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21.

A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO INSTITUCIONAL

Jeferson Douglas de Lima1


Leidiane Kava da Silva2
Ronaldo Adriano Alves dos Santos3

O presente trabalho visa promover uma breve análise sobre a atuação do psicólogo no campo
institucional. Tal estudo se fez necessário para que haja uma visão de diferentes autores e pontos de vista acerca da
psicologia no campo institucional e o trabalho desenvolvido pelo psicólogo dentro desse campo. No decorrer do
artigo, apresenta-se uma visão acerca da instituição, do indivíduo no grupo e o perfil do psicólogo institucional. A
construção se deteve em análise bibliográfica de autores que fundamentam a atuação do psicólogo nas instituições.
Tem como objetivos debater o campo institucional e o papel do psicólogo dentro das instituições. Para esta discussão
utilizaremos os pressupostos apresentados por Bleger (1984), Pinheiro e Gula (2007) e também as proposições
teóricas de Guirado (2009) que faz menção aos autores: Albuquerque e Lapassade.
Para Albuquerque a instituição se caracteriza a partir do momento em que encontra um objeto
institucional, esse objeto deve ser algo imaterial para que possa haver uma desapropriação quando necessária,
desenvolvendo o luto no termino do grupo, o objeto institucional estrutura a prática institucional, onde é aquilo cuja
propriedade a instituição reivindica o monopólio de legitimidade, esse objeto deve ser o único para a instituição, não
pode ser algo material, pois, deve ser algo transicional (GUIRADO, 2009).
A ação institucional se caracteriza nas relações sociais e não no local material que faz a instituição, pois ela
se dá na interação dos membros do grupo e não apenas no ambiente físico onde ocorrem tais interações sociais
(GUIRADO, 2009).
Para Bleger (1984) a psicologia institucional se caracteriza como uma forma de intervenção psicológica
com significado social, onde o psicólogo irá voltar seu trabalho para as instituições com o objetivo de promover a
saúde de seus integrantes da mesma, em sua totalidade, a partir das relações pessoais e grupais.

1
Acadêmico do 6º período do curso de Psicologia, Escola de Saúde e Biociências da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
jefferson.psi@hotmail.com, (44) 9982-5599, Rua Rio Grande do Sul, 325, Centro, Tupãssi, Paraná.
2
Acadêmica do 6º período do curso de Psicologia, Escola de Saúde e Biociências da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
leidi_ks@hotmail.com, (45) 9943-5871, Rua Salvador, 126, Vila Becker, Toledo, Paraná.
3
Graduado em Psicologia. Especialista em Filosofia Política e do Direito. Professor do Curso de Psicologia da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, fone: (45) 32778600. Av. da União, 500, Jardim Coopagro Toledo-PR. Contato: ronaldo.alves@pucpr.br

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Ao referir-se ao termo Psico-Higiene, Bleger (1984) afirma que este se configura na possibilidade de se
constituir uma organização dinâmica visando promover condições que tendem a causar saúde e bem-estar dos que
ali se encontram. Sendo assim o conceito de Psico-Higiene baseia-se no contexto de que o psicólogo deve fazer mais
do que uma atividade psicoterápica, deve-se ater ao todo praticando o seu exercício nas ocorrências multifatoriais,
visando sempre à promoção de saúde da população e não somente o doente (Pinheiro & Gula, 2007).
A psicologia em toda a sua completude cientifica embasará a atuação do psicólogo dentro da instituição.
Cabe ao psicólogo, no espaço social, analisar todos os fenômenos humanos na sua relação com a instituição nos seus
variados aspectos objetivos, dinâmicos e na sua estrutura enquanto ambiente de atuação, onde o trabalho
psicológico na prática tem um maior espaço de significação social (Bleger, 1984).
Nos primeiros contatos do psicólogo com a instituição será levantado hipóteses sobre os possíveis
problemas da instituição, que poderão ser confirmadas ou não no desenrolar do trabalho do psicólogo, visto que
este processo é que abre novos caminhos na ação do psicólogo institucional (Bleger, 1984).
Para atuar na instituição o psicólogo deve estar ciente que seu principal método de estudo será a
observação, pois é a partir dela que ele vai verificar se as hipóteses se constituem em realidade. Neste sentido, deve
ser estudada a dinâmica psicológica que se desenvolve na instituição, pois, por um lado, o indivíduo tem sua
personalidade afetada pela dinâmica institucional e, por outro, é parte integrante da mesma e deposita uma parcela
de sua personalidade nas redes institucionais, pois são os indivíduos que fazem a instituição e qualquer mudança
provocada na instituição poderá afetar a personalidade de seus integrantes (BLEGER, 1984).
Para Bleger (1984), grupo e indivíduo apresentam uma edificação que proporcionam uma identidade,
onde indivíduo é instituição e vice versa. Nessa relação adaptada com a realidade, há um significado e certo grau de
organização que torna a existência possível. Sendo assim, cabe ao psicólogo trabalhar os aspectos indiferenciados,
naqueles sujeitos em crise, ou seja, o psicólogo deve explicitar o implícito.
Sendo assim, no âmbito institucional se altera tanto a instituição e suas relações, quanto a intervenção do
psicólogo. Com isso, o fazer psicológico, na anexação dos grupos se dará através das interpretações, informado pela
compreensão das relações institucionais (GUIRADO, 2009).
Cabe aos psicólogos que atuam em instituições encontrar a necessidade de averiguar as demandas de
orientação e também ampliar os conhecimentos sobre as instituições promovendo, dessa forma, interrogações sobre
o seu papel e sua posição diante da problemática de oscilações, incerteza e necessidade de rápidos resultados
(BLEGER, 1984).
Como afirma Bleger (1984) o ser humano é um ser que precisa projetar-se para o futuro, cabendo ao
psicólogo, na sua atuação, a intervenção nas situações de conflitos, trabalhando os aspectos indiferenciados, não
verbais, ou seja, o psicólogo deve explicitar o que o sujeito, por estarrecimento e sofrimento, deixa implícito na

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instituição. Sendo assim, quando o paciente encontra-se estagnado no tempo, o atendimento só será concluído
mediante a concepção de uma projeção para o futuro, um projeto para o amanhã.
Acrescenta-se também que o psicólogo, quando insere-se meio institucional, deve realizar o levantamento
dos objetivos específicos da instituição e os meios pelos qual ela pretende alcançá-los, deve analisar também os
motivos que a instituição a solicitar a intervenção do profissional, neste trabalho deve buscar, através de um manejo
específico, amenizar a ansiedade e ultrapassar as resistências causadas pela sua presença, haja vista, que “o
psicólogo é um agente de mudança e um catalisador ou depositário de conflitos, e, por isso, as forças operantes na
instituição irão agir no sentido de anular ou amortizar suas funções e sua ação" (PINHEIRO & GULA, 2007).
A proposito a análise institucional, idealizada por Georges Lapassade, é o modo específico de compreender
as relações sociais, nas instituições e um modo de inserção do profissional psicólogo que é de natureza política, ela se
dá como um método de análise da realidade social e como um método de intervenção para com a sociedade, para ele
essa análise acontece através das contradições sociais, revelando a dimensão oculta do que se passa nos grupos
(GUIRAO, 2009).
Segundo o mesmo autor deve-se lembrar da distinção entre instituição e organização, para que quando
for fazer uma análise esteja ciente de estar fazendo uma análise institucional e não organizacional, na análise
institucional deve-se analisar muito além da organização, por exemplo, as relações sociais apresentadas por seus
integrante, já na análise organizacional deve ser analisado são os recursos materiais, o espaço físico e os
equipamentos (GUIRADO, 2009).
A análise, no ponto de vista de Lapassade é uma ação do grupo e o analista é um “provocador” de um
processo, mas toda a intervenção se dá pelo grupo. O psicólogo sempre levará a subjetividade para sua atuação,
como os sujeitos se fazem através das relações essa subjetividade será o objeto de estudo e análise para o trabalho do
psicólogo (GUIRADO, 2009).
De acordo com o exposto acima, verifica-se a existência de visões distintas sobre a atuação do psicólogo no
campo institucional, onde Bleger pontua entre outras afirmações que cabe ao psicólogo trabalhar os aspectos
indiferenciados, naqueles sujeitos em crise, ou seja, o psicólogo deve explicitar o implícito. Já segundo Guirado, o
fazer psicológico, na anexação dos grupos se dará através das interpretações, informados por esta compreensão das
relações institucionais. Albuquerque relata que os indivíduos são responsáveis por fazer a instituição, sendo assim o
psicólogo deve trabalhar com todos em sua subjetividade. Para Lapassade, o analista é um “provocador” de um
processo, mas toda a intervenção se dá pelo grupo.
Pode-se destacar que os mesmos se deram de forma satisfatória, onde foi possível averiguar vários autores
e diferentes contribuições no trabalho do psicólogo no campo institucional, podendo verificar várias visões do
trabalho do psicólogo onde cada autor tem uma maneira diferente de dizer qual deve ser a postura desse

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profissional nesse campo de atuação, atendendo aos objetivos propostos na pesquisa, onde fica claro o campo
institucional e como o psicólogo pode intervir, mostrando que a observação é participante, onde o psicólogo altera a
instituição e deve fazer intervenção dinâmica e grupal, atendendo a demanda institucional por sua totalidade.
O papel do psicólogo no campo institucional é de suma importância para a instituição em sua totalidade.
Tal trabalho deve ser realizado de forma dinâmica, pois o psicólogo altera a instituição, e cada indivíduo, sendo
parte da instituição, deve se sentir à vontade para falar, permitindo assim, que o psicólogo consiga desempenhar o
seu papel com êxito. De acordo com a pesquisa realiza, pode se inferir que todos os autores pesquisados concordam
entre si em relação a atuação do profissional quando destacam a observação participante como método principal do
trabalho em campo.
Toda a instituição em sua particularidade possuiu objetivos, e cabe ao profissional psicólogo ter ciência de
tais objetivos e das motivações de tal instituição e do seu trabalho acerca da realidade institucional. O ideal é que
todo o psicólogo tenha também, muito claro seus próprios objetivos, pois são estes que o direcionam em seu agir.
Desse modo, a missão do psicólogo institucional caracteriza-se por fazer com que a instituição sirva de meio de
enriquecimento e desenvolvimento da personalidade de seus integrantes.

Referências Bibliográficas
BLEGER, J. Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
GULA, P. PINHEIRO, N. Entre o Limite e a esperança; Relato de uma Experiência em Psicologia Institucional.
Brasília, junho 2007. Disponível em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932007000200015>. Acesso em: 071/04/2015.
GUIRADO, Marlene. A análise Institucional do Discurso como Analítica da Subjetividade. Tese (Livre-Docência –
Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade – Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo). São Paulo: 2009. 316 p.
GUIRADO, M. Psicologia institucional. São Paulo: EPU, 2004. DESLANDES, SUELY FERREIRA; GOMES, R.;
MINAYO, M.C.DE S. (organizadora).
GUIRADO, M. Psicologia Institucional: O Exercício da psicologia Como Instituição. Interação em Psicologia,
Curitiba, jul./dez. 2009, (13)2, p. 323-333. Disponível em:
<ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/psicologia/article/download/9447/11377>. Acesso em:
01/04/2015.

ROSA, M. I. P. D. (org.) 1º Simpósio de Psicologia, v.1, n.1, 2015. Curitiba : Editora Champagnat. Página 4

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