. Estas, na sua maio- É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta
ria, causam mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por o cliente perdido, aquele que foi mal atendido ou que não
eles como atitudes grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são teve os seus desejos satisfeitos.
os exemplos destas atitudes e situações mais comuns: Estes clientes perdem a confiança na empresa e nor-
malmente os custos para resgatá-la, são altos. Alguns
Insistência para o cliente levar um item ou adquirir um mecanismos que as empresas adotam são os contatos via
bem; telemarketing, mala-direta, visitas, mas nem sempre são
Seguir o cliente por toda a loja; eficazes.
O motorista de taxi que não pára de falar com o cliente A maioria das empresas não têm noção da quantidade
passageiro; de clientes perdidos durante a sua existência, pois elas não
O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo adotam mecanismos de identificação de reclamações e/ou
pratos sem ser solicitado; insatisfações destes clientes. Assim, elas deixam escapar as
O funcionário que cumprimenta o cliente com dois bei- armas que teriam para reforçar os seus processos internos
jinhos e tapinhas nas costas; e o seu sistema de trabalho.
O funcionário que transfere a ligação ou desliga o tele- Quando as organizações atentam para essa importân-
fone sem avisar. cia, elas passam a aplicar instrumentos de medição.
Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a
Estas situações não cabem na postura do verdadeiro realidade, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, sub-
profissional do atendimento. jetivas ou pedem a opinião aberta sobre o assunto.
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não
O sorriso colher as informações reais.
O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem A saída seria criar medidores que traduzissem com
universal. fatos e dados, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o
Imagine que você tem um exame de saúde muito im- serviço e o produto adquiridos da empresa.
portante para receber e está apreensivo com o resultado.
Você chega à clínica e é recebido por uma recepcionista que Apresentação pessoal
apresenta um sorriso caloroso. Com certeza você se sentirá Que imagem você acha que transmitimos ao cliente
mais seguro e mais confiante, diminuindo um pouco a ten- quando o atendemos com as unhas sujas, os cabelos des-
são inicial. Neste caso, o sorriso foi interpretado como um penteados, as roupas mal cuidadas... ?
ato de apaziguamento. O atendente está na linha de frente e é responsável
O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espí- pelo contato, além de representar a empresa neste mo-
rito das pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sor- mento. Para transmitir confiabilidade, segurança, bons ser-
ridentes são avaliadas mais favoravelmente do que as não viços e cuidado, se faz necessário, também, ter uma boa
sorridentes. apresentação pessoal.
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de
comunicação não-verbal . Como tal, expressa as emoções Alguns cuidados são essenciais para tornar este item
e geralmente informa mais do que a linguagem falada e a mais completo. São eles:
escrita. Dessa forma, podemos passar vários tipos de senti- 01. Tomar um BANHO antes do trabalho diário: além
mentos e acarretar as mais diversas emoções no outro. da função higiênica, também é revigorante e espanta a
preguiça;
Ir ao encontro do cliente 02. Cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas lim-
Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de compromis- pas, cabelos cortados e penteados, dentes cuidados, hálito
so no atendimento, por parte do atendente. Este item traduz agradável, axilas
a importância dada ao cliente no momento de atendimento, Asseadas, barba feita;
na qual o atendente faz tudo o que é possível para atender 03. Roupas limpas e conservadas;
as suas necessidades, pois ele compreende que satisfazê-las 04. Sapatos limpos;
é fundamental. Indo ao encontro do cliente, o atendente de- 05. Usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local vi-
monstra o seu interesse para com ele. sível pelo cliente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Quando estes cuidados básicos não são tomados, o O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com
cliente se questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da a nossa capacidade de perceber o outro. E, para perceber-
sua aparência pessoal, como é que vai cuidar de me prestar mos o outro, o cliente que está diante de nós, precisamos
um bom serviço ? “ nos despojar das barreiras que atrapalham e empobrecem o
A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto im- processo de comunicação. São elas:
portante para criar uma relação de proximidade e confiança * os nossos PRECONCEITOS;
entre o cliente e o atendente. * as DISTRAÇÕES;
* os JULGAMENTOS PRÉVIOS;
Cumprimento caloroso * as ANTIPATIAS.
O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem
firmeza ? Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, pre-
Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se co- cisamos compreender o TODO, captando os estímulos que
nhece alguém, a sua integridade moral, pela qualidade do vêm do outro, fazendo uma leitura completa da situação.
seu aperto de mão. Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de
O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passivi- receptividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvidos e
dade, baixa energia, desinteresse, pouca interação, falta de uma boca, o que nos sugere que é preciso escutar mais
compromisso com o contato. do que falar.
Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo
machuca a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, -o, falando mais que ele, dividindo a atenção com outras si-
causa um mal estar, traduzindo hiperatividade, agressivida- tuações - tiramos dele, a oportunidade de expressar os seus
de, invasão e desrespeito. O ideal é ter um cumprimento verdadeiros anseios e necessidades e corremos o risco de
firme, que prenda toda a mão, mas que a deixe livre, sem aborrecê-lo, pois não iremos conseguir atende-las.
sufocá-la. Este aperto de mão demonstra interesse pelo ou- A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que
tro, firmeza, bom nível de energia, atividade e compromisso vamos conhecer mais na frente ). Ela nos permite escutar de
com o contato. fato, os sentimentos por trás do que está sendo dito, mas,
É importante lembrar que o cumprimento deve estar para isso, é preciso que o atendente esteja sintonizado emo-
associado ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros cionalmente com o cliente. Esta sintonia se dá através do
e o peito abertos, totalizando uma sintonia entre fala e ex- despojamento das barreiras que já falamos antes.
pressão corporal.
Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequada de Agilidade
cumprimentar, esta jamais deverá ser mecânica e automática. Atender com agilidade significa ter rapidez sem per-
Tom de voz der a qualidade do serviço prestado.
A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia
onda de intensa vibração. O tom de voz e a maneira como de respeito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessi-
dizemos as palavras, são mais importantes do que as pró- dade do cliente em relação à utilização adequada do seu
prias palavras. tempo.
Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair Quando há agilidade, podemos destacar:
hoje do conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará o atendimento personalizado;
pronta na próxima semana “. De acordo com a maneira que a atenção ao assunto;
dizemos e de acordo com o tom de voz que usamos, vamos o saber escutar o cliente;
perceber reações diferentes do cliente. cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante
Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos descul- todo o seu percurso na empresa.
pando pela falha e assumindo uma postura de humildade,
falando com calma e num tom amistoso e agradável, perce- O calor no atendimento
bemos que a reação do cliente será de compreensão. O atendimento caloroso evita dissabores e situações
Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecâ- constrangedoras, além de ser a comunhão de todos os pon-
nica, estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, po- tos estudados sobre postura.
deremos ter um cliente reagindo com raiva, procurando o O atendente escolhe a condição de atender o cliente e
gerente, gritando... para isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se
As palavras são símbolos com significados próprios. A sentir importante e respeitado. Na situação de atendimento,
forma como elas são utilizadas também traz o seu signifi- o cliente busca ser reconhecido e, transmitindo calorosidade
cado e com isso, cada palavra tem a sua vibração especial. nas atitudes, o atendente satisfaz as necessidades do cliente
de estima e consideração.
Saber escutar Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente
Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR? a sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de
Se você respondeu que não, você errou. retornar ao atendente como um bumerangue. O EFEITO
Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verda- BUMERANGUE é bastante comum em situações de aten-
deiro sentido, compreendendo e interpretando a essência, o dimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou não, do
conteúdo da comunicação. cliente em relação ao atendente. Com este efeito, as atitudes

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
batem e voltam, ou seja, se você atende bem, o cliente se Usar chavões
sente bem e trata o atendente com respeito. Se este atende O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como
mal, o cliente reage de forma negativa e hostil. O cliente não forma de fugir à sua responsabilidade no atendimento ao
está na esteira da linha de produção, merecendo ser tratado cliente. Citamos aqui, os mais comuns:
com diferenciação e apreço.
Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas, PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO
que façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de A ESTE ATENDENTE?
vida, que é SERVIR AO PRÓXIMO. * o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER...
Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade, * o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA
retratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitu- FAZ PELO SENHOR...
des, o atendente parece estar pedindo ao cliente que este se * o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS...
afaste, vá embora, desapareça da sua frente, pois ele não é * AÍ VEM ELE DE NOVO...
bem vindo. Assim, o atendente esquece que a sua MISSÃO Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a
é SERVIR e fazer o cliente FELIZ. liberação do lado bom da pessoa que atende o cliente.
Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um
As gafes no atendimento círculo vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa
Depois de conhecermos a postura correta de atendi- os chavões (pensa dessa forma em relação ao cliente e a si-
mento, também é importante sabermos quais são as for- tuação de atendimento ), o cliente se aborrece e descarrega
mas erradas, para jamais praticá-las. Quem as pratica, com no atendente, ou simplesmente não volta mais.
certeza não é um verdadeiro profissional de atendimento. Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança
Podemos dividi-las em duas partes, que são: radical no pensamento e postura do atendente.
Postura inadequada Impressões finais do cliente
A postura inadequada é abrangente, indo desde a pos- Toda a postura e comportamento do atendente vai levar
tura física ao mais sutil comentário negativo sobre a empre- o cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, con-
sa na presença do cliente.
sequentemente, sobre a empresa.
Em relação à postura física, podemos destacar como
Duas são as formas de impressões finais mais comuns
inadequado, o atendente:
do cliente:
* se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça
1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto
no seu birô por não estar com o cliente (esta atitude impede
(pessoal) e/ou telefônico com o atendente;
que ele interaja no raio de ação);
2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos
* mascar chicletes ou fumar no momento do atendi-
mento; conhecê-las com mais detalhes.
* cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas
só devem ser feitas no banheiro); Momentos da verdade
* comer na frente do cliente (comum nas empresas que Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qual-
oferecem lanches ou têm cantina); quer episódio no qual o cliente entra em contato com qual-
* gritar para pedir alguma coisa; quer aspecto da organização e obtem uma impressão da
* se coçar na frente do cliente; qualidade do seu serviço.
* bocejar (revela falta de interesse no atendimento). O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente
Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar: do cliente a imagem da empresa e do próprio serviço pres-
* se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, tado. Este é o momento que separa o grande profissional
por exemplo; dos demais.
* receber presentes do cliente em troca de um bom ser- Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento
viço; da verdade, considerando-o único e fundamental para de-
* fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou finir a satisfação do cliente. Ele se fundamenta na chamada
serviços na frente do cliente; TRÍADE DO ATENDIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDI-
* desmerecer ou criticar o fabricante do produto que MENTO, que é composto de elementos básicos do processo
vende, o parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem de interação, que são:
para o cliente;
* falar mau das pessoas na sua ausência e na presença A ) a pessoa
do cliente; A pessoa mais importante é aquela que está na sua
* usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais; frente. Então, podemos entender que a pessoa mais impor-
* reclamar na frente do cliente; tante é o cliente que está na frente e precisa de atenção.
* lamentar; No Momento da Verdade, o atendente se relaciona di-
* colocar problemas salariais; retamente com o cliente, tentando atender a todas as suas
* “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente. necessidades. Não existe outra forma de atender, a não ser
pelo contato direto e, portanto, a pessoa fundamental neste
LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OU- momento é o cliente.
TROS E NÃO SE SERVIR DOS OUTROS.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

B ) a hora Aspectos psicológicos do atendente


A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o Nós falamos sobre a importância da postura de atendi-
presente, pois somente nele podemos atuar. mento. Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do
O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e atendimento. Vamos a eles.
o futuro não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o pre-
sente como fonte de atuação. Nele, podemos agir e trans- Empatia
formar. O aqui e agora são os únicos momentos nos quais O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que
podemos interagir e precisamos fazer isto da melhor forma. significa entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capa-
cidade de nos colocarmos no lugar do outro, procurando
C ) a tarefa sempre entender as suas necessidades, os seus anseios, os
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais im- seus sentimentos. Dessa forma, é uma aptidão pessoal fun-
portante diante desta pessoa mais importante para nós, na damental na relação atendente - cliente. Para conseguirmos
hora mais importante que é o aqui e o agora, é FAZER O ser empáticos, precisamos nos despojar dos nossos precon-
CLIENTE FELIZ, atendendo as suas necessidades. ceitos e preferências, evitando julgar o outro a partir de nossas
Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos referências e valores.
da Verdade e, para que estes sejam plenos, é necessário que A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa es-
os funcionários de linha de frente, ou seja, que atendem os tarmos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto
clientes, tenham poder de decisão. É necessário que os che- mais isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos senti-
fes concedam autonomia aos seus subordinados para atua- mentos dos outros. Quando não temos certeza dos nossos pró-
rem com precisão nos Momentos da Verdade. prios sentimentos, dificilmente conseguimos ver os dos outros.
E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está
Teleimagem na capacidade de interpretar os canais não verbais de comu-
Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMA- nicação do outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expres-
GEM da empresa e dele mesmo. sões faciais...
TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada
na sua mente ( imagem mental ) sobre quem o está aten- ao envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer
dendo e , consequentemente, sobre a empresa ( que é uma atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem
representada por este atendente). ela é impossível ser empático.
Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente Quando não somos humildes, vemos as pessoas de ma-
encaminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a neira deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho
empresa é comprometida com o cliente. No entanto, se a e do egoísmo, com os quais enxergamos apenas o nosso pe-
imagem é negativa, vemos normalmente o cliente fugindo quenino mundo.
da empresa. Como no atendimento telefônico, o único meio O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a hu-
de interação com o cliente, é através da palavra e sendo a pa- manidade, impedindo-a de ser feliz.
lavra o instrumento, faz-se necessário usá-la de forma ade- Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho ,
quada para satisfazer as exigências do cliente. Dessa forma, criando uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com
classificamos 03 itens básicos ligados a palavra e as atitudes, eles, nós achamos que somos tudo o que importa e esquece-
como fundamentais na formação da TELEIMAGEM. mos de olhar para o outro e perguntar como ele está, do que
ele precisa, em que podemos ajudar.
São eles: Esquecemos de perceber principalmente os seus senti-
01. O tom de voz: é através dele que transmitimos inte- mentos e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tor-
resse e atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distan- namos vaidosos e passamos a ver os outros de acordo com
te, passamos ao cliente, a ideia de desatenção e desinteresse. o que estes óculos registram: os nossos preconceitos, nossos
Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma valores, nossos sentimentos...
decidida e atenciosamente, satisfazemos as necessidades Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não
do cliente de sentir-se assistido, valorizado, respeitado, sabemos repartir, não sabemos doar.
importante. Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos,
02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas só lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quan-
o atendente passa a ideia de respeito pelo cliente. Aqui do os nossos próprios sentimentos são tão fortes que não per-
fica expressamente PROIBIDO o uso de termos como: mitem harmonização com o outro e passam por cima de tudo.
amor, bem, benzinho, chuchu, mulherzinha, queridi- OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR
nha, colega... COM O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE
03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a im- COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SEN-
pressão de educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes TIMENTOS E NECESSIDADES.
de transferir a ligação antes do cliente concluir o que iniciou
a falar; passar a ligação para a pessoa ou ramal errado ( mos- Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas,
trando com isso que não ouviu o que ele disse ); desligar pois as raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir,
sem cumprimento ou saudação; dividir a atenção com outras podemos lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pe-
conversas; deixar o telefone tocar muitas vezes sem atender; queno Príncipe: “Só se vê bem com o coração; o essencial é
dar risadas no telefone. invisível aos olhos“. Isto é empatia.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
PERCEPÇÃO * Atitudes preconceituosas;
PERCEPÇÃO é a capacidade que temos de compreen- * Atitudes de exclusão e repulsa;
der e captar as situações, o que exige sintonia e é funda- * Atitudes de fechamento;
mental no processo de atendimento ao público. Para perce- * Atitudes de rejeição.
bermos melhor, precisamos passar pelo “esvaziamento” de É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabi-
nós mesmos, ficando assim, mais próximos do outro. Mas, lidade, para que o atendente consiga manter uma atitude
como é isso? Vamos ficar vazios? É isso mesmo. Vamos fi- positiva com os clientes e as situações.
car vazios dos nossos preconceitos, das nossas antipatias,
dos nossos medos, dos nossos bloqueios, vamos observar O ENVOLVIMENTO
as situações na sua totalidade, para entendermos melhor o A demonstração de interesse, prestando atenção ao
que o cliente deseja. Vamos ilustrar com um exemplo real: cliente e voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o
certa vez, em uma loja de carros, entra um senhor de aproxi- caminho para o verdadeiro sentido de atender.
madamente 65 anos, usando um chapéu de palha, camiseta Na área de serviços, o produto é o próprio serviço pres-
rasgada e calça amarrada na cintura por um barbante. Ele
tado, que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o
entrou na sala do gerente, que imediatamente se levantou
cliente. Um serviço é, então, um resultado psicológico e
pedindo para ele se retirar, pois não era permitido “pedir
pessoal que depende de fatores relacionados com a intera-
esmolas ali “. O senhor com muita paciência, retirou de um
ção com o outro. Quando o atendente tem um envolvimen-
saco plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse:
to baixo com o cliente, este percebe com clareza a sua falta
“eu quero comprar aquele carro ali”.
Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata clara- de compromisso. As preocupações excessivas, o trabalho
mente o que podemos fazer com o outro quando pré-julga- estafante, as pressões exacerbadas, a falta de liderança, o
mos as situações. nível de burocracia, são fatores que contribuem para uma
Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo interação fraca com o cliente. Esta fraqueza de envolvimen-
é muito mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que to não permite captar a essência dos desejos do cliente, o
é e não é harmônico e com ele percebemos a essência dos que se traduz em insatisfação. Um exemplo simples disso é
fatos e situações. a divisão de atenção por parte do atendente. Quando este
Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado divide a atenção no atendimento entre o cliente e os cole-
com a PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de per- gas ou outras situações, o cliente sente-se desrespeitado,
cepção, na qual vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo diminuído e ressentido. A sua impressão sobre a empresa é
que nos interessa. Esta seleção age como um filtro, que dei- de fraqueza e o Momento da Verdade é pobre.
xa passar apenas o que convém. Esta filtragem está dire- Esta ação traz consequências negativas como: impos-
tamente relacionada com a nossa condição física-psíquica sibilidade de escutar o cliente, falta de empatia, desrespei-
emocional. Como é isso? Vamos entender: to com o seu tempo, pouca agilidade, baixo compromisso
a)Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, com o atendimento.
a sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutu-
posso percebê-lo como um braço com uma faca para me ra adequada para o atendimento ao público, obrigando o
apunhalar; atendente a dividir o seu trabalho entre atendimento pes-
b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de soal e telefônico, quando normalmente há um fluxo grande
um cheiro agradável de comida; de ambos no setor. Neste caso, o ideal seria separar os dois
c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a tipos de atendimento, evitando problemas desta espécie.
parte mais amena da repreensão e reprimir a mais severa. Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são:
Em alguns casos, a percepção seletiva age como meca- * atender pessoalmente e interromper com o telefone
nismo de defesa.
* atender o telefone e interromper com o contato direto
* sair para tomar café ou lanchar
O ESTADO INTERIOR
* conversar com o colega do lado sobre o final de se-
O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a
mana, férias, namorado, tudo isso no momento de atendi-
condição interna, o estado de espírito diante das situações.
mento ao cliente.
A atitude de quem atende o público está diretamente
relacionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um
mantém um equilíbrio interno, sem tensões ou preocupa- exibicionismo funcional, o que não agrega valor ao traba-
ções excessivas, as suas atitudes serão mais positivas frente lho. O cliente deve ser poupado dele.
ao cliente.
Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensa- Os desafios do profissional de atendimento
mentos e sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, Mas, nem tudo é tão fácil no trabalho de atender. Al-
dão suporte as atitudes frente ao cliente. gumas situações exigem um alto grau de maturidade do
Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos atendente e é nestes momentos que este profissional tem
negativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitu- a grande oportunidade de mostrar o seu real valor. Aqui
des advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão: estão duas destas situações.

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Encantando o cliente
Fazer apenas o que está definido pela empresa como MUDANÇA E CULTURAL ORGANIZACIONAL.
sendo o seu padrão de atendimento, pode até satisfazer as
necessidades do cliente, mas talvez não ultrapasse o normal.
Encantar o cliente é exatamente aquele algo mais que
faz a grande diferença no atendimento. CULTURA ORGANIZACIONAL
Quando uma organização assume uma vida própria, in-
Atuação extra dependente de seus fundadores ou qualquer de seus mem-
A ATUAÇÃO EXTRA é uma forma de encantar o cliente bros, ela adquire a imortalidade. A institucionalização opera
que se caracteriza por atitudes ou ações do atendente, não para produzir uma compreensão comum, entre os membros
estabelecidas nos procedimentos de trabalho. É produzir um da organização sobre o que é o comportamento apropriado.
serviço acima da expectativa do cliente. Partindo desta noção é que se compreende a cultura orga-
nizacional.
Autonomia A cultura organizacional influencia as percepções, os va-
Na verdade, a autonomia não deveria estar no encan- lores e os sentimentos, tornando os comportamentos das
tamento do cliente; ela deveria fazer parte da estrutura da pessoas mais semelhantes entre si.
empresa. Mas, nem sempre a realidade é esta. Colocamos Focalizar a empresa na dimensão de sua forma ou con-
aqui porque o consumidor brasileiro ainda se encanta ao en- figuração organizacional pode ajudar a identificar aspectos
contrar numa loja, um balconista que pode resolver as suas de sua estrutura, da natureza do trabalho executado dentro
queixas sem se dirigir ao gerente. dela e outras particularidades de sua anatomia. Mas, ainda
que este enfoque seja da maior importância para a com-
A AUTONOMIA está diretamente relacionada ao preensão dos fenômenos organizacionais, não devemos
processo de tomada de decisão. Onde existir uma situação esquecer que a organização é constituída de pessoas que
na qual o funcionário precise decidir, deve haver autonomia. se comportam. E isto altera dramaticamente a abordagem
No atendimento ao público, é fundamental haver auto- para o seu entendimento. Na verdade, para começarmos a
nomia do pessoal de linha de frente e é uma das condições compreender uma organização necessitamos, além da sua
básicas para o sucesso deste tipo de trabalho. estrutura, estudar também os seus processos psicossociais
Mas, para ter autonomia se faz necessário um mínimo dentro do contexto cultural específico onde eles ocorrem. A
de poder para atuar de acordo com a situação e esse poder análise da cultura da organização é, portanto, um requisito
deve ser conquistado. O poder aos funcionários serve para essencial para a compreensão do comportamento das pes-
agilizar o negócio. Às vezes, a falta de autonomia se relacio-
soas que nela trabalham.
na com fraca liderança do chefe.
Se estivermos com os nossos olhos e mentes, bem
abertos observaremos na organização certas regularidades
Para o cliente, a autonomia traduz a ideia de agilidade,
de comportamentos. Podem ser facilmente notadas como,
desburocratização, respeito, compromisso, organização.
por exemplo, nos modos de vestir das pessoas, nos adornos
Com ela, o cliente não é jogado de um lado para o outro
e na utilização dos espaços físicos do trabalho, nas manei-
, não precisa passear pela empresa, ouvindo dos atendentes:
ras como são tomadas as decisões ou nas manifestações de
“Esse assunto eu não resolvo; é só com o fulano; procure
disputa pelo poder entre as gerências. Podem ser também
outro setor...”
A autonomia na ponta, na linha de frente, demonstra acontecimentos de comportamentos padronizados pouco
que a empresa está totalmente voltada para o cliente, pois perceptíveis, como certas crenças não explicitadas clara-
todo o sistema funciona para atendê-lo integralmente, e mente, mas compartilhadas por muitos membros da orga-
essa postura é vital, visto que a imagem transmitida pelo nização.
atendente é a imagem que será gerada no cliente em re- A cultura organizacional, até certo ponto, cega as pes-
lação à organização, dessa forma, ao atender, o atendente soas para outras realidades ou formas de fazer, parece que
precisa se lembrar que naquele cargo, ele representa uma tudo aquilo que foi pregado é reconhecido como natural e
marca, uma instituição, um nome, e que todas as suas atitu- normal. A partir daí, qualquer outra maneira de ser parece
des devem estar em conformidade com a proposta de visão estranha e até inaceitável.
que essa organização possui, focando sempre em um aten- Assim, a organização, como um ente coletivo, tende a
dimento efetivamente eficaz e de qualidade. considerar o próprio modo de fazer como o mais correto.
Uma forte cultura organizacional oferece aos funcioná-
rios uma compreensão clara da maneira como as coisas são
feitas. Ela oferece estabilidade à organização. Toda organiza-
ção tem uma cultura e que, dependendo de sua força, pode
ter uma influência significativa sobre o comportamento e as
atitudes de seus membros.
A cultura funciona assim então como uma espécie de
controle do comportamento individual, tornando-o mais se-
melhante aos dos demais membros da organização.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Podemos dizer que a cultura organizacional, num senti- namento, trabalhadores podem resistir à nova tecnologia
do bem ampliado, é como um conjunto de mecanismos de ou vivenciar um longo período de aprendizado. Relaciona-
controle - planos, receitas, regras, instruções - para governar do com isto, subculturas orientadas para a mudança podem
o comportamento. vivenciar conflitos com subculturas que não valorizam mu-
Por constituir-se num poderoso mecanismo de controle danças. Isto os impede de explorar novas soluções para os
do comportamento, a cultura organizacional tem forte im- problemas da organização, criando uma cultura onde pre-
pacto sobre grande parte das dimensões organizacionais domina a indecisão.
tais como produtividade, comprometimento, rotatividade, A cultura é um sistema de crenças (como as coisas
autoconfiança, motivação, exercício do poder, etc. funcionam) e valores (o que é importante) compartilhados
Buscar os fatores que tomam parte do processo de (vivenciado por todos) e que interagem com (penetrações
aprendizagem cultural parece ser, então, um passo impor- nos sistemas e subsistemas) as pessoas, as estruturas e me-
tante para o estudo da cultura organizacional. canismos de controle para produzir (efeitos) as normas de
A verdadeira cultura da organização é revelada muito comportamento características daquela organização (como
mais pelas práticas de tratamento aos empregados, forne- fazemos as coisas por aqui).
cedores e clientes do que pelo discurso dos seus líderes.
Lamentavelmente, o discurso dissociado da prática vem
sendo o recurso preferencial de algumas organizações do 2. NOÇÕES GERAIS SOBRE ADMINISTRAÇÃO E
nosso meio. DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITOS E
Podemos concluir que a cultura organizacional produz OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO; ELEMENTOS
comportamentos funcionais que contribuem para que se E FUNCIONAMENTO DO SETOR PÚBLICO;
alcancem as metas da organização. É também uma fonte
de comportamentos desajustados que produzem efeitos
adversos ao sucesso da organização.
Uma função importante da cultura organizacional é dis- Prezado Candidato, o tema acima supracitado já foi
tinguir uma organização de outras e de seu ambiente, pro- abordado em tópicos anteriores.
porcionando a esta uma identidade externa. Ela atua como
um filtro de percepção, encorpado com estórias e mitos, os
quais ganham significado a partir da rotina, eventos viven-
ciados frequentemente, assim como em situações únicas. ROTINAS ADMINISTRATIVAS;
Finalmente, cultura é um mecanismo de controle social.
Através da cultura – particularmente uma forte e efetiva – a
organização define a realidade com a qual os seus mem- Rotina administrativa é formada por vários processos
bros irão viver. Estas socializam os novos membros de uma que acontecem de forma sistemática e que requerem co-
forma peculiar de fazer as coisas e periodicamente ressocia- nhecimento técnico e domínio de tecnologias. Sendo que
liza seus membros mais antigos. processo é todo conjunto de procedimentos com entradas,
A maior disfunção – consequência negativa – da cultura processamento e resultados.
organizacional é a de criar barreiras à mudança. Uma orga- Nas rotinas administrativas ocorre que um conjunto de
nização de cultura forte produz membros com um conjunto profissionais executa atividades para se obter resultados, es-
de comportamentos explícitos que funcionaram bem no sas atividades devem estar em conformidade com o nível
passado. de competência dos profissionais, nível de autoridade e res-
Naturalmente, a expectativa é de que estes comporta- ponsabilidades.
mentos também serão eficientes no futuro. Dessa forma, tem-se que administradores e gerentes
Paradoxalmente, uma cultura forte pode produzir ri- possuem competências distintas no processamento das ro-
gidez na organização, dificultando as necessárias mudan- tinas administrativas, assim como os profissionais de nível
ças para as novas condições. Outra disfunção da cultura é técnico e de apoio também o possuem.
que ela pode criar conflitos dentro da própria organização. Portanto, os administradores possuem responsabilida-
Como sabemos, subculturas (pequenos grupos altamente des como planejamento, direção, controle, supervisão e ou-
coesos) emergem frequentemente nas organizações. Sub- tras funções que exigem dos profissionais conhecimento e
culturas podem se tornar tão coesas que acabam desen- experiências maiores.
volvendo valores suficientemente distintos que separam o É necessário também distinguir atividades administra-
subgrupo do resto da organização. Outro tipo de compor- tivas das atividades gerenciais, pois as atividades gerenciais
tamento disfuncional é o de subculturas que se desenvol- constitui um processo que originará as atividades adminis-
vem em velocidades diferentes de outras unidades da or- trativas, ou seja, é para apoio gerencial que existem as ativi-
ganização. Isto resulta em falta de coordenação interna que dades administrativas.
afeta adversamente as relações externas. Por exemplo, um Deixando mas claro, que as atividades gerenciais têm
departamento de Tecnologia da Informação pode implantar a função de identificar estratégias, trabalhar as oportunida-
sistemas computadorizados que estejam além das habilida- des, alocação de recursos, compartilhamento de objetivos
des da maioria dos empregados médios. Mesmo com trei- e outros.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

A administração, portanto é algo maior e que exige cri- A qualidade nos processos administrativos requer mé-
tério nas atividades gerenciais e rotineiras, de forma ordena- todos, técnicas, normas e até inovações.
da, pois primeiro é necessário planejar, depois se organiza Os métodos são utilizados para que as ações nos pro-
os recursos, dirige a informação e a mão de obra de forma cessos sejam realizadas e atinjam os objetivos propostos.
eficiente e depois se controla os resultados alcançados. Já os objetivos nos processos deve ser sempre o va-
Na verdade, a administração é todo conjunto de pro- lor agregado e por isso, exige-se qualidade total em todos
cedimentos que consome recursos, que requer organização os processos, para isso faz-se necessário a implantação de
dos recursos, planejamento de alocação e avaliação dos re- metodologias e ferramentas da qualidade para que as or-
sultados obtidos com esses recursos. ganizações atinjam objetivos, conquiste o cliente e se torne
As organizações trabalham com determinados recursos competitiva mesmo em longo prazo.
disponíveis e a partir disso, deve estabelecer e avaliar se os Para isso, temos algumas ferramentas da qualidade que
recursos estão alinhados aos objetivos e estratégias, se os são de simples aplicação, mas rendem até uma certificação
recursos serão de grande valia para obter objetivos, se os ISO, se forem implantadas com sucesso.
recursos estão ao alcance da empresa e se não estão, como Entre as ferramentas da qualidade aplicada aos proces-
a empresa pode trabalhar com os recursos disponíveis sem sos está a ferramenta 5´s. O 5´s surgiram de uma filosofia
desistir de seus objetivos e estratégias traçadas. japonesa e se solidificou no meio empresarial como ferra-
Essa problemática acima pertence à capacidade da em- menta da qualidade aplicada aos processos e útil para estru-
presa dirigir o que possui e buscar algo mais. De forma que turar, desenhar e evitar desperdícios com maior economia
o principal recurso da empresa capaz de transformar recur- de recursos e tempo. O ideal é que toda a equipe esteja
sos em objetivos são as pessoas. Colocando as pessoas cer- integrada em um trabalho de organização, arrumação, utili-
tas para as atividades ideais. zação, limpeza, padronização e disciplina.

Todo o conjunto de procedimentos acima exige que o -Organização: organizar poupa tempo e faz com que
profissional tenha nível superior e saiba lidar com o ambien- as atividades sejam desenvolvidas sem atrapalho. Organizar
te complexo das organizações. materiais pela frequência de uso elimina retrabalhos e tem-
Abaixo teremos algumas rotinas administrativas que são po gasto com a distribuição de materiais para as atividades
repetitivas e exige conhecimento técnico dos profissionais. frequentes e segurança contra acidentes ou perda de ma-
teriais.
Técnicas nas rotinas administrativas
-Identificar: o trabalho de identificar materiais por cate-
As funções básicas de uma empresa são a função co-
gorias poupa o tempo de procurar o material e acabar per-
mercial, a função técnica, financeira e de contabilidade.
dendo o tempo.
Algumas técnicas administrativas são a construção de
organogramas, que identifique os departamentos da em-
-Utilização: o senso de utilização é também ligado á
presa e os níveis de hierarquia.
organização e realiza-se o trabalho de separar o material
Outros documentos referentes às técnicas administrati-
de uso eventual e material necessário ás atividades menos
vas são o manual de rotina e regulamento interno.
constantes, evitando que fiquem espalhados pelo chão ma-
Nos manuais de rotina estão descritos quais as normas terial sem uso imediato.
necessárias para execução de atividades específicas.
Já o regulamento ou regimento interno é um documen- -Limpeza: a limpeza é útil para manter o ambiente com
to com um conjunto de diretrizes que definem a estrutura uma aparência limpa, organizada e com maior segurança.
organizacional e as políticas da empresa. Criar meios para manter o ambiente limpo, organizado e
Outros documentos que auxiliam as atividades adminis- sempre arrumado é também uma medida para que os cola-
trativas são os relatórios que devem expor fatos e ocorrên- boradores poupem tempo e trabalho de organizarem e lim-
cias para esclarecimento, dúvidas ou informação de proble- parem tudo de novo, quando deveriam estar concentrados
mas e outros documentos propostos para informações do em outras tarefas.
interesse de um quadro de colaboradores são documentos
como a CI (circular interna) e o ofício. -Padronizar: padronizar é uma solução para manter uma
rotina de organização, de limpeza e de eliminação de des-
Qualidade nas rotinas administrativas perdícios, sendo que a padronização pode auxiliar o traba-
Como vimos a atividade administrativa são compos- lho e orientar a equipe para a realização das atividades.
tos de vários processos, processos primários, processos de E por fim, para manter a limpeza, a organização e a pa-
apoio e processos finalísticos que são os processos que de- dronização nas rotinas administrativas deve-se manter o
finem a atividade fim da empresa. senso de disciplina, portanto é necessário que o programa
Os processos, portanto são fundamentais para que as 5´s tenha a adesão e participação com o comprometimento
empresas atinjam seus objetivos e tenham sucesso. Para que de todos.
tenha um funcionamento eficiente, a empresa deve estru-
turar e organizar seus processos e sempre que necessário
trabalhar a melhoria de processos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
cedimento, publicidade. Outras vezes, mesmo utilizando o
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO BÁSICOS E direito privado, a Administração conserva algumas de suas
GERENCIAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; prerrogativas, que derrogam parcialmente o direito comum,
na medida necessária para adequar o meio utilizado ao fim
público a cuja consecução se vincula por lei.
Por outras palavras, a norma de direito público sempre
A autora Di Pietro nos ensina que: a Administração Pú- impõe desvios ao direito comum, para permitir à Adminis-
blica pode submeter-se a regime jurídico de direito privado tração Pública, quando dele se utiliza, alcançar os fins que o
ou a regime jurídico de direito público. A opção por um re- ordenamento jurídico lhe atribui e, ao mesmo tempo, pre-
gime ou outro é feita, em regra, pela Constituição ou pela servar os direitos dos administrados, criando limitações à
lei. Exemplificando: o artigo 173, §1º, da Constituição, prevê atuação do Poder Público.
lei que estabeleça o estatuto jurídico da empresa pública, A expressão regime jurídico da Administração Pública é
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de di-
explorem atividade econômica de produção ou comerciali- reito público e de direito privado a que pode submeter-se a
zação de bens ou de prestação de serviços, dispondo, entre Administração Pública. Já a expressão regime jurídico admi-
outros aspectos, sobre “a sujeição ao regime jurídico pró- nistrativo é reservada tão somente para abranger o conjunto
prio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e de traços, de conotações, que tipificam o Direito Adminis-
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários”. Não trativo, colocando a Administração Pública numa posição
deixou qualquer opção à Administração Pública e nem mes- privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa. Ba-
mo ao legislador; quando este instituir, por lei, urna entidade sicamente, pode-se dizer que o regime administrativo re-
para desempenhar atividade econômica, terá que submetê sume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e sujeições.
-la ao direito privado. É o que decorre do ensinamento de Rivera (1973:35),
Já o artigo 175 outorga ao Poder Público a incumbência quando afirma que as particularidades do Direito Adminis-
de prestar serviços públicos, podendo fazê-lo diretamente trativo parecem decorrer de duas ideias opostas: «as normas
ou sob regime de concessão ou permissão; e o parágrafo do Direito Administrativo caracterizam-se, em face das do
único deixa à lei ordinária a tarefa de fixar o regime das em- direito privado, seja porque conferem à Administração prer-
presas concessionárias e permissionárias de serviços públi-
rogativas sem equivalente nas relações privadas, seja porque
cos, o caráter especial de seu contrato, de sua prorrogação,
impõem à sua liberdade de ação sujeições mais estritas do
bem corno as condições de execução, fiscalização e rescisão
que aquelas a que estão submetidos os particulares”.
da concessão ou permissão. Vale dizer que a Constituição
O Direito Administrativo nasceu sob a égide do Estado
deixou à lei a opção de adotar um regime ou outro.
liberal, em cujo seio se desenvolveram os princípios do in-
Isto não quer dizer que a Administração Pública não
dividualismo em todos os aspectos, inclusive o jurídico; pa-
participe da decisão; ela o faz à medida que, detendo o Po-
radoxalmente, o regime administrativo traz em si traços de
der Executivo grande parcela das decisões políticas, dá início
autoridade, de supremacia sobre o indivíduo, com vistas à
ao processo legislativo que resultará na promulgação da lei
contendo a decisão governamental. Normalmente, é na es- consecução de fins de interesse geral.
fera dos órgãos administrativos que são feitos os estudos Garrido Falla (1962:44-45) acentua esse aspecto. Em suas
técnicos e financeiros que precedem o encaminhamento de palavras, “é curioso observar que fosse o próprio fenômeno
projeto de lei e respectiva justificativa ao Poder Legislativo. histórico-político da Revolução Francesa o que tenha dado
O que não pode é a Administração Pública, por ato lugar simultaneamente a dois ordenamentos distintos entre
próprio, de natureza administrativa, optar por um regime si: a ordem jurídica individualista e o regime administrativo.
jurídico não autorizado em lei; isto em decorrência da sua O regime individualista foi se alojando no campo do direito
vinculação ao princípio da legalidade. civil, enquanto o regime administrativo formou a base do
Não há possibilidade de estabelecer-se, aprioristica- direito público administrativo”.
mente, todas as hipóteses em que a Administração pode Assim, o Direito Administrativo nasceu e desenvolveu-
atuar sob regime de direito privado; em geral, a opção é se baseado em duas ideias opostas: de um lado, a proteção
feita pelo próprio legislador, como ocorre com as pessoas aos direitos individuais frente ao Estado, que serve de funda-
jurídicas, contratos e bens de domínio privado do Estado. mento ao princípio da legalidade, um dos esteios do Estado
Como regra, aplica-se o direito privado, no silêncio da nor- de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dos
ma de direito público. interesses coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas
O que é importante salientar é que, quando a Admi- e privilégios para a Administração Pública, quer para limitar
nistração emprega modelos privatísticos, nunca é integral a o exercício dos direitos individuais em benefício do bem-es-
sua submissão ao direito privado; às vezes, ela se nivela ao tar coletivo (poder de polícia), quer para a prestação de ser-
particular, no sentido de que não exerce sobre ele qualquer viços públicos.
prerrogativa de Poder Público; mas nunca se despe de de- Daí a bipolaridade do Direito Administrativo: liberda-
terminados privilégios, como o juízo privativo, a prescrição de do indivíduo e autoridade da Administração; restrições
quinquenal, o processo especial de execução, a impenho- e prerrogativas. Para assegurar-se a liberdade, sujeita-se a
rabilidade de seus bens; e sempre se submete a restrições Administração Pública à observância da lei e do direito (in-
concernentes à competência, finalidade, motivo, forma, pro- cluindo princípios e valores previstos explícita ou implicita-

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

mente na Constituição); é a aplicação, ao direito público, do Trata-se do conhecido esquema “preceito – sanção”,
princípio da legalidade. Para assegurar-se a autoridade da pelo qual, ocorrendo o fato previsto na regra, a ele devem
Administração Pública, necessária à consecução de seus fins, suceder os efeitos jurídicos nela também já preestabeleci-
são-lhe outorgados prerrogativas e privilégios que lhe per- dos. Num exemplo de regra de Direito Administrativo, se o
mitem assegurar a supremacia do interesse público sobre o servidor público federal deixar injustificadamente de com-
particular. parecer à repartição por mais de trinta dias consecutivos
Isto significa que a Administração Pública possui prer- – este é o preceito –, haverá cometido a infração funcional
rogativas ou privilégios, desconhecidos na esfera do direito grave conhecida como “abandono de cargo” (subsunção),
privado, tais como a autoexecutoriedade, a autotutela, o po- para a qual é cominada a penalidade (a consequência)
der de expropriar, o de requisitar bens e serviços, o de ocu- da demissão (cf. art. 132, II, c./c. art. 138, ambos da Lei n.
par temporariamente o imóvel alheio, o de instituir servidão, 8.112/90).
o de aplicar sanções administrativas, o de alterar e rescindir O mecanismo de aplicação dos princípios é mais com-
unilateralmente os contratos, o de impor medidas de polícia. plexo do que o esquema binário característico das regras
Goza, ainda, de determinados privilégios como a imunidade (se o fato ocorreu, se aplica a regra; se não ocorreu, não
tributária, prazos dilatados em juízo, juízo privativo, processo se aplica). Os princípios não preveem situações determina-
especial de execução, presunção de veracidade de seus atos. das e, muito menos, efeitos jurídicos específicos que delas
Segundo Cretella Júnior (Revista de Informação Legisla- decorreriam. É claro que normatizam situações e que po-
tiva, v. 97:13), as prerrogativas públicas são “as regalias usu- dem acarretar efeitos jurídicos, mas, devido a seu caráter
fruídas pela Administração, na relação jurídico-administrati- fluido, suas consequências, além de não poderem ser pre-
va, derrogando o direito comum diante do administrador, ou, viamente estabelecidas, dependem das características de
em outras palavras, são as faculdades especiais conferidas à cada caso concreto e dos demais princípios que forem em
Administração, quando se decide a agir contra o particular”. tese aplicáveis.
Mas, ao lado das prerrogativas, existem determinadas É comum que mais de um princípio seja aplicável à
restrições a que está sujeita a Administração, sob pena de mesma situação. O intérprete, contudo, deverá adotar
nulidade do ato administrativo e, em alguns casos, até mes- metodologia diferente da que emprega diante de (meras)
mo de responsabilização da autoridade que o editou. Dentre regras contraditórias entre si, quando a aplicação de uma
tais restrições, citem-se a observância da finalidade pública, deve, necessariamente, implicar a exclusão da outra. Para a
bem como os princípios da moralidade administrativa e da solução dos conflitos entre regras, há classicamente o em-
legalidade, a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos prego dos critérios da hierarquia (vale a regra de maior hie-
administrativos e, como decorrência dos mesmos, a sujeição rarquia), da especialidade (a regra especial prevalece sobre
à realização de concursos para seleção de pessoal e de con- a geral) e da cronologia (a regra posterior revoga a ante-
corrência pública para a elaboração de acordos com parti- rior), via de regra nessa ordem. Em se tratando de conflitos
culares. entre princípios, devem eles ser ponderados, buscando-se,
Ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam a sempre que possível, alcançar solução que não exclua por
Administração em posição de supremacia perante o particu- completo nenhum deles. “Assim, é possível que um princí-
lar, sempre com o objetivo de atingir o benefício da coletivi- pio seja válido e pertinente a determinado caso concreto,
dade, as restrições a que está sujeita limitam a sua atividade mas que suas consequências jurídicas não sejam deflagra-
a determinados fins e princípios que, se não observados, im- das naquele caso, ou não o sejam inteiramente, em razão
plicam desvio de poder e consequente nulidade dos atos da da incidência de outros princípios também aplicáveis. Há
Administração. uma ‘calibragem’ entre os princípios, e não a opção pela
O conjunto das prerrogativas e restrições a que está su- aplicação de um deles”.
jeita a Administração e que não se encontram nas relações A ponderação de princípios, portanto, é a técnica de
entre particulares constitui o regime jurídico administrativo. solução de conflitos nessa espécie normativa: o intérprete
Muitas dessas prerrogativas e restrições são expressas deve precisar quais princípios estão em jogo naquela situa-
sob a forma de princípios que informam o direito público e, ção concreta e buscar um ponto intermediário (que às vezes
em especial, o Direito Administrativo. não será possível) em que se preserve a máxima incidência
Já o professor Aragão nos ensina que: dentre as várias de todos os princípios em jogo. Por exemplo, ao ponderar,
definições de princípio jurídico, podemos aludir à clássica de um lado, a liberdade de expressão e de reunião de ma-
formulação de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO, que nifestantes que desejam fazer uma passeata, e, de outro, a
o considera como “mandamento nuclear de um sistema, ver- liberdade de ir e vir dos demais cidadãos e a ordem urbana,
dadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia a Administração Pública não deve nem proibir de forma ab-
sobre diferentes normas compondo-lhe o espírito e servindo soluta a passeata, nem permiti-la de maneira indiscrimina-
de critério para sua exata compreensão e inteligência, exata- da, devendo, ao revés, por exemplo, admiti-la, mas apenas
mente por definir a lógica e a racionalidade do sistema nor- em metade das pistas da avenida onde se deseja fazer a
mativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmô- manifestação.
nico”. As regras jurídicas possuem hipóteses de incidência
abstratas, que dizem respeito a situações hipotéticas, que, São cinco os princípios constitucionais básicos da Ad-
concretizando-se na vida prática, acarretam determinadas ministração Pública: legalidade, impessoalidade, moralida-
consequências jurídicas. de, publicidade e eficiência.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
- Princípio da Legalidade: É o princípio basilar do Esta- - Princípio da Publicidade: É a atuação transparente dos
do de Direito. É a atuação da Administração Pública (órgãos/ atos da Administração Pública, facilitando seu controle. O
agentes) dentro dos parâmetros definidos em lei, sendo ve- princípio constitucional oferece a oportunidade das pes-
dada sua atuação sem prévia e expressa permissão legislativa. soas de obterem informações, certidões e atestados da
Administração Pública, além de apresentarem petição
- Princípio da Impessoalidade: O princípio da impessoa- sem o pagamento de taxas. Tais informações deverão se
lidade é estudado sob três óticas diferentes: finalidade, im- prestadas dentro do prazo estipulado sob pena de res-
putação e isonomia. ponsabilidade.
Sob a ótica da finalidade, é a atuação impessoal e ge-
nérica da Administração Pública, visando à satisfação do O princípio da publicidade também determina que to-
interesse coletivo, sem corresponder ao atendimento do in- dos os julgamentos realizados pelo Poder Judiciário sejam
teresse exclusivo do administrado. Se aproveitar da publici- públicos. Mesmo que a publicidade seja a regra, existem
dade governamental, custeado pelo erário público, para fa- algumas informações que, mesmo possuindo um caráter
zer promoção pessoal é ato de improbidade administrativa, coletivo, não podem ser prestadas à população em geral.
pois viola o princípio da impessoalidade (Lei nº 8.429/92). Tais situações podem ser consideradas como verdadeiras
Os símbolos que são utilizados durante o período de cam- exceções ao princípio da publicidade, permitindo a ma-
panha eleitoral não podem ser empregados durante o go- nutenção do sigilo. São alguns exemplos: em nome da
verno, pois serve de promover a figura individualizada do segurança da sociedade e do estado, poderá ser negada
gestor, e não a instituição pública. Sob a ótica da imputação, a publicidade (art. 5º, XXXIII, CF); atos processuais correm
o ato praticado é atribuído ao órgão (pessoa jurídica) e não em sigilo na forma da lei, logo, o processo administrativo
ao agente público (pessoa física). Desta forma, a responsabi- também pode ser sigiloso (art. 5º, LX, CF).
lidade civil recairá sob a entidade no qual o agente público
emprega sua força de trabalho. Porém, o direito de regresso - Princípio da Eficiência: Mesmo o Princípio da Eficiên-
oferece a possibilidade de a pessoa jurídica agir contra o cia tenha sido oficialmente inserido no texto constitucio-
responsável pelo dano. Sob a ótica da isonomia, é o trata- nal pela EC 19/98, denominada de reforma administrativa,
mento igualitário dispensado a todos os administrados, in- os gestores públicos já utilizavam sua premissa como ve-
dependentemente de qualquer interesse político. tor na condução do interesse público. Vale ressaltar que o
art. 2º da Lei nº 9.784/99, responsável pela regulamenta-
- Princípio da Moralidade: É a atuação administrativa ção do processo administrativo na seara federal, também
baseada na boa fé, em conformidade com a moral, os prin- traz a previsão da eficiência como princípio a ser necessa-
cípios éticos e a lealdade, não podendo contrariar os bons riamente observado. Sob a ótica do agente público, sig-
costumes, a honestidade e os deveres de boa administração. nifica afirmar que deve buscar a consecução do melhor
O princípio da moralidade não se refere a moral comum, resultado possível. Sob a ótica da forma de organização,
mas aquela moral tirada da conduta interna da Adminis- significa afirmar que deve a Administração Pública atentar
tração Pública. A moralidade comum é o certo e o errado, para os padrões modernos de gestão ou administração,
o correto e o incorreto, é o senso comum; já a moralidade vencendo o peso burocrático, atualizando-se e moderni-
administrativa é mais rigorosa, é a boa-fé da administração, zando-se.
é a melhor escolha possível, é uma administração eficiente.
Logo, a moral relacionada ao princípio não é a moral subjeti- Já em relação aos Princípios Constitucionais Explícitos,
va, mas a moral jurídica, ligada a outros princípios da própria estes ao longo do texto constitucional também podem ser
Administração como também aos princípios gerais do direi- encontrados diversos princípios explícitos ligados a Adminis-
to. Quando a doutrina administrativista menciona a imorali- tração Pública, auxiliando na boa condução da res coletiva.
dade administrativa na forma qualificada ela está se referin-
do ao ato imoral configurado como ato de improbidade (art. - Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV,
37, § 4°, CF; Lei n° 8.429/92). Todo ato imoral é também ato CF): O devido processo legal é aquele estabelecido em
de improbidade, porém nem todo ato de improbidade é um lei, configurando uma verdadeira garantia para ambas as
ato imoral (art. 11, Lei n° 8.429/92). partes, onde visualizam um processo administrativo tipi-
O controle jurisdicional dos atos que violem a morali- ficado e determinado, sem supressão de atos essenciais.
dade administrativa também pode ocorrer via promoção da
ação popular com a finalidade de invalidar o ato lesivo ou - Princípio do Contraditório: Contraditório é a ciên-
contrário à moralidade (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65). cia, é a bilateralidade, é o conhecimento de todos os atos
O princípio da impessoalidade está ligado ao princípio praticados no processo administrativo. Deve ser dada a
da isonomia, já o princípio da moralidade está ligado ao prin- possibilidade das partes influírem no convencimento do
cípio da lealdade e da boa-fé. Por isso o princípio da mora- magistrado (binômio: ciência e participação). Para toda
lidade rege o comportamento não só dos agentes públicos, alegação fática ou apresentação de prova, feito no pro-
mas de todos aqueles que de qualquer forma se relacionam cesso por uma das partes, gera para o adversário o direito
com a Administração Pública. Desta forma, os particulares de se manifestar, ocasionando um equilíbrio entre a força
também deverão agir com boa fé e honestidade, podendo imperativa do Estado e a manutenção do estado de ino-
também responder por ato que violem tal preceito. cência.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

- Princípio da Ampla Defesa: Ampla defesa é dar a Em relação aos Princípios Constitucionais Implícitos, es-
chance, a oportunidade para a outra parte envolvida no tes podem ser encontrados no decorrer do texto constitu-
litígio se defender das alegações realizadas. Deve ser asse- cional e conforme o professor Marco Antonio Praxedes de
gurada a ampla possibilidade de defesa, lançando-se mão Moraes Filho são:
dos meios e recursos disponíveis. A doutrina mais abalizada
costuma fazer uma divisão didática do assunto: determina a - Princípio da Isonomia: Este princípio está disciplina-
ampla defesa como o gênero, e nomeia a defesa técnica e do no art. 5º, caput da Constituição Federal. Na esfera ad-
autotutela como espécies. ministrativa, significa afirmar a existência de um dever geral
de prestar tratamento uniforme para todos aqueles que se
- Princípio da Vedação da Prova Ilícita: Assim como na encontrem em uma situação de igualdade e equivalência.
esfera jurisdicional, a produção probatória na área adminis- Podemos encontrar a incidência do princípio da isonomia
trativa também deve ser obtida de forma lícita, seguindo as servindo de fundamento valorativo para diversos institutos
normas previamente estabelecidas. administrativos, tais como o concurso público e a licitação
pública.
- Princípio da Presunção de Inocência: Na esfera admi-
Todavia, seguindo as premissas aristotélicas, há inú-
nistrativa também somos todos presumivelmente inocentes
meras situações onde o princípio da isonomia recomenda
até o trânsito em julgado da decisão final acusatória. Vale
um tratamento diferenciado entre certos administrados,
ressaltar que, mesmo exaurido a via administrativa, após o
trânsito em julgado da decisão, ainda é possível invocar a dependendo das condições pessoais destes. Por exemplo,
esfera jurisdicional, nos termos do princípio da inafastabi- reserva de vagas para portadores de deficiência em con-
lidade desta esfera. A presunção de inocência não significa cursos públicos, tempo de aposentadoria diferenciado para
afirmar intangibilidade dos investigados e cerceamento de mulheres, preferência no tratamento processual para ido-
medidas acautelatórias. Certos atos administrativos podem sos, dentre outros.
ser tomados a fim de melhor conduzir o processo investiga- A verdadeira igualdade consiste em tratar-se igual-
tivo no intuito de alcançar um julgamento mais justo. mente os iguais e desigualmente os desiguais na medida
em que se desigualem.(Aristóteles).
- Princípio da Razoável Duração do Processo O princípio Igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e
da razoável duração do processo, também denominado de desigualmente os desiguais. (Rui Barbosa).
princípio da celeridade processual, foi introduzido pela EC No que tange a temática dos concursos públicos exis-
45/04. A agilidade e a desburocratização do processo devem tem diversos verbetes publicados onde são firmados os
caminhar sempre juntas com a manutenção das garantias entendimentos já pacificados dos tribunais superiores tra-
fundamentais do cidadão. zendo como pano de fundo o princípio da isonomia.

- Princípio do Concurso Público: O princípio do concur- - Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Assegura a
so público tem por escopo preservar a moralidade pública, possibilidade de revisão das decisões judiciais, através do
pois através do sistema de mérito, com critérios objetivos sistema recursal, onde as decisões do Juízo a quo podem
e técnicos, seleciona aqueles candidatos mais preparados ser reapreciadas pelo juízo ad quem. É o direito que possui
para melhor desempenhar a função administrativa. a parte de buscar o reexame da causa por órgão jurisdicio-
nal de instância superior.
- Princípio da Licitação: A licitação pública tem conteú-
do principiológico na medida em que, através da escolha da - Princípio do Interesse Público: A principal finalidade
proposta mais vantajosa para a administração, assegurando
da lei é a satisfação do interesse público. Cada norma tem
oportunidades iguais a todos os interessados, garante a ob-
por escopo a satisfação de um determinado interesse pú-
servância da isonomia constitucional.
blico. Podemos conceituar interesse público como sendo
aquele resultante do conjunto de interesses dos indivíduos
- Princípio da Participação Popular: O princípio da parti-
cipação popular é inerente ao próprio Estado Democrático que compõe determinada sociedade.
de Direito, pois através de inúmeras ferramentas colocadas A doutrina mais abalizada e jurisprudência dos tribu-
à disposição da sociedade, o administrado exerce um maior nais superiores costuma fazer uma distinção entre interesse
controle sobre a condução do interesse público. Dentre eles público primário e interesse público secundário. Enquanto
estão o direito de denunciar irregularidades às ouvidorias e o primeiro representa o interesse da coletividade, o segun-
corregedorias junto aos órgãos públicos, o acesso às infor- do reproduz o interesse da pessoa jurídica. O ideal é que os
mações sobre atos do governo, a representação contra atos interesses primários e secundários coincidam, andem sem-
irregulares doas agentes públicos. pre juntos, fazendo com que as pretensões da população
sejam de fato materializadas pelo gestor público.
- Princípio da Motivação das Decisões Administrativas:
Os atos administrativos devem ser motivados. Como as de- - Princípio da Hierarquia: Os órgãos da Administra-
cisões exaradas na seara administrativa nada mais são do ção Pública estão organizados com atribuições definidas
que atos administrativos dotados de caráter resolutivo, tam- em lei, gerando entre eles uma relação de coordenação e
bém necessitam ser motivados. subordinação. Como consequência, surge a possibilidade

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
de revisão dos atos subordinados, delegação e avocação - Princípio da Supremacia do Interesse Público: O
de atribuições, aplicação de penalidades administrativas, princípio da supremacia do interesse público retrata que
dentre outros. Essa relação de hierarquia é encontrada os interesses da coletividade possuem uma carga de im-
apenas na seara administrativa, não havendo sua incidên- portância maior do que os interesses dos particulares.
cia nas esferas legislativas e jurisdicionais quando exercidas Esta superioridade do interesse estatal em face dos inte-
suas funções típicas. resses privados é plenamente justificável em decorrência
da função coletiva das ações dos agentes públicos.
- Princípio da Presunção de Legitimidade: Os atos ad- A fim de legitimar a desigualdade jurídica entre o
ministrativos gozam de uma presunção de legitimidade, exercício da função estatal e a esfera privada, o orde-
ou seja, de que foram praticados em conformidade com o namento jurídico prevê uma série de prerrogativas ine-
ordenamento jurídico. A fundamentação reside no fato de rentes ao Poder Público, tais como a presunção de le-
que os atos da seara administrativa existem para aplicar a gitimidade dos atos administrativos, a desapropriação, a
lei, dar materialidade e concretude à norma em abstrato. requisição de bens, os prazos processuais diferenciados,
Desta forma, tendo em vista seu caráter exclusivamente de as cláusulas exorbitantes em contratos administrativos,
execução, tais atos são dotados do benefício democrático dentre outros.
da legitimidade. Há uma necessidade existencial da inafastabilidade
desta supremacia para a convivência harmônica em so-
- Princípio da Especialidade: Com a evolução das so- ciedade. Um dos elementos que compõe a formação do
ciedades modernas e a complexidade das relações verti- Estado é o poder soberano, ou seja, não basta o mero
calizadas, o Estado vem se desobrigando de uma série de poder formal, ele precisa se alocar em uma posição di-
obrigações, repassando tais incumbências para órgãos pú- ferenciada para fazer valer sua vontade. Desta forma, a
blicos especializados ou para a iniciativa privada. O princí- existência de uma força superior conduzindo a vontade
pio da especialidade pode ser facilmente detectado no art. coletiva é inerente à própria estrutura originária do es-
37, XIX da Constituição Federal de 1988 com a criação das tado.
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de O exercício do poder de polícia é uma das mais claras
economia mista. manifestações da supremacia da vontade do Estado e do
interesse coletivo.
- Princípio da Autotutela: Também denominado de prin-
- Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público:
cípio da sindicabilidade, significa afirmar que a Administra-
O princípio da indisponibilidade do interesse público re-
ção Pública tem o poder de regular e verificar seus próprios
trata que o interesse da coletividade não pode ser afasta-
atos sem a necessidade da provocação jurisdicional. Esta
do em decorrência do interesse dos gestores estatais. O
possibilidade conferida ao Estado de rever e corrigir seus
interesse público é indisponível, é obrigado a ser seguido,
próprios atos administrativos pode ocorrer mediante um
não podendo ser dispensado em face do proveito alheio.
controle de legalidade, ocasionando a anulação do ato,ou
No exercício da função pública os agentes públicos agem
um controle de mérito, ocasionando uma revogação do ato.
não em nome próprio, mas em nome da coletividade, fa-
Porém, entende-se que não se trata de uma simples zendo valer o interesse coletivo. Por exemplo, não pode
faculdade, mas de uma obrigação, tendo em vista ao in- deixar de realizar concurso quando necessário, não pode
teresse público em análise. Desta forma, o princípio da au- deixar de licitar quando necessário, dentre outros.
totutela contém, na verdade, um poder-dever de verificar e
rever seus próprios atos.

- Princípios Infraconstitucionais Explícitos: O ordena- MECANISMOS DE CONTROLE INTERNO E


mento jurídico administrativo revela inúmeros princípios EXTERNO;
explícitos, servindo para regulamentar aquela temática em
especial, como também funciona de vetor interpretativo
para a Administração Pública. O servidor público sujeita-se à responsabilidade civil,
penal e administrativa decorrente do exercício do cargo,
- Princípios Infraconstitucionais Implícitos: O ordena- emprego ou função . Por outras palavras, ele pode pra-
mento jurídico administrativo também revela inúmeros ticar atos ilícitos no âmbito civil, penal e administrativo.
princípios implícitos, servindo para regulamentar aquele Isto é o que nos ensina a professora Maria Sylvia Zanella
assunto em especial, como também funciona de vetor in- Di Pietro, conforme segue:
terpretativo para a Administração Pública. Dentre eles po- A responsabilidade civil é de ordem patrimonial e
demos citar dois em especial, o princípio da supremacia do decorre do artigo 186 do Código Civil, que consagra a
interesse público e o princípio da indisponibilidade do in- regra, aceita universalmente, segundo a qual todo aquele
teresse público, pois mesmo sendo implícitos funcionam de que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo.
referência para todos os demais. Analisando-se aquele dispositivo, verifica-se que,
para configurar-se o ilícito civil, exige-se:

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

1. ação ou omissão antijurídica; Os meios de apuração previstos nas leis estatutárias são
2. culpa o u dolo; com relação a este elemento, à s ve- os sumários, compreendendo a verdade sabida e a sindicân-
zes de difícil comprovação, a lei admite alguns casos de res- cia, e o processo administrativo disciplinar, impropriamente
ponsabilidade objetiva (sem culpa) e também de culpa pre- denominado inquérito administrativo.
sumida; uma e outra constituem exceções à regra geral de Comprovada a infração, o servidor fica sujeito a penas
responsabilidade subjetiva, somente sendo cabíveis diante disciplinares.
de norma legal expressa; Na esfera federal, a Lei nº 8.112/90 prevê, no artigo 127,
3. relação de causalidade entre a ação ou omissão e o as penas de advertência, destituição de cargo em comissão,
dano verificado; destituição de função comissionada, suspensão, demissão e
4. ocorrência de um dano material ou moral. cassação de aposentadoria; e define, nos artigos subsequen-
Quando o dano é causado por servidor público, é neces- tes, as hipóteses de cabimento de cada uma delas.
sário distinguir duas hipóteses: Não há, com relação ao ilícito administrativo, a mesma
1. dano causado ao Estado; tipicidade que caracteriza o ilícito penal. A maior parte das
2. dano causado a terceiros. infrações não é definida com precisão, limitando-se a lei, em
No primeiro caso, a sua responsabilidade é apurada pela regra, a falar em falta de cumprimento dos deveres, falta de
própria Administração, por meio de processo administrativo exação no cumprimento do dever, insubordinação grave,
cercado de todas as garantias de defesa do servidor. As leis procedimento irregular, incontinência pública; poucas são as
estatutárias em geral estabelecem procedimentos autoexe- infrações definidas, como o abandono de cargo ou os ilícitos
cutórios (não dependentes de autorização judicial) , pelos que correspondem a crimes ou contravenções.
quais a Administração desconta dos vencimentos do servi- Isso significa que a Administração dispõe de certa mar-
dor a importância necessária ao ressarcimento dos prejuízos, gem de apreciação no enquadramento da falta dentre os
respeitado o limite mensal fixado em lei, com vistas à preser- ilícitos previstos na lei, o que não significa possibilidade de
vação do caráter alimentar dos estipêndios. decisão arbitrária, já que são previstos critérios a serem ob-
Quando o servidor é contratado pela legislação traba- servados obrigatoriamente; é que a lei (artigos 128 da Lei
lhista, o artigo 462, § 1º, da CLT s ó permite o desconto com Federal e 256 do Estatuto Paulista) determina que na aplica-
a concordância d o empregado ou em caso de dolo. O des- ção das penas disciplinares serão consideradas a natureza e
conto dos vencimentos, desde que previsto em lei, é perfei- a gravidade da infração e os danos que dela provierem para
tamente válido e independe do consentimento do servidor, o serviço público.
inserindo-se entre as hipóteses de autoexecutoriedade dos É precisamente essa margem de apreciação e ou discri-
atos administrativos. Isto não subtrai a medida ao controle cionariedade limitada pelos critérios previstos em lei) que
judicial, que sempre pode ser exercido mediante provoca- exige a precisa motivação da penalidade imposta, para de-
ção do interessado, quer como medida cautelar que suste a monstrar a adequação entre a infração e a pena escolhida
decisão administrativa, quer a título de indenização, quando e impedir o arbítrio da Administração. Normalmente essa
o desconto já se concretizou. motivação consta do relatório da comissão ou servidor que
Em caso de crime de que resulte prejuízo para a Fazenda realizou o procedimento; outras vezes, consta de pareceres
Pública ou enriquecimento ilícito do servidor, ele ficará sujei- proferidos por órgãos jurídicos preopinantes aos quais se
to a sequestro e perdimento de bens, porém com interven- remete a autoridade julgadora; se esta não acatar as ma-
ção do Poder Judiciário, na forma do Decreto-lei nº 3.240, de nifestações anteriores, deverá expressamente motivar a sua
8-5-41, e Lei nº 8.429, de 2-6-92 (arts. 16 a 18). Esta última lei decisão.
dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos Como medidas preventivas, a Lei nº 8.112/90, no arti-
casos de enriquecimento ilícito no exercício do mandato, go 147, estabelece o afastamento preventivo por 60 dias,
cargo, emprego ou função na Administração Pública Direta, prorrogáveis por igual período, quando o afastamento for
Indireta ou Fundacional. É a chamada lei de improbidade ad- necessário para que o funcionário não venha a influir na
ministrativa, que disciplina o artigo 37, §4º, da Constituição. apuração da falta cometida. Isto sem falar no sequestro e
Quando se trata de dano causado a terceiros, aplica-se perdimento de bens, já referidos.
a norma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, em de- O servidor responde penalmente quando pratica crime
corrência da qual o Estado responde objetivamente, ou seja, ou contravenção. Existem, no ilícito penal, os mesmos ele-
independentemente de culpa ou dolo, mas fica com o direi- mentos caracterizadores dos demais tipos de atos ilícitos,
to de regresso contra o servidor que causou o dano, desde porém com algumas peculiaridades:
que este tenha agido com culpa ou dolo. 1. a ação ou omissão deve ser antijurídica e típica, o u
O servidor responde administrativamente pelos ilícitos seja, corresponder ao tipo, ao modelo de conduta definido
administrativos definidos na legislação estatutária e que na lei penal como crime ou contravenção;
apresentam os mesmos elementos básicos do ilícito civil: 2. dolo ou culpa, sem possibilidade de haver hipóteses d
ação ou omissão contrária à lei, culpa ou dolo e dano. e responsabilidade objetiva;
Nesse caso, a infração será apurada pela própria Admi- 3. relação de causalidade;
nistração Pública, que deverá instaurar procedimento ade- 4. dano ou perigo de dano: nem sempre é necessário
quado a esse fim, assegurando ao servidor o contraditório e que o dano se concretize; basta haver o risco de dano, como
a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, nos ocorre na tentativa e em determinados tipos de crime que
termos do artigo 52, inciso LV, da Constituição. põem em risco a incolumidade pública.

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Para fins criminais, o conceito de servidor público é am- 4) Absolvição penal por ausência de prova: não pro-
plo, mais se aproximando do conceito de agente público. O duz efeitos tanto no cível como no administrativo, já que as
artigo 327 do Código Penal, com a redação dada pela Lei nº provas, nestes, menos rígidos, podem ser suficientes para
9.983, de 13-7-00, considera “funcionário público, para os configurar o que a Súmula n. 18 do STF denomina “falta
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re- residual”.
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. O § Em relação à Responsabilidade Civil do Estado no Di-
1 º equipara a funcionário “quem exerce cargo, emprego ou reito Brasileiro iremos trazer os ensinamentos do professor
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para em- Alexandre Santos de Aragão que defende que a responsa-
presa prestadora de serviço contratada ou conveniada para bilidade civil do Estado: possui contornos próprios e, his-
a execução de atividade típica da Administração Pública”. O toricamente, tem evoluído no sentido da sua maior ampli-
sentido da expressão entidade paraestatal, nesse dispositi- tude e publicização: desde a impossibilidade de o Estado
vo, tem sido objeto de divergências doutrinárias, alguns en- ser civilmente responsabilizado (the king can do no wrong),
tendendo que só abrange as autarquias, outros incluindo as passando pela responsabilidade por culpa em diversas mo-
empresas públicas e sociedades de economia mista. Razão dalidades (ex.: culpa presumida), até a atual responsabili-
assiste aos que defendem este último entendimento, pois,
dade objetiva (independentemente de culpa ou ilícito), por
se o empregado de entidade privada é considerado fun-
risco administrativo ou até mesmo por risco integral, casos
cionário público, para fins criminais, pelo fato de a mesma
excepcionais esses (de risco integral) em que se prescinde
prestar atividade típica da Administração Pública, com muito
mais razão o empregado das sociedades de economia mista, até mesmo do nexo de causalidade entre o dano sofrido
empresas públicas e demais entidades sob controle direto pelo particular e o Estado.
ou indireto do poder público. O autor nos ensina que: estágio atual de evolução em
O fato de o Estado ser primariamente responsável pelos nosso Direito Positivo é, desde a Constituição de 1946, o da
danos causados pelos seus comportamentos não quer di- responsabilidade objetiva por risco administrativo, decor-
zer que os agentes públicos que materialmente executaram rência de os danos causados pelo Estado advirem de ativi-
tais comportamentos também não possam sê-lo, mas dessa dade do interesse de toda a coletividade. É o que dispõe o
responsabilidade se exigirá a ilicitude. Ou seja, os agentes art. 37, §6º, da Constituição Federal: “O Estado responderá
públicos só são responsáveis pelos danos que, nessa quali- pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem
dade, causarem, se tiverem culpa ou dolo (responsabilidade a terceiros”, independentemente de dolo ou culpa, os quais
subjetiva). somente terão importância para se estabelecer o direito de
O direito de regresso pode ser satisfeito através de ação regresso do ente contra o seu funcionário ou empregado.
judicial ou por acordo. Fora disso, é muito questionável a Para ele o caráter objetivo da responsabilidade pela
possibilidade de o Estado exercer este direito descontando prestação de serviços públicos em sentido estrito (não
em folha, coativa e unilateralmente, os valores do regresso, qualquer atividade administrativa) pode fundamentar-se,
já que, sem a autorização do servidor, este desconto em fo- hoje, não apenas no art. 37, § 6º, CF, mas também, pelo
lha consistiria em uma autoexecutoriedade de valores pe- simples fato de serem serviços, no art. 12 do CDC (respon-
cuniários. sabilidade pelo fato do produto e do serviço) e no art. 927,
Por derradeiro, assinalamos que, como se trata de direi- parágrafo único, do Código Civil (responsabilidade objetiva
to patrimonial, o Estado poderá exercer o direito de regresso das atividades de risco).
contra os sucessores do servidor que causou o ilícito que A existência de tantas normas aptas a justificar a inde-
gerou a despesa pública de indenização do terceiro lesado. nização fortalece a posição jurídica dos particulares – usuá-
As diversas instâncias de responsabilização dos agentes rios ou terceiros prejudicados pelo serviço público –, uma
públicos são autônomas, mas, para evitar contradições entre vez que, em caso de eventual conflito entre elas, o que,
atos estatais, são parcialmente inter-relacionadas, já que em
todavia, nos parece difícil de ocorrer diante da semelhança
tese os agentes públicos estão sujeitos concomitantemente
das suas hipóteses de incidência, poderá invocar a que for
às esferas civil, administrativa e penal de responsabilização
capaz de melhor embasar a sua pretensão.
(ex.: em caso de tortura praticada em delegacia policial).
Normalmente a relação se dá entre as esferas civil e ad- O art. 37, § 6º, CF, disciplina a responsabilidade do Es-
ministrativa, de um lado, e a penal, de outro, já que esta, tado por qualquer de suas atividades, não apenas pelos
em face da gravidade de suas potenciais sanções, é a que seus serviços públicos em sentido técnico estrito. A única
possui o procedimento dotado de maior teor garantístico. exceção que faríamos são as atividades econômicas que o
Diante dela, podemos estar diante de quatro situações (arg Estado explorar em concorrência com a iniciativa privada,
ex art.935, CC): pois, à luz do que vimos no capítulo referente à Organiza-
1) Condenação penal: leva à culpa também no processo ção Administrativa, a responsabilidade objetiva dessas es-
cível e no administrativo; tatais as colocariam em desvantagem diante de seus con-
2) Absolvição penal pela negativa do fato ou da autoria: correntes privados (art. 173, § 1º, CF).
também produz efeitos no cível e no administrativo; A ação ou omissão estatal que gerar prejuízo a terceiros
3) Absolvição penal por ausência de ilicitude (legítima (particulares ou mesmo outra entidade pública) engendra
defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de de- responsabilidade civil objetiva (independentemente de cul-
ver legal e exercício regular de direito): produz efeito no cível pa ou ilicitude, bastando o nexo causal) dos entes da Fede-
e no administrativo (art. 65, CPP); ração, das pessoas jurídicas de direito público da Adminis-

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

tração Indireta, das pessoas jurídicas de direito privado da A assertiva se deve ao fato de, em casos tais, o nexo de
Administração Indireta que não exerçam atividades econô- causalidade existir diretamente entre o prejuízo do particular
micas stricto sensu em concorrência com a iniciativa privada e a atuação ou omissão do Poder concedente, não sendo
(art. 173, § 1º, CF) e dos delegatários privados de serviços relevante para esse efeito a execução meramente material
públicos (ex.: concessionários de serviços públicos). pelo concessionário das determinações estatais. O conces-
Especificamente em relação à responsabilidade civil sionário é, nesses casos, mera longa manus do Poder conce-
das delegatárias de serviços públicos, em caso de acidente dente ou do regulador, sem atitude volitiva própria.
de trânsito, o STF adotou posição em caso isolado (RE n. O ponto extremo da responsabilidade civil estatal é a
302622/MG), já em vias de superação, de que essas entida- teoria do risco social ou risco integral, em que o Estado é
des são objetivamente responsáveis, nos termos do art. 37, responsável até por danos não imputáveis ao seu compor-
§ 6º, CF, apenas pelos danos que causarem aos usuários dos tamento independentemente até mesmo de nexo de causa-
serviços públicos delegados, não a terceiros que não os es- lidade, sem possibilidade de causas de exclusão (caso for-
tejam utilizando (no caso o proprietário do veículo particular tuito, força maior, culpa de terceiros, da própria vítima etc.).
com o qual o ônibus da concessionária colidiu). Além da responsabilidade por danos nucleares (art. 21, XXIII,
Apesar da grande perplexidade gerada pela decisão, ela d, CF, regulamentado pela Lei n.6.453/77), outro exemplo
tem, embora não citada expressamente pelo acórdão, apoio dessa espécie de obrigação pecuniária do Estado, mais de
em alguma doutrina, como a de FRANCIS-PAUL BÉNOIT, que seguridade social que de responsabilidade civil propriamen-
distingue o fundamento da responsabilidade da Administra- te dita, é a instituída pela Lei n.10.744, de 09 de outubro de
ção Pública conforme se trate de usuário do serviço público 2003, que, adotando a Teoria do Risco Integral, propicia à
ou de terceiro. Em relação àqueles o seu fundamento seria o União arcar com os prejuízos que venham a ser causados
direito que possuem ao bom funcionamento do serviço; ao por atos terroristas.
passo que para terceiros o fundamento seria mais genérico, O entendimento do referido autor segue no sentido de
consubstanciado no direito a não sofrer nenhum dano anor- que são condutas geradoras da responsabilidade:
mal por fatos produzidos pela Administração Pública. - Ação do Estado
Pois bem, no Recurso Extraordinário n. 459.749, no qual Nesta hipótese, o dano é causado diretamente pelo
se discutiu acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Per- próprio Estado, que terá responsabilidade objetiva, ou seja,
nambuco que condenara empresa privada concessionária independente de culpa e da ilicitude do ato.
de serviço público de transporte ao pagamento de inde- Mesmo que o Estado sem culpa e licitamente cause dano
nização por dano moral a terceiro não usuário, atropelado a outrem, deverá indenizá-lo com fundamento no princípio
por veículo da empresa, os quatro votos até então proferi- da solidariedade social, conforme vimos ao analisarmos os
dos – Ministro Relator JOAQUIM BARBOSA, Ministra CÁR- fundamentos da responsabilidade civil do Estado. Não é
MEN LÚCIA, Ministro RICARDO LEWANDOWSKI e Ministro porque uma conduta do Estado é lícita que um indivíduo
CARLOS BRITTO – afirmaram a responsabilidade objetiva pode sofrer sem qualquer espécie de proteção um prejuízo
das prestadoras de serviços públicos também relativamen- em prol de toda a coletividade, observados os requisitos do
te aos terceiros não usuários de serviços públicos. Em seu dano que veremos no tópico XIX.
voto, o relator reputou indevido diferenciar a sistemática de A responsabilidade por ato ou fato lícito é um dos dados
responsabilidade aplicável conforme a qualidade da vítima, distintivos da responsabilidade objetiva em relação à subje-
uma vez que a responsabilidade objetiva do art. 37, § 6º, tiva ou por culpa. Se a sociedade teve os proveitos, também
da Constituição Federal decorre, tão somente, da natureza deve arcar com os ônus sofridos especialmente por um(s)
da atividade administrativa, não fazendo qualquer distinção dos seus membros (art. 37, § 6º, CF).
quanto ao lesado. É lógico que, muitas vezes, o comportamento comissivo
O julgamento em questão havia sido suspenso em virtu- lesivo será ilícito. Mas este aspecto é irrelevante para a res-
de de pedido de vista formulado pelo Ministro EROS GRAU ponsabilização do Estado, sendo de se considerar apenas a
e constitui uma esperança de que o entendimento esposa- responsabilidade objetiva. Em outras palavras, mesmo que
do no primeiro caso acima mencionado seja definitivamente o ato estatal tenha sido ilícito, o particular, para deflagrar
sepultado pela Corte. Deveremos, no entanto, aguardar mais a responsabilidade do Estado, não precisa provar tal ilicitu-
um pouco para que isso seja consolidado, já que, segundo de, bastando demonstrar o nexo de causalidade. Apenas a
o site do STF, as partes chegaram a um acordo, requerendo responsabilidade pessoal do próprio agente público exige
a sua homologação e a consequente extinção do processo. aquela comprovação.
Outra possível exclusão da aplicação do art. 37, § 6º, Resumindo a responsabilidade comissiva do Estado,
CF, às delegatárias de serviços públicos se deve ao fato de sempre objetiva, pode se dar tanto nos casos de atos jurí-
que muitos dos comportamentos dessas empresas não po- dicos lícitos (ex.: proibição do trânsito em rua em que até
dem ser considerados oriundos de decisões próprias, mas então funcionava um edifício-garagem privado, que natu-
sim de determinações do Poder concedente. Nesses casos, ralmente não terá mais como subsistir); atos materiais líci-
se ocasionarem prejuízos a particulares, a responsabilidade tos (ex.: nivelamento de rua, em que as janelas das casas
do Estado (ou de eventual autarquia reguladora) não será possam ficar abaixo do nível da rua); atos jurídicos ilícitos
meramente subsidiária (apenas em caso de insolvência da (ex.: apreensão de jornais contrariamente ao direito de li-
prestadora privada de serviço público), como é a regra, mas vre expressão) e atos materiais ilícitos (ex.: espancamento de
direta e exclusiva. prisioneiro pelo carcereiro).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
- Omissão do Estado Portanto, a omissão, quando caracterizar um ilícito ad-
Quanto aos atos comissivos (ação estatal), objeto do ministrativo e gerar danos – individuais, coletivos ou difusos
subtópico anterior, o ordenamento pátrio claramente ado- –, desencadeará, além naturalmente do dever de agir para
tou a teoria objetiva da responsabilidade, sob a modalidade suprir a omissão, a responsabilidade civil da pessoa pública
do risco criado, emergindo o dever de indenizar o dano cau- que não cumpriu o seu dever.
sado pela atividade estatal, seja ela lícita ou ilícita. Não é suficiente apenas haver relação entre um dano
Todavia, em relação à responsabilidade do Estado por não evitado com o qual estaríamos adotando a Teoria do
omissão, a doutrina e a jurisprudência dominantes exigem a Risco Integral ou Social (ex.: todos os assaltos seriam indeni-
presença do elemento culpa, sendo suficiente para caracte- záveis pelo Estado), exigindo-se também a falha do serviço
rizá-la provar que a situação impunha um dever de agir ao do Estado.
Estado, e esse quedou inerte por dolo, desídia ou negligên- Como expõe CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO,
cia, ainda que anônima do serviço (sem identificação de um deve se ter em vista mais especificamente o padrão “normal”
servidor concretamente culpado). do serviço, conceito subjetivo, mas aferível por elementos
Realmente, a imputação de um dano decorrente de como o nível de expectativa comum da sociedade, a atuação
omissão estatal não pode ser realizada de forma imediata, do Estado em situações análogas e a expectativa do próprio
uma vez que a inércia não é a causa direta do dano, mas Estado em relação aos seus serviços, inferida, principalmen-
sim um fato da natureza, da própria vítima ou de terceiros, te, da legislação (ex.: o Estado é civilmente responsável pelo
não evitado pelo Estado (ex.: um assalto não evitado; uma assalto que tenha sido realizado em frente a uma cabine da
enchente que levou à perda total de carros). Polícia Militar; morte de pessoa em incêndio em razão de
Como não temos nesses casos uma ação do Estado, lo- o Estado não possuir escada magirus com altura suficiente
gicamente não foi ele o autor direto do dano. O dano adveio para efetuar o salvamento, apesar de ter licenciado a cons-
de força humana ou natural, mas o Estado será responsável trução naquele gabarito; ambulância que demora horas para
se, naquele caso concreto, tinha o dever jurídico de evitar o chegar; inundação conjugada com a má manutenção das
dano. galerias pluviais; prejuízo causado por um particular a outro
Sendo assim, a omissão que pode ensejar a responsabi- por omissão do poder de polícia mesmo tendo a ação do
lidade do Estado é sempre ilícita, ao contrário do que se dá Estado sido solicitada diversas vezes sem nada acontecer;
com a ação, que pode ser lícita ou ilícita para responsabilizar danos advindos de protestos populares quando fosse razoa-
o Estado. A responsabilização por omissão terá lugar apenas velmente possível ao Estado prevê-los etc.).
se o Estado tinha o dever de agir, ou seja, se estava legal- Advém muitas vezes a responsabilidade civil do Estado
mente obrigado a impedir a ocorrência do evento danoso, por omissão de uma combinação da proteção da confiança
e se omitiu. legítima dos cidadãos em relação à atuação do Estado com
Esta “culpa” pela omissão a que a doutrina alude, que a proteção da sua dignidade humana e da efetividade de
seria mais bem traduzida (faute du service) como “falta”, direitos fundamentais, inclusive de natureza prestacional, a
pode consistir em um não funcionamento do serviço, um que façam jus. Se, observados os requisitos da teoria dos
funcionamento tardio ou um funcionamento ineficiente. direitos fundamentais como a reserva do possível e o nú-
Não se refere necessariamente a um agente público deter- cleo essencial, o Estado não atender o cidadão nessa esfera,
minado, mas ao aparato estatal como um todo. Em alguns estará sujeito, não apenas à imposição judicial da obrigação
casos, por disposição legal (cf. v.g. presunções probatórias de fazê-lo, como também a indenizar o cidadão pelo direito
estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor) ou fundamental não adimplido.
por questões práticas concernentes ao ônus da prova (ex.: Eventual incúria do Estado em ajustar-se aos padrões
dificuldade de prova negativa), poderá haver uma presun- civilizatórios não ilide a sua responsabilidade. Não se pode
ção relativa da culpa do Estado. dizer que o serviço é realmente ruim, mas que sempre foi
A tese da responsabilidade subjetiva do Estado para as assim e que todos já sabiam disso. Haverá a responsabilida-
omissões decorre também de o art. 43 do Código Civil apli- de do Estado por omissão, portanto, se descumpriu o dever
car-se apenas aos atos comissivos e de, no sistema do Có- jurídico de agir, ou se agiu, mas atuou abaixo dos padrões
digo, a responsabilidade objetiva somente ter lugar quando a que estava obrigado, surgindo assim o necessário nexo
expressamente prevista (art. 927, parágrafo único), sendo de causalidade. Pouco importa se esta culpa é específica de
que não haveria norma determinando a responsabilidade algum agente individualmente considerado ou se é a cha-
objetiva estatal em casos de omissão, nem mesmo o art. 37, mada “culpa” anônima do serviço.
§ 6º, da Constituição Federal, cuja redação pressupõe uma - Situação de risco criada pelo Estado
causalidade comissiva (“causarem a terceiros”). Nesses casos, não há ação, ou mesmo omissão culposa,
Em nossa opinião não há como se objetivar uma res- do Estado, que tenha causado o dano, que ocorreu direta-
ponsabilidade civil por omissão, na qual inexiste um ato que mente por força natural ou humana alheia.
possa representar o elemento primordial do nexo de causa- Nos casos objeto do presente subtópico – riscos criados
lidade. Se a omissão do prestador do serviço público fosse pelo Estado –, como em nosso Direito não é adotada a Teo-
objetivamente considerada como fato gerador de respon- ria do Risco Integral, o Estado só será responsável na hipóte-
sabilidade civil, o Estado seria um segurador universal dos se em que, em prol de toda a coletividade, comissivamente
membros da coletividade, arcando com todos os prejuízos constituiu uma situação de risco que propiciou, somado ao
que não conseguisse evitar. fato humano ou da natureza, o dano.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Com esses aspectos (aspecto comissivo na criação da O dano para ser indenizável também tem de ser (b) cer-
situação de risco e igualdade na repartição dos ônus sociais), to, ainda que atual ou futuro (ex.: verba que a vítima terá de
os danos decorrentes de situações de risco equivalem aos despender ainda por muitos anos com fisioterapia). O dano
decorrentes da própria ação do Estado, aplicando-se-lhes não pode é ser meramente eventual (ex.: lucro cessante da
a responsabilidade objetiva. Exemplo: fuga de preso ou de empresa que a pessoa teria aberto se não tivesse sofrido o
doente mental que causa danos nas imediações do presídio acidente).
ou do manicômio; raio que cai sobre depósito de munições Os caracteres jurídico e certo do dano serão suficientes
do exército; assassinato de um presidiário por outro etc.) para fazer surgir a responsabilidade do Estado por compor-
Os casos mais comuns são realmente os danos oriundos tamentos ilícitos, sejam eles comissivos ou omissivos (estes,
da guarda de coisas ou pessoas perigosas, mas há também para poder gerar a responsabilidade do Estado, são, segun-
outras hipóteses em que o Poder Público tem que em prol do nosso entendimento, sempre ilícitos, como visto acima).
da sociedade criar situações que coloca terceiros em risco Nos casos de responsabilidade do Estado por atos lícitos
(ex.: acidente decorrente de sinal de trânsito quebrado por (só verificada se por ação ou situação de risco), o dano, além
ter um defeito imprevisível no semáforo; bala perdida em de jurídico e certo, também deverá ser ainda (c) especial,
confronto da polícia com bandidos etc.). isto é, não pode ser genérico, disseminado em toda a so-
Há de se ter uma relação de causalidade direta do dano ciedade (ex.: medida econômica que reduz o poder aquisi-
com o risco suscitado pelo Estado. Do contrário, o Estado tivo da moeda não gera indenização) e (d) anormal, ou seja,
não será responsável (ex.: não haverá a responsabilidade do
não inerente às próprias condições incômodas, mas naturais
Estado por risco criado se os presidiários foragidos vierem
ao convívio social (ex.: poeira de obra que suja a pintura de
a causar danos longe da fonte de risco que é o presídio; ou
muro; interdição por poucas horas da rua, fazendo com que
por detento que morre no presídio em razão de raio). Nesses
casos, não haverá a responsabilidade objetiva por situação seus moradores tenham que pôr seus carros em garagem
de risco criada pelo Estado, mas até poderemos ter a res- paga, fora da rua, não gera direito a ressarcimento (obra que
ponsabilidade por faute du service (ex.: se o assalto cometido atrapalha o comércio não gera dano indenizável, mas se o
pelo foragido foi em frente a cabine policial), se os requisitos interditar totalmente, gerará); abordagens policiais normais
da responsabilidade por omissão estiverem presentes. não causam dano moral etc.).
Constata-se que esses dois últimos requisitos do dano
Requisitos da indenizabilidade do dano para gerar a responsabilidade do Estado por atos lícitos
Continua nos ensinado Aragão: há duas exigências ge- identificam-se com os requisitos da indenizabilidade de cer-
rais (dano jurídico e certo) e duas exigências aplicáveis ape- tas limitações administrativas e da caracterização de deter-
nas à responsabilidade civil do Estado por comportamentos minadas intervenções regulatórias na liberdade econômica
lícitos (danos especiais e anormais). e na propriedade como desapropriações indiretas. E nada
Em primeiro lugar, portanto, o dano há de sempre ser mais natural, pois, na verdade, como concluímos nos res-
(a) jurídico. Se a lesão for econômica, mas não for jurídica, pectivos capítulos, cuja remissão se faz essencial, essas duas
isto é, se, apesar de haver prejuízo, não houver gravame em nada mais são do que exemplos de atos lícitos capazes de
um direito, não eclodirá a responsabilidade civil. Deve haver gerar a responsabilidade civil do Estado.
lesão a algo que a ordem jurídica reconhece como garantido
em favor do sujeito. Excludentes da Responsabilidade
Não se considera dano em seu sentido jurídico, por De acordo com o referido autor a responsabilidade ob-
exemplo, as limitações administrativas, que apenas definem jetiva do Estado não exige a presença de comportamentos
o conteúdo do próprio direito; o fechamento de escola pú- ilícitos, contentando-se com a relação de causa e efeito en-
blica que gerará prejuízos ao dono da lanchonete em fren- tre o comportamento estatal e o dano sofrido pelo terceiro.
te a ela etc. Muito relevante para a caracterização do dano Ele nos ensina quer: toda excludente da responsabili-
como jurídico são as eventuais expectativas legítimas criadas dade civil do Estado será, substancialmente, então, uma ex-
pelo Estado para o particular. Assim, se, no exemplo da lan- cludente do nexo de causalidade entre o comportamento
chonete em frente à escola pública, o Estado incentivou o estatal e o dano, advertindo-se que uma visão muito ampla
particular a instalar uma lanchonete naquele local para aten-
de “nexo de causalidade” pode acabar levando à Teoria do
der os alunos e deixar a área menos deserta e logo depois
Risco Integral na responsabilidade civil do Estado enquanto
fecha a escola, será cogitável a sua responsabilidade objetiva
o art. 37, § 6º, CF, adota a responsabilidade sem culpa, mas
por ação lícita.
A responsabilidade do Estado pode se dar por um ato não sem causa.
lícito, mas este ato tem de retirar algo da esfera jurídica do Surgiram, ao longo da história, inúmeras teorias que
particular. Substancialmente, trata-se da mesma distinção pretendiam explicar o que se entende por causa do dano
que vimos entre as limitações administrativas ordinárias ou em geral. Entre nós foi o próprio Legislador que se ocupou
não indenizáveis e as indenizáveis; é uma questão de grau: de solucionar a questão, atestando, pela primeira vez, no art.
apesar de ambas poderem gerar diminuição no valor do pa- 1.060 do Código Civil de 1916, que, “ainda que a inexecução
trimônio das pessoas, esta tem maior intensidade, e anor- resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
malidade, já que, sendo o patrimônio um conceito jurídico, prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e
na verdade toda diminuição patrimonial seria uma diminui- imediato” – regra mantida, com redação praticamente inal-
ção na esfera jurídica do seu titular. terada, pelo art. 403 do novo Código Civil.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
No Brasil, portanto, independentemente da espécie de Mais correto tecnicamente nesses casos do que dizer
responsabilidade (contratual ou extracontratual, objetiva ou que a culpa da vítima, de terceiros ou a força maior excluem
subjetiva), somente são indenizáveis os danos que sejam con- a responsabilidade civil do Estado seria dizer que excluída
sequência direta e imediata da conduta do agente. Tal enten- ela está pela falta de nexo causal entre a ação estatal e o
dimento assentou-se, no acórdão da 1ª Turma do Supremo dano (ex.: acidente sofrido pelos ditos “surfistas de trem”,
Tribunal Federal, no RE n. 130764/PR. Na ocasião, afirmou-se: usuários que pela emoção preferem viajar sobre o teto dos
“(…) Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no trens; criança que morre afogada em ilha deserta, onde não
art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto ao nexo de se poderia esperar que o Estado dispusesse de um salva-vi-
causalidade é a teoria do dano direto e imediato, também de- das; assalto cometido em zona erma, de madrugada; dano
nominada teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante sofrido por uma lavoura ou acidente automobilístico ocor-
aquele dispositivo da codificação civil diga respeito à impro- rido em razão de geada). O nexo de causalidade se dá, ou-
priamente denominada responsabilidade contratual, aplica- trossim, com o fato da vítima, de terceiro ou da natureza.
se ele também à responsabilidade extracontratual, inclusive a O Estado terá, no entanto, responsabilidade parcial (ha-
objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer considerações verá uma causa de exclusão parcial da sua responsabilidade)
de ordem subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas
se o seu comportamento for causa concorrente do dano, ou
teorias existentes: a da equivalência das condições e a da cau-
seja, se ele se somar à culpa da vítima, de terceiro, ou à força
salidade adequada.”
maior (ex.: se durante tiroteio em favela o cidadão delibera-
Os vocábulos “direto” e “imediato” devem ser interpre-
tados “em conjunto”, conforme leciona GISELA SAMPAIO DA damente decide não se resguardar).
CRUZ. A expressão utilizada pela codificação tem, assim, o sen- YUSSEF SAHID CAHALI, louvando-se nas lições de THE-
tido de necessário, isto é, somente são indenizáveis os danos MISTOCLES CAVALCANTI, sustenta que o caso fortuito, ao
necessariamente decorrentes da atividade ou do ato ilícito. contrário da força maior, por ele conectada a eventos da na-
GUSTAVO TEPEDINO salienta que, para explicar a teoria tureza, não constitui causa de exclusão da responsabilidade
do “nexo causal direto e imediato”, adotada entre nós, sur- civil do Estado. Isso se deve ao fato de que este, ao contrário
giu a “subteoria da necessariedade da causa”, segundo a qual da força maior, é interno, inerente à própria atividade do Es-
“o dever de reparar surge quando o evento danoso é efeito tado que ocasionou o dano (ex.: trem público que, por caso
necessário de certa causa”, ou seja, “uma consequência certa fortuito, descarrilha).
do ato ilícito”. Esta é, conclui, a tendência jurisprudencial bra-
sileira, com esteio no art. 403 do Código Civil e na orientação
do Pretório Excelso: a “busca de um liame de necessariedade
entre causa e efeito, de modo que o resultado danoso seja ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA;
consequência direta do fato lesivo”.
Isto porque o Legislador “se recusou a sujeitar o autor do
dano a todas as nefastas consequências do seu ato, quando Administração Pública Direta
já não ligadas a ele diretamente”, o que possibilita que o nexo Administração Pública direta é aquela formada pelos
causal cumpra “dupla função” no âmbito da responsabilidade entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos.
civil: “Por um lado, permite determinar a quem se deve atribuir Os entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Federal
um resultado danoso, por outro, é indispensável na verificação e os Municípios. À exceção da União, que é dotada de sobe-
da extensão do dano a se indenizar.” rania, todos os demais são dotados de autonomia.
É evidente, pois, que se excluem do dever de indenizar A administração direta é formada por um conjunto de
os chamados danos par ricochet ou reflexos, isto é, os danos núcleos de competências administrativas, os quais já foram
decorrentes de outros danos, infligidos sobre pessoa diversa tidos como representantes do poder central (teoria da re-
do lesado. A “regra no direito brasileiro é a indenização do presentação) e como mandatários do poder central (teoria
dano direto e imediato, assim entendido o dano derivado
do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto
necessariamente da conduta do ofensor. Por conta disso, no
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos ad-
comum dos casos, é a vítima imediata do dano a pessoa le-
ministrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas
gitimada a pleitear indenização. Exceção a esta regra ocorre,
no Brasil, na chamada responsabilidade por dano-morte ou que podem ser organizados por decretos autônomos do
por homicídio, em que se indeniza não o falecido, mas as Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personali-
pessoas atingidas pela morte da vítima, e, portanto, apenas dade jurídica própria.
indiretamente pelo evento que lhe deu causa. Assim é que Assim, os órgãos da Administração direta não possuem
os danos indiretos, reflexamente causados a terceiros (‘danos patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome
por ricochete’), sem qualquer violação à relação contratual próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser au-
ou extracontratual, não encontram guarida no ordenamento tor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de mandado
jurídico brasileiro justamente porque não decorrem direta e de segurança – tanto como impetrante como quanto impe-
imediatamente do ato ilícito”. trado). Já que não possuem personalidade, atuam apenas no
Postos esses limites à noção de nexo de causalidade, te- cumprimento da lei, não atuando por vontade própria. Logo,
remos que verificar se o dano sofrido pela pessoa tem como órgãos e agentes públicos são impessoais quando agem no
causa a sua própria culpa, de terceiros, ou de fatos da natu- estrito cumprimento de seus deveres, não respondendo di-
reza (força maior). retamente por seus atos e danos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res- como no caso das empresas públicas e sociedades de eco-
ponsabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que nomia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o grau de
estejam exercendo atribuições da Administração direta é especialidade e eficiência da prestação do serviço público
denominada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, ou, quando exploradoras de atividades econômicas, visan-
que institui o princípio da impessoalidade. do atender a relevante interesse coletivo e imperativos da
Quanto se faz desconcentração da autoridade central segurança nacional.
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com Com efeito, de acordo com as regras constantes do
diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só po-
simples ou complexos (simples se possuem apenas uma derá explorar atividade econômica a título de exceção, em
estrutura administrativa, complexos se possuem uma rede duas situações, conforme se colhe do caput do referido ar-
de estruturas administrativas) e em unitários ou colegiados tigo, a seguir reproduzido:
(unitário se o poder de decisão se concentra em uma pes- Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
soa, colegiado se as decisões são tomadas em conjunto e tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
prevalece a vontade da maioria): Estado só será permitida quando necessária aos imperati-
a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es- vos de segurança nacional ou a relevante interesse coleti-
trutura do Estado, gozando de independência para agir e vo, conforme definidos em lei.
não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras cons-
políticas que serão implementadas. É o caso da Presidên- titucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado, ao
cia da República, órgão complexo composto pelo gabinete, Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta de-
pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Repúbli- ferida ao setor privado. Assim, apenas explora atividades
ca, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do Texto
da República é o único que toma as decisões). Constitucional. Quando atuar na economia, concorre em
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do grau de igualdade com os particulares, e sob o regime do
poder, com autonomia funcional, porém subordinados po- artigo 170 da Constituição, inclusive quanto à livre concor-
liticamente aos independentes. É o caso de todos os minis- rência, submetendo-se ainda a todas as obrigações cons-
térios de Estado. tantes do regime jurídico de direito privado, inclusive no
c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia tocante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tri-
ou independência, sendo plenamente vinculados aos ór-
butárias.
gãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vin-
culada ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamento
Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades
da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
de economia mista
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos
Autarquias
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais
As autarquias são pessoas jurídicas de direito públi-
do MTE.
co, de natureza administrativa, criadas para a execução de
ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas
serviços públicos, antes prestados pelas entidades estatais
e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura,
sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade, que as criam. Contam com patrimônio próprio, constituído
para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos a partir de transferência pela entidade estatal a que se vin-
não pertencem nem mesmo aos três poderes. culam, portanto, capital exclusivamente público. Logo, as
Administração Pública Indireta autarquias são regidas integralmente pelo regime jurídico
A Administração Pública indireta pode ser definida de direito público, podendo, tão-somente, ser prestado-
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou ras de serviços públicos, contando com capital oriundo da
privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que Administração direta. A título de exemplo, citamos as se-
atuam paralelamente à Administração direta na prestação guintes autarquias: Instituto Nacional de Colonização e Re-
de serviços públicos ou na exploração de atividades econô- forma Agrária (Incra), Instituto Nacional do Seguro Social
micas. Em que pese haver entendimento diverso registrado (INSS), Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
em nossa doutrina, integram a Administração indireta do (DNER), Conselho Administrativo de Defesa Econômica
Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Au- (CADE), Departamento nacional de Registro do Comércio
tarquias, as Fundações, as Sociedades de Economia Mista e (DNRC), Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI),
as Empresas Públicas. Ao lado destas, podemos encontrar Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na-
ainda entes que prestam serviços públicos por delegação, turais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen).
embora não integrem os quadros da Administração, quais
sejam, os permissionários, os concessionários e os autori- Fundações
zados. As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um
Essas quatro pessoas integrantes da Administração patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor
indireta serão criadas para a prestação de serviços públi- para atingir uma finalidade específica, denominadas, em
cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômicas, latim, universitas bonorum.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive Entidades Paraestatais
para aquelas que não integram a Administração indireta Entidades paraestatais “são aquelas pessoas jurídicas
(não-governamentais). No caso das fundações que inte- que atuam ao lado e em colaboração com o Estado. [...] Há
gram a Administração indireta (governamentais), quando juristas que entendem serem entidades paraestatais aque-
forem dotadas de personalidade de direito público, serão las que, tendo personalidade jurídica de direito privado (não
regidas integralmente por regras de direito público. Quando incluídas, pois, as autarquias), recebem amparo oficial do
forem dotadas de personalidade de direito privado, serão Poder Público, como as empresas públicas, as sociedades
regidas por regras de direito público e direito privado. de economia mista, as fundações públicas e as entidades de
cooperação governamental (ou serviços sociais autônomos),
Sociedades de economia mista como o SESI, SENAI, SESC, SENAC etc. Outros pensam exa-
As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas tamente o contrário: entidades paraestatais seriam as autar-
de Direito Privado criadas para a prestação de serviços pú- quias. Alguns, a seu turno, só enquadram nessa categoria as
blicos ou para a exploração de atividade econômica, con- pessoas colaboradoras que não se preordena a fins lucrati-
tando com capital misto e constituídas somente sob a forma vos, estando excluídas, assim, as empresas públicas e as so-
empresarial de S/A. ciedades de economia mista. Para outros, ainda, paraestatais
As sociedades de economia mista são: pessoas jurídicas seriam as pessoas de direito privado integrantes da Adminis-
de Direito Privado, exploradoras de atividade econômica ou tração Indireta, excluindo-se, por conseguinte, as autarquias,
prestadoras de serviços públicos, empresas de capital misto, as fundações de direito público e os serviços sociais autôno-
constituídas sob forma empresarial de S/A. mos. Por fim, já se considerou que na categoria se incluem
Alguns exemplos de sociedade mista: além dos serviços sociais autônomos até mesmo as escolas
- Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil oficializadas, os partidos políticos e os sindicatos, excluindo-
e Banespa. se a administração indireta. Na prática, tem-se encontrado,
- Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, com frequência, o emprego da expressão empresas estatais,
Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional sendo nelas enquadradas as sociedades de economia mista
Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços, e as empresas públicas. Há também autores que adotam o
empresa responsável pelo gerenciamento da execução de referido sentido” . Para o autor que se toma como referencial
contratos que envolvem obras e serviços públicos no Estado teórico, “deveria abranger toda pessoa jurídica que tivesse
de São Paulo).
vínculo institucional com a pessoa federativa, de forma a re-
Empresas públicas
ceber desta os mecanismos estatais de controle. Estariam,
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Pri-
pois, enquadradas como entidades paraestatais as pessoas
vado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para
da administração indireta e os serviços sociais autônomos” .
a exploração de atividades econômicas, que contam com
capital exclusivamente público, e são constituídas por qual-
quer modalidade empresarial, após autorização legislativa
do ente federativo criador. AGENTES PÚBLICOS;
Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços
públicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda
que constituída segundo o modelo imposto pelo Direito
Privado. Se a empresa pública é exploradora de atividade Para este tópico traremos os ensinamentos do professor
econômica, estará submetida a regime jurídico denomina- Marco Antonio Praxedes de Moraes Filho, no qual conceitua
do pela doutrina como semi público, ante a necessidade de agente público como sendo: é uma terminologia genérica
observância, ao menos em suas relações com os adminis- que representa a existência de um vínculo jurídico-profissio-
trados, das regras atinentes ao regime da Administração, a nal entre qualquer pessoa física e o Poder Público. Desta for-
exemplo dos princípios expressos no “caput” do artigo 37 da ma, toda pessoa física que, a qualquer título, exerça funções
Constituição Federal. públicas é considerada agente público.
Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como Agentes Políticos
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social São os componentes do Governo nos seus primeiros
(BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo escalões, investidos de cargos, funções, mandatos ou comis-
(EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); sões, por nomeação, eleição, designação ou delegação para
a Caixa Econômica Federal (CEF). o exercício das atribuições constitucionais.
Agências reguladoras São eles:
São figuras muito recentes em nosso ordenamento ju- - Chefes do Executivo (Presidente da República, Gover-
rídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime nador dos Estados e Distrito Federal e Prefeitos Municipais),
especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com ca- seus auxiliares diretos (Ministros de Estado, Secretários de
pacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as regras Estado e Secretários Municipais);
das autarquias. - Membros do Poder Legislativo (Senadores da Repú-
Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução blica, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados
de serviços públicos. Elas não executam o serviço propria- Distritais e Vereadores);
mente, elas o fiscalizam. - Membros do Poder Judiciário (Magistrados);

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

- Membros do Ministério Público (Procuradores da Re- O prazo de validade do concurso público será de até
pública, Procuradores de Justiça e Promotores de Justiça); dois anos, prorrogáveis uma vez, por igual período (art. 37,
- Membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Con- III, CF). A prorrogação da validade do concurso é um ato
selheiros); discricionário da Administração Pública.
- Representantes Diplomáticos. As nomeações observarão a ordem de classificação (art.
37, IV, CF). Regra geral, o aprovado em concurso público tem
Servidores Públicos Civis apenas expectativa de direito quanto a investidura no cargo,
São aqueles incumbidos do exercício da função admi- ficando a critério da Administração Pública realizar as no-
nistrativa civil (não militar), regidos pelas normas do art. 39 meações. Porém, há diversos julgamentos do STF relatando
da Constituição Federal, sujeitos ao regime estatutário. certas situações ocorridas no mundo dos fatos concedendo
direito adquirido aos aprovados em concurso público. Ex.
Servidores Públicos Militares aprovado dentro do número de vagas.
São aqueles que integram as carreiras militares dos Es- A necessidade da realização de exame psicotécnico em
tados, do Distrito Federal e Territórios e das Forças Armadas concursos públicos precisa estar previamente estabelecida e
(art. 42, CF; art. 142, § 3°, CF). lei e deverá ser pautada e critérios objetivos.
Estados / DFT Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Mi- Súmula 686, STF
litar Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habi-
litação de candidato a cargo público.
Forças Armadas Exército, Marinha e Aeronáutica
A lei deverá reservar percentual dos cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá
Empregados Públicos
os critérios de sua admissão (art. 37, VIII, CF). Ex. O art. 5° da
São aqueles ocupantes de emprego público, remunera-
Lei n° 8.112/90 reserva em até 20% das vagas para portado-
dos por salários e sujeitos às regras da Consolidação das Leis res de deficiência.
do Trabalho (CLT). Em regra, são os vinculados às Empresas
Estatais (Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista). Acumulações
É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos
Servidores Temporários (art. 37, XVI, CF).
São aqueles contratados para atender a situações tran- - REGRA
sitórias e excepcionais (art. 37, IX, CF). Acumulação Proibida
CF/88 - EXCEÇÃO
Art. 37. (...)
IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tem- Estabilidade
po determinado para atender a necessidade temporária de Para os agentes públicos em geral, são estáveis após
excepcional interesse público; três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
Lei n° 8.745/93 cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público
Dispõe sobre a contratação por tempo determinado (art. 41, caput, CF).
para atender a necessidade temporária de excepcional in- Todavia, para os Magistrados e Membros do Ministério
teresse público. Público a estabilidade recebe o nome especial de vitalicie-
Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis dade, sendo adquirida após dois anos de exercício (art. 95, I,
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos CF; art. 128, § 1°, I,CF).
em lei, assim como aos estrangeiros na forma da lei (art. 37,
I, CF). Responsabilidade
A investidura em cargos ou empregos públicos depende A prática de ato ilícito pelo agente público no exercício
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de de suas funções pode ensejar a responsabilidade civil, crimi-
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexida- nal e administrativa.
de do cargo ou emprego. Excepcionalmente, as nomeações A regra é a independência/autonomia entre as três esfe-
ras. Todavia, se o agente público for absolvido criminalmen-
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
te por duas situações especiais também deverá ser absolvi-
e exoneração, não exige aprovação em concurso público
do nas demais esferas.
(art. 37, II, CF, com redação dada pela Emenda Constitucio-
Conforme artigo científico de Hálisson Rodrigo Lopes
nal nº 19, de 1998).
três são as modalidades de aposentadoria, conforme dis-
CF/88 posto nos incisos I a III, do art. 40 da Constituição Federal,
Art. 37.(...) abaixo explicitadas:
II -a investidura em cargo ou emprego público depende Aposentadoria por invalidez permanente, sendo os pro-
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de ventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. Tais
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de condições decorrem de fato mórbido que impede o servidor
livre nomeação e exoneração; de desempenhar as funções previstas para o cargo provido.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
No caso das exceções acima, “os proventos serão inte- Cargo, Emprego e Função Pública
grais, sendo absolutamente irrelevante a idade do servidor Doutrinadores conceituam quadro funcional como sen-
e o seu tempo de contribuição.” (GASPARINI, 2008, p. 206) do o conjunto de carreiras, cargos isolados e funções públi-
A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro 1990, que dispõe so- cas de uma mesma pessoa jurídica. Desta forma podemos
bre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, afirmar que Cargo é uma pequena parte da organização
das autarquias e das fundações públicas federais, informa funcional da Administração, o menor centro de compe-
no art. 186, § 1º, quais as doenças que justificam a invali- tência, ocupada por servidor público estatutário, ao qual é
dez permanente, visando à aposentadoria, senão vejamos: atribuído um conjunto de atribuições previstas em lei, que
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neo- constituirá a sua competência (cf. definição, ligeiramente di-
plasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço ferente, da Lei n. 8.112/90, art. 2º).
público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, O professor Aragão afirma que: um dos elementos mais
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose an- importantes dos quadros funcionais são as carreiras: carreira
quilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de é o conjunto de classes funcionais, por sua vez composta de
Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência cargos, cujos ocupantes têm a possibilidade de ir galgando
Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na de uma classe para a outra, o que constitui a progressão
medicina especializada. funcional (ex.: na carreira há três classes, cada uma delas
Já no art. 212, da legislação supracitada, salienta com um número de cargos. A nomeação do concursado se
que: configura acidente em serviço o dano físico ou mental dá na 3ª classe e, atendendo a determinadas condições, ele
sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imedia- vai sendo promovido para os cargos de 2ª e de 1ª classes
tamente, com as atribuições do cargo exercido, equiparando sucessivamente).
ao acidente em serviço o dano decorrente de agressão sofri- Para ele; os cargos que integram classes funcionais
da e não provocada pelo servidor no exercício do cargo; so- são chamados sucessivamente cargos de carreira. Mas há
frido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa. também os chamados cargos isolados que, apesar de inte-
Outra modalidade de aposentadoria é a compulsória, grarem o quadro funcional geral do ente, não pertencem a
com proventos proporcionais ao tempo de serviço, quan- qualquer carreira, não ensejando, consequentemente, pro-
do o servidor completar setenta anos de idade, “proventos gressão funcional. São cargos de natureza estanque (ex.: Mi-
estes que, não obstante, poderá atingir aritmeticamente a nistro do TCU).
remuneração integral da ativa se já houver atingido o ser- Desta forma todo cargo é composto de funções pró-
vidor o referido tempo máximo de contribuição.” (ARAÚJO, prias, mas nem toda função pública pressupõe a existência
2010, p. 329) de um cargo na qual deva estar alocada. Nos ensina o auto
que: há funções públicas sem cargo: as funções gratificadas,
Alexandre de Moraes (2011, p.395) destaca que “o Su-
pelas quais o servidor com vínculo permanente percebe re-
premo Tribunal Federal alterou seu posicionamento anterior,
muneração pelo desempenho da atividade (art. 37, V); e as
pacificando a inaplicabilidade das regras da aposentadoria
funções temporárias (art. 37, IX). Os empregados públicos
compulsória em virtude de idade aos notários referidos no
também exercem função pública sem ocupar cargos, pos-
art. 236 da Constituição Federal.”
suindo emprego público, que é a relação jurídica trabalhista
Por fim, a aposentadoria voluntária, desde que cum-
estabelecida com o Estado, pela qual se incumbe e se habi-
prido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no
lita ao exercício de determinadas funções, mas, como não
serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se
têm uma relação estatutária, não ocupam cargos.
dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:
Utilizaremos a classificação do referido autor para a ex-
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, plicação e diferenciação de cargo, emprego e função públi-
se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de ca, conforme segue:
contribuição, se mulher. Os requisitos de idade e de tem-
po de contribuição serão reduzidos em cinco anos, para o Classificação dos cargos públicos
professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo Tendo em vista a situação dos cargos diante do quadro
exercício das funções de magistério na educação infantil e funcional, já vimos no tópico anterior que há os cargos de
no ensino fundamental e médio; b) sessenta e cinco anos de carreira e os cargos isolados.
idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com Sob o prisma das garantias de permanência nos cargos,
proventos proporcionais ao tempo de contribuição. eles podem agrupar-se em três categorias: 1) vitalícios; 2)
Por sua vez, Alexandre Mazza (2011, p.450) adverte que efetivos; e 3) em comissão.
“em relação aos servidores que cumpriram todos os requi- 1) Cargos vitalícios
sitos até a data de promulgação da Emenda nº 42/2003, a São os cargos que oferecem maior garantia de perma-
aposentadoria será calculada, integral e proporcionalmente, nência aos seus ocupantes, já que, após adquirida a vitalicie-
de acordo com a legislação vigente antes da emenda. Entre- dade, só podem perder o cargo mediante decisão judicial
tanto, quanto aos demais servidores públicos, não há mais transitada em julgado. Dirige-se a servidores públicos pre-
possibilidade de aposentadoria com proventos integrais, vistos constitucionalmente que exercem elevadas funções
passando seu valor a sujeitar-se aos patamares do regime de controle, e que, por isso, devem ter garantida de forma
geral de previdência”. reforçada a sua independência.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

A vitaliciedade é de previsão constitucional expressa. Na O servidor estável que perder o cargo por essa razão,
vigente ordem constitucional, são vitalícios os cargos dos de cunho financeiro-orçamentário, terá direito a indenização
magistrados (art. 95, I), dos membros do Ministério Público na forma do § 5º do art. 169, CF (um mês de remuneração
(art. 128, § 5º, I, a) e dos Tribunais de Contas (art. 73, § 3º). por ano de serviço). O seu cargo é definitivamente extinto,
Via de regra, a vitaliciedade é adquirida após dois anos e ele nem ficará em disponibilidade (ver conceito adiante),
de exercício do cargo, mas, nos casos em que a nomeação desligando-se, outrossim, definitivamente do serviço públi-
não se dá por concurso, é adquirida desde o início do exer- co (169, § 6º).
cício (ex.: Ministros do STF e do TCU). Quanto à diferença entre a vitaliciedade e estabilidade,
2) Cargos efetivos diz HELY LOPES MEIRELLES que a vitaliciedade é no cargo e a
São os cargos que possuem caráter de permanência, estabilidade, no serviço público. CARMEN LÚCIA ANTUNES
mas um pouco menos forte que a existente nos cargos vi- DA ROCHA entende que esta distinção, apesar de tradicio-
talícios. São a grande maioria dos cargos dos quadros fun- nalmente repetida, não é procedente, já que não há vínculo
cionais. genérico com o serviço público, mas sim com determinado
Os ocupantes de tais cargos, após três anos de efetivo cargo. Neste sentido, caracteriza a vitaliciedade simples-
exercício, adquirem estabilidade, em razão da qual só pode- mente como uma “estabilidade especial”, mais fácil (dois em
rão perder o cargo pelas causas taxativamente previstas na
vez de três anos) de ser adquirida e revestida de maiores
Constituição. A estabilidade é o direito de o servidor esta-
proteções (perda só com decisão transitada em julgado).
tutário, investido em cargo efetivo, permanecer no serviço
Como a Constituição Federal, ao tratar da estabilidade
público após três anos de efetivo exercício e desempenho
avaliado positivamente por Comissão (art. 41), ou seja, não (art. 41), refere-se apenas à nomeação (não a contratação)
basta o decurso do tempo, devendo haver também o juízo e a cargos (não a empregos), não há de se falar da estabi-
positivo expresso da comissão de avaliação do estágio pro- lidade para os servidores trabalhistas, ressalvadas algumas
batório. restrições à sua dispensa, já que o fato de os empregados
Mas, mesmo durante o estágio probatório, o servidor públicos não terem estabilidade não quer dizer que a sua
não pode ser exonerado ou demitido sem inquérito ou sem dispensa possa ser arbitrária, desmotivada ou desrespeitosa
as formalidades legais de apuração de suas capacidades, in- dos princípios da Administração Pública. Não que seja ad-
clusive com ampla defesa (Súmula n. 21, STF, e art. 5º, IV, CF). missível apenas a sua dispensa com justa causa, mas devem
Apesar de terem muitas conexões, o instituto da efeti- ser adotados critérios motivados, razoáveis e igualitários na
vidade não se confunde com o da estabilidade. O empos- definição de quais empregados serão dispensados e quais
sado em cargo efetivo de pronto já tem efetividade, que é não o serão. O art. 3º da Lei n. 9.962/00 adotou esta dou-
concernente à natureza do cargo que ocupa, mas só terá trina.
estabilidade após três anos. A efetividade do cargo é um dos 3) Cargos em comissão
principais requisitos para a obtenção da estabilidade. Os cargos em comissão, também chamados de cargos
Até a Reforma Administrativa, da EC n. 19/1998, o prazo de confiança, ao contrário dos anteriores, não possuem
para a aquisição de estabilidade era o mesmo da vitalicieda- qualquer caráter de permanência, sendo de livre nomeação
de – dois anos. (independem de concurso público) e exoneração (despida
As causas taxativamente previstas na CF como enseja- de qualquer formalidade ou condição) – art. 37, II, in fine.
doras da perda do cargo pelo servidor estável são as se- O art. 37, V, tratou de forma distinta as funções de
guintes: confiança e os cargos de confiança: aquelas só podem ser
(a) Decisão judicial transitada em julgado, prevista no exercidas por ocupantes de cargo efetivo; e os cargos de
art. 41, §1º, I (única hipótese, como vimos acima, que tam- confiança podem ser exercidos por pessoas “extraquadros”,
bém é de perda do cargo vitalício); respeitados apenas os percentuais mínimos previstos em lei
(b) Decisão em processo administrativo com ampla de- destinados obrigatoriamente a servidores efetivos. Em ou-
fesa e contraditório (art. 41, §1º, II);
tras palavras, “os cargos em comissão representam as mais
(c) Avaliação periódica de desempenho, conforme pre-
elevadas responsabilidades a serem exercidas sob a fidúcia
visto em lei complementar de cada ente e assegurado o
da autoridade nomeante e, em linha de princípio, podem
contraditório. O art. 41, §1º, III, que prevê essa hipótese de
perda do cargo pelo servidor estável, é, portanto, norma de recair sobre quaisquer destinatários, servidores ou não, des-
eficácia limitada, ou seja, cuja eficácia está condicionada à de que preencham as condições legais ou regulamentares
edição da lei complementar nela referida. CELSO ANTÔNIO preestabelecidas pelo Poder Público. Por outro lado, a le-
BANDEIRA DE MELLO sustenta que esta hipótese deve ser gislação infraconstitucional deverá contemplar uma reserva
entendida como apenas os casos em que a insuficiência já de tais cargos para os servidores organizados em carreira
seria de tal monta que de qualquer forma já ensejaria a de- (CF/88, art. 37, V). As funções de confiança, de outra banda,
missão prevista no inciso II; aparecem na estrutura administrativa escalonadas imediata-
(d) Necessidade de redução de despesas para cumpri- mente abaixo dos cargos em comissão e são exclusivas dos
mento do percentual de 60% da receita corrente líquida com servidores ocupantes de cargos efetivos de qualquer esfera
despesas de pessoal, na forma do art. 169 c/c o art. 247, governamental”. Inerente às funções de confiança e aos car-
CF, art. 33 da Emenda Constitucional n. 19/98, regulamenta- gos em comissão está o grau de fidúcia esperado de ocu-
do pelos arts. 18 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei pante de ambos, sendo necessária uma relação de confiança
Complementar n. 101/00) e pela Lei n. 9.801/99. qualificada, superior àquela ordinariamente já exigida.

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Com efeito, há de existir na criação de cargos em comis- mente, fatos da mesma gravidade que os necessários para
são uma fidúcia pessoal diferente daquela que é exigível de demitir servidores estáveis. O vínculo não é tão forte, e, por
todo indivíduo que ocupe uma posição no organograma da exemplo, a demonstração objetiva da ineficiência do servidor
Administração, seja por determinação do regime estatutário ocupante de cargo em comissão por prazo determinado seria
que lhe seja aplicável, seja pelas normas da legislação tra- suficiente para levar à sua exoneração.
balhista que determinam ao empregado agir de forma leal A criação é a formação de novos cargos, empregos ou
com o empregador. funções públicas no quadro funcional. Na extinção, eles são
O art. 37, V, in fine, reafirmando posição doutrinária já suprimidos, não precisando ser feita diretamente pela lei, mas
existente, dispõe que não é qualquer cargo que a Lei pode pelo Chefe do Poder Executivo desde que o cargo esteja vago
considerar de confiança, mas apenas os de direção, chefia e (art. 84, VI).
assessoramento. Para EDMIR NETTO DE ARAUJO, a elas de- Já pela transformação, dá-se a extinção e criação conco-
veriam ser acrescentadas as funções de “consultoria e assis- mitante de cargos, funções ou empregos públicos. Uma po-
tência”, que não foram contempladas, ou por uma omissão sição desaparece para dar lugar a outra(s) posição(s) nova(s).
do Constituinte, ou ainda por poderem ser implicitamente Como o art. 61, § 1º, II, a, se refere à lei de iniciativa do
retiradas da terminologia “assessoramento”, o que, entre- Chefe do Poder Executivo apenas para a criação de cargos,
tanto, não seria tecnicamente preciso. funções e empregos públicos na Administração Direta e nas
A exigência constitucional de que os cargos comissio- autarquias, não se referindo às entidades de direito privado da
nados sejam reservados a situações de direção, chefia e as- Administração Indireta, os empregos nessas entidades podem
sessoramento demonstra que somente posições com uma ser criados sem lei, atendidas as normas de supervisão minis-
carga de responsabilidade e fidúcia reforçadas justificam a terial e os seus orçamentos.
exceção ao dever de realizar concurso público para o preen- Assim, a ausência de menção às estatais no referido dis-
chimento de vagas na Administração Pública. positivo constitucional demonstra que o Constituinte, atento
Vale nesse sentido comentar uma importante decisão à natureza empresarial dessas entidades, dispensou-as da ne-
do STF sobre a criação de cargos em comissão, matéria que, cessidade de lei para criação e extinção de empregos públicos.
embora permeadas por alto grau de discricionariedade le- Para SÉRGIO DE ANDRÉA FERREIRA, “se, para a adminis-
gislativa, foi sindicada pelo Poder Judiciário: na ADI n. 3.233, tração pública direta e autárquica, há necessidade de lei, para a
o Pleno declarou a inconstitucionalidade, por violação ao art. caracterização dos cargos em comissão ou empregos de con-
37, II, da Constituição Federal, do art. 1º, caput e incisos I e II, fiança, o mesmo não ocorre com as entidades administrativas
da Lei n.6.600/98; do art. 5º da Lei Complementar n. 57/03 e de direito privado, nas quais isto se faz, ora por decreto, no
das Leis n. 7.679/04 e n. 7.696/04, todas do Estado da Paraí- caso de certas fundações públicas; ou por atos internos dos
ba, que criaram funções de confiança denominadas “agente próprios entes”.
judiciário de vigilância”, posteriormente denominadas “as- O Tribunal de Contas da União firmou entendimento nes-
sessor de segurança”. Entendeu que referidas funções não te sentido a partir da Decisão n.158/02, em caso referente ao
exigiam habilidade profissional específica, também não sen- Banco do Brasil S/A: “Ora, a criação de empregos públicos em
do funções dotadas de poder de comando, e, portanto, não Sociedades de Economia Mista que desenvolvem atividades
poderiam ser consideradas, ainda que por Lei “funções de econômicas não necessita ser realizada por intermédio de lei. É
confiança”, a serem preenchidas sob a forma de cargos em indiscutível, também, que o regime jurídico das pessoas esta-
comissão, e, por conseguinte, sem concurso público. tais que desenvolvem tais atividades é o privado – onde vigora
Apesar de a expressão “função de confiança” ser real- a livre criação de empregos –, apenas derrogado excepcio-
mente um conceito jurídico indeterminado, é possível a sua nalmente pela Carta Magna. Ante isto, seria um contrassenso
sindicabilidade à luz das normas constitucionais, sobretudo imaginar que o Legislador decidiu que a criação de cargos em
em hipóteses como a acima aventada, que claramente não comissão em Sociedades de Economia Mista que desempe-
se enquadrava no referido conceito – ou seja, encontrava-se nham atividades econômicas só é cabível por meio de lei e, ao
na zona de certeza negativa do conceito, que “destina-se mesmo tempo, nestas mesmas Sociedades, houve por bem
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramen- não submeter à lei a criação de empregos públicos (...).”
to” (art. 37, V, CF). Não basta obviamente a lei apenas dar o Fora do Poder Executivo, possuem iniciativa legislativa pri-
nome de “assessor”. vativa para criar posições funcionais no âmbito de suas respec-
Por fim, dentro da espécie dos cargos de confiança, tivas estruturas funcionais o Poder Judiciário (art. 96, II, b), os
poderíamos também incluir os cargos de provimento por Tribunais de Contas e o Ministério Público (art. 127, § 2º).
prazo determinado, vedada a exoneração ad nutum (ex.: No que concerne ao próprio Poder Legislativo, a matéria
os dirigentes das agências reguladoras, Chefes dos Mi- não é regulamentada por lei, o que exigiria a sanção presiden-
nistérios Públicos e os reitores de universidades públicas). cial, atenuando sua própria autonomia de maneira que os seus
ODETE MEDAUAR os denomina de “cargos ocupados por cargos podem ser criados, transformados ou extintos por Re-
mandato”. Pelo entendimento do STF (ADI n. 1.949), não há solução Legislativa (arts. 51, IV, e 52, XIII). Apenas a fixação da
propriamente uma “estabilidade temporária”, mas sim uma remuneração é que, após a Emenda Constitucional n. 19/98,
limitação legal do poder de exoneração às hipóteses de fal- ficou dependendo de lei, de iniciativa privativa da Câmara ou
ta grave, após prévio contraditório. Não se exige, natural- do Senado, dependendo do quadro funcional respectivo.

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

agente possui competência para agir naquela questão, mas


PODERES não o faz em respeito ao interesse público, ou seja, desvir-
tua-se do fim que deveria atingir o seu ato, por isso o des-
vio de poder também é denominado desvio de finalidade.
A conduta abusiva é passível de controle, inclusive judicial.
Os poderes conferidos à administração surgem como “Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de po-
instrumentos para a preservação dos interesses da coleti- der se configura como ilegalidade. Não se pode conceber
vidade. Caso a administração se utilize destes poderes para que a conduta de um agente, fora dos limites de sua com-
fins diversos de preservação dos interesses da sociedade, petência ou despida da finalidade da lei, possa compatibili-
estará cometendo abuso de poder, ou seja, incidindo em ile- zar-se com a legalidade. É certo que nem toda ilegalidade
galidade. Neste caso, o Poder Judiciário poderá efetuar con- decorre de conduta abusiva; mas todo abuso se reveste de
trole dos atos administrativos que impliquem em excesso ou ilegalidade e, como tal, sujeita-se à revisão administrativa ou
abuso de poder. judicial” .
Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro que
colocados como prerrogativas de direito público conferidas a legislação não apenas confere poderes ao administrador,
aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Estado al- mas também estabelece deveres.
cance os seus fins. Evidentemente, em contrapartida a estes Os poderes da Administração se dividem em: vinculado,
poderes, surgem deveres ao administrador. discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamentar e de po-
“O poder administrativo representa uma prerrogativa lícia, cujo estudo será aprofundado adiante.
especial de direito público 1) Poder vinculado: o administrador se encontra diante
outorgada aos agentes do Estado. Cada um desses terá de situações que comportam solução única anteriormente
a seu cargo a execução de certas prevista por lei. Portanto, não há espaço para que o admi-
funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas aos nistrador faça um juízo discricionário, de conveniência e
agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercício é vol- oportunidade. Ele é obrigado a praticar o ato daquela for-
tado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro ma, porque a lei assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria
dos limites que a lei traçou, pode dizer-se que usaram
compulsória por servidor que já completou 70 anos; pedido
normalmente os seus poderes.
de licença para prestar serviço militar obrigatório.
Uso do poder, portanto, é a utilização normal, pelos
2) Poder discricionário: é aquele em que o administrador
agentes públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere” .
não está diante de situações que comportam solução única.
Neste sentido, “os poderes administrativos são outorga-
Possui espaço para exercer um juízo de valores de conve-
dos aos agentes do Poder Público para lhes permitir atuação
niência e oportunidade. Há quem diga que, por haver tal
voltada aos interesses da coletividade. Sendo assim, deles
liberdade, não existe o dever de motivação, mas isso não
emanam duas ordens de consequência: 1ª) são eles irrenun-
está correto: aqui, mais que nunca, o dever de motivar se
ciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente exercidos pelos
titulares. Desse modo, as prerrogativas públicas, ao mesmo faz presente, demonstrando que não houve arbítrio na deci-
tempo em que constituem poderes para o administrador são tomada pelo administrador. Basicamente, não é porque
público, impõem-lhe o seu exercício e lhe vedam a inércia, o administrador tem liberdade para decidir de outra forma
porque o reflexo desta atinge, em última instância, a coleti- que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça, inci-
vidade, esta a real destinatária de tais poderes. Esse aspec- dirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os parâme-
to dúplice do poder administrativo é que se denomina de tros da razoabilidade é atentatório à lei.
poder-dever de agir” . Percebe-se que, diferentemente dos 3) Poder hierárquico: trata-se do poder conferido à
particulares aos quais, quando conferido um poder, podem administração de fixar campos de competência quanto às
optar por exercê-lo ou não, a Administração não tem facul- figuras que compõem sua estrutura. É um poder de auto-or-
dade de agir, afinal, sua atuação se dá dentro de objetos de ganização. É exercido tanto na distribuição de competências
interesse público. Logo, a abstenção não pode ser aceita, o entre os órgãos quanto na divisão de deveres entre os servi-
que transforma o poder de agir também num dever de fa- dores que o compõem.
zê-lo: daí se afirmar um poder-dever. Com efeito, o agente 4) Poder disciplinar: é o poder conferido à administra-
omisso poderá ser responsabilizado. ção para aplicar sanções aos seus servidores que pratiquem
Havendo poderes, naturalmente será possível o abuso infrações disciplinares. Estas sanções aplicadas são apenas
deles: “A conduta abusiva dos administradores pode decor- as que possuem natureza administrativa, não envolvendo
rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de sua sanções civis ou penais. Entre as penas que podem ser apli-
competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua compe- cadas, destacam-se a de advertência, suspensão, demissão
tência, afasta-se do interesse público que deve nortear todo e cassação de aposentadoria. Evidentemente que tais puni-
o desempenho administrativo. No primeiro caso, diz-se que ções não podem ser aplicadas sem alguns requisitos, como
o agente atuou com ‘excesso de poder’ e no segundo, com a abertura de sindicância ou processo disciplinar em que se
‘desvio de poder’” . Basicamente, havendo abuso de poder garanta o contraditório e a ampla defesa (obs.: existem car-
é possível que se caracterize excesso de poder ou desvio de gos que somente são passíveis de demissão por sentença
poder. No excesso de poder, o agente nem teria competên- judicial, que são os vitalícios, como os de magistrado e pro-
cia para agir naquela questão e o faz. No abuso de poder, o motor de justiça).

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
5) Poder regulamentar: é o poder conferido à adminis-
tração de elaborar decretos e regulamentos. Tanto os de- ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITOS E
cretos quanto os regulamentos podem ser autônomos ou CLASSIFICAÇÃO.
de execução. O regulamento autônomo pode ser editado
independentemente da existência de lei anterior, se encon-
trando no mesmo patamar hierárquico que a lei – por isso, é
passível de controle de constitucionalidade. Os regulamen- Ato administrativo: conceito; requisitos; atributos; classifi-
tos de execução dependem da existência de lei anterior para cação; espécies; anulação; revogação; convalidação; discricio-
que possam ser editados e devem obedecer aos seus limites, nariedade e vinculação
sob pena de ilegalidade – deste modo, se sujeitam a contro- O ato administrativo é uma espécie de fato administrativo
le de legalidade. e é em torno dele que se estrutura a base teórica do direito
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativamente administrativo.
ao Presidente da República expedir decretos e regulamen- Fato administrativo é a “atividade material no exercício
tos para a fiel execução da lei, atividade que não pode ser da função administrativa, que visa a efeitos de ordem prática
delegada, nos termos do parágrafo único. Em razão disso, para a Administração. [...] Os fatos administrativos podem ser
há quem entenda que não existem decretos autônomos no voluntários e naturais. Os fatos administrativos voluntários se
Brasil. Contudo, o próprio STF já reconheceu decretos autô- materializam de duas maneiras: 1ª) por atos administrativos,
nomos como válidos em situações excepcionais. que formalizam a providência desejada pelo administra-
6) Poder de polícia: é o poder conferido à administra- dor através da manifestação da vontade; 2ª) por condutas
ção para limitar, disciplinar, restringir e condicionar direitos e administrativas, que refletem os comportamentos e as ações
atividades particulares para a preservação dos interesses da administrativas, sejam ou não precedidas de ato administrati-
coletividade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, vo formal. Já os fatos administrativos naturais são aqueles que
a taxa (artigo 145, II, CF). se originam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se refle-
Além de poderes, os agentes administrativos, obvia- tem na órbita administrativa. Assim, quando se fizer referência
mente, detêm deveres, em razão das atribuições que exer- a fato administrativo, deverá estar presente unicamente a no-
cem. Dentre os principais, podem ser citados os seguintes, ção de que ocorreu um evento dinâmico da Administração”1.
conforme aponta doutrina a respeito do assunto: Por seu turno, “a expressão atos da Administração tra-
- Dever de probidade: trata-se de um dos deveres mais duz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que se origine
relevantes, correspondendo à obrigação do agente público dos inúmeros órgãos que compõem o sistema administrativo
de agir de forma honesta e reta, respeitando a moralidade em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade, entre os atos da
administrativa e o interesse público. A violação deste dever Administração se enquadram atos que não se caracteri-
caracteriza ato de improbidade, punível, conforme artigo 37, zam propriamente como atos administrativos, como é o
§4º, CF e Lei nº 8.429/92. caso dos atos privados da Administração. Exemplo: os con-
- Dever de Prestar Contas: como o que é gerido pelo tratos regidos pelo direito privado, como a compra e venda,
administrador não lhe pertence, é seu dever prestar contas a locação etc. No mesmo plano estão os atos materiais, que
do que realizou à coletividade, isto é, informar em detalhes correspondem aos fatos administrativos, noção vista acima:
qual o destino dado às verbas e aos bens sob sua gestão. são eles atos da Administração, mas não configuram atos ad-
Este dever abrange não só aqueles que são agentes públi- ministrativos típicos. Alguns autores aludem também aos atos
cos, mas a todos que tenham sob sua responsabilidade di- políticos ou de governo”2.
nheiros, bens ou interesses públicos, independentemente de Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
serem ou não administradores públicos. ampla. Envolve, também, os atos privados da Administração,
- Dever de Eficiência: a atividade administrativa deve ser referentes às ações da Administração no atendimento de seus
célere e técnica, mesclando qualidade e quantidade. interesses e necessidades operacionais e instrumentais agindo
- Dever de Agir: o administrador possui um poder-dever no mesmo plano de direitos e obrigações que os particulares.
de agir, o qual é irrenunciável. Logo, poderá ser responsa- O regime jurídico será o de direito privado. Ex.: contrato de
bilizado por omissão ou silêncio, abrindo possibilidade de aluguel de imóveis, compra de bens de consumo, contrata-
obter o ato não realizado por via judicial, notadamente, por ção de água/luz/internet. Basicamente, envolve os interesses
intermédio de mandado de segurança, quando ferir direito particulares da Administração, que são secundários, para que
líquido e certo do interessado. ela possa atender aos interesses primários – no âmbito destes
interesses primários (interesses públicos, difusos e coletivos) é
que surgem os atos administrativos, que são atos públicos da
Administração, sujeitos a regime jurídico de direito público.

1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de


direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2015.
2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2015.

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Atos da Administração ≠ Atos administrativos. tenham por objeto a satisfação do interesse público, esse
Atos privados da Administração = atos da Adminis- interesse é variável de acordo com a situação. Se a autorida-
tração → regime jurídico de direito privado. de administrativa praticar um ato fora da finalidade genérica
Atos públicos da Administração = atos administrati- ou fora da finalidade específica, estará praticando um ato
vos → regime jurídico de direito público. viciado que é chamado “desvio de poder ou desvio de fina-
Os atos administrativos se situam num plano superior de lidade”.
direitos e obrigações, eis que visam atender aos interesses 3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no mun-
públicos primários, denominados difusos e coletivos. Logo, do jurídico. Usualmente, adota-se a forma escrita. Eventual-
são atos de regime público, sujeitos a pressupostos de exis- mente, pode ser praticado por sinais ou gestos (ex: trânsito).
tência e validade diversos dos estabelecidos para os atos A forma é sempre fixada por lei.
jurídicos no Código Civil, e sim previstos na Lei de Ação Po- 4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato admi-
pular e na Lei de Processo Administrativo Federal. Ao invés nistrativo e dela se extrai o motivo, que é o acontecimento
de autonomia da vontade, haverá a obrigatoriedade do cum- real que autoriza/determina a prática do ato administrativo.
primento da lei e, portanto, a administração só poderá agir É o ato baseado em fatos e circunstâncias, que o administra-
nestas hipóteses desde que esteja expressa e previamente dor por escolher, mas deve respeitar os limites e intenções
autorizada por lei3.
da lei. Nem sempre os atos administrativos possuem motivo
legal. Nos casos em que o motivo legal não está descrito
Atributos do ato administrativo
na norma, a lei deu competência discricionária para que o
1) Imperatividade: em regra, a Administração decreta e
sujeito escolha o motivo legal (o motivo deve ser oportuno
executa unilateralmente seus atos, não dependendo da par-
ticipação e nem da concordância do particular. Do poder de e conveniente). A teoria dos Motivos Determinantes afirma
império ou extroverso, que regula a forma unilateral e coerci- que os motivos alegados para a prática de um ato admi-
tiva de agir da Administração, se extrai a imperatividade dos nistrativo ficam a ele vinculados de tal modo que a prática
atos administrativos. de um ato administrativo mediante a alegação de motivos
2) Auto executoriedade: em regra, a Administração falsos ou inexistentes determina a sua invalidade.
pode concretamente executar seus atos independente da 5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou declara,
manifestação do Poder Judiciário, mesmo quando estes afe- manifestando a vontade do Estado. A lei não fixa qual deve
tam diretamente a esfera jurídica de particulares. ser o conteúdo ou objeto de um ato administrativo, restan-
3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou publi- do ao administrador preencher o vazio nestas situações. O
cado pela Administração é presumivelmente verdadeiro, seja ato é branco/indefinido. No entanto, deve se demonstrar
na forma, seja no conteúdo, o que se denomina “fé pública”. que a prática do ato é oportuna e conveniente.
Evidente que tal presunção é relativa (juris tantum), mas é Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do ob-
muito difícil de ser ilidida. Só pode ser quebrada mediante jeto do ato é discricionária não significa que seja arbitrária,
ação declaratória de falsidade, que irá argumentar que hou- pois deve se demonstrar a oportunidade e a conveniência.
ve uma falsidade material (violação física do documento que Mérito = oportunidade + conveniência
traz o ato) ou uma falsidade ideológica (documento que ex-
pressa uma inverdade). Perfeição e validade
4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Adminis- Destaca-se esquemática trazida por Baldacci4:
tração agir se presume que o fez conforme a lei. Tal presun- - Quando todos os pressupostos especiais exigidos por
ção é relativa (juris tantum), podendo contudo ser ilidida por lei estiverem presentes, falamos que o ato é perfeito (P).
qualquer meio de prova. - Quanto estes pressupostos preenchidos respeitarem o
Obs.: Todo ato administrativo tem presunção de veraci- que a lei exige, falamos que é válido (V).
dade e de legitimidade, mas nem todo ato administrativo é - Quanto está apto a surtir seus efeitos próprios falamos
imperativo (pode precisar da concordância do particular, a que é eficaz (E).
exemplo dos atos negociais).
1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são eficazes
em regra.
Elementos
2) P + V = ineficaz. Os atos perfeitos e válidos podem
1) Competência: é o poder-dever atribuído a determi-
não ser eficazes se estiver pendente o implemento de con-
nado agente público para praticar certo ato administrativo.
A pessoa jurídica, o órgão e o agente público devem estar dição.
revestidos de competência. A competência é sempre fixada 3) P + inválido = ineficaz. O ato perfeito e inválido é,
por lei. em regra, ineficaz.
2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato admi- 4) P + inválido = eficaz. O ato perfeito e inválido pode
nistrativo foi abstratamente criado pela ordem jurídica. A lei ser eficaz se já tiver gerado efeitos próprios e for relevante
estabelece que os atos administrativos devem ser praticados para a segurança jurídica manter tais efeitos.
visando a um fim, notadamente, a satisfação do interesse 5) Imperfeito = inválido + ineficaz. O ato imperfeito
público. Contudo, embora os atos administrativos sempre não é válido e nem eficaz.
3 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administra- 4 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administra-
tivo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004. tivo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
6) Imperfeito = inválido + eficaz. O ato imperfeito 2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter-
pode gerar efeitos impróprios, que não dependem da execu- minada, criando situações jurídicas individuais. O particular
ção do ato, como o efeito impróprio reflexo (repercussão em atingido pode impugnar.
outros atos ou situações jurídicas) e o efeito impróprio pro- c) Quanto ao seu alcance:
drômico (efeito de natureza procedimental que implica numa 1) Atos internos: praticados no âmbito interno da Ad-
providência ou etapa necessária para aperfeiçoamento do ministração, incidindo sobre órgãos e agentes administra-
ato, como a manifestação de um segundo agente ou órgão). tivos.
7) Imperfeito = válido + ineficaz. O ato imperfeito 2) Atos externos: praticados no âmbito externo da
pode preencher os requisitos de validade, mas se lhe faltar Administração, atingindo administrados e contratados. São
um pressuposto especial será imperfeito e, logo, ineficaz. obrigatórios a partir da publicação.
d) Quanto ao seu objeto:
Espécies5
1) Atos de império: praticados com supremacia em
a) Atos normativos: são atos gerais e abstratos visando
a correta aplicação da lei. É o caso dos decretos, regulamen- relação ao particular e servidor, impondo o seu obrigatório
tos, regimentos, resoluções, deliberações. cumprimento.
b) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento da 2) Atos de gestão: praticados em igualdade de condi-
Administração e a conduta de seus agentes. É o caso de ins- ção com o particular, ou seja, sem usar de suas prerrogativas
truções, circulares, avisos, portarias, ofícios, despachos ad- sobre o destinatário.
ministrativos, decisões administrativas. 3) Atos de expediente: praticados para dar andamento
c) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre Ad- a processos e papéis que tramitam internamente na admi-
ministração e administrado em consenso. É o caso de licen- nistração pública. São atos de rotina administrativa.
ças, autorizações, permissões, aprovações, vistos, dispensa, e) Quanto a formação (processo de elaboração):
homologação, renúncia. 1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de
d) Atos enunciativos: são aqueles em que a Administra- vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente
ção certifica ou atesta um fato sem vincular ao seu conteú- da Administração.
do. É o caso de atestados, certidões, pareceres. 2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade de
e) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições mais de um órgão ou agente administrativo.
aos particulares e servidores. 3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade
de um órgão ou agente, mas depende de outra vontade que
Classificação6
o ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequível.
a) Quanto ao seu regramento:
1) Atos vinculados: são os que possuem todos os pres-
supostos e elementos necessários para sua prática e perfei- Extinção
ção previamente estabelecidos em lei que autoriza a práti- Pode se dar nas seguintes situações:
ca daquele ato. O administrador é um “mero cumpridor de 1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos
leis”. Também se denomina ato de exercício obrigatório. os seus efeitos, não terá mais razão de existir sob o ponto
2) Atos discricionários: são os atos que possuem parte de vista jurídico.
de seus pressupostos e elementos previamente fixados pela 2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do Ato:
lei autorizadora. No mínimo, a competência, a finalidade e a Se o sujeito ou o objeto perecer, o ato será considerado ex-
forma estão previamente fixados na lei – são os pressupos- tinto.
tos vinculados. Aquilo que está em branco ou indefinido na 3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico que
lei será preenchido pelo administrador. Tal preenchimento elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é a retirada do
deve ser feito motivadamente com base em fatos e circuns- ato administrativo em decorrência de sua invalidade, reco-
tâncias que somente o administrador pode escolher. Contu- nhecida judicial ou administrativamente, preservando-se os
do, tal escolha não é livre, os fatos e circunstâncias devem direitos dos terceiros de boa-fé; por revogação, que é a re-
ser adequados (razoáveis e proporcionais) aos limites e in- tirada do ato administrativo em decorrência da sua inconve-
tenções da lei. niência ou inoportunidade em face dos interesses públicos,
b) Quanto ao destinatário: sendo o ato válido e praticado dentro da Lei, efetuando-se
a revogação na via administrativa; cassação, que é a retira-
1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com
da do ato administrativo em decorrência do beneficiário ter
finalidade normativa, atingindo uma gama de pessoas que
estejam na mesma situação jurídica nele estabelecida. O par- descumprido condição tida como indispensável para a ma-
ticular não pode impugnar, pois os efeitos são para todos. nutenção do ato; contraposição ou derrubada, que é a re-
tirada do ato administrativo em decorrência de ser expedido
5 BARBOSA, Carlos. Atos administrativos. Dis- outro ato fundado em competência diversa da do primeiro,
ponível em: <http://www.stf.jus.br/>. Acesso em: 06 mar. mas que projeta efeitos antagônicos ao daquele, de modo
2016. a inibir a continuidade da sua eficácia; caducidade, que é a
6 BARBOSA, Carlos. Atos administrativos. Dis- retirada do ato administrativo em decorrência de ter sobre-
ponível em: <http://www.stf.jus.br/>. Acesso em: 06 mar. vindo norma superior que torna incompatível a manutenção
2016. do ato com a nova realidade jurídica instaurada.

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo eficaz O arquivista é um profissional de nível superior, com
em virtude de seu beneficiário não mais desejar a sua conti- formação em arquivologia ou experiência reconhecida
nuidade. A renúncia só tem cabimento em atos que conce- pelo Estado. Ele pode trabalhar em instituições públicas
dem privilégios e prerrogativas. ou privadas, centros de documentação, arquivos privados
5) Recusa: É a extinção do ato administrativo ineficaz em ou públicos, instituições culturais etc. É o responsável pelo
decorrência do seu futuro beneficiário não manifestar con- gerenciamento da informação, gestão documental, conser-
cordância, tida como indispensável para que o ato pudesse vação, preservação e disseminação da informação contida
projetar regularmente seus efeitos. Se o futuro beneficiário nos documentos. Também tem por função a preservação
recusa a possibilidade da eficácia do ato, esse será extinto. do patrimônio documental de um pessoa (física ou jurídica),
instituição e, em última instância, da sociedade como um
Convalidação do Ato Administrativo todo. Ocupa-se, ainda, da recuperação da informação e da
É o ato administrativo que, com efeitos retroativos, sana elaboração de instrumentos de pesquisa, observando as três
vício de ato antecedente, de modo a torná-lo válido desde idades dos arquivos: corrente, intermediária e permanente.
o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que sana um O arquivista atua desenvolvendo planejamentos, estu-
vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde dos e técnicas de organização sistemática e conservação de
o momento em que foi praticado. arquivos, na elaboração de projetos e na implantação de
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos instituições e sistemas arquivísticos, no gerenciamento da
atos, sustentando que os atos administrativos somente po- informação e na programação e organização de atividades
dem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam à convalida- culturais que envolvam informação documental produzida
ção seriam os atos anuláveis. pelos arquivos públicos e privados. Uma grande dificuldade
Existem três formas de convalidação: é que muitas organizações não se preocupam com seus ar-
- Ratificação: é a convalidação feita pela própria autori- quivos, desconhecendo ou desqualificando o trabalho deste
dade que praticou o ato; profissional, delegando a outros profissionais as atividades
- Confirmação: é a convalidação feita por autoridade su- específicas do arquivista. Isto provoca problemas quanto à
perior àquela que praticou o ato; qualidade do serviço e de tudo o que, direta ou indireta-
- Saneamento: é a convalidação feita por ato de terceiro, mente, depende dela.
ou seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por Arquivo é um conjunto de documentos criados ou re-
autoridade superior. cebidos por uma organização, firma ou indivíduo, que os
Não se deve confundir a convalidação com a conversão mantém ordenadamente como fonte de informação para a
do ato administrativo. Há um ato viciado e, para regularizar execução de suas atividades. Os documentos preservados
a situação, ele é transformado em outro, de diferente tipolo- pelo arquivo podem ser de vários tipos e em vários suportes.
gia. O ato nulo, embora não possa ser convalidado, poderá As entidades mantenedoras de arquivos podem ser públicas
ser convertido, transformando-se em ato válido. (Federal, Estadual Distrital, Municipal), institucionais, comer-
ciais e pessoais.
Um documento (do latim documentum, derivado de
3. NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO E ARQUIVOS: docere “ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo
CONCEITOS, OBJETIVOS E IMPORTÂNCIA DO gráfico, que comprove a existência de um fato, a exatidão
FLUXO DE DOCUMENTOS NA ORGANIZAÇÃO; ou a verdade de uma afirmação etc. No meio jurídico, do-
ETAPAS DO PROCESSO DE DOCUMENTAÇÃO; cumentos são frequentemente sinônimos de atos, cartas ou
CLASSIFICAÇÃO, ENCAMINHAMENTO escritos que carregam um valor probatório.
E ARQUIVO DE DOCUMENTOS EM Documento arquivísticos: Informação registrada, inde-
INSTITUIÇÕES PÚBLICAS; TIPOS DE ARQUIVOS; pendente da forma ou do suporte, produzida ou recebida
ORGANIZAÇÃO, PROTEÇÃO, CONSERVAÇÃO E no decorrer da atividade de uma instituição ou pessoa e que
RECUPERAÇÃO DE INFORMAÇÕES E ARQUIVOS possui conteúdo, contexto e estrutura suficientes para servir
DE DOCUMENTOS. de prova dessa atividade.
Desde o desenvolvimento da Arquivologia como discipli-
na, a partir da segunda metade do século XIX, talvez nada
tenha sido tão revolucionário quanto o desenvolvimento da
A arquivística ou arquivologia é uma ciência que estuda concepção teórica e dos desdobramentos práticos da gestão.
as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a
serem observados durante a atuação de um arquivista sobre PRINCÍPIOS:
os arquivos. É a Ciência e disciplina que objetiva gerenciar Os princípios arquivísticos constituem o marco principal
todas as informações que possam ser registradas em docu- da diferença entre a arquivística e as outras “ciências” docu-
mentos de arquivos. Para tanto, utiliza-se de princípios, nor- mentárias. São eles:
mas, técnicas e procedimentos diversos, que são aplicados
nos processos de composição, coleta, análise, identificação, Princípio da Proveniência: Fixa a identidade do do-
organização, processamento, desenvolvimento, utilização, cumento, relativamente a seu produtor. Por este princípio,
publicação, fornecimento, circulação, armazenamento e re- os arquivos devem ser organizados em obediência à com-
cuperação de informações. petência e às atividades da instituição ou pessoa legitima-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
mente responsável pela produção, acumulação ou guarda Empréstimo de Documentos: para se controlar melhor
dos documentos. Arquivos originários de uma instituição ou os documentos que saem do arquivo e para garantir a integri-
de uma pessoa devem manter a respectiva individualidade, dade do mesmo, é interessante que se adote um sistema de
dentro de seu contexto orgânico de produção, não devendo controle de empréstimo de documentos.
ser mesclados a outros de origem distinta. Você pode criar um formulário de Requisição de Docu-
mentos com os seguintes dados:
Princípio da Organicidade: As relações administrativas - a) Identificação do documento.
orgânicas se refletem nos conjuntos documentais. A organi- - b) Classificação ou pasta a qual ele pertence.
cidade é a qualidade segundo a qual os arquivos espelham - c) O nome do requisitante e o setor.
a estrutura, funções e atividades da entidade produtora/acu- - d) Assinatura e datas de empréstimo e devolução.
muladora em suas relações internas e externas.
Lembre-se: “O arquivamento correto e a localização ime-
Princípio da Unicidade: Não obstante, forma, gênero, diata dos documentos, depende, em grande parte, da precisão
tipo ou suporte, os documentos de arquivo conservam seu e cuidado com que são executadas cada uma dessas opera-
caráter único, em função do contexto em que foram produ- ções.”.
zidos.
Classificação Cronológica
Princípio da Indivisibilidade ou integridade: Os fundos A classificação cronológica tem por base a possibilidade
de arquivo devem ser preservados sem dispersão, mutilação, em agrupar determinado número de documentos de acordo
alienação, destruição não autorizada ou adição indevida. com as divisões naturais do tempo: anos, meses, semanas,
dias e horas. Este sistema, como se pode observar, é muito
Princípio da Cumulatividade: O arquivo é uma forma- semelhante ao sistema numérico simples e utiliza-se, muitas
ção progressiva, natural e orgânica. das vezes, em combinação com outros sistemas classificativos,
sobretudo, o alfabético.
Classificação A localização de um documento classificado cronologica-
A escolha da forma de ordenação depende muito da na- mente requer um conhecimento perfeito da data exata (ano,
mês ou dia) sem a qual não será possível localizá-lo. Este tipo
tureza dos documentos. Vejam os métodos básicos:
de classificação não oferece especiais dificuldades quando se
Ordenação Alfabética: disposição dos documentos ou
procede a incorporação de novos documentos. Quando se
pastas de acordo com a sequência das letras do alfabeto.
pretende localizar e recuperar os documentos é necessário
Pode ser classificada em enciclopédico e dicionário quando
elaborar fichas remissivas alfabéticas, por exemplo, de assun-
se trata de assuntos.
tos, que possibilitam a indicação da data do documento.
Ordenação Cronológica: disposição dos documentos ou
As conservatórias do Registro Civil, por exemplo, são servi-
pastas de acordo com a sucessão temporal. ços onde a ordenação e pesquisa de documentos é elaborada
Ordenação Geográfica: disposição de acordo com as uni- mediante recurso às datas de nascimento, casamento, morte e
dades territoriais (países, estados, municípios, distritos, bairros de outros assuntos. Este tipo de classificação é aplicado em ar-
e outras). quivos de documentos de origem contabilística: faturas, paga-
Ordenação Temática: disposição de acordo com temas ou mentos de contribuições, ordenados e outros assuntos relacio-
assuntos. nados com esta e em Arquivos Históricos e Etnográficos, uma
Ordenação Numérica: disposição de acordo com a se- vez que proporciona a ligação do passado ao presente e nos
quência numérica atribuída aos documentos. Depende de um mostrando-nos a evolução das instituições ao longo da história.
índice auxiliar para busca de dados.
Classificação Geográfica
Ex.: Na pasta MANUTENÇÃO PRÉDIO você poderá ar- Este sistema utiliza um método idêntico ao cronológico
quivar os documentos em ordem cronológica, assim sendo com a diferença de que os documentos são classificados e
teríamos: primeiro o Memorando pedindo o conserto, depois agrupados com base nas divisões geográficas/administrativas
a resposta do ESTEC solicitando a compra de torneira nova, do globo: países, regiões, províncias, distritos, conselhos, ci-
em seguida a Informação de que já foi adquirida a torneira, e dades, vilas, aldeias, bairros, freguesias, ruas e outros critérios
por último a Informação do ESTEC que o serviço foi concluído. geográficos e de localização.
É importante no Arquivo que os documentos de uma Este sistema é combinado com outros sistemas classifica-
mesma função sejam guardados juntos, para que se perceba tivos, como por exemplo; o alfabético, o numérico ou o deci-
como começou a ação e como terminou, formando assim os mal, com vista a um melhor acondicionamento e localização
dossiês de fácil compreensão para quem pesquisa. dos documentos e a sua informação.
Arquivamento: guarde os documentos dentro das pastas O sistema de classificação geográfica resulta do fato de
e das caixas já contidas no setor ou monte-as de acordo com haver necessidade de localizar fato ou pessoas num espaço
o plano de classificação. geográfico determinado, como por exemplo; as coleções ou
Nesse último caso faça as etiquetas indicando o código séries filatélicas que normalmente são agrupadas por locali-
da atividade correspondente. Não se esqueça de anotar no dades, países, regiões e outros critérios relacionados com
canto superior esquerdo da pasta os códigos da Unidade/ estes. É muito utilizado em museus etnográficos e de arte
Órgão/área respectivos. popular.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Classificação Ideológica A classificação decimal consiste, essencialmente, na di-


A classificação ideológica, também designada como visão dos assuntos ou matérias em 10 grupos de primeira
ideográfica, metódica ou analítica baseia-se, fundamental- ordem ou categoria (0 a 9) que por sua vez se podem subdi-
mente, na divisão de assuntos, ideias, conceitos e outras vidir em grupos de segunda ordem e assim sucessivamente.
divisões, sendo os documentos referentes a um mesmo as- Assim, por exemplo, ao grupo de primeira categoria ou prin-
sunto ou objeto de conhecimento, ordenados segundo um cipal é atribuída a seguinte numeração:
conceito chave ou ideia de agrupamento, colocando-se a 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
seguir, de forma alfabética. Sendo as divisões de segunda categoria e derivadas do
Este sistema parte da análise de um assunto e divide-o grupo 5 as seguintes:
em grupos e subgrupos com características cada vez mais 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59
particulares e restritas exigindo um certo controlo e discipli- Ainda se pode subdividir o grupo de segunda categoria o
na devido à grande variedade de palavras com significados nº 55 noutro de terceira categoria:
análogo. 550 551 552 553 554 555 556 557 558 559
Para aplicar este sistema é necessário elaborar um instru- Com este sistema pretendia-se abranger a totalidade
mento de trabalho que sirva de orientação para a classifica- dos assuntos ou matérias que iriam ser objeto de classifica-
ção de assuntos nos arquivos e que se designa normalmente ção, baseando-se no principio de que a formação dos nú-
por classificador ou listagem por assuntos. O classificador meros decimais é ilimitada e entre dois números decimais,
deve ser elaborado respeitando um determinado número consecutivos da mesma ordem, podem intercalar-se outros
de regras, tais como, evitar as abstrações (por abrangerem dez da ordem imediatamente inferior.
matérias demasiado vastas) e afastar a utilização de palavras Exemplo:
com significados análogos, colocando-se na lista uma remis- 51. Expediente e arquivo
siva para a palavra-chave que está a ser utilizada. 510. Expediente e arquivo em geral
Para que o nosso trabalho fique completo deve-se sub- 511. Arquivo
meter à listagem a uma cuidadosa avaliação pelos utentes 512. Seleção documental
513. Reprografia
do arquivo, de forma a poder introduzir os melhoramentos
514. Entrada e saída de correspondência
necessário que permitam a recuperação dos documentos
5140. Entrada de correspondência
arquivados Este instrumento deve ser periodicamente revis-
5141. Saída de correspondência
to e atualizado, e deve refletir a estrutura interna do orga-
515. Serviços auxiliares
nismo.
5150. Serviços auxiliares em geral
As principais vantagens atribuídas a este sistema clas-
5151. Transportes pelas cantinas
sificativo resultam do fato de se poder ter uma visão global
516. Telefone
dos assuntos que são abordados na documentação, permi-
517. Viaturas
tir o agrupamento dos documentos de acordo com o seu Apesar deste sistema de classificação ter imensos sim-
conteúdo, ser extensível até ao infinito e de ser altamente patizantes devido à sua aparente simplicidade acontece,
flexível. porém, que enferma de alguns inconvenientes, entre os
A técnica que se costuma aplicar na divisão dos assun- quais, a rigidez que impõe na divisão dos vários ramos do
tos é a seguinte: conhecimento humano; é um sistema relativamente moro-
Divisão do assunto em capítulos so, quer na sua construção, quer na sua aplicação à organi-
Divisão de cada capítulo em famílias zação espacial do arquivo e posterior localização, exigindo
Divisão de cada família em grupos, representando as- pessoal especializado.
suntos especializados
Divisão eventual de cada grupo em subgrupos, indican- Classificação Decimal Universal (CDU)
do uma divisão particular A classificação Decimal Universal (CDU) é um esquema
de classificação uniformizado e normalizado, amplamente
Classificação Decimal usado nacional e internacionalmente, que visa cobrir e orga-
O sistema de classificação decimal pode ser conside- nizar a totalidade do conhecimento humano.
rado um critério classificativo resultante da combinação da Henri Lafontaine e Paul Otlet publicaram, em 1905, a
classificação numérica com a ideológica. primeira edição do que viria a ser a Classificação Decimal
Este método classificativo foi idealizado pelo bibliotecá- Universal. Esta primeira edição do Manuel du Repertoire Bi-
rio norte-americano Mevil Dewey que a definia, na essência, bliografique Universal é um desenvolvimento do esquema
como uma classificação de assuntos relacionados a um ín- base utilizado por Dewey que distribui a totalidade do co-
dice relativo. Não só foi criada para a arrumação dos livros nhecimento em dez grandes classes, que por sua vez, são
nas prateleiras mas também para indicações nos catálogos, divididas em dez subclasses que se dividem em dez grupos.
recortes notas, manuscritos e de um modo geral, todo mate- Cada conceito é traduzido por uma notação numérica ou
rial literário de qualquer espécie. Foi aplicado pela primeira alfanumérica por exemplo, ao conceito geral de educação
vez a partir de 1851, na biblioteca de Amhrest College de corresponde a notação numérica 37.
Massachussets, nos Estado Unidos da América e com bons A CDU baseia-se em três princípios fundamentais os
resultados. quais são:

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Classificação: por ser uma classificação no sentido restri- Classificação Automática
to da palavra agrupa ideias nos seus aspectos concordantes. As operações de classificação podem ser objeto de
Universalidade: inclui cada um dos ramos do conheci- uma automatização em moldes parciais, já que a inteligên-
mento humano, encarando-os sob os vários aspectos. cia humana continua a ser indispensável para selecionar o
Decimalidade: a totalidade do conhecimento humano é assunto principal e determinar as informações secundárias.
dividida em dez classes, cada uma das quais, por sua vez, Atualmente a sua aplicação é feita a título experimental em
se subdivide de novo decimalmente, pela adição de cifras algumas bibliotecas.
decimais. A classificação automática assenta no seguinte princí-
Este sistema é mais utilizado em bibliotecas e serviços pio geral: ao caracterizar diversos objetos de uma coleção
de documentação para a elaboração de ficheiros por as- organizando-os por séries de atributos (data, forma, língua,
suntos ou matérias e posterior catalogação e arrumação do domínio, e outros), é possível comparar, agrupando, de dois
material bibliográfico. Em Portugal, o uso deste sistema de em dois e contar para cada par o número de atributos co-
classificação é generalizado, tanto nas Bibliotecas Universi- muns. O resultado conduz à colocação em conjunto dos ob-
tárias, como nas Bibliotecas Públicas e Escolares. jetos que possuem características frequentes, constituindo
A CDU tem vindo a ser continuamente ampliada e mo- classes não à priori mas sim à posteriori.
dificada para fazer face ao surgimento de novos conceitos e O interesse que desperta a classificação automática si-
conhecimentos do saber humano, principalmente, na área tua-se ao nível da pesquisa documental. Ela permanece sem
da ciência e tecnologia. utilidade em organizações que já possuem a classificação
A CDU é composta por: física das obras, sendo incapaz de recriar automaticamente
Uma tabela principal de matérias, que enumera hierar- um esquema classificatório. A concepção e desenvolvimento
quicamente o conhecimento, nas referidas 10 classes. As di- de uma linguagem classificatória e a sua aplicação a um de-
visões principais são: terminado fundo documental são de competência exclusiva
do domínio do homem.
0 Generalidades A Associação Internacional para a Classificação situada
1 Filosofia. Psicologia na Alemanha publica sob o patrocínio da FID (Federação In-
2 Religião. Teologia ternacional de Documentação, a revista International Classi-
3 Ciências Sociais fication onde se apresentam estudos sobre a teoria dos con-
4 Classe atualmente não usada ceitos, a terminologia sistemática e a organização do saber.
5 Ciências Exatas. Ciências naturais Estas organizações e outras interessam-se pelos métodos
6 Ciências Aplicadas. Medicina. Tecnologia
matemáticos aplicáveis neste domínio.
7 Arte. Arquitetura. Recreação e Desporto
8 Linguística. Língua. Literatura
Tabela de temporalidade de documentos de arquivo.
9 Geografia. Biografia. História
A Tabela de Temporalidade de Documentos é o instru-
mento resultante da avaliação documental, aprovado por
Cada classe principal subdivide-se decimalmente em
autoridade competente, que define prazos de guarda e a
subclasses que por sua vez também se subdividem em áreas
destinação de cada série documental.
cada vez mais especializadas.
A efetiva implementação de tais instrumentos objetiva a
As tabelas auxiliares, que representam não assuntos,
mas formas de os especificar (por lugar, tempo, forma, lín- simplificação e racionalização dos procedimentos de gestão
gua, etc.), flexibilizando muito mais a representação dos dos documentos e das informações, ou seja, permitirá uma
conceitos. considerável redução da massa documental acumulada,
Um índice, lista alfabética de conceitos. A cada conceito eliminando enormes volumes de documentos rotineiros e
corresponde uma notação que serve de guia na consulta da desprovidos de valor que justifique a sua guarda, com con-
tabela principal, para mais fácil e rapidamente se localizar a sequente otimização do espaço físico e racionalização de
notação adequada ao assunto que se pretende pesquisar. custos, e sobretudo garantirá a preservação dos documen-
Uma das principais vantagens desta classificação reside tos de guarda permanente, de relevante valor informativo e
na sua dimensão universal e internacional, dada a sua in- probatório.
dependência face a todas as expressões idiomáticas, o que A Tabela de Temporalidade é o registro esquemático
facilita enormemente a pesquisa e a troca de informação ao do ciclo de vida dos documentos, determinando os prazos
nível internacional. de guarda no arquivo corrente ou setorial, sua transferência
No seguimento do exemplo anterior, tal significa que a para o arquivo intermediário ou geral, a eliminação ou reco-
notação 37 e o conceito que lhe está associado, é igual em lhimento para a Divisão de Documentação Permanente do
todas as bibliotecas do mundo que adotem este sistema de Arquivo Público do Estado.
classificação. A Tabela é um instrumento da gestão documental e pas-
O seu grande inconveniente resulta da sua aplicação sível de alterações na medida em que a produção de docu-
que exige pessoal altamente especializado dado que é um mentos se altera, devido a mudanças sociais, administrativas
grande risco classificar matérias diferentes com o mesmo e jurídicas. No entanto, alterações de qualquer natureza de-
número. vem partir do órgão regulador da política de arquivos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

ASSUNTO/TIPO DOCUMENTAL: Os assuntos/tipos do- Considera-se gestão de documentos o conjunto de pro-


cumentais relacionados na Tabela correspondem aos docu- cedimentos e operações técnicas referentes à sua produção,
mentos produzidos pelas atividades-meio dos órgãos. São tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente
tipos documentais já consagrados pelo uso e alguns identi- e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento
ficados na legislação que regula as atividades do setor. para a guarda permanente.
Protocolo é a denominação geralmente atribuída a se-
PRAZO DE ARQUIVAMENTO: O tempo de guarda dos tores encarregados do recebimento, registro, distribuição
documentos está relacionado ao seu ciclo de vida. Aos ar- e movimentação dos documentos em curso; denominação
quivos setoriais interessa ter acesso aos documentos que atribuída ao próprio número de registro dado ao documen-
estão sujeitos a consulta diariamente. O prazo de arquiva- to; Livro de registro de documentos recebidos e/ou expe-
mento não deve exceder a cinco anos, incorrendo no risco didos.
de acumular documentos desnecessários ao uso corrente e É de conhecimento comum o grande avanço que a hu-
dificultar o acesso. manidade teve nos últimos anos. Dentre tais avanços, in-
A documentação que cumpriu sua função imediata, mas cluem-se as áreas que vão desde a política até a tecnológi-
contém informações de caráter probatório, deve ser transferi-
ca. Tais avanços contribuíram para o aumento da produção
da para o arquivo intermediário do órgão. Documentos com
de documentos. Cabe ressaltar que tal aumento teve sua
longo período de valor probatório poderão ser transferidos à
importância para a área da arquivística, no sentido de ter
Divisão de Documentação Intermediária do Arquivo Público
do Estado. O terceiro estágio prevê o recolhimento da docu- despertado nas pessoas a importância dos arquivos. Entre-
mentação produzida pelos órgãos públicos que tem informa- tanto, seja por descaso ou mesmo por falta de conhecimen-
ções sobre o desempenho de sua função junto à sociedade. to, a acumulação de massas documentais desnecessárias foi
Esta produção documental de valor permanente receberá um um problema que foi surgindo. Essas massas acabam por
tratamento arquivístico que contempla sua conservação, ar- inviabilizar que os arquivos cumpram suas funções funda-
ranjo e descrição para estar disponível à pesquisa. mentais. Para tentar sanar esse e outros problemas, que é
recomendável o uso de um sistema de protocolo.
COMO UTILIZAR A TABELA DE TEMPORALIDADE É sabido que durante a sua tramitação, os arquivos cor-
A Tabela de Temporalidade de Documentos deve ser rentes podem exercer funções de protocolo (recebimento,
utilizada no momento de classificação e avaliação da docu- registro, distribuição, movimentação e expedição de docu-
mentação. Proceder da seguinte forma: mentos), daí a denominação comum de alguns órgãos como
ƒ verificar se os documentos estão classificados de acordo Protocolo e Arquivo. E é neste ponto que os problemas têm
com os assuntos do Código de Classificação de Documentos; seu início. Geralmente, as pessoas que lidam com o recebi-
ƒ documentos que se referem a dois ou mais assuntos, de- mento de documentos não sabem, ou mesmo não foram
verão ser classificados e agrupados ao conjunto documental orientadas sobre como proceder para o documento cumpra
(dossiê, processo ou pasta) que possui maior prazo de arqui- a sua função na instituição. Para que este problema inicial
vamento ou que tenha sido destinado à guarda permanente; seja resolvido, a implantação de um sistema de base de da-
ƒ o prazo de arquivamento deve se contar a partir do primei- dos, de preferência simples e descentralizado, permitindo
ro dia útil do exercício seguinte ao do arquivamento do do- que, tão logo cheguem às instituições, os documentos fos-
cumento, exceto aqueles que originam despesas, cujo prazo sem registrados, pelas devidas pessoas, no seu próprio setor
de arquivamento é contado a partir da aprovação das contas de trabalho seria uma ótima alternativa. Tal ação diminuiria o
pelo Tribunal de Contas; ƒ eliminar as cópias e vias, quando o montante de documentos que chegam as instituições, cum-
documento original estiver no conjunto documental (dossiê, prem suas funções, mas sequer tiveram sua tramitação ou
processo ou pasta); ƒ proceder ao registro dos documentos a destinação registrada.
serem eliminados; ƒ elaborar listagem dos documentos desti- Algumas rotinas devem ser adotadas no registro docu-
nados à transferência para o arquivo intermediário do órgão
mental, afim de que não se perca o controle, bem como sur-
ou entidade, ou para a Divisão de Documentação Intermediá-
jam problemas que facilmente poderiam ser evitados (como
ria do Arquivo Público do Estado;
o preenchimento do campo Assunto, de muita importância,
OBS. Quando houver processo judicial os prazos de ar- mas que na maioria das vezes é feito de forma errônea).
quivamento devem ser suspensos até a conclusão do mesmo. Dentre as recomendações de recebimento e registro, des-
taca-se:
PROTOCOLO: Receber as correspondências, separando as de caráter
É conhecimento da grande maioria que os arquivos pos- oficial da de caráter particular, distribuindo as de caráter
suem hoje uma notoriedade muito melhor do que já se viu particular a seus destinatários.
há algum tempo. Contudo, esse reconhecimento ainda não Após essa etapa, os documentos devem seguir seu cur-
é o desejado. Para que os arquivos alcancem um nível de so, a fim de cumprirem suas funções. Para que isto ocorra,
importância ainda maior, é necessário que sejam geridos da devem ser distribuídos e classificados da forma correta, ou
forma correta, a fim de evitar o acúmulo de massas docu- seja, chegar ao seu destinatário Para isto, recomenda-se:
mentais desnecessárias, de agilizarem ações dentro de uma Separar as correspondências de caráter ostensivo das de
instituição, enfim, que cumpram a sua função, seja desde o caráter sigiloso, encaminhado as de caráter sigiloso aos seus
valor probatório até o cultural. respectivos destinatários;

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Tomar conhecimento das correspondências de caráter Por outro lado, alguns concebem a gestão de documen-
ostensivo por meio da leitura, requisitando a existência de tos como a aplicação da administração científica com fins de
antecedentes, se existirem; eficiência e economia, sendo os benefícios para os futuros
Classificar o documento de acordo com o método da pesquisadores considerados apenas meros subprodutos.
instituição; carimbando-o em seguida; Situando-se entre esses dois extremos, a legislação norte
Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao americana estabelece a seguinte definição:
protocolo. O planejamento, o controle, a direção, a organização, a
Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando a capacitação, a promoção e outras atividades gerenciais re-
segunda via da ficha ao documento; lacionadas com a criação de documentos, sua manutenção,
Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora uso e eliminação, incluindo o manejo de correspondência,
com os dados das fichas de protocolo; formulários, diretrizes, informes, documentos informáticos,
microformas, recuperação de informação, fichários, correios,
Arquivar as fichas de protocolo. documentos vitais, equipamentos e materiais, máquinas re-
A tramitação de um documento dentro de uma insti- prográficas, técnicas de automação e elaboração de dados,
tuição depende diretamente se as etapas anteriores foram preservação e centros de arquivamento intermediários ou
feitas da forma correta. Se feitas, fica mais fácil, com o au- outras instalações para armazenagem.
xílio do protocolo, saber sua exata localização, seus dados Sob tal perspectiva, a gestão cobre todo o ciclo de
principais, como data de entrada, setores por que já passou, existência dos documentos desde sua produção até serem
enfim, acompanhar o desenrolar de suas funções dentro da eliminados ou recolhidos para arquivamento permanente,
instituição. Isso agiliza as ações dentro da instituição, ace- ou seja, trata-se de todas as atividades inerentes às idades
lerando assim, processos que anteriormente encontravam corrente e intermediária.
dificuldades, como a não localização de documentos, não De acordo com o Dicionário de Terminologia Arquivís-
se podendo assim, usá-los no sentido de valor probatório, tica, do Conselho Internacional de Arquivos, a gestão de
por exemplo. documentos diz respeito a uma área da administração geral
Após cumprirem suas respectivas funções, os documen- relacionada com a busca de economia e eficácia na produ-
tos devem ter seu destino decidido, seja este a sua elimina- ção, manutenção, uso e destinação final dos mesmos.
ção ou recolhimento. É nesta etapa que a expedição de do- Por meio do Ramp/PGI, a Unesco procurou também
cumentos torna-se importante, pois por meio dela, fica mais abordar o tema conforme trabalho de James Rhoads. A
fácil fazer uma avaliação do documento, podendo-se assim função da gestão de documentos e arquivos nos sistemas
decidir de uma forma mais confiável, o destino do docu-
nacionais de informação, segundo o qual um programa
mento. Dentre as recomendações com relação a expedição
geral de gestão de documentos, para alcançar economia e
de documentos, destacam-se:
eficácia, envolve as seguintes fases:
Receber a correspondência, verificando a falta de ane-
Produção: concepção e gestão de formulários, prepa-
xos e completando dados;
ração e gestão de correspondência, gestão de informes e
Separar as cópias, expedindo o original;
diretrizes, fomento de sistemas de gestão da informação e
Encaminhar as cópias ao Arquivo.
aplicação de tecnologias modernas a esses processos;
É válido ressaltar que as rotinas acima descritas não va-
Utilização e conservação: criação e melhoramento dos
lem como regras, visto que cada instituição possui suas ti-
pologias documentais, seus métodos de classificação, enfim, sistemas de arquivos e de recuperação de dados, gestão de
surgem situações diversas. Servem apenas como exemplos correio e telecomunicações, seleção e uso de equipamento
para a elaboração de rotinas em cada instituição. reprográfico, análise de sistemas, produção e manutenção
de programas de documentos vitais e uso de automação e
CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO. reprografia nestes processos;
Desde o desenvolvimento da arquivologia como disci- Destinação: a identificação e descrição das séries do-
plina, a partir da segunda metade do século XIX, talvez nada cumentais, estabelecimento de programas de avaliação e
a tenha revolucionado tanto quanto concepção teórica e os destinação de documentos, arquivamento intermediário,
desdobramentos práticos da gestão ou a administração de eliminação e recolhimento dos documentos de valor per-
documentos estabelecidos após a Segunda Guerra Mundial. manente às instituições arquivísticas.
Para alguns, trata-se de um conceito emergente, alvo de
controvérsias e ainda restrito, como experiência, a poucos O código de classificação de documentos de arquivo é
países. um instrumento de trabalho utilizado para classificar todo e
Segundo o historiador norte americano Lawrence Bur- qualquer documento produzido ou recebido por um órgão
net, a gestão de documentos é uma operação arquivística no exercício de suas funções e atividades. A classificação
“o processo de reduzir seletivamente a proporções manipu- por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os do-
láveis a massa de documentos, que é característica da civi- cumentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua
lização moderna, de forma a conservar permanentemente recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas
os que têm um valor cultural futuro sem menosprezar a in- com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhi-
tegridade substantiva da massa documental para efeitos de mento e acesso a esses documentos, uma vez que o traba-
pesquisa”. lho arquivísticos é realizado com base no conteúdo do do-

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

cumento, o qual reflete a atividade que o gerou e determi- as primeiras atividades de avaliação dos acervos de caráter
na o uso da informação nele contida. A classificação define, intermediário sob a guarda da então Divisão de Pré Arqui-
portanto, a organização física dos documentos arquivados, vo do Arquivo Nacional, desta vez com a preocupação de
constituindo-se em referencial básico para sua recuperação. estabelecer prazos de guarda com vista à eliminação e, con-
No código de classificação, as funções, atividades, es- sequentemente, à redução do volume documental e racio-
pécies e tipos documentais genericamente denominados nalização do espaço físico.
assuntos, encontram-se hierarquicamente distribuídos de A metodologia adotada à época envolveu pesquisas
acordo com as funções e atividades desempenhadas pelo na legislação que regula a prescrição de documentos ad-
órgão. Em outras palavras, os assuntos recebem códigos ministrativos, e entrevistas com historiadores e servidores
numéricos, os quais refletem a hierarquia funcional do ór- responsáveis pela execução das atividades nos órgãos pú-
gão, definida através de classes, subclasses, grupos e sub- blicos, que forneceram as informações relativas aos valores
grupos, partindo-se sempre do geral para o particular. primário e secundário dos documentos, isto é, ao seu po-
A classificação deve ser realizada por servidores treina- tencial de uso para fins administrativos e de pesquisa, res-
dos, de acordo com as seguintes operações. pectivamente. Concluídos os trabalhos, ainda que restrito à
a) ESTUDO: consiste na leitura de cada documento, a documentação já depositada no arquivo intermediário do
fim de verificar sob que assunto deverá ser classificado e Arquivo Nacional foi constituída, em 1993, uma Comissão
quais as referências cruzadas que lhe corresponderão. A re- Interna de Avaliação que referendou os prazos de guarda e
ferência cruzada é um mecanismo adotado quando o con- destinação propostos.
teúdo do documento se refere a dois ou mais assuntos. Com o objetivo de elaborar uma tabela de temporalida-
b) CODIFICAÇÃO: consiste na atribuição do código cor- de para documentos da então Secretaria de Planejamento,
respondente ao assunto de que trata o documento. Orçamento e Coordenação (SEPLAN), foi criado, em 1993,
um grupo de trabalho composto por técnicos do Arquivo
ROTINAS CORRESPONDENTES ÀS OPERAÇÕES DE Nacional e daquela secretaria, cujos resultados, relativos as
CLASSIFICAÇÃO atividades-meio, serviriam de subsídio ao estabelecimento
1. Receber o documento para classificação; de prazos de guarda e destinação para os documentos da
2. Ler o documento, identificando o assunto principal e administração pública federal. A tabela, elaborada com base
o(s) secundário(s) de. nas experiências já desenvolvidas pelos dois órgãos, foi en-
caminhada, em 1994, à Direção Geral do Arquivo Nacional
Acordo com seu conteúdo;
para aprovação.
3. Localizar o(s) assunto(s) no Código de classificação
Com a instalação do Conselho Nacional de Arquivos
de documentos de arquivo, utilizando o índice, quando ne-
(Conarq), em novembro de 1994, foi criada, dentre outras,
cessário;
a Câmara Técnica de Avaliação de Documentos (Ctad) para
4. Anotar o código na primeira folha do documento;
dar suporte às atividades do conselho. Sua primeira tarefa
5. Preencher a(s) folha(s) de referência, para os assuntos
foi analisar e discutir a tabela de temporalidade elaborada
secundários.
pelo grupo de trabalho Arquivo Nacional/SEPLAN, com o
objetivo de torná-la aplicável também aos documentos pro-
A avaliação constitui-se em atividade essencial do ciclo duzidos pelos órgãos públicos nas esferas estadual e muni-
de vida documental arquivísticos, na medida em que define cipal, servindo como orientação a todos os órgãos partici-
quais documentos serão preservados para fins administrati- pantes do Sistema Nacional de Arquivos (Sinar).
vos ou de pesquisa e em que momento poderão ser elimi- O modelo ora apresentado constitui-se em instrumento
nados ou destinados aos arquivos intermediário e perma- básico para elaboração de tabelas referentes as atividades-
nente, segundo o valor e o potencial de uso que apresen- meio do serviço público, podendo ser adaptado de acordo
tam para a administração que os gerou e para a sociedade. com os conjuntos documentais produzidos e recebidos. Vale
Os primeiros atos legais destinados a disciplinar a ava- ressaltar que a aplicação da tabela deverá estar condiciona-
liação de documentos no serviço público datam do final do da à aprovação por instituição arquivística pública na sua
século passado, em países da Europa, nos Estados Unidos específica esfera de competência.
e no Canadá. No Brasil, a preocupação com a avaliação de A tabela de temporalidade deverá contemplar as ativi-
documentos públicos não é recente, mas o primeiro passo dades meio e atividades-fim de cada órgão público. Desta
para sua regulamentação ocorreu efetivamente com a lei forma, caberá aos mesmos definir a temporalidade e desti-
federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que em seu arti- nação dos documentos relativos às suas atividades específi-
go 9º dispõe que “a eliminação de documentos produzidos cas, complementando a tabela básica. Posteriormente, esta
por instituições públicas e de caráter público será realizada deverá ser encaminhada à instituição arquivística pública
mediante autorização de instituição arquivística pública, na para aprovação e divulgação, por meio de ato legal que lhe
sua específica esfera de competência”. confira legitimidade.
O Arquivo Nacional publicou em 1985 manual técni- A tabela de temporalidade é um instrumento arquivís-
co sob o título Orientação para avaliação e arquivamento tico resultante de avaliação, que tem por objetivos definir
intermediário em arquivos públicos, do qual constam dire- prazos de guarda e destinação de documentos, com vista a
trizes gerais para a realização da avaliação e para a elabo- garantir o acesso à informação a quantos dela necessitem.
ração de tabelas de temporalidade. Em 1986, iniciaram-se Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma ins- II – Órgãos que possuem arquivo central e não contam
tituição no exercício de suas atividades, os prazos de guarda com serviços de arquivamento intermediário: Nos órgãos
nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eli- situados nesta variável, as unidades organizacionais são res-
minação ou guarda permanente –, além de um campo para ponsáveis pelo arquivamento corrente e o arquivo central
observações necessárias à sua compreensão e aplicação. funciona como arquivo intermediário, obedecendo aos pra-
Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utiliza- zos previstos para esta fase e efetuando o recolhimento ao
ção do instrumento: arquivo permanente.
1. Assunto: Neste campo são apresentados os con- III – Órgãos que não possuem arquivo central e contam
juntos documentais produzidos e recebidos, hierarquica- com serviços de arquivamento intermediário: Nesta variável,
mente distribuídos de acordo com as funções e atividades as unidades organizacionais também funcionam como arqui-
desempenhadas pela instituição. Para possibilitar melhor vo corrente, transferindo os documentos – depois de cessado
identificação do conteúdo da informação, foram emprega- o prazo previsto para esta fase – para o arquivo intermediário,
das funções, atividades, espécies e tipos documentais, ge- que promoverá o recolhimento ao arquivo permanente.
nericamente denominados assuntos, agrupados segundo IV – Órgãos que não possuem arquivo central nem con-
um código de classificação, cujos conjuntos constituem o tam com serviços de arquivamento intermediário:
referencial para o arquivamento dos documentos. Quanto aos órgãos situados nesta variável, as unidades
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, organizacionais são igualmente responsáveis pelo arquiva-
que contém os conjuntos documentais ordenados alfabeti- mento corrente, ficando a guarda intermediária a cargo das
camente para agilizar a sua localização na tabela. mesmas ou do arquivo público, o qual deverá assumir tais
2. Prazos de guarda: Referem-se ao tempo necessário funções.
para arquivamento dos documentos nas fases corrente 3. Destinação final: Neste campo é registrada a destina-
e intermediária, visando atender exclusivamente às ne- ção estabelecida que possa ser a eliminação, quando o do-
cessidades da administração que os gerou, mencionado, cumento não apresenta valor secundário (probatório ou in-
preferencialmente, em anos. Excepcionalmente, pode ser formativo) ou a guarda permanente, quando as informações
expresso a partir de uma ação concreta que deverá neces- contidas no documento são consideradas importantes para
sariamente ocorrer em relação a um determinado conjunto fins de prova, informação e pesquisa.
documental. Entretanto, deve ser objetivo e direto na de- A guarda permanente será sempre nas instituições ar-
finição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até quivísticas públicas (Arquivo Nacional e arquivos públicos es-
taduais, do Distrito Federal e municipais), responsáveis pela
homologação da aposentadoria; e até quitação da dívida.
preservação dos documentos e pelo acesso às informações
O prazo estabelecido para a fase corrente relaciona-se ao
neles contidas. Outras instituições poderão manter seus ar-
período em que o documento é frequentemente consul-
quivos permanentes, seguindo orientação técnica dos arqui-
tado, exigindo sua permanência junto às unidades orga-
vos públicos, garantindo o intercâmbio de informações sobre
nizacionais. A fase intermediária relaciona-se ao período
os respectivos acervos.
em que o documento ainda é necessário à administração,
4. Observações: Neste campo são registradas informa-
porém com menor frequência de uso, podendo ser trans-
ções complementares e justificativas, necessárias à correta
ferido para depósito em outro local, embora à disposição
aplicação da tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à
desta. alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos
A realidade arquivística no Brasil aponta para variadas quanto à destinação dos documentos, segundo a particulari-
formas de concentração dos arquivos, seja ao nível da ad- dade dos conjuntos documentais avaliados.
ministração (fases corrente e intermediária), seja no âmbito A necessidade de comunicação é tão antiga como a for-
dos arquivos públicos (permanentes ou históricos). Assim, mação da sociedade humana, o homem, talvez na ânsia de se
a distribuição dos prazos de guarda nas fases corrente e perpetuar, teve sempre a preocupação de registrar suas ob-
intermediária foi definida a partir das seguintes variáveis: servações, seu pensamento, para legá-los às gerações futuras.
I – Órgãos que possuem arquivo central e contam com Assim começou a escrita. Na sua essência. Isto nada mais
serviços de arquivamento intermediário: é do que registrar e guardar. Por sua vez, no seu sentido mais
Para os órgãos federais, estaduais e municipais que se simples, guardar é arquivar.
enquadram nesta variável, há necessidade de redistribui- Por muito tempo reinou uma completa confusão sobre o
ção dos prazos, considerando-se as características de cada verdadeiro sentido da biblioteca, museu e arquivo. Indiscuti-
fase, desde que o prazo total de guarda não seja alterado, velmente, por anos e anos, estas instituições tiveram mais ou
de forma a contemplar os seguintes setores arquivísticos: menos o mesmo objetivo. Eram elas depósitos de tudo o que
- arquivo setorial (fase corrente, que corresponde ao se produzira a mente humana, isto é, do resultado do traba-
arquivo da unidade organizacional); lho intelectual e espiritual do homem.
- arquivo central (fase intermediária I, que corresponde O arquivo, quando bem organizado, transmite ordens,
ao setor de arquivo geral/central da instituição); evita repetição desnecessárias de experiências, diminui a
- arquivo intermediário (fase intermediária II, que cor- duplicidade de documentos, revela o que está por ser feito,
responde ao depósito de arquivamento intermediário, ge- o que já foi feito e os resultados obtidos. Constitui fonte de
ralmente subordinado à instituição arquivística pública nas pesquisa para todos os ramos administrativos e auxilia o ad-
esferas federal, estadual e municipal). ministrador a tomada de decisões.

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Os principais Sistemas ou Tipos de classificação utiliza- Método simplificado: Este a rigor não deveria ser con-
dos em arquivos são: siderado propriamente um método, pois, na realidade, nada
mais é do que a utilização de vários métodos ao mesmo tem-
Método alfabético: É o sistema mais simples, fácil, lógico po, com a finalidade de reunir num só móvel as vantagens de
e prático, porque obedecendo à ordem alfabética pode-se todos eles.
logo imaginar que não apresentará grandes dificuldades
nem para a execução do trabalho de arquivamento, nem Tipologia
para a procura do documento desejado, pois a consulta é Tipologia documental é a denominação que se dá quan-
direta. do reunimos determinada espécie à função ou atividade que o
documento irá exercer. Ex.: Declaração de Imposto de Renda,
Método numérico simples: Consiste em numerar as pas- Certidão de nascimento.
tas em ordem da entrada do correspondente ou assunto, Exemplo: Espécie e Tipologia documental
sem nenhuma consideração à ordem alfabética dos mes-
mos, dispensando assim qualquer planejamento anterior do Espécie Tipologia
arquivo. Para o bom êxito deste método, devemos organi- Contrato Contrato de locação
zar dois índices em fichas; numas fichas serão arquivadas Alvará Alvará de funcionamento
alfabeticamente, para que se saiba que numero recebeu o Certidão Certidão de nascimento
correspondente ou assunto desejado, e no outro são arqui-
vadas numericamente, de acordo com o numero que rece- A fase de identificação pressupõe o reconhecimento de
beu o cliente ou o assunto, ao entrar para o arquivo. Este úl- elementos que caracterizam os documentos, seja em fase de
timo índice pode ser considerado tombo (registro) de pastas produção ou de acumulação nos arquivos, em instrumentos de
ocupadas e, graças a ele, sabemos qual é o ultimo numero coleta de dados. É uma fase que busca o conhecimento dos
preenchido e assim destinaremos o numero seguinte a qual- procedimentos e rotinas de produção de documentos no ór-
quer novo cliente que seja registrado. gão, cujo resultado final é a definição das séries documentais.
Método alfabético numérico: Como se pode deduzir O estudo do contexto de produção das tipologias identifi-
pelo seu nome, é um método que procurou reunir as vanta- cadas pressupõe o levantamento de elementos, que versem a
gens dos métodos alfabéticos simples e numérico simples, sua criação, estrutura e desenvolvimento do órgão, sendo esta
tendo alcançado seu objetivo, pois desta combinação re- a primeira tarefa da identificação. A segunda é a identificação
sultou um método que apresenta ao mesmo tempo a sim- do tipo documental, a qual está baseada no método diplomá-
plicidade de um e a exatidão e rapidez, no arquivamento, tico, que é utilizado para extrair e registrar os elementos cons-
do outro. É conhecido também pelo nome de numeralfa e titutivos do documento, visando entender e conhecer o seu
alfanumérico. processo de criação. O registro desses elementos nessa fase
é imprescindível para a análise realizada na fase da avaliação,
Método geográfico: Este método é muito aconselhável função arquivística, que tem por finalidade atribuir valores para
quando desejamos ordenar a documentação de acordo com os documentos, definindo prazos para sua guarda, objetivando
a divisão geográfica, isto é, de acordo com os países, es- e racionalização dos arquivos como meio de proporcionar a
tados, cidades, municípios etc. Nos departamentos de ven- eficiência administrativa.
das, por exemplo, é de especial utilidade para agrupar os Neste sentido, a fase de identificação assume um papel re-
correspondentes de acordo com as praças onde operam ou levante no processo de continuidade do fazer arquivísticos, for-
residem. necendo dados, que serão utilizados no processo da avaliação.
O histórico da identificação inicia-se nas primeiras Jorna-
Método específico ou por assunto: Indiscutivelmente o das de Identificação e Avaliação de Fundos Documentais das
método especifico, representado por palavras dispostas al- Administrações Públicas, realizadas em 1991, em Madrid na Es-
fabeticamente, é um dos mais difíceis processos de arquiva- panha, na qual a identificação foi reconhecida como uma fase
mento, pois, consistindo em agrupar as pastas por assunto, da metodologia arquivística.
apresenta a dificuldade de se escolher o melhor termo ou Este reconhecimento definiu qual é o momento arqui-
expressão que defina o assunto. Temos o vocabulário todo vístico para o desenvolvimento desta fase e como aplicar esta
da língua à nossa disposição e justamente o fato de ser tão metodologia. A identificação passa a ser considerada como a
amplo o campo da escolha nos dificulta a seleção acertada, primeira fase do trabalho arquivístico, e o seu corpo metodoló-
além do que entra muito o ponto de vista pessoal do arqui- gico se divide em três etapas: “identificação do órgão produtor,
vista, nesta seleção. identificação do elemento funcional e a identificação do tipo
Método decimal: Este método foi inspirado no Siste- documental”.
ma Decimal de Melvil Dewey. Dewey organizou um sistema No Brasil, o Arquivo Nacional a partir de 1981, implantou o
de classificação para bibliotecas, muito interessante, o qual Programa de Modernização Institucional-Administrativa, o qual
conseguiu um grande sucesso; fora publicado em 1876. era constituído de vários projetos, sendo que um deles previa
Dividiu ele os conhecimentos humanos em dez classes, a identificação e controle dos conjuntos documentais reco-
as quais, por sua vez, se subdividiram em outras dez, e assim lhidos. A atividade da identificação adquiriu uma importân-
por diante, sendo infinita essa possibilidade de subdivisão, cia maior e foi definida como uma das metas no tratamento
graças à sua base decimal. dos conjuntos

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Com o término desses trabalhos, foi publicado o manual Para os autores a fase de identificação, deve se ini-
de procedimentos para a identificação de documentos em ciar pela identificação do órgão produtor, sendo seguida
arquivos públicos e o manual de levantamento da produ- pela identificação do elemento funcional. Entretanto, se-
ção documental em 1985 e 1986, respectivamente. rão associadas em uma mesma etapa e/ou procedimento,
Naquele momento, a metodologia da identificação pois são tarefas afins, as quais se complementam em um
apresentava um enfoque para o tratamento de massas mesmo estudo, e são realizadas a partir de entrevistas e/ou
documentais acumuladas nos arquivos, e a discussão aplicação de questionário, pelo estudo da legislação, com
proposta pelo Arquivo Nacional não chegou ao nível da especial atenção aos itens que tratam das funções e com-
identificação da tipologia documental, ou seja, passou petências, razão pela qual não há necessidade de separá-las
longe da discussão sobre as características do documen- neste estudo. Nesta perspectiva, podemos afirmar que a fase
to, focando apenas o nível do fundo. da identificação se constitui de dois momentos, e não três: a
Atualmente, a metodologia de identificação tipológi- identificação do órgão produtor, considerando os elementos
ca é realizada no tratamento documental, porém, é par- funcionais que o caracterizam internamente, e a identificação
cialmente reconhecida na área. Mesmo estando presente do tipo documental.
na literatura, há uma variação na designação do termo, Na fase de identificação, a primeira etapa será o levanta-
este é encontrado como: tarefa, levantamento de dados, mento do contexto de produção, que versa sobre o elemento
diagnóstico de problemas documentais, análise de pro- orgânico e o órgão produtor da documentação gerada como
dução, análise dos documentos, análise do fluxo docu- consequência do exercício de suas funções. Dessa forma,
mental; do órgão produtor ou da instituição produtora; compreende-se como órgão produtor toda instituição, em-
estudo da estrutura organizacional, entre outros. presa e/ou organização de pequeno, médio ou grande porte
A “fase do tratamento arquivístico consiste na inves- que exerce atividades e tem como reflexo dessas, a produção
tigação e sistematização das categorias administrativas de documentos, com o fim de atingir seus objetivos sociais,
em que se sustenta à estrutura de um fundo”. É consi- comerciais e/ou governamentais. Portanto, é quem cria o
derada a primeira fase da metodologia arquivística, por conjunto documental. Então, como fazer essa identificação e
apresentar um caráter intelectual e investigativo, o qual quais os procedimentos que devem ser realizados?
visa o reconhecimento do órgão produtor e das tipolo- Identificar o contexto de produção é conhecer toda vida
gias documentais existentes, cujo objetivo final é a defi- do órgão, significa investigar a história administrativa, sua
nição das séries que se configuram como conjuntos de origem, seu funcionamento, a hierarquia de competências e
tipos documentais que tem produção seriada. São nas funções desempenhadas. Isso possibilita encontrar as falhas
do órgão, que serão analisadas para se chegar a possíveis
séries que encontramos a identidade do órgão produtor,
soluções e para gerar eficiência no desenvolvimento das me-
as funções, as competências e a definição do tipo docu-
todologias arquivísticas a serem aplicadas.
mental.
Martín-Palomino Benito e Torre Merino demonstram um
Diante da escassa literatura e da ausência de estudos
estudo sistematizado, que versa sobre: órgão produtor, or-
sobre essa fase metodológica no campo da arquivística,
ganogramas e legislação. Neste estudo os autores apresen-
os dicionários publicados no país refletem tal problema.
tam vários elementos, para a elaboração do índice do órgão
Vale ressaltar que o Dicionário de Terminologia Ar-
produtor. Conforme os autores, se deve diagnosticar o nome,
quivística publicado pela Associação de Arquivistas Bra-
a origem, as datas e textos normativos que indiquem mudan-
sileiros em 1996, não apresenta o termo. Entretanto, o Di-
ças na estrutura do órgão, as subordinações a outros órgãos
cionário Brasileiro de Terminologia Arquivística publicado e os documentos mais produzidos.
pelo Arquivo Nacional, em 2005, faz referência e define No repertório de organograma, o arquivista deverá partir
a identificação como um “processo de reconhecimento, dos dados coletados, que propiciem análises, principalmente,
sistematização e registro de informações sobre arquivos, das diversas estruturas que o órgão apresenta. Já no índice
com vistas ao seu controle físico e/ou intelectual”. legislativo serão produzidas fichas, com informações sobre a
Definição esta voltada para os arquivos enquanto legislação que afeta o órgão, definindo sua data de aprova-
fundos, mas que pelo menos registra o conceito, sen- ção e publicação resumo da norma.
do uma abertura para o conhecimento da identificação Nota-se que os procedimentos adotados para esta iden-
como parte da metodologia, primeira referência à histó- tificação estarão baseados em coletas de dados. Subenten-
ria do conceito da identificação no Brasil. de-se por coleta de dados e informações “o registro sistemá-
Com base na proposta metodológica da fase de tico do conjunto de elementos que se associa ao comporta-
identificação de Martín-Palomino Benito e Torre Merino, mento de um fenômeno, de um sistema ou de um conjunto
que contemplam a identificação do órgão produtor, en- desses dois” e para diagnosticar tais conjuntos, existem três
quanto fundo e o tipo documental em seu menor nível, técnicas: a entrevista, o questionário e a observação pessoal
são definidos três momentos para a realização deste pro- ou direta, que se elaboradas e aplicadas de forma imperfeita
cedimento metodológico: comprometerá o planejamento final.
1) Identificação do órgão produtor; A Tipologia também cuida da reunião de documentos de
2) Identificação do elemento funcional e forma automatizada. Também cabe ao seu âmbito a preser-
3) Identificação do tipo documental vação, conservação e restauração de documentos.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

MICROFILMAGEM: é um processo realizado mediante O propósito do acondicionamento é o de guardar,


captação da imagem por meio fotográfico ou eletrônico, ten- proteger e facilitar o manuseio do material que compõe um
do como objetivos principais reduzir o tamanho do acervo e acervo ou uma reserva técnica. Pelo fato de cada instituição
preservar os documentos originais (estima-se que um micro- possuir uma política financeira, uma proposta de tratamento,
filme preservado em condições ambientais adequadas tenha além de objetos de materiais, tamanhos e dimensões díspares
a durabilidade média de 500 anos). que devem ser preservados, não há uma receita pronta para o
A partir da microfilmagem – salvo raras exceções – o do- acondicionamento perfeito, cada caso deve ser analisado iso-
cumento estará disponível para consulta apenas através do ladamente, para se alcançar o objetivo de proteger o material.
rolo de microfilme, preservando-se, dessa forma, o original. É necessário, então, conhecer profundamente o acervo:
Para que possua valor legal, a microfilmagem só pode ser • a localização do prédio;
realizada por cartórios ou empresas devidamente registradas • o espaço que abriga a reserva técnica;
e autorizadas pelo Ministério da Justiça. • o objeto a ser preservado.
Devido ao valor legal do microfilme, existe uma legis- A verificação antecipada de todos os pontos, acima rela-
lação específica que deve ser seguida pelas instituições en- cionados, é de suma importância para a escolha apropriada
volvidas em sua produção. Nesse sentido, a Lei nº 5.433/68, para a resolução do trabalho a ser realizado, bem como avaliar
regulamentada pelo Decreto nº 1799/66, que disciplina toda cuidadosamente cada objeto da reserva técnica ou do acervo
produção de microfilme, estabelece que: é primordial para a elaboração de uma embalagem, uma vez
§ 1º Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as que cada um desses objetos possui um comportamento es-
certidões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas dire- pecífico diante de mudanças de temperatura e de umidade,
tamente dos filmes produzirão os mesmos efeitos legais dos apresentando, portanto, um estado de conservação diferente.
documentos originais em juízo ou fora dele. Dessa forma, pensar, antecipadamente, em acondicionamento
É importante destacar que não são todos os documentos é ser um profissional precavido em relação a possíveis fatores
de um arquivo que devem ser microfilmados. que possam acelerar o processo de degradação dos docu-
mentos, objetos ou das obras que devem ser preservados.
AUTOMAÇÃO (Digitalização): Quando falamos em au-
tomação de documentos estamos basicamente fazendo
CONSERVAÇÃO: É um conceito amplo e pode ser pensa-
referência à transposição do suporte inicial do documento
do como termo que abrange pelo menos três (3) ideias: pre-
(papel, fita magnética etc.) para um suporte digital (CD, DVD
servação, proteção e manutenção.
etc.) por meio de computadores. As duas formas mais co-
Conservar bens culturais (livros, documentos, objetos de
muns de automatizar (digitalizar) um documento são:
arte, etc.) é defendê-lo da ação dos agentes físicos, químicos e
1. Através da transferência da informação para um CD ou
biológicos que os atacam.
mesmo para o meio virtual (ex: disco virtual) realizado pelo
processo de “scanneamento” de um documento em papel; O principal objetivo portanto da conservação é o de es-
2. Gravando as informações de uma fita magnética, disco tender a vida útil dos materiais, dando aos mesmos o trata-
de vinil etc. para um CD ou DVD, por exemplo. mento correto. Para isso é necessário permanente fiscalização
A digitalização de documentos é uma política de arquivo das condições ambientais, manuseio e armazenamento.
baseada em quatro fundamentos principais: A preservação ocupa-se diretamente com o patrimônio
1. Diminuição do tamanho do acervo; cultural consistindo na conservação desses patrimônios em
2. Preservação dos documentos; seus estados atuais. Por isso, devem ser impedidos quaisquer
3. Possibilidade de acesso ao mesmo documento por vá- danos e destruição causadas pela umidade, por agentes quí-
rias pessoas ao mesmo tempo; micos e por todos os tipos de pragas e de microrganismo. A
4. Maior agilidade (ao menos em tese) na busca e recu- manutenção, a limpeza periódica é a base da prevenção.
peração da informação. Os acervos das bibliotecas são basicamente constituídos
por materiais orgânicos e, como tal, estão sujeitos a um contí-
Principais diferenças entre os documentos microfilma- nuo processo de deterioração.
dos e os digitalizados: A conservação, enquanto matéria interdisciplinar, não
1. O microfilme possui valor legal. O documento digital pode simplesmente suspender um processo de degradação,
não possui valor legal. Assim, caso o documento tenha valor já instalado.
jurídico, ele poderá ser eliminado se houver sido microfilma- Pode, sim, utilizar-se de métodos técnico-científicos,
do, mas o mesmo não poderá ser feito caso ele tenha sido numa perspectiva interdisciplinar, que reduzam o ritmo tanto
scanneado. quanto possível deste processo.
2. Alguns estudos demonstram que o tempo de vida útil Sobre todo legado histórico que se traduza como bem cul-
(considera-se a integridade da informação) de um CD, em tural, na medida em que representa material de valor presente
condições de armazenamento e ambiente adequados, gira e futuro para a humanidade, a inexorável possibilidade de de-
em torno de 200 anos. O microfilme tem um prazo estipula- gradação atinge proporções de extrema responsabilidade.
do em 500 anos. É cientificamente provado que o papel degrada-se rapi-
3. O CD pode ser guardado em condições ambientais damente se fabricado e, ou acondicionado sob critérios inde-
“mais flexíveis”, enquanto que o microfilme, devido à compo- vidos. Por mais de um século tem-se fabricado papel desti-
sição química da fotografia, precisa de cuidados muito mais nado à impressão de livro com alto teor de acidez. Sabemos
especiais. perfeitamente que a acidez é uma das maiores causas da

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degradação dos papéis. Na mesma medida, o acondiciona- utilizada e traçar um plano de acondicionamento do objeto
mento de obras em ambientes quente e úmido gera efeitos restaurado de modo que não volte a sofrer efeitos de dete-
danosos, tais como: reações que se processam a nível quí- rioração do futuro. Podemos dizer que é melhor: Conservar
mico e que geralmente enfraquecem as cadeias moleculares e preservar para não restaurar.
de celulose, fragilizando o papel. Esse fato concorre para
que todos os acervos bibliográficos estabeleçam controles Agentes exteriores que danificam os documentos:
ambientais próprios dentro de parâmetros precisos.
Há um consenso entre os conservadores, no sentido de 1. físicos
que tanto a permanência referente à estabilidade química, Luminosidade - a luz é um dos fatores mais agravantes
ao grau de resistência de um material à deterioração todo no processo de degradação dos materiais bibliográficos.
o tempo, mesmo quando não está em uso quanto à dura- Temperatura - o papel se deteriora com o tempo mes-
bilidade referente à resistência física, ou seja, à capacidade mo que as condições de conservação sejam boas. O papel
de resistir à ação mecânica sobre livros e documentos, estão fica com sua cor original alterada e se torna frágil e isto se
diretamente relacionados com as condições ambientais em chama envelhecimento natural.
que esses materiais são acondicionados. Esses dois fatores Umidade - o excesso de umidade estraga muito mais o
estão de tal forma interligados que materiais de origem or- papel que a deficiência de água.
gânica quando se deterioram quimicamente perdem tam-
bém sua resistência física. Em outras palavras, há uma es- 2. químicos
treita relação entre a longevidade dos suportes da escrita, Acidez do Papel - Os papéis brasileiros apresentam
quer sejam em papel, pergaminho ou outros materiais, e as um índice de acidez elevado (pH 5 em média) e portanto
condições climáticas do ambiente onde se encontram. uma permanência duvidosa. Somemos ao elevado índice de
O controle racional e sistemático de condições ambien- acidez, o efeito das altas temperaturas predominante nos
tais não reduz apenas os problemas de degradação, mas países tropicais e subtropicais e uma variação da umidade
também e principalmente evita seu agravamento. relativa, teremos um quadro bastante desfavorável na con-
A política moderna de conservação a longo prazo orien- servação de documentos em papel. Dentre as causas de de-
ta-se pela luta contra as causas de deterioração, na busca gradação do papel, podemos citar as de origem intrínseca e
as de origem extrínsecas.
do maior prolongamento possível da vida útil de livros e
Poluição Atmosférica - A celulose é atacada pelos áci-
documentos. Dentro desta perspectiva, padrões de conduta
dos, ainda que nas condições de conservação mais favorá-
devem ser adotados, tais como:
veis. A poluição atmosférica é uma das principais causas da
• Formular um diagnóstico do estado geral de conser-
degradação química.
vação da obra e uma proposta quanto aos métodos e mate-
Tintas - a tinta é um dos compostos mais importantes
riais que poderão ser utilizados durante o tratamento;
na documentação. Foi e é usada para escrever em papéis,
• Documentar todos os registros históricos porventura
pergaminhos e materiais similares, desde que o homem sen-
encontrados, sem destruí-los, falsificá-los ou removê-los.
tiu necessidade de registrar seu avanço técnico e cultural,
• Aplicar um tratamento de conservação dentro do li- e é ainda indispensável para a criação de registros e para
mite do necessário e orientar-se pelo absoluto respeito à atividades relacionadas aos interesses de vida diária.
integridade estética, histórica e material de uma obra;
• Adotar a princípio de reversibilidade, que é o leitmotiv 3. biológicos
atual do desenvolvimento e aplicação do método de conser- Insetos - o ataque de insetos tem provocado graves
vação em livros e documentos, pois é importante ter sempre danos a arquivos e bibliotecas, destruindo coleções e docu-
em mente que um procedimento técnico, assim como de- mentos preciosos. Os principais insetos são:
terminados materiais, são sempre alvo de constantes pes- Anobiídeos (brocas ou carunchos)
quisas e que isto propicia um futuro técnico-científico mais Thysanura (traça)
promissor à segurança de uma obra. Blatta orientalis (barata)
Fumigação é um tipo de controle de pragas através do Fungos - atuam decompondo a celulose, grande parte
tratamento químico realizado com compostos químicos ou deles produzem pigmentos que mancham o papel.
formulações pesticidas (os chamados fumigantes) voláteis Roedores - A luta contra ratos é mais difícil que a pre-
(no estado de vapor ou gás) em um sistema hermético, vi- venção contra os insetos. Eles podem provocar desgastes de
sando a desinfestação de materiais, objetos e instalações até 20% do total do documento.
que não possam ser submetidas à outras formas de trata-
mento. Essa técnica causa dano ao documento, não deven- 4. ambientais:
do ser utilizada. Ventilação - é um outro fator a considerar como ele-
mento que favorece o desenvolvimento dos agentes bioló-
RESTAURAÇÃO: A restauração preventiva tem por ob- gicos, quando há pouca aeração.
jetivo revitalizar a concepção original, ou seja, a legibilida- Poeira - um outro fator que pode favorecer o desenvol-
de do objeto. Em uma restauração nenhum fator pode ser vimento dos agentes biológicos sobre os materiais gráficos,
negligenciado, é preciso levantar a história, revelar a tecno- é a presença de pó.
logia empregada na fabricação ou a técnica de impressão

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5. humanos: O Homem, ao lado dos insetos e micror- 1. Fatores ambientais


ganismos é um outro inimigo dos livros e documentos, em- Os agentes ambientais são exatamente aqueles que
bora devêssemos imaginar que ele seria ser o mais cuidado- existem no ambiente físico do acervo: Temperatura, Umida-
so guardião dos mesmos. de Relativa do Ar, Radiação da Luz, Qualidade do Ar.
Num levantamento cuidadoso das condições de conser-
PRESERVAÇÃO: É uma política adotada nas empresas vação dos documentos de um acervo, é possível identificar
para a conservação dos documentos. Essa técnica é prove- facilmente as consequências desses fatores, quando não
niente das áreas de Arquivologia, da biblioteconomia e mu- controlados dentro de uma margem de valores aceitável.
seologia preocupado com a manutenção ou a restauração Todos fazem parte do ambiente e atuam em conjunto.
do acesso a artefatos, documentos e registros através do Sem a pretensão de aprofundar as explicações científi-
estudo, diagnóstico, tratamento e prevenção de danos e da cas de tais fatores, podemos resumir suas ações da seguinte
deterioração. Deve ser distinguida da conservação, que se forma:
refere ao tratamento e reparo de itens individuais sob a ação
de degradação lenta ou à restauração de sua usabilidade. 1.1 Temperatura e umidade relativa: O calor e a umidade
contribuem significativamente para a destruição dos docu-
FATORES DE DETERIORAÇÃO EM ACERVOS DE AR- mentos, principalmente quando em suporte papel. O dese-
QUIVOS quilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. O calor ace-
Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes lera a deterioração. A velocidade de muitas reações quími-
dos acervos e seu comportamento diante dos fatores aos cas, inclusive as de deterioração, é dobrada a cada aumento
quais estão expostos, torna-se bastante fácil detectar ele- de 10°C. A umidade relativa alta proporciona as condições
mentos nocivos e traçar políticas de conservação para mi- necessárias para desencadear intensas reações químicas nos
nimizá-los. materiais. Evidências de temperatura e umidade relativa alta
Os acervos de bibliotecas e arquivos são em geral cons- são detectadas com a presença de colônias de fungos nos
tituídos de livros, mapas, fotografias, obras de arte, revis- documentos, sejam estes em papel, couro, tecido ou outros
tas, manuscritos etc., que utilizam, em grande parte, o papel materiais.
como suporte da informação, além de tintas das mais diver- Umidade relativa do ar e temperatura muito baixa trans-
sas composições.
parece em documentos distorcidos e ressecados.
O papel, por mais variada que possa ser sua com posi-
As flutuações de temperatura e umidade relativa do ar
ção, é formado basicamente por fibras de celulose prove-
são muito mais nocivas do que os índices superiores aos
nientes de diferentes origens.
considerados ideais, desde que estáveis e constantes. Todos
Cabe-nos, portanto, encontrar soluções que permitam
os materiais encontrados nos acervos são higroscópicos, isto
oferecer o melhor conforto e estabilidade ao suporte da
é, absorvem e liberam umidade muito facilmente e, portan-
maioria dos documentos, que é o papel.
to, se expandem e se contraem com as variações de tempe-
A degradação da celulose ocorre quando agentes noci-
vos atacam as ligações celulósicas, rompendo-as ou fazendo ratura e umidade relativa do ar.
com que se agreguem a elas novos componentes que, uma Essas variações dimensionais aceleram o processo de
vez instalados na molécula, desencadeiam reações químicas deterioração e provocam danos visíveis aos documentos,
que levam ao rompimento das cadeias celulósicas. ocasionando o craquelamento de tintas, ondulações nos
A acidez e a oxidação são os maiores processos de dete- papéis e nos materiais de revestimento de livros, danos nas
rioração química da celulose. Também há os agentes físicos emulsões de fotos etc..
de deterioração, responsáveis pelos danos mecânicos dos O mais recomendado é manter a temperatura o mais
documentos. Os mais frequentes são os insetos, os roedores próximo possível de 20°C e a umidade relativa de 45% a
e o próprio homem. 50%, evitando-se de todas as formas as oscilações de 3°C de
Por isso, considera-se agentes de deterioração dos acer- temperatura e 10% de umidade relativa.
vos de bibliotecas e arquivos aqueles que levam os docu- O monitoramento, que nos dá as diretrizes para qual-
mentos a um estado de instabilidade física ou química, com quer projeto de mudança, é feito através do termo higrô-
comprometimento de sua integridade e existência. metro (aparelho medidor da umidade e temperatura simul-
Embora, com muita frequência, não possamos eliminar taneamente).
totalmente as causas do processo de deterioração dos docu- A circulação do ar ambiente representa um fator bas-
mentos, com certeza podemos diminuir consideravelmente tante importante para amenizar os efeitos da temperatura e
seu ritmo, através de cuidados com o ambiente, o manuseio, umidade relativa elevada.
as intervenções e a higiene, entre outros.
Antes de citar os principais fatores de degradação, tor- 1.2 Radiação da luz
na-se indispensável dizer que existe estreita ligação entre Toda fonte de luz, seja ela natural ou artificial, emite ra-
eles, o que faz com que o processo de deterioração tome diação nociva aos materiais de acervos, provocando consi-
proporções devastadoras. deráveis danos através da oxidação.
Para facilitar a compreensão dos efeitos nocivos nos O papel se torna frágil, quebradiço, amarelecido, escu-
acervos podemos classificar os agentes de deterioração em recido. As tintas desbotam ou mudam de cor, alterando a
Fatores Ambientais, Fatores Biológicos, Intervenções Impró- legibilidade dos documentos textuais, dos iconográficos e
prias, Agentes Biológicos, Furtos e Vandalismo. das encadernações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O componente da luz que mais merece atenção é a ra- 2.1 Fungos
diação ultravioleta (UV). Qualquer exposição à luz, mesmo Os fungos representam um grupo grande de organis-
que por pouco tempo, é nociva e o dano é cumulativo e mos. São conhecidos mais de 100.000 tipos que atuam em
irreversível. A luz pode ser de origem natural (sol) e artifi- diferentes ambientes, atacando diversos substratos. No
cial, proveniente de lâmpadas incandescentes (tungstênio) e caso dos acervos de bibliotecas e arquivos, são mais co-
fluorescentes (vapor de mercúrio). Deve-se evitar a luz natu- muns aqueles que vivem dos nutrientes encontrados nos
ral e as lâmpadas fluorescentes, que são fontes geradoras de documentos.
UV. A intensidade da luz é medida através de um aparelho Os fungos são organismos que se reproduzem através
denominado luxímetro ou fotômetro. de esporos e de forma muito intensa e rápida dentro de
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção determinadas condições. Como qualquer outro ser vivo,
dos acervos: necessitam de alimento e umidade para sobreviver e proli-
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou per- ferar. O alimento provém dos papéis, amidos (colas), cou-
sianas que bloqueiem totalmente o sol; essa medida tam- ros, pigmentos, tecidos etc. A umidade é fator indispensável
bém ajuda no controle de temperatura, minimizando a ge-
para o metabolismo dos nutrientes e para sua proliferação.
ração de calor durante o dia.
Essa umidade é encontrada na atmosfera local, nos ma-
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no
teriais atacados e na própria colônia de fungos. Além da
controle da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto
umidade e nutrientes, outras condições contribuem para o
em lâmpadas fluorescentes (esses filmes têm prazo de vida
limitado). crescimento das colônias: temperatura elevada, falta de cir-
- Cuidados especiais devem ser considerados em expo- culação de ar e falta de higiene.
sições de curto, médio e longo tempo: Os fungos, além de atacarem o substrato, fragilizando o
- não expor um objeto valioso por muito tempo; suporte, causam manchas de coloração diversas e intensas
- manter o nível de luz o mais baixo possível; de difícil remoção. A proliferação se dá através dos esporos
- não colocar lâmpadas dentro de vitrines; que, em circunstâncias propícias, se reproduzem de forma
- proteger objetos com filtros especiais; abundante e rápida.
- certificar-se de que as vitrines sejam feitas de materiais Se as condições, entretanto, forem adversas, esses es-
que não danifiquem os documentos. poros se tornam “dormentes”. A dormência ocorre quando
as condições ambientais se tornam desfavoráveis, como,
1.3 Qualidades do ar por exemplo, a umidade relativa do ar com índices baixos.
O controle da qualidade do ar é essencial num progra- Quando dormentes, os esporos ficam inativos e, por-
ma de conservação de acervos. Os poluentes contribuem tanto, não se reproduzem nem atacam os documentos. Esse
pesadamente para a deterioração de materiais de bibliote- estado, porém, é reversível; se as condições forem ideais,
cas e arquivos. os esporos revivem e voltam a crescer e agir, mesmo que
Há dois tipos de poluentes – os gases e as partículas tenham sido submetidos a congelamento ou secagem.
sólidas – que podem ter duas origens: os que vêm do am- Os esporos ativos ou dormentes estão presentes em to-
biente externo e os gerados no próprio ambiente. dos os lugares, em todas as salas, em cada peça do acervo
Os poluentes externos são principalmente o dióxido de e em todas as pessoas, mas não é tão difícil controlá-los.
enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NO e NO2) e o Ozônio As medidas a serem adotadas para manter os acervos
(O3). São gases que provocam reações químicas, com for- sob controle de infestação de fungos são:
mação de ácidos que causam danos sérios e irreversíveis aos - estabelecer política de controle ambiental, principal-
materiais. O papel fica quebradiço e descolorido; o couro mente temperatura, umidade relativa e ar circulante, man-
perde a pele e deteriora.
tendo os índices o mais próximo possível do ideal e evitan-
As partículas sólidas, além de carregarem gases poluen-
do oscilações acentuadas;
tes, agem como abrasivos e desfiguram os documentos.
- praticar a higienização tanto do local quanto dos do-
Agentes poluentes podem ter origem no próprio am-
cumentos, com metodologia e técnicas adequadas;
biente do acervo, como no caso de aplicação de vernizes,
madeiras, adesivos, tintas etc., que podem liberar gases pre- - instruir o usuário e os funcionários com relação ao
judiciais à conservação de todos os materiais. manuseio dos documentos e regras de higiene do local;
- manter vigilância constante dos documentos contra
2. Agentes biológicos acidentes com água, secando-os imediatamente caso ocor-
Os agentes biológicos de deterioração de acervos são, ram.
entre outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores Observações importantes:
e os fungos, cuja presença depende quase que exclusiva- - O uso de fungicidas não é recomendado; os danos
mente das condições ambientais reinantes nas dependên- causados superam em muito a eficiência dos produtos so-
cias onde se encontram os documentos. bre os documentos.
Para que atuem sobre os documentos e proliferem, ne- - Caso se detecte situação de infestação, chamar profis-
cessitam de conforto ambiental e alimentação. O conforto sionais especializados em conservação de acervos.
ambiental para praticamente todos os seres vivos está basi- - Não limpar o ambiente com água, pois esta, ao secar,
camente na temperatura e umidade relativa elevadas, pouca eleva a umidade relativa do ar, favorecendo a proliferação
circulação de ar, falta de higiene etc. de colônias de fungos.

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- Na higienização do ambiente, é recomendado o uso Este pó contém saliva, excrementos, ovos e resíduos de
de aspirador. cola, papel etc. Em geral as brocas vão em busca do adesivo
Alguns conselhos para limpeza de material com fungos: de amido, instalando-se nos papelões das capas, no miolo e
- Usar proteção pessoal: luvas de látex, máscaras, aven- no suporte do miolo dos livros. As perdas são em forma de
tais, toucas e óculos de proteção (nos casos de sensibilidade orifícios bem redondinhos.
alérgica). A higienização metódica é a única forma de se fazer o
- Luvas, toucas e máscaras devem ser descartáveis. controle das condições de conservação dos documentos e,
assim, detectar a presença dos insetos. Uma medida que
2.2 Roedores deve ser obedecida sempre é a higienização e separação de
A presença de roedores em recintos de bibliotecas e ar- todo exemplar que for incorporado ao acervo, seja ele origi-
quivos ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Tentar nário de doação, aquisição ou recolhimento.
obstruir as possíveis entradas para os ambientes dos acer- Quando o ataque se torna uma infestação, é preciso
vos é um começo. As iscas são válidas, mas para que surtam buscar a ajuda de um profissional especializado.
efeito devem ser definidas por especialistas em zoonose. O A providência a ser tomada é identificar o documento
produto deve ser eficiente, desde que não provoque a mor- atacado e, se possível, isolá-lo até tratamento. A higieniza-
te dos roedores no recinto. A profilaxia se nos faz mesmos ção de infestados por brocas deve ser feita em lugar distan-
moldes citados acima: temperatura e umidade relativa con- te, devido ao risco de espalhar ovos ou muitas larvas pelo
troladas, além de higiene periódica. ambiente.
Estes insetos precisam ser muito bem controlados: por
2.3 Ataques de insetos mais que se higienize o ambiente e se removam as larvas
Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto re- e resíduos, corre-se o risco de não eliminar totalmente os
vestimentos. A variedade também é grande. O ataque tem ovos. Portanto, após a higienização, os documentos devem
características bem próprias, revelando-se principalmente ser revistos de tempos em tempos.
por perdas de superfície e manchas de excrementos. As ba- Todo tratamento mais agressivo deve ser feito por pro-
fissionais especializados, pois o uso de qualquer produto
ratas se reproduzem no próprio local e se tornam infestação
químico pode acarretar danos intensos aos documentos.
muito rapidamente, caso não sejam combatidas. São atraí-
Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só
das pelos mesmos fatores já mencionados: temperatura e
para as coleções como para o prédio em si.
umidade elevadas, resíduos de alimentos, falta de higiene
Vivem em sociedades muito bem organizadas, reprodu-
no ambiente e no acervo.
zem-se em ninhos e a ação é devastadora onde quer que
Existem iscas para combater as baratas, mas, uma vez
ataquem. Na grande maioria das vezes, sua presença só é
instalada a infestação, devemos buscar a orientação de pro-
detectada depois de terem causado grandes danos.
fissionais.
Os cupins percorrem áreas internas de alvenaria, tubu-
Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos
lações, conduítes de instalações elétricas, rodapés, batentes
imensos em acervos, principalmente em livros. de portas e janelas etc., muitas vezes fora do alcance dos
A sua presença se dá principalmente por falta de pro- nossos olhos.
grama de higienização das coleções e do ambiente e ocorre Chegam aos acervos em ataques massivos, através de
muitas vezes por contato com material contaminado, cujo estantes coladas às paredes, caixas de interruptores de luz,
ingresso no acervo não foi objeto de controle. Exigem vi- assoalhos etc.
gilância constante, devido ao tipo de ataque que exercem. Os ninhos não precisam obrigatoriamente estar dentro
Os sintomas desse ataque são claros e inconfundíveis. Para dos edifícios das bibliotecas e arquivos.
combatê-lo se torna necessário conhecer sua natureza e Podem estar a muitos metros de distância, inclusive na
comportamento. As brocas têm um ciclo de vida em quatro base de árvores ou outros prédios.
fases: ovos – larva – pupa – adulta. Com muita frequência, quando os cupins atacam o acer-
A fase de ataque ao acervo é a de larva. Esse inseto se vo, já estão instalados em todo o prédio. Da mesma forma
reproduz por acasalamento, que ocorre no próprio acervo. que os outros agentes citados anteriormente, os cupins se
Uma vez instalado, ataca não só o papel e seus derivados, instalam em ambientes com índices de temperatura e umi-
como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e to- dade relativa elevados, ausência de boa circulação de ar, fal-
dos os materiais à base de celulose. ta de higienização e pouco manuseio dos documentos.
O ataque causa perda de suporte. A larva digere os ma- No caso de ataque de cupim, não há como solucionar
teriais para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala e o problema sozinho. O ideal é buscar auxílio com um pro-
põe ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se repete. fissional especializado na área de conservação de acervos
As brocas precisam encontrar condições especiais que, para cuidar dos documentos atacados e outro profissional
como todos os outros agentes biológicos, são temperatura capacitado para cuidar do extermínio dos cupins que estão
e umidade relativa elevadas, falta de ar circulante e falta de na parte física do prédio. O tratamento recomendado para o
higienização periódica no local e no acervo. extermínio dos cupins ou para prevenção contra novos ata-
A característica do ataque é o pó que se encontra na ques é feito mediante barreiras químicas adequadamente
estante em contato com o documento. projetadas.

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3. Intervenções inadequadas nos acervos O recomendado é que se tenha uma só porta de entra-
Chamamos de intervenções inadequadas todos os pro- da e saída das instalações onde se encontra o acervo, para
cedimentos de conservação que realizamos em um conjunto ser usada tanto pelos consulentes/pesquisadores quanto
de documentos com o objetivo de interromper ou melhorar pelos funcionários.
seu estado de degradação. Muitas vezes, com a boa inten- As janelas devem ser mantidas fechadas e trancadas.
ção de protegê-los, fazemos intervenções que resultam em Nas áreas destinadas aos usuários, o encarregado precisa
danos ainda maiores. ter uma visão de todas as mesas, permanecendo no local
Nos acervos formados por livros, fotografias, documen- durante todo o horário de funcionamento. As chaves das
tos impressos, documentos manuscritos, mapas, plantas de salas de acervo e o acesso a elas devem estar disponíveis
arquitetura, obras de arte etc., é preciso ver que, segundo apenas a um número restrito de funcionários.
sua natureza, cada um apresenta suportes, tintas, pigmen- Na devolução dos documentos, é preciso que o funcio-
tos, estruturas etc. completamente diferentes. nário faça uma vistoria geral em cada um.
Qualquer tratamento que se queira aplicar exige um co-
nhecimento das características individuais dos documentos 5. Fatores de deterioração
e dos materiais a serem empregados no processo de con- Como podemos ver, os danos são intensos e muitos
servação. Todos os profissionais de bibliotecas e arquivos são irreversíveis. Apesar de toda a problemática dos custos
devem ter noções básicas de conservação dos documentos de uma política de conservação, existem medidas que po-
com que lidam, seja para efetivamente executá-la, seja para demos tomar sem despender grandes somas de dinheiro,
escolher os técnicos capazes de fazê-lo, controlando seu tra- minimizando drasticamente os efeitos desses agentes.
balho. Os conhecimentos de conservação ajudam a manter Alguns investimentos de baixo custo devem ser feitos,
equipes de controle ambiental, controle de infestações, hi- a começar por:
gienização do ambiente e dos documentos, melhorando as • treinamento dos profissionais na área da conservação
condições do acervo. e preservação;
Pequenos reparos e acondicionamentos simples podem • atualização desses profissionais (a conservação é uma
ser realizados por aqueles que tenham sido treinados nas
ciência em desenvolvimento constante e a cada dia novas
técnicas e critérios básicos de intervenção.
técnicas, materiais e equipamentos surgem para facilitar e
melhorar a conservação dos documentos);
4. Problemas no manuseio de livros e documentos
• monitoração do ambiente – temperatura e umidade
O manuseio inadequado dos documentos é um fator de
relativa em níveis aceitáveis;
degradação muito frequente em qualquer tipo de acervo.
• uso de filtros e protetores contra a luz direta nos do-
O manuseio abrange todas as ações de tocar no docu-
cumentos;
mento, sejam elas durante a higienização pelos funcionários
• adoção de política de higienização do ambiente e dos
da instituição, na remoção das estantes ou arquivos para
uso do pesquisador, nas foto reproduções, na pesquisa pelo acervos;
usuário etc. O suporte papel tem uma resistência determina- • contato com profissionais experientes que possam as-
da pelo seu estado de conservação. Os critérios para higie- sessorar em caso de necessidade.
nização, por exemplo, devem ser formulados mediante ava- Conservação: critérios de intervenção para a estabiliza-
liação do estado de degradação do documento. Os limites ção de documentos
devem ser obedecidos. Há documentos que, por mais que Os documentos que sofrem algum tipo de dano apre-
necessitem de limpeza, não podem ser manipulados duran- sentam um processo de deterioração que progressivamen-
te um procedimento de higienização, porque o tratamento te vai levá-los a um estado de perda total. Para evitar esse
seria muito mais nocivo à sua integridade, que é o item mais desfecho, interrompe-se o processo através de interven-
importante a preservar, do que a eliminação da sujidade. ções que levam à estabilização do documento.
Estabilizar um documento é, portanto, interromper um
4.1 Furto e vandalismo processo que esteja deteriorando o suporte e/ou seus agre-
Um volume muito grande de documentos em nossos gados, através de procedimentos mínimos de intervenção.
acervos é vítima de furtos e vandalismo. Por exemplo: estabilizar por higienização significa que uma
A falta de segurança e nenhuma política de controle são limpeza mecânica corrige o processo de deterioração. No
a causa desse desastre. capítulo anterior, vimos os fatores de deterioração e seus
Além do furto, o vandalismo é muito frequente. A quan- efeitos nos documentos. O segundo passo será a interven-
tidade de documentos mutilados aumenta dia a dia. Esse ção nesse processo de deterioração, através de estabiliza-
é o tipo de dano que, muitas vezes, só se constata muito ção dos documentos danificados.
tempo depois. É necessário implantar uma política de pro- Para se fazer qualquer intervenção, deve-se obedecer
teção, mesmo que seja através de um sistema de segurança a critérios de prioridade estabelecidos no tratamento dos
simples. acervos: de coleções gerais ou de obras raras, no caso de
Durante o período de fechamento das instituições, a bibliotecas, de documentos antigos ou mais recentes, no
melhor proteção é feita com alarmes e detectores internos. caso de arquivos.
O problema é durante o horário de funcionamento, que é Antes de qualquer intervenção, a primeira avaliação é se
quando os fatos acontecem. nós somos capazes de executá-la.

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Alguns de nós seremos capazes e muitos outros não. 8.1 Processos de higienização
Esse é o primeiro critério a seguir. 8.1.1 Limpeza de superfície
Caso não nos julguemos com conhecimentos necessá- O processo de limpeza de acervos de bibliotecas e ar-
rios, a solução é buscar algum especialista da área ou acon- quivos se restringe à limpeza de superfície e, portanto, é me-
dicionar o documento enquanto aguardamos o momento cânica, feita a seco. A técnica é aplicada com o objetivo de
oportuno de intervir. reduzir poeira, partículas sólidas, incrustações, resíduos de
excrementos de insetos ou outros depósitos de superfície.
6. Características gerais dos materiais empregados Nesse processo, não se usam solventes. A limpeza de su-
em conservação perfície é uma etapa independente de qualquer tratamento
Nos projetos de conservação/preservação de acervos mais intenso de conservação; é, porém, sempre a primeira
de bibliotecas, arquivos e museus, é recomendado apenas etapa a ser realizada.
o uso de materiais de qualidade arquivística, isto é, daque-
les materiais livres de quaisquer impurezas, quimicamente 8.1.2 Razões que levam a realizar a limpeza do acervo •
estáveis, resistentes, duráveis. Suas características, em re- A sujidade escurece e desfigura o documento, prejudicando
lação aos documentos onde são aplicados, distinguem-se -o do ponto de vista estético.
pela estabilidade, neutralidade, reversibilidade e inércia. Os • As manchas ocorrem quando as partículas de poeira
materiais não enquadrados nessa classificação não podem se umedecem, com a alta umidade relativa ou mesmo por
ser usados, pois apresentam problemas de instabilidade, ataque de água, e penetram rapidamente no papel. A sujeira
reagem com o tempo e decompõem-se em outras subs- e outras substâncias dissolvidas se depositam nas margens
tâncias que vão deteriorar os documentos com os quais das áreas molhadas, provocando a formação de manchas. A
estão em contato. Além disso, são de natureza irreversível, remoção dessas manchas requer a intervenção de um res-
ou seja, uma vez aplicados aos documentos não podem ser taurador.
removidos. • Os poluentes atmosféricos são altamente ácidos e,
Dentro das especificações positivas, encontramos vá- portanto, extremamente nocivos ao papel. São rapidamente
rios materiais: os papéis e cartões alcalinos, os poliésteres absorvidos, alterando seriamente o pH do papel.
inertes, os adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis orien-
8.1.3 Avaliação do objeto a ser limpo
tais, borrachas plásticas etc., usados tanto para pequenas
Cada objeto deve ser avaliado individualmente para de-
intervenções sobre os documentos como para acondicio-
terminar se a higienização é necessária e se pode ser realiza-
namento.
da com segurança. No caso de termos as condições abaixo,
provavelmente o tratamento não será possível:
7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais
• Fragilidade física do suporte – Objetos com áreas finas,
para a conservação de acervos
perdas, rasgos intensos podem estar muito frágeis para lim-
Como já enfatizamos anteriormente, é muito importan-
peza. Áreas com manchas e áreas atacadas por fungos po-
te ter conhecimentos básicos sobre os materiais que inte- dem não resistir à limpeza: o suporte torna-se escuro, que-
gram nossos acervos para que não corramos o risco de lhes bradiço, manchado e, portanto, muito facilmente danificado.
causar mais danos. Quando o papel se degrada, até mesmo um suave con-
Vários são os procedimentos que, apesar de simples, tato com o pó de borracha pode provocar a fragmentação
são de grande importância para a estabilização dos docu- do documento.
mentos. • Papéis de textura muito porosa – Não se deve passar
borracha nesses materiais, pois a remoção das partículas re-
8. Higienização siduais com pincel se torna difícil:
A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta - papel japonês;
os documentos. A sujidade não é inócua e, quando conju- - papel de textura fragilizada pelo ataque de fungos
gada a condições ambientais inadequadas, provoca reações (que degradam a celulose, consumindo a encolagem);
de destruição de todos os suportes num acervo. Portanto, - papel molhado (que perde a encolagem e, após a se-
a higienização das coleções deve ser um hábito de rotina cagem, torna-se frágil).
na manutenção de bibliotecas ou arquivos, razão por que é
considerada a conservação preventiva por excelência. 8.1.4 Materiais usados para limpeza de superfície
Durante a higienização de documentos, procedemos A remoção da sujidade superficial (que está solta so-
também de forma simultânea a um levantamento de da- bre o documento) é feita através de pincéis, flanela macia,
dos sobre suas condições de conservação, para efeitos de aspirador e inúmeras outras ferramentas que se adaptam à
futuras intervenções. É hora Durante a higienização de do- técnica.
cumentos, procedemos também de forma simultânea a um Como já foi dito anteriormente, essa etapa é obrigató-
levantamento de dados sobre suas condições de conserva- ria e sempre se realiza como primeiro tratamento, quaisquer
ção, para efeitos de futuras intervenções. É hora também que sejam as outras intervenções previstas.
de executar os primeiros socorros para que um processo de • Pincéis: são muitos os tipos de pincéis utilizados na
deterioração em andamento seja interrompido, mesmo que limpeza mecânica, de diferentes formas, tamanhos, qualida-
não possa ser sanado no momento. de e tipos de cerdas (podem ser usados com carga estática
atritando as cerdas contra o nylon, material sintético ou lã);

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
• Flanela: serve para remover sujidade de encaderna- 8.2.1 Limpeza de livros – metodologia em mesa de hi-
ções, por exemplo; gienização
• Aspirador de pó: sempre com proteção de bocal e com - Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel ma-
potência de sucção controlada; cio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encadernação;
• Outros materiais usados para a limpeza: bisturi, pinça, - Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela
espátula, agulha, cotonete; lombada, apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, lim-
• Materiais de apoio necessários para limpeza mecânica: par os cortes, começando pela cabeça do livro, que é a área
- raladores de plástico ou aço inox; borrachas de vinil; que está mais exposta à sujidade. Quando a sujeira está muito
- fita-crepe; incrustada e intensa, utilizar, primeiramente, aspirador de pó
- lápis de borracha; de baixa potência ou ainda um pedaço de carpete sem uso;
- luvas de látex ou algodão; - O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa
- máscaras; primeira higienização;
- papel mata-borrão; - Oxigenar as folhas várias vezes.
- pesos; Num programa de manutenção, pode-se limpar a enca-
- poliéster (mylar); dernação, cortes e aproximadamente as primeiras e últimas
- folhas de papel siliconado; 15 folhas, que são as mais sujeitas a receber sujidade, devido à
- microscópios; estrutura das encadernações. Nos livros mais frágeis, deve-se
Os livros, além do suporte papel, exigem também trata- suportar o volume em estruturas adequadas durante a opera-
mento de revestimento. Assim, o couro (inclui-se aqui o per- ção para evitar danos na manipulação e tratamento.
gaminho), tecidos e plastificados fazem parte dos materiais Todo o documento que contiver gravuras ou outra técni-
pertencentes aos livros. ca de obra de arte no seu interior necessita um cuidado redo-
Para a limpeza de livros utilizamos trinchas de diferen- brado. Antes de qualquer intervenção com pincéis, trinchas,
tes tamanhos, pincéis, flanelas macias, aspiradores de baixa flanelas, é necessário examinar bem o documento, pois, nes-
potência com proteção de boca, pinças, espátulas de metal, se caso, só será recomendada a limpeza de superfície se não
entre outros materiais. houver nenhum risco de dano.
Na limpeza do couro, é recomendável somente a utiliza- No caso dos documentos impressos como os livros, exis-
ção de pincel e flanela macia, caso o couro esteja íntegro. Não te uma grande margem de segurança na resistência das tin-
se deve tratá-lo com óleos e solventes. tas em relação ao pincel. Mesmo assim, devemos escolher o
A encadernação em pergaminho não necessita do mes- pincel de maciez adequada para cada situação. Em relação às
mo tratamento do couro. Como é muito sensível à umida- obras de arte, as técnicas são tão variadas e as tintas de com-
de, o tratamento aquoso deve ser evitado. Para sua limpeza, posições tão diversas que, de modo algum, se deve confiar
apresenta bons resultados o uso de algodão embebido em na sua estabilidade frente à ação do pincel ou outro material.
solvente de 50% de água e álcool. O algodão precisa estar
bem enxuto, e deve-se sempre buscar trabalhar o suporte em 8.3 Higienização de documentos de arquivo
pequenas áreas de cada vez. Nessa limpeza, é importante ter Materiais arquivísticos têm os seus suportes geralmen-
muito cuidado com os pergaminhos muito ressecados e dis- te quebradiços, frágeis, distorcidos ou fragmentados. Isso se
torcidos. A fragilidade é intensa e o documento pode desin- deve principalmente ao alto índice de acidez resultante do
tegrar-se. A estabilização de pergaminhos, nesse caso, requer uso de papéis de baixa qualidade. As más condições de ar-
os serviços de especialistas. mazenamento e o excesso de manuseio também contribuem
Há muita controvérsia no uso de Leather Dressing para a para a degradação dos materiais. Tais documentos têm que
hidratação dos couros. Os componentes das diversas fórmu- ser higienizados com muito critério e cuidado.
las do produto variam muito (óleos, graxas, gorduras) e, se
mal aplicados, podem causar sérios problemas de conserva- 8.3.1 Documentos manuscritos
ção ao couro. A fórmula do British Museum é a mais usada e Os mesmos cuidados para com os livros devem ser toma-
recomendada. O uso deve ser criterioso e não indiscriminado. dos em relação aos manuscritos. O exame dos documentos,
Em casos específicos de livros novos de coleções de bibliote- testes de estabilidade de seus componentes para o uso dos
cas, pode ser apropriado o seu uso como parte integrante de materiais de limpeza mecânica e critérios de intervenção de-
um programa de manutenção. vem ser cuidadosamente realizados.
No caso dos revestimentos em tecido, a aplicação de trincha As tintas ferrogálicas, conforme o caso podem destruir
ou aspirador é recomendável, caso sua integridade o permita. um documento pelo seu alto índice de acidez. Todo cuidado
Nas capas de livros revestidas em papel, pode ser utilizado é pouco para manusear esses documentos. As espessas tintas
pó de borracha ou diretamente a borracha, caso a integridade encontradas em partituras de música, por exemplo, podem
do papel e das tintas não fique comprometida com essa ação. estar soltas ou em estado de pó. Tintas, como de cópias de
E, nos revestimentos plastificados (percalux e outros), de- carbono, são fáceis de “borrar”, ao mesmo tempo em que o
ve-se usar apenas uma flanela seca e bem macia. tipo de papel utilizado para isso é fino e quebradiço, tornando
Na limpeza do miolo do livro, utilizamos um pincel macio, o manuseio muito arriscado e a limpeza de superfície desa-
sem aplicar borracha ou pó de borracha. Além de agredir as conselhável. As áreas ilustradas e decorativas dos manuscri-
tintas, o resíduo de borracha é permanente e de difícil remo- tos iluminados são desenhadas com tintas à base de água
ção. Os resíduos agem como abrasivos e permanecerão em que podem estar secas e pulverulentas. A limpeza mecânica,
contato com o suporte para sempre. nesses casos, deve ser evitada.

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

8.3.2 Documentos em grande formato


Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no 4. NOÇÕES DE COMUNICAÇÃO, REDAÇÃO E
geral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borra- EXPEDIÇÃO DE DOCUMENTOS EM ÓRGÃOS
cha, após testes. Pode-se também usar um cotonete - bem PÚBLICOS: CARTAS COMERCIAIS; RELATÓRIOS;
enxuto e embebido em álcool. Muito sensíveis à água, esses MANUAIS; MEMORANDOS; REQUERIMENTOS;
papéis podem ter distorções causadas pela umidade que CIRCULARES; OFÍCIOS; EDITAIS; TELEGRAMAS;
são irreversíveis ou de difícil remoção. MENSAGENS ELETRÔNICAS.
Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são
muito frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica.
Todo cuidado é pouco, até mesmo na escolha de seu acon-
dicionamento. Conceito
Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma aten-
ção especial na limpeza. Em mapas impressos, desde que Entende‑se por Redação Oficial o conjunto de normas e
em boas condições, o pó de borracha pode ser aplicado práticas que devem reger a emissão dos atos normativos e
para tratar grandes áreas. Os grandes mapas impressos, comunicações do poder público, entre seus diversos orga-
muitas vezes, têm várias folhas de papel coladas entre si nas nismos ou nas relações dos órgãos públicos com as entida-
margens, visando permitir uma impressão maior. Ao fazer a des e os cidadãos.
limpeza de um documento desses, o cuidado com as emen- A Redação Oficial inscreve‑se na confluência de dois
das deve ser redobrado, pois nessas, geralmente, ocorrem universos distintos: a forma rege‑se pelas ciências da lin-
descolamentos que podem reter resíduos de borracha da guagem (morfologia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o
limpeza, gerando degradação. Outros mapas são montados conteúdo submete‑se aos princípios jurídico‑administra-
em linho ou algodão com cola de amido. O verso desses tivos impostos à União, aos Estados e aos Municípios, nas
documentos retém muita sujidade. Recomenda-se remover esferas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
o máximo com aspirador de pó (munido das devidas prote- Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação
ções em seu bocal e no documento). Oficial deve ter as qualidades e características exigidas do
texto escrito destinado à comunicação impessoal, objetiva,
9. Pequenos reparos clara, correta e eficaz.
Os pequenos reparos são diminutas intervenções que Por ser “oficial”, expressão verbal dos atos do poder pú-
podemos executar visando interromper um processo de blico, essa modalidade de redação ou de texto subordina‑se
deterioração em andamento. Essas pequenas intervenções aos princípios constitucionais e administrativos aplicáveis a
devem obedecer a critérios rigorosos de ética e técnica e todos os atos da administração pública, conforme estabele-
têm a função de melhorar o estado de conservação dos do- ce o artigo 37 da Constituição Federal:
cumentos. Caso esses critérios não sejam obedecidos, o ris-
co de aumentar os danos é muito grande e muitas vezes de “A administração pública direta e indireta de qualquer
caráter irreversível. dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Os livros raros e os documentos de arquivo mais anti- Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoa-
gos devem ser tratados por especialistas da área. Os demais lidade, moralidade, publicidade e eficiência ( ... )”.
documentos permitem algumas intervenções, de simples a
moderadas. Os materiais utilizados para esse fim devem ser A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem con-
de qualidade arquivística e de caráter reversível. Da mesma vergir na produção dos textos dessa natureza, razão pela
forma, toda a intervenção deve obedecer a técnicas e proce- qual, muitas vezes, não há como separar uma do outro. In-
dimentos reversíveis. Isso significa que, caso seja necessário dicam‑se, a seguir, alguns pressupostos de como devem ser
reverter o processo, não pode existir nenhum obstáculo na redigidos os textos oficiais.
técnica e nos materiais utilizados.
Os procedimentos e técnicas para a realização de repa- Padrão culto do idioma
ros em documentos exigem os seguintes instrumentos:
- mesa de trabalho; A redação oficial deve observar o padrão culto do idio-
- pinça; ma quanto ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura
- papel mata-borrão; gramatical das orações) e à morfologia (ortografia, acentua-
- entretela sem cola; ção gráfica etc.).
- placa de vidro; Por padrão culto do idioma deve‑se entender a língua
- peso de mármore; referendada pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações
- espátula de metal; formais de comunicação. Devem‑se excluir da Redagão Ofi-
- espátula de osso; cial a erudição minuciosa e os preciosismos vocabulares que
- pincel chato; criam entraves inúteis à compreensão do significado. Não
- pincel fino; faz sentido usar “perfunctório” em lugar de “superficial” ou
- filme de poliéster. “doesto” em vez de “acusação” ou “calúnia”. São descabidos
também as citações em língua estrangeira e os latinismos,
tão ao gosto da linguagem forense. Os manuais de Redação

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Oficial, que vários órgãos têm feito publicar, são unânimes - Pleonasmo: Informação desnecessariamente redun-
em desaconselhar a utilização de certas formas sacramentais, dante. Exemplos: As pessoas pobres, que não têm dinheiro,
protocolares e de anacronismos que ainda se leem em docu- vivem na miséria; Os moralistas, que se preocupam com a
mentos oficiais, como: “No dia 20 de maio, do ano de 2011 moral, vivem vigiando as outras pessoas.
do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que permane-
cem nos registros cartorários antigos. A Redação Oficial supõe, como receptor, um operador
Não cabem também, nos textos oficiais, coloquialismos, linguístico dotado de um repertório vocabular e de uma arti-
neologismos, regionalismos, bordões da fala e da linguagem culação verbal minimamente compatíveis com o registro mé-
oral, bem como as abreviações e imagens sígnicas comuns dio da linguagem. Nesse sentido, deve ser um texto neutro,
na comunicação eletrônica. sem facilitações que intentem suprir as deficiências cogniti-
Diferentemente dos textos escolares, epistolares, jor- vas de leitores precariamente alfabetizados.
nalísticos ou artísticos, a Redação Oficial não visa ao efeito Como exceção, citam‑se as campanhas e comunicados
estético nem à originalidade. Ao contrário, impõe unifor- destinados a públicos específicos, que fazem uma aproxima-
midade, sobriedade, clareza, objetividade, no sentido de se ção com o registro linguístico do público‑alvo. Mas esse é
obter a maior compreensão possível com o mínimo de re- um campo que refoge aos objetivos deste material, para se
cursos expressivos necessários. Portarias lavradas sob forma inserir nos domínios e técnicas da propaganda e da persua-
poética, sentenças e despachos escritos em versos rimados são.
pertencem ao “folclore” jurídico‑administrativo e são práticas Se o texto oficial não pode e não deve baixar ao nível
inaceitáveis nos textos oficiais. São também inaceitáveis nos de compreensão de leitores precariamente equipados quan-
textos oficiais os vícios de linguagem, provocados por des- to à linguagem, fica evidente o falo de que a alfabetização
cuido ou ignorância, que constituem desvios das normas da e a capacidade de apreensão de enunciados são condições
língua‑padrão. Enumeram‑se, a seguir, alguns desses vícios: inerentes à cidadania. Ninguém é verdadeiramente cidadão
se não consegue ler e compreender o que leu. O domínio do
- Barbarismos: São desvios: idioma é equipamento indispensável à vida em sociedade.
- da ortografia: “ advinhar” em vez de adivinhar; “exces-
são” em vez de exceção. Impessoalidade e Objetividade
- da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica.
- da morfologia: “interviu” em vez de interveio. Ainda que possam ser subscritos por um ente público
- da semântica: desapercebido (sem recursos) em vez de (funcionário, servidor etc.), os textos oficiais são expressão do
despercebido (não percebido, sem ser notado). poder público e é em nome dele que o emissor se comunica,
- pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do fran- sempre nos termos da lei e sobre atos nela fundamentados.
cês): “mise‑en‑scène” em vez de encenação; anglicismo (do Não cabe na Redação Oficial, portanto, a presença do
inglês): “delivery” em vez de entrega em domicílio. “eu” enunciador, de suas impressões subjetivas, sentimentos
ou opiniões. Mesmo quando o agente público manifesta‑se
- Arcaísmos: Utilização de palavras ou expressões ana- em primeira pessoa, em formas verbais comuns como: decla-
crônicas, fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira, depressa. ro, resolvo, determino, nomeio, exonero etc., é nos termos da
lei que ele o faz e é em função do cargo que exerce que se
- Neologismos: Palavras novas que, apesar de formadas identifica e se manifesta.
de acordo com o sistema morfológico da língua, ainda não O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo,
foram incorporadas pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez de o objeto da informação. A impessoalidade contribui para a
imóvel, que não se pode mexer; “talqualmente” em vez de necessária padronização, reduzindo a variabilidade da lin-
igualmente. guagem a certos padrões, sem o que cada texto seria susce-
tível de inúmeras interpretações.
- Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser: Por isso, a Redação Oficial não admite adjetivação. O
- de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de so- adjetivo, ao qualificar, exprime opinião e evidencia um juí-
braram. zo de valor pessoal do emissor. São inaceitáveis também a
pontuação expressiva, que amplia a significação (! ... ), ou o
- de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” emprego de interjeições (Oh! Ah!), que funcionam como ín-
em vez de ao lucro. dices do envolvimento emocional do redator com aquilo que
- de colocação: “não tratava‑se” de um problema sério está escrevendo.
em vez de não se tratava. Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o es-
tilo individual é estimulado e serve como diferencial das qua-
- Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O lidades autorais, a função pública impõe a despersonaliza-
desconhecido falou‑me de sua mãe. (Mãe de quem? Do des- ção do sujeito, do agente público que emite a comunicação.
conhecido? Do interlocutor?) São inadmissíveis, portanto, as marcas individualizadoras, as
ousadias estilísticas, a linguagem metafórica ou a elíptica e
- Cacófato: Som desagradável, resultante da junção de alusiva. A Redação Oficial prima pela denotação, pela sintaxe
duas ou mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um prê- clara e pela economia vocabular, ainda que essa regularidade
mio por cada eleitor que votar em mim (por cada e porcada). imponha certa “monotonia burocrática” ao discurso.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Reafirma‑se que a intermediação entre o emissor e o Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e
receptor nas Redações Oficiais é o código linguístico, dentro “exórdios” que se repetiam como ladainhas nos textos ofi-
do padrão culto do idioma; uma linguagem “neutra”, refe- ciais, como o exemplo risível e caricato que segue:
rendada pelas gramáticas, dicionários e pelo uso em situa-
ções formais, acima das diferenças individuais, regionais, de “Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável se
classes sociais e de níveis de escolaridade. faz que nos valhamos do ensejo para congratularmo‑nos com
Vossa Excelência pela oportunidade da medida proposta à
Formalidade e Padronização apreciação de seus nobres pares. Mas, quem sou eu, humilde
servidor público, para abordar questões de tamanha com-
As comunicações oficiais impõem um tratamento poli- plexidade, a respeito das quais divergem os hermeneutas e
do e respeitoso. Na tradição ibero‑americana, afeita a títu- exegetas.
los e a tratamentos reverentes, a autoridade pública revela Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das
sua posição hierárquica por meio de formas e de pronomes causas primeiras, que fundamentaram a proposição tempes-
de tratamento sacramentais. “Excelentíssimo”, “Ilustríssimo”, tivamente encaminhada por Vossa Excelência, indispensável
“Meritíssimo”, “Reverendíssimo” são vocativos que, em algu- se faz uma abordagem preliminar dos antecedentes imedia-
mas instâncias do poder, tornaram‑se inevitáveis. Entenda­ tos, posto que estes antecedentes necessariamente antece-
-se que essa solenidade tem por consideração o cargo, a dem os consequentes”.
função pública, e não a pessoa de seu exercente.
Vale lembrar que os pronomes de tratamento são obri- Observe que absolutamente nada foi dito ou infor-
gatoriamente regidos pela terceira pessoa. São erros muito mado.
comuns construções como “Vossa Excelência sois bondo-
so(a)”; o correto é “Vossa Excelência é bondoso(a)”. As Comunicações Oficiais
A utilização da segunda pessoa do plural (vós), com que
os textos oficiais procuravam revestir‑se de um tom solene A redação das comunicações oficiais obedece a precei-
e cerimonioso no passado, é hoje incomum, anacrônica e tos de objetividade, concisão, clareza, impessoalidade, for-
pedante, salvo em algumas peças oratórias envolvendo tri- malidade, padronização e correção gramatical.
bunais ou juizes, herdeiras, no Brasil, da tradição retórica de Além dessas, há outras características comuns à comu-
Rui Barbosa e seus seguidores. nicação oficial, como o emprego de pronomes de tratamen-
Outro aspecto das formalidades requeridas na Redação to, o tipo de fecho (encerramento) de uma correspondência
Oficial é a necessidade prática de padronização dos expe- e a forma de identificação do signatário, conforme define
dientes. Assim, as prescrições quanto à diagramação, espa- o Manual de Redação da Presidência da República. Outros
çamento, caracteres tipográficos etc., os modelos inevitáveis órgãos e instituições do poder público também possuem
de ofício, requerimento, memorando, aviso e outros, além manual de redação próprio, como a Câmara dos Deputa-
de facilitar a legibilidade, servem para agilizar o andamento dos, o Senado Federal, o Ministério das Relações Exteriores,
burocrático, os despachos e o arquivamento. diversos governos estaduais, órgãos do Judiciário etc.
É também por essa razão que quase todos os órgãos
públicos editam manuais com os modelos dos expedientes Pronomes de Tratamento
que integram sua rotina burocrática. A Presidência da Repú-
blica, a Câmara dos Deputados, o Senado, os Tribunais Su- A regra diz que toda comunicação oficial deve ser for-
periores, enfim, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário mal e polida, isto é, ajustada não apenas às normas gra-
têm os próprios ritos na elaboração dos textos e documen- maticais, como também às normas de educação e corte-
tos que lhes são pertinentes. sia. Para isso, é fundamental o emprego de pronomes de
tratamento, que devem ser utilizados de forma correta, de
Concisão e Clareza acordo com o destinatário e as regras gramaticais.
Embora os pronomes de tratamento se refiram à se-
Houve um tempo em que escrever bem era escrever “di- gunda pessoa (Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concor-
fícil”. Períodos longos, subordinações sucessivas, vocábulos dância é feita em terceira pessoa.
raros, inversões sintáticas, adjetivação intensiva, enumera-
ções, gradações, repetições enfáticas já foram considerados Concordância verbal:
virtudes estilísticas. Atualmente, a velocidade que se impõe Vossa Senhoria falou muito bem.
a tudo o que se faz, inclusive ao escrever e ao ler, tornou Vossa Excelência vai esclarecer o tema.
esses recursos quase sempre obsoletos. Hoje, a concisão, a Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião.
economia vocabular, a precisão lexical, ou seja, a eficácia do
discurso, são pressupostos não só da Redação Oficial, mas Concordância pronominal:
da própria literatura. Basta observar o estilo “enxuto” de Gra- Pronomes de tratamento concordam com pronomes
ciliano Ramos, de Carios Drummond de Andrade, de João possessivos na terceira pessoa.
Cabral de Melo Neto, de Dalton Trevisan, mestres da lingua- Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vos-
gem altamente concentrada. so...”).

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Concordância nominal: A Sua Excelência o Senhor
Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a Senador Fulano de Tal
que se refere o pronome de tratamento. Senado Federal
Vossa Excelência ficou confuso. (para homem) 70165‑900 ‑ Brasília. DF
Vossa Excelência ficou confusa. (para mulher)
Vossa Senhoria está ocupado. (para homem) A Sua Excelência o Senhor
Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher) Fulano de Tal
Juiz de Direito da l0ª Vara Cível
Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela). Rua ABC, nº 123
Vossa Excelência - com quem se fala (você) 01010‑000 ‑ São Paulo. SP

Emprego dos Pronomes de Tratamento Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em co-
municações oficiais, está abolido o uso do tratamento dig-
As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação níssimo (DD) às autoridades na lista anterior. A dignidade
da Presidência da República. é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público,
sendo desnecessária sua repetida evocação”.
Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as se-
guintes autoridades: Vossa Senhoria: É o pronome de tratamento empregado
para as demais autoridades e para particulares. O vocativo
- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vice adequado é: Senhor Fulano de Tal / Senhora Fulana de Tal.
-presidenIe da República; Ministros de Estado; Governado-
res e vice‑governadores de Estado e do Distrito Federal; Ofi- No envelope, deve constar do endereçamento:
ciais generais das Forças Armadas; Embaixadores; Secretá- Ao Senhor
rios‑executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos Fulano de Tal
de natureza especial; Secretários de Estado dos Governos
Rua ABC, nº 123
Estaduais; Prefeitos Municipais.
70123-000 – Curitiba.PR
- Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Sena-
dores; Ministro do Tribunal de Contas da União; Deputados
Conforme o Manual de Redação da Presidência, em co-
Estaduais e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas
municações oficiais “fica dispensado o emprego do super-
Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
lativo Ilustríssimo para as autoridades que recebem o trata-
- Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais Supe-
mento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o
riores; Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da Justiça
uso do pronome de tratamento Senhor. O Manual também
Militar.
Vocativos esclarece que “doutor não é forma de tratamento, e sim tí-
tulo acadêmico”. Por isso, recomenda-se empregá-lo apenas
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigi- em comunicações dirigidas a pessoas que tenham concluído
das aos chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguido curso de doutorado. No entanto, ressalva-se que “é costume
do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacha-
República; Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso réis em Direito e em Medicina”.
Nacional; Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tri- Vossa Magnificência: É o pronome de tratamento dirigi-
bunal Federal. do a reitores de universidade. Corresponde‑lhe o vocativo:
As demais autoridades devem ser tratadas com o voca- Magnífico Reitor.
tivo Senhor ou Senhora, seguido do respectivo cargo: Se- Vossa Santidade: É o pronome de tratamento emprega-
nhor Senador / Senhora Senadora; Senhor Juiz/ Senhora Jui- do em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo corres-
za; Senhor Ministro / Senhora Ministra; Senhor Governador / pondente é: Santíssimo Padre.
Senhora Governadora.
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima:
Endereçamento São os pronomes empregados em comunicações dirigidas a
cardeais. Os vocativos correspondentes são: Eminentíssimo
De acordo com o Manual de Redação da Presidência, Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor
no envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas Cardeal.
às autoridades tratadas por Vossa Excelência, deve ter a se-
guinte forma: Nas comunicações oficiais para as demais autoridades
eclesiásticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima
A Sua Excelência o Senhor (para arcebispos e bispos); Vossa Reverendíssima ou Vossa
Fulano de Tal Senhoria Reverendíssima (para monsenhores, cônegos e su-
Ministro de Estado da Justiça periores religiosos); Vossa Reverência (para sacerdotes, cléri-
70064‑900 ‑ Brasília. DF gos e demais religiosos).

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Fechos para Comunicações Padrões e Modelos

De acordo com o Manual da Presidência, o fecho das co- O Padrão Ofício


municações oficiais “possui, além da finalidade óbvia de ar-
rematar o texto, a de saudar o destinatário”, ou seja, o fecho O Manual de Redação da Presidência da República lista
é a maneira de quem expede a comunicação despedir‑se de três tipos de expediente que, embora tenham finalidades
seu destinatário. diferentes, possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e
Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do Memorando. A diagramação proposta para esses expe-
atual Manual de Redação da Presidência da República, havia dientes é denominada padrão ofício.
15 padrões de fechos para comunicações oficiais. O Manual O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as se-
simplificou a lista e reduziu­-os a apenas dois para todas as guintes partes:
modalidades de comunicação oficial. São eles:
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusi- órgão que o expede. Exemplos:
ve o presidente da República.
Atenciosamente: para autoridades de mesma hierar- Of. 123/2002-MME
quia ou de hierarquia inferior. Aviso 123/2002-SG
Mem. 123/2002-MF
“Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
das a autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradi- - Local e data. Devem vir por extenso com alinhamen-
ção próprios, devidamente disciplinados no Manual de Re- to à direita. Exemplo:
dação do Ministério das Relações Exteriores”, diz o Manual
de Redação da Presidência da República. Brasília, 20 de maio de 2011
A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atenciosa-
mente” é recomendada para os mesmos casos pelo Manual - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
de Redação da Câmara dos Deputados e por outros manuais
oficiais. Já os fechos para as cartas particulares ou informais Assunto: Produtividade do órgão em 2010.
ficam a critério do remetente, com preferência para a ex- Assunto: Necessidade de aquisição de novos computa-
pressão “Cordialmente”, para encerrar a correspondência de dores.
forma polida e sucinta.
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é
Identificação do Signatário dirigida a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído
também o endereço.
Conforme o Manual de Redação da Presidência do Repú-
blica, com exceção das comunicações assinadas pelo presi- - Texto. Nos casos em que não for de mero encaminha-
dente da República, em todas as comunicações oficiais de- mento de documentos, o expediente deve conter a seguin-
vem constar o nome e o cargo da autoridade que as expede, te estrutura:
abaixo de sua assinatura. A forma da identificação deve ser Introdução: que se confunde com o parágrafo de aber-
a seguinte: tura, na qual é apresentado o assunto que motiva a comu-
nicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho
(espaço para assinatura) o prazer de”, “Cumpre‑me informar que”,empregue a forma
Nome direta;
Chefe da Secretaria‑Geral da Presidência da República Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se
o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
(espaço para assinatura) devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere
Nome maior clareza à exposição;
Ministro de Estado da Justiça Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente rea-
presentada a posição recomendada sobre o assunto.
“Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi-
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
página ao menos a última frase anterior ao fecho”, alerta o nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
Manual. títulos e subtítulos.

Quando se tratar de mero encaminhamento de docu-


mentos, a estrutura deve ser a seguinte:
Introdução: deve iniciar com referência ao expediente
que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do docu-
mento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a infor-
mação do motivo da comunicação, que é encaminhar, in-

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
dicando a seguir os dados completos do documento enca- - todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser
minhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que impressos em papel de tamanho A‑4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de ar-
a seguinte fórmula: quivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados
“Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, devem ter o arquivo de texto preservado para consulta pos-
encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, terior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
do Departamento Geral de Administração, que trata da requi- - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
sição do servidor Fulano de Tal.” vem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento
+ número do documento + palavras‑chave do conteúdo.
ou Exemplo:

“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa có- “Of. 123 ‑ relatório produtividade ano 2010”
pia do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Pre-
sidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito Aviso e Ofício (Comunicação Externa)
de projeto de modernização de técnicas agrícolas na região
Nordeste.” São modalidades de comunicação oficial praticamente
idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é ex-
Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar pedido exclusivamente por Ministros de Estado, para auto-
fazer algum comentário a respeito do documento que enca- ridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é ex-
minha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; pedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm como
em caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da
em aviso ou ofício de mero encaminhamento. Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também
com particulares.
- Fecho. Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo
- Assinatura. do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
destinatário, seguido de vírgula. Exemplos:
- Identificação do Signatário
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Forma de Diagramação
Senhora Ministra,
Senhor Chefe de Gabinete,
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à se-
guinte forma de apresentação:
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as
seguintes informações do remetente:
- deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de - nome do órgão ou setor;
corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas - endereço postal;
de rodapé; - telefone e endereço de correio eletrônico.
- para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
man, poder‑se‑ão utilizar as fontes symbol e Wíngdings; Obs: Modelo no final da matéria.
- é obrigatório constar a partir da segunda página o nú-
mero da página; Memorando ou Comunicação Interna
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar- O Memorando é a modalidade de comunicação entre
gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas pá- unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem
ginas pares (“margem espelho”); estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife-
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de rente. Trata‑se, portanto, de uma forma de comunicação
distância da margem esquerda; eminentemente interna.
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em-
mínimo 3,0 cm de largura; pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc.
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; a serem adotados por determinado setor do serviço público.
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas Sua característica principal é a agilidade. A tramitação
e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto do memorando em qualquer órgão deve pautar-­se pela ra-
utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco; pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos.
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, subli- Para evitar desnecessário aumento do número de comuni-
nhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas cações, os despachos ao memorando devem ser dados no
ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegân- próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha
cia e a sobriedade do documento; de continuação. Esse procedimento permite formar uma es-
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em pécie de processo simplificado, assegurando maior transpa-
papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas rência a tomada de decisões, e permitindo que se historie o
para gráficos e ilustrações; andamento da matéria tratada no memorando.

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - Síntese do problema ou da situação que reclama pro-
padrão ofício, com a diferença de que seu destinatário deve vidências;
ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplos: - Soluções e providências contidas no ato normativo ou
na medida proposta;
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração - Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar:
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos. - se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
- se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
Obs: Modelo no final da matéria. - outras possibilidades de resolução do problema.
- Custos. Mencionar:
Exposição de Motivos - se a despesa decorrente da medida está prevista na lei
orçamentária anual; se não, quais as alternativas para cus-
teá‑la;
É o expediente dirigido ao presidente da República ou
- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei
ao vice-presidente para:
orçamentária anual; se não, quais as alternativas para cus-
- informá-lo de determinado assunto; teá‑la;
- propor alguma medida; ou - valor a ser despendido em moeda corrente;
- submeter a sua consideração projeto de ato norma- - Razões que justificam a urgência (a ser preenchido so-
tivo. mente se o ato proposto for medida provisória ou projeto
de lei que deva tramitar em regime de urgência). Mencionar:
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi- - se o problema configura calamidade pública;
dente da República por um Ministro de Estado. Nos casos - por que é indispensável a vigência imediata;
em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, - se se trata de problema cuja causa ou agravamento não
a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os tenham sido previstos;
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de in- - se se trata de desenvolvimento extraordinário de situa-
terministerial. ção já prevista.
Formalmente a exposição de motivos tem a apresenta- - Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou
ção do padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apre- medida proposta possa vir a tê-lo)
senta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela - Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto;
que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para - Síntese do parecer do órgão jurídico.
a que proponha alguma medida ou submeta projeto de ato
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida
normativo.
proposa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Pre- acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da
sidente da República, sua estrutura segue o modelo antes Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que
referido para o padrão ofício. se complete o exame ou se reformule a proposta.
Já a exposição de motivos que submeta à consideração O preenchimento obrigatório do anexo para as exposi-
do Presidente da República a sugestão de alguma medida a ções de motivos que proponham a adoção de alguma medi-
ser adotada ou a que lhe apresente projeto de ato norma- da ou a edição de ato normativo tem como finalidade:
tivo, embora sigam também a estrutura do padrão ofício, - permitir a adequada reflexão sobre o problema que se
além de outros comentários julgados pertinentes por seu busca resolver;
autor, devem, obrigatoriamente, apontar: - ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do
- na introdução: o problema que está a reclamar a ado- problema e dos defeitos que pode ter a adoção da medida
ção da medida ou do ato normativo proposto; ou a edição do ato, em consonância com as questões que
- no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida devem ser analisadas na elaboração de proposições norma-
ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar o pro- tivas no âmbito do Poder Executivo (v. 10.4.3.)
blema, e eventuais alternativas existentes para equacioná‑lo; - conferir perfeita transparência aos atos propostos.
- na conclusão, novamente, qual medida deve ser to-
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser
mada, ou qual ato normativo deve ser editado para solucio-
analisadas na elaboração de atos normativos no âmbito do
nar o problema.
Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu ane-
xo complementam-se e formam um todo coeso: no anexo,
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à ex- encontramos uma avaliação profunda e direta de toda a si-
posição de motivos, devidamente preenchido, de acordo tuação que está a reclamar a adoção de certa providência ou
com o seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto nº a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado
4.1760, de 28 de março de 2010. e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus
Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de
Ministério ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessi-
______________ de 201_. dade da providência proposta: por que deve ser adotada e
como resolverá o problema.

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Nos casos em que o ato proposto for questão de pes- sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento
soal (nomeação, promoção, ascenção, transferência, readap- comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está o
tação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5º),
remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, que comanda as sessões conjuntas.
aposentadoria), não é necessário o encaminhamento do for- As mensagens aqui tratadas coroam o processo desen-
mulário de anexo à exposição de motivos. Ressalte-se que: volvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minu-
- a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurí- cioso exame técnico, jurídico e econômico‑financeiro das
dico não dispensa o encaminhamento do parecer completo; matérias objeto das proposições por elas encaminhadas.
- o tamanho dos campos do anexo à exposição de mo- Tais exames materializam‑se em pareceres dos diver-
tivos pode ser alterado de acordo com a maior ou menor sos órgãos interessados no assunto das proposições, entre
extensão dos comentários a serem alí incluídos. eles o da Advocacia Geral da União. Mas, na origem das
propostas, as análises necessárias constam da exposição de
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente motivos do órgão onde se geraram, exposição que acom-
que a atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial (cla- panhará, por cópia, a mensagem de encaminhamento ao
reza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização Congresso.
e uso do padrão culto de linguagem) deve ser redobrada.
A exposição de motivos é a principal modalidade de comu- - Encaminhamento de medida provisória: Para dar
nicação dirigida ao Presidente da República pelos Ministros. cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Pre-
Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia sidente da República encaminha mensagem ao Congresso,
ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secre-
publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em parte. tário do Senado Federal, juntando cópia da medida provi-
sória, autenticada pela Coordenação de Documentação da
Mensagem Presidência da República.
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes - Indicação de autoridades: As mensagens que sub-
dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas metem ao Senado Federal a indicação de pessoas para
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para in- ocuparem determinados cargos (magistrados dos Tribu-
formar sobre fato da Administração Pública; expor o plano nais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e diretores
de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa;
do Banco Central, Procurador‑Geral da República, Chefes
submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem
de Missão Diplomática etc.) têm em vista que a Constitui-
de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer
ção, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do
e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse
Congresso Nacional competência privativa para aprovar a
dos poderes públicos e da Nação.
indicação. O currículum vitae do indicado, devidamente as-
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
sinado, acompanha a mensagem.
nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias cabe-
rá a redação final.
- Pedido de autorização para o presidente ou o vi-
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
ce‑presidente da República se ausentarem do País por
gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
mais de 15 dias: Trata‑se de exigência constitucional
- Encaminhamento de projeto de lei ordinária, com- (Constituição, art. 49, III, e 83), e a autorização é da compe-
plementar ou financeira: Os projetos de lei ordinária ou tência privativa do Congresso Nacional.
complementar são enviados em regime normal (Constitui- O presidente da República, tradicionalmente, por cor-
ção, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1º a 4º). tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias,
Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o faz uma comunicação a cada Casa do Congresso, envian-
regime normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, do‑lhes mensagens idênticas.
com solicitação de urgência.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros - Encaminhamento de atos de concessão e renova-
do Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do ção de concessão de emissoras de rádio e TV: A obri-
Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro gação de submeter tais atos à apreciagão do Congresso
Secretário da Câmara dos Deputados, para que tenha início Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição.
sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Somente produzirão efeitos legais a outorga ou renova-
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen- ção da concessão após deliberação do Congresso Nacional
dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos (Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensagem a
anuais e créditos adicionais), as mensagens de encaminha- urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o §
mento dirigem‑se aos membros do Congresso Nacional, e 1º do art. 223 já define o prazo da tramitação.
os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a
do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição mensagem o correspondente processo administrativo.
impõe a deliberação congressual sobre as leis financeiras em

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

- Encaminhamento das contas referentes ao exer- - justificativa para decretação do estado de defesa ou de
cício anterior: O Presidente da República tem o prazo de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º);
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa para en- - pedido de autorização para decretar o estado de sítio
viar ao Congresso Nacional as contas referentes ao exercício (Constituição, art. 137);
anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer - relato das medidas praticadas na vigência do esta-
da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1º), do de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de único);
contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disciplina- - proposta de modificação de projetas de leis financeiras
do no art. 215 do seu Regimento Interno. (Constituição, art. 166, § 5º);
- pedido de autorização para utilizar recursos que fi-
- Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela carem sem despesas correspondentes, em decorrência de
deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária
do País e solicitação de providências que julgar necessárias anual (Constituição, art. 166, § 8º);
(Constituição, art. 84, XI). - pedido de autorização para alienar ou conceder terras
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188,
Presidência da República. Esta mensagem difere das demais § 1º); etc.
porque vai encadernada e é distribuída a todos os congres- As mensagens contêm:
sistas em forma de livro. - a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda:
- Comunicação de sanção (com restituição de au-
tógrafos): Esta mensagem é dirigida aos membros do Mensagem nº
Congresso Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro
­Secretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela - vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e
se informa o número que tomou a lei e se restituem dois o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da mar-
exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presi- gem esquerda:
dente da República terá aposto o despacho de sanção.
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
- Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do Se-
nado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem in- - o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
forma sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as - o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto,
disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai publi- e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a mar-
cado na íntegra no Diário Oficial da União, ao contrário das gem direita. A mensagem, como os demais atos assinados
demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do pelo Presidente da República, não traz identificação de seu
seu envio ao Poder Legislativo. signatário.

- Outras mensagens: Também são remetidas ao Legis- Obs: Modelo no final da matéria.
lativo com regular frequência mensagens com:
- encaminhamento de atos internacionais que acarre- Telegrama
tam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art.
49, I); Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar
- pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis os procedimentos burocráticos, passa a receber o título de
às operações e prestações interestaduais e de exportação telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de
(Constituição, art. 155, § 2º, IV); telegrafia, telex etc. Por se tratar de forma de comunicação
- proposta de fixação de limites globais para o montante dispendiosa aos cofres públicos e tecnologicamente supe-
da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); rada, deve restringir‑se o uso do telegrama apenas àquelas
- pedido de autorização para operações financeiras ex- situações que não seja possível o uso de correio eletrônico
ternas (Constituição, art. 52, V); e outros. ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, também
em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
Entre as mensagens menos comuns estão as de: deve pautar‑se pela concisão.
- convocação extraordinária do Congresso Nacional Não há padrão rígido, devendo‑se seguir a forma e a
(Constituição, art. 57, § 6º); estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos Cor-
- pedido de autorização para exonerar o Procurador‑Ge- reios e em seu sítio na Internet.
ral da República (art. 52, XI, e 128, § 2º);
- pedido de autorização para declarar guerra e decretar Obs: Modelo no final da matéria.
mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
- pedido de autorização ou referendo para celebrara paz
(Constituição, art. 84, XX);

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Fax Não deve receber numeração, sendo que, em caso de
documento arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos
O fax (forma abreviada já consagrada de fac‑símile) é textos ou no verso do documento.
uma forma de comunicação que está sendo menos usada Em caso de publicação do ato administrativo originário,
devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a a apostila deve ser publicada com a menção expressa do
transmissão de mensagens urgentes e para o envio anteci- ato, número, dia, página e no mesmo meio de comunicaçao
pado de documentos, de cujo conhecimento há premência, oficial no qual o ato administrativo foi originalmente publi-
quando não há condições de envio do documento por meio cado, a fim de que se preserve a data de validade.
eletrônico. Quando necessário o original, ele segue poste-
riormente pela via e na forma de praxe. Obs: Modelo no final da matéria.
Se necessário o arquivamento, deve‑se fazê‑lo com có-
pia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em ATA
certos modelos, se deteriora rapidamente.
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos
estrutura que lhes são inerentes. É conveniente o envio, jun- fatos e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou
tamente com o documento principal, de folha de rosto, isto assembleia. Estrutura:
é, de pequeno formulário com os dados de identificação da - Título ‑ ATA. Em se tratando de atas elaboradas se-
mensagem a ser enviada. quencialmente, indicar o respectivo número da reunião ou
sessão, em caixa‑alta.
Correio Eletrônico - Texto, incluindo: Preâmbulo ‑ registro da situação
espacial e temporal e participantes; Registro dos assuntos
O correio eletrônico (“e‑mail”), por seu baixo custo e ce- abordados e de suas decisões, com indicação das persona-
leridade, transformou‑se na principal forma de comunicação lidades envolvidas, se for o caso; Fecho ‑ termo de encerra-
para transmissão de documentos. mento com indicação, se necessário, do redator, do horário
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico de encerramento, de convocação de nova reunião etc.
é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida A ATA será assinada e/ou rubricada portodos os presen-
para sua estrutura. Entretanto, deve‑se evitar o uso de lin- tes à reunião ou apenas pelo presidente e relator, depen-
guagem incompatível com uma comunicação oficial. dendo das exigências regimentais do órgão.
O campo assunto do formulário de correio eletrônico A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, de-
mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a or- ve‑se, em caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da
ganização documental tanto do destinatário quanto do re- informação correta a ser registrada. No caso de omissão de
metente. informações ou de erros constatados após a redação, usa‑se
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utili- a expressão “Em tempo” ao final da ATA, com o registro das
zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem informações corretas.
que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
nimas sobre seu conteúdo. Obs: Modelo no final da matéria.
Sempre que disponível, deve‑se utilizar recurso de con-
firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar Carta
da mensagem pedido de confirmação de recebimento.
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensa- É a forma de correspondência emitida por particular,
gem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, ou autoridade com objetivo particular, não se confundindo
para que possa ser aceita como documento original, é ne- com o memorando (correspondência interna) ou o ofício
cessário existir certificação digital que ateste a identidade do (correspondência externa), nos quais a autoridade que as-
remetente, na forma estabelecida em lei. sina expressa uma opinião ou dá uma informação não sua,
mas, sim, do órgão pelo qual responde. Em grande parte dos
Apostila casos da correspondência enviada por deputados, deve‑se
usar a carta, não o memorando ou ofício, por estar o parla-
É o aditamento que se faz a um documento com o obje- mentar emitindo parecer, opinião ou informação de sua res-
tivo de retificação, atualização, esclarecimento ou fixar van- ponsabilidade, e não especificamente da Câmara dos Depu-
tagens, evitando‑se assim a expedição de um novo título ou tados. O parlamentar deverá assinar memorando ou ofício
documento. Estrutura: apenas como titular de função oficial específica (presidente
- Título: APOSTILA, centralizado. de comissão ou membro da Mesa, por exemplo). Estrutura:
- Texto: exposição sucinta da retificação, esclarecimento, - Local e data.
atualização ou fixação da vantagem, com a menção, se for o - Endereçamento, com forma de tratamento, destinatá-
caso, onde o documento foi publicado. rio, cargo e endereço.
- Local e data. - Vocativo.
- Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade que - Texto.
constatou a necessidade de efetuar a apostila. - Fecho.
- Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo.

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá nume- - Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser divi-
rá‑las. Nesse caso, a numeração poderá apoiar­-se no padrão dido em itens, incisos, alíneas etc.
básico de diagramação. - Assinatura: nome da autoridade competente e indica-
O fecho da carta segue, em geral, o padrão da corres- ção da função.
pondência oficial, mas outros fechos podem ser usados, a
exemplo de “Cordialmente”, quando se deseja indicar rela- A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém pos-
ção de proximidade ou igualdade de posição entre os cor- sui caráter mais específico e detalhista. Objetiva, essencial-
respondentes. mente, a otimização e a racionalização de serviços.

Obs: Modelo no final da matéria. Obs: Modelo no final da matéria.

Declaração Parecer

É o documento em que se informa, sob responsabilida- É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal ou
de, algo sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura: de órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido subme-
- Título: DECLARAÇÃO, centralizado. tido para análise e competente pronunciamento. Visa forne-
- Texto: exposição do fato ou situação declarada, com cer subsídios para tomada de decisão. Estrutura:
finalidade, nome do interessado em destaque (em maiús- - Número de ordem (quando necessário).
culas) e sua relação com a Câmara nos casos mais formais. - Número do processo de origem.
- Local e data. - Ementa (resumo do assunto).
- Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de - Texto, compreendendo: Histórico ou relatório (introdu-
autoridade, função ou cargo. ção); Parecer (desenvolvimento com razões e justificativas);
Fecho opinativo (conclusão).
A declaração documenta uma informação prestada por - Local e data.
autoridade ou particular. No caso de autoridade, a compro- - Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista.
vação do fato ou o conhecimento da situação declarada
deve serem razão do cargo que ocupa ou da função que Além do Parecer Administrativo, acima conceituado, exis-
exerce. te o Parecer Legislativo, que é uma proposição, e, como tal,
Declarações que possuam características específicas definido no art. 126 do Regimento Interno da Câmara dos
podem receber uma qualificação, a exemplo da “declaração Deputados.
funcional”. O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em tan-
tos itens (e estes intitulados) quantos bastem ao parecerista
Obs: Modelo no final da matéria. para o fim de melhor organizar o assunto, imprimindo‑lhe
Despacho clareza e didatismo.

É o pronunciamento de autoridade administrativa em Obs: Modelo no final da matéria.


petição que lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento do
processo. Pode ter caráter decisório ou apenas de expedien- Portaria
te. Estrutura:
- Nome do órgão principal e secundário. É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabele-
- Número do processo. ce regras, baixa instruções para aplicação de leis ou trata da
- Data. organização e do funcionamento de serviços dentro de sua
- Texto. esfera de competência. Estrutura:
- Assinatura e função ou cargo da autoridade. - Título: PORTARIA, numeração e data.
- Ementa: síntese do assunto.
O despacho pode constituir‑se de uma palavra, de uma - Preâmbulo e fundamentação: denominação da auto-
expressão ou de um texto mais longo. ridade que expede o ato e citação da legislação pertinente,
seguida da palavra “resolve”.
Obs: Modelo no final da matéria. - Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividi-
do em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens.
Ordem de Serviço - Assinatura: nome da autoridade competente e indica-
ção do cargo.
É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/
ou pontuais para a execução de serviços por órgãos subor- Certas portarias contêm considerandos, com as razões que
dinados da Administração. Estrutura: justificam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem depois deles.
- Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data. A ementa justifica‑se em portarias de natureza normativa.
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autori- Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de no-
dade que expede o ato (em maiúsculas) e citação da legis- meação e exoneração, por exemplo, suprime­-se a ementa.
lação pertinente ou por força das prerrogativas do cargo,
seguida da palavra “resolve”. Obs: Modelo no final da matéria.

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Relatório - Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data.
É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funciona- - Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.
mento de uma instituição, do exercício de atividades ou
acerca do desenvolvimento de serviços específicos num de- Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, rei-
terminado período. Estrutura: vindicação ou manifestação, o documento utilizado será um
- Título ‑ RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE... abaixo‑assinado, com estrutura semelhante à do requeri-
- Texto ‑ registro em tópicos das principais atividades mento, devendo haver identificação das assinaturas.
desenvolvidas, podendo ser indicados os resultados parciais A Constituição Federal assegura a todos, independen-
e totais, com destaque, se for o caso, para os aspectos po- temente do pagamento de taxas, o direito de petição aos
sitivos e negativos do período abrangido. O cronograma de Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
trabalho a ser desenvolvido, os quadros, os dados estatís- ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exer-
ticos e as tabelas poderão ser apresentados como anexos. cício desse direito se instrumentaliza por meio de requeri-
- Local e data. mento. No que concerne especificamente aos servidores
- Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s) re- públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que
lator(es). o requerimento deve ser dirigido à autoridade competen-
te para decidi‑lo e encaminhado por intermédio daquela a
No caso de Relatório de Viagem, aconselha‑se regis- que estiver imediatamente subordinado o requerente (Lei nº
trar uma descrição sucinta da participação do servidor no 8.112/90, art. 105).
evento (seminário, curso, missão oficial e outras), indicando
o período e o trecho compreendido. Sempre que possível, Obs: Modelo no final da matéria.
o Relatório de Viagem deverá ser elaborado com vistas ao
aproveitamento efetivo das informações tratadas no evento Protocolo
para os trabalhos legislativos e administrativos da Casa.
Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, de- O registro de protocolo (ou simplesmente “o protoco-
ve‑se atentar para os seguintes procedimentos: lo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático)
- abster‑se de transcrever a competência formal das uni- em que são transcritos progressivamente os documentos e
dades administrativas já descritas nas normas internas;
os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade
- relatar apenas as principais atividades do órgão;
(público ou privado). Este registro, se obedecerem a normas
- evitar o detalhamento excessivo das tarefas executadas
legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em casos
pelas unidades administrativas que lhe são subordinadas;
de controvérsia jurídica.
- priorizar a apresentação de dados agregados, grandes
O termo protocolo tem um significado bastante amplo,
metas realizadas e problemas abrangentes que foram solu-
identificando-se diretamente com o próprio procedimen-
cionados;
to. Por extensão de sentido, “protocolo” significa também
- destacar propostas que não puderam ser concretiza-
das, identificando as causas e indicando as prioridades para um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objeti-
os próximos anos; vo (“seguir o protocolo”).
- gerar um relatório final consolidado, limitado, se possí- A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma
vel, ao máximo de dez páginas para o conjunto da Diretoria, repartição determinada, que recebe o material documen-
Departamento ou unidade equivalente. tário do sujeito que o produz em saída e em entrada e os
anota num registro (atualmente em programas informáti-
Obs: Modelo no final da matéria. cos), atruibuindo-lhes um número e também uma posição
de arquivo de acordo com suas características.
Requerimento (Petição) O registro tem quatro elementos necessários e obriga-
tórios:
É o instrumento por meio do qual o interessado requer - Número progressivo.
a uma autoridade administrativa um direito do qual se julga - Data de recebimento ou de saída.
detentor. Estrutura: - Remetente ou destinatário.
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou - Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da cor-
seja, da autoridade competente. respondência
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do reque-
rente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualifica-
ção: nacionalidade, estado civil, profissão, documento de
identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins de prefe-
rência na tramitação do processo, segundo a Lei 10.741/03),
e domicílio (caso o requerente seja servidor da Câmara dos
Deputados, precedendo à qualificação civil deve ser coloca-
do o número do registro funcional e a lotação); Exposição do
pedido, de preferência indicando os fundamentos legais do
requerimento e os elementos probatórios de natureza fática.

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Exemplo de Ofício

(Ministério)
(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)
(Endereço para correspondência)
(Endereço – continuação)
(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)

Ofício nº 524/1991/SG-PR

Brasília, 20 de maio de 2011

A Sua Excelência o Senhor


Deputado (Nome)
Câmara dos Deputados
70160-900 – Brasília – DF
3 cm 297 mm
1,5 cm
Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de


24 de abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em
sua carta nº 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas
pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído
pelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que –
na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração
as características sócio-econômicas regionais.
3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas
deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto
no art. 231, § 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos
etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último
aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual
competente.
4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão
encaminhas as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É
igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade
civil.
5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio
serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e
das entidades civis acima mencionadas.
6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido
assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os
limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos
necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária
transparência e agilidade.

Atenciosamente,

(Nome)
(cargo)

210 mm

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Exemplo de Aviso

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 2011

A Sua Excelência o Senhor


(Nome e cargo)
297 mm

3 cm
1,5 cm
Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Primeiro


Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser
realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas, nesta
capital.
O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacional das
Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgãos Públicos, instituído
pelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
(cargo do signatário)

210 mm

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Exemplo de Mensagem

5 cm

Mensagem nº 118

4 cm

297 mm

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

2 cm 1,5 cm

3 cm
Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs
106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativos
nºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.

Brasília, 28 de março de 2011

210 mm

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Exemplo de Telegrama

[órgão Expedidorl
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: _________________________________________________________
Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____
Remetente: __________________________________________________________
Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________
Nº de páginas: esta + ______Nº do documento: _____________________________
Observações: _________________________________________________________
_____________________________________________________________________


Exemplo de Apostila

APOSTILA

A Diretora da Coordenação de Secretariado Parlamentar do Departamento de Pessoal declara que


o servidor José da Silva, nomeado pela Portaria CDCC-RQ001/2004, publicada no Suplemento ao Boletim
Administrativo de 30 de março de 2004, teve sua situação funcional alterada, de Secretário Parlamentar
Requisitado, ponto n. 123, para Secretário Parlamentar sem vínculo efetivo com o serviço público, ponto n.
105.123, a partir de 11 de abril de 2004, em face de decisão contida no Processo n. 25.001/2004.

Brasília, em 26/5/2011

Maria da Silva
Diretora

Exemplo de ATA
CAMARA DOS DEPUTADOS
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Coordenação de Publicações

ATA

As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da Silva, Diretora
da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que foi aprovada, sem
alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão do item “Projetos Concluídos”,
sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de
Marketing, que apresentou um breve relato das atividades desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento
dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos Santos, Chefe da Tipografia, ressaltou que nos últimos
meses os trabalhos enviados para publicação estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando
a todos pelos resultados alcançados. Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos
mantiveram-se dentro do cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráfica na
próxima semana. Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de
junho, quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu,
Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.

Diretora

Secretária

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Exemplo de Despacho

CÂMARA DOS DEPUTADOS


PRIMEIRASECRETARIA

Processo n . .........
Em .... / .... /200 ...

Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70 do Regimento
do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos das informações e
manifestações dos órgãos técnicos da Casa.

Deputado José da Silva


PrimeiroSecretário

Exemplo de Ordem de Serviço

CÂMARA DOS DEPUTADOS


CONSULTORIA TÉCNICA

ORDEM DE SERVIÇO N. 3, DE 6/6/2010

O DIRETOR DA CONSULTORIA TÉCNICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso de suas


atribuições, resolve:
1. As salas 3 e 4 da Consultoria Técnica ficam destinadas a reuniões de trabalho com deputados,
consultores e servidores dos setores de apoio da Consultoria Técnica.
2. As reuniões de trabalho serão agendadas previamente pela Diretoria da Coordenação de Serviços
Gerais.
................................................................................................................................
6. Havendo mais de uma solicitação de uso para o mesmo horário, será adotada a seguinte ordem de
preferência:
1 reuniões de trabalho com a participação de deputados;
11 reuniões de trabalho da diretoria;
111 reuniões de trabalho dos consultores;
IV . ..................................................................................................................................
V . ....................................................................................................................................
7. O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Diretoría da Coordenação de
Serviços Gerais.

José da Silva
Diretor

90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Exemplo de Parecer

PARECER JURÍDICO

De: Departamento Jurídico


Para: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de Tal, passamos
a analisar o assunto.
O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta
comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade provisória no
emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o
nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.
A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado gestacional
da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem sido as
reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização
decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do
contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex-Súmula nº
244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de
experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou
sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).
No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação da gestação antes da dispensa. Ao contrário,
diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi feito, não
tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo
do teste de gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.
Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez confirmada no curso aviso prévio indenizado
garante ou não a estabilidade.
O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão de aviso
prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este entendimento
exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.
A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na
hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado, certo é que a empregada
já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica
afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do
afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês de gravidez.
Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante, considerando
que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o desconhecimento do
estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;
b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do aviso prévio indenizado, a gravidez
ocorre antes da dispensa.
De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada diante da
estabilidade provisória decorrente da gestação.
É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).


(assinatura)
(nome)
(cargo)

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Exemplo de Portaría

CÂMARA DOS DEPUTADOS


DIRETORIAGERAL

PORTARIA N. 1, de 13/1/2010

Disciplina a utilização da chancela eletrônica nas requisições de


passagens aéreas e diárias de viagens, autorizadasem processos
administrativos no âmbito da Câmara dos Deputados e assinadas
pelo DiretorGeral.

O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o
artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:
Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de
viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas pelo DiretorGeral, para
parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código de segurança
e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro substituto.
Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida


DiretorGeral

Modelo de Relatório

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
órgão Secundário

RELATÓRIO

Introdução
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de viagem,
indicar a denominação do evento, local e período compreendido.

Tópico 1
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
........................................................................................................................

Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática geral.
.................................................................................. ....

Tópico 2
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
.........................................................................................................................

3. Considerações finais
.........................................................................................................................

Brasília, ............................ de de 201...

Nome
Função ou Cargo

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Modelo de Requerimento

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
Órgão Secundário

(Vocativo)
(Cargo ou função e nome do destinatário)

.................................... (nome do requerente, em maiúsculas) ..........................


.......................................................... (demais dados de qualificação), requer .................
............................................................................................................................................

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília, ....... de .................. ���������������������������������������������������������� de 201.....

Nome
Cargo ou Função

93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Questões 04. A respeito dos padrões de redação de um ofício, é


INCORRETO afirmar que:
01. Analise: (A) Deve conter o número do expediente, seguido da
1. Atendendo à solicitação contida no expediente acima sigla do órgão que o expede.
referido, vimos encaminhar a V. Sª. as informações referentes (B) Deve conter, no início, com alinhamento à direita,
ao andamento dos serviços sob responsabilidade deste setor. o local de onde é expedido e a data em que foi assinado.
2. Esclarecemos que estão sendo tomadas todas as me- (C) Deverá constar, resumidamente, o teor do assunto
didas necessárias para o cumprimento dos prazos estipula- do documento.
dos e o atingimento das metas estabelecidas. (D) O texto deve ser redigido em linguagem clara e
A redação do documento acima indica tratar-se direta, respeitando-se a formalidade que deve haver nos
(A) do encaminhamento de uma ata. expedientes oficiais.
(B) do início de um requerimento. (E) O fecho deverá caracterizar-se pela polidez, como
(C) de trecho do corpo de um ofício. por exemplo: Agradeço a V. Sª. a atenção dispensada.
(D) da introdução de um relatório.
(E) do fecho de um memorando. 05. Haveria coerência com as ideias do texto e respei-
taria as normas de redação de documentos oficiais se o
02. A redação inteiramente apropriada e correta de um texto apresentado fosse incluído como parágrafo inicial em
documento oficial é: um ofício complementado pelo parágrafo final e os fechos
(A) Estamos encaminhando à Vossa Senhoria algumas apresentados a seguir.
reivindicações, e esperamos poder estar sendo recebidos
em vosso gabinete para discutir nossos problemas salariais. Solicita-se, portanto, a divulgação desses dados junto
(B) O texto ora aprovado em sessão extraordinária pre- aos órgãos competentes.
vê a redistribuição de pessoal especializado em serviços
gerais para os departamentos que foram recentemente Atenciosamente,
criados.
Pedro Santos
(C) Estou encaminhando a presença de V. Sª. este jo-
vem, muito inteligente e esperto, que lhe vai resolver os
Pedro Santos
problemas do sistema de informatização de seu gabinete.
Secretário do Conselho
(D) Quando se procurou resolver os problemas de pes-
soal aqui neste departamento, faltaram um número grande
Resposta 01-C / 02-B / 03-C / 04-E / 05-C (correta)
de servidores para os andamentos do serviço.
(E) Do nosso ponto de vista pessoal, fica difícil vos in-
formar de quais providências vão ser tomadas para resol-
ver essa confusão que foi criado pelos manifestantes.

03. A frase cuja redação está inteiramente correta e


apropriada para uma correspondência oficial é:
(A) É com muito prazer que encaminho à V. Exª. Os
convites para a reunião de gala deste Conselho, em que
se fará homenagens a todos os ilustres membros dessa di-
retoria, importantíssima na execução dos nossos serviços.
(B) Por determinação hoje de nosso Excelentíssimo
Chefe do Setor, nos dirigimos a todos os de vosso gabine-
te, para informar de que as medidas de austeridade reco-
mendadas por V. Sa. já está sendo tomadas, para evitar-se
os atrasos dos prazos.
(C) Estamos encaminhando a V. Sa. os resultados a que
chegaram nossos analistas sobre as condições de funcio-
namento deste setor, bem como as providências a serem
tomadas para a consecução dos serviços e o cumprimento
dos prazos estipulados.
(D) As ordens expressas a todos os funcionários é de
que se possa estar tomando as medidas mais do que im-
portantes para tornar nosso departamento mais eficiente,
na agilização dos trâmites legais dos documentos que pas-
sam por aqui.
(E) Peço com todo o respeito a V. Exª., que tomeis pro-
vidências cabíveis para vir novos funcionários para esse
nosso setor, que se encontra em condições difíceis de agi-
lizar todos os documentos que precisamos enviar.

94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inopor-
5. NOÇÕES GERAIS SOBRE O SERVIÇO tuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
PÚBLICO: CONHECIMENTO DO CÓDIGO DE consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
ÉTICA PROFISSIONAL NO SERVIÇO PÚBLICO Constituição Federal.
(DECRETO Nº 1.711/94 E SUAS ALTERAÇÕES); III - A moralidade da Administração Pública não se limi-
ta à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida
da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio
entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 público, é que poderá consolidar a moralidade do ato ad-
ministrativo.
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos
blico Civil do Poder Executivo Federal.
tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribui- ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a
ções que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo moralidade administrativa se integre no Direito, como ele-
em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como mento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade,
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de erigindo-se, como consequência, em fator de legalidade.
1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
de 1992, rante a comunidade deve ser entendido como acréscimo
DECRETA: ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com como seu maior patrimônio.
este baixa. VI - A função pública deve ser tida como exercício pro-
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública fissional e, portanto, se integra na vida particular de cada
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na con-
as providências necessárias à plena vigência do Código de duta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou
Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Co- diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
missão de Ética, integrada por três servidores ou empre- VII - Salvo os casos de segurança nacional, investiga-
gados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. ções policiais ou interesse superior do Estado e da Admi-
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética nistração Pública, a serem preservados em processo previa-
será comunicada à Secretaria da Administração Federal da mente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade
Presidência da República, com a indicação dos respectivos de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficá-
membros titulares e suplentes. cia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimen-
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu- to ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.
blicação. VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos inte-
106° da República. resses da própria pessoa interessada ou da Administração
ITAMAR FRANCO
Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se so-
Romildo Canhim
bre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou
Este texto não substitui o publicado no DOU de
da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade
23.6.1994.
humana quanto mais a de uma Nação.
ANEXO IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo
Código de Ética Profissional do Servidor Público dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela
Civil do Poder Executivo Federal disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos
CAPÍTULO I direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da
Seção I mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao
Das Regras Deontológicas patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má
vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciên- e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de
cia dos princípios morais são primados maiores que devem boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo,
nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou suas esperanças e seus esforços para construí-los.
função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera
do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e ati- de solução que compete ao setor em que exerça suas fun-
tudes serão direcionados para a preservação da honra e da ções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer
tradição dos serviços públicos. outra espécie de atraso na prestação do serviço, não carac-
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o teriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanida-
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que de- de, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos
cidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, serviços públicos.

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às or- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
dens legais de seus superiores, velando atentamente por qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigin-
seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligen- do as providências cabíveis;
te. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba-
tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até lho, seguindo os métodos mais adequados à sua organiza-
mesmo imprudência no desempenho da função pública. ção e distribuição;
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo- o) participar dos movimentos e estudos que se relacio-
cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço públi- nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por
co, o que quase sempre conduz à desordem nas relações escopo a realização do bem comum;
humanas. p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a es- das ao exercício da função;
trutura organizacional, respeitando seus colegas e cada q) manter-se atualizado com as instruções, as normas
concidadão, colabora e de todos pode receber colabora- de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce
ção, pois sua atividade pública é a grande oportunidade suas funções;
para o crescimento e o engrandecimento da Nação. r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as ins-
truções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto
Seção II quanto possível, com critério, segurança e rapidez, manten-
Dos Principais Deveres do Servidor Público do tudo sempre em boa ordem.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: quem de direito;
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, fun- t) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun-
ção ou emprego público de que seja titular; cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do ser-
rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente viço público e dos jurisdicionados administrativos;
resolver situações procrastinatórias, principalmente diante u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função,
de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na presta- poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse
ção dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, público, mesmo que observando as formalidades legais e
com o fim de evitar dano moral ao usuário; não cometendo qualquer violação expressa à lei;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua clas-
integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
se sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o
estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa
seu integral cumprimento.
para o bem comum;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
Seção III
dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da
Das Vedações ao Servidor Público
coletividade a seu cargo;
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com XV - E vedado ao servidor público;
o público; a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem-
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por po, posição e influências, para obter qualquer favorecimen-
princípios éticos que se materializam na adequada presta- to, para si ou para outrem;
ção dos serviços públicos; b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten- servidores ou de cidadãos que deles dependam;
ção, respeitando a capacidade e as limitações individuais c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co-
de todos os usuários do serviço público, sem qualquer es- nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao
pécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, naciona- Código de Ética de sua profissão;
lidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer-
abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; cício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor dano moral ou material;
de representar contra qualquer comprometimento indevi- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao
do da estrutura em que se funda o Poder Estatal; seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui- seu mister;
cos, de contratantes, interessados e outros que visem ob- f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri-
ter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no
decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denun- trato com o público, com os jurisdicionados administrativos
ciá-las; ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-
cias específicas da defesa da vida e da segurança coletiva; quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão,
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares
sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refle- ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou
tindo negativamente em todo o sistema; para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
encaminhar para providências; PROCESSO ADMINISTRATIVO NO ÂMBITO DA
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
do atendimento em serviços públicos; (LEI Nº 9.784/99 E SUAS ALTERAÇÕES).
j) desviar servidor público para atendimento a interes-
se particular;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.
ao patrimônio público;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no Regula o processo administrativo no âmbito da Admi-
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de pa- nistração Pública Federal.
rentes, de amigos ou de terceiros;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
habitualmente;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente
CAPÍTULO I
contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o pro-
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. cesso administrativo no âmbito da Administração Federal
direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direi-
CAPÍTULO II tos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins
DAS COMISSÕES DE ÉTICA da Administração.
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos ór-
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administra- gãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando
ção Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacio- no desempenho de função administrativa.
nal, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribui- § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
ções delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutu-
Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar ra da Administração direta e da estrutura da Administração
sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com indireta;
as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe II - entidade - a unidade de atuação dotada de perso-
conhecer concretamente de imputação ou de procedimen- nalidade jurídica;
to susceptível de censura. III - autoridade - o servidor ou agente público dotado
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or- de poder de decisão.
ganismos encarregados da execução do quadro de carreira Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre ou-
dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para tros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de-
os demais procedimentos próprios da carreira do servidor fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
público. eficiência.
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comis- Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
observados, entre outros, os critérios de:
são de Ética é a de censura e sua fundamentação constará
I - atuação conforme a lei e o Direito;
do respectivo parecer, assinado por todos os seus inte-
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a re-
grantes, com ciência do faltoso.
núncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento éti-
autorização em lei;
co, entende-se por servidor público todo aquele que, por III - objetividade no atendimento do interesse público,
força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
serviços de natureza permanente, temporária ou excepcio- IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, de-
nal, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado coro e boa-fé;
direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressal-
como as autarquias, as fundações públicas, as entidades vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de eco- VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição
nomia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o inte- de obrigações, restrições e sanções em medida superior
resse do Estado. àquelas estritamente necessárias ao atendimento do inte-
resse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
que determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garan-
tia dos direitos dos administrados;

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

IX - adoção de formas simples, suficientes para propi- IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e
ciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos de seus fundamentos;
direitos dos administrados; V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresenta- Parágrafo único. É vedada à Administração a recu-
ção de alegações finais, à produção de provas e à interpo- sa imotivada de recebimento de documentos, devendo o
sição de recursos, nos processos de que possam resultar servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de
sanções e nas situações de litígio; eventuais falhas.
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão
ressalvadas as previstas em lei; elaborar modelos ou formulários padronizados para assun-
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, tos que importem pretensões equivalentes.
sem prejuízo da atuação dos interessados; Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de in-
XIII - interpretação da norma administrativa da forma teressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
que melhor garanta o atendimento do fim público a que se poderão ser formulados em um único requerimento, salvo
preceito legal em contrário.
dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO II
DOS INTERESSADOS
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
Art. 9o São legitimados como interessados no processo
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos peran- administrativo:
te a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titu-
assegurados: lares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servi- direito de representação;
dores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
cumprimento de suas obrigações; direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão
II - ter ciência da tramitação dos processos adminis- a ser adotada;
trativos em que tenha a condição de interessado, ter vista III - as organizações e associações representativas, no
dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e tocante a direitos e interesses coletivos;
conhecer as decisões proferidas; IV - as pessoas ou as associações legalmente constituí-
III - formular alegações e apresentar documentos an- das quanto a direitos ou interesses difusos.
tes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo Art. 10. São capazes, para fins de processo administrati-
órgão competente; vo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, em ato normativo próprio.
salvo quando obrigatória a representação, por força de lei.
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO III DA COMPETÊNCIA
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
Art. 4  São deveres do administrado perante a Adminis-
o órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, sal-
tração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: vo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
I - expor os fatos conforme a verdade; Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão,
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes
III - não agir de modo temerário;
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica,
colaborar para o esclarecimento dos fatos. social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo apli-
CAPÍTULO IV ca-se à delegação de competência dos órgãos colegiados
DO INÍCIO DO PROCESSO aos respectivos presidentes.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de  I - a edição de atos de caráter normativo;
ofício ou a pedido de interessado. II - a decisão de recursos administrativos;
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo ca- III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
sos em que for admitida solicitação oral, deve ser formula- autoridade.
do por escrito e conter os seguintes dados: Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; ser publicados no meio oficial.
II - identificação do interessado ou de quem o repre- § 1o O ato de delegação especificará as matérias e po-
sente; deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a du-
III - domicílio do requerente ou local para recebimento ração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, po-
de comunicações; dendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias
pela autoridade delegante. úteis, no horário normal de funcionamento da repartição
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem men- na qual tramitar o processo.
cionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário
editadas pelo delegado. normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por curso regular do procedimento ou cause dano ao interes-
motivos relevantes devidamente justificados, a avocação sado ou à Administração.
temporária de competência atribuída a órgão hierarquica- Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do
mente inferior. órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos ad-
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulga- ministrados que dele participem devem ser praticados no
rão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
conveniente, a unidade fundacional competente em maté- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
ria de interesse especial. dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o pro- Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se prefe-
cesso administrativo deverá ser iniciado perante a autori- rencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interes-
dade de menor grau hierárquico para decidir. sado se outro for o local de realização.

CAPÍTULO VII CAPÍTULO IX


DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrati- Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita
vo o servidor ou autoridade que: o processo administrativo determinará a intimação do in-
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; teressado para ciência de decisão ou a efetivação de dili-
II - tenha participado ou venha a participar como peri- gências.
to, testemunha ou representante, ou se tais situações ocor- § 1o A intimação deverá conter:
rem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins I - identificação do intimado e nome do órgão ou enti-
até o terceiro grau;
dade administrativa;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente
II - finalidade da intimação;
com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
III - data, hora e local em que deve comparecer;
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em im-
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou
pedimento deve comunicar o fato à autoridade competen-
fazer-se representar;
te, abstendo-se de atuar.
V - informação da continuidade do processo indepen-
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o
dentemente do seu comparecimento;
impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais perti-
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou
nentes.
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória
com algum dos interessados ou com os respectivos côn- § 2o A intimação observará a antecedência mínima de
juges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. três dias úteis quanto à data de comparecimento.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição po- § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no pro-
derá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. cesso, por via postal com aviso de recebimento, por tele-
grama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do
CAPÍTULO VIII interessado.
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS § 4o No caso de interessados indeterminados, desco-
DO PROCESSO nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser
efetuada por meio de publicação oficial.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen- § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem ob-
dem de forma determinada senão quando a lei expressa- servância das prescrições legais, mas o comparecimento do
mente a exigir. administrado supre sua falta ou irregularidade.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por es- Art. 27. O desatendimento da intimação não importa
crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a
e a assinatura da autoridade responsável. direito pelo administrado.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
somente será exigido quando houver dúvida de autentici- garantido direito de ampla defesa ao interessado.
dade. Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro-
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia cesso que resultem para o interessado em imposição de
poderá ser feita pelo órgão administrativo. deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas se- e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
quencialmente e rubricadas.

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

CAPÍTULO X § 1o  Os elementos probatórios deverão ser considera-


DA INSTRUÇÃO dos na motivação do relatório e da decisão.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante deci-
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averi- são fundamentada, as provas propostas pelos interessados
guar e comprovar os dados necessários à tomada de deci- quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
são realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão protelatórias.
responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos Art. 39. Quando for necessária a prestação de infor-
interessados de propor atuações probatórias. mações ou a apresentação de provas pelos interessados
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim,
dos autos os dados necessários à decisão do processo. mencionando-se data, prazo, forma e condições de aten-
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos dimento.
interessados devem realizar-se do modo menos oneroso Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, po-
para estes. derá o órgão competente, se entender relevante a matéria,
 Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a
as provas obtidas por meios ilícitos. decisão.
 Art. 31. Quando a matéria do processo envolver as- Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos soli-
sunto de interesse geral, o órgão competente poderá, me- citados ao interessado forem necessários à apreciação de
diante despacho motivado, abrir período de consulta pú- pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela
blica para manifestação de terceiros, antes da decisão do Administração para a respectiva apresentação implicará ar-
pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada. quivamento do processo.
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de di- Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias
ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo úteis, mencionando-se data, hora e local de realização.
para oferecimento de alegações escritas. Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
§ 2o O comparecimento à consulta pública não con-
órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
fere, por si, a condição de interessado do processo, mas
máximo de quinze dias, salvo norma especial ou compro-
confere o direito de obter da Administração resposta fun-
vada necessidade de maior prazo.
damentada, que poderá ser comum a todas as alegações
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de
substancialmente iguais.
ser emitido no prazo fixado, o processo não terá segui-
 Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da auto-
mento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se
ridade, diante da relevância da questão, poderá ser reali-
quem der causa ao atraso.
zada audiência pública para debates sobre a matéria do
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar
processo.
 Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter pros-
matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de seguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo
participação de administrados, diretamente ou por meio da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.
de organizações e associações legalmente reconhecidas. Art. 43. Quando por disposição de ato normativo de-
 Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública vam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
e de outros meios de participação de administrados de- administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
verão ser apresentados com a indicação do procedimento assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá soli-
adotado. citar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a e capacidade técnica equivalentes.
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participa- reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo
ção de titulares ou representantes dos órgãos competen- se outro prazo for legalmente fixado.
tes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pú-
 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha blica poderá motivadamente adotar providências acautela-
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão compe- doras sem a prévia manifestação do interessado.
tente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e
dados estão registrados em documentos existentes na documentos que o integram, ressalvados os dados e docu-
própria Administração responsável pelo processo ou em mentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
outro órgão administrativo, o órgão competente para a privacidade, à honra e à imagem.
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos Art. 47. O órgão de instrução que não for competen-
ou das respectivas cópias. te para emitir a decisão final elaborará relatório indicando
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e an- o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e
tes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, formulará proposta de decisão, objetivamente justificada,
requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações encaminhando o processo à autoridade competente.
referentes à matéria objeto do processo.

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
CAPÍTULO XI CAPÍTULO XIV
DO DEVER DE DECIDIR DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos,
emitir decisão nos processos administrativos e sobre soli- quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los
citações ou reclamações, em matéria de sua competência. por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, os direitos adquiridos.
a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
salvo prorrogação por igual período expressamente motivada. administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em
CAPÍTULO XII que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
DA MOTIVAÇÃO § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pa-
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motiva- gamento.
dos, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, § 2o Considera-se exercício do direito de anular qual-
quando: quer medida de autoridade administrativa que importe im-
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; pugnação à validade do ato.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou san- Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarreta-
ções; rem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
III - decidam processos administrativos de concurso ou atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser con-
seleção pública; validados pela própria Administração.
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
cesso licitatório; CAPÍTULO XV
V - decidam recursos administrativos; DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e face de razões de legalidade e de mérito.
relatórios oficiais; § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco
convalidação de ato administrativo. dias, o encaminhará à autoridade superior.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruen- § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso ad-
te, podendo consistir em declaração de concordância com ministrativo independe de caução.
fundamentos de anteriores pareceres, informações, deci- § 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa
sões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autori-
do ato. dade prolatora da decisão impugnada, se não a reconside-
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, rar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade
pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os funda- superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da
mentos das decisões, desde que não prejudique direito ou súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de
garantia dos interessados. 2006). Vigência
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por
comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
ou de termo escrito. Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi-
nistrativo:
CAPÍTULO XIII I - os titulares de direitos e interesses que forem parte
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO no processo;
DO PROCESSO II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta-
mente afetados pela decisão recorrida;
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação III - as organizações e associações representativas, no
escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado tocante a direitos e interesses coletivos;
ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou re- interesses difusos.
núncia atinge somente quem a tenha formulado. Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, confor- prazo para interposição de recurso administrativo, contado
me o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
se a Administração considerar que o interesse público as- § 1o  Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
sim o exige. administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão
o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da competente.
decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá
superveniente. ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimen- CAPÍTULO XVI


to no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do DOS PRAZOS
pedido de reexame, podendo juntar os documentos que
julgar convenientes. Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do
não tem efeito suspensivo. começo e incluindo-se o do vencimento.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro
difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a au- dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não
toridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de houver expediente ou este for encerrado antes da hora
ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. normal.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo
dele conhecer deverá intimar os demais interessados para contínuo.
que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações. § 3o  Os prazos fixados em meses ou anos contam-se
Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter- de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia
posto: equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo
I - fora do prazo; o último dia do mês.
II - perante órgão incompetente; Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente com-
III - por quem não seja legitimado; provado, os prazos processuais não se suspendem.
IV - após exaurida a esfera administrativa.
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorren- CAPÍTULO XVII
te a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo DAS SANÇÕES
para recurso.
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Ad- Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade
ministração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em
ocorrida preclusão administrativa. obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso direito de defesa.
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua CAPÍTULO XVIII
competência. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste ar-
tigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este Art. 69. Os processos administrativos específicos conti-
deverá ser cientificado para que formule suas alegações nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
antes da decisão. subsidiariamente os preceitos desta Lei.
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer
da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o órgão ou instância, os procedimentos administrativos em
recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplica- que figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº
bilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
11.417, de 2006). Vigência I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a anos; (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
reclamação fundada em violação de enunciado da súmu- II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
la vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
órgão competente para o julgamento do recurso, que de- III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
verão adequar as futuras decisões administrativas em casos IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose
semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversí-
esferas cível, administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº vel e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
11.417, de 2006). Vigência espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepato-
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem patia grave, estados avançados da doença de Paget (osteí-
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido te deformante), contaminação por radiação, síndrome de
ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstân- imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com
cias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da base em conclusão da medicina especializada, mesmo que
sanção aplicada. a doença tenha sido contraída após o início do processo.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
resultar agravamento da sanção. § 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício,
juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à auto-
ridade administrativa competente, que determinará as pro-
vidências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº 12.008,
de 2009).
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identifi-
cação própria que evidencie o regime de tramitação priori-
tária. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). É aprovado por lei quadrienal, sujeita a prazos e ritos
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). diferenciados de tramitação e tem vigência do segundo
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- ano de um mandato do Poder Executivo até o final do pri-
ção. meiro ano do mandato seguinte.
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência e Nele se prevê a atuação do Governo, durante o perío-
111  da República.
o
do mencionado, em programas de duração continuada já
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO instituídos ou a instituir no médio prazo, buscando o cum-
Renan Calheiros  primento do princípio da continuidade da prestação do
Paulo Paiva serviço público, em prol do interesse público.
Este texto não substitui o publicado no DOU de 1.2.1999 Com a obrigatoriedade do PPA, tornou-se obrigatório
e retificado em 11.3.1999 o Governo planejar todas as suas ações e também seu or-
çamento de modo a não ferir as diretrizes nele contidas,
somente devendo efetuar investimentos em programas
6. NOÇÕES GERAIS SOBRE ORÇAMENTO, estratégicos previstos na redação do PPA para o período
RECEITA E DESPESA PÚBLICOS: CONCEITOS vigente. A Constituição, também, sugere que a iniciativa
DE RECEITAS, DESPESAS PÚBLICAS E DE privada volte suas ações de desenvolvimento para as áreas
ORÇAMENTO PÚBLICO; CLASSIFICAÇÃO DE abordadas pelo plano vigente.
RECEITAS E DESPESAS PÚBLICAS; DIFERENÇA O PPA é dividido em planos de ações, e cada plano
ENTRE INVESTIMENTOS E DISPÊNDIOS; deverá conter: (i) objetivo, órgão do Governo responsável
PLANO PLURIANUAL; LEI DE DIRETRIZES pela execução do projeto, (ii) o valor, (iii) o prazo de con-
ORÇAMENTÁRIAS; LEI ORÇAMENTÁRIA clusão, (iv) as fontes de financiamento, (v) o indicador que
ANUAL; PROCESSOS DE EMPENHO, represente a situação que o plano visa alterar, (vi) a ne-
LIQUIDAÇÃO E PAGAMENTO; CONTRATOS; cessidade de bens e serviços para a correta efetivação do
CONVÊNIOS. previsto, (vii) a regionalização do plano, etc.
Cada um desses planos (ou programas) será designa-
do a uma unidade responsável competente, mesmo que
durante a execução dos trabalhos várias unidades da es-
O orçamento público brasileiro compreende a elabora-
fera pública sejam envolvidas. Também será designado um
ção e a execução de três leis básicas: (i) o Plano Plurianual
gerente específico para cada ação prevista no Plano Plu-
(“PPA”), (ii) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (“LDO”) e a Lei
rianual, por determinação direta da Administração Pública.
de Orçamento Anual (“LOA”), que em conjunto materiali-
zam o planejamento e a execução das políticas públicas de O Decreto nº 2.829, 29.10.1998, que regulamentou o
cada ente da Federação (União, Estados, Municípios e Dis- PPA prevê que sempre se deve buscar a integração das vá-
trito Federal). Nesse capítulo, analisaremos cada uma das rias esferas do poder público (federal, estadual e munici-
leis, buscando demonstrar a sua função no sistema orça- pal), e também destas com o setor privado.
mentário brasileiro, e de que forma respeitam os orçamen- A cada ano, deverá ser realizada uma avaliação do pro-
tários pátrios. cesso de andamento das medidas a serem desenvolvidas
PLANO PLURIANUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. durante o período quadrienal – não só apresentando a si-
O Plano plurianual está previsto na constituição no ar- tuação atual dos programas, mas também sugerindo for-
tigo a seguir: mas de evitar o desperdício de dinheiro público em ações
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe- não significativas. Com base nesta avaliação é que serão
lecerão: traçadas as bases para a elaboração do orçamento anual.
I - o plano plurianual; A avaliação anual poderá se utilizar de vários recursos
II - as diretrizes orçamentárias; para sua efetivação, inclusive de pesquisas de satisfação
III - os orçamentos anuais. pública, quando viáveis.
§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, Embora teoricamente todos os projetos do PPA sejam
de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da importantes e necessários para o desenvolvimento socioe-
administração pública federal para as despesas de capital e conômico do ente, dentro do mesmo devem ser estabe-
outras delas decorrentes e para as relativas aos programas lecidos projetos que detêm de maior prioridade na sua
de duração continuada. realização.
§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e se-
toriais previstos nesta Constituição serão elaborados em DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO FE-
consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Con- DERAL.
gresso Nacional. A Lei das Diretrizes Orçamentárias está prevista na
O Plano Plurianual (“PPA”), no Brasil, previsto no artigo constituição no artigo a seguir:
165 da Constituição Federal de 1988, e regulamentado pelo Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe-
Decreto nº 2.829, de 29.10.1998, em plena compatibilidade lecerão:
com o princípio do orçamento investimento, estabelece as I - o plano plurianual;
medidas, gastos e objetivos a serem seguidos pela Adminis- II - as diretrizes orçamentárias;
tração ao longo de um período (exercício) de quatro anos. III - os orçamentos anuais.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá de novos projetos, após o adequado atendimento dos que
as metas e prioridades da administração pública federal, estão em andamento; (vi) estabelecer critérios de progra-
incluindo as despesas de capital para o exercício financei- mação financeira mensal; (vii) estabelecer o percentual da
ro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária receita corrente líquida a ser retido na peça orçamentária,
anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e como Reserva de Contingência.
estabelecerá a política de aplicação das agências financei- Além do estabelecimento e definição dos itens acima,
ras oficiais de fomento. a LDO deverá ser acompanhada dos chamados Anexos
§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após de Metas Fiscais. Esses Anexos deverão conter: (i) metas
o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da anuais para receitas, despesas, resultados nominal e pri-
execução orçamentária. mário e montante da dívida para o exercício a que se re-
§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e ferirem e para os dois exercícios seguintes; (ii) a avaliação
setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; (iii) o
em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e
Congresso Nacional. metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pre-
tendidos, comparando-as com as fixadas nos três últimos
A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS exercícios, evidenciando a consistência delas com as pre-
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (“LDO”) tem a fina- missas e os objetivos da política vigente; (iv) o demons-
lidade precípua de orientar a elaboração dos orçamentos trativo da evolução do patrimônio líquido nos últimos três
fiscal e da seguridade social e de investimento das empre- exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos
sas estatais. Busca sincronizar a Lei Orçamentária Anual obtidos com a alienação de ativos; (v) a avaliação financei-
(“LOA”) com as diretrizes, objetivos e metas da administra- ra e atuarial de todos os fundos e programas de natureza
ção pública, estabelecidas no PPA, em estrita observância atuarial; (vi) o demonstrativo da estimativa e compensa-
aos princípios do orçamento investimento e da unidade ção da renúncia de receita e da margem de expansão das
orçamentária. despesas obrigatórias de caráter continuado; (vii) a ava-
De acordo com o parágrafo 2º, do art. 165, da Consti- liação dos passivos contingentes e outros riscos capazes
tuição Federal de 1988, a LDO (i) deverá trazer as metas e de afetar as contas, informando as providências, caso se
prioridades da administração pública, incluindo as despe- concretizem, como por exemplo, é importante verificar os
sas de capital para o exercício financeiro subsequente, (ii) processos judiciais de devolução de tributos questionáveis,
orientará a elaboração da LOA, (iii) disporá sobre as alte- ou demanda de reivindicações salariais não concedidas.
rações na legislação tributária e (iv) estabelecerá a política Enfim, o Anexo de Metas Fiscais compreenderá: (i) a
de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. previsão trienal da receita, da despesa, estimando, assim,
Em observância do princípio da anualidade orçamentá- os resultados nominal e primário; (ii) a previsão trienal do
ria, a LDO será elaborada, anualmente, pela Administração estoque da dívida pública, considerando os passivos fi-
e aprovada pelo Poder Legislativo que, após aprovação, nanceiro e permanente; (iii) a avaliação do cumprimento
devolverá ao Executivo para sanção. É importante destacar das metas do ano anterior; (iv) a evolução do patrimônio
que a Constituição de 1988 não prevê a possibilidade de líquido ou passivo real descoberto (resultado patrimonial
rejeição do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, uma negativo); (v) a avaliação financeira e atuarial dos fundos
vez que prescreve, em seu art. 57, §2º, que a sessão legis- de previdência dos servidores públicos; (vi) a Estimativa de
lativa não será interrompida sem a aprovação do projeto, compensação da renúncia de receitas (anistias, remissões,
logo, o projeto após entregue pelo Executivo deverá ser isenções, subsídios etc.) e da margem de expansão das
analisado e encaminhado para aprovação. despesas obrigatórias de caráter continuado.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL
101, de 04.05.2000) ampliou a importância da LDO, deter- A Lei Orçamentária Anual (“LOA”) ou orçamento anual
minando a previsão de várias outras situações, além das visa concretizar os objetivos e metas propostas no PPA, se-
previstas na Constituição. São elas (i) estabelecer os crité- gundo as diretrizes estabelecidas pela LDO, em conformi-
rios para o congelamento de dotações, quando as recei- dade com o princípio da unidade do orçamento público. É
tas não evoluírem de acordo com a estimativa orçamen- uma lei, em sentido formal, elaborada pelo Poder Executivo
tária; (ii) estabelecer controles operacionais e suas regras e aprovada pelo Poder Legislativo, que estabelece as des-
de atuação para avaliação das ações desenvolvidas ou em pesas e as receitas que serão realizadas em determinado
desenvolvimento; (iii) estabelecer as condições de ajudar ano (princípio da anualidade do orçamento). A Constitui-
ou subvencionar financeiramente instituições privadas, ção determina que o Orçamento deve ser votado e apro-
fornecendo o nome da instituição, valor a ser concedido, vado até o final de cada Legislatura, sendo competência do
objetivo etc., sendo importante ressaltar que serão nulas Chefe do Poder Executivo de cada ente público enviar ao
as subvenções não previstas na LDO, excluindo casos de órgão legislativo a proposta do orçamento.
emergência; (iv) estabelecer condições para autorizar os A proposta da LOA compreende os três tipos distin-
entes a auxiliar o custeio de despesas próprias de outros tos de orçamentos, a saber: (i) o Orçamento Fiscal, que
entes, como por exemplo, gastos de quartel da Polícia Mi- compreende os poderes da União, dos Estados, do Distrito
litar, de Cartório Eleitoral, Recrutamento Militar, de ativi- Federal e dos Municípios, os Fundos, Órgãos, Autarquias,
dades da Justiça etc.; (v) estabelecer critérios para o início inclusive as especiais, e Fundações instituídas e mantidas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
pelo ente público; abrange, também, as empresas públicas esses estágios, já que, após o recebimento do crédito orça-
e sociedades de economia mista em que o Poder Público, mentário e antes do seu comprometimento para a realiza-
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social ção da despesa, existe uma fase geralmente demorada de
com direito a voto e que recebam desta quaisquer recur- licitação obrigatória junto a fornecedores de bens e servi-
sos que não sejam provenientes de participação acioná- ços que impõe a necessidade de se assegurar o crédito até
ria, pagamentos de serviços prestados, transferências para o término do processo licitatório.
aplicação em programas de financiamento atendendo ao Todo esse processo ocorre observando, estritamente,
disposto na alínea “c” do inciso I do art. 159 da CF e refi- os princípios constitucionais orçamentários, bem como
nanciamento da dívida externa; (ii) o Orçamento de Seguri- aqueles que regem a Administração Pública, dentre eles a
dade Social, que compreende todos os órgãos e entidades moralidade, a publicidade e a eficiência, de modo que o
a quem compete executar ações nas áreas de saúde, pre- interesse público seja sempre garantido.
vidência e assistência social, quer sejam da Administração ESTRUTURA PROGRAMÁTICA.
Direta ou Indireta, bem como os fundos e fundações insti- Identificação dos produtos finais de uma organização,
tuídas e mantidas pelo Poder Público; compreende, ainda, representados pelos seus programas e subprogramas, fixa-
os demais subprojetos ou subatividades, não integrantes dos a partir dos objetivos constantes dos planos de gover-
do Programa de Trabalho dos Órgãos e Entidades mencio- no, além da determinação dos recursos reais e financeiros
nados, mas que se relacionem com as referidas ações, ten- exigidos e das medidas de coordenação e compatibilização
do em vista o disposto no art. 194 da CF; e (iii) o Orçamento requeridas.
de Investimento das Empresas Estatais: previsto no inciso II, De grande importância para a compreensão do orça-
parágrafo 5º do art. 165 da CF, que abrange as empresas mento são os critérios de classificação das contas públicas.
públicas e sociedades de economia mista em que o Estado, As classificações são utilizadas para facilitar e padronizar
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social as informações que se deseja obter. Pela classificação é
com direito a voto. possível visualizar o orçamento por Poder, por Instituição,
Execução Orçamentária por Função de Governo, por Subfunção, por Programa, por
A execução orçamentária ocorre concomitantemente Projeto, Atividade e/ou Operação Especial, ou, ainda, por
com a financeira. Esta afirmativa tem como sustentação o categoria econômica.
fato de que a execução tanto orçamentária como finan-
ceira estão atreladas uma a outra. Havendo orçamento e Várias são as razões pelas quais deve existir um bom
não existindo o financeiro, não poderá ocorrer a despe- sistema de classificação no orçamento. Podemos citar al-
sa. Por outro lado, havendo recurso financeiro, mas não se gumas:
podendo gastá-lo, não há que se falar em disponibilidade 1) facilitar a formulação de programas;
orçamentária. 2) proporcionar uma contribuição efetiva para o acom-
Em consequência, pode-se definir execução orçamen- panhamento da execução do orçamento;
tária como sendo a utilização dos créditos na LOA. Já a 3) determinar a fixação de responsabilidades e
execução financeira, por sua vez, representa a utilização de 4) possibilitar a análise dos efeitos econômicos das
recursos financeiros, visando atender à realização dos pro- ações governamentais.
jetos e/ou atividades atribuídas às Unidades Orçamentárias Dependendo do critério de classificação, alguns aspec-
pelo Orçamento. tos das contas poderão ser evidenciados. A Lei estabelece
Na técnica orçamentária, inclusive, é habitual se fazer a obrigatoriedade de classificação segundo vários critérios,
a distinção entre as palavras crédito e recursos. O primeiro encontrados na Classificação por Categoria Econômica.
termo designa o lado orçamentário e o segundo, o lado fi- Classificação por Categoria Econômica
nanceiro. Crédito e Recurso são duas faces de uma mesma A classificação por categoria econômica é importante
moeda. O crédito é a dotação ou autorização de gasto ou para o conhecimento do impacto das ações de governo
sua descentralização, e o recurso é o dinheiro ou saldo de na conjuntura econômica do país. Ela possibilita que o or-
disponibilidade bancária. çamento constitua um instrumento de importância para a
Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de análise e ação de política econômica, de maneira a ser uti-
execução orçamentária e de programação financeira para lizado no fomento ao desenvolvimento nacional, no con-
o exercício, e lançadas as informações orçamentárias, cria- trole do déficit público, etc. Por esse critério, o orçamento
se o crédito orçamentário e, a partir daí, tem-se o início da se divide em dois grandes grupos: as Contas Correntes e
execução orçamentária propriamente dita. Contas de Capital.
Executar o orçamento é, portanto, realizar as despesas Classificação Funcional
públicas nele previstas, ressaltando que para que qualquer A classificação funcional-programática representou um
utilização de recursos públicos seja efetuada, a primeira grande avanço na técnica de apresentação orçamentária.
condição é que esse gasto tenha sido legal e oficialmente Ela permitiu a vinculação das dotações orçamentárias a ob-
previsto e autorizado pelo Poder Legislativo e que sejam jetivos de governo, que por sua vez eram viabilizados pelos
seguidos à risca os três estágios da execução das despesas programas de governo. Esse enfoque permitiu uma visão
previstos na Lei nº 4.320/64, isto é, (i) o empenho, (ii) a de ‘o que o governo fazia’, o que tinha significado bastante
liquidação e (iii) o pagamento – atualmente se encontra diferenciado do enfoque tradicional, que visualizava ‘o que
em aplicação a sistemática do pré-empenho antecedendo o governo comprava’.

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Para o orçamento do ano 2000, diversas modificações O PLANO PLURIANUAL


foram estabelecidas na classificação vigente, procurando- O Plano Plurianual (“PPA”), no Brasil, previsto no arti-
se privilegiar o aspecto gerencial do orçamento, com ado- go 165 da Constituição Federal de 1988, e regulamentado
ção de práticas simplificadoras e descentralizadoras. pelo Decreto nº 2.829, de 29.10.1998, em plena compati-
O eixo principal dessas modificações foi a interligação bilidade com o princípio do orçamento investimento, es-
entre o planejamento (PPA) e o orçamento (LOA), por in- tabelece as medidas, gastos e objetivos a serem seguidos
termédio de programas que são gerenciados por um res- pela Administração ao longo de um período (exercício) de
ponsável e orientados para a consecução dos objetivos quatro anos.
estratégicos definidos pelo governo. Esses objetivos são É aprovado por lei quadrienal, sujeita a prazos e ritos
viabilizados por meio de projetos e atividades que têm diferenciados de tramitação e tem vigência do segundo
produto (bem/serviço) específico. Assim, uma vez defini- ano de um mandato do Poder Executivo até o final do pri-
do o programa, com suas respectivas ações, classifica-se a meiro ano do mandato seguinte.
despesa de acordo com a especificidade de seu conteúdo Nele se prevê a atuação do Governo, durante o perío-
e produto, em uma sub função, independente de sua rela- do mencionado, em programas de duração continuada já
ção institucional. Em seguida será feita a associação com a instituídos ou a instituir no médio prazo, buscando o cum-
função, voltada à área de atuação característica do órgão/ primento do princípio da continuidade da prestação do
unidade em que as despesas estão sendo efetuadas. Dessa serviço público, em prol do interesse público.
forma, a classificação orçamentária para 2000 apresenta: Com a obrigatoriedade do PPA, tornou-se obrigatório
1) Um rol de funções, que representa o maior nível de o Governo planejar todas as suas ações e também seu or-
agregação das diversas áreas da despesa que competem çamento de modo a não ferir as diretrizes nele contidas,
ao setor público. Dentre elas existe a função “Encargos Es- somente devendo efetuar investimentos em programas
peciais”, que engloba despesas não associadas a um bem estratégicos previstos na redação do PPA para o período
ou serviço gerado no processo produtivo, como: dívida, vigente. A Constituição, também, sugere que a iniciativa
ressarcimento, indenização, entre outros. privada volte suas ações de desenvolvimento para as áreas
2) Um rol de sub funções, que representa uma parti- abordadas pelo plano vigente.
ção da função, agregando um determinado subconjunto O PPA é dividido em planos de ações, e cada plano
de despesas do setor público. Cabe ressaltar que a classifi- deverá conter: (i) objetivo, órgão do Governo responsável
cação funcional ora introduzida preservou a matricialidade pela execução do projeto, (ii) o valor, (iii) o prazo de con-
da funcional-programática, ou seja, as sub funções pode- clusão, (iv) as fontes de financiamento, (v) o indicador que
rão ser combinadas com funções diferentes daquelas a que represente a situação que o plano visa alterar, (vi) a ne-
estejam vinculadas. cessidade de bens e serviços para a correta efetivação do
3) Um rol de programas, que representa um conjunto previsto, (vii) a regionalização do plano, etc.
de ações que concorrem para um objetivo preestabeleci- Cada um desses planos (ou programas), será designa-
do. Os programas são definidos de acordo com a estrutura do a uma unidade responsável competente, mesmo que
de cada nível de governo, de maneira a adequar a solu- durante a execução dos trabalhos várias unidades da es-
ção de problemas identificados. O programa é entendido fera pública sejam envolvidas. Também será designado um
como módulo integrador entre planejamento e orçamento, gerente específico para cada ação prevista no Plano Plu-
solucionando assim a difícil compatibilização dessas duas rianual, por determinação direta da Administração Pública.
estruturas. O Decreto nº 2.829, 29.10.1998, que regulamentou o
4) Um rol de projetos, que são os instrumentos de pro- PPA prevê que sempre se deve buscar a integração das vá-
gramação para alcançar os objetivos de um programa, en- rias esferas do poder público (federal, estadual e munici-
volvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, pal), e também destas com o setor privado.
das quais resulta um produto que concorre para a expan- A cada ano, deverá ser realizada uma avaliação do pro-
são ou o aperfeiçoamento da ação do governo. cesso de andamento das medidas a serem desenvolvidas
5) Um rol de atividades, que são os instrumentos de durante o período quadrienal – não só apresentando a si-
programação para alcançar os objetivos de um programa, tuação atual dos programas, mas também sugerindo for-
envolvendo um conjunto de operações, que se realizam de mas de evitar o desperdício de dinheiro público em ações
modo contínuo e permanente, das quais resulta um produ- não significativas. Com base nesta avaliação é que serão
to necessário à manutenção da ação do governo. 6) Um rol traçadas as bases para a elaboração do orçamento anual.
de operações especiais, que representam ações que não A avaliação anual poderá se utilizar de vários recursos
contribuem para a manutenção das ações de governo, das para sua efetivação, inclusive de pesquisas de satisfação
quais não resulta um produto e não geram contrapresta- pública, quando viáveis.
ção direta sob a forma de bens e serviços. Embora teoricamente todos os projetos do PPA sejam
importantes e necessários para o desenvolvimento socioe-
conômico do ente, dentro do mesmo devem ser estabe-
lecidos projetos que detêm de maior prioridade na sua
realização.

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 1o É vedado aos agentes públicos:
7. NOÇÕES SOBRE COMPRAS NO SETOR I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de con-
PÚBLICO: CONCEITOS E SISTEMAS DE vocação, cláusulas ou condições que comprometam, res-
COMPRAS; LICITAÇÃO NO SERVIÇO trinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos
PÚBLICO: CONCEITO; FINALIDADE; casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferên-
PRINCÍPIOS; MODALIDADES; CADASTRO cias ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou
DE FORNECEDORES; PROCEDIMENTOS domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstân-
ADMINISTRATIVOS; SANÇÕES (LEI Nº 8.666/93, cia impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo
e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Re-
dação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)
LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza
comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer ou-
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Fe- tra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no
deral, institui normas para licitações e contratos da Admi- que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos,
nistração Pública e dá outras providências. mesmo quando envolvidos financiamentos de agências in-
ternacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 2o Em igualdade de condições, como critério de de-
sempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos
bens e serviços:
Capítulo I
I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
II - produzidos no País;
Seção I III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
Dos Princípios IV - produzidos ou prestados por empresas que invis-
tam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licita- País. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
ções e contratos administrativos pertinentes a obras, ser- V - produzidos ou prestados por empresas que com-
viços, inclusive de publicidade, compras, alienações e lo- provem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei
cações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Pre-
Distrito Federal e dos Municípios. vidência Social e que atendam às regras de acessibilida-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, de previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
além dos órgãos da administração direta, os fundos es- 2015) (Vigência)
peciais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas § 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e aces-
públicas, as sociedades de economia mista e demais enti- síveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quan-
dades controladas direta ou indiretamente pela União, Es- to ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
tados, Distrito Federal e Municípios. § 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, § 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci-
compras, alienações, concessões, permissões e locações da da margem de preferência para: (Redação dada pela Lei nº
Administração Pública, quando contratadas com terceiros, 13.146, de 2015) (Vigência)
serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas I - produtos manufaturados e para serviços nacionais
as hipóteses previstas nesta Lei. que atendam a normas técnicas brasileiras; e (Incluído pela
Parágrafo  único. Para os fins desta Lei, considera-se Lei nº 13.146, de 2015)
contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entida- II - bens e serviços produzidos ou prestados por em-
des da Administração Pública e particulares, em que haja presas que comprovem cumprimento de reserva de cargos
um acordo de vontades para a formação de vínculo e a prevista em lei para pessoa com deficiência ou para rea-
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a deno- bilitado da Previdência Social e que atendam às regras de
acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº
minação utilizada.
13.146, de 2015)
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância
§ 6o A margem de preferência de que trata o § 5o será
do princípio constitucional da isonomia, a seleção da pro-
estabelecida com base em estudos revistos periodicamen-
posta mais vantajosa para a administração e a promoção te, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em
do desenvolvimento nacional sustentável e será processa- consideração: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide
da e julgada em estrita conformidade com os princípios Decreto nº 7.546, de 2011) (Vide Decreto nº 7.709, de 2012)
básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, (Vide Decreto nº 7.713, de 2012) (Vide Decreto nº 7.756,
da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, de 2012)
da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento I - geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº
objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada pela 12.349, de 2010)
Lei nº 12.349, de 2010) (Regulamento) (Regulamento) (Re- II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais
gulamento) e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

III - desenvolvimento e inovação tecnológica realiza- § 15. As preferências dispostas neste artigo prevale-
dos no País; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) cem sobre as demais preferências previstas na legislação
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído quando estas forem aplicadas sobre produtos ou serviços
pela Lei nº 12.349, de 2010) estrangeiros. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
V - em suas revisões, análise retrospectiva de resulta- 2014)
dos. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovi-
§ 7o Para os produtos manufaturados e serviços nacio- da pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm
nais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológi- direito público subjetivo à fiel observância do pertinente
ca realizados no País, poderá ser estabelecido margem de procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer ci-
preferência adicional àquela prevista no § 5o. (Incluído pela dadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não
Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos
§ 8o As margens de preferência por produto, serviço, trabalhos.
grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se referem Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto
os §§ 5o e 7o, serão definidas pelo Poder Executivo federal, nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele pra-
não podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% ticado em qualquer esfera da Administração Pública.
(vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos ma- Art. 5o Todos os valores, preços e custos utilizados
nufaturados e serviços estrangeiros. (Incluído pela Lei nº nas licitações terão como expressão monetária a moeda
12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta
§ 9o As disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste artigo Lei, devendo cada unidade da Administração, no paga-
não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de mento das obrigações relativas ao fornecimento de bens,
produção ou prestação no País seja inferior: (Incluído pela locações, realização de obras e prestação de serviços, obe-
Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) decer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou (In- ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo
cluído pela Lei nº 12.349, de 2010) quando presentes relevantes razões de interesse público
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7o do e mediante prévia justificativa da autoridade competente,
art. 23 desta Lei, quando for o caso. (Incluído pela Lei nº devidamente publicada.
12.349, de 2010) § 1o Os créditos a que se refere este artigo terão seus
§ 10. A margem de preferência a que se refere o § valores corrigidos por critérios previstos no ato convocató-
5o poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens rio e que lhes preservem o valor.
e serviços originários dos Estados Partes do Mercado Co- § 2o A correção de que trata o parágrafo anterior cujo
mum do Sul - Mercosul. (Incluído pela Lei nº 12.349, de pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta
2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos
§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, créditos a que se referem. (Redação dada pela Lei nº 8.883,
serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da de 1994)
autoridade competente, exigir que o contratado promo- § 3o Observados o disposto no caput, os pagamentos
va, em favor de órgão ou entidade integrante da adminis- decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o
tração pública ou daqueles por ela indicados a partir de limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do
processo isonômico, medidas de compensação comercial, que dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no
industrial, tecnológica ou acesso a condições vantajosas de prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação
financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabe- da fatura. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
lecida pelo Poder Executivo federal. (Incluído pela Lei nº Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem
12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às mi-
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, manu- croempresas e empresas de pequeno porte na forma da lei.
tenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
informação e comunicação, considerados estratégicos em
ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restri- Seção II
ta a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e Das Definições
produzidos de acordo com o processo produtivo básico de
que trata a Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001. (Incluído Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se:
pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recu-
§ 13. Será divulgada na internet, a cada exercício finan- peração ou ampliação, realizada por execução direta ou
ceiro, a relação de empresas favorecidas em decorrência indireta;
do disposto nos §§ 5o, 7o, 10, 11 e 12 deste artigo, com II - Serviço - toda atividade destinada a obter deter-
indicação do volume de recursos destinados a cada uma minada utilidade de interesse para a Administração, tais
delas. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) como: demolição, conserto, instalação, montagem, ope-
§ 14. As preferências definidas neste artigo e nas de- ração, conservação, reparação, adaptação, manutenção,
mais normas de licitação e contratos devem privilegiar o transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou traba-
tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e lhos técnico-profissionais;
empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído pela III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para
Lei Complementar nº 147, de 2014) fornecimento de uma só vez ou parceladamente;

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens e) subsídios para montagem do plano de licitação e
a terceiros; gestão da obra, compreendendo a sua programação, a es-
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aque- tratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros
las cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) ve- dados necessários em cada caso;
zes o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 f) orçamento detalhado do custo global da obra, fun-
desta Lei; damentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cum- propriamente avaliados;
primento das obrigações assumidas por empresas em lici- X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos ne-
tações e contratos; cessários e suficientes à execução completa da obra, de
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e en- acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira
tidades da Administração, pelos próprios meios; de Normas Técnicas - ABNT;
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade XI - Administração Pública - a administração direta e
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes regi- indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, abrangendo inclusive as entidades com perso-
mes: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
nalidade jurídica de direito privado sob controle do poder
a) empreitada por preço global - quando se contrata
público e das fundações por ele instituídas ou mantidas;
a execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade ad-
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata ministrativa pela qual a Administração Pública opera e atua
a execução da obra ou do serviço por preço certo de uni- concretamente;
dades determinadas; XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da
c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para peque- da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento pios, o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada
de materiais; pela Lei nº 8.883, de 1994)
e) empreitada integral - quando se contrata um em- XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do
preendimento em sua integralidade, compreendendo to- instrumento contratual;
das as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária
sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entre- de contrato com a Administração Pública;
ga ao contratante em condições de entrada em operação, XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial,
atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utiliza- criada pela Administração com a função de receber, exami-
ção em condições de segurança estrutural e operacional e nar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos
com as características adequadas às finalidades para que às licitações e ao cadastramento de licitantes.
foi contratada; XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários manufaturados, produzidos no território nacional de acor-
e suficientes, com nível de precisão adequado, para carac- do com o processo produtivo básico ou com as regras de
terizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços origem estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluí-
objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos do pela Lei nº 12.349, de 2010)
estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País,
técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, XIX - sistemas de tecnologia de informação e comuni-
cação estratégicos - bens e serviços de tecnologia da in-
devendo conter os seguintes elementos:
formação e comunicação cuja descontinuidade provoque
a)  desenvolvimento da solução escolhida de forma a
dano significativo à administração pública e que envolvam
fornecer visão global da obra e identificar todos os seus
pelo menos um dos seguintes requisitos relacionados às in-
elementos constitutivos com clareza; formações críticas: disponibilidade, confiabilidade, seguran-
b)  soluções técnicas globais e localizadas, suficiente- ça e confidencialidade. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
mente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens,
reformulação ou de variantes durante as fases de elabora- insumos, serviços e obras necessários para atividade de
ção do projeto executivo e de realização das obras e mon- pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tec-
tagem; nologia ou inovação tecnológica, discriminados em projeto
c)  identificação dos tipos de serviços a executar e de de pesquisa aprovado pela instituição contratante. (Incluído
materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como pela Lei nº 13.243, de 2016)
suas especificações que assegurem os melhores resultados
para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo Seção III
para a sua execução; Das Obras e Serviços
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução
de métodos construtivos, instalações provisórias e condi- Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a
ções organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo
competitivo para a sua execução; e, em particular, à seguinte sequência:

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

I - projeto básico; Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado


II - projeto executivo; da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se
III - execução das obras e serviços. existente previsão orçamentária para sua execução total,
§  1o A execução de cada etapa será obrigatoriamen- salvo insuficiência financeira ou comprovado motivo de
te precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade ordem técnica, justificados em despacho circunstanciado
competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à da autoridade a que se refere o art. 26 desta Lei. (Redação
exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvol- dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
vido concomitantemente com a execução das obras e ser- Art. 9o Não poderá participar, direta ou indiretamente,
viços, desde que também autorizado pela Administração. da licitação ou da execução de obra ou serviço e do forne-
§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser lici- cimento de bens a eles necessários:
tados quando: I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa fí-
I  -  houver projeto básico aprovado pela autoridade sica ou jurídica;
competente e disponível para exame dos interessados em II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsá-
participar do processo licitatório; vel pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da
II - existir orçamento detalhado em planilhas que ex- qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista
pressem a composição de todos os seus custos unitários; ou detentor de mais de 5% (cinco por cento)  do capital
III  -  houver previsão de recursos orçamentários que com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou
assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de subcontratado;
obras ou serviços a serem executadas no exercício finan- III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade con-
ceiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma; tratante ou responsável pela licitação.
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas § 1o É permitida a participação do autor do projeto ou
metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na lici-
165 da Constituição Federal, quando for o caso. tação de obra ou serviço, ou na execução, como consultor
§ 3o É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou ge-
de recursos financeiros para sua execução, qualquer que renciamento, exclusivamente a serviço da Administração
seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos
interessada.
executados e explorados sob o regime de concessão, nos
§ 2o O disposto neste artigo não impede a licitação ou
termos da legislação específica.
contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de
§ 4o É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação,
projeto executivo como encargo do contratado ou pelo
de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de
preço previamente fixado pela Administração.
quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às
§  3o Considera-se participação indireta, para fins do
previsões reais do projeto básico ou executivo.
disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de
§ 5o É vedada a realização de licitação cujo objeto in-
natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou tra-
clua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, ca-
balhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica,
racterísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos
em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos
fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o re- e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços
gime de administração contratada, previsto e discriminado a estes necessários.
no ato convocatório. §  4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos
§ 6o A infringência do disposto neste artigo implica a membros da comissão de licitação.
nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsabi- Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados
lidade de quem lhes tenha dado causa. nas seguintes formas: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
§ 7o Não será ainda computado como valor da obra ou 1994)
serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, I - execução direta;
a atualização monetária das obrigações de pagamento, II - execução indireta, nos seguintes regimes: (Redação
desde a data final de cada período de aferição até a do dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
respectivo pagamento, que será calculada pelos mesmos a) empreitada por preço global;
critérios estabelecidos obrigatoriamente no ato convoca- b) empreitada por preço unitário;
tório. c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 8o Qualquer cidadão poderá requerer à Administra- d) tarefa;
ção Pública os quantitativos das obras e preços unitários e) empreitada integral.
de determinada obra executada. Parágrafo único. (Vetado).  (Redação dada pela Lei nº
§ 9o O disposto neste artigo aplica-se também, no que 8.883, de 1994)
couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de lici- Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos
tação. fins terão projetos padronizados por tipos, categorias ou
Art. 8o A execução das obras e dos serviços deve pro- classes, exceto quando o projeto-padrão não atender às
gramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus cus- condições peculiares do local ou às exigências específicas
tos atual e final e considerados os prazos de sua execução. do empreendimento.

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: (Re-
de obras e serviços serão considerados principalmente gulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Vigência)
os seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 8.883, I - atender ao princípio da padronização, que imponha
de 1994) compatibilidade de especificações técnicas e de desempe-
I - segurança; nho, observadas, quando for o caso, as condições de ma-
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; nutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
III - economia na execução, conservação e operação; II - ser processadas através de sistema de registro de
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate- preços;
III - submeter-se às condições de aquisição e paga-
riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para
mento semelhantes às do setor privado;
execução, conservação e operação;
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas neces-
V - facilidade na execução, conservação e operação, sárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visan-
sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; do economicidade;
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segu- V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos
rança do trabalho adequadas; (Redação dada pela Lei nº órgãos e entidades da Administração Pública.
8.883, de 1994) § 1o O registro de preços será precedido de ampla pes-
VII - impacto ambiental. quisa de mercado.
§  2o Os preços registrados serão publicados trimes-
Seção IV tralmente para orientação da Administração, na imprensa
Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados oficial.
§ 3o O sistema de registro de preços será regulamen-
Art.  13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços tado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais,
técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: observadas as seguintes condições:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos I - seleção feita mediante concorrência;
ou executivos; II - estipulação prévia do sistema de controle e atuali-
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; zação dos preços registrados;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias fi- III - validade do registro não superior a um ano.
§  4o A existência de preços registrados não obriga a
nanceiras ou tributárias; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
Administração a firmar as contratações que deles poderão
de 1994)
advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios,
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegu-
ou serviços; rado ao beneficiário do registro preferência em igualdade
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou admi- de condições.
nistrativas; § 5o O sistema de controle originado no quadro geral
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; de preços, quando possível, deverá ser informatizado.
VII - restauração de obras de arte e bens de valor his- § 6o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
tórico. preço constante do quadro geral em razão de incompatibi-
VIII - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) lidade desse com o preço vigente no mercado.
§  1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de lici- § 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda:
tação, os contratos para a prestação de serviços técnicos I  -  a especificação completa do bem a ser adquirido
profissionais especializados deverão, preferencialmente, sem indicação de marca;
ser celebrados mediante a realização de concurso, com es- II - a definição das unidades e das quantidades a serem
tipulação prévia de prêmio ou remuneração. adquiridas em função do consumo e utilização prováveis,
§ 2o Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica- cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante
se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei. adequadas técnicas quantitativas de estimação;
§ 3o A empresa de prestação de serviços técnicos espe- III - as condições de guarda e armazenamento que não
permitam a deterioração do material.
cializados que apresente relação de integrantes de seu cor-
§  8o O recebimento de material de valor superior ao
po técnico em procedimento licitatório ou como elemento
limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade
de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mí-
ficará obrigada a garantir que os referidos integrantes rea- nimo, 3 (três) membros.
lizem pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato. Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão
de divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo
Seção V acesso público, à relação de todas as compras feitas pela
Das Compras Administração Direta ou Indireta, de maneira a clarificar
a identificação do bem comprado, seu preço unitário, a
Art.  14. Nenhuma compra será feita sem a adequada quantidade adquirida, o nome do vendedor e o valor total
caracterização de seu objeto e indicação dos recursos or- da operação, podendo ser aglutinadas por itens as com-
çamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do pras feitas com dispensa e inexigibilidade de licitação. (Re-
ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do entidades da Administração Pública;
art. 24. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) c) venda de ações, que poderão ser negociadas em
bolsa, observada a legislação específica;
Seção VI d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
Das Alienações e) venda de bens produzidos ou comercializados por
órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, de suas finalidades;
subordinada à existência de interesse público devidamente f) venda de materiais e equipamentos para outros ór-
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às se- gãos ou entidades da Administração Pública, sem utiliza-
guintes normas: ção previsível por quem deles dispõe.
I - quando imóveis, dependerá de autorização legisla- § 1o Os imóveis doados com base na alínea “b” do in-
tiva para órgãos da administração direta e entidades autár- ciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a
quicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário.
modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes § 2o A Administração também poderá conceder títu-
casos: lo de propriedade ou de direito real de uso de imóveis,
a) dação em pagamento; dispensada licitação, quando o uso destinar-se: (Redação
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de I - a outro órgão ou entidade da Administração Públi-
governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (Redação ca, qualquer que seja a localização do imóvel; (Incluído pela
dada pela Lei nº 11.952, de 2009) Lei nº 11.196, de 2005)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos II - a pessoa natural que, nos termos da lei, de regu-
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; lamento ou de ato normativo do órgão competente, haja
d) investidura; implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupa-
e) venda a outro órgão ou entidade da administração ção mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural
pública, de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei nº
limitada a quinze módulos fiscais, desde que não exceda
8.883, de 1994)
a 1.500ha (mil e quinhentos hectares); (Redação dada pela
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
Medida Provisória nº 759, de 2016)
de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispen-
imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamen-
sadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos
te utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de
seguintes condicionamentos: (Redação dada pela Lei nº
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos
11.952, de 2009)
por órgãos ou entidades da administração pública; (Redação
dada pela Lei nº 11.481, de 2007) I - aplicação exclusivamente às áreas em que a deten-
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata ção por particular seja comprovadamente anterior a 1o de
o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, me- dezembro de 2004; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
diante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração II - submissão aos demais requisitos e impedimentos
Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; do regime legal e administrativo da destinação e da regu-
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) larização fundiária de terras públicas; (Incluído pela Lei n]
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces- 11.196, de 2005)
são de direito real de uso, locação ou permissão de uso de III - vedação de concessões para hipóteses de explora-
bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de ção não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação
até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e inse- de terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas
ridos no âmbito de programas de regularização fundiária de de zoneamento ecológico-econômico; e (Incluído pela Lei
interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da nº 11.196, de 2005)
administração pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) IV - previsão de rescisão automática da concessão, dis-
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita pensada notificação, em caso de declaração de utilidade,
ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra, ou necessidade pública ou interesse social. (Incluído pela
onde incidam ocupações até o limite de quinze módulos fis- Lei nº 11.196, de 2005)
cais e não superiores a 1.500ha (mil e quinhentos hectares), § 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: (In-
para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos cluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
legais; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 759, de I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não
2016) sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua ex-
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de ploração mediante atividades agropecuárias; (Incluído pela
licitação, dispensada esta nos seguintes casos: Lei nº 11.196, de 2005)
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais,
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e con- desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada
veniência sócio-econômica, relativamente à escolha de ou- a dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite;
tra forma de alienação; (Redação dada pela Lei nº 11.763, de 2008)

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área de- Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá
corrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput a habilitação de interessados residentes ou sediados em
deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágra- outros locais.
fo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das
IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008) concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: leilões, embora realizados no local da repartição interessa-
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) da, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo,
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros por uma vez: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
de área remanescente ou resultante de obra pública, área I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de lici-
esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço tação feita por órgão ou entidade da Administração Públi-
nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultra- ca Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas
passe a 50% (cinquenta por cento) do valor constante da parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas
alínea “a” do inciso II do art. 23 desta lei; (Incluído pela Lei por instituições federais; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
nº 9.648, de 1998) de 1994)
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins resi- quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por
denciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou
hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase Municipal, ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei nº
de operação dessas unidades e não integrem a categoria 8.883, de 1994)
de bens reversíveis ao final da concessão. (Incluído pela Lei III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
nº 9.648, de 1998) também, se houver, em jornal de circulação no Município
§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu ins- ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço,
trumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o pra- fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a
zo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de
nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de outros meios de divulgação para ampliar a área de compe-
interesse público devidamente justificado; (Redação dada tição. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
pela Lei nº 8.883, de 1994) § 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em
§ 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o dona- que os interessados poderão ler e obter o texto integral do
tário necessite oferecer o imóvel em garantia de financia- edital e todas as informações sobre a licitação.
mento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão § 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas
garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do ou da realização do evento será:
doador. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei
§ 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou nº 8.883, de 1994)
globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no a) concurso; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
art. 23, inciso II, alínea “b” desta Lei, a Administração po- b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado
derá permitir o leilão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) contemplar o regime de empreitada integral ou quando
§ 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e pre-
Art.  18. Na concorrência para a venda de bens imó- ço”; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
veis, a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por a) concorrência, nos casos não especificados na alínea
cento) da avaliação. “b” do inciso anterior; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.883, de 1994) b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja “melhor técnica” ou “técnica e preço”; (Incluída pela Lei nº
aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de 8.883, de 1994)
dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não
autoridade competente, observadas as seguintes regras: especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão; (Re-
I - avaliação dos bens alienáveis; dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação; IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modali- Lei nº 8.883, de 1994)
dade de concorrência ou leilão. (Redação dada pela Lei nº § 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior se-
8.883, de 1994) rão contados a partir da última publicação do edital resu-
mido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva dis-
Capítulo II ponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos,
Da Licitação prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. (Redação dada
Seção I pela Lei nº 8.883, de 1994)
Das Modalidades, Limites e Dispensa §  4o Qualquer modificação no edital exige divulgação
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inques-
situar a repartição interessada, salvo por motivo de interes- tionavelmente, a alteração não afetar a formulação das
se público, devidamente justificado. propostas.

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Art. 22. São modalidades de licitação: I - para obras e serviços de engenharia: Redação dada
I - concorrência; pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - tomada de preços; a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
III - convite; reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
IV - concurso; b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão
V - leilão. e quinhentos mil reais); ( Redação dada pela Lei nº 9.648,
§  1o Concorrência é a modalidade de licitação entre de 1998)
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de e quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648,
qualificação exigidos no edital para execução de seu ob- de 1998)
jeto. II - para compras e serviços não referidos no inciso
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação en-
anterior: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
tre interessados devidamente cadastrados ou que atende-
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Reda-
rem a todas as condições exigidas para cadastramento até
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propos- ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
tas, observada a necessária qualificação. b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos
§  3o Convite é a modalidade de licitação entre inte- e cinquenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648,
ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados de 1998)
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local e cinquenta mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648,
apropriado, cópia do instrumento convocatório e o esten- de 1998)
derá aos demais cadastrados na correspondente especia- § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Ad-
lidade que manifestarem seu interesse com antecedência ministração serão divididas em tantas parcelas quantas se
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das pro- comprovarem técnica e economicamente viáveis, proce-
postas. dendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamen-
§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quais- to dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
quer interessados para escolha de trabalho técnico, cientí- competitividade sem perda da economia de escala. (Re-
fico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou re- dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
muneração aos vencedores, conforme critérios constantes § 2o Na execução de obras e serviços e nas compras
de edital publicado na imprensa oficial com antecedência de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior,
mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
compra, há de corresponder licitação distinta, preservada
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para
a administração ou de produtos legalmente apreendidos a modalidade pertinente para a execução do objeto em
ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis pre- licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
vista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabí-
superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº vel, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na com-
8.883, de 1994) pra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça no art. 19, como nas concessões de direito real de uso
mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último
realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigató- caso, observados os limites deste artigo, a tomada de pre-
rio o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto ços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro
existirem cadastrados não convidados nas últimas licita- internacional de fornecedores ou o convite, quando não
ções. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) houver fornecedor do bem ou serviço no País. (Redação
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do § 4o Nos casos em que couber convite, a Administra-
número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, ção poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer
essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas caso, a concorrência.
no processo, sob pena de repetição do convite. § 5o É vedada a utilização da modalidade “convite” ou
§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licita-
“tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas de
ção ou a combinação das referidas neste artigo.
uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e servi-
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a admi-
nistração somente poderá exigir do licitante não cadastra- ços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser
do os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que compro- realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o
vem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos somatório de seus valores caracterizar o caso de “toma-
termos do edital. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) da de preços” ou “concorrência”, respectivamente, nos
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza
os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em específica que possam ser executadas por pessoas ou em-
função dos seguintes limites, tendo em vista o valor esti- presas de especialidade diversa daquela do executor da
mado da contratação: obra ou serviço. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 6o As organizações industriais da Administração Fe- VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
deral direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão público interno, de bens produzidos ou serviços prestados
aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também por órgão ou entidade que integre a Administração Pública
para suas compras e serviços em geral, desde que para a e que tenha sido criado para esse fim específico em data
aquisição de materiais aplicados exclusivamente na manu- anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contrata-
tenção, reparo ou fabricação de meios operacionais bélicos do seja compatível com o praticado no mercado; (Redação
pertencentes à União. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde IX - quando houver possibilidade de comprometimen-
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é per- to da segurança nacional, nos casos estabelecidos em de-
mitida a cotação de quantidade inferior à demandada na lici- creto do Presidente da República, ouvido o Conselho de
tação, com vistas a ampliação da competitividade, podendo Defesa Nacional; (Regulamento)
o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a economia X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
de escala. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) atendimento das finalidades precípuas da administração,
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o do- cujas necessidades de instalação e localização condicio-
bro dos valores mencionados no caput deste artigo quando nem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com
formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quan- o valor de mercado, segundo avaliação prévia; (Redação
do formado por maior número. (Incluído pela Lei nº 11.107, dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
de 2005) XI - na contratação de remanescente de obra, serviço
Art. 24. É dispensável a licitação: (Vide Lei nº 12.188, de ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual,
2.010) Vigência desde que atendida a ordem de classificação da licitação
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo li-
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I citante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente
do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de corrigido;
uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
da mesma natureza e no mesmo local que possam ser rea- gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização
dos processos licitatórios correspondentes, realizadas dire-
lizadas conjunta e concomitantemente; (Redação dada pela
tamente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei
Lei nº 9.648, de 1998)
nº 8.883, de 1994)
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do ar-
regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou
tigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei,
do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedica-
desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
da à recuperação social do preso, desde que a contratada
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada
detenha inquestionável reputação ético-profissional e não
de uma só vez; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) tenha fins lucrativos; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; 1994)
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos
quando caracterizada urgência de atendimento de situação de acordo internacional específico aprovado pelo Con-
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a seguran- gresso Nacional, quando as condições ofertadas forem
ça de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, manifestamente vantajosas para o Poder Público; (Redação
públicos ou particulares, e somente para os bens necessá- dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
rios ao atendimento da situação emergencial ou calamito- XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e
sa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou enti-
consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da dade.
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos res- XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu-
pectivos contratos; lários padronizados de uso da administração, e de edições
V - quando não acudirem interessados à licitação an- técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de
terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem informática a pessoa jurídica de direito público interno, por
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas órgãos ou entidades que integrem a Administração Públi-
as condições preestabelecidas; ca, criados para esse fim específico; (Incluído pela Lei nº
VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco- 8.883, de 1994)
nômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; XVII - para a aquisição de componentes ou peças de
VII - quando as propostas apresentadas consignarem origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção
preços manifestamente superiores aos praticados no mer- de equipamentos durante o período de garantia técnica,
cado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos junto ao fornecedor original desses equipamentos, quan-
órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o pa- do tal condição de exclusividade for indispensável para a
rágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, vigência da garantia; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, XVIII - nas compras ou contratações de serviços para
por valor não superior ao constante do registro de preços, o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas
ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48) ou tropas e seus meios de deslocamento quando em es-

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

tada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, pro-
localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movi- duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativa-
mentação operacional ou de adestramento, quando a exi- mente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional,
guidade dos prazos legais puder comprometer a normali- mediante parecer de comissão especialmente designada
dade e os propósitos das operações e desde que seu valor pela autoridade máxima do órgão. (Incluído pela Lei nº
não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do 11.484, de 2007).
art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços
XIX - para as compras de material de uso pelas For- para atender aos contingentes militares das Forças Sin-
ças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e gulares brasileiras empregadas em operações de paz no
administrativo, quando houver necessidade de manter a exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Co-
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de mandante da Força. (Incluído pela Lei nº 11.783, de 2008).
comissão instituída por decreto; (Incluído pela Lei nº 8.883, XXX - na contratação de instituição ou organização,
de 1994) pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a pres-
XX - na contratação de associação de portadores de de- tação de serviços de assistência técnica e extensão rural
ficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idonei- no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e
dade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrá-
para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de ria, instituído por lei federal. (Incluído pela Lei nº 12.188, de
-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o 2.010) Vigência
praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e dezembro de 2004, observados os princípios gerais de
serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349,
que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23; (Incluí- de 2010)
do pela Lei nº 13.243, de 2016) XXXII - na contratação em que houver transferência de
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único
de energia elétrica e gás natural com concessionário, per- de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de se-
missionário ou autorizado, segundo as normas da legisla-
tembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
ção específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou
produtos durante as etapas de absorção tecnológica. (In-
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e con-
cluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
troladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins
ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja
lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras
compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei
tecnologias sociais de acesso à água para consumo huma-
nº 9.648, de 1998)
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de no e produção de alimentos, para beneficiar as famílias ru-
serviços com as organizações sociais, qualificadas no âm- rais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de
bito das respectivas esferas de governo, para atividades água. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)
contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito
9.648, de 1998) público interno de insumos estratégicos para a saúde pro-
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica duzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou
e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a trans- estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da ad-
ferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de ministração pública direta, sua autarquia ou fundação em
uso ou de exploração de criação protegida. (Incluído pela projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
Lei nº 10.973, de 2004) institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
XXVI – na celebração de contrato de programa com inclusive na gestão administrativa e financeira necessária
ente da Federação ou com entidade de sua administração à execução desses projetos, ou em parcerias que envol-
indireta, para a prestação de serviços públicos de forma as- vam transferência de tecnologia de produtos estratégicos
sociada nos termos do autorizado em contrato de consór- para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso
cio público ou em convênio de cooperação. (Incluído pela XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim
Lei nº 11.107, de 2005) específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que
XXVII - na contratação da coleta, processamento e co- o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou mercado. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de § 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II
lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas do  caput  deste artigo serão 20% (vinte por cento) para
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhe- compras, obras e serviços contratados por consórcios pú-
cidas pelo poder público como catadores de materiais re- blicos, sociedade de economia mista, empresa pública e
cicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei,
normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, de
dada pela Lei nº 11.445, de 2007). (Vigência) 2012)

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade I - caracterização da situação emergencial ou calamito-
que integre a administração pública estabelecido no inciso sa que justifique a dispensa, quando for o caso;
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou enti- II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
dades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no III - justificativa do preço.
âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, confor- IV - documento de aprovação dos projetos de pesqui-
me elencados em ato da direção nacional do SUS. (Incluído sa aos quais os bens serão alocados. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 12.715, de 2012) 9.648, de 1998)
§ 3o  A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI
do caput, quando aplicada a obras e serviços de engenha- Seção II
ria, seguirá procedimentos especiais instituídos em regula- Da Habilitação
mentação específica. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos
do  caput  do art. 9o  à hipótese prevista no inciso XXI interessados, exclusivamente, documentação relativa a:
do caput. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) I - habilitação jurídica;
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabili- II - qualificação técnica;
dade de competição, em especial: III - qualificação econômico-financeira;
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gê- IV – regularidade fiscal e trabalhista; (Redação dada
neros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)
ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art.
de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser 7o da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 9.854, de
feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro 1999)
do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica,
obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confedera- conforme o caso, consistirá em:
ção Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; I - cédula de identidade;
II - para a contratação de serviços técnicos enumera- II - registro comercial, no caso de empresa individual;
dos no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profis- III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vi-
sionais ou empresas de notória especialização, vedada a gor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompa-
III - para contratação de profissional de qualquer setor nhado de documentos de eleição de seus administradores;
artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de socieda-
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela des civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
opinião pública. V - decreto de autorização, em se tratando de empresa
§ 1o Considera-se de notória especialização o profissio- ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato
nal ou empresa cujo conceito no campo de sua especiali- de registro ou autorização para funcionamento expedido
dade, decorrente de desempenho anterior, estudos, expe- pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
riências, publicações, organização, aparelhamento, equipe Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e
técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas ati- trabalhista, conforme o caso, consistirá em: (Redação dada
vidades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
objeto do contrato. (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes
de dispensa, se comprovado superfaturamento, respon- estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou
dem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e
o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público compatível com o objeto contratual;
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabí- III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
veis. Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 outra equivalente, na forma da lei;
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigi- IV - prova de regularidade relativa à Seguridade So-
bilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e cial e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. demonstrando situação regular no cumprimento dos en-
8o  desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) cargos sociais instituídos por lei. (Redação dada pela Lei nº
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na 8.883, de 1994)
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição V – prova de inexistência de débitos inadimplidos pe-
para a eficácia dos atos. (Redação dada pela Lei nº 11.107, rante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de
de 2005) certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Conso-
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibi- lidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei
lidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será ins- no5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela Lei nº 12.440,
truído, no que couber, com os seguintes elementos: de 2011) (Vigência)

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica § 7º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
limitar-se-á a: I - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
I - registro ou inscrição na entidade profissional com- II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
petente; § 8o No caso de obras, serviços e compras de grande
II - comprovação de aptidão para desempenho de ati- vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administra-
vidade pertinente e compatível em características, quanti- ção exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja
dades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá
instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico ade- sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamen-
quados e disponíveis para a realização do objeto da licita- te por critérios objetivos.
ção, bem como da qualificação de cada um dos membros § 9o Entende-se por licitação de alta complexidade téc-
da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; nica aquela que envolva alta especialização, como fator de
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser
recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou contratado, ou que possa comprometer a continuidade da
conhecimento de todas as informações e das condições lo- prestação de serviços públicos essenciais.
cais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação; § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei de comprovação da capacitação técnico-profissional de
especial, quando for o caso. que trata o inciso I do §  1o deste artigo deverão partici-
§ 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do par da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se
“caput” deste artigo, no caso das licitações pertinentes a a substituição por profissionais de experiência equivalente
obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por ou superior, desde que aprovada pela administração. (In-
pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamen- cluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
te registrados nas entidades profissionais competentes, li- § 11. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
mitadas as exigências a: (Redação dada pela Lei nº 8.883, § 12. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
de 1994) Art. 31. A documentação relativa à qualificação econô-
I  -  capacitação técnico-profissional: comprovação do mico-financeira limitar-se-á a:
licitante de possuir em seu quadro permanente, na data I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do
prevista para entrega da proposta, profissional de nível último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma
superior ou outro devidamente reconhecido pela entida-
da lei, que comprovem a boa situação financeira da empre-
de competente, detentor de atestado de responsabilidade
sa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços
técnica por execução de obra ou serviço de características
provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais
semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de
quando encerrado há mais de 3 (três)  meses da data de
maior relevância e valor significativo do objeto da licitação,
apresentação da proposta;
vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos
II - certidão negativa de falência ou concordata expedi-
máximos; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
da pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de exe-
II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
a) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) cução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
b) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios pre-
§ 2o As parcelas de maior relevância técnica e de valor vistos no “caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1%
significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão de- (um por cento) do valor estimado do objeto da contrata-
finidas no instrumento convocatório.  (Redação dada pela ção.
Lei nº 8.883, de 1994) § 1o A exigência de índices limitar-se-á à demonstração
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão da capacidade financeira do licitante com vistas aos com-
através de certidões ou atestados de obras ou serviços si- promissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o
milares de complexidade tecnológica e operacional equiva- contrato, vedada a exigência de valores mínimos de fatu-
lente ou superior. ramento anterior, índices de rentabilidade ou lucrativida-
§ 4o Nas licitações para fornecimento de bens, a com- de. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
provação de aptidão, quando for o caso, será feita através § 2o A Administração, nas compras para entrega futura
de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito pú- e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no
blico ou privado. instrumento convocatório da licitação, a exigência de ca-
§ 5o É vedada a exigência de comprovação de atividade pital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda
ou de aptidão com limitações de tempo ou de época ou as garantias previstas no §  1o do art. 56 desta Lei, como
ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não previs- dado objetivo de comprovação da qualificação econômi-
tas nesta Lei, que inibam a participação na licitação. co-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao
§  6o As exigências mínimas relativas a instalações de adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico espe- § 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido
cializado, considerados essenciais para o cumprimento do a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder
objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresenta- a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação,
ção de relação explícita e da declaração formal da sua dis- devendo a comprovação ser feita relativamente à data
ponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a
de propriedade e de localização prévia. atualização para esta data através de índices oficiais.

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Assistente em Administração
§ 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compro- § 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e
missos assumidos pelo licitante que importem diminuição este artigo poderá ser dispensada, nos termos de regula-
da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade mento, no todo ou em parte, para a contratação de produto
financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido para pesquisa e desenvolvimento, desde que para pron-
atualizado e sua capacidade de rotação. ta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do inciso II
§ 5o A comprovação de boa situação financeira da em- do caput do art. 23. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
presa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índi- Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de
ces contábeis previstos no edital e devidamente justificados empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes nor-
no processo administrativo da licitação que tenha dado início mas:
ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores I - comprovação do compromisso público ou particular
não usualmente adotados para correta avaliação de situação de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decor- II - indicação da empresa responsável pelo consórcio
rentes da licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) que deverá atender às condições de liderança, obrigatoria-
mente fixadas no edital;
§ 6º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação pode-
a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se,
rão ser apresentados em original, por qualquer processo de
para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quan-
cópia autenticada por cartório competente ou por servidor
titativos de cada consorciado, e, para efeito de qualificação
da administração ou publicação em órgão da imprensa ofi- econômico-financeira, o somatório dos valores de cada
cial. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) consorciado, na proporção de sua respectiva participação,
§ 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um
Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos
de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta en- para licitante individual, inexigível este acréscimo para os
trega e leilão. consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pe-
§ 2o O certificado de registro cadastral a que se refere o quenas empresas assim definidas em lei;
§ 1  do art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts.
o
IV - impedimento de participação de empresa consor-
28 a 31, quanto às informações disponibilizadas em sistema ciada, na mesma licitação, através de mais de um consórcio
informatizado de consulta direta indicado no edital, obrigan- ou isoladamente;
do-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a super- V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos
veniência de fato impeditivo da habilitação. (Redação dada praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto
pela Lei nº 9.648, de 1998) na de execução do contrato.
§  3o A documentação referida neste artigo poderá ser § 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras
substituída por registro cadastral emitido por órgão ou enti- a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira,
dade pública, desde que previsto no edital e o registro tenha observado o disposto no inciso II deste artigo.
sido feito em obediência ao disposto nesta Lei. § 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover, an-
§  4o As empresas estrangeiras que não funcionem no tes da celebração do contrato, a constituição e o registro do
País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações inter- consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I
nacionais, às exigências dos parágrafos anteriores mediante deste artigo.
documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos
consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo Seção III
ter representação legal no Brasil com poderes expressos para Dos Registros Cadastrais
receber citação e responder administrativa ou judicialmente.
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da
§ 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este
Administração Pública que realizem frequentemente licita-
artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo
ções manterão registros cadastrais para efeito de habilita-
os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado,
ção, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um
com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do ano. (Regulamento)
custo efetivo de reprodução gráfica da documentação for- § 1o O registro cadastral deverá ser amplamente divul-
necida. gado e deverá estar permanentemente aberto aos interes-
§ 6o O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e no sados, obrigando-se a unidade por ele responsável a proce-
§ 2  do art. 55, não se aplica às licitações internacionais para a
o
der, no mínimo anualmente, através da imprensa oficial e de
aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com jornal diário, a chamamento público para a atualização dos
o produto de financiamento concedido por organismo finan- registros existentes e para o ingresso de novos interessados.
ceiro internacional de que o Brasil faça parte, ou por agência § 2o É facultado às unidades administrativas utilizarem-
estrangeira de cooperação, nem nos casos de contratação se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da
com empresa estrangeira, para a compra de equipamentos Administração Pública.
fabricados e entregues no exterior, desde que para este caso Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualiza-
tenha havido prévia autorização do Chefe do Poder Executi- ção deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os ele-
vo, nem nos casos de aquisição de bens e serviços realizada mentos necessários à satisfação das exigências do art. 27
por unidades administrativas com sede no exterior. desta Lei.

119
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Assistente em Administração

Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, ca concedida pela autoridade responsável com antecedên-
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em gru- cia mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para
pos, segundo a qualificação técnica e econômica avaliada a publicação do edital, e divulgada, com a antecedência
pelos elementos constantes da documentação relacionada mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mes-
nos arts. 30 e 31 desta Lei. mos meios previstos para a publicidade da licitação, à qual
§ 1o Aos inscritos será fornecido certificado, renovável terão acesso e direito a todas as informações pertinentes e
sempre que atualizarem o registro. a se manifestar todos os interessados.
§  2o A atuação do licitante no cumprimento de obri- Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-
gações assumidas será anotada no respectivo registro ca- se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e
dastral. com realização prevista para intervalos não superiores a
Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspen- trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que, também
so ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satis- com objetos similares, o edital subsequente tenha uma
fazer as exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas data anterior a cento e vinte dias após o término do contra-
para classificação cadastral. to resultante da licitação antecedente. (Redação dada pela
Lei nº 8.883, de 1994)
Seção IV Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de
Do Procedimento e Julgamento ordem em série anual, o nome da repartição interessada
e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei,
a abertura de processo administrativo, devidamente au- o local, dia e hora para recebimento da documentação e
tuado, protocolado e numerado, contendo a autorização proposta, bem como para início da abertura dos envelopes,
respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportu- I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
namente: II - prazo e condições para assinatura do contrato ou
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta
o caso; Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto
II - comprovante das publicações do edital resumido, da licitação;
III - sanções para o caso de inadimplemento;
na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o
III - ato de designação da comissão de licitação, do
projeto básico;
leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo
V - se há projeto executivo disponível na data da pu-
convite;
blicação do edital de licitação e o local onde possa ser exa-
IV - original das propostas e dos documentos que as
minado e adquirido;
instruírem;
VI - condições para participação na licitação, em con-
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julga-
formidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apre-
dora;
sentação das propostas;
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a VII - critério para julgamento, com disposições claras e
licitação, dispensa ou inexigibilidade; parâmetros objetivos;
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de
sua homologação; comunicação à distância em que serão fornecidos elemen-
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos lici- tos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às
tantes e respectivas manifestações e decisões; condições para atendimento das obrigações necessárias ao
IX  -  despacho de anulação ou de revogação da lici- cumprimento de seu objeto;
tação, quando for o caso, fundamentado circunstanciada- IX - condições equivalentes de pagamento entre em-
mente; presas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações in-
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, ternacionais;
conforme o caso; X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e
XI - outros comprovantes de publicações; global, conforme o caso, permitida a fixação de preços
XII - demais documentos relativos à licitação. máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de
bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do
devem ser previamente examinadas e aprovadas por asses- art. 48; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
soria jurídica da Administração. (Redação dada pela Lei nº XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
8.883, de 1994) efetiva do custo de produção, admitida a adoção de ín-
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma lici- dices específicos ou setoriais, desde a data prevista para
tação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa
sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto proposta se referir, até a data do adimplemento de cada
no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência públi- XII - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
XIII - limites para pagamento de instalação e mobili- Art. 41. A Administração não pode descumprir as nor-
zação para execução de obras ou serviços que serão obri- mas e condições do edital, ao qual se acha estritamente
gatoriamente previstos em separado das demais parcelas, vinculada.
etapas ou tarefas; § 1o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
XIV - condições de pagamento, prevendo: edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei,
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con- devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes
tado a partir da data final do período de adimplemento de da data fixada para a abertura dos envelopes de habilita-
cada parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) ção, devendo a Administração julgar e responder à impug-
b) cronograma de desembolso máximo por período, nação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade
em conformidade com a disponibilidade de recursos fi- prevista no § 1o do art. 113.
nanceiros; § 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital
c) critério de atualização financeira dos valores a serem de licitação perante a administração o licitante que não o
pagos, desde a data final do período de adimplemento de fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos
cada parcela até a data do efetivo pagamento; (Redação envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) envelopes com as propostas em convite, tomada de preços
d) compensações financeiras e penalizações, por even- ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregu-
tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de laridades que viciariam esse edital, hipótese em que tal co-
pagamentos; municação não terá efeito de recurso. (Redação dada pela
e) exigência de seguros, quando for o caso; Lei nº 8.883, de 1994)
XV - instruções e normas para os recursos previstos § 3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante
nesta Lei; não o impedirá de participar do processo licitatório até o
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação; trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
XVII  -  outras indicações específicas ou peculiares da §  4o A inabilitação do licitante importa preclusão do
licitação. seu direito de participar das fases subsequentes.
§  1o O original do edital deverá ser datado, rubrica- Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o
do em todas as folhas e assinado pela autoridade que o edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária
expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele e do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos
extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua divul- competentes.
gação e fornecimento aos interessados. § 1o Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar
§ 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo parte preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o
integrante: licitante brasileiro.
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas § 2o O pagamento feito ao licitante brasileiro eventual-
partes, desenhos, especificações e outros complementos; mente contratado em virtude da licitação de que trata o
II  -  orçamento estimado em planilhas de quantitati- parágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à
vos e preços unitários; (Redação dada pela Lei nº 8.883, taxa de câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior
de 1994) à data do efetivo pagamento. (Redação dada pela Lei nº
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Admi- 8.883, de 1994)
nistração e o licitante vencedor; § 3o As garantias de pagamento ao licitante brasileiro
IV - as especificações complementares e as normas de serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estran-
execução pertinentes à licitação. geiro.
§  3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se §  4o Para fins de julgamento da licitação, as propos-
como adimplemento da obrigação contratual a prestação tas apresentadas por licitantes estrangeiros serão acresci-
do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de das dos gravames consequentes dos mesmos tributos que
parcela destes, bem como qualquer outro evento contra- oneram exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à
tual a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de docu- operação final de venda.
mento de cobrança. § 5o Para a realização de obras, prestação de serviços
§ 4o Nas compras para entrega imediata, assim enten- ou aquisição de bens com recursos provenientes de finan-
didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data ciamento ou doação oriundos de agência oficial de coope-
prevista para apresentação da proposta, poderão ser dis- ração estrangeira ou organismo financeiro multilateral de
pensadas: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na respecti-
I - o disposto no inciso XI deste artigo; (Incluído pela va licitação, as condições decorrentes de acordos, protoco-
Lei nº 8.883, de 1994) los, convenções ou tratados internacionais aprovados pelo
II  -  a atualização financeira a que se refere a alínea Congresso Nacional, bem como as normas e procedimen-
“c” do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período tos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de se-
compreendido entre as datas do adimplemento e a pre- leção da proposta mais vantajosa para a administração, o
vista para o pagamento, desde que não superior a quinze qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores de
dias. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) avaliação, desde que por elas exigidos para a obtenção do

121
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

financiamento ou da doação, e que também não conflitem § 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem
com o princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de não prevista no edital ou no convite, inclusive financiamen-
despacho motivado do órgão executor do contrato, despa- tos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vanta-
cho esse ratificado pela autoridade imediatamente supe- gem baseada nas ofertas dos demais licitantes.
rior. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) §  3o Não se admitirá proposta que apresente preços
§ 6o As cotações de todos os licitantes serão para en- global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero,
trega no mesmo local de destino. incompatíveis com os preços dos insumos e salários de
Art. 43. A licitação será processada e julgada com ob- mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que
servância dos seguintes procedimentos: o ato convocatório da licitação não tenha estabelecido li-
I - abertura dos envelopes contendo a documentação mites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e
relativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação; instalações de propriedade do próprio licitante, para os
II - devolução dos envelopes fechados aos concorren- quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da remunera-
tes inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde ção. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
que não tenha havido recurso ou após sua denegação; §  4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se tam-
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos bém às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira
concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo ou importações de qualquer natureza.(Redação dada pela
sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência
Lei nº 8.883, de 1994)
expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de-
IV - verificação da conformidade de cada proposta com
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convi-
os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços
te realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os
correntes no mercado ou fixados por órgão oficial compe-
tente, ou ainda com os constantes do sistema de registro critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e
de preços, os quais deverão ser devidamente registrados de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de
na ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos
das propostas desconformes ou incompatíveis; órgãos de controle.
V - julgamento e classificação das propostas de acordo §  1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
com os critérios de avaliação constantes do edital; licitação, exceto na modalidade concurso: (Redação dada
VI - deliberação da autoridade competente quanto à pela Lei nº 8.883, de 1994)
homologação e adjudicação do objeto da licitação. I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
§ 1o A abertura dos envelopes contendo a documenta- proposta mais vantajosa para a Administração determinar
ção para habilitação e as propostas será realizada sempre que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de
em ato público previamente designado, do qual se lavrará acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar
ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e o menor preço;
pela Comissão. II - a de melhor técnica;
§ 2o Todos os documentos e propostas serão rubrica- III - a de técnica e preço.
dos pelos licitantes presentes e pela Comissão. IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena-
§ 3o É facultada à Comissão ou autoridade superior, em ção de bens ou concessão de direito real de uso. (Incluído
qualquer fase da licitação, a promoção de diligência desti- pela Lei nº 8.883, de 1994)
nada a esclarecer ou a complementar a instrução do pro- § 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas,
cesso, vedada a inclusão posterior de documento ou infor- e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a
mação que deveria constar originariamente da proposta. classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato
§ 4o O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, público, para o qual todos os licitantes serão convocados,
no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços vedado qualquer outro processo.
e ao convite. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) §  3o No caso da licitação do tipo “menor preço”, en-
§ 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos concorren-
tre os licitantes considerados qualificados a classificação
tes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe
se dará pela ordem crescente dos preços propostos, pre-
desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação,
valecendo, no caso de empate, exclusivamente o critério
salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos
previsto no parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº
após o julgamento.
§ 6o Após a fase de habilitação, não cabe desistência de 8.883, de 1994)
proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato super- § 4o Para contratação de bens e serviços de informáti-
veniente e aceito pela Comissão. ca, a administração observará o disposto no art. 3o da Lei
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão le- no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os
vará em consideração os critérios objetivos definidos no fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obri-
edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas gatoriamento o tipo de licitação «técnica e preço», permi-
e princípios estabelecidos por esta Lei. tido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indi-
§  1o É vedada a utilização de qualquer elemento, cri- cados em decreto do Poder Executivo. (Redação dada pela
tério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que Lei nº 8.883, de 1994)
possa ainda que indiretamente elidir o princípio da igual- § 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação
dade entre os licitantes. não previstos neste artigo.

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§  6o Na hipótese prevista no art. 23, §  7º, serão sele- ridade da Administração promotora constante do ato con-
cionadas tantas propostas quantas necessárias até que se vocatório, para fornecimento de bens e execução de obras
atinja a quantidade demandada na licitação. (Incluído pela ou prestação de serviços de grande vulto majoritariamente
Lei nº 9.648, de 1998) dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de
Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “téc- domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de
nica e preço” serão utilizados exclusivamente para serviços reconhecida qualificação, nos casos em que o objeto pre-
de natureza predominantemente intelectual, em especial tendido admitir soluções alternativas e variações de execu-
na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervi- ção, com repercussões significativas sobre sua qualidade,
são e gerenciamento e de engenharia consultiva em ge- produtividade, rendimento e durabilidade concretamente
ral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha
preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente
disposto no § 4o do artigo anterior. (Redação dada pela Lei fixados no ato convocatório.
nº 8.883, de 1994) § 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 1o Nas licitações do tipo “melhor técnica” será ado- Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e servi-
tado o seguinte procedimento claramente explicitado no ços, quando for adotada a modalidade de execução de em-
instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo preitada por preço global, a Administração deverá fornecer
que a Administração se propõe a pagar: obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas e informações necessários para que os licitantes possam
técnicas exclusivamente dos licitantes previamente qualifi- elaborar suas propostas de preços com total e completo
cados e feita então a avaliação e classificação destas pro- conhecimento do objeto da licitação.
postas de acordo com os critérios pertinentes e adequados Art. 48. Serão desclassificadas:
ao objeto licitado, definidos com clareza e objetividade I - as propostas que não atendam às exigências do ato
no instrumento convocatório e que considerem a capaci- convocatório da licitação;
tação e a experiência do proponente, a qualidade técnica II - propostas com valor global superior ao limite es-
da proposta, compreendendo metodologia, organização, tabelecido ou com preços manifestamente inexequiveis,
tecnologias e recursos materiais a serem utilizados nos tra- assim considerados aqueles que não venham a ter de-
balhos, e a qualificação das equipes técnicas a serem mo- monstrada sua viabilidade através de documentação que
bilizadas para a sua execução; comprove que os custos dos insumos são coerentes com
II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proce-
os de mercado e que os coeficientes de produtividade são
der-se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes
compatíveis com a execução do objeto do contrato, condi-
que tenham atingido a valorização mínima estabelecida no
ções estas necessariamente especificadas no ato convoca-
instrumento convocatório e à negociação das condições
tório da licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
propostas, com a proponente melhor classificada, com
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste ar-
base nos orçamentos detalhados apresentados e respec-
tigo consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso
tivos preços unitários e tendo como referência o limite re-
de licitações de menor preço para obras e serviços de en-
presentado pela proposta de menor preço entre os licitan-
genharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70%
tes que obtiveram a valorização mínima;
III - no caso de impasse na negociação anterior, pro- (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: (Incluí-
cedimento idêntico será adotado, sucessivamente, com do pela Lei nº 9.648, de 1998)
os demais proponentes, pela ordem de classificação, até a a) média aritmética dos valores das propostas supe-
consecução de acordo para a contratação; riores a 50% (cinquenta por cento) do valor orçado pela
IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas administração, ou (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
aos licitantes que não forem preliminarmente habilitados b) valor orçado pela administração. (Incluído pela Lei
ou que não obtiverem a valorização mínima estabelecida nº 9.648, de 1998)
para a proposta técnica. § 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo
§ 2o Nas licitações do tipo “técnica e preço” será ado- anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80%
tado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o (oitenta por cento) do menor valor a que se referem as
seguinte procedimento claramente explicitado no instru- alíneas «a» e «b», será exigida, para a assinatura do contra-
mento convocatório: to, prestação de garantia adicional, dentre as modalidades
I - será feita a avaliação e a valorização das propostas previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor
de preços, de acordo com critérios objetivos preestabeleci- resultante do parágrafo anterior e o valor da correspon-
dos no instrumento convocatório; dente proposta. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou
com a média ponderada das valorizações das propostas todas as propostas forem desclassificadas, a administração
técnicas e de preço, de acordo com os pesos preestabele- poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a
cidos no instrumento convocatório. apresentação de nova documentação ou de outras propos-
§  3o Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos tas escoimadas das causas referidas neste artigo, facultada,
neste artigo poderão ser adotados, por autorização expres- no caso de convite, a redução deste prazo para três dias
sa e mediante justificativa circunstanciada da maior auto- úteis. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do § 2o Em se tratando de projeto, o vencedor deverá au-
procedimento somente poderá revogar a licitação por ra- torizar a Administração a executá-lo quando julgar conve-
zões de interesse público decorrente de fato supervenien- niente.
te devidamente comprovado, pertinente e suficiente para Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de a servidor designado pela Administração, procedendo-se
ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer na forma da legislação pertinente.
escrito e devidamente fundamentado. § 1o Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo pela Administração para fixação do preço mínimo de arre-
de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado matação.
o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. §  2o Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. por cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no
59 desta Lei. local do leilão, imediatamente entregues ao arrematante,
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, o qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo es-
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. tipulado no edital de convocação, sob pena de perder em
§ 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se favor da Administração o valor já recolhido.
aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade § 3o Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela
de licitação. à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas. (Reda-
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contra- ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
to com preterição da ordem de classificação das propostas § 4o O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, principalmente no município em que se realizará. (Incluído
sob pena de nulidade. pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas Capítulo III
serão processadas e julgadas por comissão permanente DOS CONTRATOS
ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo Seção I
menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes Disposições Preliminares
aos quadros permanentes dos órgãos da Administração
responsáveis pela licitação. Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta
§  1o No caso de convite, a Comissão de licitação, ex- Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de
cepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os prin-
em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser cípios da teoria geral dos contratos e as disposições de di-
substituída por servidor formalmente designado pela au- reito privado.
toridade competente. §  1o Os contratos devem estabelecer com clareza e
§ 2o A Comissão para julgamento dos pedidos de ins- precisão as condições para sua execução, expressas em
crição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamen- cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsa-
to, será integrada por profissionais legalmente habilitados bilidades das partes, em conformidade com os termos da
no caso de obras, serviços ou aquisição de equipamentos. licitação e da proposta a que se vinculam.
§ 3o Os membros das Comissões de licitação respon- § 2o Os contratos decorrentes de dispensa ou de ine-
derão solidariamente por todos os atos praticados pela xigibilidade de licitação devem atender aos termos do ato
Comissão, salvo se posição individual divergente estiver que os autorizou e da respectiva proposta.
devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as
reunião em que tiver sido tomada a decisão. que estabeleçam:
§ 4o A investidura dos membros das Comissões perma- I - o objeto e seus elementos característicos;
nentes não excederá a 1 (um)  ano, vedada a recondução II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
da totalidade de seus membros para a mesma comissão no III - o preço e as condições de pagamento, os critérios,
período subsequente. data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os
§ 5o No caso de concurso, o julgamento será feito por critérios de atualização monetária entre a data do adimple-
uma comissão especial integrada por pessoas de reputa- mento das obrigações e a do efetivo pagamento;
ção ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em IV - os prazos de início de etapas de execução, de con-
exame, servidores públicos ou não. clusão, de entrega, de observação e de recebimento defini-
Art.  52. O concurso a que se refere o §  4o do art. 22 tivo, conforme o caso;
desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indica-
obtido pelos interessados no local indicado no edital. ção da classificação funcional programática e da categoria
§ 1o O regulamento deverá indicar: econômica;
I - a qualificação exigida dos participantes; VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho; execução, quando exigidas;
III - as condições de realização do concurso e os prê- VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as
mios a serem concedidos. penalidades cabíveis e os valores das multas;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
VIII - os casos de rescisão; § 5o Nos casos de contratos que importem na entrega
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará
em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o va-
Lei; lor desses bens.
X - as condições de importação, a data e a taxa de câm- Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei
bio para conversão, quando for o caso; ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamen-
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que tários, exceto quanto aos relativos:
a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do lici- I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados
tante vencedor; nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais pode-
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e rão ser prorrogados se houver interesse da Administração
especialmente aos casos omissos; e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante II - à prestação de serviços a serem executados de for-
toda a execução do contrato, em compatibilidade com as ma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada
obrigações por ele assumidas, todas as condições de habi- por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de
litação e qualificação exigidas na licitação. preços e condições mais vantajosas para a administração,
§ 1º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648,
§ 2o Nos contratos celebrados pela Administração Pú- de 1998)
blica com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas do- III - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
miciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro-
cláusula que declare competente o foro da sede da Admi- gramas de informática, podendo a duração estender-se
nistração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início
disposto no § 6o do art. 32 desta Lei. da vigência do contrato.
§  3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e
contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da ar- XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até
recadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da adminis-
Município, as características e os valores pagos, segundo o tração. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964. § 1o Os prazos de início de etapas de execução, de con-
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada clusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as
caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção
poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra
de obras, serviços e compras. algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em
§ 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes processo:
modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei nº 8.883, I - alteração do projeto ou especificações, pela Admi-
de 1994) nistração;
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida públi- II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
ca, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmen-
mediante registro em sistema centralizado de liquidação te as condições de execução do contrato;
e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e III - interrupção da execução do contrato ou diminuição
avaliados pelos seus valores econômicos, conforme defini- do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Adminis-
do pelo Ministério da Fazenda; (Redação dada pela Lei nº tração;
11.079, de 2004) IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no
II - seguro-garantia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
de 1994) V - impedimento de execução do contrato por fato ou
III - fiança bancária. (Redação dada pela Lei nº 8.883, ato de terceiro reconhecido pela Administração em docu-
de 8.6.94) mento contemporâneo à sua ocorrência;
§ 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Ad-
excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu ministração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalva- que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
do o previsto no parágrafo 3o deste artigo. (Redação dada execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais apli-
pela Lei nº 8.883, de 1994) cáveis aos responsáveis.
§  3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande §  2o Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada
vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos finan- por escrito e previamente autorizada pela autoridade com-
ceiros consideráveis, demonstrados através de parecer tec- petente para celebrar o contrato.
nicamente aprovado pela autoridade competente, o limite § 3o É vedado o contrato com prazo de vigência inde-
de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser ele- terminado.
vado para até dez por cento do valor do contrato. (Redação § 4o Em caráter excepcional, devidamente justificado e
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) mediante autorização da autoridade superior, o prazo de
§ 4o A garantia prestada pelo contratado será liberada que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser pror-
ou restituída após a execução do contrato e, quando em rogado por até doze meses. (Incluído pela Lei nº 9.648, de
dinheiro, atualizada monetariamente. 1998)

125
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo
instituído por esta Lei confere à Administração, em relação de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor,
a eles, a prerrogativa de: ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequa- Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
ção às finalidades de interesse público, respeitados os di- Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos
reitos do contratado; casos de concorrência e de tomada de preços, bem como
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especifica- nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam com-
dos no inciso I do art. 79 desta Lei; preendidos nos limites destas duas modalidades de licita-
III - fiscalizar-lhes a execução; ção, e facultativo nos demais em que a Administração pu-
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou der substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como
parcial do ajuste; carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar proviso- de compra ou ordem de execução de serviço.
riamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vincu- §  1o A minuta do futuro contrato integrará sempre o
lados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade edital ou ato convocatório da licitação.
de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais §  2o Em “carta contrato”, “nota de empenho de des-
pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do pesa”, “autorização de compra”, “ordem de execução de
contrato administrativo. serviço” ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que
§  1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias couber, o disposto no art. 55 desta Lei. (Redação dada pela
dos contratos administrativos não poderão ser alteradas Lei nº 8.883, de 1994)
sem prévia concordância do contratado. § 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei
§  2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusu- e demais normas gerais, no que couber:
las econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas I  - aos contratos de seguro, de financiamento, de lo-
para que se mantenha o equilíbrio contratual. cação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato admi- cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por nor-
nistrativo opera retroativamente impedindo os efeitos ju- ma de direito privado;
rídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de II - aos contratos em que a Administração for parte
desconstituir os já produzidos. como usuária de serviço público.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Adminis- §  4o É dispensável o “termo de contrato” e facultada
tração do dever de indenizar o contratado pelo que este a substituição prevista neste artigo, a critério da Adminis-
houver executado até a data em que ela for declarada e por tração e independentemente de seu valor, nos casos de
outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que compra com entrega imediata e integral dos bens adqui-
não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade ridos, dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive
de quem lhe deu causa. assistência técnica.
Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimen-
Seção II to dos termos do contrato e do respectivo processo licita-
Da Formalização dos Contratos tório e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia auten-
ticada, mediante o pagamento dos emolumentos devidos.
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados Art. 64. A Administração convocará regularmente o in-
nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo teressado para assinar o termo de contrato, aceitar ou reti-
cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do rar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições
seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação,
que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei.
notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu §  1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado
origem. uma vez, por igual período, quando solicitado pela parte
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justi-
verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras ficado aceito pela Administração.
de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor § 2o É facultado à Administração, quando o convocado
não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar
no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em regime de o instrumento equivalente no prazo e condições estabe-
adiantamento. lecidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive
autorizou a sua lavratura, o número do processo da licita- quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato
ção, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos con- convocatório, ou revogar a licitação independentemente
tratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. da cominação prevista no art. 81 desta Lei.
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumen- § 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega
to de contrato ou de seus aditamentos na imprensa ofi- das propostas, sem convocação para a contratação, ficam
cial, que é condição indispensável para sua eficácia, será os licitantes liberados dos compromissos assumidos.
providenciada pela Administração até o quinto dia útil do

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Seção III § 5o Quaisquer tributos ou encargos legais criados, al-
Da Alteração dos Contratos terados ou extintos, bem como a superveniência de dispo-
sições legais, quando ocorridas após a data da apresenta-
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser ção da proposta, de comprovada repercussão nos preços
alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para
I - unilateralmente pela Administração: menos, conforme o caso.
a)  quando houver modificação do projeto ou das es- § 6o Em havendo alteração unilateral do contrato que
pecificações, para melhor adequação técnica aos seus ob- aumente os encargos do contratado, a Administração de-
jetivos; verá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-
b) quando necessária a modificação do valor contratual financeiro inicial.
em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de § 7o (VETADO)
seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; § 8o A variação do valor contratual para fazer face ao
II - por acordo das partes: reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atuali-
a) quando conveniente a substituição da garantia de zações, compensações ou penalizações financeiras decor-
execução; rentes das condições de pagamento nele previstas, bem
b) quando necessária a modificação do regime de exe- como o empenho de dotações orçamentárias suplemen-
cução da obra ou serviço, bem como do modo de forneci- tares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam
mento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples
dos termos contratuais originários; apostila, dispensando a celebração de aditamento.
c)  quando necessária a modificação da forma de pa-
gamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, Seção IV 
mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do Da Execução dos Contratos
pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado,
sem a correspondente contraprestação de fornecimento de Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pe-
bens ou execução de obra ou serviço; las partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as nor-
d) para restabelecer a relação que as partes pactua- mas desta Lei, respondendo cada uma pelas consequências
ram inicialmente entre os encargos do contratado e a re- de sua inexecução total ou parcial.
tribuição da administração para a justa remuneração da
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do §
obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção
2o e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir,
do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na
durante todo o período de execução do contrato, a reserva
hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis
de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou
porém de consequências incalculáveis, retardadores ou im-
para reabilitado da Previdência Social, bem como as regras
peditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de
de acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei
força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando
nº 13.146, de 2015) (Vigência)
álea econômica extraordinária e extracontratual. (Redação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cum-
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas primento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se nos ambientes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e 2015)
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompa-
no caso particular de reforma de edifício ou de equipamen- nhada e fiscalizada por um representante da Administra-
to, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus ção especialmente designado, permitida a contratação de
acréscimos. terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações perti-
§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder nentes a essa atribuição.
os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: (Reda- §  1o O representante da Administração anotará em
ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998) registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) execução do contrato, determinando o que for necessário
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre à regularização das faltas ou defeitos observados.
os contratantes. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) §  2o As decisões e providências que ultrapassarem a
§ 3o Se no contrato não houverem sido contemplados competência do representante deverão ser solicitadas a
preços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados seus superiores em tempo hábil para a adoção das medi-
mediante acordo entre as partes, respeitados os limites es- das convenientes.
tabelecidos no § 1o deste artigo. Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito
§ 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços, pela Administração, no local da obra ou serviço, para repre-
se o contratado já houver adquirido os materiais e posto sentá-lo na execução do contrato.
no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Admi- Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, re-
nistração pelos custos de aquisição regularmente compro- mover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total
vados e monetariamente corrigidos, podendo caber inde- ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem
nização por outros danos eventualmente decorrentes da vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou
supressão, desde que regularmente comprovados. de materiais empregados.

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causa- reputar-se-ão como realizados, desde que comunicados à
dos diretamente à Administração ou a terceiros, decorren- Administração nos 15 (quinze)  dias anteriores à exaustão
tes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não ex- dos mesmos.
cluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisó-
ou o acompanhamento pelo órgão interessado. rio nos seguintes casos:
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos tra- I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
balhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes II - serviços profissionais;
da execução do contrato. III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23,
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos inciso II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se compo-
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à nham de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à
Administração Pública a responsabilidade por seu paga- verificação de funcionamento e produtividade.
mento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restrin- Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimen-
gir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive to será feito mediante recibo.
perante o Registro de Imóveis. (Redação dada pela Lei nº Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do
9.032, de 1995) edital, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes
§ 2o A Administração Pública responde solidariamente e demais provas exigidos por normas técnicas oficiais para
com o contratado pelos encargos previdenciários resultan- a boa execução do objeto do contrato correm por conta
tes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei do contratado.
nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em par-
nº 9.032, de 1995) te, obra, serviço ou fornecimento executado em desacor-
§ 3º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) do com o contrato.
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem
prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá Seção V
subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
limite admitido, em cada caso, pela Administração.
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será rece-
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato en-
bido:
seja a sua rescisão, com as consequências contratuais e as
I - em se tratando de obras e serviços:
previstas em lei ou regulamento.
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompa-
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
nhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado,
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, espe-
assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comuni-
cificações, projetos ou prazos;
cação escrita do contratado;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais,
b) definitivamente, por servidor ou comissão designa-
especificações, projetos e prazos;
da pela autoridade competente, mediante termo circuns-
tanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Admi-
de observação, ou vistoria que comprove a adequação do nistração a comprovar a impossibilidade da conclusão da
objeto aos termos contratuais, observado o disposto no obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipu-
art. 69 desta Lei; lados;
II - em se tratando de compras ou de locação de equi- IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou
pamentos: fornecimento;
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação V - a paralisação da obra, do serviço ou do forneci-
da conformidade do material com a especificação; mento, sem justa causa e prévia comunicação à Adminis-
b)  definitivamente, após a verificação da qualidade e tração;
quantidade do material e consequente aceitação. VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a
§ 1o Nos casos de aquisição de equipamentos de gran- associação do contratado com outrem, a cessão ou trans-
de vulto, o recebimento far-se-á mediante termo circuns- ferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou in-
tanciado e, nos demais, mediante recibo. corporação, não admitidas no edital e no contrato;
§ 2o O recebimento provisório ou definitivo não exclui a VII - o desatendimento das determinações regulares
responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou da autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a
do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução sua execução, assim como as de seus superiores;
do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execu-
pelo contrato. ção, anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei;
§  3o O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I IX - a decretação de falência ou a instauração de in-
deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, solvência civil;
salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do
previstos no edital. contratado;
§ 4o Na hipótese de o termo circunstanciado ou a ve- XI - a alteração social ou a modificação da finalidade
rificação a que se refere este artigo não serem, respecti- ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução
vamente, lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, do contrato;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
XII - razões de interesse público, de alta relevância § 3º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela § 4º (Veta,cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
máxima autoridade da esfera administrativa a que está su- Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins des-
bordinado o contratante e exaradas no processo adminis- ta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou
trativo a que se refere o contrato; sem remuneração, cargo, função ou emprego público.
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, § 1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta
serviços ou compras, acarretando modificação do valor ini- Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
cial do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65 paraestatal, assim consideradas, além das fundações, em-
desta Lei; presas públicas e sociedades de economia mista, as de-
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita mais entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder
da Administração, por prazo superior a 120 (cento e vin- Público.
te) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave pertur- §  2o A pena imposta será acrescida da terça parte,
bação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas quando os autores dos crimes previstos nesta Lei forem
suspensões que totalizem o mesmo prazo, independente- ocupantes de cargo em comissão ou de função de confian-
mente do pagamento obrigatório de indenizações pelas su- ça em órgão da Administração direta, autarquia, empresa
cessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e pública, sociedade de economia mista, fundação pública,
mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, ou outra entidade controlada direta ou indiretamente pelo
nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumpri- Poder Público.
mento das obrigações assumidas até que seja normalizada Art.  85. As infrações penais previstas nesta Lei perti-
a situação; nem às licitações e aos contratos celebrados pela União,
XV  -  o atraso superior a 90 (noventa)  dias dos paga- Estados, Distrito Federal, Municípios, e respectivas autar-
mentos devidos pela Administração decorrentes de obras, quias, empresas públicas, sociedades de economia mista,
serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos fundações públicas, e quaisquer outras entidades sob seu
ou executados, salvo em caso de calamidade pública, gra- controle direto ou indireto.
ve perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado
ao contratado o direito de optar pela suspensão do cum- Seção II
primento de suas obrigações até que seja normalizada a Das Sanções Administrativas
situação;
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de
Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato
área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou for-
sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista
necimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de
no instrumento convocatório ou no contrato.
materiais naturais especificadas no projeto;
§ 1o A multa a que alude este artigo não impede que a
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, re-
Administração rescinda unilateralmente o contrato e apli-
gularmente comprovada, impeditiva da execução do contrato.
que as outras sanções previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão
§ 2o A multa, aplicada após regular processo adminis-
formalmente motivados nos autos do processo, assegurado
o contraditório e a ampla defesa. trativo, será descontada da garantia do respectivo contra-
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. tado.
27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Incluído pela § 3o Se a multa for de valor superior ao valor da garan-
Lei nº 9.854, de 1999) tia prestada, além da perda desta, responderá o contratado
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamen-
I - determinada por ato unilateral e escrito da Adminis- tos eventualmente devidos pela Administração ou ainda,
tração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do quando for o caso, cobrada judicialmente.
artigo anterior; Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a ter- Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao
mo no processo da licitação, desde que haja conveniência contratado as seguintes sanções:
para a Administração; I - advertência;
III - judicial, nos termos da legislação; II - multa, na forma prevista no instrumento convoca-
IV - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) tório ou no contrato;
§  1o A rescisão administrativa ou amigável deverá ser III - suspensão temporária de participação em licitação
precedida de autorização escrita e fundamentada da auto- e impedimento de contratar com a Administração, por pra-
ridade competente. zo não superior a 2 (dois) anos;
§ 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contra-
a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, tar com a Administração Pública enquanto perdurarem os
será este ressarcido dos prejuízos regularmente comprova- motivos determinantes da punição ou até que seja pro-
dos que houver sofrido, tendo ainda direito a: movida a reabilitação perante a própria autoridade que
I - devolução de garantia; aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resul-
a data da rescisão; tantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com
III - pagamento do custo da desmobilização. base no inciso anterior.

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

§ 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Reda-
prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
sua diferença, que será descontada dos pagamentos eventual- Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado
mente devidos pela Administração ou cobrada judicialmente. que, tendo comprovadamente concorrido para a consu-
§  2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste mação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se
artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso beneficia, injustamente, das modificações ou prorrogações
II, facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo contratuais.
processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
§ 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é qualquer ato de procedimento licitatório:
de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secre- Pena  -  detenção, de 6 (seis)  meses a 2 (dois)  anos, e
tário Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a multa.
defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o en-
ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação. (Vide art sejo de devassá-lo:
109 inciso III) Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do ar- Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de
tigo anterior poderão também ser aplicadas às empresas violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vanta-
ou aos profissionais que, em razão dos contratos regidos gem de qualquer tipo:
por esta Lei: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
I - tenham sofrido condenação definitiva por pratica- além da pena correspondente à violência.
rem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abs-
quaisquer tributos; tém ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida.
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licita-
objetivos da licitação; ção instaurada para aquisição ou venda de bens ou merca-
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar dorias, ou contrato dela decorrente:
com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados. I - elevando arbitrariamente os preços;
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
Seção III falsificada ou deteriorada;
Dos Crimes e das Penas III - entregando uma mercadoria por outra;
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte- mercadoria fornecida;
ses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: onerosa a proposta ou a execução do contrato:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com
tendo comprovadamente concorrido para a consumação empresa ou profissional declarado inidôneo:
da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilida- Pena  -  detenção, de 6 (seis)  meses a 2 (dois)  anos, e
de ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público. multa.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina- Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que,
ção ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a
do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si Administração.
ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do Art.  98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
objeto da licitação: inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse cancelamento de registro do inscrito:
privado perante a Administração, dando causa à instaura- Pena  -  detenção, de 6 (seis)  meses a 2 (dois)  anos, e
ção de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalida- multa.
ção vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: Art.  99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98
Pena  -  detenção, de 6 (seis)  meses a 2 (dois)  anos, e desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sen-
multa. tença e calculada em índices percentuais, cuja base cor-
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer responderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contra- potencialmente auferível pelo agente.
tual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos § 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão
contratos celebrados com o Poder Público, sem autoriza- ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5%
ção em lei, no ato convocatório da licitação ou nos res- (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebra-
pectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura do com dispensa ou inexigibilidade de licitação.
com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, § 2o O produto da arrecadação da multa reverterá, con-
observado o disposto no art. 121 desta Lei:(Redação dada forme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Mu-
pela Lei nº 8.883, de 1994) nicipal.

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Seção IV e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do
Do Processo e do Procedimento Judicial art. 79 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
f) aplicação das penas de advertência, suspensão tem-
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pe- porária ou de multa;
nal pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da
promovê-la. intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico;
efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, forne- III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro
cendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua au- de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme
toria, bem como as circunstâncias em que se deu a ocor- o caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de
rência. 10 (dez) dias úteis da intimação do ato.
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, § 1o A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas
mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo “a”, “b”, “c” e “e”, deste artigo, excluídos os relativos a ad-
apresentante e por duas testemunhas. vertência e multa de mora, e no inciso III, será feita me-
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co- diante publicação na imprensa oficial, salvo para os casos
nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou previstos nas alíneas “a” e “b”, se presentes os prepostos
Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes dos licitantes no ato em que foi adotada a decisão, quando
do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes poderá ser feita por comunicação direta aos interessados
verificarem a existência dos crimes definidos nesta Lei, re- e lavrada em ata.
meterão ao Ministério Público as cópias e os documentos § 2o O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I
necessários ao oferecimento da denúncia. deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade
Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária competente, motivadamente e presentes razões de inte-
da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, apli- resse público, atribuir ao recurso interposto eficácia sus-
cando-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do pensiva aos demais recursos.
Código de Processo Penal. § 3o Interposto, o recurso será comunicado aos demais
Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cin-
o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escri- co) dias úteis.
ta, contado da data do seu interrogatório, podendo juntar § 4o O recurso será dirigido à autoridade superior, por
documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá
não superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
pretenda produzir. ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente infor-
Art.  105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da mado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro
defesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento
ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de do recurso, sob pena de responsabilidade.
5 (cinco) dias a cada parte para alegações finais. § 5o Nenhum prazo de recurso, representação ou pedi-
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos do de reconsideração se inicia ou corre sem que os autos
dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias do processo estejam com vista franqueada ao interessado.
para proferir a sentença. § 6o Em se tratando de licitações efetuadas na modali-
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no dade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos incisos
prazo de 5 (cinco) dias. I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis.
Art.  108. No processamento e julgamento das infra- (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
ções penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos
e nas execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão, Capítulo VI
subsidiariamente, o Código de Processo Penal e a Lei de DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Execução Penal.
Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nes-
Capítulo V ta Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do ven-
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS cimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto
quando for explicitamente disposto em contrário.
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos re-
aplicação desta Lei cabem: feridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da entidade.
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar,
a) habilitação ou inabilitação do licitante; premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializa-
b) julgamento das propostas; do desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele
c) anulação ou revogação da licitação; relativos e a Administração possa utilizá-lo de acordo com
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro o previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para
cadastral, sua alteração ou cancelamento; sua elaboração.

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra § 1o A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos
imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, órgãos ou entidades da Administração Pública depende de
a cessão dos direitos incluirá o fornecimento de todos os prévia aprovação de competente plano de trabalho pro-
dados, documentos e elementos de informação pertinen- posto pela organização interessada, o qual deverá conter,
tes à tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação no mínimo, as seguintes informações:
em suporte físico de qualquer natureza e aplicação da obra. I - identificação do objeto a ser executado;
Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a II - metas a serem atingidas;
mais de uma entidade pública, caberá ao órgão contratan- III - etapas ou fases de execução;
te, perante a entidade interessada, responder pela sua boa IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
execução, fiscalização e pagamento. V - cronograma de desembolso;
§ 1o Os consórcios públicos poderão realizar licitação VI  -  previsão de início e fim da execução do objeto,
da qual, nos termos do edital, decorram contratos admi- bem assim da conclusão das etapas ou fases programadas;
nistrativos celebrados por órgãos ou entidades dos entes VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de en-
da Federação consorciados. (Incluído pela Lei nº 11.107, de genharia, comprovação de que os recursos próprios para
2005) complementar a execução do objeto estão devidamente
§ 2o É facultado à entidade interessada o acompanha- assegurados, salvo se o custo total do empreendimento
mento da licitação e da execução do contrato. (Incluído recair sobre a entidade ou órgão descentralizador.
pela Lei nº 11.107, de 2005) § 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão repas-
Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con- sador dará ciência do mesmo à Assembleia Legislativa ou à
tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito Câmara Municipal respectiva.
pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legisla- § 3o As parcelas do convênio serão liberadas em estrita
ção pertinente, ficando os órgãos interessados da Admi- conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto
nistração responsáveis pela demonstração da legalidade e nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o
regularidade da despesa e execução, nos termos da Cons- saneamento das impropriedades ocorrentes:
tituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela I  -  quando não tiver havido comprovação da boa e
previsto. regular aplicação da parcela anteriormente recebida, na
§ 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou forma da legislação aplicável, inclusive mediante proce-
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos dimentos de fiscalização local, realizados periodicamente
órgãos integrantes do sistema de controle interno contra pela entidade ou órgão descentralizador dos recursos ou
irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do dis- pelo órgão competente do sistema de controle interno da
posto neste artigo.
Administração Pública;
§ 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do
II  -  quando verificado desvio de finalidade na aplica-
sistema de controle interno poderão solicitar para exame,
ção dos recursos, atrasos não justificados no cumprimen-
até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimen-
to das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias
to das propostas, cópia de edital de licitação já publicado,
aos princípios fundamentais de Administração Pública nas
obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração in-
contratações e demais atos praticados na execução do
teressada à adoção de medidas corretivas pertinentes que,
convênio, ou o inadimplemento do executor com relação a
em função desse exame, lhes forem determinadas. (Reda-
ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994) outras cláusulas conveniais básicas;
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a III - quando o executor deixar de adotar as medidas
pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser pro- saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recur-
cedida sempre que o objeto da licitação recomende análise sos ou por integrantes do respectivo sistema de controle
mais detida da qualificação técnica dos interessados. interno.
§  1o A adoção do procedimento de pré-qualificação §  4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados,
será feita mediante proposta da autoridade competente, serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de pou-
aprovada pela imediatamente superior. pança de instituição financeira oficial se a previsão de seu
§  2o Na pré-qualificação serão observadas as exigên- uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo de apli-
cias desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos in- cação financeira de curto prazo ou operação de mercado
teressados, ao procedimento e à analise da documentação. aberto lastreada em títulos da dívida pública, quando a uti-
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir lização dos mesmos verificar-se em prazos menores que
normas relativas aos procedimentos operacionais a serem um mês.
observados na execução das licitações, no âmbito de sua § 5o As receitas financeiras auferidas na forma do pará-
competência, observadas as disposições desta Lei. grafo anterior serão obrigatoriamente computadas a crédi-
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, to do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de
após aprovação da autoridade competente, deverão ser sua finalidade, devendo constar de demonstrativo específi-
publicadas na imprensa oficial. co que integrará as prestações de contas do ajuste.
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que §  6o Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex-
couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instru- tinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros
mentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obti-
Administração. das das aplicações financeiras realizadas, serão devolvidos

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a
improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da IV do §  2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações para
imediata instauração de tomada de contas especial do res- concessão de serviços com execução prévia de obras em que
ponsável, providenciada pela autoridade competente do não foram previstos desembolso por parte da Administração
órgão ou entidade titular dos recursos. Pública concedente. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações rea- Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
lizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e ção. (Renumerado por força do disposto no art. 3º da Lei nº
do Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no 8.883, de 1994)
que couber, nas três esferas administrativas. Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, espe-
Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios cialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de novembro de
e as entidades da administração indireta deverão adap- 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de setembro
tar suas normas sobre licitações e contratos ao disposto de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de 1991, e o art. 83
nesta Lei. da Lei no  5.194, de 24 de dezembro de 1966.(Renumerado
Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas por força do disposto no art. 3º da Lei nº 8.883, de 1994)
e fundações públicas e demais entidades controladas dire- Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da Independência e
ta ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas 105o da República.
no artigo anterior editarão regulamentos próprios devida- ITAMAR FRANCO
mente publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei. Rubens Ricupero
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este Romildo Canhim
artigo, no âmbito da Administração Pública, após apro- Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
vados pela autoridade de nível superior a que estiverem 22.6.1993 e republicado em 6.7.1994 e retificado em de
vinculados os respectivos órgãos, sociedades e entidades, 6.7.1994
deverão ser publicados na imprensa oficial.
Art.  120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser
anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os LEI Nº 8.429/92,
fará publicar no Diário Oficial da União, observando como
limite superior a variação geral dos preços do mercado, no
período. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992.
instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua
vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágra- Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos
fos 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta,
o disposto no «caput» do art. 5o, com relação ao pagamen-
indireta ou fundacional e dá outras providências.
to das obrigações na ordem cronológica, podendo esta ser
observada, no prazo de noventa dias contados da vigência
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Con-
desta Lei, separadamente para as obrigações relativas aos
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
contratos regidos por legislação anterior à Lei no 8.666, de
21 de junho de 1993. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
CAPÍTULO I
1994)
Das Disposições Gerais
Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do
patrimônio da União continuam a reger-se pelas disposi- Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer
ções do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, agente público, servidor ou não, contra a administração dire-
com suas alterações, e os relativos a operações de crédito ta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
interno ou externo celebrados pela União ou a concessão dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território,
de garantia do Tesouro Nacional continuam regidos pela de empresa incorporada ao patrimônio público ou de enti-
legislação pertinente, aplicando-se esta Lei, no que couber. dade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
Art.  122. Nas concessões de linhas aéreas, observar- concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou
se-á procedimento licitatório específico, a ser estabelecido da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
no Código Brasileiro de Aeronáutica. Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades
Art. 123. Em suas licitações e contratações adminis- desta lei os atos de improbidade praticados contra o patri-
trativas, as repartições sediadas no exterior observarão as mônio de entidade que receba subvenção, benefício ou in-
peculiaridades locais e os princípios básicos desta Lei, na centivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como da-
forma de regulamentação específica. quelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimô-
permissão ou concessão de serviços públicos os dispositi- nio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
vos desta Lei que não conflitem com a legislação específica patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
sobre o assunto. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) dos cofres públicos.

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos des- IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
ta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente máquinas, equipamentos ou material de qualquer nature-
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, za, de propriedade ou à disposição de qualquer das entida-
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vín- des mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho
culo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades de servidores públicos, empregados ou terceiros contrata-
mencionadas no artigo anterior. dos por essas entidades;
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que V - receber vantagem econômica de qualquer nature-
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, in- za, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática
duza ou concorra para a prática do ato de improbidade de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contra-
ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. bando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hie- aceitar promessa de tal vantagem;
rarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos VI - receber vantagem econômica de qualquer natu-
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e pu- reza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre
blicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos. medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de ter- característica de mercadorias ou bens fornecidos a qual-
ceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano. quer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qual-
acrescidos ao seu patrimônio. quer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao do patrimônio ou à renda do agente público;
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, cabe- VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer ativida-
rá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito de de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou
dos bens do indiciado. amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere do agente público, durante a atividade;
o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o IX - perceber vantagem econômica para intermediar
a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer na-
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo pa-
tureza;
trimonial resultante do enriquecimento ilícito.
X - receber vantagem econômica de qualquer nature-
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patri-
za, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, provi-
mônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às
dência ou declaração a que esteja obrigado;
cominações desta lei até o limite do valor da herança.
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimô-
nio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
CAPÍTULO II
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
Dos Atos de Improbidade Administrativa
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas
Seção I ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Im- mencionadas no art. 1° desta lei.
portam Enriquecimento Ilícito
Seção II
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa Dos Atos de Improbidade Administrativa que Cau-
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de sam Prejuízo ao Erário
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entida- Art. 10. Constitui ato de improbidade administrati-
des mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: va que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômi- apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
ca, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e no-
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto tadamente:
ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
ou omissão decorrente das atribuições do agente público; incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem mó- acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º
vel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades desta lei;
referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
III - perceber vantagem econômica, direta ou indire- jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores inte-
ta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem grantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades
preço inferior ao valor de mercado; legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente XVIII - celebrar parcerias da administração pública com
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assis- entidades privadas sem a observância das formalidades le-
tências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de gais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
sem observância das formalidades legais e regulamentares XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização
aplicáveis à espécie; e análise das prestações de contas de parcerias firmadas
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou lo- pela administração pública com entidades privadas; (Incluí-
cação de bem integrante do patrimônio de qualquer das do pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a pres- XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela ad-
tação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de ministração pública com entidades privadas sem a estrita
mercado; observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou loca- forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº
ção de bem ou serviço por preço superior ao de mercado; 13.019, de 2014) (Vigência)
VI - realizar operação financeira sem observância das XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela ad-
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insufi- ministração pública com entidades privadas sem a estrita
ciente ou inidônea; observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº
a observância das formalidades legais ou regulamentares 13.019, de 2014) (Vigência)
aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de Seção II-A
processo seletivo para celebração de parcerias com enti- (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
dades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Produção de efeito)
(Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) Dos Atos de Improbidade Administrativa Decor-
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não rentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefí-
autorizadas em lei ou regulamento; cio Financeiro ou Tributário
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo
ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa
patrimônio público; qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou man-
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das ter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dis-
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
põem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar
aplicação irregular;
nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Comple-
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
mentar nº 157, de 2016) (Produção de efeito)
enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço par-
Seção III
ticular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de
Dos Atos de Improbidade
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
Administrativa que Atentam Contra os
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
bem como o trabalho de servidor público, empregados ou Princípios da Administração Pública
terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que te- Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
nha por objeto a prestação de serviços públicos por meio que atenta contra os princípios da administração pública
da gestão associada sem observar as formalidades previs- qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honesti-
tas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) dade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições,
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público e notadamente:
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem ob- I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regu-
servar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº lamento ou diverso daquele previsto, na regra de compe-
11.107, de 2005) tência;
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou de ofício;
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos trans- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
feridos pela administração pública a entidades privadas em razão das atribuições e que deva permanecer em se-
mediante celebração de parcerias, sem a observância das gredo;
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espé- IV - negar publicidade aos atos oficiais;
cie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) V - frustrar a licitude de concurso público;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores pú- a fazê-lo;
blicos transferidos pela administração pública a entidade VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento
privada mediante celebração de parcerias, sem a observân- de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
cia das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) mercadoria, bem ou serviço.

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fis- CAPÍTULO IV


calização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela Da Declaração de Bens
administração pública com entidades privadas. (Redação
dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de condicionados à apresentação de declaração dos bens e va-
acessibilidade previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº lores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
13.146, de 2015) (Vigência) arquivada no serviço de pessoal competente.(Regulamento)
(Regulamento)
CAPÍTULO III § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, se-
Das Penas moventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espé-
cie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
e administrativas previstas na legislação específica, está o patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes outras pessoas que vivam sob a dependência econômica
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumula- do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de
tivamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação uso doméstico.
dada pela Lei nº 12.120, de 2009). § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores e na data em que o agente público deixar o exercício do
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento inte- mandato, cargo, emprego ou função.
gral do dano, quando houver, perda da função pública, § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, paga- serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
mento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo o agente público que se recusar a prestar declaração dos
patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia
da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes-
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto
soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
dez anos;
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do
caput e no § 2° deste artigo .
dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente
ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da
CAPÍTULO V
função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco
Do Procedimento Administrativo e do Processo
a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o Judicial
valor do dano e proibição de contratar com o Poder Pú-
blico ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credití- Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autorida-
cios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de de administrativa competente para que seja instaurada inves-
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo tigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
de cinco anos; § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do termo e assinada, conterá a qualificação do representante,
dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das
direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de mul- provas de que tenha conhecimento.
ta civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida § 2º A autoridade administrativa rejeitará a represen-
pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público tação, em despacho fundamentado, se esta não contiver as
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes- não impede a representação ao Ministério Público, nos ter-
soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de mos do art. 22 desta lei.
três anos. § 3º Atendidos os requisitos da representação, a au-
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função toridade determinará a imediata apuração dos fatos que,
pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 em se tratando de servidores federais, será processada na
(oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de
benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de
Lei Complementar nº 157, de 2016) acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao
lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, as- Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
sim como o proveito patrimonial obtido pelo agente. existência de procedimento administrativo para apurar a
prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar re-
presentante para acompanhar o procedimento administra-
tivo.

136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilida- § 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições reali-
de, a comissão representará ao Ministério Público ou à pro- zadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no art.
curadoria do órgão para que requeira ao juízo competente 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal. (Incluído
a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao § 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera
patrimônio público. pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do
com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil. art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investi- julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de
gação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e 2016)
aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
nos termos da lei e dos tratados internacionais. reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica preju-
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida dicada pelo ilícito.
cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas CAPÍTULO VI
ações de que trata o caput. Das Disposições Penais
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá
as ações necessárias à complementação do ressarcimento Art. 19. Constitui crime a representação por ato de im-
do patrimônio público. probidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante
(Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996) está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos mate-
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo riais, morais ou à imagem que houver provocado.
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
sob pena de nulidade. direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado
§  5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do da sentença condenatória.
juízo para todas as ações posteriormente intentadas que Parágrafo único. A autoridade judicial ou adminis-
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (In- trativa competente poderá determinar o afastamento do
cluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) agente público do exercício do cargo, emprego ou função,
§  6o A ação será instruída com documentos ou jus- sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer
tificação que contenham indícios suficientes da existência necessária à instrução processual.
do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei in-
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas pro- depende:
vas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio públi-
inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. (In- co, salvo quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada
cluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) pela Lei nº 12.120, de 2009).
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para ofere- controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
cer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei,
documentos e justificações, dentro do prazo de quinze o Ministério Público, de ofício, a requerimento de autori-
dias. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) dade administrativa ou mediante representação formulada
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se con- instauração de inquérito policial ou procedimento admi-
vencido da inexistência do ato de improbidade, da impro- nistrativo.
cedência da ação ou da inadequação da via eleita. (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) CAPÍTULO VII
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para Da Prescrição
apresentar contestação. (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.225-45, de 2001) Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá previstas nesta lei podem ser propostas:
agravo de instrumento. (Incluído pela Medida Provisória nº I - até cinco anos após o término do exercício de man-
2.225-45, de 2001) dato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
§  11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a II - dentro do prazo prescricional previsto em lei es-
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o pecífica para faltas disciplinares puníveis com demissão a
processo sem julgamento do mérito. (Incluído pela Medida bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo
Provisória nº 2.225-45, de 2001) efetivo ou emprego.

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

III - até cinco anos da data da apresentação à adminis- Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o se-
tração pública da prestação de contas final pelas entidades guinte:
referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei. (Incluído I - a autoridade competente justificará a necessidade
pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) de contratação e definirá o objeto do certame, as exigên-
cias de habilitação, os critérios de aceitação das propostas,
CAPÍTULO VIII as sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato,
Das Disposições Finais inclusive com fixação dos prazos para fornecimento;
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publi- clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevan-
cação. tes ou desnecessárias, limitem a competição;
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de ju- III - dos autos do procedimento constarão a justificati-
nho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais va das definições referidas no inciso I deste artigo e os in-
disposições em contrário. dispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Indepen- apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão
dência e 104° da República. ou entidade promotora da licitação, dos bens ou serviços a
FERNANDO COLLOR serem licitados; e
IV - a autoridade competente designará, dentre os
Célio Borja
servidores do órgão ou entidade promotora da licitação,
Este texto não substitui o publicado no DOU de
o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição
3.6.1992
inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lan-
ces, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem
como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame
LEI Nº 10.520/02, ao licitante vencedor.
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua
maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou em-
prego da administração, preferencialmente pertencentes
,LEI No 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002. ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora
do evento.
Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e § 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constitui- pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser
ção Federal, modalidade de licitação denominada pregão, desempenhadas por militares
para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras pro- Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a
vidências. convocação dos interessados e observará as seguintes re-
gras:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- I - a convocação dos interessados será efetuada por
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, po- ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação
derá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme
será regida por esta Lei. o vulto da licitação, em jornal de grande circulação, nos
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços co- termos do regulamento de que trata o art. 2º;
muns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos II - do aviso constarão a definição do objeto da licita-
padrões de desempenho e qualidade possam ser objeti- ção, a indicação do local, dias e horários em que poderá ser
vamente definidos pelo edital, por meio de especificações lida ou obtida a íntegra do edital;
usuais no mercado. III - do edital constarão todos os elementos definidos
Art. 2º (VETADO) na forma do inciso I do art. 3º, as normas que disciplinarem
o procedimento e a minuta do contrato, quando for o caso;
§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utiliza-
IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão co-
ção de recursos de tecnologia da informação, nos termos
locadas à disposição de qualquer pessoa para consulta e
de regulamentação específica.
divulgadas na forma da Lei no 9.755, de 16 de dezembro
§ 2º Será facultado, nos termos de regulamentos pró-
de 1998;
prios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a V - o prazo fixado para a apresentação das propostas,
participação de bolsas de mercadorias no apoio técnico e contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a
operacional aos órgãos e entidades promotores da moda- 8 (oito) dias úteis;
lidade de pregão, utilizando-se de recursos de tecnologia VI - no dia, hora e local designados, será realizada ses-
da informação. são pública para recebimento das propostas, devendo o
§ 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar interessado, ou seu representante, identificar-se e, se for o
organizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucra- caso, comprovar a existência dos necessários poderes para
tivos e com a participação plural de corretoras que operem formulação de propostas e para a prática de todos os de-
sistemas eletrônicos unificados de pregões. mais atos inerentes ao certame;

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
VII - aberta a sessão, os interessados ou seus repre- cando os demais licitantes desde logo intimados para
sentantes, apresentarão declaração dando ciência de que apresentar contrarrazões em igual número de dias, que
cumprem plenamente os requisitos de habilitação e en- começarão a correr do término do prazo do recorrente,
tregarão os envelopes contendo a indicação do objeto sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;
e do preço oferecidos, procedendo-se à sua imediata XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação
abertura e à verificação da conformidade das propostas apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
com os requisitos estabelecidos no instrumento convo- XX - a falta de manifestação imediata e motivada do
catório; licitante importará a decadência do direito de recurso e a
VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao ven-
mais baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cedor;
cento) superiores àquela poderão fazer novos lances XXI - decididos os recursos, a autoridade competente
verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor; fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante ven-
IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas cedor;
condições definidas no inciso anterior, poderão os au- XXII - homologada a licitação pela autoridade compe-
tores das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), tente, o adjudicatário será convocado para assinar o con-
trato no prazo definido em edital; e
oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer
XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do
que sejam os preços oferecidos;
prazo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato,
X - para julgamento e classificação das propostas,
aplicar-se-á o disposto no inciso XVI.
será adotado o critério de menor preço, observados os
Art. 5º É vedada a exigência de:
prazos máximos para fornecimento, as especificações I - garantia de proposta;
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e quali- II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição
dade definidos no edital; para participação no certame; e
XI - examinada a proposta classificada em primei- III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os refe-
ro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro rentes a fornecimento do edital, que não serão superiores
decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade; ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utili-
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as zação de recursos de tecnologia da informação, quando
ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro for o caso.
contendo os documentos de habilitação do licitante que Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60
apresentou a melhor proposta, para verificação do aten- (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
dimento das condições fixadas no edital; Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de entre-
o licitante está em situação regular perante a Fazenda gar ou apresentar documentação falsa exigida para o cer-
Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia tame, ensejar o retardamento da execução de seu objeto,
do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução
Municipais, quando for o caso, com a comprovação de do contrato, comportar-se de modo inidôneo ou cometer
que atende às exigências do edital quanto à habilitação fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a
jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira; União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e, será des-
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os credenciado no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento
documentos de habilitação que já constem do Sistema de fornecedores a que se refere o inciso XIV do art. 4o des-
de Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e ta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das
sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Fe- multas previstas em edital e no contrato e das demais co-
deral ou Municípios, assegurado aos demais licitantes o minações legais.
Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os de-
direito de acesso aos dados nele constantes;
correntes de meios eletrônicos, serão documentados no
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas
processo respectivo, com vistas à aferição de sua regulari-
no edital, o licitante será declarado vencedor;
dade pelos agentes de controle, nos termos do regulamen-
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitan-
to previsto no art. 2º.
te desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modalida-
examinará as ofertas subsequentes e a qualificação dos de de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho
licitantes, na ordem de classificação, e assim sucessi- de 1993.
vamente, até a apuração de uma que atenda ao edital, Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com
sendo o respectivo licitante declarado vencedor; base na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o de 2001.
pregoeiro poderá negociar diretamente com o propo- Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços
nente para que seja obtido preço melhor; comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Fe-
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante po- deral e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de
derá manifestar imediata e motivadamente a intenção registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21
de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 de junho de 1993, poderão adotar a modalidade de pre-
(três) dias para apresentação das razões do recurso, fi- gão, conforme regulamento específico.

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001,


passa a vigorar acrescida do seguinte artigo: LEI Nº 12.462/11).
“Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão adotar, nas licitações de registro de
preços destinadas à aquisição de bens e serviços comuns
da área da saúde, a modalidade do pregão, inclusive por LEI Nº 12.462, DE 4 DE AGOSTO DE 2011.
meio eletrônico, observando-se o seguinte:
I - são considerados bens e serviços comuns da área Institui o Regime Diferenciado de Contratações Públi-
da saúde, aqueles necessários ao atendimento dos órgãos cas - RDC; altera a Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003,
que integram o Sistema Único de Saúde, cujos padrões de que dispõe sobre a organização da Presidência da Repú-
desempenho e qualidade possam ser objetivamente defi- blica e dos Ministérios, a legislação da Agência Nacional
nidos no edital, por meio de especificações usuais do mer- de Aviação Civil (Anac) e a legislação da Empresa Brasileira
cado. de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero); cria a Secreta-
II - quando o quantitativo total estimado para a contra- ria de Aviação Civil, cargos de Ministro de Estado, cargos
tação ou fornecimento não puder ser atendido pelo licitan- em comissão e cargos de Controlador de Tráfego Aéreo;
te vencedor, admitir-se-á a convocação de tantos licitantes autoriza a contratação de controladores de tráfego aéreo
quantos forem necessários para o atingimento da totali- temporários; altera as Leis nos 11.182, de 27 de setembro
dade do quantitativo, respeitada a ordem de classificação, de 2005, 5.862, de 12 de dezembro de 1972, 8.399, de 7 de
desde que os referidos licitantes aceitem praticar o mesmo janeiro de 1992, 11.526, de 4 de outubro de 2007, 11.458,
preço da proposta vencedora. de 19 de março de 2007, e 12.350, de 20 de dezembro de
III - na impossibilidade do atendimento ao disposto no 2010, e a Medida Provisória no2.185-35, de 24 de agosto
inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados outros de 2001; e revoga dispositivos da Lei no 9.649, de 27 de
preços diferentes da proposta vencedora, desde que se tra- maio de 1998.
te de objetos de qualidade ou desempenho superior, de-
vidamente justificada e comprovada a vantagem, e que as A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o
ofertas sejam em valor inferior ao limite máximo admitido.” Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
cação. CAPÍTULO I
Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da Independência e Do Regime Diferenciado de Contratações Públicas
- RDC
114º da República.
Seção I
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Aspectos Gerais
Pedro Malan
Guilherme Gomes Dias
Art. 1o É instituído o Regime Diferenciado de Contrata-
Este texto não substitui o publicado no DOU de
ções Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações
18.7.2002 e retificado em 30.7.2002
e contratos necessários à realização:
I - dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, cons-
tantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser definida
pela Autoridade Pública Olímpica (APO); e
II - da Copa das Confederações da Federação Inter-
nacional de Futebol Associação - Fifa 2013 e da Copa do
Mundo Fifa 2014, definidos pelo Grupo Executivo - Geco-
pa 2014 do Comitê Gestor instituído para definir, aprovar
e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico das
Ações do Governo Brasileiro para a realização da Copa do
Mundo Fifa 2014 - CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso
de obras públicas, às constantes da matriz de responsabi-
lidades celebrada entre a União, Estados, Distrito Federal
e Municípios;
III - de obras de infraestrutura e de contratação de ser-
viços para os aeroportos das capitais dos Estados da Fe-
deração distantes até 350 km (trezentos e cinquenta qui-
lômetros) das cidades sedes dos mundiais referidos nos
incisos I e II.
IV - das ações integrantes do Programa de Acelera-
ção do Crescimento (PAC) (Incluído pela Lei nº 12.688, de
2012)
V - das obras e serviços de engenharia no âmbito do
Sistema Único de Saúde - SUS. (Incluído pela Lei nº 12.745,
de 2012)

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
VI - das obras e serviços de engenharia para constru- V - projeto executivo: conjunto dos elementos neces-
ção, ampliação e reforma e administração de estabeleci- sários e suficientes à execução completa da obra, de acor-
mentos penais e de unidades de atendimento socioeduca- do com as normas técnicas pertinentes; e
tivo; (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) VI - tarefa: quando se ajusta mão de obra para pe-
VII - das ações no âmbito da segurança pública; (Incluí- quenos trabalhos por preço certo, com ou sem forneci-
do pela Lei nº 13.190, de 2015) mento de materiais.
VIII - das obras e serviços de engenharia, relacionadas Parágrafo único. O projeto básico referido no inciso
a melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de infraes- IV do caput deste artigo deverá conter, no mínimo, sem
trutura logística; e (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) frustrar o caráter competitivo do procedimento licitató-
IX - dos contratos a que se refere o art. 47-A. (Incluído rio, os seguintes elementos:
pela Lei nº 13.190, de 2015) I - desenvolvimento da solução escolhida de forma a
 X - das ações em órgãos e entidades dedicados à ciên- fornecer visão global da obra e identificar seus elementos
cia, à tecnologia e à inovação. (Incluído pela Lei nº 13.243, constitutivos com clareza;
de 2016)
II - soluções técnicas globais e localizadas, suficien-
§ 1o O RDC tem por objetivos:
temente detalhadas, de forma a restringir a necessidade
I - ampliar a eficiência nas contratações públicas e a
de reformulação ou de variantes durante as fases de ela-
competitividade entre os licitantes;
boração do projeto executivo e de realização das obras
II - promover a troca de experiências e tecnologias em
busca da melhor relação entre custos e benefícios para o e montagem a situações devidamente comprovadas em
setor público; ato motivado da administração pública;
III - incentivar a inovação tecnológica; e III - identificação dos tipos de serviços a executar e de
IV - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como
e a seleção da proposta mais vantajosa para a administra- especificações que assegurem os melhores resultados
ção pública. para o empreendimento;
§ 2o A opção pelo RDC deverá constar de forma expres- IV - informações que possibilitem o estudo e a de-
sa do instrumento convocatório e resultará no afastamento dução de métodos construtivos, instalações provisórias e
das normas contidas na Lei no  8.666, de 21 de junho de condições organizacionais para a obra;
1993, exceto nos casos expressamente previstos nesta Lei. V - subsídios para montagem do plano de licitação
§ 3o Além das hipóteses previstas no caput, o RDC tam- e gestão da obra, compreendendo a sua programação,
bém é aplicável às licitações e aos contratos necessários a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e
à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito outros dados necessários em cada caso, exceto, em re-
dos sistemas públicos de ensino e de pesquisa, ciência e lação à respectiva licitação, na hipótese de contratação
tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 13.190, de 2015) integrada;
Art. 2o Na aplicação do RDC, deverão ser observadas as VI - orçamento detalhado do custo global da obra,
seguintes definições: fundamentado em quantitativos de serviços e forneci-
I - empreitada integral: quando se contrata um em- mentos propriamente avaliados.
preendimento em sua integralidade, compreendendo a Art. 3o As licitações e contratações realizadas em
totalidade das etapas de obras, serviços e instalações ne- conformidade com o RDC deverão observar os princí-
cessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a pios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
sua entrega ao contratante em condições de entrada em da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade
operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para administrativa, da economicidade, do desenvolvimento
sua utilização em condições de segurança estrutural e ope- nacional sustentável, da vinculação ao instrumento con-
racional e com as características adequadas às finalidades
vocatório e do julgamento objetivo.
para a qual foi contratada;
Art. 4o Nas licitações e contratos de que trata esta Lei
II - empreitada por preço global: quando se contrata
serão observadas as seguintes diretrizes:
a execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
I - padronização do objeto da contratação relativa-
III - empreitada por preço unitário: quando se contrata
a execução da obra ou do serviço por preço certo de uni- mente às especificações técnicas e de desempenho e,
dades determinadas; quando for o caso, às condições de manutenção, assis-
IV - projeto básico: conjunto de elementos necessários tência técnica e de garantia oferecidas;
e suficientes, com nível de precisão adequado, para, obser- II - padronização de instrumentos convocatórios e
vado o disposto no parágrafo único deste artigo: minutas de contratos, previamente aprovados pelo órgão
a) caracterizar a obra ou serviço de engenharia, ou jurídico competente;
complexo de obras ou serviços objeto da licitação, com III - busca da maior vantagem para a administração
base nas indicações dos estudos técnicos preliminares; pública, considerando custos e benefícios, diretos e in-
b) assegurar a viabilidade técnica e o adequado trata- diretos, de natureza econômica, social ou ambiental, in-
mento do impacto ambiental do empreendimento; e clusive os relativos à manutenção, ao desfazimento de
c) possibilitar a avaliação do custo da obra ou serviço e bens e resíduos, ao índice de depreciação econômica e a
a definição dos métodos e do prazo de execução; outros fatores de igual relevância;

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

IV - condições de aquisição, de seguros, de garantias § 1o  Nas hipóteses em que for adotado o critério de
e de pagamento compatíveis com as condições do setor julgamento por maior desconto, a informação de que trata
privado, inclusive mediante pagamento de remuneração o caput deste artigo constará do instrumento convocatório.
variável conforme desempenho, na forma do art. 10; (Reda- § 2o No caso de julgamento por melhor técnica, o valor
ção dada pela Lei nº 12.980, de 2014) do prêmio ou da remuneração será incluído no instrumen-
V - utilização, sempre que possível, nas planilhas de to convocatório.
custos constantes das propostas oferecidas pelos licitan- § 3o Se não constar do instrumento convocatório, a in-
tes, de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-pri- formação referida no caput  deste artigo possuirá caráter
mas existentes no local da execução, conservação e opera- sigiloso e será disponibilizada estrita e permanentemente
ção do bem, serviço ou obra, desde que não se produzam aos órgãos de controle externo e interno.
prejuízos à eficiência na execução do respectivo objeto e Art. 7o No caso de licitação para aquisição de bens, a
que seja respeitado o limite do orçamento estimado para administração pública poderá:
a contratação; e I - indicar marca ou modelo, desde que formalmente
VI - parcelamento do objeto, visando à ampla parti- justificado, nas seguintes hipóteses:
cipação de licitantes, sem perda de economia de escala. a) em decorrência da necessidade de padronização do
VII - ampla publicidade, em sítio eletrônico, de todas objeto;
as fases e procedimentos do processo de licitação, assim b) quando determinada marca ou modelo comerciali-
como dos contratos, respeitado o art. 6o desta Lei. (Incluí- zado por mais de um fornecedor for a única capaz de aten-
do pela Lei nº 13.173, de 2015) der às necessidades da entidade contratante; ou
§ 1o As contratações realizadas com base no RDC de- c) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser
vem respeitar, especialmente, as normas relativas à: melhor compreendida pela identificação de determinada
I - disposição final ambientalmente adequada dos re- marca ou modelo aptos a servir como referência, situação
síduos sólidos gerados pelas obras contratadas; em que será obrigatório o acréscimo da expressão “ou si-
II - mitigação por condicionantes e compensação am- milar ou de melhor qualidade”;
biental, que serão definidas no procedimento de licencia- II - exigir amostra do bem no procedimento de pré-
mento ambiental; qualificação, na fase de julgamento das propostas ou de
III - utilização de produtos, equipamentos e serviços lances, desde que justificada a necessidade da sua apre-
que, comprovadamente, reduzam o consumo de energia sentação;
e recursos naturais; III - solicitar a certificação da qualidade do produto ou
IV - avaliação de impactos de vizinhança, na forma da do processo de fabricação, inclusive sob o aspecto ambien-
legislação urbanística; tal, por qualquer instituição oficial competente ou por en-
V - proteção do patrimônio cultural, histórico, ar-
tidade credenciada; e
queológico e imaterial, inclusive por meio da avaliação
IV - solicitar, motivadamente, carta de solidariedade
do impacto direto ou indireto causado pelas obras con-
emitida pelo fabricante, que assegure a execução do con-
tratadas; e
trato, no caso de licitante revendedor ou distribuidor.
VI - acessibilidade para o uso por pessoas com defi-
Art. 8o Na execução indireta de obras e serviços de en-
ciência ou com mobilidade reduzida.
genharia, são admitidos os seguintes regimes:
§ 2o O impacto negativo sobre os bens do patrimônio
I - empreitada por preço unitário;
cultural, histórico, arqueológico e imaterial tombados de-
II - empreitada por preço global;
verá ser compensado por meio de medidas determinadas
pela III - contratação por tarefa;
autoridade responsável, na forma da legislação apli- IV - empreitada integral; ou
cável. V - contratação integrada.
§ 1o Nas licitações e contratações de obras e serviços
Seção II de engenharia serão adotados, preferencialmente, os re-
Das Regras Aplicáveis às Licitações no Âmbito do gimes discriminados nos incisos II, IV e V do caput  deste
RDC artigo.
Subseção I § 2o No caso de inviabilidade da aplicação do dispos-
Do Objeto da Licitação to no § 1o deste artigo, poderá ser adotado outro regime
previsto no caput deste artigo, hipótese em que serão in-
Art. 5o O objeto da licitação deverá ser definido de for- seridos nos autos do procedimento os motivos que justifi-
ma clara e precisa no instrumento convocatório, vedadas caram a exceção.
especificações excessivas, irrelevantes ou desnecessárias. § 3o O custo global de obras e serviços de engenharia
Art. 6o  Observado o disposto no § 3o, o orçamento deverá ser obtido a partir de custos unitários de insumos
previamente estimado para a contratação será tornado ou serviços menores ou iguais à mediana de seus corres-
público apenas e imediatamente após o encerramento da pondentes ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
licitação, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos Índices da Construção Civil (Sinapi), no caso de construção
quantitativos e das demais informações necessárias para a civil em geral, ou na tabela do Sistema de Custos de Obras
elaboração das propostas. Rodoviárias (Sicro), no caso de obras e serviços rodoviários.

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 4o No caso de inviabilidade da definição dos custos II - o valor estimado da contratação será calculado
consoante o disposto no § 3o deste artigo, a estimativa de com base nos valores praticados pelo mercado, nos valo-
custo global poderá ser apurada por meio da utilização res pagos pela administração pública em serviços e obras
de dados contidos em tabela de referência formalmente similares ou na avaliação do custo global da obra, aferida
aprovada por órgãos ou entidades da administração pú- mediante orçamento sintético ou metodologia expedi-
blica federal, em publicações técnicas especializadas, em ta ou paramétrica. (Redação dada pela Lei nº 12.980, de
sistema específico instituído para o setor ou em pesquisa 2014)
de mercado. III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.980, de
§ 5o Nas licitações para a contratação de obras e ser- 2014)
viços, com exceção daquelas onde for adotado o regime § 3o Caso seja permitida no anteprojeto de engenharia
previsto no inciso V do caput  deste artigo, deverá haver a apresentação de projetos com metodologias diferencia-
projeto básico aprovado pela autoridade competente, dis- das de execução, o instrumento convocatório estabele-
ponível para exame dos interessados em participar do pro- cerá critérios objetivos para avaliação e julgamento das
cesso licitatório. propostas.
§ 6o No caso de contratações realizadas pelos gover- § 4o Nas hipóteses em que for adotada a contratação
nos municipais, estaduais e do Distrito Federal, desde que integrada, é vedada a celebração de termos aditivos aos
não envolvam recursos da União, o custo global de obras contratos firmados, exceto nos seguintes casos:
e serviços de engenharia a que se refere o § 3odeste artigo I - para recomposição do equilíbrio econômico-finan-
poderá também ser obtido a partir de outros sistemas de ceiro decorrente de caso fortuito ou força maior; e
custos já adotados pelos respectivos entes e aceitos pelos II - por necessidade de alteração do projeto ou das es-
respectivos tribunais de contas. pecificações para melhor adequação técnica aos objetivos
§ 7o É vedada a realização, sem projeto executivo, de da contratação, a pedido da administração pública, desde
obras e serviços de engenharia para cuja concretização te- que não decorrentes de erros ou omissões por parte do
nha sido utilizado o RDC, qualquer que seja o regime ado- contratado, observados os limites previstos no § 1o do art.
tado. 65 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
Art. 9o Nas licitações de obras e serviços de engenha- § 5o Se o anteprojeto contemplar matriz de alocação
ria, no âmbito do RDC, poderá ser utilizada a contratação de riscos entre a administração pública e o contratado, o
integrada, desde que técnica e economicamente justificada valor estimado da contratação poderá considerar taxa de
e cujo objeto envolva, pelo menos, uma das seguintes con- risco compatível com o objeto da licitação e as contingên-
dições: (Redação dada pela Lei nº 12.980, de 2014) cias atribuídas ao contratado, de acordo com metodolo-
I - inovação tecnológica ou técnica; (Incluído pela Lei gia predefinida pela entidade contratante. (Incluído pela
nº 12.980, de 2014) Lei nº 13.190, de 2015)
II - possibilidade de execução com diferentes metodo- Art. 10. Na contratação das obras e serviços, inclusive
logias; ou (Incluído pela Lei nº 12.980, de 2014) de engenharia, poderá ser estabelecida remuneração va-
III - possibilidade de execução com tecnologias de do- riável vinculada ao desempenho da contratada, com base
mínio restrito no mercado. (Incluído pela Lei nº 12.980, de em metas, padrões de qualidade, critérios de sustentabi-
2014) lidade ambiental e prazo de entrega definidos no instru-
§ 1o A contratação integrada compreende a elabora- mento convocatório e no contrato.
ção e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a Parágrafo único. A utilização da remuneração variável
execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, será motivada e respeitará o limite orçamentário fixado
a realização de testes, a pré-operação e todas as demais pela administração pública para a contratação.
operações necessárias e suficientes para a entrega final do Art. 11. A administração pública poderá, mediante
objeto. justificativa expressa, contratar mais de uma empresa ou
§ 2o No caso de contratação integrada: instituição para executar o mesmo serviço, desde que não
I - o instrumento convocatório deverá conter antepro- implique perda de economia de escala, quando:
jeto de engenharia que contemple os documentos técnicos I - o objeto da contratação puder ser executado de
destinados a possibilitar a caracterização da obra ou servi- forma concorrente e simultânea por mais de um contra-
ço, incluindo: tado; ou
a) a demonstração e a justificativa do programa de ne- II - a múltipla execução for conveniente para atender
cessidades, a visão global dos investimentos e as defini- à administração pública.
ções quanto ao nível de serviço desejado; § 1o Nas hipóteses previstas no caput deste artigo, a
b) as condições de solidez, segurança, durabilidade e administração pública deverá manter o controle indivi-
prazo de entrega, observado o disposto no caput  e no § dualizado da execução do objeto contratual relativamen-
1o do art. 6o desta Lei; te a cada uma das contratadas.
c) a estética do projeto arquitetônico; e § 2o O disposto no caput  deste artigo não se aplica
d) os parâmetros de adequação ao interesse público, à aos serviços de engenharia.
economia na utilização, à facilidade na execução, aos im-
pactos ambientais e à acessibilidade;

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Subseção II II - para a contratação de serviços e obras:


Do Procedimento Licitatório a) 15 (quinze) dias úteis, quando adotados os crité-
rios de julgamento pelo menor preço ou pelo maior des-
Art. 12. O procedimento de licitação de que trata esta conto; e
Lei observará as seguintes fases, nesta ordem: b) 30 (trinta) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas
I - preparatória; pela alínea a deste inciso;
II - publicação do instrumento convocatório; III - para licitações em que se adote o critério de julga-
III - apresentação de propostas ou lances; mento pela maior oferta: 10 (dez) dias úteis; e
IV - julgamento; IV - para licitações em que se adote o critério de jul-
V - habilitação; gamento pela melhor combinação de técnica e preço, pela
VI - recursal; e melhor técnica ou em razão do conteúdo artístico: 30 (trin-
VII - encerramento. ta) dias úteis.
Parágrafo único. A fase de que trata o inciso V § 1o A publicidade a que se refere o caput deste artigo,
do caput  deste artigo poderá, mediante ato motivado, sem prejuízo da faculdade de divulgação direta aos forne-
anteceder as referidas nos incisos III e IV do caput deste cedores, cadastrados ou não, será realizada mediante:
artigo, desde que expressamente previsto no instrumen- I - publicação de extrato do edital no Diário Oficial da
to convocatório. União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, ou,
Art. 13. As licitações deverão ser realizadas preferen- no caso de consórcio público, do ente de maior nível entre
cialmente sob a forma eletrônica, admitida a presencial. eles, sem prejuízo da possibilidade de publicação de extra-
Parágrafo único. Nos procedimentos realizados por to em jornal diário de grande circulação; e
meio eletrônico, a administração pública poderá deter- II - divulgação em sítio eletrônico oficial centralizado
minar, como condição de validade e eficácia, que os lici-
de divulgação de licitações ou mantido pelo ente encarre-
tantes pratiquem seus atos em formato eletrônico.
gado do procedimento licitatório na rede mundial de com-
Art. 14. Na fase de habilitação das licitações realiza-
putadores.
das em conformidade com esta Lei, aplicar-se-á, no que
§ 2o No caso de licitações cujo valor não ultrapasse R$
couber, o disposto nos arts. 27 a 33 da Lei nº 8.666, de 21
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para obras ou R$
de junho de 1993, observado o seguinte:
80.000,00 (oitenta mil reais) para bens e serviços, inclusive
I - poderá ser exigida dos licitantes a declaração de
de engenharia, é dispensada a publicação prevista no inci-
que atendem aos requisitos de habilitação;
so I do § 1o deste artigo.
II - será exigida a apresentação dos documentos de
§ 3o No caso de parcelamento do objeto, deverá ser
habilitação apenas pelo licitante vencedor, exceto no
caso de inversão de fases; considerado, para fins da aplicação do disposto no §
III - no caso de inversão de fases, só serão recebidas 2o deste artigo, o valor total da contratação.
as propostas dos licitantes previamente habilitados; e § 4o As eventuais modificações no instrumento convo-
IV - em qualquer caso, os documentos relativos à re- catório serão divulgadas nos mesmos prazos dos atos e
gularidade fiscal poderão ser exigidos em momento pos- procedimentos originais, exceto quando a alteração não
terior ao julgamento das propostas, apenas em relação comprometer a formulação das propostas.
ao licitante mais bem classificado. Art. 16. Nas licitações, poderão ser adotados os modos
Parágrafo único. Nas licitações disciplinadas pelo de disputa aberto e fechado, que poderão ser combinados
RDC: na forma do regulamento.
I - será admitida a participação de licitantes sob a Art. 17. O regulamento disporá sobre as regras e pro-
forma de consórcio, conforme estabelecido em regula- cedimentos de apresentação de propostas ou lances, ob-
mento; e servado o seguinte:
II - poderão ser exigidos requisitos de sustentabilida- I - no modo de disputa aberto, os licitantes apresenta-
de ambiental, na forma da legislação aplicável. rão suas ofertas por meio de lances públicos e sucessivos,
Art. 15. Será dada ampla publicidade aos procedi- crescentes ou decrescentes, conforme o critério de julga-
mentos licitatórios e de pré-qualificação disciplinados mento adotado;
por esta Lei, ressalvadas as hipóteses de informações cujo II - no modo de disputa fechado, as propostas apre-
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do sentadas pelos licitantes serão sigilosas até a data e hora
Estado, devendo ser adotados os seguintes prazos míni- designadas para que sejam divulgadas; e
mos para apresentação de propostas, contados a partir III - nas licitações de obras ou serviços de engenharia,
da data de publicação do instrumento convocatório: após o julgamento das propostas, o licitante vencedor de-
I - para aquisição de bens: verá reelaborar e apresentar à administração pública, por
a) 5 (cinco) dias úteis, quando adotados os critérios meio eletrônico, as planilhas com indicação dos quantita-
de julgamento pelo menor preço ou pelo maior descon- tivos e dos custos unitários, bem como do detalhamento
to; e das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos
b) 10 (dez) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas Sociais (ES), com os respectivos valores adequados ao lan-
pela alínea a deste inciso; ce vencedor.

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 1o Poderão ser admitidos, nas condições estabeleci- I - de natureza predominantemente intelectual e de
das em regulamento: inovação tecnológica ou técnica; ou
I - a apresentação de lances intermediários, durante a II - que possam ser executados com diferentes meto-
disputa aberta; e dologias ou tecnologias de domínio restrito no mercado,
II - o reinício da disputa aberta, após a definição da pontuando-se as vantagens e qualidades que eventual-
melhor proposta e para a definição das demais coloca- mente forem oferecidas para cada produto ou solução.
ções, sempre que existir uma diferença de pelo menos § 2o É permitida a atribuição de fatores de pondera-
10% (dez por cento) entre o melhor lance e o do licitante ção distintos para valorar as propostas técnicas e de preço,
subsequente. sendo o percentual de ponderação mais relevante limitado
§ 2o Consideram-se intermediários os lances: a 70% (setenta por cento).
I - iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando Art. 21. O julgamento pela melhor técnica ou pelo me-
adotado o julgamento pelo critério da maior oferta; ou lhor conteúdo artístico considerará exclusivamente as pro-
II - iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando postas técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes
adotados os demais critérios de julgamento. com base em critérios objetivos previamente estabelecidos
Art. 18. Poderão ser utilizados os seguintes critérios de no instrumento convocatório, no qual será definido o prê-
julgamento: mio ou a remuneração que será atribuída aos vencedores.
I - menor preço ou maior desconto; Parágrafo único. O critério de julgamento referido
II - técnica e preço; no caput deste artigo poderá ser utilizado para a contra-
III - melhor técnica ou conteúdo artístico; tação de projetos, inclusive arquitetônicos, e trabalhos de
IV - maior oferta de preço; ou natureza técnica, científica ou artística, excluindo-se os
V - maior retorno econômico. projetos de engenharia.
§ 1o O critério de julgamento será identificado no ins- Art. 22. O julgamento pela maior oferta de preço será
trumento convocatório, observado o disposto nesta Lei. utilizado no caso de contratos que resultem em receita
§ 2o O julgamento das propostas será efetivado pelo para a administração pública.
emprego de parâmetros objetivos definidos no instrumen- § 1o Quando utilizado o critério de julgamento pela
to convocatório. maior oferta de preço, os requisitos de qualificação técnica
§ 3o Não serão consideradas vantagens não previstas e econômico-financeira poderão ser dispensados, confor-
no instrumento convocatório, inclusive financiamentos me dispuser o regulamento.
subsidiados ou a fundo perdido. § 2o No julgamento pela maior oferta de preço, poderá
Art. 19. O julgamento pelo menor preço ou maior des- ser exigida a comprovação do recolhimento de quantia a
conto considerará o menor dispêndio para a administra- título de garantia, como requisito de habilitação, limitada a
ção pública, atendidos os parâmetros mínimos de quali- 5% (cinco por cento) do valor ofertado.
dade definidos no instrumento convocatório. § 3o Na hipótese do § 2o deste artigo, o licitante vence-
§ 1o Os custos indiretos, relacionados com as despesas dor perderá o valor da entrada em favor da administração
de manutenção, utilização, reposição, depreciação e im- pública caso não efetive o pagamento devido no prazo es-
pacto ambiental, entre outros fatores, poderão ser con- tipulado.
siderados para a definição do menor dispêndio, sempre Art. 23. No julgamento pelo maior retorno econômico,
que objetivamente mensuráveis, conforme dispuser o re- utilizado exclusivamente para a celebração de contratos de
gulamento. eficiência, as propostas serão consideradas de forma a se-
§ 2o O julgamento por maior desconto terá como re- lecionar a que proporcionará a maior economia para a ad-
ferência o preço global fixado no instrumento convoca- ministração pública decorrente da execução do contrato.
tório, sendo o desconto estendido aos eventuais termos § 1o O contrato de eficiência terá por objeto a presta-
aditivos. ção de serviços, que pode incluir a realização de obras e
§ 3o No caso de obras ou serviços de engenharia, o per- o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar
centual de desconto apresentado pelos licitantes deverá economia ao contratante, na forma de redução de despe-
incidir linearmente sobre os preços de todos os itens do or- sas correntes, sendo o contratado remunerado com base
çamento estimado constante do instrumento convocatório. em percentual da economia gerada.
Art. 20. No julgamento pela melhor combinação de § 2o Na hipótese prevista no caput deste artigo, os li-
técnica e preço, deverão ser avaliadas e ponderadas as citantes apresentarão propostas de trabalho e de preço,
propostas técnicas e de preço apresentadas pelos licitan- conforme dispuser o regulamento.
tes, mediante a utilização de parâmetros objetivos obriga- § 3o Nos casos em que não for gerada a economia pre-
toriamente inseridos no instrumento convocatório. vista no contrato de eficiência:
§ 1o O critério de julgamento a que se refere I - a diferença entre a economia contratada e a efeti-
o caput deste artigo será utilizado quando a avaliação e a vamente obtida será descontada da remuneração da con-
ponderação da qualidade técnica das propostas que supe- tratada;
rarem os requisitos mínimos estabelecidos no instrumento II - se a diferença entre a economia contratada e a efe-
convocatório forem relevantes aos fins pretendidos pela tivamente obtida for superior à remuneração da contrata-
administração pública, e destinar-se-á exclusivamente a da, será aplicada multa por inexecução contratual no valor
objetos: da diferença; e

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

III - a contratada sujeitar-se-á, ainda, a outras sanções Art. 28. Exauridos os recursos administrativos, o proce-
cabíveis caso a diferença entre a economia contratada e a dimento licitatório será encerrado e encaminhado à autori-
efetivamente obtida seja superior ao limite máximo esta- dade superior, que poderá:
belecido no contrato. I - determinar o retorno dos autos para saneamento de
Art. 24. Serão desclassificadas as propostas que: irregularidades que forem supríveis;
I - contenham vícios insanáveis; II - anular o procedimento, no todo ou em parte, por
II - não obedeçam às especificações técnicas pormeno- vício insanável;
rizadas no instrumento convocatório; III - revogar o procedimento por motivo de conveniên-
III - apresentem preços manifestamente inexequíveis cia e oportunidade; ou
ou permaneçam acima do orçamento estimado para a con- IV - adjudicar o objeto e homologar a licitação.
tratação, inclusive nas hipóteses previstas no art. 6o desta
Lei; Subseção III
IV - não tenham sua exequibilidade demonstrada, Dos Procedimentos Auxiliares das Licitações no
quando exigido pela administração pública; ou Âmbito do RDC
V - apresentem desconformidade com quaisquer ou-
tras exigências do instrumento convocatório, desde que Art. 29. São procedimentos auxiliares das licitações re-
insanáveis. gidas pelo disposto nesta Lei:
§ 1o A verificação da conformidade das propostas po- I - pré-qualificação permanente;
derá ser feita exclusivamente em relação à proposta mais II - cadastramento;
bem classificada. III - sistema de registro de preços; e
§ 2o A administração pública poderá realizar diligências IV - catálogo eletrônico de padronização.
para aferir a exequibilidade das propostas ou exigir dos li- Parágrafo único. Os procedimentos de que trata
citantes que ela seja demonstrada, na forma do inciso IV o caput deste artigo obedecerão a critérios claros e objeti-
do caput deste artigo. vos definidos em regulamento.
§ 3o No caso de obras e serviços de engenharia, para Art. 30. Considera-se pré-qualificação permanente o
efeito de avaliação da exequibilidade e de sobrepreço, se- procedimento anterior à licitação destinado a identificar:
rão considerados o preço global, os quantitativos e os pre- I - fornecedores que reúnam condições de habilitação
ços unitários considerados relevantes, conforme dispuser o exigidas para o fornecimento de bem ou a execução de
regulamento. serviço ou obra nos prazos, locais e condições previamente
Art. 25. Em caso de empate entre 2 (duas) ou mais pro- estabelecidos; e
postas, serão utilizados os seguintes critérios de desempa- II - bens que atendam às exigências técnicas e de qua-
te, nesta ordem: lidade da administração pública.
I - disputa final, em que os licitantes empatados pode- § 1o O procedimento de pré-qualificação ficará perma-
rão apresentar nova proposta fechada em ato contínuo à nentemente aberto para a inscrição dos eventuais interes-
classificação; sados.
II - a avaliação do desempenho contratual prévio dos § 2o A administração pública poderá realizar licitação
licitantes, desde que exista sistema objetivo de avaliação restrita aos pré-qualificados, nas condições estabelecidas
instituído; em regulamento.
III - os critérios estabelecidos no art. 3o da Lei no 8.248, § 3o A pré-qualificação poderá ser efetuada nos grupos
de 23 de outubro de 1991, e no § 2º do art. 3º da Lei nº ou segmentos, segundo as especialidades dos fornecedo-
8.666, de 21 de junho de 1993; e res.
IV - sorteio. § 4o A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, con-
Parágrafo único. As regras previstas no caput deste ar- tendo alguns ou todos os requisitos de habilitação ou téc-
tigo não prejudicam a aplicação do disposto no art. 44 da nicos necessários à contratação, assegurada, em qualquer
Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. hipótese, a igualdade de condições entre os concorrentes.
Art. 26. Definido o resultado do julgamento, a adminis- § 5o A pré-qualificação terá validade de 1 (um) ano, no
tração pública poderá negociar condições mais vantajosas máximo, podendo ser atualizada a qualquer tempo.
com o primeiro colocado. Art. 31. Os registros cadastrais poderão ser mantidos
Parágrafo único. A negociação poderá ser feita com os para efeito de habilitação dos inscritos em procedimentos
demais licitantes, segundo a ordem de classificação inicial- licitatórios e serão válidos por 1 (um) ano, no máximo, po-
mente estabelecida, quando o preço do primeiro colocado, dendo ser atualizados a qualquer tempo.
mesmo após a negociação, for desclassificado por sua pro- § 1o Os registros cadastrais serão amplamente divul-
posta permanecer acima do orçamento estimado. gados e ficarão permanentemente abertos para a inscrição
Art. 27. Salvo no caso de inversão de fases, o procedi- de interessados.
mento licitatório terá uma fase recursal única, que se segui- § 2o Os inscritos serão admitidos segundo requisitos
rá à habilitação do vencedor. previstos em regulamento.
Parágrafo único. Na fase recursal, serão analisados os § 3o A atuação do licitante no cumprimento de obri-
recursos referentes ao julgamento das propostas ou lances gações assumidas será anotada no respectivo registro ca-
e à habilitação do vencedor. dastral.

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 4o A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso Subseção V
ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer Da Dispensa e Inexigibilidade de Licitação
as exigências de habilitação ou as estabelecidas para ad-
missão cadastral. Art. 35. As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de
Art. 32. O Sistema de Registro de Preços, especifica- licitação estabelecidas nos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de
mente destinado às licitações de que trata esta Lei, reger- 21 de junho de 1993, aplicam-se, no que couber, às contra-
se-á pelo disposto em regulamento. tações realizadas com base no RDC.
§ 1o Poderá aderir ao sistema referido no caput deste Parágrafo único. O processo de contratação por dis-
artigo qualquer órgão ou entidade responsável pela execu- pensa ou inexigibilidade de licitação deverá seguir o proce-
ção das atividades contempladas no art. 1o desta Lei. dimento previsto no art. 26 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
§ 2o O registro de preços observará, entre outras, as de 1993.
seguintes condições:
I - efetivação prévia de ampla pesquisa de mercado;
Subseção VI
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos
Das Condições Específicas para a Participação nas
em regulamento;
Licitações
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle
e para a Contratação no RDC
e atualização periódicos dos preços registrados;
IV - definição da validade do registro; e
V - inclusão, na respectiva ata, do registro dos licitantes Art. 36. É vedada a participação direta ou indireta nas
que aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais licitações de que trata esta Lei:
ao do licitante vencedor na sequência da classificação do I - da pessoa física ou jurídica que elaborar o projeto
certame, assim como dos licitantes que mantiverem suas básico ou executivo correspondente;
propostas originais. II - da pessoa jurídica que participar de consórcio res-
§ 3o A existência de preços registrados não obriga a ponsável pela elaboração do projeto básico ou executivo
administração pública a firmar os contratos que deles po- correspondente;
derão advir, sendo facultada a realização de licitação es- III - da pessoa jurídica da qual o autor do projeto bási-
pecífica, assegurada ao licitante registrado preferência em co ou executivo seja administrador, sócio com mais de 5%
igualdade de condições. (cinco por cento) do capital votante, controlador, gerente,
Art. 33. O catálogo eletrônico de padronização de responsável técnico ou subcontratado; ou
compras, serviços e obras consiste em sistema informati- IV - do servidor, empregado ou ocupante de cargo em
zado, de gerenciamento centralizado, destinado a permitir comissão do órgão ou entidade contratante ou responsá-
a padronização dos itens a serem adquiridos pela adminis- vel pela licitação.
tração pública que estarão disponíveis para a realização de § 1o Não se aplica o disposto nos incisos I, II e III
licitação. do caput deste artigo no caso das contratações integradas.
Parágrafo único. O catálogo referido no caput  deste § 2o O disposto no caput deste artigo não impede, nas
artigo poderá ser utilizado em licitações cujo critério de licitações para a contratação de obras ou serviços, a previ-
julgamento seja a oferta de menor preço ou de maior des- são de que a elaboração de projeto executivo constitua en-
conto e conterá toda a documentação e procedimentos da cargo do contratado, consoante preço previamente fixado
fase interna da licitação, assim como as especificações dos pela administração pública.
respectivos objetos, conforme disposto em regulamento. § 3o É permitida a participação das pessoas físicas ou
jurídicas de que tratam os incisos II e III do caput deste ar-
Subseção IV
tigo em licitação ou na execução do contrato, como con-
Da Comissão de Licitação
sultor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão
ou gerenciamento, exclusivamente a serviço do órgão ou
Art. 34. As licitações promovidas consoante o RDC se-
entidade pública interessados.
rão processadas e julgadas por comissão permanente ou
especial de licitações, composta majoritariamente por ser- § 4o  Para fins do disposto neste artigo, considera-se
vidores ou empregados públicos pertencentes aos quadros participação indireta a existência de qualquer vínculo de
permanentes dos órgãos ou entidades da administração natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou tra-
pública responsáveis pela licitação. balhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica,
§ 1o As regras relativas ao funcionamento das comis- e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos
sões de licitação e da comissão de cadastramento de que e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços
trata esta Lei serão estabelecidas em regulamento. a estes necessários.
§ 2o Os membros da comissão de licitação responderão § 5o O disposto no § 4o deste artigo aplica-se aos mem-
solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, bros da comissão de licitação.
salvo se posição individual divergente estiver registrada na Art. 37. É vedada a contratação direta, sem licitação, de
ata da reunião em que houver sido adotada a respectiva pessoa jurídica na qual haja administrador ou sócio com
decisão. poder de direção que mantenha relação de parentesco, in-
clusive por afinidade, até o terceiro grau civil com:

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

I - detentor de cargo em comissão ou função de con- Art. 44. As normas referentes à anulação e revogação
fiança que atue na área responsável pela demanda ou con- das licitações previstas no art. 49 da Lei no  8.666, de 21
tratação; e de junho de 1993, aplicar-se-ão às contratações realizadas
II - autoridade hierarquicamente superior no âmbito com base no disposto nesta Lei. 
de cada órgão ou entidade da administração pública. Art. 44-A. Nos contratos regidos por esta Lei, pode-
Art. 38. Nos processos de contratação abrangidos por rá ser admitido o emprego dos mecanismos privados de
esta Lei, aplicam-se as preferências para fornecedores ou resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a ser reali-
tipos de bens, serviços e obras previstos na legislação, em zada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei
especial as referidas: no 9.307, de 23 de setembro de 1996, e a mediação, para
I - no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991; dirimir conflitos decorrentes da sua execução ou a ela rela-
II - no art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; e cionados. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015)
III - nos arts. 42 a 49 da Lei Complementar no 123, de
14 de dezembro de 2006. Seção IV
Dos Pedidos de Esclarecimento, Impugnações e
Seção III Recursos
Das Regras Específicas Aplicáveis aos Contratos
Celebrados no Âmbito do RDC Art. 45. Dos atos da administração pública decorrentes
da aplicação do RDC caberão:
Art. 39. Os contratos administrativos celebrados com I - pedidos de esclarecimento e impugnações ao ins-
base no RDC reger-se-ão pelas normas da Lei nº 8.666, de trumento convocatório no prazo mínimo de:
21 de junho de 1993, com exceção das regras específicas a) até 2 (dois) dias úteis antes da data de abertura das
previstas nesta Lei. propostas, no caso de licitação para aquisição ou alienação
Art. 40. É facultado à administração pública, quando o de bens; ou
convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar b) até 5 (cinco) dias úteis antes da data de abertura das
propostas, no caso de licitação para contratação de obras
ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições
ou serviços;
estabelecidos:
II - recursos, no prazo de 5 (cinco) dias úteis contados a
I - revogar a licitação, sem prejuízo da aplicação das
partir da data da intimação ou da lavratura da ata, em face:
cominações previstas na Lei no  8.666, de 21 de junho de
a) do ato que defira ou indefira pedido de pré-qualifi-
1993, e nesta Lei; ou
cação de interessados;
II - convocar os licitantes remanescentes, na ordem de
b) do ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
classificação, para a celebração do contrato nas condições
c) do julgamento das propostas;
ofertadas pelo licitante vencedor.
d) da anulação ou revogação da licitação;
Parágrafo único. Na hipótese de nenhum dos licitantes e) do indeferimento do pedido de inscrição em registro
aceitar a contratação nos termos do inciso II do caput des- cadastral, sua alteração ou cancelamento;
te artigo, a administração pública poderá convocar os li- f) da rescisão do contrato, nas hipóteses previstas
citantes remanescentes, na ordem de classificação, para a no  inciso I do art. 79 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
celebração do contrato nas condições ofertadas por estes, 1993;
desde que o respectivo valor seja igual ou inferior ao orça- g) da aplicação das penas de advertência, multa, de-
mento estimado para a contratação, inclusive quanto aos claração de inidoneidade, suspensão temporária de parti-
preços atualizados nos termos do instrumento convoca- cipação em licitação e impedimento de contratar com a
tório. administração pública; e
Art. 41. Na hipótese do  inciso XI do art. 24 da Lei III - representações, no prazo de 5 (cinco) dias úteis
no  8.666, de 21 de junho de 1993, a contratação de re- contados a partir da data da intimação, relativamente a
manescente de obra, serviço ou fornecimento de bens em atos de que não caiba recurso hierárquico.
consequência de rescisão contratual observará a ordem de § 1o Os licitantes que desejarem apresentar os recursos
classificação dos licitantes remanescentes e as condições de que tratam as alíneas a, b e c do inciso II do caput deste
por estes ofertadas, desde que não seja ultrapassado o or- artigo deverão manifestar imediatamente a sua intenção
çamento estimado para a contratação. de recorrer, sob pena de preclusão.
Art. 42. Os contratos para a execução das obras previs- § 2o O prazo para apresentação de contrarrazões será
tas no plano plurianual poderão ser firmados pelo período o mesmo do recurso e começará imediatamente após o
nele compreendido, observado o disposto no caput do art. encerramento do prazo recursal.
57 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3o É assegurado aos licitantes vista dos elementos in-
Art. 43. Na hipótese do  inciso II do art. 57 da Lei no dispensáveis à defesa de seus interesses.
8.666, de 21 de junho de 1993, os contratos celebrados § 4o Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Lei,
pelos entes públicos responsáveis pelas atividades descri- excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento.
tas nos incisos I a III do art. 1o desta Lei poderão ter sua § 5o Os prazos previstos nesta Lei iniciam e expiram
vigência estabelecida até a data da extinção da APO. (Re- exclusivamente em dia de expediente no âmbito do órgão
dação dada pela Lei nº 12.688, de 2012) ou entidade.

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
§ 6o O recurso será dirigido à autoridade superior, por CAPÍTULO II
intermédio da autoridade que praticou o ato recorrido, ca- Outras Disposições
bendo a esta reconsiderar sua decisão no prazo de 5 (cinco) Seção I
dias úteis ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamen- Alterações da Organização da Presidência da Re-
te informado, devendo, neste caso, a decisão do recurso ser pública e dos Ministérios
proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contados
do seu recebimento, sob pena de apuração de responsabi- Art. 48. A Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, passa
lidade. a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 46. Aplica-se ao RDC o disposto no art. 113 da Lei “Art. 1o A Presidência da República é constituída, es-
nº 8.666, de 21 de junho de 1993. sencialmente:
I - pela Casa Civil;
Seção V II - pela Secretaria-Geral;
Das Sanções Administrativas III - pela Secretaria de Relações Institucionais;
IV - pela Secretaria de Comunicação Social;
Art. 47. Ficará impedido de licitar e contratar com a
V - pelo Gabinete Pessoal;
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, pelo prazo
VI - pelo Gabinete de Segurança Institucional;
de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas no
VII - pela Secretaria de Assuntos Estratégicos;
instrumento convocatório e no contrato, bem como das de-
mais cominações legais, o licitante que: VIII - pela Secretaria de Políticas para as Mulheres;
I - convocado dentro do prazo de validade da sua pro- IX - pela Secretaria de Direitos Humanos;
posta não celebrar o contrato, inclusive nas hipóteses pre- X - pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igual-
vistas no parágrafo único do art. 40 e no art. 41 desta Lei; dade Racial;
II - deixar de entregar a documentação exigida para o XI - pela Secretaria de Portos; e
certame ou apresentar documento falso; XII - pela Secretaria de Aviação Civil.
III - ensejar o retardamento da execução ou da entrega § 1o ..............................................................................
do objeto da licitação sem motivo justificado; ............................................................................................
IV - não mantiver a proposta, salvo se em decorrência X - o Conselho de Aviação Civil.
de fato superveniente, devidamente justificado; ............................................................................” (NR)
V - fraudar a licitação ou praticar atos fraudulentos na “Art. 2o À Casa Civil da Presidência da República com-
execução do contrato; pete:
VI - comportar-se de modo inidôneo ou cometer frau- I - assistir direta e imediatamente ao Presidente da
de fiscal; ou República no desempenho de suas atribuições, especial-
VII - der causa à inexecução total ou parcial do contrato. mente:
§ 1o A aplicação da sanção de que trata o caput  des- a) na coordenação e na integração das ações do Go-
te artigo implicará ainda o descredenciamento do licitante, verno;
pelo prazo estabelecido no caput deste artigo, dos sistemas b) na verificação prévia da constitucionalidade e lega-
de cadastramento dos entes federativos que compõem a lidade dos atos presidenciais;
Autoridade Pública Olímpica. c) na análise do mérito, da oportunidade e da compa-
§ 2o As sanções administrativas, criminais e demais re- tibilidade das propostas, inclusive das matérias em trami-
gras previstas no Capítulo IV da Lei nº 8.666, de 21 de junho tação no Congresso Nacional, com as diretrizes governa-
de 1993, aplicam-se às licitações e aos contratos regidos mentais;
por esta Lei. d) na avaliação e monitoramento da ação governa-
Art. 47-A. A administração pública poderá firmar con-
mental e da gestão dos órgãos e entidades da administra-
tratos de locação de bens móveis e imóveis, nos quais o lo-
ção pública federal;
cador realiza prévia aquisição, construção ou reforma subs-
II - promover a publicação e a preservação dos atos
tancial, com ou sem aparelhamento de bens, por si mesmo
oficiais.
ou por terceiros, do bem especificado pela administração.
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) Parágrafo único. A Casa Civil tem como estrutura bá-
§ 1o A contratação referida no caput sujeita-se à mesma sica:
disciplina de dispensa e inexigibilidade de licitação aplicável I - o Conselho Deliberativo do Sistema de Proteção da
às locações comuns. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) Amazônia;
§ 2o A contratação referida no caput poderá prever a II - a Imprensa Nacional;
reversão dos bens à administração pública ao final da loca- III - o Gabinete;
ção, desde que estabelecida no contrato. (Incluído pela Lei IV - a Secretaria-Executiva; e
nº 13.190, de 2015) V - até 3 (três) Subchefias.” (NR)
§ 3o O valor da locação a que se refere o caput não po- “Art. 3o ..............................…………………...................
derá exceder, ao mês, 1% (um por cento) do valor do bem .............................................................................................
locado. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015)

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

§ 1o À Secretaria-Geral da Presidência da República “Art. 24-D. À Secretaria de Aviação Civil compete:


compete ainda: I - formular, coordenar e supervisionar as políticas para
I - supervisão e execução das atividades administrati- o desenvolvimento do setor de aviação civil e das infraes-
vas da Presidência da República e, supletivamente, da Vice truturas aeroportuária e aeronáutica civil, em articulação,
-Presidência da República; e no que couber, com o Ministério da Defesa;
II - avaliação da ação governamental e do resultado da II - elaborar estudos e projeções relativos aos assuntos
gestão dos administradores, no âmbito dos órgãos inte- de aviação civil e de infraestruturas aeroportuária e aero-
grantes da Presidência da República e Vice-Presidência da náutica civil e sobre a logística do transporte aéreo e do
República, além de outros determinados em legislação es- transporte intermodal e multimodal, ao longo de eixos e
pecífica, por intermédio da fiscalização contábil, financeira, fluxos de produção em articulação com os demais órgãos
orçamentária, operacional e patrimonial. governamentais competentes, com atenção às exigências
§ 2o A Secretaria-Geral da Presidência da República tem de mobilidade urbana e acessibilidade;
como estrutura básica: III - formular e implementar o planejamento estraté-
I - o Conselho Nacional de Juventude; gico do setor, definindo prioridades dos programas de in-
II - o Gabinete; vestimentos;
III - a Secretaria-Executiva; IV - elaborar e aprovar os planos de outorgas para ex-
IV - a Secretaria Nacional de Juventude; ploração da infraestrutura aeroportuária, ouvida a Agência
V - até 5 (cinco) Secretarias; e Nacional de Aviação Civil (Anac);
VI - 1 (um) órgão de Controle Interno. V - propor ao Presidente da República a declaração
§ 3o Caberá ao Secretário-Executivo da Secretaria-Geral de utilidade pública, para fins de desapropriação ou ins-
da Presidência da República exercer, além da supervisão e tituição de servidão administrativa, dos bens necessários à
da coordenação das Secretarias integrantes da estrutura da construção, manutenção e expansão da infraestrutura ae-
Secretaria-Geral da Presidência da República subordinadas ronáutica e aeroportuária;
ao Ministro de Estado, as funções que lhe forem por este VI - administrar recursos e programas de desenvolvi-
atribuídas.” (NR) mento da infraestrutura de aviação civil;
“Art. 6o Ao Gabinete de Segurança Institucional da Pre- VII - coordenar os órgãos e entidades do sistema de
sidência da República compete: aviação civil, em articulação com o Ministério da Defesa,
I - assistir direta e imediatamente ao Presidente da Re- no que couber; e
pública no desempenho de suas atribuições; VIII - transferir para Estados, Distrito Federal e Municí-
II - prevenir a ocorrência e articular o gerenciamento pios a implantação, administração, operação, manutenção
de crises, em caso de grave e iminente ameaça à estabili- e exploração de aeródromos públicos, direta ou indireta-
dade institucional; mente.
III - realizar o assessoramento pessoal em assuntos mi- Parágrafo único. A Secretaria de Aviação Civil tem
litares e de segurança; como estrutura básica o Gabinete, a Secretaria-Executiva e
IV - coordenar as atividades de inteligência federal e de até 3 (três) Secretarias.”
segurança da informação; “Art. 25. ......................................................................
V - zelar, assegurado o exercício do poder de polícia, .............................................................................................
pela segurança pessoal do Chefe de Estado, do Vice-Pre- Parágrafo único. São Ministros de Estado:
sidente da República e respectivos familiares, dos titulares I - os titulares dos Ministérios;
dos órgãos essenciais da Presidência da República e de ou- II - os titulares das Secretarias da Presidência da Re-
tras autoridades ou personalidades quando determinado pública;
pelo Presidente da República, bem como pela segurança III - o Advogado-Geral da União;
dos palácios presidenciais e das residências do Presidente IV - o Chefe da Casa Civil da Presidência da República;
e do Vice-Presidente da República. V - o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da
§ 1o (Revogado). Presidência da República;
§ 2o (Revogado). VI - o Chefe da Controladoria-Geral da União;
........................................................................... VII - o Presidente do Banco Central do Brasil.” (NR)
§ 4o O Gabinete de Segurança Institucional da Presi- “Art. 27. .......................................................................
dência da República tem como estrutura básica: .............................................................................................
I - a Agência Brasileira de Inteligência (Abin); VII - Ministério da Defesa:
II - o Gabinete; .............................................................................................
III - a Secretaria-Executiva; e y) infraestrutura aeroespacial e aeronáutica;
IV - até 3 (três) Secretarias.” (NR) z) operacionalização do Sistema de Proteção da Ama-
“Art. 11-A. Ao Conselho de Aviação Civil, presidido pelo zônia (Sipam);
Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Aviação Civil da ...........................................................................................
Presidência da República, com composição e funciona- XII - .............................................................................
mento estabelecidos pelo Poder Executivo, compete esta- ...........................................................................................
belecer as diretrizes da política relativa ao setor de aviação i) ...................................................................................
civil.” .............................................................................................

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
6. (revogado); Parágrafo único. O quadro de servidores efetivos dos
............................................................................................. órgãos de que trata este artigo será transferido para os Mi-
XIV - .............................................................................. nistérios e órgãos que tiverem absorvido as corresponden-
............................................................................................. tes competências.
m) articulação, coordenação, supervisão, integração e Art. 51. O Ministério da Defesa e o Ministério do Pla-
proposição das ações do Governo e do Sistema Nacional nejamento, Orçamento e Gestão adotarão, até 1o de junho
de Políticas sobre Drogas nos aspectos relacionados com de 2011, as providências necessárias para a efetivação das
as atividades de prevenção, repressão ao tráfico ilícito e à transferências de que trata esta Lei, inclusive quanto à mo-
produção não autorizada de drogas, bem como aquelas re- vimentação das dotações orçamentárias destinadas aos ór-
lacionadas com o tratamento, a recuperação e a reinserção gãos transferidos.
social de usuários e dependentes e ao Plano Integrado de Parágrafo único. No prazo de que trata o caput, o Mi-
Enfrentamento ao Crack e outras Drogas; nistério da Defesa prestará o apoio administrativo e jurídi-
n) política nacional de arquivos; e co necessário para garantir a continuidade das atividades
o) assistência ao Presidente da República em matérias da Secretaria de Aviação Civil.
não afetas a outro Ministério; Art. 52. Os servidores e militares requisitados pela Pre-
...................................................................................” (NR) sidência da República em exercício, em 31 de dezembro
“Art. 29. ..................................................................... de 2010, no Centro Gestor e Operacional do Sistema de
........................................................................................... Proteção da Amazônia, no Arquivo Nacional e na Secretaria
VI - do  Ministério da Cultura: o Conselho Superior Nacional de Políticas sobre Drogas, poderão permanecer
do Cinema, o Conselho Nacional de Política Cultural, a à disposição, respectivamente, do Ministério da Defesa e
Comissão Nacional de Incentivo à Cultura e até 6 (seis) do Ministério da Justiça, para exercício naquelas unidades,
Secretarias; bem como ser novamente requisitados caso tenham retor-
VII - do Ministério da Defesa: o Conselho Militar de nado aos órgãos ou entidades de origem antes de 18 de
Defesa, o Comando da Marinha, o Comando do Exército, março de 2011. (Produção de efeitos)
o Comando da Aeronáutica, o Estado-Maior Conjunto das § 1o Os servidores e militares de que trata o caput po-
Forças Armadas, a Escola Superior de Guerra, o Centro derão ser designados para o exercício de Gratificações de
Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia Representação da Presidência da República ou de Gratifica-
(Censipam), o Hospital das Forças Armadas, a Represen- ção de Exercício em Cargo de Confiança nos órgãos da Pre-
tação Brasileira na Junta Interamericana de Defesa, até 3 sidência da República devida aos militares enquanto per-
(três) Secretarias e um órgão de Controle Interno; manecerem nos órgãos para os quais foram requisitados.
............................................................................................. § 2o (Revogado pela Lei nº 12.702, de 2012)
XIV - do Ministério da Justiça: o Conselho Nacional de § 3o Aplica-se o disposto no parágrafo único do art.
Política Criminal e Penitenciária, o Conselho Nacional de 2  da Lei no 9.007, de 17 de março de 1995, aos servidores
o

Segurança Pública, o Conselho Federal Gestor do Fundo de referidos neste artigo.


Defesa dos Direitos Difusos, o Conselho Nacional de Com-
bate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual, Seção II
o Conselho Nacional de Arquivos, o Conselho Nacional de Das Adaptações da Legislação da Anac
Políticas sobre Drogas, o Departamento de Polícia Federal,
o Departamento de Polícia Rodoviária Federal, o Departa- Art. 53. A Lei no  11.182, de 27 de setembro de 2005,
mento de Polícia Ferroviária Federal, a Defensoria Pública passa a vigorar com as seguintes alterações:
da União, o Arquivo Nacional e até 6 (seis) Secretarias; “Art. 3o   A Anac, no exercício de suas competências,
.......................................................................................... deverá observar e implementar as orientações, diretrizes e
§ 3o (Revogado). políticas estabelecidas pelo governo federal, especialmen-
............................................................................................ te no que se refere a:
§ 8o Os profissionais da Segurança Pública Ferroviária ...................................................................................” (NR)
oriundos do grupo Rede, Rede Ferroviária Federal (RFFSA), “Art. 8o ...........…………...............……….....................
da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Em- ...........................................................................................
presa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) que es- XXII - aprovar os planos diretores dos aeroportos;
tavam em exercício em 11 de dezembro de 1990, passam a XXIII - (revogado);
integrar o Departamento de Polícia Ferroviária Federal do ............................................................................................
Ministério da Justiça.” (NR) XXVII - (revogado);
Art. 49. São transferidas as competências referentes à XXVIII - fiscalizar a observância dos requisitos técni-
aviação civil do Ministério da Defesa para a Secretaria de cos na construção, reforma e ampliação de aeródromos e
Aviação Civil. aprovar sua abertura ao tráfego;
Art. 50. O acervo patrimonial dos órgãos transferidos, ............................................................................................
incorporados ou desmembrados por esta Lei será transfe- XXXIX - apresentar ao Ministro de Estado Chefe da Se-
rido para os Ministérios, órgãos e entidades que tiverem cretaria de Aviação Civil da Presidência da República pro-
absorvido as correspondentes competências. posta de orçamento;

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

XL - elaborar e enviar o relatório anual de suas ativi- Seção V


dades à Secretaria de Aviação Civil da Presidência da Re- Dos Cargos Decorrentes da Reestruturação da Se-
pública e, por intermédio da Presidência da República, ao cretaria de Aviação Civil
Congresso Nacional;
............................................................................................. Art. 56. É criado o cargo de Ministro de Estado Chefe
XLVII - (revogado); da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República.
.......................................................................................” (NR) Art. 57. É criado o cargo em comissão, de Natureza
“Art. 11............................................................................ Especial, de Secretário-Executivo da Secretaria de Aviação
I - propor, por intermédio do Ministro de Estado Chefe Civil da Presidência da República.
da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Art. 58. São criados, no âmbito da administração públi-
ao Presidente da República, alterações do regulamento da ca federal, os seguintes cargos em comissão do Grupo-Di-
Anac; reção e Assessoramento Superiores destinados à Secretaria
...................................................................................” (NR) de Aviação Civil:
“Art. 14. ........................................................................ I - 2 (dois) DAS-6;
............................................................................................. II - 9 (nove) DAS-5;
§ 2o Cabe ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria III - 23 (vinte e três) DAS-4;
de Aviação Civil da Presidência da República instaurar o IV - 39 (trinta e nove) DAS-3;
processo administrativo disciplinar, que será conduzido V - 35 (trinta e cinco) DAS-2;
por comissão especial constituída por servidores públicos VI - 19 (dezenove) DAS-1.
federais estáveis, competindo ao Presidente da República Art. 59. É transformado o cargo, de Natureza Especial,
determinar o afastamento preventivo, quando for o caso, e de Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas no cargo,
proferir julgamento.” (NR) de Natureza Especial, de Assessor Chefe da Assessoria Es-
pecial do Presidente da República.
Seção III Art. 60. A Tabela  a do Anexo I da Lei no 11.526, de 4
Da Adaptação da Legislação da Infraero de outubro de 2007, passa a vigorar acrescida da seguinte
linha:
Art. 54. O art. 2o da Lei no 5.862, de 12 de dezembro de
1972, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 2o A Infraero terá por finalidade implantar, admi- Assessor Chefe da Assessoria
nistrar, operar e explorar industrial e comercialmente a in- 11.179,36
Especial do Presidente da República
fraestrutura aeroportuária que lhe for atribuída pela Secre-
taria de Aviação Civil da Presidência da República.
..................................................................................” (NR) Seção VI
Do Pessoal Destinado ao Controle de
Seção IV Tráfego Aéreo
Da Adaptação do Programa Federal de Auxílio a
Aeroportos Art. 61. O art. 2o da Lei no 11.458, de 19 de março de
2007, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 55. O art. 1o da Lei no  8.399, de 7 de janeiro de “Art. 2o  A contratação de que trata esta Lei será de, no
1992, passa a vigorar com as seguintes alterações: máximo, 160 (cento e sessenta) pessoas, com validade de
“Art. 1o ........................................................................ até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogada por sucessivos
............................................................................................. períodos até 18 de março de 2013.
§ 2o A parcela de 20% (vinte por cento) especificada § 1o Prorrogações para períodos posteriores à data
neste artigo constituirá o suporte financeiro do Programa prevista no caput  deste artigo poderão ser autorizadas,
Federal de Auxílio a Aeroportos a ser proposto e instituído por ato conjunto dos Ministros de Estado da Defesa e do
de acordo com os Planos Aeroviários Estaduais e estabele- Planejamento, Orçamento e Gestão, mediante justificativa
cido por meio de convênios celebrados entre os Governos dos motivos que impossibilitaram a total substituição dos
Estaduais e a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da servidores temporários por servidores efetivos admitidos
República. nos termos do inciso II do art. 37 da Constituição Federal.
§ 3o Serão contemplados com os recursos dispostos no § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, regulamento es-
§ 2  os aeroportos estaduais constantes dos Planos Aero-
o tabelecerá critérios de substituição gradativa dos servido-
viários e que sejam objeto de convênio específico firma- res temporários.
do entre o Governo Estadual interessado e a Secretaria de § 3o Nenhum contrato de que trata esta Lei poderá su-
Aviação Civil da Presidência da República. perar a data limite de 1o de dezembro de 2016.” (NR)
...................................................................................” (NR) Art. 62. São criados, no Quadro de Pessoal do Coman-
do da Aeronáutica, 100 (cem) cargos efetivos de Controla-
dor de Tráfego Aéreo, de nível intermediário, integrantes
do Grupo-Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, códi-
go Dacta-1303.

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Seção VII rio, podendo, em nome próprio ou de terceiros, adquirir
Da Criação do Fundo Nacional de Aviação Civil bens, contratar obras e serviços de engenharia e de técni-
(FNAC) cos especializados e utilizar-se do Regime Diferenciado de
Contratações Públicas - RDC. (Incluído pela Lei nº 12.833,
Art. 63. É instituído o Fundo Nacional de Aviação Civil de 2013)
- FNAC, de natureza contábil e financeira, vinculado à Se- § 2o Ato conjunto dos Ministros da Fazenda e da Se-
cretaria de Aviação Civil da Presidência da República, para cretaria de Aviação Civil da Presidência da República fixará
destinação dos recursos do sistema de aviação civil. (Reda- a remuneração de instituição financeira que prestar servi-
ção dada pela Lei nº 12.833, de 2013) ços, na forma deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.833, de
§ 1o São recursos do FNAC: (Redação dada pela Lei nº 2013)
12.648, de 2012)
I - (Revogado pela Lei nº 13.319, de 2016)  (Vigência) CAPÍTULO III
II - os referidos no art. 1º da Lei nº 9.825, de 23 de Disposições Finais
agosto de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.648, de 2012)
III - os valores devidos como contrapartida à União em Art. 64. O Poder Executivo federal regulamentará o
razão das outorgas de infraestrutura aeroportuária; (Incluí- disposto no Capítulo I desta Lei.
do pela Lei nº 12.648, de 2012) Art. 65. Até que a Autoridade Pública Olímpica defina a
IV - os rendimentos de suas aplicações financeiras; (In- Carteira de Projetos Olímpicos, aplica-se, excepcionalmen-
cluído pela Lei nº 12.833, de 2013) te, o disposto nesta Lei às contratações decorrentes do in-
V - os que lhe forem atribuídos para os fins de que tra- ciso I do art. 1o desta Lei, desde que sejam imprescindíveis
ta o art. 63-A; e (Redação dada pela Lei nº 12.833, de 2013) para o cumprimento das obrigações assumidas perante o
VI - outros que lhe forem atribuídos. (Incluído pela Lei Comitê Olímpico Internacional e o Comitê Paraolímpico
nº 12.833, de 2013) Internacional, e sua necessidade seja fundamentada pelo
§ 2o Os recursos do FNAC serão aplicados exclusiva- contratante da obra ou serviço.
mente no desenvolvimento e fomento do setor de aviação Art. 66. Para os projetos de que tratam os incisos I a
civil e das infraestruturas aeroportuária e aeronáutica civil.
III do art. 1o desta Lei, o prazo estabelecido no inciso II do
(Redação dada pela Lei nº 12.648, de 2012)
§ 1o do art. 8o da Medida Provisória no 2.185-35, de 24 de
§ 3o As despesas do FNAC correrão à conta de dotações
agosto de 2001, passa a ser o de 31 de dezembro de 2013.
orçamentárias específicas alocadas no orçamento geral da
Art. 67. A Lei no 12.350, de 20 de dezembro de 2010,
União, observados os limites anuais de movimentação e
passa a vigorar acrescida do seguinte art. 62-A:
empenho e de pagamento.
“Art. 62-A. Para efeito da análise das operações de cré-
§ 4o Deverão ser disponibilizadas, anualmente, pela Se-
dito destinadas ao financiamento dos projetos para os Jo-
cretaria de Aviação Civil da Presidência da República, em
gos Olímpicos e Paraolímpicos, para a Copa das Confede-
seu sítio eletrônico, informações contábeis e financeiras,
além de descrição dos resultados econômicos e sociais ob- rações da Federação Internacional de Futebol Associação
tidos pelo FNAC. - Fifa 2013 e para a Copa do Mundo Fifa 2014, a verificação
§ 5o Os recursos do FNAC também poderão ser aplica- da adimplência será efetuada pelo número do registro no
dos no desenvolvimento, na ampliação e na reestrutura- Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) principal que
ção de aeroportos concedidos, desde que tais ações não represente a pessoa jurídica do mutuário ou tomador da
constituam obrigação do concessionário, conforme esta- operação de crédito.”
belecido no contrato de concessão, nos termos das normas Art. 68. O inciso II do § 1o do art. 8o da Medida Provi-
expedidas pela Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC e sória no 2.185-35, de 24 de agosto de 2001, passa a vigorar
pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República com a seguinte redação:
- SAC, observadas as respectivas competências. (Incluído “Art. 8o .........................................................................
pela Lei nº 12.648, de 2012) ..............................................................................................
§ 6o Os recursos do FNAC, enquanto não destinados § 1o ..................................................................................
às finalidades previstas no art. 63-A, ficarão depositados ..............................................................................................
na Conta Única do Tesouro Nacional. (Incluído pela Lei nº II -  os empréstimos ou financiamentos tomados pe-
12.833, de 2013) rante organismos financeiros multilaterais e instituições
Art. 63-A. Os recursos do FNAC serão geridos e admi- de fomento e cooperação ligadas a governos estrangei-
nistrados pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da ros, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
República ou, a seu critério, por instituição financeira públi- Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal, que tenham
ca federal, quando destinados à modernização, construção, avaliação positiva da agência financiadora, e desde que
ampliação ou reforma de aeródromos públicos. (Incluído contratados no prazo de 2 (dois) anos, contados a partir
pela Lei nº 12.833, de 2013) da publicação da Lei de conversão da Medida Provisória
§ 1o Para a consecução dos objetivos previstos no caput, no 527, de 18 de março de 2011, e destinados exclusiva-
a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, mente à complementação de programas em andamento;
diretamente ou, a seu critério, por intermédio de instituição ...................................................................................” (NR)
financeira pública federal, realizará procedimento licitató-

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

CAPÍTULO IV Atividades de compras como apoio às atividades pro-


Das Revogações dutivas se, portanto, integradas à área de produção;
Condenação dos serviços envolvendo materiais, come-
Art. 69. Revogam-se: çando com o planejamento das matérias-primas e a entre-
I - os §§ 1o e 2o do art. 6o, o item 6 da alínea i do inciso ga de produtos acabados, em uma organização indepen-
XII do art. 27 e o § 3o do art. 29, todos da Lei no 10.683, de dente da área produtiva;
28 de maio de 2003; Agregação à área logística das atividades de suporte à
II - os §§ 4o e 5o do art. 16 da Lei no 9.649, de 27 de maio área de marketing.
de 1998; e Com a mecanização, racionalização e automação, o ex-
III - os incisos XXIII, XXVII e XLVII do art. 8º e o § 2º do cedente de produção se torna cada vez menos necessário,
art. 10 da Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005. e nesse caso a Administração de Materiais é uma ferramen-
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- ta fundamental para manter o equilíbrio dos estoques, para
ção, produzindo efeitos financeiros, no tocante ao art. 52 que não falte a matéria-prima, porém não haja excedentes.
desta Lei, a contar da transferência dos órgãos ali referidos. Essa evolução da Administração de Materiais ao longo
Brasília, 4 de agosto de 2011; 190o da Independência e dessas fases produtivas baseou-se principalmente, pela ne-
123  da República.
o cessidade de produzir mais, com custos mais baixos. Atual-
DILMA ROUSSEFF mente a Administração de Materiais tem como função
Jose Eduardo Cardozo principal o controle de produção e estoque, como também
Nelson Henrique Barbosa Filho a distribuição dos mesmos.
Iraneth Rodrigues Monteiro
Orlando Silva de Jesus Júnior As Três Fases da Administração de Recursos Mate-
Luís Inácio Lucena Adams riais e Patrimoniais
Wagner Bittencourt de Oliveira 1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência.
Este texto não substitui o publicado no DOU de 2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em preju-
dicar outras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
5.8.2011 - Edição extra e retificada em 10.8.2011
3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par
atender bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efeti-
vidade.
8. NOÇÕES GERAIS SOBRE GESTÃO DE
MATERIAIS, PATRIMÔNIO E LOGÍSTICA: Visão Operacional e Visão Estratégica
CONHECIMENTOS SOBRE NORMAS A Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada
RESPEITO DE RECURSOS MATERIAIS E a atividades específicas. Melhorar algo que já existe.
Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as
PATRIMONIAIS E DE SUA LOGÍSTICA NO
coisas de um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a
SERVIÇO PÚBLICO; SISTEMAS DE CONTROLE
alta performance de maneira sistêmica. Ou seja, envolven-
DE ESTOQUES E PATRIMÔNIO; MODALIDADES
do toda a organização de maneira inter relacional.
DE TRANSPORTES; SISTEMAS E MÉTODOS
Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do
DE ARMAZENAMENTO; INVENTÁRIOS;
autor era, conforme sua época, garantir a melhoria quanti-
SOLICITAÇÕES DE COMPRA; RELATÓRIOS
tativa das ações dos empregados. Aqueles q mantêm uma
DE CONSUMO; PROCESSOS DE DEVOLUÇÃO; padronização de tarefas (em todos os outonos deve-se
PESQUISA DE PREÇOS; INVENTÁRIOS DE dobrar o esforço para se ter comida) são recompensados
MATERIAIS E PATRIMÔNIO EM ÓRGÃOS pela Organização (natureza). Na moderna interpretação da
PÚBLICOS. Fábula a autora passa a ideia de que precisamos além de
trabalhar investir no nosso talento de maneira diferencial.
Assim, poderemos não só garantir a sustentabilidade da
Atividade que planeja, executa e controla, nas condi- Organização para os diversos invernos como, também, fa-
ções mais eficientes e econômicas, o fluxo de material, par- zê-los em Paris.
tindo das especificações dos artigos e comprar até a entre- Historicamente, a administração de recursos materiais
ga do produto terminado para o cliente. (FRANCISCHINI & e patrimoniais tem seu foco na eficiência de processos – vi-
GURGEL, 2002). são operacional. Hoje em dia, a administração de materiais
É um sistema integrado com a finalidade de prover a passa a ser chamada de área de logística dentro das Or-
administração, de forma contínua, recursos, equipamentos ganizações devido à ênfase na melhor maneira de facilitar
e informações essenciais para a execução de todas as ativi- o fluxo de produtos entre produtores e consumidores, de
dades da Organização. forma a obter o melhor nível de rentabilidade para a orga-
Evolução da Administração de Recursos Materiais e Pa- nização e maior satisfação dos clientes.
trimoniais A Administração de Materiais possui hoje uma Visão
Segundo Francischini & Gurgel (2002), a evolução da Estratégica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INO-
Administração de Materiais processou-se em várias fases: VAÇÃO e não baseado na melhor no que já existe. A partir
A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da da visão estratégica a Administração de Recursos Materiais
empresa, pois comprar era a essência do negócio; e Patrimoniais passa ser conhecida por LOGISTICA.

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Sendo assim: A gestão eficiente do fluxo de bens e serviços do ponto
de origem ao ponto de consumo requer de maneira se-
VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA quencial, o planejamento, a programação e o controle de
um conjunto de atividades que reúnem: insumos básicos
EFICIENCIA EFETIVIDADE (matérias-primas); materiais em processamento; materiais
ESPECIFICA SISTEMICA acabados; serviços e informações disponíveis. Como resul-
tado da administração destas atividades gera-se o movi-
QUANTITATIVA E mento de bens e serviços aos clientes (cidadão/usuário),
QUANTITATIVA
QUALTAITIVA havendo como decorrência a geração das chamadas utili-
MELHORAR O QUE JÁ dades de tempo e/ou de lugar, que por sua vez são fatores
INOVAÇÃO fundamentais para as funções logísticas. Para a administra-
EXISTE
ção pública, tanto recursos quanto o público-alvo organi-
QUANTO QUANDO zacional estão espalhados em áreas de distintos tamanhos,
além da diversidade sócio cultural dos residentes locais.
Princípios da Administração de Recursos Materiais e Esse é o problema que a logística têm a missão de resol-
Patrimoniais ver. Ou seja, diminuir o hiato entre o resultado do processo
Qualidade do material; de transformação da organização e a demanda, de modo
Quantidade necessária; que os consumidores (cidadão-cliente/sociedade/usuário)
Prazo de entrega tenham bens e serviços quando e onde quiserem, na con-
Preço; dição que desejarem, e com o menor custo.
Condições de pagamento. Na organização pública, a missão do gestor é estabele-
cer o nível de atividades logísticas necessário para atender
Qualidade do Material ao público-alvo organizacional no tempo certo, no local
O material deverá apresentar qualidade tal que possi- certo e nas condições e formas desejadas, de forma eco-
bilite sua aceitação dentro e fora da empresa (mercado). nomicamente eficaz, eficiente e efetiva no uso dos recursos
públicos.
Quantidade
Deverá ser estritamente suficiente para suprir as neces- As áreas da logística
sidades da produção e estoque, evitando a falta de mate- A logística realiza a integração da administração de
rial para o abastecimento geral da empresa bem como o materiais (suprimentos) com a logística organizacional,
excesso em estoque. com a distribuição física e/ou prestação de serviços, e com
as atividades relativas ao retorno/descarte de materiais.
Prazo de Entrega Logística de entrada (administração de materiais/logís-
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor tica de suprimentos)
atendimento aos consumidores e evitar falta do material.  É o conjunto de operações associadas ao fluxo de ma-
teriais e informações necessários ao modelo de transfor-
Menor Preço mação da organização.
O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo Para a organização pública, têm-se os seguintes enten-
em posição da concorrência no mercado, proporcionando dimentos sobre Material e Serviços com seus respectivos
à empresa um lucro maior. embasamento legal.
No campo da Ciência Contábil o termo MATERIAL
Condições de pagamento compreende todos os itens contabilizáveis que participam
Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa diretamente ou indiretamente na constituição do bem/ser-
tenha maior flexibilidade na transformação ou venda do viço de uma organização.
produto. Na gestão pública, temos a classificação de Material
Diferença Básica entre Administração de Materiais e por natureza de despesa em Material Permanente e Mate-
Administração Patrimonial rial de Consumo, discorrendo os seguintes conceitos:
a. Material Permanente é aquele que, em razão de seu
A diferença básica entre Administração de Materiais
uso corrente, não perde a sua identidade física e/ou tem
e Administração Patrimonial é que a primeira se tem por
durabilidade superior a dois anos.
produto final a distribuição ao consumidor externo e a área
Se um material for adquirido como permanente e ficar
patrimonial é responsável, apenas, pela parte interna da lo-
comprovado que possui custo de controle superior ao seu
gística. Seu produto final é a conservação e manutenção
benefício, deve ser controlado de forma simplificada, por
de bens.
meio de relação-carga, que mede apenas aspectos qualita-
tivos e quantitativos, não havendo necessidade de controle
Fonte: https://docs.google.com/document/d/1t-
por meio de número patrimonial. No entanto, esses bens
D1_0...f.../e
deverão estar registrados contabilmente no patrimônio da
entidade.

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Isso deve ao fato de obedecer ao Princípio da Econo- Logística Reversa:


micidade previsto no Para o autor PIRES, duas premissas básicas impõem a
Art. 70 da CF/88 que se traduz na relação custo-bene- necessidade de gestão da logística reversa: a agregação
fício. Ou seja, os controles devem ser simplificados quando de valor e a responsabilidade pela sucata e/ou lixo indus-
se apresentam como meramente formais ou cujo custo seja trial. A agregação de valor, considerando o aumento do
evidentemente superior ao risco. comércio global, está relacionada à importância na gestão
b. Material de Consumo é aquele que, em razão de seu dos recipientes (pallets, containers, etc.) e das embalagens,
uso corrente, perde normalmente sua identidade física e/ envolvendo processos logísticos complexos e estando su-
ou tem sua utilização limitada a dois anos. Deve atender a jeitos a restrições legais e sanitárias, dentre outras. A res-
pelo menos um dos critérios a seguir: ponsabilidade pela sucata e/ou lixo industrial diz respeito
- Critério de Durabilidade: se em uso normal perde ou à gestão dos materiais após o término de suas vidas úteis,
tem reduzidas as suas condições de funcionamento no pra- passando a vigorar cada vez mais a regra de que “quem
zo máximo de dois anos; produz é o responsável pelo produto após a sua vida útil”.
- Critério de Fragilidade: se sua estrutura for quebra- Para a organização pública, essa preocupação e/ou exi-
gência sócio ambiental pode ser observada na INSTRUÇÃO
diça, deformável ou danificável, caracterizando sua irrecu-
NORMATIVA Nº 205, DE 08 DE ABRIL DE 1988 expressa no
perabilidade e perda de sua identidade ou funcionalidade;
item 1. Material que: “a designação genérica de equipa-
- Critério de Perecibilidade: se está sujeito a modifi-
mentos, componentes, sobressalentes, acessórios, veícu-
cações químicas ou físicas, ou se deteriora ou perde sua
los em geral, matérias-primas e outros itens empregados
característica pelo uso normal; ou passíveis de emprego nas atividades das organizações
- Critério de Incorporabilidade: se está destinado à públicas federais, independente de qualquer fator, bem
incorporação a outro bem, e não pode ser retirado sem como, aquele oriundo de demolição ou desmontagem,
prejuízo das características físicas e funcionais do principal. aparas, acondicionamentos, embalagens e resíduos eco-
Pode ser utilizado para a constituição de novos bens, me- nomicamente aproveitáveis (grifo meu)”, dando impor-
lhoria ou adições complementares de bens em utilização tância à logística reversa nas organizações públicas com o
(sendo classificado como 4.4.90.30), ou para a reposição de objetivo de racionalizar com minimização de custos o uso
peças para manutenção do seu uso normal que contenham de material através de técnicas modernas que atualizam e
a mesma configuração (sendo classificado como 3.3.90.30); enriquecem essa gestão com as desejáveis condições de
- Critério de Transformabilidade: se foi adquirido para operacionalidade, no emprego do material nas diversas
fim de transformação. atividades.
Se um material de consumo for considerado como de
uso duradouro, devido à durabilidade, quantidade utilizada As funções logísticas
ou valor relevante, deve ser controlado por meio de rela- As atividades administrativas a serem geridas, em qual-
ção-carga e incorporado ao patrimônio da entidade. quer organização, podem incluir todo ou parte do seguin-
te: transportes, manutenção de estoques, processamento
Logística organizacional (operacional) de pedidos, compras (obtenção), armazenagem, manuseio
É a integração das atividades de um sistema organiza- de materiais, embalagem, padrões de serviços e programa-
cional, em função do seu modelo de transformação, des- ção do processo de produtivo.
de o planejamento e obtenção dos insumos necessários, Devido à característica sistêmica da logística, as ativi-
passando pelo processo produtivo até a distribuição para dades administrativas organizacionais passam a ser abor-
o consumidor (intermediário/final), atendendo as necessi- dadas de forma diferente da tradicional distinção em ativi-
dades do público-alvo a custos reduzidos, com qualidade e dades fim e atividades meio.
uso adequado de recursos. O instrumento legal de criação Essa nova abordagem vem sendo provocada pela ne-
cessidade das organizações em direcionar seus esforços
da instituição pública e seu regimento interno norteiam es-
para o foco do seu negócio, terceirizando aquelas ativi-
sas atividades na organização.
dades que são economicamente melhor desempenhadas
por outras organizações que as tem como produto do seu
Logística de saída (distribuição física do bem/prestação
trabalho e que, consequentemente, passam a serem par-
do serviço) ceiros no negócio da empresa. Um exemplo clássico é o
É o conjunto de operações associadas à transferência da indústria automotiva, formando uma cadeia produtiva.
do resultado objeto de uma transação desde o local de ori- Para a organização pública não está sendo diferen-
gem até o local designado no destino e no fluxo de infor- te. Hoje se tem, por exemplo, serviços como segurança,
mação associado, devendo garantir que chegue ao destino manutenção e limpeza realizados por terceiros e que até
nas condições desejadas, oportunamente e com uso maxi- pouco tempo eram realizados pela organização com um
mizado dos recursos disponíveis. A missão da organização quadro próprio de servidores. Como a prática administra-
constante no dispositivo de sua criação e as atribuições tiva na organização pública precisa de uma base jurídica, a
funcionais inerentes ao cargo desempenhado orientam os Instrução Normativa Nº 02 de 30 de Abril de 2008 dispõe
gestores públicos na execução dessas operações. sobre regras e diretrizes para a contratação de serviços,
continuados ou não, definindo, em seu

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Art. 6º, que os serviços continuados que podem ser Uma questão importante é saber qual o nível de es-
contratos por terceiros são aqueles que apoiam a realiza- toque mais adequado para a organização. Para isso, cres-
ção de atividades essenciais ao cumprimento da missão cem em importância para a gestão de estoques as variáveis
institucional do órgão ou entidade. Essas atividades mate- “quantidade” e “tempo”. Essas variáveis compõem os cha-
riais acessórias, instrumentais ou complementares aos as- mados fatores de ressuprimento.
suntos que constituem área de competência legal do órgão POZO expressa que uma das técnicas utilizadas para a
ou entidade poderão ser objeto de execução indireta ( Art. avaliação dos níveis de estoques é o enfoque da dimensão
1º do Decreto 2.271/97). do “lote econômico” para a manutenção de níveis de es-
É interessante observar os seguintes conceitos relati- toques satisfatórios e que é denominado de “sistema má-
vos à logística: ximo-mínimo”. O funcionamento do sistema consiste na
- Função logística é a reunião, sob uma única designa- necessidade nas seguintes informações básicas para cada
ção, de um conjunto de atividades logísticas afins, correla- material:
tas ou de mesma natureza. - Estoque mínimo ou de segurança que se deseja
- Atividade logística é um conjunto de tarefas afins, re- manter (EMin/ESeg);
unidas segundo critérios de relacionamento, interdepen- - O momento em que nova quantidade de material
dência ou de similaridade. deve ser adquirida, o Ponto do Pedido (PP);
- Tarefa logística é um trabalho específico e limitado - O tempo necessário para repor o material (TR);
no tempo, que agrupa passos, atos ou movimentos inter-
- A quantidade de material que deve ser adquirida, ou
ligados segundo uma determinada sequência e visando à
seja, o Lote de Compra ou Ressuprimento (LC); e
obtenção de um resultado definido.
- Quando o material é recebido e aceito pela organiza-
As funções logísticas primárias (o ciclo crítico) ção, tem-se o estoque máximo (EMax).
O conceito de logística identifica aquelas funções ou A IN 205/88, no item RENOVAÇÃO DE ESTOQUE, em-
atividades que são de importância primária para atingir os prega essas variáveis quando expressa que o acompanha-
objetivos logísticos de custo e nível de serviço. Estas ati- mento dos níveis de estoque e as decisões de “quando” e
vidades-chave são: Transporte, Manutenção de Estoques, “quanto” comprar deverão ocorrer em função da aplicação
Processamento de Pedidos. Constituem o “ciclo crítico de de fatores de ressuprimento e suas respectivas fórmulas
atividades logísticas”. constantes no dispositivo legal e aplicáveis à gerência
O resultado final é prover o cidadão (cliente final) de estoques. Os fatores de ressuprimento são: Tempo de
quando e onde necessitar, com a melhor alocação de re- Aquisição, Intervalo de Aquisição, Ponto de Pedido, Con-
cursos (menor custo). sumo Médio Mensal, Estoque Mínimo, Estoque Máximo e
a. A função logística primária de transportes Quantidade a Ressuprir. Como pode-se inferir esses fato-
Para a maioria das organizações, o transporte é a ati- res constituem o sistema máximo-mínimo com o enfoque
vidade logística mais importante simplesmente porque ela da dimensão do lote econômico para a manutenção de
absorve, em média, de um a dois terços dos custos logís- níveis de estoques satisfatórios.
ticos. É uma atividade essencial, pois nenhuma instituição Tempo de Aquisição (T)
pode operar sem providenciar a movimentação de seu pro- Conforme consta no item RENOVAÇÃO DE ESTOQUE,
duto (bem/serviço) de alguma forma. Implica na utilização da IN 205/88, é entendido como o período decorrido entre
dos modais de transporte para se movimentar bens. Este a emissão do pedido de compra e o recebimento do ma-
movimento é realizado pelos modais de transporte: aero- terial no Almoxarifado (relativo, sempre, à unidade mês).
viário, dutoviário, ferroviário, hidroviário; rodoviário, inter- Intervalo de Aquisição (I)
modalidade e multimodalidade. Os transportes adicionam Compreende o período entre duas aquisições normais
valor de “lugar” ao produto. e sucessivas (IN 205/88).
b. A função logística primária de manutenção de es- Ponto de Pedido (Pp)
toques É o nível de estoque que, ao ser atingido, determina
Para se atingir um grau razoável de disponibilidade
imediata emissão de um pedido de compra, visando com-
de bens, é necessário manter estoques, que agem como
pletar o Estoque Máximo. Obtém-se somando ao Estoque
“amortecedores” entre a disponibilidade e a necessidade
Mínimo (Em) o produto do Consumo Médio Mensal (c)
(oferta e demanda). O estoque agrega valor de “tempo”.
Na administração pública, a Instrução Normativa Nr. pelo Tempo de Aquisição (T) (IN 205/88).
205, de 08 de Abril de 1988, da Secretaria de Administra- Consumo Médio Mensal (c)
ção Pública da Presidência da República (SEDAP/PR), trata É a média aritmética do consumo nos últimos 12 me-
do assunto no item DA AQUISIÇÃO: ses (IN 205/88).
- “As compras de material, para reposição de estoques Estoque Mínimo (Em)
e/ou para atender necessidade específica de qualquer É a menor quantidade de material a ser mantida em
unidade, deverão, em princípio, ser efetuadas através do estoque capaz de atender a um consumo superior ao esti-
Departamento de Administração, ou de unidade com atri- mado para certo período ou para atender a demanda nor-
buições equivalentes ou ainda, pelas correspondentes re- mal em caso de entrega da nova aquisição. Obtém-se mul-
partições que, no território nacional, sejam projeções dos tiplicando o Consumo Médio Mensal (c) por uma fração (f)
órgãos setoriais ou seccionais, (delegacias, distritos, etc.)”. do tempo de aquisição (T) que deve, em princípio, variar de

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

0,25 de T a 0,50 de T (IN 205/88). Essa fração (f) do Tempo perfeita caracterização para a boa orientação do processo
de Aquisição (T) é o chamado fator de risco que a organi- licitatório e deverá ser utilizada com absoluta prioridade,
zação está disposta a assumir com relação à ocorrência de sempre que possível. E pelo método Referencial, que iden-
falta de estoque. É básico para o adequado estabelecimen- tifica indiretamente o item, através do nome do material,
to do Ponto de Pedido (Pp). aliado ao seu símbolo ou número de referência estabele-
Estoque Máximo (EM) cido pelo fabricante, não representando necessariamente
É a maior quantidade de material admissível em esto- preferência de marca (IN 205/88).
que, suficiente para o consumo em certo período, deven- As necessidades de uma organização pública são
do-se considerar a área de armazenagem, disponibilidade atendidas por BENS contratados por meio de atividades
financeira, imobilização de recursos, intervalo e tempo de COMPRAS, por SERVIÇOS que são contratados para a
de aquisição, perecimento, obsoletismo, etc. Obtém-se sua PRESTAÇÃO, e por OBRAS que são contratadas para a
somando ao Estoque Mínimo (Em) o produto do Consu- sua EXECUÇÃO.
mo Médio Mensal (c) pelo Intervalo de Aquisição (I) (IN Esses contratos são oriundos de um procedimento
205/88). administrativo formal chamado de LICITAÇÃO, em que o
Quantidade a Ressuprir (Q)
órgão público convoca, por meio de condições estabele-
É o número de unidades a adquirir para recompor o
cidas em ato próprio (edital/convite) as empresas interes-
Estoque Máximo. Obtém-se multiplicando o Consumo Mé-
sadas. Tem por objetivos a observância do princípio cons-
dio Mensal (c) pelo Intervalo de Aquisição (I) (IN 205/88).
titucional da ISONOMIA e a seleção da PROPOSTA MAIS
No item SANEAMENTO DE MATERIAL, a IN 205/88
expressa que essa atividade visa a otimização física dos VANTAJOSA para a administração pública.
materiais em estoque ou em uso decorrente da simplifica- As funções logísticas de apoio
ção de variedades, reutilização, recuperação e movimenta- Apoiam as atividades primárias: Armazenagem, Ma-
ção daqueles considerados ociosos ou recuperáveis, bem nuseio de Materiais, Embalagem de Proteção, Obtenção,
como a alienação dos antieconômicos e irrecuperáveis”; Programação de Produtos e Manutenção de Informação.
“Os estoques devem ser objeto de constantes Revisões e a. A função logística de apoio de armazenagem
Análises. Essas atividades são responsáveis pela identifica- Uma questão básica do gerenciamento logístico nas
ção dos itens ativos e inativos”. organizações públicas é como estruturar sistemas de dis-
c. A função logística primária de processamento de tribuição/prestação capazes de atender, otimizando a
pedidos aplicação de recursos, o cidadão-cliente geograficamen-
É a atividade que inicializa a movimentação de bens e te disperso das fontes de distribuição/prestação de um
a prestação de serviços. Sua importância deriva do tempo bem/serviço, oferecendo níveis de serviço cada vez mais
necessário para levar bens e serviços aos consumidores. altos em termos de disponibilidade de estoque e tempo
Para a organização pública, o início dessa atividade de atendimento.
pode ser considerado por ocasião do levantamento das A Instrução Normativa Nr. 205, de 08 de Abril de 1988,
necessidades organizacionais, no ano vigente, a serem in- trata do assunto no item RECEBIMENTO E ACEITAÇÃO de
cluídas na previsão orçamentária para o exercício finan- materiais para as entidades públicas. Expressa que o re-
ceiro do ano seguinte. Após a liberação orçamentária no cebimento é o ato pelo qual o material encomendado é
início do ano em exercício é que as instituições podem co- entregue ao órgão público no local previamente desig-
meçar a realizar seus processos de licitações e contratos. nado, não implicando em aceitação. Transfere apenas a
Essa consideração visa esclarecer uma prática bastante responsabilidade pela guarda e conservação do material,
comum nas organizações públicas quanto à solicitação de do fornecedor ao órgão recebedor. Ocorrerá nos almo-
material feita pelas áreas demandantes. É comum o en- xarifados, salvo quando o mesmo não possa ou não deva
tendimento equivocado de que o pedido de material feito ali ser estocado ou recebido, caso em que a entrega se
pela área demandante é para efetuar a compra, ou seja,
fará nos locais designados. Qualquer que seja o local de
um “pedido de compra”. O pedido realizado é para “for-
recebimento, o registro de entrada do material será sem-
necimento” através de uma requisição ou tabela de provi-
pre no almoxarifado. O recebimento, rotineiramente, nos
são (IN 205/88). A definição do “quanto comprar” já deve
órgãos sistêmicos, decorrerá de: compra, cessão, doação,
ter sido realizada por ocasião do processo de previsão do
orçamento no ano anterior, e a consequente liberação or- permuta, transferência, produção interna.
çamentária no ano vigente para a decisão dos gestores No item ARMAZENAGEM expressa que essa atividade
em relação ao “quando comprar”, com os ajustes, se for compreende a guarda, localização, segurança e preserva-
o caso, na definição do “quanto comprar”. Esse esclareci- ção do material adquirido, a fim de suprir adequadamente
mento é importante pois visa valorizar o planejamento na as necessidades operacionais das unidades integrantes da
instituição. estrutura do órgão ou entidade.
É importante destacar que a descrição do material b. A função logística de apoio de manuseio de ma-
para o Pedido de Compra deverá ser elaborada através do teriais
método Descritivo, que identifica com clareza o item atra- Diz respeito à movimentação do bem no local de es-
vés da enumeração de suas características físicas, mecâni- tocagem. São atividades: de seleção do equipamento de
cas, de acabamento e de desempenho, possibilitando sua movimentação e balanceamento da carga de trabalho.

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
No setor público, pode-se inferir que essa função As quantidades a serem obtidas envolvem decisões
logística está caracterizada na Instrução Normativa Nr. sobre “o que deve ser comprado” de fontes externas e so-
205/88, no item ARMAZENAGEM, onde se verifica: “os ma- bre “o que pode ser produzido” pela empresa. Por sua vez,
teriais devem ser estocados de modo a possibilitar uma as quantidades a serem compradas devem ser abordadas
fácil inspeção e um rápido inventário”; “os materiais que pelo total a ser comprado e pelo tamanho do lote individual
possuem grande movimentação devem ser estocados em de entrega e/ou de compra.
lugar de fácil acesso e próximo das áreas de expedição e o A programação de compras envolve os aspectos de vo-
material que possui pequena movimentação deve ser esto- lume e da frequência das compras. A determinação do “tem-
cado na parte mais afastada das áreas de expedição”; “os po certo” é uma questão-chave.
materiais jamais devem ser estocados em contato direto A localização de fornecedores envolve a “variável dis-
com o piso. É preciso utilizar corretamente os acessórios de tância” que implica no tempo para a entrega do suprimen-
estocagem para os proteger”; “a arrumação dos materiais to. Fontes próximas têm vantagens, pois a entrega pode ser
não deve prejudicar o acesso as partes de emergência, aos mais rápida e há menor risco de interrupções no transporte.
extintores de incêndio ou à circulação de pessoal especia- A forma física das mercadorias influencia o fluxo de
materiais entre o fornecedor e o comprador, sendo essen-
lizado para combater a incêndio (Corpo de Bombeiros)”;
cial para a eficiência da movimentação no que se refere ao
“os materiais da mesma classe devem ser concentrados
uso de equipamentos adequados para a movimentação, à
em locais adjacentes, a fim de facilitar a movimentação e
conversão de um para outro tipo de acondicionamento da
inventário”; “os materiais pesados e/ou volumosos devem
mercadoria, ao volume e/ou peso do material e no modal de
ser estocados nas partes inferiores das estantes e porta-es- transporte mais apropriado.
trados, eliminando-se os riscos de acidentes ou avarias e Ainda segundo BALLOU, a “aquisição ou obtenção” é
facilitando a movimentação”; e “quando o material tiver vista como uma extensão da programação do processo pro-
que ser empilhado, deve-se atentar para a segurança e al- dutivo organizacional, pois é onde são geradas as informa-
tura das pilhas, de modo a não afetar sua qualidade pelo ções de QUANDO e QUANTO “comprar” (grifo meu).
efeito da pressão decorrente, o arejamento (distância de 70 Para a organização pública, podemos observar a neces-
cm aproximadamente do teto e de 50 cm aproximadamen- sidade dessas informações na IN 205/88 em seu item RE-
te das paredes)”. NOVAÇÃO DE ESTOQUE onde expressa que o acompanha-
c. A função logística de apoio de embalagem de pro- mento dos níveis de estoque e as decisões de QUANDO e
teção QUANTO “comprar” (grifo meu) deverá ocorrer em função
Destina-se a movimentar bens sem danificá-los. No da aplicação de fórmulas constantes na referida Instrução
governo, a IN 205/88, disponível no sítio eletrônico do Normativa.
“comprasnet”, apresenta, no item ARMAZENAGEM, as Ainda na IN 205/88, pode ser encontrado no item DA
atividades a serem realizadas pelo gestor público nesta REQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO: “A guia de remessa de ma-
função logística: “os materiais devem ser conservados nas terial (ou nota de transferência), além de outros dados in-
embalagens originais e somente abertos quando houver formativos julgados necessários, deverá conter: descrição
necessidade de fornecimento parcelado, ou por ocasião da padronizada do material; quantidade; unidade de medida;
utilização”; “a arrumação dos materiais deve ser feita de preços (unitário e total); número de volumes; peso; acondi-
modo a manter voltada para o lado de acesso ao local de cionamento e embalagem; e grau de fragilidade ou pereci-
armazenagem a face da embalagem (ou etiqueta) conten- bilidade do material”.
do a marcação do item, permitindo a fácil e rápida leitura No setor público, pode-se considerar a aplicação do
de identificação e das demais informações registradas”. conceito de AQUISIÇÃO ou OBTENÇÃO na IN 205/88 no
d. A função logística de apoio de obtenção item DA AQUISIÇÃO onde descreve que as “compras” de
A função obtenção é também tratada como suprimen- material, para reposição de estoques e/ou para atender
necessidade específica de qualquer unidade, deverão, em
tos e aquisição. Independente do termo usado é basica-
princípio, ser efetuadas através do Departamento de Admi-
mente uma função de compras. O termo “compras”, para
nistração, ou de unidade com atribuições equivalentes ou
o órgão ou entidade pública, deve ser entendido como
ainda, pelas correspondentes repartições que, no território
toda aquisição remunerada de bens para o fornecimento nacional, sejam projeções dos órgãos setoriais ou seccionais.
de uma só vez ou parceladamente ( Art. 6º da Lei 8.666/93). e. A função logística de apoio de programação do pro-
Segundo BALLOU a “obtenção ou aquisição” refere-se duto
àquelas atividades que ocorrem entre a organização e os Não diz respeito à programação detalhada da produ-
seus fornecedores e, geralmente, dá a impressão de tratar- ção, executada diariamente pelos programadores de pro-
se de “compras”. Para o autor existem três variáveis-chave dução. Lida com a distribuição de bens e/ ou prestação de
no processo de fornecimento para a organização: o preço, serviço. Trata do fluxo de saída.
a qualidade e a disponibilidade ou entrega do produto. É a Nas organizações públicas, a missão institucional esta-
atividade que deixa o BEM disponível para o sistema pro- belece o produto organizacional e o seu regimento interno
dutivo organizacional. Devem-se considerar as seguintes regula as atividades administrativas a serem desenvolvidas
decisões: quantidades a serem obtidas; programação de para a consecução de metas e objetivos estabelecidos para
compras; localização de fornecedores e a forma física das atender as necessidades do público-alvo organizacional,
mercadorias: caracterizando essa função logística.

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

f. A função logística de apoio de manutenção de infor- Custos Logísticos


mação Muitas pessoas que estudam e trabalham com logística
Segundo, CHOPRA e MEINDL, a informação é crucial às vezes tem dificuldade em definir o que é a logística, e o
para o desempenho das funções logísticas em qualquer or- que compõe o processo logístico. Quando se está em uma
ganização porque disponibiliza fatos e dados para o gestor empresa, é essencial saber para onde o dinheiro está indo
agrupá-los e analisá-los a fim de tomar decisões adminis- (ou por onde está saindo!), e compreender quais são os
trativas organizacionais. componentes dos custos logísticos é essencial nessa área.
Como toda organização integra uma ou várias cadeias A função mais conhecida da logística são os transpor-
de suprimentos a informação se torna ainda mais impor- tes, e eles representam o maior percentual dos custos lo-
tante porque permite que a gerência tome decisões so- gísticos para a maioria das empresas. Considerando que
bre um amplo escopo que abrange interação de funções e a matriz de transporte brasileira, que utiliza fundamental-
interação com outras instituições, sendo influenciada por mente o transporte rodoviário mesmo para longas distân-
fatores do ambiente externo à organização, tais como: eco- cias, faz com que os custos de transportes sejam muito
nômico, político-legal, sociocultural, tecnológico, fisiográ- elevados, o que influencia o custo final dos produtos e a
fico e ecológico. competitividade de nossas empresas. Assim, o custo de
Para realizar a integração das funções logísticas, o transporte é composto por custos fixos e variáveis. Os fixos
gestor público deve se valer de informações, além daque- incluem depreciação da frota, salários, manutenção. Os va-
las sobre os objetivos da análise dos fatores ambientais, riáveis incluem: combustíveis, pneus, lubrificantes, dentre
as relativas ao fornecedor, às funções logísticas críticas outros. Caso o transporte seja terceirizado, então todo o
(transporte, manutenção de estoque e processamento de custo é pago na forma de frete.
pedidos) e as funções logísticas de apoio (armazenagem, Outro fator importante na composição dos custos lo-
manuseio de materiais, embalagem de proteção, obtenção, gísticos são os estoques. Se o transporte é rápido e fre-
programação de produto) cujo resultado será o estabele- quente, então podemos manter níveis de estoques baixos,
cimento do nível de serviço desejado, possível e adequado mas pagaremos caro pelo transporte. Por outro lado, se os
lotes são grandes (grandes volumes, pouca frequência), en-
às características do público-alvo organizacional. A neces-
tão o estoque médio será alto e custo de estocagem será
sidade de informação sobre essas áreas agrega valor às
elevado. O custo do estoque é composto por diversos ele-
atividades administrativas organizacionais, permitindo me-
mentos: (1) o próprio valor do estoque que poderia estar
lhor coordenação entre os envolvidos no negócio público,
investido rendendo juros e pela oportunidade do capital;
configurando uma engrenagem logística.
(2) manter o estoque também custa dinheiro: seguros, ob-
Enfim, para a organização pública, a importância da Lo-
solescência, perdas e outros riscos associados; (3) duran-
gística está no fato de que ela permite administrar o fluxo
te a operação de transportes, um pouco do estoque fica
dos bens/serviços de onde eles são transformados para o
indisponível dentro dos caminhões – assim, o estoque em
local certo de consumo, na forma desejada, no tempo certo trânsito também compõe este custo; (4) finalmente, caso os
e com o emprego adequado dos recursos públicos dispo- estoques não sejam bem gerenciados, a empresa terá uma
níveis, proporcionando o nível de serviço desejado pela so- falta de produtos, e este custo é difícil de ser mensurado.
ciedade. Um sistema logístico eficiente permite uma região O local onde é feita a armazenagem também compõe
geográfica explorar suas vantagens inerentes pela especia- o custo logístico. Assim, o custo com armazenagem envol-
lização de seus esforços produtivos naqueles produtos que ve impostos, luz, conservação (ou aluguel caso o armazém
ela tem vantagens e pela exportação desses produtos às seja alugado); para manusear os produtos são necessários
outras regiões. equipamentos de movimentação e armazenagem, além de
Pelo exposto, pode-se verificar que aplicar a técnica salários (e encargos) dos funcionários.
logística nas atividades administrativas de uma organiza- Um pouco menores, mas também importantes de se-
ção pública é estabelecer uma relação entre os dispositivos rem considerados, estão os custos do pedido: custos rela-
legais e normativos vigentes para o setor público com os cionados ao material utilizado (papel, materiais de escritó-
conceitos e procedimentos logísticos aplicáveis às ativida- rio, computadores), custos de pessoal (salários e encargos)
des funcionais do gestor público e aos processos adminis- e os custos indiretos (luz, telefone, dentre outros).
trativos de sua instituição com vistas: a uma convergência
aos padrões internacionais de logística aplicados a uma or- GESTÃO DE ESTOQUE
ganização (pública ou privada); a adoção de procedimen-
tos e práticas que permitam o reconhecimento, a mensu- Um dos itens mais importantes do Ativo de uma em-
ração, a avaliação e a evidenciação das funções logísticas presa comercial é o estoque. Essa importância advém não
nas atividades administrativas públicas; a configuração de só de sua alta participação percentual no total do Ativo,
um sistema logístico no âmbito da organização, valendo-se mas também do fato de ser a partir dele que se determi-
dos instrumentos administrativos existentes; e a caracteri- na o custo das mercadorias ou produtos vendidos. O es-
zação e a consolidação das informações de natureza logís- toque representa o custo das mercadorias possuídas por
tica constantes nos sistemas estruturadores do governo e uma empresa numa data especifica. Ou seja, é uma conta
nos dispositivos legais e normativos para a administração que registra os bens adquiridos para serem revendidos ou
pública. transformados.

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
O tipo de estoque que uma empresa possui, depende Alguns critérios de avaliação de estoques:
do seu objetivo social: se for uma empresa que comercia- - Método PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai),
liza produtos, ela compra e vende os mesmos produtos e do inglês, FIFO (first-in, first-out), ou seja, os primeiros ar-
seu estoque é constituído de mercadorias. Assim sendo, a tigos a entrarem no estoque, serão aqueles que sairão em
venda de estoques gera receita de vendas, custo de mer- primeiro lugar, deste modo o custo da matéria-prima deve
cadorias ou produtos vendidos e estoque final. O termo ser considerado pelo valor de compra desses primeiros ar-
Custo de Mercadorias entende-se que é o preço pago pela tigos. O estoque apresenta uma relação forte com o custo
mercadoria, acrescido de outras despesas para movimen- de reposição, pois esse estoque representa os preços pa-
tação do estoque, deduzido os impostos recuperáveis e o gos recentemente, adotar este método, faz com que haja
valor de mercado. oscilação dos preços sobre os resultados, pois as saídas
O princípio básico é que o custo das mercadorias ad- são confrontadas com os custos mais antigos, sendo esta
quiridas deve compreender todos os gastos que a empre- uma das principais razões pelas quais alguns se mostram
sa realiza para adquiri-las e colocá-las em condições de contrários a este método. As vantagens o desse método
serem vendidas. Para uma empresa que compra e vende consistem no controle preciso dos materiais, pois são orde-
nados em uma base contínua de acordo com sua entrada,
mercadorias, tais custos incluem o preço de compra e os
o que é importante, quando se trata de produtos sujeitos a
gastos com transporte, recepção, inspeção e colocação
mudança de qualidade, decomposição, deterioração etc.; o
nas prateleiras, além de custos administrativos associados
resultado obtido revela o custo real dos artigos específicos
ao controle dos estoques. (STICKNEY, 2001, P.340). Dian-
utilizados nas saídas; os artigos utilizados são retirados do
te da existência do custo das mercadorias e do valor de estoque e a baixa dos mesmos é dada de uma maneira
mercado, surge a necessidade de escolher o menor valor sistemática e lógica.
para avaliar o estoque. O problema para se chegar a essa - Método UEPS (último a entrar, primeiro a sair), do
conclusão, prende-se ao fato da empresa ter em estoque o inglês LIFO (last-in first-out) é um método de avaliar esto-
mesmo produto adquirido em datas distintas, com custos que bastante discutido. O custo do estoque é obtido como
unitários diferentes. se as unidades mais recentes adicionadas ao estoque (últi-
Se a empresa conseguir identificar qual unidade foi mas a entrar) fossem as primeiras unidades vendidas (saí-
vendida e quais unidades ficaram em estoque no final do das). Pressupõe-se, deste modo, que o estoque final con-
período, a mensuração do custo das mercadorias vendidas siste nas unidades mais antigas e é avaliado ao custo das
e do estoque final não apresenta problemas. A semelhan- mesmas. Segue-se que, de acordo com o método UEPS,
ça física entre unidades de alguns produtos, entretanto, o custo dos artigos vendidos (saídas) tende a refletir no
cria dificuldades para a identificação de quais unidades fo- custo dos artigos comprados mais recentemente (compra-
ram vendidas e quais ficaram em estoque. Mesmo quando dos ou produzidos). Também permite reduzir os lucros lí-
avanços na tecnologia permitem que a empresa acompa- quidos expostos. As vantagens de utilização deste método
nhe cada item de seu estoque, ela pode preferir não fazê consistem na apuração correta de seus custos correntes; o
-lo, dados os custos envolvidos. (STICKNEY, 2001, p.339). estoque é avaliado em termos do nível de preço da época
Desta forma, surge a dúvida sobre qual preço unitário em que o UEPS foi introduzido; é uma forma de se custear
deve ser atribuído a tais estoques na data do balanço. Fa- os artigos consumidos de uma maneira realista e sistemá-
varo et al. (1997, p.219), destaca que: “o importante é que tica; em períodos de alta de preços, os preços maiores das
de acordo com os princípios contábeis (do custo original compras mais recentes, são ajustados mais rapidamente
como base de valor), deve se trabalhar com os valores de às produções, reduzindo o lucro. No entanto, não é aceito
aquisição (entradas) das mercadorias, o que pode variar pela legislação brasileira.
é o critério adotado para sua valoração”. Considerando - Custo Médio é o método utilizado nas empresas bra-
esse ponto de vista são varias as possibilidades de atribui- sileiras para atendimento à legislação fiscal. Empresas mul-
tinacionais com operações no Brasil frequentemente têm
ção desse valor. Qualquer um dos métodos de valoração
de avaliar o estoque segundo o método da matriz, e tam-
dos estoques, quando utilizados nas mesmas condições
bém segundo o custo médio para atendimento à legislação
de quantidades e preços, manterá a situação real das em-
brasileira. Esse método permite que as empresas realizem
presas nas mesmas igualdades, com a mesma quantidade um controle permanente de seus estoques, e que a cada
de estoque, porém segundo Favaro et al. (1997, p.253), os aquisição, o seu preço médio dos produtos seja atualizado,
resultados são influenciados pelos diferentes critérios de pelo método do custo médio ponderado.
valoração de seus estoques, que provocam diferença no Geralmente as empresas que não possuem uma boa
custo das mercadorias vendidas interferindo assim na ob- política de estocagem e vivem um dilema: quanto a em-
tenção do lucro bruto na Demonstração de Resultado do presa deve estocar para que seus interesses e os dos seus
Exercício. Isso quer dizer que os resultados obtidos são clientes sejam atendidos de forma satisfatória? A esse res-
diferentes, em consequência dos critérios de atribuição peito, o Planejamento é um dos principais instrumentos
de custos utilizados, embora todos tenham como base o para o estabelecimento de uma política de estocagem efi-
mesmo custo de aquisição. ciente. Pois, o departamento de vendas deseja um estoque
elevado para atender melhor o cliente e a área de produ-
ção prefere também trabalhar com uma maior margem de
segurança de estoque.

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Em contrapartida, o departamento financeiro quer es- aumentando o custo de manutenção dos estoques. Para
toques reduzidos para diminuir o capital investido e me- Stickney (2001, p.362): “Manter estoques – ou como tam-
lhorar seu fluxo de caixa. Segundo Erasmo (2006), planejar bém se diz, carregar estoques - gera custos”. Isso ocorre,
esta atividade é fundamental, porque de um bom plane- porque quanto maior a quantidade de mercadorias estoca-
jamento virão, por exemplo, uma menor necessidade de das, maior será o espaço físico necessário para guardá-las,
capital de giro e uma margem de lucro maior”. Por esse maior o número de funcionários necessários e maiores os
motivo, os empresários devem estar atentos aos objetivos gastos para controle do estoque. Além disso, o mesmo au-
da empresa para definir as quantidades corretas de cada tor destaca que pelo menos uma pequena quantidade de
mercadoria que deve estar no estoque em um determina- mercadorias precisa ser mantida em estoque para satisfazer
do período de tempo, para que a empresa não sofra ne- às necessidades dos clientes à medida que elas apareçam.
nhum prejuízo.
E, já que o alto custo do dinheiro não permite imobilizar
grandes quantias em estoque e que manter uma empresa
com uma boa variedade de produtos exige uma imobiliza-
ção elevada de capital de giro, ele deve saber exatamente 9. HABILIDADES E COMPORTAMENTOS
o equilíbrio entre a quantidade de compras suficiente para NECESSÁRIOS PARA O BOM DESEMPENHO
um determinado período de vendas e a variedade de ar- NO TRABALHO: EQUIPES E GRUPOS DE
tigos para que os clientes tenham opção de escolha. Para TRABALHO; ATITUDES NECESSÁRIAS AO
que isso aconteça, é importante que o empresário levante BOM RELACIONAMENTO INTERPESSOAL;
periodicamente a média mensal de compras para compará EMPATIA; PROATIVIDADE; COMPREENSÃO E
-las com as vendas e, com isso, saber se o investimento em RECEPTIVIDADE NAS RELAÇÕES DE TRABALHO.
mercadorias está tendo o retorno desejado.
O ato de comprar deve ser sempre precedido de um
bom planejamento. A compra de mercadorias envolve a
colocação do pedido, o recebimento e a inspeção das mer- Definição
cadorias encomendadas e o registro da compra. Rigorosa- Comportamento Organizacional é uma área do co-
mente, o comprador de uma mercadoria somente deveria nhecimento que estuda a influência que os indivíduos, os
registrar a compra quando a propriedade legal da merca- grupos e a estrutura da empresa exercem sobre o compor-
doria adquirida passasse do vendedor para o comprador. tamento humano dentro das organizações com a intenção
Caracterizar quando isso acontece envolve tecnicalidades de usar esse estudo na melhoria dos processos gerenciais.
legais associadas ao contrato entre as duas partes. E para É o estudo do conjunto de ações, atitudes e expectati-
que isso aconteça, é de grande importância a elaboração vas humanas dentro do ambiente de trabalho que possam
de uma previsão de compras. Nas empresas comerciais, promover ações gerenciais que facilitem o alcance de bons
essa previsão é complicada, pois o numero de mercado- resultados.
rias comercializadas é muito grande. As empresas preferem Esta área do conhecimento humano estuda diversas si-
vender tanto quanto possível, com um numero mínimo de tuações que acontecem dentro da empresa. Estas situações
capital empatado em estoque. Por isso, a previsão deve ser estão relacionadas aos seguintes temas:
elaborada pelos diversos setores funcionais da empresa, → Motivação para o trabalho e para o alcance de me-
observando-se as características e peculiaridades do mer- tas;
cado fornecedor e do comportamento das vendas (STICK- → Liderança de grupos;
NEY, 2001). → Comunicação interpessoal;
É aconselhável que sejam feitas previsões individuais → Atividades em grupos;
para cada setor ou departamento e reuni-las posterior- → Aprendizado coletivo;
mente em uma só, facilitando o planejamento das com- → Percepções individuais no ambiente de trabalho;
pras. Depois de preparada a previsão de compras, esta → Reações às mudanças organizacionais;
deve ser ajustada ás condições financeiras da empresa. Isso → Ocorrência e resolução de conflitos;
deve ser feito em reunião com os encarregados de com- → Estresse no trabalho.
pras, os encarregados de vendas e os encarregados pelo Trata-se de oferecer um bom lugar para trabalhar. Aliás,
controle financeiro para que se encontre um equilíbrio en- um bom lugar para se trabalhar atrai e retém trabalhadores
tre os setores. talentosos, competentes.
A empresa que não faz a previsão de compras encontra Dependendo do ramo de atividade da empresa, isso
dificuldades para manter seus estoques de forma equili- pode ser algo muito importante! Pesquisas apontam que
brada. Acabam comprando mercadorias de acordo com as bons lugares para trabalhar também são lugares com os
necessidades surgidas correndo o risco de não ter produ- melhores desempenhos nos negócios.
tos em épocas que o volume de vendas cresce. Perden- Há outros inúmeros desafios empresariais que estão
do dessa forma, oportunidade de aumentar suas vendas, listados a seguir:
perdendo clientes e, consequentemente, diminuído o lucro → Melhorar o atendimento ao cliente;
da empresa. E não tendo a previsão correta de compras, → Desenvolver competências;
ele pode comprar um volume inadequado de mercadorias → Estar preparado para inovar e mudar;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
→ Conviver com relações temporárias de trabalho; Essas atividades exigem que o gestor entenda o com-
→ Saber lidar com o tele trabalho; portamento dos indivíduos com quem se relaciona, o com-
→ Estar atentos aos dilemas éticos empresariais; portamento das equipes que gerencia e o comportamento
→ Entender a necessidade cada vez maior dos trabalha- da empresa frente às diversas interações que os negócios
dores de equilibrar a vida pessoal e profissional; propiciam. Só essa compreensão dará ao gestor condições
Estudando Comportamento Organizacional, será possí- para administrar os negócios.
vel responder aos desafios apresentados. A cada unidade de Afinal, são as pessoas que realizam as coisas na em-
aprendizagem, você poderá associar os temas estudados por presa. Sem elas, os demais recursos não têm utilidade.
esta área do conhecimento com os desafios descritos ante- Sem alguém para decidir, o dinheiro não será investido.
riormente. Você poderá aplicar esse conhecimento de modo a
Sem alguém para operar, as máquinas não funcionarão.
facilitar o alcance de melhores resultados nos negócios.
Se ninguém for trabalhar, de nada adianta a empresa ter
Você deve se lembrar de que as funções essenciais da
administração, segundo Henri Fayol, eram Prever, Organi- materiais estocados, mercadorias disponíveis para vender,
zar, Comandar, Coordenar e Controlar. Mais recentemente, informações indo e vindo... Essas coisas só servem se tiver
atualizando as funções, temos o PODC: pelo menos um ser humano trabalhando!
→ P – Planejar: prever cenários futuros da indústria, com Finalmente, podemos dizer que o Comportamento Or-
apoio de ferramentas estatísticas, para estabelecer objetivos, ganizacional tem seu próprio modelo.
metas e planos de ação para a organização. Este modelo identifica variáveis independentes e de-
→ O – Organizar: captar e estruturar recursos (humanos, pendentes. Variáveis independentes são aquelas que não
financeiros, patrimoniais, materiais, tecnológicos e informa- estão sob o controle dos gestores ou das organizações. Elas
cionais) para que a organização tenha condições de executar estão sujeitas a outras forças e nem sempre são influen-
os planos de ação para alcançar as metas e os objetivos. ciáveis, como a ocorrência de um terremoto. As variáveis
→ D – Dirigir: direcionar os recursos para a execução dos dependentes são aquelas que são diretamente influencia-
planos de ação. Nesta função, o administrador tem de saber das pelas independentes e sobre as quais é possível algum
seu nível de autoridade, de responsabilidade e de poder de- controle ou, no mínimo, alguma influência.
cisório. As variáveis dependentes do estudo do Comportamen-
→ C – Controlar: mensurar resultados, compará-los com to Organizacional são: produtividade, absenteísmo, rotati-
as metas e agir adequadamente. Não se trata de policiar ou vidade, cidadania organizacional e satisfação do trabalho.
de vigiar, mas de garantir que ações de apoio, preventivas
Já as variáveis independentes do estudo estão presentes
ou corretivas serão feitas para garantir que as metas sejam
nos níveis individuais, grupais e institucionais e serão vistas
alcançadas, a partir da análise dos resultados.
nas próximas unidades.
Muito bem! Então o gestor de um negócio deve plane-
jar, organizar, dirigir e controlar. Para tanto, terá de exercer Entender como se estudam essas variáveis ajudará o
alguns papéis e possuir algumas habilidades. dirigente de uma empresa a tomar decisões.
Precisa representar a empresa em atividades rotineiras Estudar o nível individual significa procurar entender
de natureza legal ou social. Também deve representar inspi- as características biográficas das pessoas e o quanto elas
ração aos seus subordinados, motivando-os. E estar ligado a revelam da personalidade de cada um. Também significa
uma rede de relacionamento externo que forneça informa- saber como identificar os valores, as atitudes e as habilida-
ções. Esta atuação normalmente é caracterizada como papel des que cada indivíduo traz para a organização.
de relacionamento interpessoal. Isso facilitará as ações gerenciais no processo de moti-
O gestor ainda tem o papel de informação, que envolve vação das pessoas.
o monitoramento e a disseminação de informações internas Também ajudará a desenvolver as competências indivi-
e externas à organização que podem influenciar os negó- duais por meio de processos adequados de aprendizagem.
cios. Além de ser o porta-voz da empresa. Assim, o dirigente poderá compreender a percepção das
E ainda há o papel de decisão, no qual o gestor busca pessoas e o processo de decisão individual.
oportunidades, promove mudanças, enfrenta turbulências, Estudar o nível coletivo significa entender como a co-
aloca recursos e negocia em prol dos negócios. municação pode influenciar a percepção individual de cada
Para exercer esses papéis, o gestor deve saber aplicar
integrante da equipe.
bem seus conhecimentos no processo produtivo (habilida-
E entender também como essa mesma comunicação
des técnicas). Deve saber se relacionar com outras pessoas
define a estrutura do grupo e o processo de decisão coleti-
(habilidades humanas). E deve saber analisar situações com-
plexas (habilidades conceituais). vo. Ainda sobre a estrutura do grupo, será preciso estudar
Por isso, normalmente, as atividades gerenciais podem as relações de poder existentes e o quanto isso promove
ser agrupadas em quatro: confiança, determina a liderança, os conflitos e o trabalho
1. Gerenciamento tradicional: planejar, decidir, controlar. em equipe.
2. Comunicação: monitorar e disseminar informações. Estudar o nível organizacional significa perceber o
3. Gestão de recursos humanos: dirigir, motivar, captar quanto a liderança e a confiança do nível coletivo influen-
e desenvolver talentos. ciam o desenho e a estrutura da organização, criando uma
4. Interconexão (networking): interagir com o ambiente cultura organizacional e definindo políticas e práticas de
externo. gestão de pessoas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

E compreender de modo global como estes níveis se inter-relacionam e são dependentes entre si para determinar as
variáveis dependentes (produtividade, absenteísmo, rotatividade, cidadania organizacional e satisfação do trabalho), para
promover ou dificultar mudanças, para causar, ou não, estresse. Afinal, estudar o Comportamento Organizacional deve
contribuir com o alcance da eficiência e da eficácia organizacionais.
Modelo de análise do Comportamento Organizacional.

Fonte: http://www.administrando.com.br/EaD/2semestre/COMPORTAMENTO%20ORGANIZACIONAL%20UA-1.pdf

A ARTE É COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL


Além das palavras, existe um mundo infinito de nuances e prismas diferentes que geram energias ou estímulos que
são percebidos e recebidos pelo outro, através dos quais a comunicação se processa. Um olhar, um tom de voz um pouco
diferente, um franzir de cenho, um levantar de sobrancelhas, podem comunicar muito mais do que está contido em uma
mensagem manifestada através das palavras. Em 15 anos atuando como professor de Comunicações Verbais, tendo treina-
do mais de 13.000 pessoas, tenho observado algumas curiosidades que creio interessantes para que cada um possa refletir
e tirar algum proveito.

PROBLEMAS DA COMUNICAÇÃO
Uma dessas constatações de pessoas que se dizem com grandes problemas de comunicação é que, de fato, os proble-
mas são relativamente simples e de fácil solução. O que ocorre é que esse problema, por menor que seja, compromete todo
o sistema de comunicação. Por exemplo, uma pessoa pode ter boa cultura, ser extrovertida e desinibida, saber usar bem as
mãos, possuir um rico vocabulário e dominar uma boa fluência verbal. Pode possuir tudo isso, mas se falar de forma linear,
com voz monótona irá provocar desinteresse e sonolência aos ouvintes e, consequentemente, a comunicação ficou limitada.
O somatório desses pequenos problemas impede que uma pessoa se comunique com fluidez e naturalidade. É o mesmo
princípio de que: “A união faz a força”, ou seja, o conjunto dessas dificuldades neutraliza o efeito que a comunicação poderia
provocar, impedindo-a de mostrar o seu potencial e a sua competência, gerando frustrações na vida pessoal e profissional:
a) Timidez: Há pessoas que possuem muito conhecimento e muito talento mas na hora de falar em público, em uma
reunião ou quando convidadas para proferir uma palestra, ficam totalmente apavoradas e preferem fugir do que enfrentar.
Se observarmos bem, uma pessoa não é valorizada por aquilo que sabe ou conhece, mas por aquilo que faz com aquilo
que sabe. Por isso, a timidez tem impedido muitas pessoas de conseguirem galgar melhores possibilidades de sucesso na
vida. Basicamente, os problemas de timidez manifestam-se por medos, tais como de não ser bem sucedido, de errar, de ter
o famoso “branco”. Outra evidência é a baixa autoestima, ou a sensação de incapacidade para se expressar diante de situa-
ções desafiadoras. Além disso, há o excesso de manifestações no próprio corpo, tais como tremedeira, gagueira, sudorese,
taquicardia, chegando, em alguns casos até a desmaios;

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
b) Saber Ouvir: Saber ouvir é muito mais do que escutar de treinamento chamado “O Homem Milagre”, que diz o
e darmos a nossa interpretação conforme desejarmos ou seguinte: “SNIOP”, ou seja: “Salve-se das Nefastas Influên-
baseada nas nossas próprias limitações. Saber ouvir é culti- cias de Outras Pessoas”. De qualquer modo é importante
var a difícil arte da empatia que é a habilidade de se colocar que você mesmo mantenha o devido controle emocional
no lugar do outro e prestar muita atenção no significado e saiba proteger-se dessas negatividades;
das palavras, na maneira em que a pessoa está transmitin- i) Foco de mudanças: Você não pode mudar as atitu-
do, no seu estado emocional, seus limites e conhecimentos; des e comportamentos de outras pessoas. Assuma! Você é
é olhar para os seus olhos, é perguntar se houver dúvidas, é o responsável apenas por aquilo que está ao seu alcance
evitar interpretar ou “alucinar” a partir do que foi dito; e pelas mudanças que pode proporcionar a você mesmo;
Este mesmo princípio de empatia se processa para j) Motivação e autoestima: Considero um dos aspec-
quem deseja se comunicar. Para conseguir um ótimo resul- tos mais importantes da comunicabilidade de uma pes-
tado, basta colocar-se no lugar do outro e gerar estímulos soa, a energia que flui sutilmente através da sua voz e do
adequados conforme o jeito do outro funcionar, de proces- seu corpo, das palavras e da sua postura, dos gestos e do
sar informações, de entender conforme o seu nível cultural olhar. É a expressão do seu otimismo ou pessimismo, da
ou limitações de vocabulário, conceitos e experiências pes- agressividade ou suavidade, do nível da sua autoestima.
soais. A pergunta ideal para termos a evidência se, de fato, É a comunicação invisível, mas presente, percebida pelos
o outro entendeu o que dissemos é “O que você entendeu sentidos. Quão agradável é a energia que flui de pessoas
do que eu disse?”. O mundo seria, certamente, bem melhor otimistas, bem humoradas, felizes, que diante das adver-
e as pessoas conseguissem relacionar-se melhor se pudes- sidades da vida encontram desafios que serão superados.
sem fazer e responder a essa pergunta; Para concluir, cabe ressaltar a sutileza da comunica-
d) Voz: Outra grande dificuldade para muitos (e o pro- ção das pessoas que tem bondade no coração, a gentileza
blema é que desses, poucos sabem) é sobre a utilização nos gestos, beleza e doçura nas palavras. “Sensualidade,
adequada da voz. Há pessoas que falam muito devagar, ou- alinhamento e graça permeiam seus movimentos. Uma
tras ainda que tem dicção ruim ou falam de forma linear ou nobreza natural flui silenciosa e discretamente em suas
ainda com volume muito baixo. ações; há uma segurança pessoal apoiada na humilda-
A questão é simples: Como posso esperar, de fato, que de; uma reverência, um senso de humor mesclado com a
alguém me compreenda ou preste atenção no que digo se consciência do sagrado”. Essas são as pessoas que fazem
nem sequer consigo entender o que estou dizendo? mais do que se comunicar, irradiam luz e brilho pessoal.
e) Corpo: Curiosamente, a expressão corporal assume
até mais importância do que a voz e, em alguns casos, do O QUE É COMUNICAÇÃO INTERGRUPAL
que o próprio conteúdo. Medo de olhar nos olhos, expres- “Uma comunicação bem estruturada e efetiva provoca
são facial incongruente com o conteúdo, aparência mal cui- impacto positivo no desempenho individual dos emprega-
dada, ausência de gestos ou excessiva gesticulação, bem dos”. Não obstante todo o progresso tecnológico deve-se
como posturas inadequadas são suficientes para tirarem o levar em conta uma verdade fundamental. O homem, para
brilho de um processo de comunicação; produzir e sobreviver necessita da comunicação. Comuni-
f) Vícios: Quantas vezes ouvimos, ou melhor, tentamos car-se com seu semelhante está na base de qualquer rela-
ouvir pessoas, acompanhar seu raciocínio, mas fica difícil cionamento humano. E mais: Quanto maior for o entendi-
pois ouvimos alguns ruídos, tais como “aaaa...”, “éééé....”, mento entre as pessoas, melhor será o bem-estar existente
“tá”, “né”, “certo”, “percebe” repetidos inúmeras vezes. Dei- entre elas e mais produtivas elas serão. Diante dessa pers-
xamos de prestar atenção no conteúdo e ficamos incomo- pectiva é que as organizações modernas, de grande ou
dados com esses sons que dificultam a compreensão; pequeno porte, devem orientar-se, lembrando-se de que
g) Prolixidade: Por acaso, você conhece pessoas que sua maior força produtiva, de muito mais valia do que suas
dão várias voltas, entram em paralelas ou transversais, fa- máquinas, são seus funcionários. A eles deve ser dada toda
zem retornos, dão marcha ré, engatam novamente a pri- a atenção, para que convivam em harmonia, conheçam os
meira marcha... Já deu para perceber que estamos falando objetivos pelos quais trabalham e possam ser produtivos
de pessoas prolixas, ou seja: Ninguém aguenta por muito pela sua atuação em equipe. E o que pode produzir essa
tempo ouvir aquelas pessoas que falam demais e desneces- ligação entre pessoas é a comunicação.
sariamente, principalmente sobre assuntos sem interesse; Diversos sentimentos negativos podem surgir dentro
h) Controle emocional: Você já ficou magoado e ficou da organização quando essa não se preocupa em criar
chateado um dia inteiro por um simples fato ocorrido no um eficiente processo permanente de comunicação com
trânsito ou um tom de voz mais elevado em um momento os empregados. Um sistema ineficiente de comunicação
de discussão ou um “bom dia” que não lhe disseram? Você pode causar nos funcionários frustração por se sentirem
já imaginou o poder que você mesmo dá, assim, de presen- de certa forma menosprezados, e ansiedade por se verem
te a uma pessoa que você nem conhece, talvez nunca mais diante do desconhecido, o que acaba provocando medos
a veja na vida, ou mesmo que seja alguém conhecido, que e incertezas quanto à segurança no emprego. Em um am-
é a capacidade de tirar o seu bom humor, seu otimismo, ou biente fechado de trabalho, no qual centenas de pessoas
a sua motivação? Esteja atento para essas armadilhas da dependem da confiança que depositam umas nas outras
comunicação e previna-se. Conheço uma frase de um filme para o cumprimento de suas tarefas, a existência de um

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

quadro psicológico negativo, inseguro, diminui a concen- São pessoas fazendo algo juntas. O algo que uma equi-
tração no trabalho, a motivação e pode provocar irritação e pe faz não é o que a torna uma equipe, é o juntos que
muito estresse em quem deve atender a programas rígidos interessa. Por várias vantagens as organizações estão mu-
de produtividade. dando de grupos para equipes, em resumo:
Hoje, a importância estratégica da comunicação nos Aumento de produtividade: Outra visão para oportuni-
negócios tornou-se tão grande que é impossível uma or- dades que a gerência convencional deixaria passar desper-
ganização manter seus níveis de produtividade e lucrativi- cebida. Organizações que viram as equipes apenas como
dade sem que institua internamente excelente processo de estratégia de redução de custos não se desapontaram;
informação, de diálogo com seus funcionários. A existência Melhoria de comunicação: Informações compartilhas
de boa comunicação na empresa motiva a boa execução e trabalho delegado. Equipes realizam tarefas que grupos
das tarefas, elimina as incertezas, as ambiguidades e pro- comuns não podem fazer. Há conhecimentos demais para
duz confiança e segurança. Para ser eficaz, o processo de que uma única pessoa ou turma de funcionários possa saber
comunicação não pode ser tratado como algo sazonal. Ao tudo e competir com uma equipe de integrantes versáteis;
contrário, precisará ser permanente, acurado, adequado ao Melhor uso dos recursos: As equipes focalizam seus re-
contexto em que vivem os empregados. Ou seja, os empre- cursos mais importantes diretamente nos problemas. É o
gados necessitam de uma comunicação just in time, isto é, princípio de que nada pode ser desperdiçado;
a informação certa, na medida certa e no tempo certo para Mais criatividade e eficiência na resolução de proble-
executarem com êxito suas tarefas. mas: Além de estarem mais motivadas, estão mais próxi-
A propósito, é bom lembrar o que diz Levine and mas dos clientes e combinam-se. Elas invariavelmente sa-
Wright Kozoles que, “quando os empregados são manti- bem mais sobre a estrutura da organização;
dos informados, tendem a se sentir mais satisfeitos com Decisões de alta qualidade; Vem do princípio do co-
seus trabalhos, apresentam um moral de nível mais alto e nhecimento compartilhado;
são motivados a serem empregados produtivos”. Continua Melhores produtos e serviços: As equipes aumentam o
sendo verdadeiro afirmar que a existência de um processo conhecimento que, quando aplicado no momento certo, é
de comunicação bem planejado e executado provoca im- a chave para a melhoria contínua;
pacto positivo no desempenho individual dos empregados. Processos Melhorados: Apenas as equipes, que pos-
Como se vê, o impacto da comunicação sobre os empre- suem o conhecimento de todas as funções, podem remo-
gados deve ser avaliado de maneira muito mais profunda e ver os obstáculos e acelerar o ciclo;
crítica para que as empresas atinjam suas metas em parce-
Diferenciam enquanto integram: As equipes permitem
ria com seus funcionários.
às organizações misturar pessoas com diferentes tipos de
conhecimentos sem que essas diferenças rompam o tecido
O QUE É EQUIPE
da organização.
Há alguns anos atrás, não falavam em equipe, elas
As organizações mudaram da velha pirâmide hierárqui-
existiam mais eram convencionais, orientadas para a fun-
ca para trabalharem em equipes, e muitas já fracassaram
ção, compostas de especialistas nessas funções. O mun-
do está cheio de equipes, e existem muitos tipos, e cada no início. E agora será que compensa continuar com isso?
uma possui seu próprio potencial que se desmorona à Ou deve-se voltar para a velha pirâmide da burocracia?
sua frente. Elas tem sido um componente-chave da reali- Quando fracassam, é quase sempre porque a organização
dade organizacional desde que existem as organizações, que as emprega voltou-se para equipes para diminuir a ge-
digamos que, é a unidade natural para atividades de pe- rência de nível médio, sem dar-lhes atenção, ferramentas,
quena escala, desde o início da Revolução Industrial, ini- visão, recompensas, ou a clareza de que necessitam para
ciada no século XVIII. serem bem sucedidas. As empresas que abordam a forma-
O mundo, após o final da II Guerra Mundial, estava em ção de equipes com a orientação de numerador (potencial
ruínas, tinha recém se reconstruído e tornara-se altamente de uma empresa para crescimento) não abandonam a ideia
competitivo. Em outros países, estavam-se experimentan- da lucratividade de seus resultados financeiros.
do novos modelos para grandes organizações. O sucesso
desses países deve-se a custa dos norte-americanos. O en- NECESSIDADES HUMANAS
tusiasmo da prosperidade norte-americana estava parada, O ser humano, como ser social, necessita de interação
e o novo entusiasmo viraria a velha pirâmide de ponta- com outras pessoas, da mesma forma que necessitamos da
cabeça e iria devolver o foco à esquecida e básica unidade água, ar, etc. Uns mais ou menos do que outros. Mas o que
de operações: o grupo de trabalho ou equipe. Mas o que é obtemos uns dos outros?
uma equipe? O Japão após a II Guerra estava sem infraes- Afeição: Todo ser humano necessita de afeição;
trutura, mas possuía pessoas motivadas, com disposição Afiliação: É o sentimento de pertencer a algum grupo
cultural para trabalharem juntas e a visão e paciência para ou organização;
traçar estratégias e praticá-las. Alguns anos mais tarde os Reconhecimento: Uma vida sem reconhecimento é
japoneses estavam exigindo o máximo, para todos os tra- algo superficial;
balhadores de todas as funções, e a missão de cada equipe Troca de ideias: É a maneira mais rápida e prática de
era a melhoria contínua dos processos. Nenhuma idéia era aprender;
pequena demais e nenhum trabalhador insignificante. To- Valorização pessoal: Processo de benchmarking pes-
dos participavam. soal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Alguns tipos de cultura, não só antigamente, mas ain- Pesquisas mostram que quanto maior a habilidade de
da hoje, fazem ao contrário para punir alguém, excluem-no, um líder em utilizar os métodos de supervisão em grupo,
não o deixando relacionar-se com outros membros. Nós tanto maiores serão a produtividade e as satisfações en-
ainda queremos que gostem de nós, ainda usamos uns aos contradas no emprego, pelos subordinados. A frequência
outros para aprender, realizar tarefas complexas e enfatizar das reuniões de grupo de trabalho, bem como a atitude e
nosso valor individual como colaboradores. A afiliação existe comportamento do superior em relação às ideias dos su-
em diversas gradações de intensidade e acontece por dife- bordinados, afetam o grau em que os subordinados acham
rentes razões, uma delas, é a fim de sobreviver. O indivíduo que o supervisor é bom nas relações humanas. Assim, um
isolado é solitário; ele também é ineficaz e vive pouco. Para supervisor ou gerente só deve fazer uma reunião se real-
muitos membros de equipe, sua equipe é sua passagem mente estiver interessado em servir-se das idéias dos su-
para a sobrevivência. A equipe fornece a força dos números bordinados. Uma atitude solidária por parte do chefe/su-
que serve, muitas vezes, de camuflagem para esconder seus pervisor, assim como a utilização construtivas das reuniões
fracassos ou mediocridade. Eles farão o que for necessário, de grupo, é necessária para desenvolver orgulho e lealda-
incluindo juntar-se a uma equipe, para sobreviver. de no grupo. Supervisores que são altamente cotados pela
Formar equipes não é uma ideia inovadora, isto está administração fazem uso frequentes de reuniões de grupos
em nosso sangue, queremos fazê-lo e bem, mas temos para tratar de problemas relativos ao trabalho.
essa tendência de estragar tudo na execução. Quando as Outro fator importante registrado, é que mestres de
coisas estiverem difíceis, ajuda lembrar que nossas inten- grupos de trabalho de elevada produção reportam, com
ções são sempre boas no fundo, e muito naturais. muito mais frequência do que mestres de grupos de baixa
produção, que seus grupos de trabalho apresentam bom
NECESSIDADES INDIVIDUAIS X NECESSIDADES DE desempenho quando os mestres estão ausentes. Aparen-
EQUIPE temente mestres de alta produtividade criam no interior do
Mesmo com a tendência do ser humano pertencer grupo de trabalho expectativas, a capacidade e as metas
a uma equipe, não queremos desenraizar nossas vidas e necessárias para seus funcionamento normal na ausência
prioridades individuais pelo bem de um grupo de trabalho do mestre.
desprezível qualquer. Se os membros de uma equipe não Os grupos de trabalho com maior orgulho de sua capa-
tiverem suas necessidades individuais satisfeitas ou pelo cidade de produzir ou com maior lealdade pelo grupo ten-
menos direcionadas para um mesmo objetivo, dificilmente dem a ser grupos de altos índices de produtividade. O alto
índice de lealdade em um grupo, não está necessariamen-
serão uma grande equipe; e não conseguirão atingir suas
te relacionada com produtividade. Existem consideráveis
metas de forma oportuna, porque as metas de sua equi-
indícios que grupos de trabalho podem ter objetivos que
pe estão sendo sutilmente enfraquecidas por uma grande
influenciarão a produtividade e custo tanto favorável como
quantidade de metas pessoais insatisfeitas.
desfavoravelmente. A capacidade e tendência de grupos
Trabalho eficaz em equipe significa saber manter um
de trabalho para restringir a produção foram encontra-
equilíbrio constante entre as necessidades da equipe e as
das em muitos estudos. As organizações informais que se
necessidades individuais. Não apenas as básicas de sobre- compõe quase na totalidade ou da maioria dos membros
viver através de filiação, mas também coisas que cada um dos grupos de trabalho podem restringir ou aumentar a
deseja, coisa que nada tem a ver com equipes ou cargos. produção, aumentar as faltas e, de outras maneiras, influir
As equipes devem desconfiar de membros que não tem nos objetivos da empresa. Portanto já se verificou que au-
qualquer intenção honesta de serem membros ativos da mentos substanciais de produtividade e reciprocamente
equipe. Sacrifício, lealdade e a vontade de passar por um diminuição do desperdício, quando os objetivos grupais
pouco de dificuldades uns pelos outros apenas ocorrem são alterados de forma a se tornarem compatíveis com os
quando as cartas estão na mesa e as pessoas podem ser da organização. Razões diversas parecem concorrer para
honestas acerca de suas necessidades. Quaisquer que se- maior produtividade dos grupos de trabalho com elevado
jam as metas pessoais, precisamos saber quais são para índice de orgulho e lealdade entre os colegas. Uma delas é
lidar com elas, ou ao menos reconhecê-las, como equipe. que os trabalhadores nesses grupos revelam mais coope-
Quando sabemos o que nossos companheiros desejam ração para realizar as tarefas.
que consigamos e o que nós mesmos queremos, forma-se
um excelente vínculo entre os membros. TRABALHO EM EQUIPE X AGENDA SOCIAL
O propósito da equipe é reunir pessoas e fazer coisas
O QUE É TRABALHO EM EQUIPE juntas, e o propósito da agenda social é satisfazer suas ne-
Uma das condições essenciais nas organizações é o cessidades pessoais de afiliação ao estar envolvido em um
trabalho em grupo. Parece bastante simples, visto que as grupo. Um deles diz respeito a trabalho, o outro não. Se
necessidades e os resultados alcançados são de longe mui- conhecermos os detalhes uns dos outros logo no início,
to mais significativo do que o trabalho separado. Então o poderemos resolver ansiedades e expectativas antes que
desafio resume-se somente em colocar as pessoas ao lado elas arrastem a equipe para baixo. Algumas vezes a defi-
das outras e explicar bem os desafios e dar condições para nição de trabalho em equipe e agenda social torna-se um
a realização das tarefas, certo? Errado, o que parece ex- pouco indefinida. Pesquisadores afirmam que a agenda so-
tremamente fácil, pode ser algo de extrema dificuldade, cial é um componente necessário para manter a sanidade
quando se tenta colocar em prática. durante o trabalho, aliviar o estresse.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

AS POTENCIALIDADES DO TRABALHO EM EQUIPE lá no fundo, seja em sua forma real ou percebida. Elas se
O pequeno grupo face a face é uma unidade tão im- destacam ou fracassam em função do que elas, de fato,
portante quanto o indivíduo, na organização. Os dois não realizam ou de como elas, de fato, se comportam com re-
se opõem. Isto só pode ser realizado se certas exigências lação a outros grupos que lhe são externos;
forem cumpridas. Teremos de aprender a distinguir en- 3. O mito de que as pessoas gostam de trabalhar jun-
tre atividades que são próprias para grupos e as que não tas: As pessoas precisam de seu espaço para se sentirem
são. Na medida em que essas exigências forem satisfeitas, calmas e seguras. Passar o dia inteiro encurralados com
faremos algumas descobertas importantes. Por exemplo: colegas de equipe parece menos com uma receita para
O estabelecimento de metas em grupo oferece vanta- desempenho do que com uma peça teatral francesa de té-
gens que não podem ser obtidas pelo estabelecimento de dio existencial. Ao projetar um ambiente para equipes, não
metas por um indivíduo; espere que as pessoas fiquem loucas para terem contatos
Um grupo gerencial eficiente proporciona o melhor constantes entre si. Respeite sua relutância em perder sua
ambiente possível para o desenvolvimento individual; identidade individual para a equipe;
Muitos objetivos importantes e muitas medidas de 4. O mito de que o trabalho em equipe é mais pro-
dutivo do que o individual: A verdade é que as equipes
desempenho podem ser criadas para serem aplicadas ao
são inerentemente inferiores a indivíduos, em termos de
grupo, o que não acontece no plano individual;
eficiência. Se uma única pessoa tiver informações suficien-
Numa equipe gerencial eficiente, os aspectos de com-
tes para completar uma tarefa, ela sobrepujará uma equipe
petição encarniçada, que representam um prejuízo para
incumbida da mesma tarefa. Não há interfaces, repasses de
o sucesso organizacional, podem ser minimizados pelo serviços intermediários entre indivíduos. Não há mal-en-
desenvolvimento da “unidade de propósito”, sem reduzir tendidos nem culturas conflitantes. Nenhum conflito de
a motivação individual. Temos muito o que aprender, e personalidade ou algo assim.
muitos preconceitos para vencer. Mas realmente acredi- 5. O mito do “quanto mais, melhor” nas equipes: Há
to que essa transição seja inevitável, a longo prazo. Logo uma tendência em algumas empresas de pensar sua or-
mais já não será possível dirigir uma empresa complexa, ganização inteira como uma equipe. Esta é uma expressão
interdependente e cooperativa, como a companhia indus- interessante mas sem utilidade. Equipes, por sua própria
trial moderna, com base nas premissas totalmente ilusó- natureza, não podem ser grandes. Em algum ponto elas
rias de que ela é feita de relações individuais. deixam de ser equipes e tornam-se multidões. O tamanho
da equipe é importante. Pequeno é melhor que grande.
MITOS DA EQUIPE Uma equipe pode ser conduzida, dirigida por um líder, ins-
1. O mito do aprendizado através da aventura: O tituída formalmente.
aprendizado através da aventura é um evento de grupo
em que uma equipe é submetida a uma série de tarefas REVIRANDO AS EQUIPES
desafiadoras, físicas e mentais. Frequentemente são reali- 1. Fazendo As Equipes Passarem Por Estágios Rumo Ao
zadas em locais abertos, em um cenário idílico ou em um Sucesso
retiro nas montanhas, ou em um hotel fazenda ou parque. Há quatro estágios no desenvolvimento de equipes
Descobriu-se que as pessoas poderiam passar por que almejam ser bem sucedidas: Todas as equipes bem su-
transformações comportamentais incríveis, se solicitadas cedidas passam por todos estes quatro estágios:
a fazer coisas que comumente não faziam, com o resto a) Formação: Quando os membros do grupo está ainda
do grupo atuando como apoio. Há dois graus básicos de aprendendo a lidar uns com os outros. A formação é aque-
aprendizado por aventura: le estágio do desenvolvimento de equipe em que tudo está
- De alto risco: São os de maior aventura, há um certo para se iniciado, quando a equipe é ainda somente uma
grau de perigo físico real nos exercícios desse tipo; equipe no sentido mais solto da palavra. Um dos sinais de
uma equipe no estágio de formação é a extrema delicade-
- De Baixo risco: Implicam um risco real muito peque-
za, um esforço enorme para não ofender e para não pro-
no. É o aprendizado através da aventura de forma barata,
vocar animosidades. Isso é compreensível quando se con-
geralmente uma série de exercícios físicos ao ar livre, que
sidera que as boas maneiras são instituídas de uma forma
podem ser realizados em um parque ou num quintal.
global para evitar que as pessoas que não se conhecem
As lições que as pessoas aprendem nestes grupos não ameacem umas às outras. Essa ânsia de se apresen-
incluem a superação do medo e da desconfiança, assim tar como não ameaçador é realmente a chave para quão
como a lição de que a força sinérgica do grupo trabalha ameaçador o estágio de formação realmente é. As pessoas
para ajudar o indivíduo; que se reúnem pela primeira vez tem consigo todos os ti-
2. O mito do tipo de personalidade: As categorias pos de pergunta acerca de quais membros tem poder e
de personalidade também fornecem a cada membro de se eles compartilharão este poder e com quem, dúvidas
equipe uma nova compreensão de si mesmo e um con- a respeito de suas próprias capacidades e a dos demais, e
junto de iniciais para explicar que tipo de personalidade preconceitos sobre os tipos de pessoas com que terão que
tem. Mas a classificação de personalidade não mede nada se ombrear dentro na equipe. Em meio a tais sentimentos
que seja importante para equipes. As equipes não se des- conflitantes, as pessoas se agarram ansiosamente em algu-
tacam ou fracassam em função de como as pessoas são ma coisa para formar alianças temporárias.

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Durante o estágio de formação, os potenciais colegas d) Realização: Quando níveis ótimos são finalmente
de equipe identificam similaridades e expectativas de resul- alcançados. Realização não é ser viciado em trabalho. De
tados, concordam com o propósito da equipe e identificam certa forma é o contrário, porque é admissão por cada
recursos possíveis e conjuntos de habilidades. A formação membro da equipe de que ele não pode fazer o trabalho
é uma época de grande perigo. As primeiras impressões sozinho. Trata-se de um nível de compromisso genuíno
são formadas e fixadas. As personalidades agressivas se com as metas e objetivos da empresa que pode ser no-
movimentam para estabelecer o domínio; vidade para os membros de equipe individualmente. Os
b) Tormenta: Uma época de difícil negociação das realizadores sabem o valor real de todos com que traba-
condições sob as quais a equipe deverá trabalhar juntas. lham. Os membros de equipe realizadores não demons-
Estima-se que três quintos da extensão de um projeto de tram cansaço se forem convocados no fim de semana para
equipe, do começo ao fim, sejam constituídos com os dois ajudarem a resolver um problema aparente. A realização é
primeiros estágios, formação e tormenta. Nunca houve um período de grande crescimento pessoal entre os mem-
uma equipe que não tenha sido testada na fase de tormen- bros da equipe. Com o compartilhamento de experiências,
ta. E a tormenta sempre vem como uma surpresa, indepen- sentimentos e ideias de outros membros da equipe que
dentemente de como se tenha preparado para ela. Esta é
advém de um novo nível de consciência.
a hora de entrar, de explicar limites, de oferecer sugestões,
de manter um controle sobre a anarquia inevitável. A tarefa
2. Equipes E Tecnologia
de treinar é crítica, porque a tormenta é onde mais impor-
Naturalmente, a tecnologia é o que tornou possível
tantes dimensões da equipe são delineadas. Juntamente
com suas metas, as quais a equipe começou a estabelecer esta espécie global de trabalho em equipe. Com sorte, a
durante a formação, esclarecer e implementar estes qua- tecnologia irá ajudar para que isso tudo funcione. É difí-
tro elementos compreende a agenda inteira da equipe. O cil elaborar uma frase tecnológica que signifique tanto e
treinador está ali para ajudar, não para interferir. É tão de- tenha tão pouca conotação como a palavra “groupware”,
licado como andar na corda bamba, porque o moral pode que é um software para uso em PC e voltado para grupos.
cair a níveis baixos e as hostilidades emergirão e exigirão Até agora os produtos de groupware se destinaram a dois
alguma espécie de reação. De qualquer modo, estas coisas problemas principais, controlar o fluxo de trabalho e re-
acontecem na tormenta. A única reação errada em tal cir- gular o conteúdo do trabalho ou uma certa combinação
cunstância é a de tornar-se realmente defensivo. Não hou- destas duas coisas. Decidir qual tecnologia é a mais indi-
ve intenção de ofensa. cada para tal equipe é uma pergunta de porte, envolvendo
Os líderes devem compreender os sinais de tormen- tudo o que existe no mercado hoje, desde de programas
ta. A tormenta é a esperança misturada com uma grande de software, plataformas de hardware e montagem de
dose de temor. Durante a tormenta, todos os membros da fone/fax, até lápis e borracha. As tecnologias de equipe
equipe estão cogitando se são respeitados pelos demais. são raramente solicitadas pelas equipes, elas são em ge-
A tormenta é o estágio no qual algumas pessoas decidirão ral impostas pela organização. Impor soluções às equipes
diminuir o ritmo. Elas aparecerão para trabalhar, e ainda se subtrai a flexibilidade que queremos delas.
comunicarão com membros de outras equipes, mas não Muitas equipes tem uma subequipe encarregada de
muito bem. Mas se olhar mais de perto para o comporta- monitorar o desenvolvimento de novas tecnologias e re-
mento delas, ficará claro que a equipe considerada não é a comendar compras. O trabalho dessas subequipes é difícil,
equipe que elas queriam, e por isso elas decidirão não ser pois tem que andar na ponta dos pés em um campo mi-
membros entusiastas; nado de paradoxos que podem ser fatais. A triste verda-
c) Aquiescência: Uma época na qual os papéis são de é que, embora as tecnologias de equipe existentes no
aceitos. Com o passar da tormenta chega-se a um novo momento sejam frequentemente fantásticas, as equipes
alinhamento e aceitação dos papéis na equipe. O suces- estão ainda tropeçando em suas ferramentas, gastando
so experimentado durante o estágio de aquiescência é
seu precioso tempo aprendendo sistemas que não fazem
um sucesso marcado por contradições, de que o grupo se
o que elas querem que façam ou que são muito difíceis de
torna mais forte à medida que os indivíduos cedem em
serem dominados por cada um dos membros da equipe
suas defesas-chave, reconhecem pontos fracos e pedem a
e tentando fazer com que essas ferramentas façam coisas
ajuda das pessoas como formas de compensação. O está-
gio de aquiescência é definido pela aceitação dos mesmos que elas simplesmente ainda não conseguem fazer.
papéis que a tormenta renegou. Os relacionamentos que
começaram no estágio da formação, tem a oportunidade 3. Saúde Da Equipe A Longo Prazo
de se aprofundarem durante a aquiescência. Durante a Tendo-se conseguido uma boa trilha para a equipe,
aquiescência as arestas não tratadas do conflito começam tem-se que achar formas de conservá-las e evitar que ela
a ceder. O que aconteceu é que as agendas ocultas pelos se desgaste, transformando-se em um beco sem saída. A
membros durante a tormenta foram desmascaradas ou di- equipe sobrevive ao sucesso lutando para manter o mes-
minuíram de importância. A necessidade das pessoas de mo nível de atenção a seus próprios processos como ela
avaliar seus domínios sobre o grupo, sejam eles ativos ou mantinha quando começou a ter êxito. O ponto de refe-
passivos, reduziu-se na medida em que aumentou a intimi- rência é a melhoria contínua, a idéia de que o processo
dade do grupo; pode ser melhorado indefinidamente. A clareza contínua

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

significa que deve-se estar constantemente esclarecendo


a clareza já alcançada durante a formação inicial da equipe. 10. NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS:
Não basta que os membros de equipe se reúnam e discu- CONCEITOS E OBJETIVOS; RECRUTAMENTO;
tam com detalhes suas metas e visões em um determinado SELEÇÃO; TREINAMENTO; DESENVOLVIMENTO
dia. Eles tem que continuar mantendo aquele entendimen- E RELAÇÕES INTERPESSOAIS; COMPETÊNCIAS,
to novo e claro no dia seguinte, um dia após o outro.
A clareza contínua significa enumerar continuamente
as coisas que levam a equipe ao sucesso e perguntar se
elas estão funcionando ou se precisam ser trabalhadas de A Administração de Recursos Humanos é uma base
alguma forma. Adotar uma atitude de diagnóstico contí- para a criação das políticas sociais da empresa. Está voltada
nuo sobre si própria. Normalmente há alguém na equipe ao fator principal que garante o funcionamento de qual-
que tem um jeito especial para o pensamento circunspec- quer organização: as pessoas. Toda instituição deve preo-
to, aquele que cobre todos os aspectos das coisas, o que cupar-se com a motivação de seus funcionários, uma vez
é um requisito para o diagnóstico. Esta pessoa tem seus que eles colaboram para a manutenção e funcionamento
“fios” ligados de forma diferente da maioria das outras pes- diário da empresa. Os empresários não devem deixar de
soas. Algumas equipes não tem ninguém que atenda a esta dar atenção aos seus colaboradores, principalmente pelo
descrição. Não podem designar ninguém para ser o con- possível reflexo direto nos lucros da empresa. Treinamen-
trolador de clareza e tem uma brutal dificuldade de perma- tos, avaliações, bonificações, políticas de cargos e salários
necer focalizadas. Outras equipes tem o problema oposto, são recursos que podem ser utilizados para o melhoramen-
um ou mais membro gostam da tarefa do diagnóstico. Es- to motivacional.
tas pessoas são extremamente apaixonadas pela clareza. A expressão “Gestão de Pessoas” visa substituir “Admi-
Seus egos e autoestimas estão excessivamente voltados nistração de Recursos Humanos”, que, ainda mais comum
para detectar variações mínimas. Elas visualizam como um entre todas as expressões utilizadas nos tempos atuais para
bando de maníacos que se aplicam chicotadas implacáveis designar os modos de lidar com as pessoas nas organiza-
com fins de autocorreção. ções. Os argumentos em prol desta mudança na nomen-
A razão para se ter uma equipe hoje é explorar o co- clatura ressaltam que o termo “Administração de Recursos
nhecimento e a inteligência das pessoas. A razão para se Humanos” é muito restritivo, pois implica a percepção das
tê-la ao longo do tempo é fazer com que o conhecimento pessoas que trabalham numa organização apenas como
e a inteligência cresçam, se disseminem e se multipliquem. recursos, ao lado dos recursos materiais e financeiros.
As pessoas às vezes confundem informações com conhe- Algumas empresas, visando maior lucratividade, estão
cimento: se preocupando em fazer investimentos com consultorias
- Informação: É o que se tem em abundância pelo de recursos humanos. Porém, outras organizações, estão
mundo, a informação é boa e indispensável para o término implantando uma área de gestão de pessoas na sua pró-
de muitas tarefas; pria unidade de trabalho. Tudo isto está ocorrendo devi-
- Conhecimento: É um ponto de vista sobre a infor-
do ao fato de que há uma tendência muito forte que os
mação, uma teoria que lhe dá um contorno e um signifi-
funcionários motivados, capacitados e com um ambiente
cado, acontece dentro de nós e somente dentro de nós, é
de trabalho favorável têm alta produtividade impactando
esta transformação mágica que nos faz humanos, que nos
diretamente nos resultados da organização.
permite mudar. Ao respirarmos, inspiramos informação e
Para trabalhar com pessoas, primeiro deve-se com-
expiramos conhecimento.
preender o comportamento humano e também o conheci-
mento de vários sistemas e práticas de recursos humanos.
A necessidade de mão-de-obra e também a legislação con-
tribuíram para a inclusão das mais diversificadas forças de
trabalho, quebrando muitos paradigmas. Até meados dos
anos 80, as empresas até poderiam empregar mulheres,
idosos e portadores de deficiência, mas era evitado e quan-
do ocorria, geralmente não se estendia por muito tempo.
Os gestores naquela época não possuíam uma visão estra-
tégica de recursos humanos e sociais e consequentemente
não investiam na contratação da “minoria”.
Com o passar dos anos, e também com a contribuição
trazida pelos estudos feitos pelos mais diversos pensado-
res da área de humanas mostrando que o investimento no
emprego de mulheres, negros, idosos, analfabetos e por-
tadores de deficiência, isto é, todos aqueles que até então
eram tidos como “os excluídos”, “a minoria” pela sociedade
ajudariam na construção e manutenção da imagem da or-
ganização. 

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
A partir deste momento, os gestores passaram a rever Processo de recrutamento
muitos conceitos e investir nestas contratações. O cumpri- O recrutamento envolve um processo que varia con-
mento das leis criadas e a preocupação em evitar uma au- forme a organização. O órgão de recrutamento não tem
tuação, fizeram com que muitas empresas mudassem seus autoridade para efetuar qualquer atividade de recrutamen-
sistemas internos e externos de captação de mão-de-o- to sem a devida tomada de decisão por parte do órgão
bra. Hoje, as organizações fazem o possível para tornar o que possui a vaga a ser preenchida. O recrutamento de
seu quadro de funcionários o mais diversificado possível, pessoal é oficializado através de uma ordem de serviço de-
primeiramente para mostrarem-se socialmente responsá- nominada como requisição de pessoal. Quando o órgão de
veis e também para impedir um acompanhamento judicial recrutamento a recebe, verifica se existe algum candida-
que abalaria a sua imagem de empresa preocupada com o to adequado disponível nos seus arquivos; caso contrário,
bem-estar da comunidade em geral. deve recrutá-lo através das técnicas de recrutamento.
Fonte: http://www.catho.com.br/cursos/index.
php?p=artigo&id_artigo=1306&acao=exibir Meios de recrutamento
Verificou-se que as fontes de recrutamento são áreas
Recrutamento e Seleção: técnicas e processo deci- do mercado de recursos humanos exploradas pelos meca-
sório nismos de recrutamento. O mercado de recursos humanos
O recrutamento é um conjunto de técnicas e procedi- apresenta fontes diversificadas que devem ser diagnosti-
mentos que visam atrair candidatos potencialmente qua- cadas e localizadas pela empresa. Deste modo, ela passa
lificados, capazes de assumirem cargos dentro da organi- a influencia-las através de uma multiplicidade de técnicas
zação. É como um sistema de informação, através do qual de recrutamento, visando atrair candidatos para atender às
a organização divulga e oferece ao mercado de recursos suas necessidades. Verificamos também que o mercado de
humanos as oportunidades de emprego que pretende
recursos humanos é constituído por um conjunto de can-
preencher. O recrutamento é uma atividade que tem por
didatos que podem ser empregados (a exercer atividades
objetivo imediato atrair candidatos que, na fase de sele-
noutra empresa) ou disponíveis (desempregados). Os can-
ção serão apontados como adequados ou não para a vaga
didatos empregados ou disponíveis podem ser reais (que
disponível, o que leva a afirmação de que o recrutamento
estão à procura ou querem mudar de emprego) ou poten-
é uma atividade de comunicação com o ambiente externo.
ciais (que não estão interessados em procurar emprego).
Daí existirem dois meios de recrutamento: o interno e o
Fontes de recrutamento
externo.
As fontes de recrutamento representam os alvos es-
pecíficos sobre os quais irão incidir as técnicas de recru-
tamento. Para melhor identificar as fontes de recrutamen- Recrutamento interno
to (dentro dos requisitos que a organização irá exigir aos Diz-se que o recrutamento é interno quando uma de-
candidatos), são possíveis dois tipos de pesquisa: a pes- terminada empresa, para preencher uma vaga, aproveita
quisa externa e a pesquisa interna. o potencial humano existente na própria organização. A
razão deste aproveitamento prende-se, muitas vezes, com
Pesquisa externa - verificar o que o mercado tem a promoções, programas de desenvolvimento pessoal, pla-
oferecer, onde está o candidato ideal para suprir essa defi- nos de carreira e transferências. Para isso, algumas ques-
ciência na organização. Relaciona-se com a elaboração de tões devem ser levadas em consideração:
uma pesquisa do mercado de recursos humanos, de modo Resultados das avaliações de desempenho do candi-
a poder segmentá-lo, para facilitar a sua análise. dato interno; 
Análise e descrição do cargo atual do candidato inter-
Pesquisa interna – Aqui faz-se o desenho do cargo, no e comparação com a análise e descrição do cargo que
ou seja: se está a pensar ocupar;
Descrição – o que o funcionário vai fazer Planos de carreira de pessoal para se verificar qual a
Análise – o que ele tem que ter trajetória mais adequada para o ocupante do cargo em
Corresponde a uma pesquisa sobre as necessidades questão; 
da organização em relação aos recursos humanos e quais Condições de promoção do candidato interno, para sa-
as políticas que a organização pretende adaptar em rela- ber se este tem um substituto preparado para o seu lugar; 
ção ao seu pessoal. Esta pesquisa, geralmente, envolve a:  Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes
1. Elaboração das políticas de recrutamento;  de seleção no momento da sua entrada na organização; 
2. Organização do recrutamento, delegação de autori- 6. Resultados dos programas de formação, caso tenha
dade e responsabilidade apropriadas a essa função;  feito, do candidato interno.
3. Listagem dos requisitos necessários à força de tra-
balho;  Vantagens do recrutamento interno
4. Utilização de meios e técnicas para atrair;  O recrutamento interno constitui uma transferência de
5. Avaliação do programa de recrutamento, em função recursos humanos dentro da própria organização. As prin-
dos objetivos e dos resultados alcançados. cipais vantagens deste tipo de recrutamento são: 

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

1. Maior rapidez: evita as demoras frequentes no re- Recrutamento externo


crutamento externo, como por exemplo, a colocação de O recrutamento é externo quando, havendo uma de-
anúncios, a espera de respostas e ainda a demora natural terminada vaga, a organização tenta atrair os talentos dis-
do próprio processo de admissão;  poníveis no mercado através de técnicas de recrutamento.
2. Mais econômico para a empresa: evita os custos ine- As técnicas de recrutamento são os métodos através dos
rentes ao processo do recrutamento externo, custos de ad- quais a organização divulga a existência de uma oportu-
missão do novo candidato e os custos relacionados com a nidade de trabalho junto às fontes de recursos humanos
integração do novo colaborador;  mais adequadas. O que vai definir as técnicas são as fontes
3. Aproveita os investimentos da empresa em forma- de recrutamento e as qualificações. O recrutamento exter-
ção do pessoal: o que, por vezes, só tem retorno quando o no incide sobre candidatos reais ou potenciais, disponíveis
colaborador passa a ocupar cargos mais complexos;  ou em situação de emprego e pode envolver uma ou mais
4. Apresenta maior índice de segurança: o candidato é técnicas de recrutamento. As principais técnicas de recru-
conhecido, a empresa tem a sua avaliação de desempenho, tamento externo são: 
dispensa-se a integração na organização e, por vezes, não 1. Consulta de bases de dados: os candidatos que te-
necessita de período experimental;  nham enviado o seu currículo para uma organização e não
5. É uma fonte de motivação para os colaboradores: tenham sido considerados em recrutamentos anteriores,
porque possibilita o crescimento dentro da organização. têm a sua candidatura devidamente arquivada no órgão de
Quando uma empresa desenvolve uma política consistente recrutamento e podem ser chamados a qualquer momento
de recrutamento interno estimula os seus colaboradores para um processo de seleção. A organização deve estimu-
a um constante autoaperfeiçoamento, no sentido de es- lar a vinda de candidaturas espontâneas, para garantir um
tes depois estarem aptos a ocupar cargos mais elevados e stock de candidatos para qualquer eventualidade. Consi-
complexos;  dera-se esta técnica a que acarreta menores custos para a
6. Cria uma competição salutar entre o pessoal: uma organização, uma vez que elimina a necessidade de colocar
vez que as oportunidades serão oferecidas aqueles que anúncios, tornando-a, por isso mesmo, numa das mais rá-
realmente as merecerem. pidas; 
2. Boca a boca: apresentação do candidato a partir de
Desvantagens do recrutamento interno um colaborador. Desta forma, a organização faz com que
1. A organização pode estagnar, perdendo criatividade o colaborador se sinta prestigiado pelo fato da organiza-
e inovação; 
ção considerar as suas recomendações, ao apresentar um
2. Se a organização não oferecer as oportunidades de
amigo ou conhecido e, dependendo da forma como o pro-
crescimento no momento certo, corre-se o risco de de-
cesso é conduzido, o colaborador torna-se coresponsável
fraudar as expectativas dos colaboradores e, consequen-
junto à empresa pela sua admissão. É também uma técnica
temente, podem-se criar estados de desinteresse, apatia e
de baixo custo, alto rendimento e baixa morosidade; 
até levar à demissão; 
3. Cartazes ou anúncios na portaria da empresa: é uma
3. Pode gerar conflitos de interesses entre pessoas que
técnica de baixo custo, mas cuja eficácia nos resultados
estão em pé de igualdade para ocupar o mesmo cargo; 
depende de uma série de fatores, como a localização da
4. Pode provocar nos colaboradores menos capazes,
empresa, a proximidade das fontes de recrutamento, a pro-
normalmente em cargos de chefia, um sentimento de in-
segurança que poderá fazer com que estes sufoquem o ximidade de movimento de pessoas, facilidade de acesso.
desempenho e aspirações dos subordinados, a fim de evi- É uma técnica que espera que o candidato vá até ela. Nor-
tarem futura concorrência;  malmente, é utilizada para funções de baixo nível; 
5. Quando administrado incorretamente, pode levar 4. Anúncios em jornais e revistas: é considerada uma
à situação denominada de Principio de Peter, segundo o das técnicas de recrutamento que atrai mais candidatos à
qual as empresas, ao promoverem incessantemente os organização. Porém, é mais quantitativa, uma vez que se
seus colaboradores, elevam-nos sempre à posição onde dirige ao público em geral e a sua discriminação depende
demonstram o máximo da sua incompetência; ou seja, à da objetividade do anúncio; 
medida que um colaborador demonstra competência num 5. Contactos com sindicatos e associações de classe:
determinado cargo, a organização, a fim de premiar o seu tem a vantagem de envolver outras organizações no pro-
desempenho, promove-o sucessivamente até ao cargo em cesso de recrutamento sem que isso traga à organização
que o colaborador por se mostrar incompetente, estagna- qualquer tipo de encargos; 
rá, uma vez que o sistema jurídico-laboral não permite que 6. Contactos com centros de emprego; 
o colaborador retome à sua posição anterior;  7. Contactos com universidades, associações de estu-
6. Não pode ser feito em termos globais dentro da or- dantes, escolas e centros de formação profissional, no sen-
ganização: uma vez que o recrutamento interno só pode tido de divulgar as oportunidades oferecidas pela empresa; 
ser efetuado à medida que o candidato interno tenha, a 8. Conferências em universidades e escolas: no sentido
curto prazo, condições de igualar a performance do antigo de promover a empresa: para tal, há uma apresentação da
ocupante. organização, em que esta fala dos seus objetivos, da sua
estrutura e das políticas de emprego; 

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
9. Viagens de recrutamento a outras localidades: quan- 4. É mais caro: exige despesas imediatas com anúncios,
do o mercado de recursos humanos local está bastante jornais, agências de recrutamento; 
explorado, a empresa pode recorrer ao recrutamento em 5. É menos seguro do que o recrutamento interno:
outras cidades ou outras localidades. Neste caso o técnico dado que os candidatos são desconhecidos: apesar das
de recrutamento dirige-se ao local em questão e anuncia técnicas de seleção, muitas vezes a empresa não tem
através da rádio e imprensa local;  condições de confirmar as qualificações do candidato;
10. Contatos com outras empresas que atuam no daí submeter o candidato a um período experimental,
mesmo mercado, em termos de cooperação mútua: estes precisamente pela insegurança da empresa relativamen-
contatos interempresas chegam a formar cooperativas de te ao processo de recrutamento e seleção.
recrutamento;  Independente da estratégia ou tipo de recrutamento
11. Agências de recrutamento: estas agências estão a e seleção utilizados é necessário estar atento aos erros
proliferar, no sentido de prestar serviços de recrutamento e
de avaliação que frequentemente são observados, tais
seleção a pequenas, médias e grandes empresas. Estão ap-
como:
tas a recrutar e selecionar candidatos independentemen-
te das suas qualificações. Ou seja, ao contrário de outras
técnicas, esta permite recrutar candidatos não só de baixo Efeito Halo - Ato de beneficiar o candidato (gostou
nível, mas também altamente qualificados. Torna-se, então do candidato)
uma das técnicas mais caras, embora seja compensada pe- Efeito Horn - Ato de prejudicar o candidato (não gos-
los fatores tempo e rendimento. Na maior parte das vezes, tou dele)
as técnicas de recrutamento são utilizadas conjuntamente, Recenticidade - O que importa são os últimos fatos
pois o processo de recrutamento tem que ter em conta Avaliação Congelada - A primeira impressão é a que
a relação custo/rapidez. Assim, o custo de recrutamento fica
aumenta à medida que se exige maior rapidez no recruta- Tendencia Central - Intermediário, todos são bons.
mento e seleção dos candidatos. Identificação - Espelho, o candidato é parecido co-
migo.
Vantagens do recrutamento externo
1. Traz sangue novo e experiências novas à organiza- Desenvolvimento e Treinamento de pessoal: le-
ção: a entrada de recursos novos na organização impulsio- vantamento de necessidades, programação, execução
na novas ideias, novas estratégias, diferentes abordagens e avaliação.
dos problemas internos da organização; Recrutar é atrair pessoas. É uma forma preliminar, ini-
2. Permite munir a empresa com quadros técnicos com
cial, de agregar pessoas à organização. É uma comunica-
formação no exterior: isto não significa que, a partir da ad-
ção, emitida pela organização, para as pessoas, a respeito
missão, não tenha que investir em formação com esse can-
didato, mas o que é certo é que vai usufruir de imediato do das vagas em aberto na organização. Seleção, por sua
retorno dos investimentos efetuados pelos outros;  vez, é uma etapa posterior. A seleção é uma espécie de
3. Renova e enriquece os recursos humanos da orga- filtro: é a etapa em que a organização utiliza instrumen-
nização; tos concretos para avaliar e classificar os candidatos.
4. Evita conflitos entre pessoas que fazem parte da Os processos de recrutamento e seleção podem ser
mesma organização: no caso de, por exemplo, duas pes- internos, quando são voltados para as pessoas que já tra-
soas estarem aptas a ocupar o mesmo cargo e a organiza- balham para a organização; ou externos, quando buscam
ção escolher uma delas, pode desencadear na rejeitada um atrair para a organização pessoas que ainda não são co-
sentimento de injustiça e provocar um conflito grave. laboradoras dela.
O processo decisório, na contratação de pessoas,
Desvantagens do recrutamento externo não é feito apenas pela área de gestão de pessoas. O
1. É um processo mais demorado do que o recruta- processo é conduzido em parceria, tanto pela área que
mento interno: porque temos de considerar o tempo des- quer preencher a vaga quanto pela unidade de gestão de
pendido com a escolha das técnicas mais adequadas, com pessoas. A decisão final a respeito da contratação cabe à
as fontes de recrutamento, com a atração dos candidatos, área que quer preencher a vaga.
com a seleção, os exames médicos, com possíveis compro- Existem diversas técnicas de seleção, tais como en-
missos do candidato a outra organização e com o processo
trevistas, provas de conhecimento, testes psicológicos,
de admissão.
técnicas vivenciais e análise de currículo. No caso de con-
2. Desmotiva as pessoas que trabalham na organiza-
ção: os funcionários podem, em determinados casos, ver cursos públicos, a divulgação do edital corresponde ao
o recrutamento externo como uma política de deslealdade recrutamento, enquanto as provas de conhecimento e de
para com eles;  títulos correspondem à seleção.
3. Cria distorções ao nível salarial: porque quem vem Treinamento é voltado para as competências rela-
de novo, normalmente vem ganhar mais do que aquele cionadas a tarefas e atividades do trabalho atual. São
que já está há mais tempo na organização e a desempe- ações bastante específicas, voltadas para o curto ou mé-
nhar a mesma função, o que pode levar ao aumento dos dio prazo. Programas de treinamento são desenhados
salários em geral, para evitar grandes disparidades; em função das necessidades atuais da organização.

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Desenvolvimento é um conceito mais geral. Ele re- à modernização e/ou adequação ao novo contexto produ-
fere-se a competências mais gerais, não necessariamente tivo por diferentes caminhos, seja pela via tecnológica, seja
relacionadas ao trabalho atual. Tem forte vínculo com a pela via gerencial diferentes mecanismos e/ou ferramentas
carreira do indivíduo, com o crescimento do indivíduo, ou são utilizados, em um esforço voltado à eficácia na utiliza-
seja, ele pode desenvolver competências que hoje ainda ção dos recursos produtivos visando, em última instância a
não utiliza. São ações educacionais voltadas para o futuro melhor adequação das pessoas ao local de trabalho.
do indivíduo. A capacitação dos funcionários é inegavelmente a res-
Educação tem um horizonte temporal maior, de médio ponsável hoje, pelo sucesso organizacional. Assim, as orga-
e longo prazo. É um conceito abrangente, que, na nossa nizações têm que estar “preocupadas” com o treinamento
vida, pode se referir a qualquer processo de aprendizado, e desenvolvimento das pessoas envolvidas em sua empresa
mas que, no contexto profissional, refere-se a competên- para que tenham sempre um segmento adequado.
cias futuras. Educação tem a ver com a necessidade de Com base no contexto atual das empresas e nos de-
aprendizado contínuo. safios que as pessoas enfrentam no desempenho de suas
funções, decidiu-se pesquisar as competências requeridas
Levantamento de necessidades, programação, exe- aos funcionários para atuarem nos setores da organização,
cução e avaliação. para a partir daí propor treinamentos nas áreas adequadas.
As organizações organizam as ações de Treinamento, Nos últimos anos as organizações, cada vez mais cons-
Desenvolvimento e Educação (TD&E) em um ciclo compos- cientes de que seu sucesso será determinado pela qualifica-
to de quatro etapas. ção de seus empregados passaram a atribuir maior relevân-
A primeira etapa é o levantamento de necessidades de cia à gestão estratégica de pessoas principalmente no que
treinamento. Consiste em avaliar as lacunas (diferenças) diz respeito ao desenvolvimento de competências humanas
entre as competências atualmente existentes e as compe- ou profissionais.
Assim, o treinamento do funcionário passou a ser as-
tências necessárias, obtíveis por treinamento. O gap ou di-
sunto de interesse das organizações. 
ferença seriam justamente as necessidades.
A conceituação de treinamento apresenta significados
A segunda etapa, denominada programação, consiste
diferentes e assim, diversos autores têm apresentado defi-
na elaboração do planejamento instrucional. O planeja-
nições com relação ao treinamento. De acordo com Chia-
mento instrucional é a etapa na qual as ações educacionais
venato quase sempre o treinamento tem sido entendido
são formatadas. Inclui a definição dos objetivos instrucio-
como o processo pelo qual a pessoa é preparada para de-
nais, estratégias de ensino, estratégias de avaliação, plane- sempenhar de maneira excelente as tarefas específicas do
jamento e produção de materiais didáticos etc. cargo que deve ocupar. Modernamente, o treinamento é
Finalmente, temos a terceira etapa, a execução. É quan- considerado um meio de desenvolver competências nas
do a ação de TD&E efetivamente ocorre. Para que a apren- pessoas para que elas se tornem mais produtivas, criativas
dizagem ocorra, a execução requer uma série de atividades e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos
pedagógicas e logísticas. organizacionais.
Finalmente, temos a avaliação, que é o fechamento do Ainda segundo Chiavenato “treinamento é o processo
ciclo. Nesta etapa, são avaliados os resultados obtidos pela educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemáti-
ação educacional. A avaliação se dá em diversos níveis: ca e organizada, através do qual as pessoas aprendem co-
Avaliação de reação: nível mais imediato que busca nhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos
avaliar as opiniões e satisfações dos participantes acerca definidos”.
do treinamento; Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimen-
Avaliação de aprendizagem: verifica a diferença nos re- to de pessoas. Embora os seus métodos sejam similares
pertórios, conhecimentos e capacidades dos participantes para afetar a aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é
antes e depois dos treinamentos; diferente. 
Avaliação de transferência ou impacto: realizada al- Ambos, treinamento e desenvolvimento (T&D), consti-
guns meses após o final do treinamento, verifica se houve tuem processos de aprendizagem por isso que Chiavenato
mudança de comportamento dos indivíduos após o trei- afirma que
namento. segundo a base primordial para o atingimento dos
Mudança organizacional: verifica se houve alterações objetivos de uma instituição, começa pelo treinamento e
em processos de trabalho, indicadores duros, estrutura or- desenvolvimento das pessoas. Tende-se a investir pesada-
ganizacional ou outras mudanças na organização, decor- mente em treinamentos para obter um retomo garantido.
rentes do treinamento. Treinamento não é uma simples despesa, mas um precioso
Valor final: Último nível da avaliação e verifica a contri- investimento seja na organização ou nas pessoas. Isto é, traz
buição do treinamento para os objetivos mais importantes benefícios diretos. Antigamente, alguns especialistas em RH
da organização consideravam o treinamento um meio para adequar cada
Muitas empresas tem investido cada vez mais em pro- pessoa ao seu cargo, recentemente mudou este conceito,
gramas de treinamentos e desenvolvimento de funcioná- considerando um meio para alcançar o desempenho no
rios, a ideia é aprimorar o potencial e a capacidade dos cargo. Quase sempre treinamento é compreendido como o
funcionários, e abrir novas oportunidades dentro da em- processo pelo qual as pessoas vão desenvolver de maneira
presa. As organizações contemporâneas têm sido levadas excelente as tarefas específicas dos cargos.

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Assim, acredita-se que através de um treinamento vi- Os clientes e usuários das organizações públicas e pri-
sando o desenvolvimento das pessoas nas organizações vadas também se mostram mais exigentes na escolha de
os resultados serão satisfatórios tanto para os indivíduos serviços e produtos de melhor qualidade. Assim, a relação
como para as organizações. com estes clientes e usuários passa ser um novo foco de
Benefícios são as vantagens oferecidas ao profissio- preocupação e demanda esforços para sua melhoria.
nal, com o intuito de estimulá-lo, de aumentar sua moti-
vação, em alguns casos essas vantagens são totalmente QUALIDADE
subsidiadas pelas organizações, em outros esse subsidio é O conceito de qualidade é amplo e suscita várias inter-
parcial, em alguns não se trata de valores financeiros, mas pretações. As mais expressivas se referem, por um lado, à
sim de ambientes, investimentos na qualidade do trabalho, definição de qualidade como busca da satisfação do clien-
nas possibilidades de crescimento, enfim, tudo aquilo que te, e, por outro, à busca da excelência para todas as ativi-
agrega valor à remuneração do colaborador. dades de um processo.
 O conceito de benefícios sociais está relacionado com Na mesma vertente, a qualidade é também considera-
o conceito de responsabilidade social, conceito esse cada da como fator de transformação no modo como a organi-
vez mais difundido entre as organizações. zação se relaciona com seus clientes, agregando valor aos
Abaixo três níveis de aplicabilidade dos benefícios: serviços a ele destinados.
No exercício do cargo (como gratificações, seguro de Em face dessa diversidade de significados, cabe às or-
vida, prêmios de produção etc.); 
ganizações identificar os atributos ou indicadores de qua-
Fora do cargo, mas dentro da organização (lazer, refei-
lidade dos seus produtos e serviços do ponto de vista dos
tório, cantina, transporte etc.); 
seus usuários. Entre estes, podem ser destacados a eficiên-
Fora da empresa, ou seja, na comunidade (recreação,
cia, a eficácia, a ética profissional, a agilidade no atendi-
atividades comunitárias etc.);
Esses benefícios possuem características conforme o mento, entre outros.
tipo, temos por exemplo, aqueles benefícios que são ins- No Brasil, a questão da qualidade na área pública vem
tituídos pela própria lei (benefícios legais ou financeiros), sendo abordada pelo Programa de Qualidade no Serviço
por exemplo, salário, férias, aposentadoria, horas extras, Público que tem por objetivos elevar o padrão dos serviços
13º terceiro salário, adicionais de periculosidade e insalu- prestados e tornar o cidadão mais exigente em relação a
bridade, etc. Temos ainda aqueles valores agregados no as- esses serviços. Para tanto, o Programa visa a transforma-
pecto financeiro que são de escolha da organização, como ção das organizações e entidades públicas no sentido de
as comissões por exemplo. Se falando ainda nos tipos de valorizar a qualidade na prestação de serviços ao público,
benefícios, não podemos nos esquecer daqueles ofere- retirando o foco dos processos burocráticos.
cidos pelas organizações por livre vontade, como gratifi- O programa estabelece que o cidadão como principal
cações, refeição, transporte, auxílios e assistências. O que foco de atenção de qualquer órgão público federal. Define
observamos é que esses benefícios buscam trazer uma padrões de qualidade do atendimento e prevê a avaliação
condição de trabalho tanto dentro da empresa, como na de satisfação do usuário por todos os órgãos e entidades
sociedade onde ela está inserida, proporcionando a todos da Administração Pública Federal direta, indireta e funda-
os envolvidos um processo de melhoria na qualidade de cional que atendem diretamente ao cidadão.
vida, no clima organizacional, no comprometimento, na Nesse sentido considera-se que o serviço público deve
produtividade, enfim, no processo como um todo. ter as seguintes características:
₋ Adequado: realizado na forma prevista em lei deven-
do atender ao interesse público;
HABILIDADES E ATITUDES PARA QUALIDADE ₋ Eficiente: alcança o melhor resultado com menor con-
NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO; sumo de recursos;
₋ Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a segu-
rança, o patrimônio ou os direitos materiais e imateriais do
cidadão-usuário;
ATENDIMENTO E QUALIDADE
₋ Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sendo
A globalização, os desafios do desenvolvimento tec-
obrigatório o planejamento e a adoção de medidas de pre-
nológico e cultural e a competição entre as organizações
venção para evitar a descontinuidade.
trazem como consequência o interesse pela qualidade de
seus produtos e serviços.
Esse interesse não se restringe às empresas privadas e Usuários/ Clientes
se estende, também, ao setor público. Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma or-
Assim, vemos que ₋ Os empresários buscam aperfei- ganização:
çoar o desempenho em suas áreas de atuação (produtos •externos - recebem serviços ou produtos na sua ver-
ou serviços) e o relacionamento com os seus clientes. são final.
₋ O setor público enfrenta os desafios de melhorar a •internos –fazem parte da organização, de seus seto-
qualidade de seus serviços, aumentar a satisfação dos res, grupos e atividades.
usuários e instituir um atendimento de excelência ao pú- Para identificar esses tipos de usuários, as pessoas da
blico. organização devem responder o seguinte:

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

₋ Com que pessoas mantenho contato enquanto tra- ferramenta no momento em que as pessoas estão intera-
balho? gindo é fundamental. No bom atendimento é importante
₋ Quem recebe o resultado do meu trabalho? a utilização de frases como “Bom-dia”, “Boa-tarde”, “Sen-
₋ Qual o nível de satisfação das pessoas que dependem te-se por favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que,
do resultado dos serviços executados por mim? ditas com suavidade e cordialidade, podem levar o usuário
a perceber o tratamento diferenciado que algumas organi-
Princípios para o bom atendimento na gestão da qua- zações já conseguem oferecer ao seu público-alvo.
lidade
1. Foco no Cliente. Nas empresas privadas, a importân- PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
cia dada a esse princípio se deve principalmente ao fato de São elementos do processo de comunicação:
que o sucesso da venda (lucro financeiro) depende da sa- • emissor – o que emite ou envia a mensagem
tisfação do cliente com a qualidade do produto e também • receptor – o que recebe a mensagem
com o tratamento recebido e com o resultado da própria • mensagem – 0 que se quer comunicar
negociação. • canal – o meio de comunicação pelo qual se transmi-
No setor público, este princípio se relaciona sobretudo te a mensagem
aos conceitos de cidadania, participação, transparência e • ruídos –tudo aquilo que pode atrapalhar a comuni-
controle social. cação .
Para cumprir este princípio é necessário ter atenção O processo de comunicação é o centro de todas as ati-
com dois aspectos: vidades humanas. No entanto, além de usar palavras cor-
₋ verificar se o que é estabelecido como qualidade retas e adequadas ao contexto, o emissor deve transmitir à
atende a todos os usuários, inclusive aos mais exigentes; outra pessoa, o receptor, informações, ideias, percepções,
₋ fazer bem feito o serviço e, depois, checar os passos intenções, desejos e sentimentos, ou seja, a mensagem do
necessários para a sua execução. processo de comunicação. Ao mesmo tempo, para que a
Deve se lembrar que tais atitudes levam em conta tan- comunicação ocorra, não basta transmitir ou receber bem
as mensagens. É preciso, sobretudo, que haja troca de en-
to o atendimento do usuário quanto as atividades e rotinas
tendimentos. Para tanto, as palavras são importantes, mas
que envolvem o serviço.
também o são as emoções, as ideias, as informações não-
2. O serviço ou produto deve atender a uma real neces-
verbais.
sidade do usuário. Este princípio se relaciona à dimensão
da validade, isto é, o serviço ou produto deve ser exata-
Comunicação verbal e não verbal
mente como o usuário espera, deseja ou necessita que ele
A comunicação verbal realiza-se oralmente ou por meio
seja.
da escrita. São exemplos de comunicações orais: ordens,
3. Manutenção da qualidade. O padrão de qualidade
pedidos, debates, discussões, tanto face-a-face quanto por
mantido ao longo do tempo é que leva à conquista da con- telefone, rádio, televisão ou outro meio eletrônico. Cartas,
fiabilidade. jornais, impressos, revistas, cartazes, entre outros, fazem
A atuação com base nesses princípios deve ser orien- parte das comunicações escritas.
tada por algumas ações que imprimem qualidade ao aten- A comunicação não-verbal realiza-se por meio de ges-
dimento, tais como: tos e expressões faciais e corporais que podem reforçar ou
₋ identificar as necessidades dos usuários; contradizer o que está sendo dito. Cruzar os braços e as
₋ cuidar da comunicação (verbal e escrita); pernas, por exemplo, é um gesto que pode ser interpreta-
₋ evitar informações conflitantes; do como posição de defesa.
₋ atenuar a burocracia; Colocar a mão no queixo, coçar a cabeça ou espregui-
₋ cumprir prazos e horários; çar-se na cadeira podem indicar falta de interesse no que a
₋ desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade; outra pessoa tem a dizer.
₋ divulgar os diferenciais da organização; Também são gestos interpretados como forma de de-
₋ imprimir qualidade à relação atendente/usuário; monstrar desinteresse durante a comunicação: ajeitar pa-
₋ fazer uso da empatia; péis que se encontrem sobre a mesa, guardar papéis na
₋ analisar as reclamações; gaveta, responder perguntas com irritação ou deixar de
₋ acatar as boas sugestões. respondê-las.
Essas ações estão relacionadas a indicadores que po- A linguagem é um código utilizado pelos indivíduos
dem ser percebidos e avaliados de forma positiva pelos para processar pensamentos, ideias e diálogos interiores,
usuários, entre eles: competência, presteza, cortesia, pa- ou comunicar-se com outros. A linguagem pode ser repre-
ciência, respeito. sentada por uma língua ou pela não-verbalização.
Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciên- É importante observar que algumas palavras assumem
cia, desrespeito, imposição de normas ou exibição de diferentes significados para cada pessoa.
poder tornam o atendente intolerável, na percepção dos Palavras como amor, solidariedade, fraternidade, igual-
usuários. No conjunto dessas ações deve ainda ser ressal- dade, entre outras, servem de rótulos para experiências
tada a empatia como um fator crucial para a excelência universais, mas têm significados particulares para cada in-
no atendimento ao público. A utilização adequada dessa divíduo. A realidade subjetiva de cada pessoa é formada

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
pelo seu sistema de valores, pelas suas crenças, pelos seus • atender às necessidades do cliente; se ele desejar
objetivos pessoais e pela sua visão de mundo. Daí a impor- algo que o atendente não possa fornecer, é importante
tância de checarmos a linguagem utilizada no processo de oferecer alternativas;
comunicação e adaptarmos nossa mensagem ao vocabu- • agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia”
lário, aos interesses e às necessidades da pessoa a quem ou “boa-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou ins-
transmitimos alguma informação. tituição são atitudes que tornam a conversa mais pessoal.
Perguntar o nome do cliente e tratá-lo pelo nome trans-
Barreiras e ruídos mitem a ideia de que ele é importante para a empresa ou
No atendimento é preciso cuidado para evitar ruídos instituição. O atendente deve também esperar que o seu
na comunicação, ou seja, é necessário reconhecer os ele- interlocutor desligue o telefone. Isso garante que ele não
mentos que podem complicar ou impedir o perfeito en- interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple-
tendimento das mensagens. Às vezes, uma pessoa fala e mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa.
a outra não entende exatamente o que foi dito. Ou, então,
tendo em vista a subjetividade presente na mensagem, No atendimento telefônico, a linguagem é o fator prin-
muitas vezes, o emissor tem uma compreensão diferente cipal para garantir a qualidade da comunicação. Portanto,
da que foi captada pelo receptor. é preciso que o atendente saiba ouvir o interlocutor e res-
Além dessas dificuldades, existem outras que interfe- ponda a suas demandas de maneira cordial, simples, clara e
rem no processo de comunicação, entre elas, as barreiras objetiva. O uso correto da língua portuguesa e a qualidade
tecnológicas, psicológicas e de linguagem. Essas barreiras da dicção também são fatores importantes para assegu-
são verdadeiros ruídos na comunicação. rar uma boa comunicação telefônica. É fundamental que o
As barreiras tecnológicas resultam de defeitos ou in- atendente transmita a seu interlocutor segurança, compro-
terferências dos canais de comunicação. São de natureza misso e credibilidade.
material, ou seja, resultam de problemas técnicos, como o Além das recomendações anteriores, são citados, a
do telefone com ruído. seguir, procedimentos para a excelência no atendimento
As barreiras de linguagem podem ocorrer em razão telefônico:
das gírias, regionalismos, dificuldades de verbalização, di- • identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém
gosta de falar com um interlocutor desconhecido, por isso,
ficuldades ao escrever, gagueira, entre outros. As barreiras
o atendente da chamada deve identificar-se assim que
psicológicas provêm das diferenças individuais e podem
atender ao telefone. Por outro lado, deve perguntar com
ter origem em aspectos do comportamento humano, tais
quem está falando e passar a tratar o interlocutor pelo
como:
nome. Esse toque pessoal faz com que o interlocutor se
₋ seletividade: o emissor só ouve o que é do seu inte-
sinta importante;
resse ou o que coincida com a sua opinião;
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa
₋ egocentrismo: o emissor ou o receptor não aceita o
que atende ao telefone deve considerar o assunto como
ponto de vista do outro ou corta a palavra do outro, de-
seu, ou seja, comprometer-se e, assim, garantir ao inter-
monstrando resistência para ouvir; locutor uma resposta rápida. Por exemplo: não deve dizer
₋ timidez: a inibição de uma pessoa em relação a outra “Não sei”, mas “Vou imediatamente saber” ou “Daremos
pode causar gagueira ou voz baixa, quase inaudível; uma resposta logo que seja possível”. Se não for mesmo
₋ preconceito: a percepção indevida das diferenças so- possível dar uma resposta ao assunto, o atendente deverá
cioculturais, raciais, religiosas, hierárquicas, entre outras; apresentar formas alternativas para o fazer, como: fornecer
₋ descaso: indiferença às necessidades do outro. o número do telefone direto de alguém capaz de resolver
o problema rapidamente, indicar o e-mail ou o número do
ATENDIMENTO TELEFÔNICO fax do responsável procurado. A pessoa que ligou deve ter
Na comunicação telefônica, é fundamental que o inter- a garantia de que alguém confirmará a recepção do pedido
locutor se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se ou chamada;
trata da utilização de um canal de comunicação a distância. • não negar informações: nenhuma informação deve
É preciso, portanto, que o processo de comunicação ocorra ser negada, mas há que se identificar o interlocutor an-
da melhor maneira possível para ambas as partes (emissor tes de a fornecer, para confirmar a seriedade da chamada.
e receptor) e que as mensagens sejam sempre acolhidas e Nessa situação, é adequada a seguinte frase: Vamos anotar
contextualizadas, de modo que todos possam receber bom esses dados e depois entraremos em contato com o se-
atendimento ao telefone. nhor.
Alguns autores estabelecem as seguintes recomenda- • não apressar a chamada: é importante dar tempo ao
ções para o atendimento telefônico: tempo, ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a
• não deixar o cliente esperando por um tempo muito dizer e mostrar que o diálogo está sendo acompanhado
longo. É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo com atenção, dando feedback, mas não interrompendo o
e retornar a ligação em seguida; raciocínio do interlocutor;
• o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário • sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demons-
tem de se empenhar em explicar corretamente produtos e tra que o atendente é uma pessoa amável, solícita e inte-
serviços; ressada;

177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

• ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser ca- • Disponibilidade - O atendente representa, para o
tastrófica: as más palavras difundem-se mais rapidamente usuário, a imagem da organização. Assim, deve haver
do que as boas; empenho para que o usuário não se sinta abandonado,
• manter o cliente informado: como, nessa forma de desamparado, sem assistência. O atendimento deve ocor-
comunicação, não se estabelece o contato visual, é ne- rer de forma personalizada, atingindo-se a satisfação do
cessário que o atendente, se tiver mesmo que desviar a cliente.
atenção do telefone durante alguns segundos, peça licença • Flexibilidade - O atendente deve procurar identificar
para interromper o diálogo e, depois, peça desculpa pela claramente as necessidades do usuário e esforçar-se para
demora. Essa atitude é importante porque poucos segun- ajudá-lo, orientá-lo, conduzi-lo a quem possa ajudá-lo
dos podem parecer uma eternidade para quem está do ou- adequadamente.
tro lado da linha;
• ter as informações à mão: um atendente deve con- Para que o cliente ou usuário possa se sentir bem aten-
servar a informação importante perto de si e ter sempre à dido, existem, também, algumas estratégias verbais, não-
mão as informações mais significativas de seu setor. Isso verbais e ambientais.
permite aumentar a rapidez de resposta e demonstra o
profissionalismo do atendente;
Estratégias verbais
• estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que
₋ Reconhecer, o mais breve possível, a presença das
liga: quem atende a chamada deve definir quando é que a
pessoas;
pessoa deve voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a
₋ pedir desculpas se houver demora no atendimento;
empresa ou instituição vai retornar a chamada.
₋ se possível, tratar o usuário pelo nome;
Todas estas recomendações envolvem as seguintes ati-
₋ Demonstrar que quer identificar e entender as neces-
tudes no atendimento telefônico:
sidades do usuário;
₋ receptividade - demonstrar paciência e disposição
para servir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais ₋ Escutar atentamente, analisar bem a informação,
comuns dos usuários como se as estivesse respondendo apresentar questões;
pela primeira vez. Da mesma forma é necessário evitar que
interlocutor espere por respostas; Estratégias não-verbais
₋ atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, ₋ Olhar para a pessoa diretamente e demonstrar aten-
dizer palavras como “compreendo”, “entendo” e, se neces- ção;
sário, anotar a mensagem do interlocutor); ₋ Prender a atenção do receptor;
₋ empatia - para personalizar o atendimento, pode-se ₋ Não escrever enquanto estiver falando com o usuário;
pronunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, ₋ Prestar atenção à comunicação não-verbal;
expressões como “meu bem”, “meu querido, entre outras);
₋ concentração – sobretudo no que diz o interlocutor Estratégias ambientais
(evitar distrair-se com outras pessoas, colegas ou situa- ₋ Manter o ambiente de trabalho organizado e limpo;
ções, desviando-se do tema da conversa, bem como evitar ₋ Assegurar acomodações adequadas para o usuário;
comer ou beber enquanto se fala); ₋ Evitar pilhas de papel, processos e documentos de-
₋ comportamento ético na conversação – o que envolve sorganizados sobre a mesa.
também evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
Atendimento e tratamento
ATENDIMENTO PRESENCIAL O atendimento está diretamente relacionado aos ne-
Nessa modalidade de atendimento devem ser incorpo- gócios de uma organização, suas finalidades, produtos e
rados alguns princípios relativos ao atendimento telefôni- serviços, de acordo com suas normas e regras. O atendi-
co, além de outros específicos a serem abordados a seguir. mento estabelece, dessa forma, uma relação entre o aten-
Por se tratar de uma modalidade de comunicação de dente, a organização e o cliente.
grande impacto junto ao usuário, o atendente deve sempre A qualidade do atendimento, de modo geral, é deter-
demonstrar simpatia, competência e profissionalismo e ter minada por indicadores percebidos pelo próprio usuário
atenção com as expressões do rosto, da voz, dos gestos, do relativamente a:
vocabulário e de aparência. E da mesma forma, considerar • competência – recursos humanos capacitados e re-
os seguintes princípios. cursos tecnológicos adequados;
• confiabilidade – cumprimento de prazos e horários
Princípios para a qualidade ao atendimento presencial: estabelecidos previamente;
• Competência - O usuário espera que cada pessoa que • credibilidade – honestidade no serviço proposto;
o atenda detenha informações detalhadas sobre o funcio- • segurança – sigilo das informações pessoais;
namento da organização e do setor que ele procurou. • facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao
• Legitimidade - O usuário deve ser atendido com éti- pessoal de contato;
ca, respeito, imparcialidade, sem discriminações, com jus- • comunicação – clareza nas instruções de utilização
tiça e colaboração. dos serviços.

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige É falta de ética ao conversar:
ao cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando Elogiar persistentemente;
sua simpatia. Está relacionada a: Uso de gírias;
₋ presteza – demonstração do desejo de servir, valori- Empregar sempre a primeira pessoa do singular (EU);
zando prontamente a solicitação do usuário; Usar chavões como “entende”, “compreende”, “eu não
₋ cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de disse”.
cordialidade; A maledicência: Falar mal das pessoas revela falta de
₋ flexibilidade – capacidade de lidar com situações não assunto e falta de cultura, não devendo ser tema de con-
-previstas. versação.
As interrupções: Quando interromper alguém volte
atrás e desculpe-se. É importante deixar que as pessoas
concluam seus pensamentos.
APRESENTAÇÃO PESSOAL;
Apresentações:
O sorriso é fundamental quando nos apresentamos.
A apresentação pessoal diz muito da nossa persona- Cara fechada fecha as portas para o sucesso.  Com bom
lidade, daí ser tão precioso vestir-se bem. Sabemos que humor e um sorriso, o relacionamento com as pessoas me-
somos julgados o tempo todo e se não nos apresentamos lhora.
conforme a situação pede, podemos ser mal interpreta- A primeira impressão que temos de uma pessoa, é nor-
dos. Se você gosta de usar roupas que não dizem muito malmente formada no momento em que você o cumpri-
com sua profissão, por exemplo, saiba que pode estar sen- menta com um aperto de mãos. O aperto de mãos é um
do visto com “maus olhos” pelas pessoas que convivem no gesto simbólico de satisfação, portanto, dar a mão mole ou
seu ambiente de trabalho. só com a ponta dos dedos significa displicência e pouco
caso.
Dicas de apresentação pessoal Ao apresentar-se, utilize as palavras: Como vai?/Tudo
Gestos: bem?/Como está?
O gesto é um complemento discreto para ilustrar a
ideia, e não para impor a palavra. Gesticular em excesso Aparência Pessoal:
A aparência pessoal é de fundamental importância
não tornará o interlocutor mais atento ao que você tem a
para o sucesso social e profissional.
dizer. Todo gesto deve ser comedido e harmonioso. Evite
Valorizem a aparência pessoal cuidando com carinho
a mímica e o excesso de gesticulação.
de seus cabelos, pele e mãos;
Fiquem sempre atentos quanto ao vestuário (meias,
É deselegante ao conversar:
sapatos, bolsa, pasta, etc);
Roer unhas ou morder os lábios;
Mantenham o equilíbrio visual, ou seja, sejam distintos
Torcer as mãos ou gesticular nervosamente;
e discretos.
Segurar o rosto ou o queixo, mexer no cabelo ou fazer
cachinhos; Noções de Boa Postura
Colocar as mãos na cabeça ou nos bolsos, brincar com O mais importante para obtermos uma boa postura é
joias (anel, brinco, colar, etc); manter a coluna reta.
O gesto diz muito da pessoa. Quanto mais educada e Para isso é preciso lembrar o seguinte:
segura de si, menos uso ela faz da gesticulação. Manter a cabeça levantada com o queixo paralelo ao
A voz: chão.
A voz deve ter clareza e simpatia. Quanto ao tom, não Levantar o tórax sem forçar os ombros, estes devem
pode ser muito alto a ponto de incomodar as pessoas, ficar naturalmente relaxados.
nem tão baixo a ponto de não ouvirem. Levantar os quadris, projetando-os um pouco para
frente, evitando assim descansar o corpo sobre as pernas.
A palavra: Braços: Devemos deixá-los relaxados e caídos ao lado
Antes de falar sempre reflita sobre, veja se isso não do corpo com os cotovelos esticados e as mãos em perfil.
será considerado como uma ofensa. O bom vocabulário Ao andar, os braços devem se mover como pêndulos, to-
também é importante. Para isso, leia, adquira novas ideias, cando o corpo. Só os braços devem se mexer a partir da
atualize-se. junta dos ombros, estes não se movimentam.
Aprenda a falar, calar e tornar a falar num instante Pernas: Ao andar não as cruze. Os joelhos devem dar
preciso. Diga a palavra certa, na hora exata e cale-se no os passos flexionando e esticando as pernas. Não deixá-los
momento oportuno. flexionados no final dos passos.
Pés: Devem pisar no chão por inteiro, a ponta e o cal-
canhar, um ao lado do outro e retos. Não lançar as pontas
nem para fora e nem para dentro.

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

ziu 1000 peças por hora, enquanto seu colega produziu 500,
PRESTEZA; EFICIÊNCIA; EMPATIA; parece que você é mais eficiente. Agora imagine que das suas
PROATIVIDADE; TOLERÂNCIA; DISCRIÇÃO; 1000 peças, 50% estavam defeituosas e o seu colega 0% de-
CORTESIA; INTERESSE; ATENÇÃO; feituosas. Seu aproveitamento foi de 50% e seu colega 100%.
OBJETIVIDADE; COMUNICAÇÃO
Eficácia
INTERPESSOAL.
É o conceito de desempenho que envolve a comparação
entre objetivos e resultados, afinal de contas não adianta produ-
zir muito se não for produção com qualidade. Alguns dos indi-
As organizações são sistemas de recursos que perse- cadores de desempenho final da organização são os seguintes:
guem objetivos. Portanto, seu desempenho pode ser medido
pelos objetivos realizados e pela forma em que os recursos Satisfação dos clientes
são utilizados. É o objetivo prioritário para as organizações. Por que
Eficiência e eficácia são dois conceitos tradicionalmente sem clientes satisfeitos, a existência da organização fica com-
usados para fazer essa avaliação. Uma organização é eficaz prometida. Podemos citar como indicadores:
quando realiza seus objetivos e eficiente quando utiliza seus satisfação dos clientes
recursos corretamente. fidelização dos clientes e novos clientes
reclamações (volume / atendimento)
Desempenho das organizações assistência aos clientes
• administração de alto desempenho Quando a eficácia é considerada, a definição de qualida-
• eficiência no uso dos recursos de se amplia.
• eficácia na realização dos objetivos
• competitividade, desempenho superior ao dos concor- Impacto na sociedade
rentes Tornou-se tema obrigatório quando surgiram o orgãos
de defesa do consumidor e do meio ambiente. O papel e o
impacto social das organizações traduzem-se em tendências
Eficiência e desperdício
como a responsabilidade social e ambiental da empresa. Al-
A eficiência de uma organização depende de como os
guns indicadores são:
recursos são utilizados: Eficiência significa:
respeito às normas ambientais
realizar atividades ou tarefas da maneira certa, sem erros
apoio a empreendimentos comunitários
e sem atrasos;
punições por acidentes ambientais
realizar tarefas de maneira inteligente, com o mínimo de
Aprendizagem organizacional
esforço e com o melhor aproveitamento possível de recursos. O desempenho da organização pode ser avaliado pela
O princípio da eficiência é o da relação entre esforço e capacidade de obtenção e utilização do conhecimento. A
resultado, ou seja, quanto menor o esforço mais eficiente. aprendizagem é resultado do processo de tomar decisões
O oposto da eficiência é o desperdício. É o que ocorre para resolver problemas. Alguns indicadores são:
quando: nível de treinamento
mais recursos são usados do que os necessário para rea- patentes e direitos autorais
lizar um objetivo; capacidade de trabalhar em equipe
consomem-se recursos e nenhum objetivo é alcançado; delegação de autoridade e poderes aos empregados
produtos e serviços desnecessários são realizados. competitividade
Eliminar desperdícios significa reduzir ao mínimo a ati- Competitividade
vidade que não agrega valor ao produto. A eliminação de As empresas tem natureza competitiva. Elas concorrem
desperdício diminui os custos de produção sem que o valor entre si disputando a preferência dos mesmos clientes. A
final fique comprometido. empresa mais competitiva é aquela que consegue transfor-
mar um grande número de pessoas em seus clientes, obter
Produtividade lucro e sobreviver com isso. Uma organização eficiente e efi-
O critério mais simples para avaliar a eficiência de um caz tem alta propabilidade de ser competitiva. Mas há vários
processo, organização ou sistema é a produtividade. A pro- fatores a serem levados em conta quanto à competitividade,
dutividade é definida como a relação entre os recursos uti- como por exemplo:
lizados e os resultados obtidos. Ex: quantidade de pessoas
atendidas por hora, produção de peças, quantidade de alu- Vantagens competitivas
nos por professor. • qualidade do produto ou serviço
• domínio de fontes de matéria-prima
Produtividade e qualidade combinadas • domínio de tecnologia
Quando se consideram produtividade e qualidade simul- • posse de capital
taneamente, mede-se o desempenho não apenas da quan- • imagem positiva junto aos clientes e à sociedade
tidade total produzida, mas também dos produtos que são • sistema eficaz de distribuição
aproveitados em relação ao total fornecido. Ex: se você produ- • sistema eficiente de produção

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
Exercícios 5) “Em organizações públicas e privadas, a
________________ é entendida como o conjunto de medidas
1 ) Existe, hoje, nas organizações públicas e privadas e rotinas que têm como finalidade promover a racionaliza-
uma grande preocupação com o comportamento organi- ção e eficiência na criação, uso, avaliação e arquivamento
zacional de seus funcionários, ou seja, sua postura dentro de documentos, visando sua eliminação ou recolhimento
do ambiente interno. Esta postura, no entanto, é analisada para guarda permanente”. A lacuna acima pode ser corre-
por gestores não apenas entre funcionários, mas também, tamente preenchida pelo termo:
com os clientes da organização. Dentre as alternativas a) Tecnologia da Informação
abaixo, a única que NÃO é vista como manifestação de um b) Gestão do Conhecimento
bom comportamento organizacional é: c) Gestão de Documentos
a) Individualismo. d) Conservação de Documentos
b) Solidariedade.
c) Ética profissional. 6) “Funcionários, instalações, técnicas, processo e
d) Comprometimento. planejamento estratégico são elementos encontrados
no__________________ de uma organização”. O termo que
2) “Estudos organizacionais comprovam que completa corretamente a lacuna acima é:
____________________ é uma competência bastante benéfica a) Ambiente interno
para o ambiente organizacional, pois agrega valor ao tra- b) Ambiente interno e externo
balho realizado e gera confiança entre os colaboradores, já c) Ambiente externo
que os fazem trabalhar em conjunto. Isso, por sua vez, cria d) Macro ambiente
um ambiente empresarial mais saudável, positivo e produ-
tivo, refletindo em um melhor atendimento ao público”. O GABARITO
termo que preenche corretamente a lacuna acima é: 1. A
a) Habilidade técnica 2. D
b) Centralização 3. C
c) Autocracia 4. C
d) Trabalho em equipe 5. C
6. A
3) “Nas organizações é comum usar o termo
___________________ para descrever o conjunto de mensa-
gens e trocas de informação que ocorrem dentro empresa
entre funcionários, departamentos, unidades, gestores e
diretores”. A lacuna acima é corretamente preenchida pelo
termo:
a) Comunicação Receptora
b) Comunicação Transmissora
c) Comunicação Interna
d) Comunicação Externa

4) Os instrumentos de comunicação escrita que se ca-


racterizam como um tipo de carta expedida por autoridade
pública sobre assunto de ordem administrativa ou predo-
minantemente oficial, são denominados de:
a) Portarias.
b) Decretos.
c) Ofícios.
d) Atas.

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 03. (ARCE - Analista de Regulação – Administra-


dor – FCC/2012). O objetivo imediato e fundamental de
01. (SEPLAG/RJ - Analista Executivo – Perfil I - CE- todo e qualquer tipo de organização é a produção. No
PERJ/2012) Os fins da administração pública resumem- entanto, para ser eficiente, a produção deve basear-se
se ao objetivo de garantir: na divisão do trabalho, que nada mais é do que a:
A) A regulação dos processos administrativos do A) Faculdade ou o poder concedido pela organiza-
Estado ção ao indivíduo que nela ocupe uma posição determi-
B) O bem comum com foco na classe dominante nada em relação aos outros.
C) O bem da classe operária em detrimento da clas- B) Capacitação constante dos trabalhadores para
se patronal que executem de forma cada vez mais eficiente as suas
D) O bem comum da coletividade administrada tarefas.
E) A gestão do patrimônio do Estado C) Maneira pela qual um processo complexo pode
ser decomposto em uma série de pequenas tarefas.
A administração pública gerencial surgiu na segunda D) Forma como se distribui a autoridade e a respon-
metade do século XX como estratégia para reduzir custos sabilidade em cada nível da estrutura da organização.
e tornar mais eficiente à administração dos serviços sob E) Melhor forma de enfrentar as incertezas do mer-
a responsabilidade do Estado, sendo correto afirmar que cado no contexto da sociedade globalizada.
possui, dentre outras, as seguintes características:
• Concentra-se no processo e controla procedimen-
A divisão do trabalho por especialização do operário
tos.
deve ser dividida ao maior número possível de subtarefas.
• Tem alta especialização e é auto-referente.
Quanto menor e mais simples a tarefa, maior será a habili-
• Opera sistemas administrativos e é centralizadora.
dade do operário em desempenhá-la. Ao realizar um movi-
• Foca o cidadão e concentra-se no processo.
mento simples repetidas vezes, o funcionário ganha veloci-
• Orienta-se para resultados e evita procedimentos
dade na sua atividade, aumentando o número de unidades
rígidos.
produzidas e elevando seu salário de forma proporcional
Para que serve a administração pública? Para gerar o
bem comum da sociedade administrada, conforme apre- ao seu esforço.
sentado pela alternativa D. O procedimento de dividir o trabalho começou a ser
praticado mais intensamente com a Revolução Industrial.
RESPOSTA: “D”. A divisão do trabalho, iniciada ao nível dos operários com
a Administração Científica, foi alcançando os escalões mais
102. (AFRFB– Auditor Fiscal – ESAF/2012). Entre no- elevados da organização com a Teoria Clássica.
vas tecnologias gerenciais e organizacionais aplicadas à As consequências imediatas da divisão do trabalho fo-
Administração Pública, temos a Carta de Serviços ao Ci- ram:
dadão, preconizada pelo Programa Nacional de Gestão • maior produtividade e melhor rendimento do pes-
Pública e Desburocratização - GESPÚBLICA, no Ministé- soal envolvido;
rio do Planejamento, Orçamento e Gestão. Segundo o • maior eficiência da organização;
GESPÚBLICA, a Carta de Serviços tem como premissas: • redução dos custos de produção (especialmente
A) Transparência e accountability. mão-de-obra e materiais diretos).
B) Lei de Responsabilidade Fiscal e Lei de Acesso à
Informação. RESPOSTA: “C”.
C) Gestão de processos e prestação de contas ao ci-
dadão. 04. (ANVISA - Técnico Administrativo – CE-
D) Foco no cidadão e indução do controle social. TRO/2013). Sobre a Administração Pública, assinale a
E) Canais de acesso à informação pelo cidadão e go- alternativa correta.
verno eletrônico. A) É o conjunto de ações e atividades desenvolvi-
das pelo Distrito Federal, direta ou indiretamente, com
A Carta de Serviços ao Cidadão foi elaborada com o participação de entes públicos e privados que visam a
objetivo de informar o cidadão dos serviços prestados pela assegurar determinado direito garantido pela Consti-
autarquia, da forma de acessá-los e dos compromissos e tuição Federal.
padrões de qualidade de atendimento ao público. B) É o conjunto das atividades que as entidades es-
tatais e as pessoas jurídicas autorizadas ou instituídas
RESPOSTA: “D”. por lei a se constituírem, tais como entidades paraesta-
tais, exercem para assegurar a satisfação das necessida-
des coletivas e o bem-estar da sociedade.
C) Trata-se de um conjunto de decretos e/ou proje-
tos de lei formulados para a satisfação de uma ou mais
necessidades de bem-estar da sociedade.

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
D) Trata-se de um conjunto de regras de conduta e D) O Superior Tribunal de Justiça der provimento
de controle das atividades dos servidores públicos, com a representação para assegurar a observância de prin-
a finalidade de estabelecer o funcionamento equilibra- cípios indicados na Constituição Estadual, ou para pro-
do e o cumprimento dos princípios constitucionais. ver a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
E) É o conjunto de ações e atividades desenvolvidas E) Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da re-
durante um mandato eletivo, que pode ter a duração ceita municipal nas ações e serviços públicos e privados
de uma gestão, visando a atender a necessidade de ad- de saúde.
ministrar e supervisionar os servidores públicos.
Segundo a Emenda n. 29 de 13 de setembro de 2000,
A administração pública tem como objetivo assegurar 2º O inciso III do art. 35 passa a vigorar com a seguinte
a satisfação das necessidades coletivas e o bem-estar da redação:
sociedade. As entidades estatais e pessoas jurídicas auto- Art.35
rizadas exercem diversas atividades instituídas por lei para III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
garantir este objetivo. municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde;” (NR)
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “C”.
05. (ANS - Técnico Administrativo – CESPE/2013)
Acerca dos agentes públicos, julgue os itens a seguir:
Um secretário estadual de educação é considerado um 08. (IADES - Analista Administrativo – CFA/2011) As
agente político. organizações atuais passam por transformações com
( ) Certo ( ) Errado mais frequência que antigamente. Essas transforma-
ções são provocadas pela introdução de novas e dife-
O agente político é aquele detentor de cargo eletivo, rentes tecnologias, por alterações constantes nos seus
eleito por mandatos transitórios, como os Chefes de Poder produtos e serviços, e pela
Executivo e membros do Poder Legislativo, além de cargos A) Manutenção das suas atuais estruturas pessoais.
de Ministros de Estado e de Secretários nas Unidades da B) Permanência do efetivo de trabalho em seus
quadros de pessoal.
Federação, os quais não se sujeitam ao processo adminis-
C) Capacitação dos colaboradores que atuam em
trativo disciplinar.
recursos humanos.
D) Alteração do comportamento das pessoas.
RESPOSTA: “CERTO”.
A Revolução da Informação caracterizada pelo surgi-
06. (ANS - Técnico Administrativo – CESPE/2013)
mento da Era da Informação, personalizada pela evolução
Julgue os itens a seguir, relativos à administração e
da informática nas tecnologias de comunicação está in-
gestão de pessoas nas organizações: A gestão de pes-
fluenciando os modelos de gestão, onde o uso de sistemas
soas nas organizações deve priorizar a realização dos de informação atua como agente facilitador de mudança
objetivos individuais dos empregados e, em seguida, juntamente com o com comportamento das pessoas.
orientar esforços para o alcance dos objetivos organi- A necessidade de se promover mudanças no modelo
zacionais. de gestão é inevitável, os velhos paradigmas não se adap-
( ) Certo ( ) Errado tam ao mundo globalizado, onde não há lugar para uma
gestão centralizadora, lenta, burocrática e tradicionalista.
A gestão de pessoas nas organizações deve priorizar a A comunicação entre as unidades de trabalho pode
realização dos objetivos organizacionais utilizando os es- processar-se segundo diferentes padrões de interação: um
forços individuais dos empregados. a um, de um grupo para outro, etc. Para se comunicar, as
RESPOSTA: “ERRADO”. partes da estrutura usam alguns meios de comunicação,
como a comunicação pessoal, a escrita ou por meio de
07. (TJ/PE - JUIZ SUBSTITUTO - FCC/2013). O Esta- equipamentos, que transmitem as informações.
do não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, EXCETO RESPOSTA: “D”.
quando, entre outras hipóteses,
A) Deixar de ser paga, sem motivo de força maior,
por pelo menos três anos consecutivos, a dívida fun-
dada.
B) Não forem prestadas contas devidas, na forma
da lei complementar.
C) Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da
receita municipal na manutenção e desenvolvimento
do ensino.

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

09. (CHESF – Administração – CESGRANRIO/2012). 11. (TRT 9ª - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
Acerca da Administração Pública Estratégica, é correto NISTRATIVA – FCC/2013) O Planejamento Estratégico
afirmar: tem como foco central:
A) A nova administração pública dá ênfase à efi- A) alcançar o potencial máximo da organização
ciência e, principalmente, à gestão baseada na percep- através do fortalecimento da capacidade de prever
ção da complexidade do ambiente e dos problemas en- ocorrências futuras com impacto estratégico nas metas
frentados, dando foco em resultados, que se expressam de longo prazo.
na orientação para o desempenho e que pressupõem B) Realizar metas organizacionais de longo alcan-
planejamento, definição dos instrumentos, mensuração ce, através da priorização de enfrentamento das incer-
de desempenho e avaliação. tezas ambientais internas.
B) Para atuar no novo perfil da gestão pública, os C) Capacitar os níveis diretivos superiores para
governos nunca devem buscar estratégicos da iniciati- enfrentar as incertezas ambientais externas.
va privada, uma vez que são limitados pela legalidade D) Reduzir as incertezas em ambientes competi-
estrita. tivos para alcançar resultados precisos no curto prazo.
C) A questão da visão de futuro em nada tem a ver E) Fortalecer a sinergia entre as capacidades efe-
com a percepção do novo ambiente organizacional da tivas da organização visando alcançar seu pleno poten-
gestão pública ou com as novas variáveis situacionais. cial de ação num ambiente de incerteza sistêmica.
D) A nova administração pública dá ênfase, princi-
palmente, à definição de alguns objetivos legalmente O planejamento estratégico é uma metodologia de
traçados, com foco em procedimentos, que se expres- planejamento gerencial de longo prazo. Sua principal fun-
sam na orientação para o desempenho e que prescin- cionalidade é estabelecer a direção a ser seguida pela or-
dem o planejamento. ganização. É um formato de planejamento que foca maior
E) A simplicidade da gestão pública tem a ver com grau de interação com o ambiente, ou seja, tem em vista
a abordagem normativista, que passa a ser exigida no uma melhora na relação entre a organização e o ambiente
tratamento dos problemas enfrentados pela adminis- externo no qual ela encontra-se inserida. O planejamento
tração pública. estratégico está sujeito a incertezas no que se refere aos
eventos ambientais. Por se defrontar com a incerteza, tem
A nova administração pública dá ênfase à eficiência. É suas decisões baseadas em julgamentos, e não em dados
a medida da utilização dos recursos nas organizações bus- concretos.
cando operar de modo que os recursos sejam mais ade-
quadamente utilizados produzindo os melhores resultados. RESPOSTA: “E”.
Quanto mais saídas são obtidas com as mesmas entradas,
maior o grau de eficiência alcançada. 12. (SEFAZ/RJ - Auditor Fiscal da Receita Estadual -
Prova 1 – FCC/2014)
RESPOSTA: “A”. Dentre as vantagens para a instituição, destaca-se
o comprometimento dos funcionários, que é alcançado
10. (FHEMIG – Gestão Pública – FCC/2013) Define- com uma gestão mais participativa. Sobre a Adminis-
se gestão pública como: tração Participativa, considere:
A) O estudo aplicado às organizações públicas. I.É uma das ideias mais antigas da administração e
B) A ciência aplicada ao campo empresarial. tem suas raízes no Japão.
C) O campo do conhecimento e do trabalho re- II. É considerada um dos novos paradigmas da ad-
lacionados às organizações cuja missão seja interesse ministração, já que esse modelo de gestão integra as
pública ou este afeite. práticas mais avançadas nas relações de trabalho.
D) Uma tarefa exclusiva para os cargos eletivos III.O diferencial desse modelo está em integrar os
(prefeitos, governadores, etc). princípios de participação em um modelo estratégico
E) Uma função exclusiva para os funcionários pú- de gestão articulado e considerado legítimo para toda
blicos concursados. a organização.
IV. Esse modelo exige flexibilidade da alta adminis-
Gestão pública é a utilização de práticas na adminis- tração para permitir acesso às informações necessárias
tração do setor público. O termo designa um campo de para que se possa tomar a decisão mais adequada pos-
conhecimento (ou que integra um campo de conhecimen- sível.
to) e de trabalho relacionados às organizações cuja mis- Está correto o que se afirma APENAS em
são seja de interesse público ou afete este. Abrange áreas A) II, III e IV.
como Recursos Humanos, Finanças Públicas e Políticas Pú- b) I e II.
blicas, entre outras. c) I, II e IV.
d) I e IV.
RESPOSTA: “C”. e) II e IV.

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
A administração participativa está presente na Adminis- O conceito de empatia está relacionado à capacidade
tração Pública. Esse modelo exige flexibilidade da alta ad- de ouvir o outro de tal forma a compreender o mundo a
ministração para permitir acesso às informações necessárias partir de seu ponto de vista. Não pressupõe concordância
para que se possa tomar a decisão mais adequada possível. ou discordância, mas o entendimento da forma de pensar,
É uma das ideias mais antigas da administração e tem suas sentir e agir do interlocutor. No momento em que isso ocorre
raízes no Japão. É considerada um dos novos paradigmas de forma coletiva, a organização dialoga e conhece saltos de
da administração, já que esse modelo de gestão integra as produtividade e de satisfação das pessoas.
práticas mais avançadas nas relações de trabalho. A empatia é primordial para o desenvolvimento de lide-
ranças e o aperfeiçoamento da gestão de pessoas, pois pres-
RESPOSTA: “A”. supõe o respeito ao outro; em uma dinâmica que favorece o
aumento da produtividade.
13. (TRT/PR – Administração – Analista – FCC/2013)
RESPOSTA: “C”.
A estratégia de redes representa um grande potencial
de aumento da efetividade da gestão pública. Esta afir-
15. (TRT/PR – Administração – Analista – FCC/2013)
mativa é verdadeira, desde que seja evitado o proble- Dentre os critérios de avaliação da gestão pública, deve-
ma típico na gestão de redes organizacionais que é se levar em consideração, além da excelência no atendi-
A) A indefinição na responsabilização pela obten- mento aos cidadãos,
ção dos resultados. A) Os interesses dos superiores hierárquicos.
B) O excesso de atores com influência nas decisões. B) O valor final agregado para a sociedade produzido
C) A dificuldade de gerir uma grande quantidade pelas ações.
de informação. C)As demandas do povo, especialmente a população
D) A rigidez formal dos processos de gestão em mais necessitada.
rede. D) Os interesses de grupos especiais.
E) A necessidade de aumentar a cadeia hierárquica E) Aqueles que efetivamente pagam impostos e taxas.
burocrática.
A excelência na prestação de serviços públicos corres-
Rede é uma estrutura de comunicação e de gestão ponde ao grau máximo/ótimo dos serviços prestados. A ex-
aberta, dispersiva, dinâmica, moderna e capaz de se ex- celência corresponde a uma visão existente na Administração
pandir de forma ilimitada; é a estrutura atual das organiza- Pública, segundo a qual ao se utilizar ferramentas e técnicas
ções modernas. É um espaço em que as pessoas e grupos da qualidade para promover melhorias contínuas relaciona-
das aos serviços oferecidos ao cidadão – o que inclui o treina-
interagem, compartilhando ideias e recursos de forma ágil
mento e a motivação dos servidores – se estará caminhando
e eficiente, para encontrar soluções para os problemas ou
rumo à excelência.
visando alcançar objetivos comuns.
Um problema típico na gestão de redes organizacio- RESPOSTA: “B” .
nais é a indefinição na responsabilização pela obtenção
dos resultados. A estratégia de redes representa um gran- 16. (OAB - EXAME DE ORDEM – 1° FASE – CESPE/2008)
de potencial de aumento da efetividade da gestão pública A respeito da disciplina legal relativa aos contratos admi-
nistrativos, julgue os itens a seguir.
RESPOSTA: “A”. I. A ilegalidade no procedimento da licitação vicia
também o próprio contrato, já que aquele procedimento
14. (AL/SP – Administração - FCC/2010) Um dos é condição de validade deste, de modo que, ainda que a
fatores de qualidade no atendimento ao público é a referida ilegalidade seja apurada depois de celebrado o
empatia. Empatia é: contrato, este terá de ser anulado.
A) A capacidade de transmitir sinceridade, com- II. A faculdade que a administração possui de exigir
petência e confiança ao público. garantia nos contratos de obras, serviços e compras ad-
B) A capacidade de cumprir, de modo confiável e mite que tal exigência seja feita somente com o licitante
exato, o que foi prometido ao público. vencedor e no momento da assinatura do respectivo con-
C) O grau de cuidado e atenção individual que o trato, não na fase licitatória.
III. A subcontratação, total ou parcial, do objeto do
atendente demonstra para com o público, colocando-
contrato, a associação do contratado com outrem, bem
se em seu lugar para um melhor entendimento do pro-
como a cessão ou transferência, total ou parcial, somente
blema. são possíveis se expressamente previstas no edital e no
D) A intimidade que o atendente manifesta ao contrato.
ajudar prontamente o cidadão. IV. Entre as normas referentes ao aspecto formal, in-
E) A habilidade em definir regras consensuais clui-se a que exige a publicação, no diário oficial, da ínte-
para o efetivo atendimento. gra do contrato, no prazo máximo de 30 dias a contar da
data da assinatura, como condição para que o contrato
adquira eficácia.

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

Estão certos apenas os itens V. A intervenção na execução do contrato é pro-


A) I e II. vidência adotada pela administração, no momento da
b) I e III. rescisão contratual, com objetivo de evitar a desconti-
c) II e IV. nuidade na execução dos trabalhos, em razão de o con-
d) III e IV. tratado revelar-se incapaz de dar fiel cumprimento ao
avençado.
Com referência aos contratos administrativos, a ilegali- A quantidade de itens certos é igual a
dade no procedimento da licitação vicia também o próprio A) I
contrato, já que aquele procedimento é condição de vali- B) II
dade deste, de modo que, ainda que a referida ilegalidade C) III
seja apurada depois de celebrado o contrato, este terá de D) IV
ser anulado. A faculdade que a administração possui de E) V
exigir garantia nos contratos de obras, serviços e compras
admite que tal exigência seja feita somente com o licitante Neste caso a resposta certa está no item II. Criou-se
vencedor e no momento da assinatura do respectivo con- para o contratado uma impossibilidade intransponível de
trato, não na fase licitatória. normal execução do contrato, exigindo-se uma recompo-
sição de preço e dilação do prazo para entrega da avença.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “B”.
17. (TJ/DF - Analista Judiciário - Área Judiciária –
CESPE/2013). Acerca de contratos administrativos e li- 18. (MPE/AC - ANALISTA PERICIAL - ENGENHA-
citações, julgue os itens a seguir. RIA CIVIL- FMP/RS/2013). Das afirmativas abaixo (lei
I. A proibição de importação de um determinado 8.666/93) identifique qual ou quais são verdadeiras.
produto é exemplo de fato da administração, que se I. Os contratos devem estabelecer com clareza e
caracteriza por toda ação ou omissão do poder público precisão as condições para sua execução, expressas em
cláusulas que definam os direitos, obrigações e res-
que, incidindo direta e especificamente sobre o contra-
ponsabilidades das partes, em conformidade com os
to, retarda ou impede sua execução. Nesse caso, o con-
termos da licitação e da proposta a que se vinculam.
tratado pode pleitear a rescisão do contrato por culpa
Devem constar nos contratos o objeto e seus elemen-
do poder público.
tos característicos, o regime de execução ou a forma de
II. Considere a seguinte situação.
fornecimento, o preço e as condições de pagamento, os
Na construção da fundação de um viaduto, foram
prazos, o crédito, as garantias...
encontrados diversos dutos condutores de águas plu-
II. A critério da autoridade competente, em cada
viais que não constavam no projeto de execução. Tal
caso, e desde que prevista no instrumento convoca-
fato determinou o alagamento total do canteiro de tório, poderá ser exigida prestação de garantia nas
obras e a inutilização de diversas máquinas. Nessa si- construções de obras, serviços e compras. Caberá ao
tuação, tem-se o exemplo de um caso fortuito, uma das contratado optar por uma das seguintes modalidades
causas justificadoras da inexecução do contrato, que de garantias: caução em dinheiro ou títulos da dívida
cria, para o contratado, uma impossibilidade intrans- pública, seguro-garantia ou fiança bancária. A garan-
ponível de normal execução do contrato, exigindo uma tia prestada pelo contratado será liberada ou restituída
recomposição de preço e dilação do prazo para entrega após a execução do contrato e, quando em dinheiro,
da avença. atualizada monetariamente.
III. A inexecução de um contrato administrativo III. O contratado é responsável pelos danos causa-
propicia sua rescisão e pode acarretar, para o inadim- dos diretamente à administração ou a terceiros, não
plente, consequências de ordens civil e administrativa. As excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fis-
sanções administrativas, aplicáveis diretamente pela admi- calização. O contratado é responsável pelos encargos
nistração, mediante procedimento interno em que se fa- trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais re-
culta a defesa ao infrator, incluem a declaração de inido- sultantes da execução do contrato. A inadimplência
neidade, que opera efeitos apenas em relação à esfera de do contrato, com referência aos encargos trabalhistas,
governo que a impõe e que admite ser cancelada desde fiscais ou comerciais não transfere à administração pú-
que afastada a diretoria ou a equipe técnica responsá- blica a responsabilidade por seus pagamentos, nem
vel pelas falhas contratuais e técnicas. poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a re-
IV. As chamadas cláusulas exorbitantes caracteri- gularização e o uso das obras e edificações, inclusive
zam os contratos administrativos, distinguindo-os em perante o registro de imóveis.
relação aos contratos de direito privado. A principal é a IV. Os contratos podem ser alterados, com as devi-
possibilidade de alteração e rescisão unilateral do con- das justificativas, em um dos seguintes casos, seja uni-
trato administrativo que, todavia, não é absoluta, pois lateralmente pela administração ou por acordo entre as
não pode violar o direito do contratado de ver mantida partes. Diferentemente desses dois casos, pode haver
a equação financeira originariamente estabelecida. alteração dos contratos, quando houver modificação

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
do projeto ou das especificações, para melhor ade- 19. (TCE/SP – Administração – FCC/2012) Em rela-
quação técnica aos seus objetivos e quando necessária ção ao ciclo orçamentário, é correto afirmar que:
a modificação do valor contratual em decorrência de A) A iniciativa de apresentação do projeto da Lei
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, Orçamentária Anual cabe ao Congresso Nacional.
quando conveniente a substituição da garantia de exe- B) É assegurada ao Poder Judiciário autonomia ad-
cução, quando necessária a modificação do regime de ministrativa e financeira.
execução da obra ou serviço ou quando necessária mo- C) Não é possível fazer-se emendas ao projeto da Lei
dificação na forma de pagamento. Orçamentária Anual.
V. O contrato deverá ser executado fielmente pelas D) O órgão responsável pela consolidação do proje-
partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as nor- to da Lei Orçamentária Anual é o Ministério da Fazenda,
mas da lei, respondendo cada uma pelas consequências através da Secretaria do Tesouro Nacional.
de sua inexecução total ou parcial. A critério da admi- E) A fiscalização contábil, financeira, orçamentá-
nistração a execução do contrato pode ser acompanha- ria, operacional e patrimonial dos entes públicos será
da e fiscalizada por um representante, especialmente executada pelo Poder Judiciário, através do Tribunal de
designado para assisti-lo e subsidiá-lo de informações Contas respectivo.
pertinentes. Esse representante anotará em registro
próprio todas as ocorrências relacionadas com a execu- É assegurada ao Poder Judiciário autonomia adminis-
ção do contrato. trativa e financeira. Conforme Constituição Federal 1988 –
Estão corretas as afirmativas Artigo 99:
A) I, III e IV.
B) II, III e V. Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia ad-
C) I, II e III. ministrativa e financeira.
D) I, III e V. §1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamen-
E) III, IV e V. tárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os
demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
Segundo texto da Constituição Federal nos artigos:
RESPOSTA: “B”.
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta
Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de di- 20. (TRT/23ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área
reito público, aplicando-se lhes, supletivamente, os princí- Administrativa - FCC/2011) Segundo a Lei de Respon-
pios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito sabilidade Fiscal, deverá constar na Lei Orçamentária
privado. Anual:
§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e pre- A) Anexo de Metas Fiscais.
cisão as condições para sua execução, expressas em cláusu- B) Política de aplicação das agências financeiras ofi-
las que definam os direitos, obrigações e responsabilidades ciais de fomento.
das partes, em conformidade com os C) Reserva de Contingência.
termos da licitação e da proposta a que se vinculam. D) Anexo de Riscos Fiscais.
§ 2º Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigi- E) Créditos com dotação ilimitada, desde que auto-
bilidade de licitação devem atender aos termos do ato que rizados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.
os autorizou e da respectiva proposta.
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada Segundo a Lei Orçamentária Anual (Art. 5º)
caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, po-
derá ser exigida prestação de garantia nas contratações de A Lei Orçamentária Anual deverá ser elaborada de for-
obras, serviços e compras. ma compatível com o Plano Plurianual, com a Lei de Dire-
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causa- trizes Orçamentárias e com a Lei de Responsabilidade Fiscal,
dos diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes sendo que:
de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluin-
do ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o • conterá demonstrativo da compatibilidade da progra-
acompanhamento pelo órgão interessado. mação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos tra- da Lei de Diretrizes Orçamentárias;
balhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
execução do contrato. • será acompanhada do demonstrativo do efeito, sobre
as receitas e despesas, decorrente de renúncia de receita e
RESPOSTA: “C”. do aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;

• conterá reserva de contingência, definida com base na


receita corrente líquida, destinada ao pagamento de passivos
contingentes; e não consignará dotação para investimento,
com duração superior a um exercício financeiro, que não es-

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

teja previsto no Plano Plurianual ou em lei que autorize sua Toda despesa orçamentária percorre obrigatoriamen-
inclusão. A realização desse tipo de investimento, sem prévia te os estágios de empenho, liquidação e pagamento. Não
inclusão no Plano Plurianual, ou sem lei que autorize sua pode haver inversão de nenhuma fase.
inclusão, caracterizará crime de responsabilidade, nos termos Suprimento de fundos é um meio de realizar despesas
do parágrafo 1º do artigo 167 da Constituição Federal. que, pela sua urgência e eventualidade, não possam aguar-
dar o processamento normal da execução orçamentária.
RESPOSTA: “C”.
RESPOSTA: “E”.
21. (TRT/PR – Administração – Analista – FCC/2013)
Em relação ao orçamento público, é correto afirmar que: 23. (UF/AL - Assistente em Administração - COPE-
A) A Lei Orçamentária Anual poderá conter disposi- VE/2011) O patrimônio é o objeto administrado que
tivo que autorize a abertura de créditos adicionais espe- serve para propiciar às entidades a obtenção de seus
ciais e a contratação de operações de crédito. fins. Como tal, são atribuições do setor de patrimônio,
B) A Lei Orçamentária Anual é uma lei de iniciativa, exceto a opção:
em conjunto, dos Poderes Executivo, Legislativo e Judi- A) extrair, encaminhar e controlar os Termos de
ciário. Responsabilidade dos bens móveis dos diversos centros
C) Os sistemas de acompanhamento e medição do de responsabilidade do órgão.
trabalho, assim como dos resultados, são inexistentes B) encaminhar às unidades de controle patrimonial
no orçamento programa. os inventários de bens pertencentes ao órgão.
D) A Lei Orçamentária Anual compreenderá o orça- C) auxiliar os analistas de planejamento durante a
mento de investimento das empresas em que a União, elaboração da previsão da receita orçamentária.
direta ou indiretamente, detenha qualquer parcela do D) efetuar as identificações patrimoniais, por meio
capital social com direito a voto. de plaquetas (metálicas ou adesivas altamente colan-
E) O início de programas ou projetos não incluídos tes), fixadas nos bens móveis de caráter permanente.
E) registrar as transferências de bens quando ocor-
na Lei Orçamentária Anual é, constitucionalmente, proi-
rer mudança física deles ou quando houver alterações
bido.
do responsável.
É constitucionalmente proibido o início de pro-
Algumas atribuições do setor patrimônio são:
gramas ou projetos não incluídos na Lei Orçamentária
• Organização e manutenção do cadastro de bens
Anual. Caso o gestor necessite iniciar um novo progra-
móveis e imóveis da Instituição;
ma/projeto, deverá apresentar projeto de lei para cré-
• Extrair, encaminhar e controlar os Termos de Res-
dito especial com vistas a atender ao novo programa/
ponsabilidade dos bens móveis dos diversos centros de
projeto. responsabilidade do órgão.
Segundo texto da Constituição Federal: • Identificação dos bens móveis, com afixação de
plaquetas aos bens para fins de inventário;
Art. 167. São vedados: I – o início de programas ou proje- • Preparação de processos de alienação de bens
tos não incluídos na Lei Orçamentária Anual; móveis da Instituição considerados em desuso ou inserví-
veis, na forma da Lei;
RESPOSTA: “E”. • Registrar as transferências de bens quando ocor-
rer mudança física deles ou quando houver alterações do
22. (TRT/PR – Administração – Analista – FCC/2013) responsável.
Em relação às despesas orçamentárias, é correto afir- • Orientação sobre a utilização dos materiais per-
mar: manentes;
A) O empenho da despesa consiste na verificação do • Fiscalização das unidades no tocante ao cumpri-
direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e mento das normas de conservação e segurança dos bens
documentos comprobatórios do respectivo crédito. móveis e imóveis;
B) As despesas de exercícios anteriores são aquelas • Manutenção preventiva, corretiva e emergencial
cujos pagamentos referem-se a empenhos emitidos em dos bens móveis e imóveis da Instituição;
exercícios anteriores. • Encaminhar às unidades de controle patrimonial
C) A liquidação da despesa é um estágio que não se os inventários de bens pertencentes ao órgão.
aplica às despesas de exercícios anteriores e ao supri- • Registro, carga, relatório e demais documentações
mento de fundos. no que se refere a bens móveis e imóveis;
D) A liquidação da despesa é o despacho exarado • Efetuar as identificações patrimoniais, por meio de
por autoridade competente, determinando que a des- plaquetas (metálicas ou adesivas altamente colantes), fixa-
pesa seja paga. das nos bens móveis de caráter permanente.
E) A entrega de numerário a servidor, no regime de • Conferência da entrega de material permanente;
adiantamento, sempre deve ser precedida de empenho • Confecção de balanço do estado dos bens móveis
na dotação própria. e imóveis do Ministério Público;

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração
• Confecção de relatórios de pendências sobre troca Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que
e aquisição de bens móveis e imóveis solicitados pelos agen- couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, indu-
tes ministeriais; za ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
• Controle, fiscalização e sugestão de novas propos- se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
tas no que se refere a patrimônio, cargas, transportes, distri-
buição e controle; RESPOSTA: “C”.
• Recebimento de novas solicitações, trocas ou su-
gestões quanto à aquisição de materiais permanentes para 25. (TJ/SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO -
composição de projeto de aquisição junto ao Subprocura- VUNESP/2013) No tocante à Declaração de Bens, pre-
dor-Geral de Justiça para Assuntos Administrativos. vista na Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.º
8.429/92), é correto afirmar que:
RESPOSTA: “C”. A) Não supre a exigência contida na Lei de Improbi-
dade Administrativa a entrega, em substituição à Declara-
24. (TJ/SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO - VU- ção de Bens, da cópia da declaração anual de bens apre-
NESP/2013) No tocante à Lei de Improbidade Adminis- sentada à Delegacia da Receita Federal.
trativa (Lei n.º 8.429/92), é correto afirmar que: B) A posse e o exercício de agente público ficam
A) As ações destinadas a levar a efeito as sanções condicionados à apresentação de declaração dos bens e
previstas nessa Lei podem ser propostas até 20 (vinte) valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim
anos após o término do exercício de mandato, de cargo de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
em comissão ou de função de confiança. C) A declaração de bens será quinquenalmente
B) A aplicação das sanções previstas nessa Lei de- atualizada e na data em que o agente público deixar o
pende da aprovação ou rejeição das contas pelo Tribunal exercício do mandato.
ou Conselho de Contas. D) Somente será punido com a pena de demissão
C) As disposições dessa Lei são aplicáveis, no que a bem do serviço público, sem prejuízo de outras san-
ções cabíveis, o agente público que prestar falsa decla-
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
ração de bens.
induza ou concorra para a prática do ato de improbidade.
E) Será punido com a pena de repreensão escrita
D) A autoridade judicial competente somente po-
o agente público que se recusar a prestar declaração
derá determinar o afastamento do agente público do
dos bens.
exercício do cargo após o trânsito em julgado da senten-
ça condenatória.
Segundo texto da Constituição Federal no artigo:
E) A aplicação das sanções previstas nessa Lei de-
pende da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
controle interno. condicionados à apresentação de declaração dos bens e va-
lores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
Segundo texto da Constituição Federal no artigo: arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, se-
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer moventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie
agente público, servidor ou não, contra a administração direta, de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade outras pessoas que vivam sob a dependência econômica
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou con- do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de
corra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da uso doméstico.
receita anual, serão punidos na forma desta lei. § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades e na data em que o agente público deixar o exercício do
desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimô- mandato, cargo, emprego ou função.
nio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do
fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra o agente público que se recusar a prestar declaração dos
com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da re- bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
ceita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, caput e no § 2° deste artigo.
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no
artigo anterior. RESPOSTA: “B”.

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente em Administração

26. (AFRFB– Auditor Fiscal – ESAF/2012) Todos os A conduta abusiva do administrador pode ocorrer de
gestores públicos estão submetidos ao controle. Esta duas formas:
afirmação é referente ao princípio da - O agente atua fora dos limites da sua competência;
A) Universalidade. - O agente embora dentro de sua competência, afasta-
B) Independência. se do interesse público que deve nortear todo desempe-
C) Legalidade. nho administrativo.
D) Imparcialidade. No primeiro caso diz-se que o sujeito atuou com ex-
E) Totalidade. cesso de poder e no segundo com desvio de poder.

O princípio da universalidade (também conhecido RESPOSTA: “CERTO”.


como princípio cosmopolita) pretende realizar um ideal,
cuja efetivação, contudo, ainda não foi alcançada. E visa 129. (TRE/PI - ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA
reunir esforços dos Estados, somando a colaboração de - FCC/2009)
todos no combate à criminalidade e lhes conferindo com- Sobre o abuso de poder, é correto afirmar que:
o desvio de finalidade, sendo uma espécie de abuso,
petência para julgar os delinquentes, independentemente
ocorre quando a autoridade, atuando fora dos limites
do lugar da infração penal, do bem jurídico prejudicado
da sua competência, pratica o ato com fins diversos dos
e da nacionalidade do agente. O quadro político mun-
objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público.
dial, todavia, não revela as condições para concretizar-se A) tem o mesmo significado de desvio de poder,
a ideia. As divergências socioeconômicas, as concepções sendo expressões sinônimas.
políticas diferentes e a inexistência de leis comuns ainda B) pode se caracterizar tanto por conduta comis-
constituem barreiras intransponíveis. siva quanto por conduta omissiva.
C) a invalidação da conduta abusiva só pode ocor-
RESPOSTA: “A”. rer pela via judicial.
D) se caracteriza, na forma de excesso de poder,
27. (TRT/PR – Administração – Analista – FCC/2013) quando o agente, agindo dentro dos limites da sua
Ao assumir o cargo de prefeito, o Sr. José Silva não competência, pratica o ato de forma diversa da que es-
conseguia compreender por que o orçamento da Fun- tava autorizado.
dação de Amparo à Criança e ao Adolescente, funda-
ção instituída e mantida pelo poder público municipal, O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissi-
deveria estar contido na Lei Orçamentária Anual do va como a omissiva, porque ambas são capazes de afrontar
Município. O princípio orçamentário que deve ser utili- a lei e causar lesão a direito individual do administrado. A
zado para justificar a inclusão do orçamento da funda- inércia da autoridade administrativa deixa de executar de-
ção na Lei Orçamentário Anual do Município é o terminada prestação de serviço a que por lei está obrigada,
A) Da unidade. lesando o patrimônio jurídico individual. É forma omissiva
B) Da anualidade. de abuso de poder, quer o ato seja doloso ou culposo.
C) Da exclusividade.
D) Do orçamento bruto. RESPOSTA: “C”.
E) Da não-vinculação das receitas de impostos.

O princípio da unidade ensina que o orçamento deve


ser uno, ou seja, no âmbito de cada esfera de Governo
(União, estados e municípios) deve existir apenas um só
orçamento para um exercício financeiro. Cada esfera de
Governo deve possuir apenas um orçamento, fundamen-
tado em uma única política orçamentária e estruturado
uniformemente. Assim, existem o Orçamento da União, o
de cada estado e o de cada município.

RESPOSTA: “A”.

28. (ANAC - ADMINISTRATIVO - CESPE/2012) A


conduta abusiva da administração pode ocorrer quan-
do o servidor atua fora dos limites de sua competência
ou quando, embora dentro de sua competência, ele se
afasta do interesse público exigido legalmente.
Certo ( ) Errado ( )

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