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ESETec
Editores A sso cia d o s
Sobre
Comportamento
e Cognição
A ssociação Brasileira de Psicoterapia e
M edicina Com portam ental
Volume 12
Organizado por Maria Zilah da Silva Brandão
Fátima Cristina dc Souza Conte
Fernanda Silva Brandão
Vara Kuperstein Ingberman
Cynthia Borges de Moura
Vera Menezes da Silva
Simone Martin Oliane
Adilson dos Anjos * Amanda Amarantes • Ana Dalva Andrade • Andréa Nogueira de Campos Aguirre •
Angélica Capelari • Antonio Bento Alves de Moraes • Armando R. das Neves Neto * Bernard Rangó • Carlos
Américo Alves Pereira * Carmem Beatriz Neufeld * Célia Valsbich Início • Cilene Rejane Ramos Alvos •
Claudia Barbosa • Claudia Lúcia Menegatti • Cristina Dl Benedetto • Cynthia Borges de Moura • Danielle
Monegalha Rodrigues * Donise Cerquelra Loite Heller • Edwiges F. de Mattos Silvares • Elenice A. de Moraes
Ferrari • Fátima de Souza Conte • Gabriel Tarragô Santos • Gerson Yuklo Tomanari • Gina Nolêto Bueno •
Gustavo Sattoio Rollm • Heber O Vargas • Helena Bazanellí Preblanchi • Heleno Shfnohara • Henrique
Stum • lima A. Goulart de Souza Brltto • Isabela D Soares • Isabella Santos • Ivan Carlos PavAo • João
Vinícius Salgado • Jody Schafer • Juliane Lima • Jullane GequeHn • Leda Mara R. S. de Ferrante • Leonardo
F. Fontenelle * Leflcla Assumpçâo • Liana Lins Melo • Lilian Milnitsky Stein • Luc Vandenbergho • Malra
Canlaretll Baptistuasi • Makltlm Nunes Baptista * Marcos d« Toledo Benassí * Maria Amólla Penldo • Maria
Elisa de Siqueira Montolro • Maria Rita Zoéga Soares • Maria Stella Coutlnho de A. Gil * Maria Teresa
Araujo Silva • Mariane Louise Bonato • Marli/a Mestre • Marta Vieira Vilela • Mauro V Mendlowicz • Mônlca
de Caldas Rosa dos Anjos • Mônica Duchesne • Myrna Chagas Coelho • Nancy Julleta Inocento * Nlono
Torres • Noo) J. Dias da Costa • Patrícia Quillon Ribeiro • Paulo Rogério Morals • R. Moaona • Ralph StráU
• Renato M Caminha • Rita de Fátima Carvalho Barbosa de Souza • Rosângela T. Crlstanl Arruda • Rosemar
A. Prota da Silva • Rubens Reimâo • Salnt-Clair Bahls • Sandra Leal Calais • Sandra Lopes • Sandra
Obredecht Vargas Nunes • Sérgio Luis Biay • Sonla Beatriz Meyer • Thais Portan de Oliveira * Thalita Freire-
Maia • Tleml Matsuo * Vanessa Dl Rlenzo * Vanessa Galarraga • Vânia Lúcia Pestana Sant'Ana * Vera
Regina Llgnelli Otero • Yara Kuperstein Ingberman
ESETec
Editores Associados
2003
Copyright desta edição:
ESETec Editoren Associados, Santo André, 2003.
Todos os direitos reservados
495 p. 17 x 24cm
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
Seção II - O Tratamento
viii
Capítulo 24 - Arquitetura e psícobíofogía do sono nos transtornos de humor
Makilim Nunes Baptista (UNIARARAS/UBC), Nancy Julieta Inocente
(UNITAU-SP), Paulo Rogério Morais (UBC).................................... 215
Seçâo IV - Pesquisa
x
Capítulo 46 - Adesão ao tratamento psiquiátrico de pacientes portadores
de transtornos de ansiedade
Maria Elisa de Siqueira Monteiro (UNINOVE)...................................422
xi
Apresentação
Mais uma vez, a ABPMC tem a grata tarefa de compilar trabalhos que refletem os
avanços em pesquisa, clínica e reflexão do ano de 2002, em um retrato do que vem sendo
produzido pela comunidade na área da Terapia Comportamental e Cognitiva. O resultado
do esforço desta diretoria já está sendo amplamente reforçado pelos mais de 100 autores
que enviaram suas contribuições neste ano.
O material foi revisado e organizado em blocos, de forma a facilitar o manuseio
dos íeitores. No volume 11, iniciamos com a recuperação de importantes autores que
tiveram influência sobre o pensamento de analistas do comportamento. Em seguida, pas
samos a autores que tém influenciado o pensamento e a prática clínica de terapeutas
comportamentais no Brasil, refletindo suas preocupações com princípios teóricos e com a
apreciação de suas práticas. Temos, também, aí, trabalhos refletindo preocupação, de
monstrada por gnaífstas do comportamento, com a pesquisa voltada à clínica. Segue-se
com a questão da formação de novos terapeutas e aplicações da análise do comporta
mento a trabalhos em educação e na comunidade.
No volume 12, contamos com importantes contribuições teóricas para o trabalho
em clínica, seguidas de relatos de experiências com tratamento. Neste volume, o leitor vai
encontrar, ainda, um tópico sobre psicologia e saúde, e outro sobre relatos de pesquisa
básica e em clínica, que têm enriquecido nossos encontros anuais.
Estes volumes são o retrato deste momento da ABPMC, que é de muita produção
de nossos filiados e de sua disposição em compartilharem, em ambiente não punitivo, de
suas experiências na pesquisa e na clínica, em mais um passo para descrever a consoli
dação de suas ações em nosso meio, contribuindo para o estudo e o ensino da Terapia
Comportamental e Cognitiva no Brasil.
xiil
As publicações da ABPMC têm sido ansiosamente aguardadas pela comunidade
dos terapeutas e pela comunidade acadêmica ligada à área, pelo acesso que dâo ao
mundo da Terapia Com porta mental em um país como o nosso, onde temos tantas dificul
dades para difundir o que fazemos e o que pensamos. Esperamos, com estes dois volu
mes, estarmos mais uma vez atendendo a este anseio em uma cadeia que vem amplian
do a variação comportamental, o que permite a seleção de muitos comportamentos alta
mente desejáveis ao progresso da Terapia Comportamental e Cognitiva.
O sentimento ó de extrema satisfação pela oportunidade de fortalecer o compor
tamento de compartilhar ricas experiências!
Diretoria da ABPMC
Gestão 2002/2003
xiv
Seção I
Contribuições
teóricas para a
clínica
Capítulo 1
Psicoterapia baseada em
evidências e análise crítica da Literatura
Armando Ribeiro das Neves Neto'
’ Patoótogo Doutorando pata Eacola Paulata da Madtctna • UNIFE3P. Coordanador do SMor d* Patcotogla da Saúda do Irwtttuto Neuolôgtoo d« 8âo Paulo
- HoapHal Banaflctnda Portuguaaa AMBAN IPQ-HCFMU8P.
Desenhos de Pesquisa
2- Revisão Narrativa
Forma de revisão da literatura bastante comum em nosso meio, é realizada sem
critérios definidos para busca e escolha da relevância dos artigos encontrados. Muitos
estudantes iniciantes conduzem revisão da literatura, somente em suas bibliotecas lo
cais, ou somente utilizando os materiais fornecidos por professores e outros profissionais.
Exemplo de problemas na Revisão Narrativa é o aluno em 2003 dizer que não existem
artigos publicados sobre “Aids e depressão”, após avaliar o material de sua biblioteca, ou
literatura sugerida por professores.
4- Série de Casos
Mais complexo que o estudo de caso simples, o estudo Série de Casos, agrupa
os dados advindos de um número maior de sujeitos com os mesmos sintomas, ou que
receberam as mesmas intervenções clínicas. Ainda possui os mesmos problemas do
estudo anterior, sendo pouco generalizável. É um ótimo método para treinamento de estu
dantes na clínica-escola, mas não pode ser usado como base para sustentar as teorias
psicológicas.
5- Estudo Transversal
O estudo transversal (estudo de prevalência) é um estudo do tipo observacional
em que são definidos uma amostra representativa da população geral estudada, e defini
dos critérios de inclusão e exclusão destes indivíduos, com o objetivo de conhecer a
frequência de pessoas doentes em uma determinada população. Por exemplo, qual a
prevalência de sintomas depressivos em estudantes de um curso de Psicologia? De uma
população total de 500 alunos, define-se estatisticamente que 300 alunos são representa
tivos deste grupo, sendo que apenas 200 preencheram os critérios de inclusão no estudo.
Como resultado se observa que 30% dos alunos apresentaram sintomas depressivos
clinicamente relevantes no período do estudo. Através do Estudo Transversal pode-se
avaliar a Prevalência (número de casos doentes no grupo estudado) ou a Incidência (nú
mero de casos novos em um grupo que não possuía casos da doença). Um grande proble
ma presente neste tipo de estudo é quanto ao efeito “fotografia", ou seja, você apenas tem
uma imagem momentânea sobre as condições de saúde-doença de um grupo estudado,
que pode ser alterado facilmente por novas variáveis desconhecidas pelo pesquisador. O
tamanho do grupo também pode variar muito, é comum não se fazer o cálculo estatístico
do tamanho da amostra representativa, o que já pode levar a um viés de seleção. Se a
doença for muito comum, em geral, espera-se um grupo muito grande para se tornar
representativo (ex. depressão), diferente de doenças menos comuns (ex: transtorno factício).
7- Estudo de Coorte
Trata-se de um estudo mais complexo e caro do que o anterior, é considerado
prospectivo, pois busca as variáveis no desenrolar da pesquisa. São formados dois grupos:
casos (ex: sujeitos que fumam) e controles (ex: sujeitos não fumantes), ao longo dos anos
ambos os grupos são seguidos, e conforme forem adoecendo os indivíduos (ex: câncer de
pulmão e/ou cardiopatia) é possível se calcular o que se denomina Risco Relativo, ou seja,
o peso do tabagismo na saúde dos grupos. Suas principais criticas ocorrem em relação ao
seu alto custo (ex: necessidade de uma amostra muito grande, pois as perdas de sujeitos
ao longo do tempo são inevitáveis, necessidade de muitos pesquisadores etc.), complexi
dade metodológica e ao longo tempo de acompanhamento dos grupos.
8- Ensaio Clinico
Este ó “a menina dos olhos” dos desenhos de estudo. Sua utilidade principal é
aferir a eficácia de intervenções clínicas, sendo responsável pelo o que se denominou
chamar de PBE. Sua estrutura básica é a seguinte: de uma população geral, é formada
uma amostra representativa, que deverá ser randomizada (random) para as várias possibi
lidades de tratamento disponíveis, ou seja, serão formados: um grupo experimental e um
(ou mais) grupo controle. Oe forma aleatória, os sujeitos serâo alocados nestes grupos,
sendo que durante a pesquisa, nem os sujeitos participantes, e os pesquisadores mais
próximos destes, saberão sobre os procedimentos técnicos aplicados, ou sobre as carac
terísticas da psicopatologia estudada, o que é denominado mascaramento do tipo duplo-
cego (double blind). O rigor metodológico deste tipo de estudo, garante ao final avaliar o
impacto da intervenção no desfecho clínico dos sujeitos, sendo que um bom desfecho é
sempre determinado previamente ao início da pesquisa. A utilização de bons ensaios
9- Revisão Sistemática
Diferentemente da Revisão Narrativa, uma boa Revisão Sistemática cria um méto
do de pesquisa para o objeto de estudo, sendo necessário esgotar os diversos mecanis
mos de busca da literatura existentes (ex: bibliotecas especializadas, especialista no
tema, anais de congressos, trabalhos ainda não publicados, Psylnfo, Medline, Embase
etc.), bem como processar a informação encontrada, pontuando-se o valor dos artigos e
analisando seus critérios metodológicos. É um exaustivo trabalho que necessita de su
pervisão externa e, possivelmente, da colaboração de agências internacionais, como a
Colaboração Cochrane.
10-Metanálise
Após a realização de uma Revisão Sistemática, é possível e desejável realizar um
trabalho estatístico com os dados advindos dos artigos já selecionados, isto se
convencionou chamar de Metanálise (Figura 2). A partir de diversos estudos já selecionados,
as amostras populacionais são agrupadas e calcula-se o efeito de diferentes intervenções
num número grande de sujeitos, a partir da reunião das pesquisas, com excelente rigor
metodológico. Tanto a Revisão Sistemática, quanto a Metanálise usam dos ensaios clíni
cos existentes para formar o que se convencionou chamar de “Guidelines", ou seja, guias
para as práticas clínicas. Este é um recurso excelente para a PBE, pois oferece aos
profissionais, um conhecimento empírico atual, que já passou por diversos “funis" de seleção,
estando então apropriados para o emprego na prática diária.
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Figura 3. Ilustração sobre os limites dos diferentes métodos de estudos (Figura adaptada de
G. Renee Guzlas).
As fontes atuais de conhecimento estão cada vez mais próximas de seus consu
midores finais e cada vez mais velozes na possibilidade de atualização. Internet, sites
com mecanismos de busca, bibliotecas (reais e virtuais), CD-ROM, revistas (científicas ou
populares), reportagens, livros, manuais, treinamentos, vídeos, encontros, entre outros,
possibilitam que o acesso ao conhecimento seja cada vez mais incorporado na prática
clínica convencional. A experiência no ensino de Psicologia nos coloca mais próximos ao
fácil acesso que nossos alunos tem em relação à busca de informações científicas, e
também aos problemas advindos desta prática sem reflexão ou crítica.
Onde está o saber que perdemos na Informação? (T.S. Eliot).
É relevante adotarmos meios de filtrar melhor nossas fontes de informação, pois
toda a prática dependerá daquilo que incorporarmos ao nosso sistema de
conceitualização, possibilitando ou não, disponibilizar os dados mais fidedignos presen
tes na boa literatura atual.
Em uma pesquisa descrita por Callahan et al. (1994) apud Fletcher et al. (1996)
dos 1631 artigos encontrados num levantamento inicial de referências bibliográficas, ape
nas 130 referências eram relevantes para os seus objetivos, sendo as fontes desprezadas
por inúmeros motivos (ex: sem dados originais, língua não-inglesa, com menos de 10
pacientes, metodologia frágil etc.).
Para orientação geral da Análise Crítica da Literatura, observaremos algumas
questões que auxiliam neste processo, a seguir:
1. Qual ó o objetivo do estudo?
2. A metodologia empregada é correta para os objetivos determinados?
3. Quanto à amostra, foi adequada (ex. no. de sujeitos, critérios de inclusão e exclusão,
randomização, grupo controle, mascaramento, local do estudo etc.)?
4. Quanto aos instrumentos utilizados (ex. são validados, adaptados para cultura, deter
minados seus valores de sensibilidade e especificidade etc.)?
5. Quanto aos procedimentos (ex. foram descritos, são clássicos ou criados para o estu
do especificamente etc.)?
6. Quanto aos resultados (ex. a análise estatística foi correta, a descrição das variáveis
correspondeu aos objetivos determinados anteriormente etc.)?
7. A discussão foi coerente com o conhecimento atual e os resultados do estudo?
8. Foi realizada análise de follow-up (seguimento), drop-out (desistência), bias (viéses)?
9. Outras informações relevantes (ex: quem financiou o estudo, onde foi publicado o estudo
etc.).
A partir do exposto até aqui, convém refletir sobre se a PBE responde a atual
definição de psicoterapia formulada pelo Conselho Federal de Psicologia, sendo este:
Conclusão
A PBE é uma realidade atual e que vem rapidamente fazendo parte de sérias
discussões em reuniões cientificas, associações de classe, políticas de saúde e na pró
pria história das psicoterapias. É imprescindível que nos preparemos para compreender e
aplicar os processos metodológicos advindos da PBE.
Aos pesquisadores, este recurso serve para orientá-los na formulação mais refi
nada das questões científicas; aos clínicos orientá-los quanto aos métodos que segura
mente já demonstraram eficácia e segurança; aos estudantes uma formação solidamente
embasada no desenvolvimento do seu campo de conhecimento; e a população em geral
uma fonte segura que embasa e justifica a utilização da psicoterapia como um método
cientificamente comprovado.
Referências
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RIMLAND, Modern Therapies. New Jersey: Prentice Hall.
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Chambless, D. L., Sanderson, W. C., Shoham, V., Bennet Johnson, S., Pope, K. S., Crlts-Christoph,
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Fletcher, R. H., Fletcher, S. W., & Wagner, E. H. (1996), Epidemiologia Clinica: elementos essen
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Lotufo Neto, F., Savoia, M., & Scazufca, M. (2001). Terapias Cognitivas. Revista de Psiquiatria
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Sartorius, N., Girolamo, G., Andrews, G., German, A., & Eisenberg, L. (1993). Treatment of
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Tarrler, N. (2002). Commentary: Yes, cognitive behaviour therapy may well be all you need. BMJ,
321(2), 291-292.
Sites Recomendados:
• Centro Cochrane do Brasil
www.centrocochranedobrasil.org
• Biblioteca Regional de Medicina (Bireme)
www.bireme.br
• National Library of Medicine (Medline)
www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi
• Evidence-Based Mental Health
http://ebmh.bmjjournals.com
• Annual Review of Psychology
http://intl-psych.annualreviews.org
• Medscape
www.medscape.com
Sdint-Cláir Bahls1
' Póa graduação em Palqutatrta CUnica UFRS. Maatrado atn Patcotogla da Infância a AddMoénota UFPR Profaaaor do curao da Paloatogla na UFPR,
UTP a UNICENP.
1. Epidemiologia
34 Sdlnt-Cldlr Bahls
Quanto a epidemiologia dos transtornos depressivos em amostras comunitárias
de adolescentes em artigos de pesquisas destaca-se quanto aos resultados e a metodologia
empregada a presença de algumas discrepâncias, como o emprego diferentes tipos de
entrevistas estruturadas ou semi-estruturadas, com os resultados variando, para a
prevalência-ano em depressão maior de 3,3 a 12,4% e para a distimia de 2,0 a 6,4%
(Bahls,2002a).
2. Quadro Clínico
36 Salnt-Clalr Bdhli
xas somáticas, autodepreciação e desobediência (Bahls e Bahls,2002; Kovacs, Akiskal,
Gatsonis & Parrone,1994). Em um dos poucos estudos de pesquisa em jovens com distimia
“pura", Mais, Favilla, Mucci, Poli & Romano (2001) encontraram como sintomas mais
prevalentes o humor depressivo, a irritabilidade, a falta de energia e/ou fadiga, a culpa e a
baixa auto-estima. Aproximadamente dois terços dos adolescentes distlmicos acabam
desenvolvendo na evolução do quadro clínico um ou mais episódios de depressão maior
caracterizando a chamada “dupla depressão" (Masi e cols, 2001).
Algumas pesquisas com famílias de jovens deprimidos encontraram altas taxas
de depressão nos pais, assim como, freqüentemente, estavam envolvidos em sérios pro
blemas sociais (Versiani e cols,2000). Existe a recomendação de, uma vez realizado o
diagnóstico de depressão em crianças e adolescentes, o profissional deve procurar inves
tigar a presença de depressão nos pais. Outra observação importante é que, muitas ve
zes, os professores e/ou amigos são os primeiros a perceber a manifestação sintomatológica
de depressão em crianças e adolescentes (Bahls,2002b). Os profissionais envolvidos no
atendimento de jovens com depressão podem se valer destas informações para aperfeiço
ar o tratamento tanto de maneita mais precoce como mais abrangente.
Conhece-se alguns fatores de risco para depressão em crianças e adolescentes.
O mais importante ó a presença de depressão em um dos pais, pois sabe-se que a
existência de história familiar para depressão aumenta o risco em pelo menos três vezes.
Outros fatores importantes de risco são os estressores ambientais como abuso físico e
sexual e a perda de um dos pais, irmão ou amigo íntimo (Brage.1995; Brent,1993;
Lewinsohn, Rohde, Seeley, Klein & Gotlib.2000; Shaffi & Shaffi,1992). Outros autores
destacam, também, como fatores de risco a presença de conflito familiar, falta de suporte
familiar, sexo feminino, imagem corporal ruim, presença de comorbidades, especialmente
doenças crônicas e baixa condição socioeconômica. Ainda questões como: dúvida quan
to a orientação sexual, desempenho escolar baixo, identificação com grupos minoritários
e poucas habilidades sociais (I, Curatolo & Friedrich,2000; Son & Kirchner,2000; Ward e
cols,2000).
Quanto à questão familiar nos quadros depressivos em crianças e adolescentes,
destacaremos alguns resultados de pesquisas. Garrison, Jackson, Marsteller, McKeown
& Addy (1990), em estudo longitudinal, encontraram que o ambiente familiar ó um preditor
de sintomas depressivos mais importante do que os eventos estressores de vida, no
início da adolescência. Recentemente Biederman, Faraone, Hirshfeld-Becker, Friedman,
Robin & Rosenbaum (2001) investigando a associação entre depressão maior em pais e
a relação com psicopatologia nos filhos confirmaram uma relação significativa de risco
aumentado de depressão maior, fobia social, transtorno do comportamento disruptivo e
pobre funcionamento social nos fiíhos de pais com depressão maior versus grupo con
trole. Ferro, Verdeni, Pierre & Weissman (2000), analisando depressão em mães que
levaram os filhos para avaliação ou tratamento de depressão, encontraram que um nú
mero substancial delas encontravam-se deprimidas e sem tratamento. Nunes, Darío &
Paulucci (1992), em pesquisa realizada na cidade de Londrina-Pr, avaliaram a presença
de transtornos psiquiátricos em pais de indivíduos entre sete e dezoito anos de idade e
encontraram uma predominância de transtornos de humor, especialmente depressão
maior e distimia, confirmando a importância do fator familiar na vulnerabilidade das de
pressões na infância e na adolescência.
38 Sdint-CIdir BahU
suicídio através de intoxicação irão se suicidar nos próximos anos (Hurry,2000; Reyes-
Ticas.1995; Ward e cols,2000). Pelo menos 50% dos adolescentes que cometem suicídio
fizeram ameaças ou tentativas no passado, e o risco de repetir uma tentativa é maior nos
trôs primeiros meses após uma tentativa de suicídio (Brent.1993).
O risco de comportamento suicida em adolescentes deprimidos ó trôs vezes
maior na presença de patologias comórbidas. Ward e cols. (2000) destacam que em torno
de 30% dos suicídios na adolescência ocorrem entre jovens identificados como homo ou
bissexuais. O sentimento de desesperança também está fortemente associado ao
comportamento suicida e prediz futuras tentativas (Bahls & Bahls,2002; Besseghiní,1997;
Feijó e cols,1997; Ivarsson & Gilberg.1997; Lamb & Pusker.1991; Pfeffer.1992, Reyes-
Ticas, 1995; Scivoletto e cols, 1994).
Finalmente, ó importante conhecer alguns fatores considerados como importan
tes favorecedores do comportamento suicida em crianças e adolescentes. Perdas, crises
interpessoais com família, amigos e namorado(a), estressores psicossociais, abuso físi
co e sexual, problemas legais ou disciplinares e a exposição ao suicídio de amigos,
familiares ou através da mídia são os fatores conhecidos como precipitantes do suicido
neste período da vida. (Bahls & Bahls;2002; Besseghini,1997; Brent,1993; Hurry.2000;
Feijó, Raupp & John, 1999; Pataki & Carlson,1995; Pfeffer.1992; Scivoletto e cols., 1994).
4. Curso
A depressão maior quando ocorre na infância costuma surgir em torno dos nove
anos de idade e na adolescência não apresenta um período específico de aparecimento,
situando-se entre os treze aos dezenove anos de idade. O tempo de duração do primeiro
episódio depressivo é semelhante ao dos adultos, situando-se entre cinco a nove meses
(Bahls, 2002b; Ward e cols., 2000).
Ocorre a recuperação clinica na maioria dos casos de depressão maior infanto-
juvenil. Kovacs, Feinberg, Crouse-Novak, Paulauskas & Finkelstein (1984) encontraram uma
melhora importante no prazo de um ano em 74% dos casos e 92% se recuperaram em um
período de dois anos. Calcula-se que entre 6 a 10% dos casos evoluem para cronificação
(Gill e cols.2000). Entretanto, em relação à recuperação do quadro clinico, os autores afir
mam que na maioria das situações costuma ocorrer apenas uma recuperação parcial, per
manecendo algUTn grau de prejuízo psicossocial. Representado principalmente pela manu
tenção de dificuldades interpessoais crônicas e problemas de conduta. Quanto mais preco
ce for o aparecimento da patologia, maior tenderá a ser o prejuízo, o que foi confirmado na
pesquisa de Rohde e cols. (1994) com adolescentes comunitários onde observaram que o
aparecimento precoce da depressão maior é uma forma mais perniciosa da doença e causa
um impacto mais severo do que em adultos. Os dados disponíveis até o momento sugerem
um curso provavelmente mais refratário ao tratamento do que quando do início na idade
adulta (Martin & Cohen, 2000). Isto acrescenta mais preocupação do ponto de vista clínico,
uma vez que a presença de sintomas residuais no curso da depressão deve ser considerada
como a doença permanecendo na sua forma ativa (Bahls, 2002c).
Crianças e adolescentes com depressão possuem um grande risco de recorrência
que se estende até a idade adulta, representando uma alta vulnerabilidade para transtor
nos depressivos no futuro (Bahls, 2002b). Este risco é mais freqüente alguns meses após
5. Comorbldade
40 Saint-Clair Bahl*
cols,1996; Goodyer e Cooper, 1993; Harrington,1995). Em estudos com adolescentes de
primidos, foram encontradas taxas médias de comorbidade entre 40 e 50% para pelo menos
um outro diagnóstico psiquiátrico, podendo chegar até 80% (Kazdin & Marciano, 1998).
Adolescentes deprimidos também apresentam abuso de álcool e drogas em aproximada
mente um quinto dos casos, sendo que o inicio da depressão maior costuma ocorrer
quatro a cinco anos antes do início do uso de substâncias (Gill e cols,2000; Martin &
Cohen,2000; Scívoletto e coís,1994). (
Em relação a comorbidade com transtornos de personalidade, Marton, Korenblum,
Kutcher, Stein, Kennedy & Parkes (1989) relataram índices de 60% em adolescentes com
depressão maior, com o sub-tipo borderline representando 30% do total dos casos. Toda
via, deve-se considerar que com o resultado satisfatório do tratamento da depressão po
dem também desaparecer os sintomas do transtorno de personalidade (Marton e cols, 1987),
deixando dúvidas quanto a real coexistência de um transtorno de personalidade ou se sua
manifestação era somente resultado do próprio quadro depressivo. Já Cohen (1996) suge
re a possibilidade da depressão na adolescência preceder e favorecer o início de transtor
nos de personalidade. Faltam evidôncias que permitam uma melhor compreensão destes
aspectos patológicos neste período da vida.
No levantamento norteamericano, National Comorbidity Survey, entre participan
tes com quinze a vinte e quatro anos de idade, foi encontrado que 76,7% daqueles com
depressão maior e 69,3% daqueles com distimia apresentavam, pelo menos, um outro
transtorno psiquiátrico ao longo da vida, sendo concluído que a comorbidade para depres
são, nesta faixa etária, é mais a regra do que a exceção (Kessler & Walters,1998).
Várias pesquisas comunitárias em adolescentes confirmaram a presença de al
tos índices de patologias psiquiátricas associadas. Na Nova Zelândia, Anderson, Willians,
McGee & Silva (1987) investigando transtornos psiquiátricos em jovens de onze anos de
idade, na população geral, encontraram que a categoria diagnóstica com o menor número
de casos sem comorbidade foram os transtornos depressivos. Nos EUA, foi encontrado
entre os adolescentes com depressão maior os seguintes índices de comorbidade: 100%
para distimia; 75% para transtornos de ansiedade; 50% para transtorno desafiante opositivo;
35% para transtorno de conduta e 25% para abuso de substâncias (Kashani e cols, 1987).
Roberts e cols. (1995) também nos EUA, encontraram entre os portadores de depressão
maior a taxa de£6% de história de outro transtorno mental. Recentemente, Lewinsohn e
cols. (2000) como parte do Oregon Adolescent Depression Projectem adolescentes que
receberam o diagnóstico de depressão maior antes dos dezenove anos e foram acompa
nhados até a idade de vinte e três anos, encontraram que 24% tiveram recorrências,
associadas o aparecimento de outras patologias comórbidas e 23% não apresentaram
recorrências mas apresentaram o aparecimento de outras patologias não afetivas. Obser
varam ainda que naqueles pacientes em que houve o surgimento de outras patologias, a
mais comum foi o uso de substâncias representando 77% dos casos.
Acredita-se que tende a aumentar a probabilidade de transtornos comórbidos nos
quadros de depressão maior na infância e na adolescência na medida da gravidade do
quadro depressivo, assim como, a sua presença costuma indicar uma evolução mais
grave e um prognóstico mais pobre (Bahls, 1999; Pataki & Carlson,1995; Shaffi &
Shaffi.1992).
6.1 Pslcoterapias
42 Sdlnf-CJdJr BdbJi
Reynolds & Coats, 1986; Stark, Reynolds & Kaslow,1987), e em um deles só houve res
posta positiva nos participantes do sexo masculino (Reed, 1994). Em dez estudos na fase
aguda que usaram controle ativo, sete obtiveram resultados semelhantes às outras for
mas de tratamento (Clarke e cols,1999; Kahn e cols.,1990; Lewinsohn e cols.,1990;
Reed,1994; Reynolds & Coats, 1986; Starke cols.,1987; Stark, Rouse & Livingston,1991),
em um a terapia de apoio foi superior à TCC, mas esta superioridade desapareceu no
seguimento de nove meses (Fine, 1991); em outro, a TCC foi superior a terapia de apoio e
a terapia familiar comportamental sistêmica, porém no seguimento de dois anos esta
diferença se desfez (Brent, Holder, Kolko, Birmaher, Baugher, Roth, Iyengar &
Johnson, 1997); e, em outro ainda, a TCC foi superior ao relaxamento, mas também desa
pareceu a diferença com seis meses de observação (Wood, Harrington & Moore,1996).
Nos seis estudos de acompanhamento do resultado da fase aguda do tratamento,
no período de seis meses a dois anos, comparados com outras terapias os resultados
não encontraram diferenças significativas (Birmaher, Brent, Kolko, Baugher, Bridge, Holden,
Iyengar & Ulloa,2000; Clarke e cols.,1999; Fine,1991; Lewinsohn e cols.,1990; Stark e
cols, 1991; Wood e cols.,1996).
Em um estudo clínico controlado, foi observada uma taxa de 43% de recaídas
com a TCC (Wood e cols, 1996) e, em outro, a TCC não se mostrou mais eficaz que
somente o acompanhamento clínico regular (Clarke, Hornbrook, Lynch, Polen, Gale,
O’Connor, Seeley & Debar,2002). Finalmente, em um estudo mostrou-se eficaz em preve
nir o aparecimento da patologia em jovens de alto risco para a mesma (Clarke, Hornbrook,
Lynch, Polen, Gale, Beardslee, O’Connor & Seeley,2001).
Resumindo, os estudos controlados com TCC indicaram que os resultados são
positivos (superiores aos grupos controles), especialmente na fase aguda do tratamento,
e semelhante as outras modalidades terapêuticas comparadas. Devido ao alto grau de
distorções cognitivas em adolescentes deprimidos não é surpresa o bom resultado da
abordagem cognitivo-comportamental nesta faixa etária. Um estudo obteve alta taxa de
recaída após a interrupção do tratamento (Wood e cols,1996), alertando para a provável
necessidade de tratamento de manutenção, apesar de outro estudo não confirmar a supe
rioridade de sessões de reforço (Clarke e cols, 1999).
A TCC no tratamento de crianças e adolescentes deprimidos já reune um corpo
de evidências que permite a sua indicação na fase aguda da patologia. Representa o único
grupo de abordagens psicoterápicas que já tem, pela quantidade de estudos controlados
publicados, artigos de revisão sistemática e metanálise (Curry.2001; Harrington, Whittaker,
Shoebridge & Campbell, 1998; Lewinsohn & Clarke, 1999; Reinecke, Ryan & Dubois, 1998).
Todavia, mais pesquisas são necessárias para melhor definir a efetividade na fase de
continuação e manutenção da depressão, assim como, estudos comparativos melhor
desenhados metodologicamente que possibilitem resultados mais específicos sobre as
diferentes abordagens psicoterápicas nesta população, tanto em estudos de acompanha
mento a curto como de longo prazo.
44 Sdint-Cldir Bdhls
Esta modalidade psicoterapôutica pode assumir a forma de atendimento breve
quando do tratamento da depressão infanto-juvenil. Compartilhando as seguintes caracte
rísticas: foco centrado em problemas de perdas e separações, seleção de pacientes mo
tivados e ônfase na elaboração da raiva e pesar pela finalização sempre iminente da tera
pia. Deve manter a atenção clínica no conflito dinâmico primário e promover o desenvolvi
mento do ego através da interpretação (Austin & lnderbitzin.1983; Bahls & Bahls, no prelo;
Schestatsky & Fleck.1999). É útil na compreenção de sentimentos e impulsos, no au
mento da auto-estima, em mudar padrões mal-adaptativos de comportamento e em lidar
com conflitos passados e atuais (Birmaber e coJs,1998; Gabbard,2001; Scivoletto e
cols,1994). Até o momento, desconhecemos a existência de estudos clínicos controla
dos com as TOP em depressão de crianças e adolescentes.
6. 2 Tratamento Farmacológico
O uso de antidepressivos em crianças e adolescentes tem sido reservado para as
seguintes indicações: a) depressão com sintomatologia de intensidade moderada a grave;
b) depressão acompanhada de importante sofrimento e/ou limitação; c) depressão com
sintomas psicóticos e/ou alto risco de suicídio; d) pacientes muito jovens; 6) pacientes
refratários a psicoterapia; f) casos com importante comorbidade e g) casos de depressões
crónicas, atípicas e recorrentes. Nâo estão indicados para depressão bipolar e cicladores
rápidos (Bahls, no prelo, b).
Em relação aos antidepressivos mais antigos e mais extensamente estudados,
sabe-se que os tricíclicos (ADT) não são os medicamentos de primeira escolha no trata
mento da depressão infanto-juvenil devido a falta de eficácia e pelo alto potencial de efeitos
adversos, especificamente no risco de vida em overdose. Devem ficar reservados para
situações especiais, tais como: potencializaçâo e comorbidade com transtorno de déficit
de atenção e hiperatividade (TDAH).
Quanto aos medicamentos mais modernos, os antidepressivos inibidores seletivos
de serotonina (ISRS), conforme verificado em recente revisão (Bahls, no prelo, b) em
dezesseis estudos abertos, a maioria realizado com fluoxetina, as taxas de resposta
variaram entre 48 a 88% e em quatro ensaios clínicos controlados e randomizados (Emslie,
Heiligenstein, Wagner, Hoog, Ernest, Brown, Nillson & Jacobson,2002; Emslie, Rush,
Weinberg, Kowatch, Hughes, Carmody & Rintelmann.1997; Keller, Ryan, Strober, Klein,
Kutcher, Birmaher, Hagino, Koplewicz, Carlson, Clarke, Emslie, feinberg, Geller, Kusumakar,
Papatheodoron, Sack, Sweeney, Dineen, Weller, Winters, Oaks & McCafTerty.2001; Simeon,
Dinicola, Ferguson & Copping, 1990), três dos quais com fluoxetina, em um não ocorreu
diferença em relação ao placebo e nos outros três houve diferença estatisticamente supe
rior em relação ao placebo. Têm bom perfil de tolerabilidade, com exceção de amplo
potencial de interações medicamentosas pela inibição enzimática hepática. Existem,
portanto, evidências que favorecem e indicam o uso dos ISRS como medicação de primei
ra escolha no tratamento das depressão na infância e adolescência, mas, ainda faltam
informações científicas que venham a possibilitar uma melhor definição da abordagem
psicofarmacológica da depressão nesta faixa etária.
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54 Angélica Capfldii
Paralelamente a essa explicação da depressão, ao longo dos anos foram criados
18 modelos experimentais para a sua investigação. Juntamente com esses modelos,
encontramos várias definições sobre o fenômeno da depressão. Mesmo entre os pacien
tes, observamos uma grande heterogeneidade de manifestações e de histórias de vida
que receberam tal diagnóstico. Podemos nos questionar se deveríamos adotar algum
desses modelos em especial ao Investigarmos aspectos em separado de cada um deles;
devemos sempre lembrar que eles investigam variáveis isoladas, e sendo o comportamen
to humano multideterminado qualquer um deles isoladamente não conseguirá explicar a
ocorrência da depressão. Porém, não temos como investigar as variáveis conjuntamente.
Assim, devemos, constantemente, realizar a investigação isolada e a inserção dessa
variável com outras.
Dito isso, iremos enfocar neste texto sobre o fenômeno da depressão, um dos
modelos experimentais, o desamparo aprendido. Este modelo se propõe a explicar a
ocorrência da depressão. Apontaremos questões que envolvem esse modelo e que ainda
precisam ser mais cuidadosamente e sistematicamente investigadas. Esse modelo é
apenas um dentre todos os outros e, portanto, investiga apenas uma variável que pode
estar envolvida na ocorrência da depressão.
Segundo o modelo do desamparo aprendido, os efeitos comportamentais obser
vados após a experiência prévia com eventos incontroláveis seriam similares à depressão
em termos de sintomatologia. Esses efeitos comportamentais são descritos na literatura
como: dificuldade em iniciar respostas operantes (chamando déficit motivacional); uma
dificuldade em associar que a resposta emitida produziu conseqüências (déficit associativo)
e diversas alterações fisiológicas (déficit emocional). Ressalta-se que os dois primeiros
déficits (motivacional e associativo) têm sido sistematicamente investigados, porém o
mesmo não pode ser dito sobre o último (emocional). Assim, após a exposição prévia a
eventos incontroláveis os sujeito apresentariam uma dificuldade em aprender novas res
postas operantes. (Seligman e Maier, 1967; Maier, Seligman e Solomon, 1969, Maier, e
Seligman, 1976, Peterson, C. Maier, e Seligman, 1993;)
O ponto chave desse modelo é a história de reforçamento à qual um organismo foi
submetido, ou seja, se os reforços que recebeu foram obtidos em função das respostas
que emitiu ou se estímulos foram obtidos independentemente da emissão de uma respos
ta específica por parte do organismo. Estímulos obtidos de forma independente das res
postas emitidas têm sido chamados de eventos incontroláveis e diz-se que o sujeito é
submetido a umà situação de incontrolabilidade.
Tradicionalmente, para isolar a variável incontrolabilidade (aspecto chave na ocorrên
cia dos efeitos do desamparo), tem-se utilizado o chamado delineamento por tríade na fase de
tratamento da situação experimental. Nesse delineamento, um grupo de sujeitos (Controlá
vel), através da emissão de uma resposta operante, exerce controle sobre estímulo, seja
eliminando um estímulo aversivo em vigor, seja produzindo um estímulo apetitivo. Um segundo
grupo de sujeitos (Incontrolável) não exerce qualquer controle sobre o meio, independente
mente de todas as respostas que possa emitir, não irá nem eliminar eventos aversivos e nem
produzir eventos apetitivos. Geralmente esses dois grupos são acoplados, ou seja, quando
um sujeito do grupo controlável exerce controle sobre o meio, esse controle refletirá no meio
do sujeito do grupo Incontrolável. Por exemplo, quando um sujeito do controlável desliga um
choque em vigor, o choque que o sujeito do grupo Incontrolável estava recebendo também será
Bloco de 5 tentativas
56 Angélica Cdpcldri
Capelari (2002) realizou um experimento no qual essa questão controversa (sobre
a generalizada do desamparo com eventos apetitivos) foi investigada. Os sujeitos do grupo
contingente receberam um tratamento no qual deveriam desligar choques através da emis
são da resposta de focinhar. Acoplados a eles, encontravam-se os sujeitos do grupo
incontrolável, os quais podiam emitir diversas respostas, mas nenhuma era efetiva no
desligamento dos choques. Os sujeitos do grupo ingênuo permeceram no biotério. Vinte e
quatro horas após a realização desse tratamento todos os sujeitos foram submetidos a
dez sessões da resposta de pressão à barra, que deveria ser apresentada de forma
discriminativa (pressionar a barra na qual a luz em cima dela estivesse acessa), em fun
ção de um esquema de reforçamento múltimplo-concorrente. Na primeira sessão de tes
tes, os sujeitos dos dois grupos que receberam tratamento com choques (controlável e
incontrolável) não emitiram a reposta de pressão à barra, enquanto que todos os sujeitos
do grupo ingênuo emitiram a resposta. Esse resultado não indica a ocorrência de desam
paro aprendido pois, segundo a literatura, apenas os sujeitos do grupo incontrolável não
emitiriam a nova resposta operante. Ao longo das 10 sessões de teste todos os sujeitos
passaram a emitir a resposta de pressão à barra, inclusive com um aumento na freqüência
de respostas e no índice discriminativo, principalmente por parte dos sujeitos do grupo
Incontrolável.
Para ilustrar os dados experimentais de Capelari (2002), a Figura 2 apresenta o
Indice discriminativo obtido pelos sujeitos dos três grupos do experimento de Capelari
(2002). A partir da Figura, podemos perceber como não há caracterização do desamparo
aprendido em função do aumento do (ndice obtido pelos sujeitos do grupo NC.
l,(X) -•
o.w -
0.80 '.
0,70 -
OjftO -
l 0.50 -
Q 0.40 -
0,10 -
0,20 -
0,10 -
0,00 - ■
NC
grupou □ » C litfl I
■ iC D llo 10
Figura 2. índice discriminativo médio obtido pelo sujeitos do grupo Contingente (C), Não
Contingente e Ingênuo (I) na primeira e na décima sessão de teste de aprendizagem da
nova resposta operante - pressão à barra - de forma discriminativa.
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Segundo Staats (1996), a depressão consiste num circulo vicioso, cujo estado
emocional negativo ó um continuum. O ambiente do indivíduo até o presente (S1) resulta
na aprendizagem dos repertórios básicos de comportamento (RBC) e nas condições atuais
(S2) o indivíduo experimenta um estado emocional negativo de disforia (EE). Conseqüen
temente, o estado emocional afeta negativamente o comportamento (C) do indivíduo. As
sim, este comportamento afeta negativamente o meio ambiente social do indivíduo (S3).
Este, num contínuo desenvolvimento, impõe ao indivíduo com depressão o aprofundamento
de seu estado emocional negativo. Como indica Staats (1996), situar dessa maneira o
transtorno depressivo aponta para diversas implicações.
O estado emocional negativo induzirá outros comportamentos negativistas, seja
do tipo lingüístico-cognitivo, isto ó, do falar, do pensar, como também a nível sensório-
motor, ou seja, do sentir e do agir. Na categoria lingüistico-cognitiva estão as falas de que
"nada vai dar certo", “não adianta tentar", "tudo ó inútil" ou pensamentos recorrentes sobre
morte ou ideação suicida. Ao que se tem descrito como sentimento de desvalorização e
culpa, pode ser acrescentado os de "incapacidade", “de fazer mal as coisas”, entre outros.
Tais fatos são decorrentes dos pensamentos ou auto-instruções a respeito de tais even
tos. Do mesmo modo, observa-se a preocupação, a autoculpabilidade, a autocompaixão e
a avaliação negativa do futuro. Tais comportamentos verbais exercem impacto negativo
também em outras pessoas.
Outras implicações do Transtorno Depressivo na presente terminologia se refe
rem às características do próprio estado emocional. De fato, os indivíduos com depressão
Sabe-se que nem todos os indivíduos que experimentam uma grande perda na
vida se deprimem. De acordo com a filosofia do Behaviorismo Psicológico, tais diferenças
individuais se devem á variação nos repertórios básicos de comportamentos.
Um indivíduo pode aprender um repertório emocional-motivacional variado com
respostas positivas a uma variedade de eventos tais como, estímulos recreativos, sexu
ais, sociais, intelectuais, políticos e materiais de várias classes. Outro indivíduo pode ter
aprendido um repertório mais restrito e escasso. Também pode haver diferenças individu
ais na aprendizagem do repertório emocional-motivacional negativo. Um indivíduo pode
aprender respostas emocionais negativas de medo, ansiedade, ódio ou desgosto a uma
variedade de circunstâncias.
O mesmo ocorre com o repertório sensório-motor. Algumas pessoas aprenderam
uma variedade de habilidades sensório-motoras, em áreas tais como jogar futebol, dirigir
carros, tocar um instrumento, pintar, fazer amor etc. Outros indivíduos aprenderam uma
classe menor de tais habilidades. Algumas dessas habilidades podem afetar a fisiologia
do indivíduo de várias maneiras que podem ser relevantes para a depressão. Por exemplo,
Vulnerabilidade à depressão
Staats (1996) oferece vários exemplos interativos que ilustram a questão acima.
Em relação à vulnerabilidade à depressão não há dúvidas sobre a influência das diferenças
nos repertórios comportamentais. A maneira pela qual o indivíduo responde ao ambiente o
torna mais vulnerável que outros. Nem todas as pessoas que perderam um trabalho, al
guém querido ou a própria saúde se deprimem. Algumas pessoas, devido à natureza dos
seus repertórios básicos de comportamento, são mais vulneráveis à depressão.
Na presente perspectiva, o repertório emocional-motivacional pode determinara
vulnerabilidade de uma pessoa à depressão. Por exemplo, no caso de duas mães que
perderam seu único filho, a mãe que é feliz no casamento, que tem vida sexual satisfatória,
carreira realizadora, família com quem ela convive harmoniosamente, bons amigos,
atividades recreativas e culturais resistirá a essa perda muito melhor que uma mãe com
um casamento vazio, sem vida sexual, sem carreira, familiares com quem não se dá bem,
sem amigos e atividades recreativas e culturais. Cada uma dessas classes é uma fonte
potencial de múltiplos estímulos emocionais positivos ou negativos.
O equilíbrio dos estímulos emocionais negativos e positivos influenciará a res
posta do indivíduo. Quando no ambiente do indivíduo existem poucas fontes de estí
mulos positivos oü quando o indivíduo não aprendeu uma resposta emocional positiva
a tais estímulos, não há o que pór na balança para equilibrar o peso dos estímulos
emocionais negativos quando eles aparecem na vida. Daí o indivíduo se tornar vulnerá
vel à depressão.
O mesmo ocorre com o repertório sensório-motor, já que as habilidades sensori-
ais motoras são um meio usual para adquirir experiências emocionais positivas. O indiví
duo que tem habilidades sensoriais motoras variadas sofrerá menos do que alguém que
tem um repertório limitado. Por exemplo, se um bom jogador de futebol, é também um
músico competente, talvez não sinta tanto a perda de ter que parar de jogar se sofrer uma
lesão no tendão de Aquiles, quanto alguém que tenha desenvolvido apenas a habilidade
de jogar. De novo, a riqueza do desenvolvimento do repertório básico de comportamento
sensório-motor afetará a vulnerabilidade à depressão.
Alguns pesquisadores sugerem que a depressão é herdada e que sua causa pode
ser encontrada em disfunções neuroendócrinas. É sugerido que a depressão resulta de
uma deficiência de norepinefrina no cérebro e a mania é causada pelo excesso dessa
substância que facilita a transmissão dos impulsos nervosos. Estudos visando respaldar
tais hipóteses demonstraram que na urina de pessoas deprimidas há excesso de
norepinefrina e o tratamento de pessoas maníacas com carbonato de lltio reduz tanto a
mania quanto o nível dessa substância no cérebro.
Staats (1996 p.286) aconselha prudência ao interpretar tais estudos: "Aumentos
de norepinefrina podem ser o resultado da depressão em vez de sua causá'.
As drogas atenuam o estado emocional negativo da depressão e, havendo mu
dança nesse estado, haverá modificações no comportamento. Sabe-se que o álcool e
drogas podem inibir ou exaltar o estado emocional. Daí evidencia-se que substâncias
químicas podem efetivamente, afetar os mecanismos emocionais no cérebro. Por outro
lado, estudos demonstram que níveis reduzidos de catecolaminas em pessoas deprimi
das possibilitaram o retorno à normalidade após intervenção com antidepressivos. Tal fato,
de acordo com Staats (1996), não mostra que a depressão iniciou quando os cérebros
dos sujeitos começaram a ficar deficiente em catecolaminas. A deficiência poderia ter
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Sistemas Doenças
Doenças Doença Morte Hipertensão Doença
Cardiovasculares Arterial Súbita Arterial de Raynaud
Coronariana
Doenças Acidente Esclerose Doença Epilepsia
Neurológicas Vascular Múltipla de
Cerebral Parkinson
Quadro 2. Principais sintomas e/ou sinais descritos na literatura científica como associa
dos às disfunções psicofisiológicas (Transtornos Somatoformes).
Reações físicas sâo comuns ao longo da vida (ex. náusea, prisão de ventre, dor,
irritação, fraqueza etc.); alguns indivíduos focalizam sua atenção durante a ocorrência
deste funcionamento orgânico (através dos sistemas interoceptivo, proprioceptivo e
exteroceptivo), podendo assim maximizar a estimulação fisiológica do órgão ou do seu
funcionamento. Discute-se ainda se alguns indivíduos poderiam apresentar uma percep
ção visceral anormal, a qual seria responsável pela maximização das sensações corpo
rais experienciadas. Por exemplo, pacientes com dor abdominal (no caso da Síndrome do
Cólon Irritável) podem massagear vigorosamente o abdômen com o objetivo de aliviar a
dor, o que produzirá edema (inchaço), hiperemia (vermelhidão) e desconforto, podendo
exacerbar as sensações corporais e aumentar o foco de atenção do sujeito aos sintomas
e sinais desta região corporal.
C- Condicionamento Operante
D - Condicionamento Clássico
D - Pslcopatologia
E - Outros Fatores
Conclusão
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' Doutora em Piicologla pwk Ponttfldn Unlvoraldade Católica d* Campina» Docontn do Dopurtamonto de Patootogla da UnlverokJade Eatadual PauKata
UNFSP, campu» Baum A autora agradoce à Funduneep pok> apoio financeiro para participar do XI Encontro Bracllelro da P»lcoterepla a Modlcln*
Comportamental em Londrina, 2002
Doutor em CMndaa pela Urvlvervldadn Federal de SAo Paulo • Escola PauNata de Medicina UNIFESP Docente da» UnlvermMado» Braz Cubaz a Centro
^Jnlver»tUkrio Hermlnk) Ometto de Arara»
Doutoranda pola Unlcamp e docento da UNI TAU-8P,
4Me»tre pelo Depto de Peloatilnlogla da Unlver»ldade Federal de Sâo Paulo • Feoola PauNota de Medldna UNIFESP Docente da UrWvmldad« Bra/Cuba»
(Mofll Mlrlm-aP).
8 8 Sandra Lral Caiais, M a kjlim N unrx Baptista, Nancy Julirta Inocrntr c Paulo Rogério Morais
Jukic, Sumic, Brecic e Muzinuc-Masle (1999) estudaram a freqüência e intensida
de dos distúrbios de sono e apresentação de pesadelos em 150 prisioneiros de guerra,
150 combatentes veteranos e 150 mulheres refugiadas da guerra da Croácia. Todos havi
am sido diagnosticados com TSPT e não eram grupos homogêneos quanto a sexo, profis
são e estado civil. No entanto, não houve diferenças nos grupos quanto aos distúrbios do
sono mas sim quanto à apresentação e severidade dos pesadelos: os prisioneiros de
guerra que haviam combatido apresentaram a maior freqüência de pesadelos.
Os profissionais de saúde de emergência, dentre eles os bombeiros, podem ser
considerados vitimas secundárias do estado de stress pós-traumático, visto que suas
atividades estão diretamente ligadas a situações altamente estressoras, onde sua atuação
é requerida para diminuir o sofrimento das vitimas ou dar-lhes a chance de sobreviver. Con
tudo, nem sempre conseguem obter um resultado positivo, o que os coloca na condição de
impotência diante da fatalidade, tornando-os possíveis vítimas secundárias do transtorno.
Uma pesquisa sobre stress pós-traumático em bombeiros (Calais, 2002) levanta
uma queixa bastante freqüente da condição do sono dentro do quartel. O dormir mal pode
ser um sintoma do stress pós-traumático. No entanto, o turno de trabalho de 24h/48h
impossibilita uma rotina de sono, o que é condição para que este seja reparador. Brandão
(2001) refere que trabalhos com mudanças de turno promovem perturbações nos ritmos
biológicos, especialmente o ciclo sono-vigília. Além disso, o disparo do alarme durante a
noite, para todos os que estão dentro do quartel, embora somente uma equipe seja solici
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Propostas de intervenção
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92 Luc Viindcnbfrfjhf
segunda não foi elaborado um conceito da personalidade borderline, mas propõe-se um
entendimento da psicopatologia e do crescimento pessoal que é relevante para clientes
com este tipo de problemática, porque possibilita superar os impasses típicos da terapia
com o paciente borderline.
As trôs abordagens são fundamentadas na análise funcional e ilustram o potenci
al clínico do pensamento behaviorísta radical.
3. Relevância terapêutica
94 l.uc Vandfnbfruhe
comportamental construcional é um outro exemplo de uma linha de pensamento clínico
que pode contribuir para o tratamento do paciente borderline.
Nesta linha de atuação, as emoções intensas e imprevisíveis do paciente não são
desqualificadas, mas o cliente aprende durante as análises funcionais a relaciona-los com
suas ações e com as contingências das quais emergem. Os comportamentos sintomá
ticos não são enfocados. Assim o paciente não é desqualificado como pessoa inadequa
da. Ao invés dos sintomas, são os repertórios saudáveis do que são analisados.
Precisamos relembrar que o paciente não apresente déficits nos seus repertórios
interpessoais, no sentido topológico. Ele é tanto capaz de atitudes carinhosas e amáveis
quanto frias e sádicas, de estratégias dominadoras e submissas e de qualquer combina
ção destas. Assim, o quadro do borderline não se encaixa na definição dos transtornos de
personalidade, que são caracterizados por um estreitamento e uma rigidez da sua topografia
interpessoal (Kiessler, 1986). O paciente borderline ó capaz de todos os sentimentos e
formas de se relacionar com outras pessoas. Ele coloca os mais diferentes padrões
topológicos na prática, muitas vezes alternando de um extremo para outro. O problema
não ó rigidez mas instabilidade e excesso. Tal quadro permite concentrarmo-nos
integralmente no trabalho de trabalhar com as funções dos repertórios já disponíveis,
como nas estratégias descritas por Bakker-de Pree (1984; 1987).
O terapeuta comportamental construcional faz muitas perguntas sobre os pa
drões funcionais saudáveis do paciente. Cliente e terapeuta juntos examinam as situa
ções nas quais o cliente funciona melhor. Assim, o cliente aprende a prestar atenção às
relações funcionais às quais ele reage e como ele poderia agir de forma mais saudável em
outras situações. A intenção é de diversificar a regulação funcional dos repertórios que já
foram adquiridos, mas que não são otimamente usadas.
O comportamento bem sucedido do cliente é analisado e ele aprende a discrimi
nar os estímulos atraentes e aversivos que foram funcionalmente ofuscados pela dominância
da esquiva ativa. Assim novos padrões funcionais de fuga, esquiva passiva e principal
mente comportamento sob controle de reforçamento positivo podem ser promovidos e a
influência de sinais de invalidação pode simultaneamente ser diminuída. Em nenhum
momento o terapeuta tenta de eliminar o comportamento de esquiva ativa, mas outros
padrões funcionais devem ser drasticamente ampliados.
Terapeutas comportamentais construcionais treinam o paciente a reconhecer e
reagir a uma variedade de estímulos importantes dentre as situações do cotidiano que são
ofuscados pelos esforços contínuos de evitar sinais de invalidação. Analisando o seu
comportamento saudável, é o cliente mesmo que descobre as contingências que até
agora não tinha percebido. Ele pode trabalhar na reorganização do seu estilo de vida e
das suas formas de relacionar-se com outras pessoas (Bakker-de Pree, 1984; 1987).
Para o cliente borderline todo isto é de fundamental importância. A ênfase no que
ele faz melhor e o papel ativo dele dentre do processo terapêutico, já evita o perigo dele se
sentir desqualificado. Quando o cliente encontra o estilo de vida que dá certo para ele, o
ameaço de ser desqualificado ou abandonado pode perder a sua importância exagerada.
Não é mais uma catástrofe se uma certa pessoa se afasta ou não acredita no cliente. A
regulação mais saudável das trocas interpessoais também significa que o cliente não
provoca mais rejeição pelos outros.
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96 l.uc Vandenberghe
Capítulo 9
Efeitos da relação terapêutica na
redução de comportamentos
agressivos de crianças de baixa renda1
M ym .i C'hdtfjs Coelho1
Fátima de Sou/d Conte
Num pais cheio de diferenças sociais, como o Brasil, o que se pode observar são
milhões de crianças vivendo em condições subumanas, muito distantes dos mínimos
direitos que devem ser garantidos a cada cidadão, ou seja: a saúde, a educação, a habi
tação, a alimentação e ao lazer. Quando privações intensas ocorrem tornam-se facilitadoras
do desenvolvimento da violência.
A criança forma sua identidade, desenvolve seu mundo privado e seu comporta
mento público a partir de sua relação com o outro. São construídos nas suas relações
sociais (entende-se comunidade verbal) os valores e conceitos a respeito do ambiente que
a cerca. E é neste sistema que a criança será avaliada e julgada por seus comportamen
tos "virtuosos” ou “indesejáveis", e reconhecida como pró ou anti-social.
Desta forma define-se hoje comportamento agressivo como aquele que tende a
ferir ou fere outra pessoa ou causa danos à mesma ou sua propriedade, podendo estes
danos serem físicos mas também podendo levar à degradação do outro como pessoa
(Loeber & Hay,i997; StofF, Breiling & Maser, 1997).
O comportamento agressivo ó sensível às contingências de reforço do mesmo
modo que outras respostas aprendidas (Eron, Lefkowitz & Walder, 1972). Para Gôngora e
Sant’Anna (1987), por mais estranho e desajustado que se apresente um comportamento,
deste dever ser analisado como obedecendo a princípios ou leis gerais que se aplicam a
toda conduta humana.
Muitos são os fatores que contribuem para a determinação de ocorrência e manu
tenção dos comportamentos agressivos, assim como são muitas as suas manifestações.
Trabalwbaeaado na DtaaartaçêoEfataa da P«»oota*apía da Grupo AnaMtavFundunal na Raduçio da CornportamantoaAflraaalvoa da Criança» da Baixa
Randa. (MymaElleaChageaCoatw.dalanldaeni 2001, |untoèUFPR para a obtançâo do Titulo da MaetraamPatootaflla da Infinda a Adotoacênda)
Pticôtoga Clinica do IACEP - Inaítuto da Análaa do Comportamanlo am Eatudoa a Patcotarapia a prufaaaora da ÜEL am Patcotogla do DaaanvoMmanto.
Maatra am Palcologta da InfAncla a AdolaacAncia pata UFPR.
Profaaaom Doutora convidada do Mmtrado am Patootogta da Inftnda a AddaaoAnda da UFF*R, Doutora am F*akx4ogla Clinica (U8P 1990)aoriantadora
da dtaaartaçto
O Processo Psicoterápíco
Avaliação do Processo
Embora não fosse a proposta deste trabalho, supõe-se que analisar a mudança
comportamental das próprias terapeutas poderia fornecer dados ricos sobre o impacto
que esse tipo de proposta pode causar em todos os envolvidos no processo.
Através da análise qualitativa do processo terapêutico pode-se observar uma evo
lução importante nos comportamentos das crianças. Estas passaram gradualmente a
apresentar melhora tanto nos relacionamentos com as terapeutas como com os outros
membros do grupo. E, consequentemente, redução significativa dos comportamentos agres
sivos. Comportamentos como usar tom de voz adequado, demonstração de afetividade e
empatia, assertividade e análise de conseqüências positivas e negativas do comporta
mento agressivo e do pró-social puderam ser observados com maior freqüência. Estes
resultados refletiram-se nas relações interpessoais entre terapeutas e crianças e entre
criança e criança.
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Como diz Maly Delitti (1997): faz-se análise funcional do passado, da atualidade e
da relação terapêutica. Fazendo uma análise funcional sincrõnica perguntamos quais são
no presente as conseqüências que comportamentos têm no mundo do ator (isto é a
pessoa cujos atos estudamos) e quais são as situações antecedentes em que os com
portamentos aconteçam. Queremos saber o que significa este pânico. Qual é a função
destas tentativas fúteis de fugir de sensações corporais desagradáveis? O que mantém
neste cliente o comportamento de seguir regras quando se trata de regras que especifi
cam perigos imaginários que são a cada ataque comprovados inexistentes? O que são as
conseqüências suficientemente poderosas para manter o cliente dependente de taí ou tal
pessoa apesar de todas as perdas que seguem da sua atitude de desamparo? A análise
funcional sincrõnica permite a escolha de intervenções estratégicas, buscando conectar
mudanças terapêuticas com as contingências que estão em jogo e visando diretamente
os nichos funcionais em que os sintomas se encaixam.
Fazendo uma análise funcional diacrônica queremos saber em que contextos
os comportamentos apareceram e o que foram as suas conseqüências no passado. As
tentativas repetitivamente fracassadas de esquiva das experiências corporais aversivas
muitas vezes fazem parte de um padrão de esquiva vivencial muito mais amplo que
revela as suas particularidades através do levantamento da história. A perspectiva do
tempo permite de reconhecer padrões de recursividade, círculos viciosos em que o cli
ente está preso. Procura-se identificar padrões de conectividade entre os comportamen
tos do cliente e os das pessoas com quem interage. Isto permite de comparar os efeitos
de diferentes conseqüências sobre o comportamento em contextos naturais e de toma-
los em conta no tratamento.
A Psicoterapia Analítica Funcional de Kohlenberg e Tsai (1991) nos alerta que a
matéria privilegiada para a análise funcional é a própria interação terapêutica. Buscamos
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1PtloMoga Clinica do InaUMo da AnáNaado Comportamento am Fatudoa a Patcotanpéa - IACEP - Londrina/PR - BraaJI
Interessante foi observar a fala do cliente quando ele realmente voltou das férias
(15 dias depois).
T: - Pensei várias vezes em você desde o nosso último encontro...em como você
lidou com os últimos acontecimentos e com a sua vida; enfim, como você estál... Conte-
me sobre isso...
C: - Nâo é nada agradável ter que assumir que eu devo lidar com a vida e essas
coisas imprevisíveis e incontroláveis que vem dela (... o pânico também é assim, nâo
6?...), e sempre a partir dos meus próprios recursos. E, saí muito bravo da sessão...
A terapeuta imediatamente coloca:
T: - Ê... eu percebi que você estava com raiva... Ê isto, não?... raiva?... Porém,
quando você disse que nâo queria falar mais nada, calei-me também, pois compreendi
que foi uma sessão muito difícil para você...
C: - E estava mesmo... muita raiva, além de um tempo que precisava para pro
cessar tudo feso... Você sabe como eu sou... Desci as escadas da clinica pisando duro
por você ter me dito sobre seu ‘‘cansaço" e disse para mim mesmo que isso só acontecia
com vocô. Pensei comigo:"Olha tudo o que acontece na minha vidaIII Ora, como nâo me
viro sozinho? Vou ter que mostrar isso para ela..." Me enchi de coragem e perguntei
sobre, á minha irmã e aos meus pais. A resposta foi uma só: eíes também se cansam.
Parece até que você conversou com elesl Pensei, então, que não há escolha: estava ali
uma chance de tentar me relacionar de outra forma com eles e, obviamente, com esse
mundo doido... Uma outra conclusão triste que cheguei foi o quanto meus pais são me
drosos; aprendi bem com eles... (fala sorrindo).
T: - Que bom que você enxergou tudo isso... Como você está, então, agora?
C: - Olha, os problemas que lhe falei naquela sessão permanecem e, agora,
estão até mais complexos; realmente vou ter que depor e isso me assusta. Tentei apenas
R e ferên cias
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' PiéGÓIoga Clinica Coordanador* do curao da PaJcotogia • Docanta da Faculdada Aatte Gurgacz/FAG CaacavaVPR Maatra am Paloologia Social PU CR8
Eapadalltta am Pakxriatapla na Antfaa do Comportamanlo UEl/PR
12 0 LldudJd Bíirbow
A ansiedade pode afetar também o processo de atenção. As pessoas ansiosas
tendem a dar mais atenção à ocorrência de estímulos ameaçadores, têm dificuldade de
concentração, o que os torna desatentos ou distraídos, apresentando seletividade da aten
ção, o que pode ocorrer de forma ampla ou limitada (Barbosa, 2002b; Chaves, 1993). Os
ansiosos têm suas atenções voltadas para o meio externo, com a intenção de controlar as
“ameaças" do ambiente e tentam diminuir a insegurança sobre o que podem vir a vivenciar
no futuro, através dessa tentativa de controle (Eysenck & Keane, 1994).
Ades (1996) defende que as pessoas respondem à ansiedade com pensamen
tos, palavras ou ações que podem ser impróprios, perturbados, irracionais ou desorgani
zados. Para ele, as emoções são formadas por componentes subjetivos (pensamentos
e sensações), fisiológicos (tensão corporal, taquicardia e problemas estomacais) e
comportamentais (gestos, verbalizações, posturas e expressões faciais). Mesmo quan
do não dizemos nada, podemos transmitir nossas emoções através das expressões do
corpo e da face.
Davidoff (1983) comprovou, através de seus estudos, o quanto é inexata a lem
brança das pessoas frente a situações que produzem ansiedade e estresse como, por
exemplo, uma cena de agressão. Ele observou que os indivíduos que presenciam uma
cena de agressão ficam muito confusos e o estado de cansaço e ansiedade e a expectativa
pelo desfecho da situação podem influenciar na codificação do fato em questão.
As pessoas tendem a lembrar mais das situações agradáveis do que dos eventos
desagradáveis, o que Mitchell e Thompson (citados por Myers, 1999) denominaram
"retrospecção dos momentos agradáveis". Por exemplo, em um passeio de férias, as
pessoa$ tendem a evocar memórias sobre os bons momentos que passaram e não levam
em conta os eventos ruins, como o calor sufocante, o trânsito movimentado, os altos
custos etc, por mais que essas situações tenham ocorrido.
Alguns psicólogos acreditam que as memórias das experiências são precisas e
que não haverá esquecimento embora se pode variar a maneira de lembrar o fato como por
um estímulo auditivo, olfativo, gustativo, visual, tátil. Outros aceitam que existem distorções,
pois a memória é construída por uma mistura de experiências, conhecimentos, influênci
as e motivações (Reyna, 1998).
Barbosa (2002a) realizou estudo para verificação das implicações da ansiedade
na memória de adultos, os grupos experimental e controle foram avaliados através de uma
lista de palavras, adaptação realizada por Stein e Pergher (2001) do Procedimento de
Roediger e McDermott (1995), logo em seguida, responderam o Inventário de Ansiedade
Traço-Estado-IDATE, desenvolvido por Spielberger, Gorsuch e Lushene (1969), traduzido
e adaptado para o português por Biaggio e Natalício (1979) e, por fim, realizaram o teste
de memória de reconhecimento imediato.
Qualidade da memória
0 ,4 Tr'"rF
-0,4
1A »«tafjsttca c£ •(pv-pt)JÚP(pf), onti» pvèa fxobêtMóad» ü» vwrdacMrw • pf a pnibabiMmia dff reapofta» M m « (McNkx>l, 1972).
12 2 Claudia Barbota
vras encontrou um desempenho inferior da memória para as palavras sociais negativas,
para indivíduos com fobia social (Amir, Coles, Brigidi & Foa, 2001).
Mathews e McLeod (1985) sugerem que o processamento da informação se dá de
maneira diferenciada para os diversos estados ansiosos específicos, não sendo o
processamento da informação afetado de forma igual por um mesmo “traço" de ansiedade.
Zoellner, Foa, Brigidi e Przeworski (2000) realizaram estudo com indivíduos com
distúrbio de estresse pós-traumático. Eles observaram que estes indivíduos tendem a
exibir uma memória realçada para a situação traumática, apresentando uma maior dificul
dade para esquecer palavras traumáticas, mesmo quando passado muito tempo do ocor
rido, conseguindo lembrar do trauma quando relatam sua autobiografia. Esses estudiosos
acreditam que qualquer fator que impede a contextualização completa do evento em aqui
sição reduziria a codificação da informação de origem, ficando assim, o registro de memó
ria vulnerável a distorções e imperfeições. Em suma, os adultos ansiosos apresentam sua
qualidade de memória afetada negativamente pela ansiedade.
Os resultados da pesquisa de Barbosa (2002a) apontam para algumas conclu
sões em relação à ansiedade e à memória. Os principais dados encontrados sugeriram
que pessoas em situação ansiogênica podem ter uma diminuição na sua qualidade de
memória. Os dados levantados podem contribuir com diversas áreas da Psicologia, entre
elas a Psicologia Clínica.
A Psicologia Clinica lida diretamente com aspectos relacionados á emoção e à
memória. O terapeuta embasa seu trabalho nos relatos envolvidos de emoção trazidos
pelas pessoas, nesse processo, o principal recurso utilizado ó a memória, com base na
qual o psicólogo se baseia para a interpretação dos fatos apresentados.
As pesquisas sobre cognição e ansiedade mostram uma variedade de tópicos
que podem ser enfocados, como por exemplo, as influências da ansiedade nos processos
mentais, bem como o papel da cognição na produção da ansiedade (Ades, 1996; Harré &
Gillett, 1999).
Embora ainda se discuta quanto às cognições provocarem ou não as sensações
que acompanham os afetos, fica evidente que elas são importantes na manutenção e na
moderação da ansiedade. Os resultados apresentados têm por objetivo oferecer subsídios
para uma atuação mais objetiva e melhor fundamentada do psicólogo.
Os psicóíogos atuais, independentemente da linha de abordagem ou da área de
atuação, convivem com a necessidade que as pessoas têm de lidar com suas emoções.
São as emoções positivas que dão brilho à vida das pessoas e é este sentimento que
mobiliza o comportamento do ser humano, no intuito de manter uma constância nas sensa
ções. As pessoas vivem em constante busca da felicidade e da evitação do sofrimento.
As Terapias Cognitivo-Comportamentais têm buscado, através da integração en
tre técnicas psicoterápicas e conhecimentos sobre processos cognitivos básicos, uma
melhor compreensão do comportamento humano. Mesmo com a relevância do tema, pou
cas pesquisas sobre a ansiedade e a cognição têm sido realizadas por psicólogos cognitivos-
comportamentais, devido a uma série de dificuldades, entre elas a escassez de subsídios
metodológicos para tais investigações (Eysenck & Keane, 1994).
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Comportar-se, para Skinner (1978), é algo mais do que uma mera ação visível ou
mensurável. Implica, também, comportamentos ditos encobertos ou cujo acesso só ó
possível peia auto-observaçáo.
Mas qualquer dos comportamentos sofre seleção (para fortalecer-se ou extinguir-
se) conforme as conseqüências que produz. Ainda segundo Skinner (1984), o comporta
mento humano está sujeito a três tipos de seleção por conseqüências. A seleção natural,
que controla comportamentos reflexos (conseqüências "naturais" ao ato realizado) e de
valor filogenótico, quer dizer, com valor de sobrevivência da espécie. A seleção feita pela
aprendizagem operante, que controla os comportamentos idiossincráticos da história de
vida pessoal (ontogenese) de cada indivíduo. E também a seleção cultural, responsável
por comportamentos que favorecem ao grupo social a que as pessoas pertencem. Esse
grupo também se comporta e, assim, produz efeitos que acabam por selecionar os própri
os comportamentos cujas conseqüências, algumas vezes, podem ter caráter destrutivo
ao sujeito e ao grupp dele, a médio e longo prazo, embora a curto prazo tenham valor
reforçador.
O comportamento, ao produzir conseqüências, acaba afetando a probabilidade
de que comportamentos, de mesma classe de respostas, venham a se repetir no futuro
ou que deixem de existir. Tais conseqüências são chamadas de estímulos e podem pos
suir diversas funções, entre elas a de agir como:
• Estímulos Reforçadores (ou reforços): fatos, situações, pessoas ou objetos que cau
sam fortalecimento do comportamento contingente a sua apresentação e enfraqueci
mento em face de sua retirada.
NB: «ase ruim ou bom variar* do Indivíduo para Indivíduo e de cultura para cultura
* MAR - M de medo, A de amor « R d * rata, uma analogia com o sanao comum qua fala da um *maf* da amoçflaa, quando algoém aa deacreva a outro
de aua comunidade.
O medo descrito por Millenson (1977) e a ansiedade descrita por Banaco (1999)
são formas de desdobramento da mesma operação de estímulos e que no presente traba
lho será nomeado como medo. Mestre (2002) apresenta a visão de historiadores a respei
to do que tal emoção, o medo, representa para a adaptação humana no contexto social.
Zeldin (2000) e Delumeau (1996) falam de como esta emoção descreve as contingências
sociais e as regras delas advindas e a influência deste conjunto na vida das pessoas.
Delumeau (1996) criou uma classificação como categoria de análise do medo do
homem ocidental do século XVIII que Mestre (2002) adaptou à fala de suas depoentes do
século XXI, a respeito do que viveram ao final do século XX.
1.2 A perda
Temer perdas também é um mecanismo que se liga a certo tipo de morte, não a
biológica desta vez, mas a pior delas, segundo as depoentes, que é a de perder pessoas,
situações ou objetos significativos. Há ocasiões em que a própria morte pode ser preferível
a perder aquilo que se ama.
1.3 O desconhecido
2. 2 O medo do Fracasso
A fala de M.L. apresenta ainda uma nítida diferença entre os papéis femininos
impostos pela sociedade às mulheres casadas e solteiras. Enquanto moça solteira (déca
das de 1940/50), morava com os pais e suas atribuições de cuidados da casa eram
poucos; ao casar percebeu-se responsável por inúmeras atividades, para as quais não se
sentia preparada e que ela mesma se cobrava porque acreditava que era seu dever fazê-
las e, adequadamente. Não corresponder a esses papéis seria, a seu ver, fracassar:
Ah! Faz muita falta a mãe. Ainda mais eu, que minha mãe sempre teve emprega
da, eu não fazia nada e agora tinha que fazer tudo. De repente ter que assumir uma casa.
Antigamente era a gente que tinha que assumir. [...] não foi fácil! às vezes errava tudo,
queimava. Meu Deus, como a gente se batia.
Era isso que era esperado dela; esse era seu trabalho e não poderia fracassar.
Uma prática social, recentemente instituída, o exame vestibular, como forma de
passaporte para a vida profissional, é ocasião em que os que fracassam ficam de fora.
Para M.L., a prova de competência que lhe conferia direito ao mundo adulto era cuidar
com perfeição da casa (década de 1950). Para seus filhos, essa prova de competência
seria passar no vestibular (década de 1980):
"Fiquei nervosa [...] A gente quer que eles passem, tenham êxito. Parece que
quando eles passam a alegria é para eles e para a gente. Até para a gente é mais,
sabendo que eles vão vencer, vão ser... e eles passaram... a menina já era casada
quando fez o vestibular, terminou já com filhos. [...] passou no primeiro lugar. O menino
não... No ano seguinte ele passou em três faculdades...”
O nervosismo ante a prova a que os filhos iriam ser submetidos aparece como medida
de competência, não só deles, mas também dela, e da educação que lhes dera perante à
comunidade. E ao passarem, conferiam, também a ela, uma vitória pessoal. O ter passado no
primeiro vestibular, e em primeiro lugar, faz diferença no reconhecimento do 'outro'.
J. ao encerrar a entrevista despediu-se dizendo:
2. 3 O fantasma da solidão:
Ainda é Duby quem diz:... a solidáo que acompanha a miséria de hoje era desconhe
cida dos nossos ancestrais dos anos mil (1998, p. 38). A diferença entre as sociedades do
milênio 1000 e o 2000, é que, na Idade Média, o homem se apresentava como um ser social
e solidário, confiante no seus “pares". Agora está solitário, desconfiado de tudo, de todos.
Uma afirmação de M.L. tem a ver com o pensamento de Duby, para quem a
sociedade, ao se preocupar com o bem-estar de seus membros adquire segurança, além
de conforto.
"[...] Acho que cada um está cuidando de sua vida e ainda assim nâo dá conta.
Feiiz de quem tem algo para se preocupar, tem gente que nâo tem nem família."
Na opinião de M.L. é feliz quem tem família, isto é, essa é quem se preocupa,
quem cuida, é o olhar do outro voltado para o indivíduo, protegendo. Porém, como diz
Zeldin (1999), ao resolver o problema existencial do desconhecido, vivendo em comunida
de, o homem criou outro perigo, a ameaça de perder o que é “conhecido". Perdê-lo, ficar
só, pode ser algo que tire a tranqüilidade e ocasione ansiedade.
A sensação de estar sozinha aparece de modo implícito no relato de como L.
encara o ficar só. Ela diz não suportar isso e quando se vê obrigada a ficar pouco tempo
em casa sem ninguém (mora com a irmã casada), liga rádio e TV.
Não que me dá depressão, dá medo de ficar só. Eu ligo para alguém e tenho que
conversar com as pessoas.
C., a jovem atleta, acredita que os homens (sexo masculino) não conseguem ficar
sós, mas que também não conseguem se entregar em relações e isto as inviabiliza. Diz:
"sou uma pessoa que se eu achar alguém assim com um perfil da vida que eu
gosto... a pessoa também tem que querer ficar comigo... Mas eu tenho muitos amigos,
nâo ficarei sozinha."
Parece ter se resolvido, no que diz respeito a casar e ter um par, mas não abre
mão dos amigos. Ao contrário de M., que ainda deseja encontrar este par. Não quer mais
se casar, porém almeja alguém para sua companhia.
“o lado mulher só aparece ao lado de um homem. E o que eu faço comigo
mesma?"
Considerações Finais
Bowby, J. (1998). Apego e Perda: Separação - angústia e raiva, v. 2.Sáo Pauío: Martins Fontes.
Bussab, V.S.R., & Ribeiro, F. L. (1998). Biologicamente cultural. In L. de Souza e colegas (Orgs.),
Psicologia, reflexões (im)pertinentes. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Delumeau, J. (1996). História do Medo no Ocidente: 1300-1800. Uma cidade sitiada. São Paulo:
Companhia das Letras.
Duby, G. (1998). Ano 1000 ano 2000 na pista de nossos medos. São Paulo: UNESP.
Mestre, M. (1991). Etologia - O que é isso? Jornal do Conselho de Psicologia, 52, 6-7.
Curitiba: CRP 08, Ano X.
Skinner, B. F. (1984). Selection by consequences. Behavioral and brain sciences (pp. 477-510).
Cambridge, USA: University Press.
Considera-se caso grave quando uma pessoa tem algum grau de limitação no seu
repertório comportamental, seja permanente ou transitório, que a impede de ser totalmen
te autónoma. Estas pessoas mostram evidentes dificuldades para tomar decisões sobre
suas próprias vidas assim como para envolver-se em situações e/ou atividades que as
ajudariam no enfrentamento de seus problemas. Apresentam dóficits, especialmente nos
repertórios de comportamentos de autocuidados e autoproteção. Elas acabam prejudi
cando sua própria qualidade de vida e a de suas famílias.
Para fins didáticos, pode-se classificar estes casos em dois grandes grupos de
pessoas: a) as que tôm um repertório comportamental que compromete “só” a qualidade
de vida, tais como os portadores de Transtorno Obssessivo Compulsivo, da Síndrome de
Gille de la Tourette, Transtorno do Pânico, Fobia Social etc; b) os que tôm um repertório
comportamental que compromete a sua própria qualidade de vida e a de sua família e,
alóm disso, põem em risco sua vida pessoal e de outros, tais como os clientes que
apresentam Depressão severa, Alcoolismo, Transtornos de Personalidade etc.
Obviamente, não ó possível afirmar com segurança que pessoas incluídas em
qualquer um destes dois grupos não possam ser colocadas no outro.
Quando iniciam seus atendimentos psicoterápicos, na grande maioria das vezes,
todos os membros da família estão desgastados, desorientados, extremamente sofridos
e bastante envolvidos no e com o problema. Embora busquem ajuda para a pessoa em si,
ó importante criar condições para que a família entenda que “as mudanças (do comporta
mento do cliente em si e do relacionamento entre eles) dependem de alterações con
sistentes, continuas e permanentes das relações familiares”, conforme afirmam
Guedes e Banaco, 2002.
1) Ausência de conflitos
2) Ocorrência de conflitos
Referência
Guedes, M. L, & Banaco, R. A. (2002). Benefícios trazidos pela participação da família no Grupo
de Apoio. In D. R. Zamignani & Labate, M. C. (Orgs.), A vida em outras cores - Superando o
Transtorno Obsessivo-Compulsivo e a Slndrome de Tourette (pp.111-115). Santo Andró: ESETec
Editores Associados.
Esta apresentação será iniciada com uma frase que soa, a princípio, aparente
mente óbvia: "Sexo para muita gente nunca foi tão bom" (Oyama, 2002). De acordo com
a autora, desde que o tema deixou o confinamento da alcova para virar assunto de consul
tórios módicos e de programas de TV, uma legião de insatisfeitos sentiu-se encorajada a
partir em busca de solução para seus males, antes secretamente remoídos. Atualmente
não há necessidade de se esconder opiniões sobre nossa sexualidade ou sexualidade
alheia. Ao contrário, o tema vem sendo maciçamente debatido e divulgado - nem sempre
de forma satisfatória, a ponto de presenciarmos (sem ainda sabermos direito como nos
comportar diante do fato) crianças sendo expostas a sexualização precoce. Outros para
doxos da pós-modernidade com relação á sexualidade dizem respeito à inversão das
exigências com relação às mulheres: da repressão generalizada à tirania da imposição da
mulher multiorgástica.
Tal realidade nem sempre se apresentou assim. A sexualidade não era vista de
forma liberal como exposto acima, e esta não ó nenhuma descoberta do ovo de Colombo
para nós psicólogos. Sexo, nos últimos séculos, foi encarado como um tabu.
A Psicanálise de Freud (uma das mais divulgadas e discutidas posições teóricas
dentro da Psicologia do século XX) já nos idos tempos da rigidez vitoriana contribuiu para
modificar estes pressupostos, por defender que muitos distúrbios emocionais e prejuízos
psíquicos eram causados pela repressão da sexualidade.
Freud ousou inovar conceitos e desafiar estigmas sexuais em época tão
desestimuladora. Fazendo assim, contribuiu de forma abrangente para o desenvolvimento
de estudos e análises da sexualidade no mundo ocidental.
1Palcótoga Clinica, Maatra am Pitoulogia 8odal • da PafaonaIWada. Docanta • Suparvlaora da EatAgIo am Palcotoola Clinica a Aconaathanwnto Psico
lógico, not curto» da Palcologla UNIPAR / PR a CESUMARI PR.
Referôncias
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comportamental e cognitiva de transtornos psiquiátricos. Campinas: Psy.
Relch, W. (1985). A Revolução Sexual. Sâo Paulo: Círculo do Livro. (Trabalho original publicado
em 1935.)
’ o<xrto«emP*toolofltaafnta-USf78P,doaentedaUrWvw»tóadeEatacfua/<laMartn0á-PR
Identidade de Gênero
Pode ser definida como uma tendência de um indivíduo sentir-se como pertencen
te ao seu sexo biológico ou ao sexo oposto.
A Identidade de Gênero resultaria da interação entre:
a) o sexo biologicamente determinado;
b) a preferência e o desempenho (adoção) de comportamentos socialmente apro
vados e;
c) a direção da responsividade sexual para pessoas do mesmo sexo ou do sexo
oposto.
A escolha de atividades e brinquedos de gênero cruzado na infância indicaria um
comportamento sexual de gênero cruzado na idade adulta.
Além da indicação da futura orientação sexual, a escolha infantil de gênero cruza
do abrangeria a aquisição e desempenho de papéis sexuais inadequados e o sentimento
de pertencer ao sexo oposto ao seu, os quais permaneceriam até e durante a idade
adulta. A identidade de gênero forneceria a indicação de quais preferências sexuais o
indivíduo viria a ter. A concordância entre a identidade de gênero e o papel sexual seriam
Referências
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(3rd ed.). APA, Washington, D.C.
Bandura, A. (1976). Social Analysis of Agression. In E. R. Iftesta & A. Bandura (Eds), Analysls of
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Masters, W. H., &Johnson, V. (1979). Homossexualidade em Perspectiva (1st ed.). São Paulo:
Livraria Editora Artes Médicas, Ltda.
Tannahill, R. (1983). O Sexo na História (1st ed.). Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves
Editora S. A.
• Ejaculação precoce
Neste caso, o homem ó incapaz de exercer controle sobre seu reflexo ejaculatório,
logo, uma vez excitado, atinge o orgasmo rapidamente. Recomenda-se, que se faça exame
urológico, no caso de ter tido uma história de bom controle ejaculatório. O diagnóstico ó feito
quando o homem regularmente ejacula antes ou imediatamente após penetrar na vagina.
Embora somente uma análise precisa das contingências em atuação na vida de cada indivíduo
possam nos dar um panorama dos aspectos psicológicos relacionados, pode-se dizer através
de relatos clínicos que Insegurança, ansiedade e passividade se referem a classes de
comportamentos e estados corporais possivelmente relacionados à ejaculação
precoce. Isto pode ser inferido, pois a resposta de ejaculação precoce parece se
relacionar a uma dificuldade de enfrentamento de dificuldades e a comportamentos
característicos de indivíduos com repertório comportamental pouco desenvolvido
e com sentimentos de baixa auto-estima.
Para EY e cols. (1981) in Abdo e Oliveira (2001), os transtornos da atividade sexual
- genericamente chamados de "impotência" se referem especialmente a estes dois tipos de
distúrbios: de ejaculação (precoce, ausente, retardada) e a impotência orgásmica, os quais
estão associados a comportamentos diversos, como passividade, esquiva do controle im
posto por outrem e geralmente a sentimentos de culpa e insegurança.
• Anorgasmia
Considera-se anorgasmia primária aquela em que a mulher nunca experimentou
um orgasmo; se por outro lado a desordem se desenvolver depois de um período em que ela
já era capaz de atingir o orgasmo, é classificada disfunção orgásmica secundária. Na
anorgasmia, o antecedente imediato é a inibição involuntária do reflexo orgásmico. O orgas
mo feminino pode ^pr facilmente condicionado e sujeito à inibição com certa facilidade.
• Desejo hipoatlvo
Deficiência ou ausência de desejo sexual. A presença do desejo depende de
vários fatores: impulso biológico, história prévia de consequênciação, situações de
estresse, sentimentos de ansiedade, depressão, auto-estima, qualidade das experi
ências anteriores com o sexo, disponibilidade de um parceiro apropriado e um
bom relacionamento em áreas não sexuais com o parceiro. O dano em qualquer um
desses fatores podem resultar em diminuição do desejo. É importante, que nestes casos,
nâo se percam de vista as condições físicas da mulher, nas quais podem estar envolvidos o
cansaço físico, o uso de drogas e álcool, e a endocrinopatia.
• Dispareunia: dor durante o intercurso sexual. A dor durante a relação sexual, sem causas
orgânicas, além de possivelmente constitui-se um problema por si só, pode se relacionar
diretamente à realização da sexualidade feminina. Segundo os autores acima citados, a
dispareunia ó analisada como estando ligada principalmente a dois fatores
comportamentais: comportamento agressivo da mulher em relaçfio ao homem e
dificuldade em assumir a identidade feminina.
Referências
Kaplan, H. S. (1974). A nova terapia do sexo (5th ed.). Nova Fronteira: Rio de Janeiro.
Kaplan, Harold, I., Sadock, & Benjamin J. (1997). Compêndio de Psiquiatria: ciências do com
portamento e psiquiatria clinica (7th ed.). Artes Médicas: Porto Alegre.
Life, H. (1979). Sexualidade Humana: orientação módica e psicológica. Livraria Atheneu: Rio de
Janeiro.
Oliveira, S. R. C. de, & Abdo, C. H. N. (2001). Disfunção Erótil e Ejaculação Precoce: conceito,
etiologia e tratamento psiquiátrico. In C. H. N. ABDO, Sexualidade Humana e Seus Transtornos
(2nd ed.). Lemos editorial: São Paulo.
Pierce, W. D., & Epling, W. F. (1999). Aversive regulation of behavior. In Behavior analysis and
learning cap. 9, (pp. 205-231) (2nd ed.). Prentice Hall. (Trabalho original publicado em 1995.)
Skinner, B. F. (1993). Ciência e comportamento humano (Trad. ed.). São Paulo: Martins Fontes.
(Trabalho original publicado em 1953.)
O tratamento
Capítulo 18
Qraus de ansiedade no exercício do pensai;
sentir e agir em contextos terapêuticos
Açlo Suicida: tentou dar A ç lo Suicida: arma Açio Suicida: tentou se Ação Suicida: arma de
um tiro em sua boca. Arma branca; tentou entrar na jogar na frente de um ve fogo, que não funcionou;
estava descarregada. frente de um veiculo em iculo, fazendo a traves ingestão de duas mil mili
Depois preparou veneno movimento. sia de uma avenida de gramas de medicação con
em um copo. Mas a lem tráfego Intenso, de for trolada, com bebida alcoó
brança de uma amiga que ma alheia ao meio ambi lica; após tentou cortar os
suicidara o Impediu de ente. pulsos, perdendo os senti
prosseguir. dos antes disso.
Três dias em coma
Primeira Fase
a) Observação: Estevão não fixa os olhos na psicoterapeuta; fala de forma agressiva e
impaciente; barbudo, cabelos em desalinho; verbaliza toda a sua revolta para com sua
instituição religiosa e as instituições político-sociais do país; tem o corpo contraído e verbaliza:
E - Depois de trabalhar tanto, sinto-me muito cansado, sem ânimo, descrente.
Não tenho mais vontade de viver.
b) Estabelecimento do contrato psicoterapôutico.
c) Aplicação do questionário de história vital (Lazarus, 1980).
d) Entrevista com seus familiares e representantes de sua instituição religiosa.
Segunda Fase
Quarta Tentativa de Suicfdio - Entre a primeira e segunda sessão psicoterapôutica,
Estevão ingere 2 mil miligramas de medicação controlada, com álcool, tenta cortar os
pulsos. Faz coma por trôs dias.
Resultado da Observação Direta - Estevão tem comportamentos entorpecidos, seus
reflexos sensório-motores são apresentados de forma lenta e pesada; relata sentimentos
de vergonha, culpa e revolta, reafirmando sua crença de que a psicoterapia comportamental
e cognitiva possa ajudá-lo. Verbaliza, continuamente, gírias pornográficas. Chora durante
toda sessão. Relata seus principais medos:
■ Perder Saúde 1
■ Suicidar-se 2
□ Solidão 3
□ Perder Amiga 4
■ Agredir Amigos 5
Fragmentos de Sessão
T ■ O que vocô, Estevão, chama de sensação suicida?
E ■ É um vazio por dentro, uma vontade de morrer, è uma pressão torácica. Sinto
como se estivesse flutuando... Choro muito! Não acredito mais em nada.
T ■ Por que, então, está aqui, Estevão?
E * Preciso de sua ajuda para aprender a controlar o meu sectarismo.
Terceira Fase
Hipóteses:
■ Contr. Resp. 1
■ ReesU Cogtv 2
□ Confr e Enfr. 3
□ Cartas 4
Com estes pontos foi possível trabalhar a questão do poder. Estevão percebeu o
quanto era poderoso. Discriminou que a sua rebeldia com a instituição religiosa era por
estar, sem perceber, querendo ser mais poderoso que a própria instituição, que os líderes
classistas, que os poderes executivo e legislativo. Quando, durante muitos anos, pensou
serem todos esses setores os detentores do poder. Foi quando verbalizou:
E ■ Socorro! Me ajude a me encontrar!
Buscando o autocontrole dos comportamentos extremistas de Estevão, o exercí
cio do pensar, sentir e agir, além das técnicas de controle da ansiedade, reestruturação
cognitiva e ensaio comportamental foi definitivo para o alcance de sua funcionalização.
Tabela III. Diário de registro - O emocionar e comportar-se extremista.
Eventos Exercício do Exercido do Exercicio do Resultado
pensar sentir agir
Reuniões em Devo falar ou Dúvida e Respiro até Pronuncio as pala
que deveria não falar? Se medo. Minha achar poronde vras de forma rápi
posicionar-se falar, falar o respiração al começar a fala da e detalhista.
quê e como? tera. Vem a e o que falar. Geralmente com
Que reações ansiedade das muita
emocionais, no interpretações agressividade.
outro, minha do grupo sobre
fala provocará? o conteúdo de
minha fala.
“Obrigado!”
Um termo útero-coronário que só dedico-atribuo a quem me gosta ou restitui a vida e
o sentido de viver. Isto tu, minha terapeuta, fizeste. Então, porque não te ser grato e sincero!?!
Fragmentos de sessão
T * Por que você tentou suicidar-se? Já que não morreu, valeu a experiência?
E ■ O homem caminha para a liberdade. Não tenho vontade de fazer outra expe
riência dessa não. Eu estava morto e revivi.
T ■ Como é a vida agora?
E ■ Mais livre, conscientemente, com mais leveza.
T * Ir-se do processo psicoterapêutico significa o quê?
E ■ Aqui foi uma ressurreição, realmente. Me abriu caminhos e perspectivas. Me
fez ver um lado da vida que não tinha sentido.
T ■ Como ir?
E * Embora vocô nunca tenha me dado a receita, ó buscar a maturidade dessa
experiência. É um ir de vitória. Deixo para traz as coisas negativas e levo um pedaço de
você que me completou. Certa vez você disse que, de certa forma, a gente constrói as
coisas. Eu não sou mais o mesmo. Estou mais tranqüilo. Consigo trabalhar melhor mi
Conclusão
Barlow, D. H., Hayes, S. C., & Nelson, R. (1984). The Scientist Practitioner. Pergamon: Oxford.
Beck, A. J., Rush., B. F., Shaw, & G. Emery. (1997). Terapia Cognitiva da Depressão. Porto Alegre:
Artes Médicas.
Young, J. E., Beck, A. T., & Weinberger, A. (1999). Depressão. In D. H. Barlow (Org), Manual
clinico dos transtornos psicológicos, cap. 6 (pp. 273 - 312). Porto Alegre: Artmed.
Doutor em Pafcotoflla Protestor do Program« da Póm -O rm km çêo • do Dapaitamsnto da Psicologia Clinica. InaUtuto da Paiooiogla da UFRJ DIrator
Técnico do Cantro da Pikxjtarapla CognMva do Rk> da Janalro
Proéw omSubaMMadoDapartamantodaPitoomatria.InaMModaPalcutoflladaUPRJ Maafranda do InaBtuto da Palcotogla da UFRJ. Psicóloga tomiada
pata UFRJ.
Método
Procedimentos
2a Sessão
- Estabelecer agenda
- Verificação do registro de comportamento
-Treino em motivação (ANEXO II)
- Introdução do modelo cognitivo
4* Sessão
- Monitorar o comportamento
- Treino de relaxamento
Diante dos registros semanais, identificamos que 100% das vezes, o comporta
mento acontecia quando ela estava sozinha; 55% das vezes, o comportamento ocorria
quando ela estava deitada em seu quarto; 20% das vezes, o comportamento acontecia no
seu trabalho; e que o comportamento aumentava nos finais de semana.
5a Sessão
- Uso de touca
- Uso de luvas
- Monitorar o comportamento
Nesta sessão foram introduzidas novas técnicas comportamentais com o objetivo
de dificultar o ato de puxar os cabelos. Em um primeiro momento, a paciente mostrou um
pouco de resistência para aderir esses novos comportamento, sendo necessário realizar
um quadro de vantagens e desvatagens. (Anexo III)
6a Sessão
- Evitar ficar deitada na cama.
- Telefonemas às sextas-feiras.
- Evitar ficar sozinha, (ex. ir na casa da vizinha, ir à pracinha com o filho)
81 Sessão em diante
- Verificação do registro de comportamento.
- Reestruturação de algum pensamento disfuncional.
-Treino de relaxamento
Conclusão
Referôncias
American Psychíatríc Assocíatíon. (2002). Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais iV-TR
(4th ed. rev.) (Trad. Claudia Dornelles.). Porto Alegre: Artmed.
Azrln, N. H., & Nunn G. (1907). Tratamiento de Hábitos Nerviosos. Barcelona: Martlnez Roca.
Tempo
Quantidade
Lugar
Atividade
Sentimento e/oi
pensamentos
( )
( ) ....... ..............
A ansiedade social parece estar presente, em algum grau, nas experiências dos
seres humanos. No entanto, quando a intensidade é alta e a frequência constante, ela traz
prejuízos para o funcionamento do indivíduo.
O caso a ser apresentado ó de uma jovem M. de 20 anos, ciasse módía alta,
atendida em consultório, na zona sul do Rio de Janeiro. A cliente chegou para atendi
mento com uma série de queixas que se enquadravam num caso de transtorno de
ansiedade social.
Estes casos são caracterizados por um temor forte e persistente de situações
sociais ou de desempenho quando observados por outros, além de forte desejo de causar
boa impressão e a certeza da incapacidade de conseguir. Eles querem que as pessoas os
avaliem positivamente, porém é como se já soubessem que não conseguirão, experimen
tando assim ansiedade nos seus contatos interpessoais.
Queixas atuais
História pessoal
Esta jovem teve uma infância considerada por ela como tranquila; era sempre
quietinha, bonitinha, boa aluna, fazia o que era necessário para não incomodar aos pais e
aos professores.
Seus pais parecem não entender seus problemas atuais, pois para eles ela é uma
menina exemplar, que não dá trabalho e que não tem do que se queixar. "Como pode
agora ela estar se sentindo mal, não querendo ir à faculdade, não fazendo aquele mínimo
que costumava fazer?!" É como se eles não tivessem percebido o desenvolvimento de
suas dificuldades, já que ela não dava preocupação, era responsável, reservada e cordata.
Ambos os pais são bastante críticos, porém de uma forma disfarçada. Por exem
plo, ela se vestia e perguntava para a mãe: "Mãe, tá legal esta roupa?" E ela respondia:
“Tá, mas acho melhor você trocar a blusa , pois vai fazer frio. E aproveita para trocar a
calça também. Estas cores não combinam”. A mensagem tácita era "como ela podia não
perceber que estava tudo errado?!" Sua mãe parece não ser muito presente nem dedicada,
já a ouviu dizendo que não nasceu para ser mãe. Seu pai reclama mais da sua falta de
reação e lentidão, porém sente que pode contar com ele e têm uma relação mais afetiva.
A família sempre se manteve restrita no convívio social, seja com amigos ou familiares.
Ela frequentemente era reforçada por ser diferente do irmão que logo cedo come
çou a contestar, reclamar coisas, não concordar com o estilo familiar. Nas brigas do irmão
com os pais ou entre os pais, a conclusão era sempre de que questionar resulta em
conflitos e que estes devem ser evitados a qualquer custo.
Ela percebia toda uma atenção diferenciada para ela por não causar problemas
como ele e, portanto, vantagens em ficar quietinha, se comportar, corresponder às expec
tativas. Também lhe eram transmitidas mensagens de que ela precisava de proteção, pois
tinha pouca habilidade para lidar com este mundo.
No colégio, dava conta das tarefas satisfatoriamente, porém evitava trabalhos em
grupo, se relacionava o mínimo possível e tinha poucas amigas. Não ia para casa de
nenhuma delas e esporadicamente tinha um contato mais próximo.
Ingressou em uma faculdade pública, da Zona Norte do Rio de Janeiro. Um lugar
que ela não conhecia, um meio social diferente do dela, de menina de Zona Sul, de colégio
Avaliação Clínica
Procedimento Terapêutico
Resultados
Primeiro foram definidos todos os tipos de grupos, trabalho esse realizado princi
palmente respeitando a demanda para os temas e buscando uma fila de espera que se
formava no decorrer do ano.
Sujeitos
Foi efetivado a formação de treze grupos:
• Grupos de orientação a mães; (total de 2 grupos).
• Grupos de adolescentes; (total de 2 grupos).
• Grupos de crianças com problemas de aprendizagem e comportamento; (total de 2
grupos).
• Grupos da terceira idade.
• Grupos de mulheres no climatério.
• Grupo de ansiedade e depressão
• Grupo de crianças com problemas emocionais (Total de 4 grupos).
Material
Procedimento
- Grupo de Adolescentes
Total de 20 participantes nas idades de 13 a 15 anos. Os temas gerais discutidos
tôm sido: orientação vocacional, stress na adolescência, relacionamento com pais e ami
gos, alcoolismo e drogas.
2001 2002
Março 10 Março 5
Abril 161 Abril 300
Maio 548 Maio 185
Junho 669
Julho 455
Agosto 816
Setembro 874
Outubro 543
Novembro 685
Dezembro 40
Total geral de atendimentos 5.291.
Total geral em desistência em atendimento individual 1.587 = 30%.
2001 20402
Março 0 Março 48
Abril 12 Abril 61
Maio 176 Maio 144
Junho 153
Julho 153
Agosto 153
Setembro 173
Outubro 198
Novembro 158
Dezembra 58
Total geral de clientes atendidos em grupo 1.487.
Total de desistência 148 =10%.
Local
O trabalho ó realizado numa clinica escola mais precisamente nas salas de grupo
que possuem aproximadamente oito metros quadrados dotados de salas de espelho.
Cadeiras distribuídas conforme a escolha do terapeuta. São locais agradáveis com ar
condicionado e devidamente preparado para o trabalho em questão.
Discussão e Conclusão
Referônclas
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Intervenção
1. Roupas, sapatos e bolsas: "tenho dificuldade em decidir sobre o que ainda posso usar
e me preocupo com o destino das roupas, pois jogar fora é pecado”.
2. Livros: “posso vir a precisar de algum".
3. Jornais antigos sem reportagens Importantes: "guardei pensando que um dia ficaria
melhor e ainda poderia ler".
Considerações Finais
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Transtornos de humor
216 Makilim Nunes Baptista, Nancy lulicta Inocente e Paulo Rogério Morais
mas também que fatores ambientais desempenham um papel importante no desencadeamento
de tais transtornos, já que, mesmo em estudos com gêmeos monozigóticos, a taxa de
concordância não chega a 100%. Para uma revisão dos fatores de risco psicológicos e
sociais da depressão, consultar Baptista & Assumpção Jr.(1999).
Com relação aos aspectos biológicos, ainda são poucos os conhecimentos acu
mulados capazes de explicar adequadamente a fisiopatogenia dos transtornos de humor
(Manji, Drevets & Charney, 2001). Por apresentar manifestações bastante complexas e
até mesmo antagônicas (mania X depressão), acredita-se que os transtornos de humor
estejam relacionados a diferentes sistemas de neurotransmissão e diferentes estruturas
neuroanatômicas (Guimarães, 1999, Manji, Drevets & Charney, 2001). Diversas evidênci
as acumuladas, desde a descoberta acidental na década de 50 dos efeitos antidepressivos
de uma substância que íníbe a destruição de uma categoria particular de neuro-
transmissores, as monoaminas, sugerem que os transtornos depressivos são causados
por anormalidades no metabolismo, liberação ou transmissão monoaminergica (Carlson,
1995). O grupo de neurotransmissores das monoaminas é formado pela dopamina,
noradrenalina, serotonina e histamina (Carlini, 1982).
A hipótese monoaminórgica pressupõe que a depressão seja resultado da defici
ência de tais neurotransmissores, principalmente a noradrenalina e a serotonina, uma vez
que manipulações farmacológicas que aumentem a disponibilidade destes neuro
transmissores resultam em melhora no quadro depressivo (Stahl, 1998).
Sono X Depressão
Uma das principais queixas de pacientes com transtornos de humor são os pro
blemas com o sono, seja para iniciá-lo, mante-lo ou mesmo a sensação subjetiva de ter
tido um sono com pouca qualidade. Como foi abordado anteriormente, alterações no sono
fazem parte dos critérios para o diagnóstico tanto para o episódio de depressão maior
quanto para o episódio de mania (APA, 1995). As alterações no padrão de sono, geral
mente são os sintomas mais precocemente detectáveis dos transtornos de humor, além
de serem também os mais freqüentes (Paprocki e Rocha, 1996). Somente uma pequena
parcela dos pacientes com depressão (10 a 15%) apresenta um sono eficiente e relatam
passar mais tempo na cama. No entanto, Reynolds III & Kupfer (1987), relatam que os
pacientes que compõe esta parcela, geralmente, apresentam os sintomas de retardamen
to psicomotor e de falta de energia
As alterações no sono e as queixas apresentadas por pacientes com transtorno
de humor não são as mesmas em todos os transtornos, por exemplo os pacientes com
transtorno de humor bipolar queixam-se principalmente de hipersonolência, isto é, o ex
cesso de sono ao longo do dia, e a maior parte dos pacientes com depressão maior
queixam-se de dificuldades para iniciar ou manter o sono, ou seja a insônia (Guimarães,
1999). Os pacientes dístímicos podem apresentar tanto insônia quanto hipersonia uma
vez que a distimia não constitui uma grupo homogêneo de pacientes (Paprocki e Rocha,
1996). Sabe-se que as queixas relacionadas ao sono e alterações polissonográficas es
tão associadas a com a severidade da doença, com a resposta ao tratamento, a
vulnerabilidade e risco de ocorrência episódios de depressão (Perlis et al., 1997). Isto
indica que o clínico, ao tratar de pacientes com algum transtorno de humor (ou mesmo
Morande sono
218 Mdkllim Nunes Rdptistd, Ndncy lulietd Inocente e PüuIo Rogério Mordis
B)
alerta
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liorusdc sono
220 Mdklllm Nune* Baptlstd, Nancy Julida Inocentf e P«iulo Rogério Morais
Considerações Finais
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222 Makilim Nune* Baptista, Nancy Julicta Inoccntc e Paulo Rogério Morais
Capítulo 25
Alterações neuroquímicas da depressão
Sandra Obredccht Vargas Nunes1
' PrufoMoni du Pitquiatrla da Untvttraidaòo Fctadual da l ondrina, Moatro om Modkina Intema a Douturanda om Modtdna e Ciência» da Saúda
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Introdução
' Profaaaor Ad|unto da Psiquiatria da Universidade estadual da londrina, coordenadora do grupo da estudo* em palconsuroandocrlnolmunologla da
Universidade Estadual da Londrina
O estresse tem sido associado ao perigo e ativa a amígdala. Por meio das trilhas
que vão da amígdala até o núcleo parventricular do hipotálamo secreta o fator de liberação
de corticotrofina CRF, que é enviado à hipófise, que por sua vez, libera o hormônio
adrenocorticotrópico (ACTH) na corrente sangüínea. O ACTH por seu turno tem uma ação
no córtex supra-renal fazendo-o liberar glicocorticóides no sangue. O cortisol atravessa
livremente a corrente sangüínea rumo ao cérebro onde se vincula com receptores
especializados nos neurônios das regiões do hipocampo e amígdala e também outras
regiões. Graças ao hipocampo, os glicocorticóides inibem a liberação do CRF pelo
hipotálamo. Contudo enquanto estiver presente o estímulo emocional a amígdala tentará
Conclusão
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O sono pode ser definido como um estado fisiológico caracterizado por abolição
prontamente reversível da consciência, por quiescência motora relativa e por elevação do
limiar de respostas ao meio ambiente, que ocorre em episódios periódicos.
O sono é composto por estágios que sofrem alterações no decorrer da noite,
constituído em torno de quatro a seis ciclos sucessivos, cada qual de 90 minutos, com
alternância entre dois estados fisiológicos distintos: sono REM e não-REM (Reimão, 1985;
Reimão, 1997).
O sono REM (Rapid Eyes Movment) é ativo, desincronizado, recebe este nome
por ocorrerem surtos de movimentos oculares rápidos e a maioria dos sonhos. O Nrem é
caracterizado por um ritmo lento dos movimento dos olho, dividido em quatro estágios de
acordo com sua profundidade; parece estar projetado para o repouso, pois a tensão mus
cular, o movimento corporal, a temperatura e o metabolismno apresentam-se reduzidos
(Reimão, 1985; Reimão, 1997; Souza & Guimarães, 1999; Santos et al., 2002).
Os transtornos do sono, especificamente a insônia, devido a sua freqüência na
população geral, representa uma importante fonte de deteriorização do rendimento laborai
e social, produzindo agravos médicos e psiquiátricos (Ribas; Gómez & Rodés 2001).
Estudos prospectivos indicam que a insônia é fator de risco para a depressão,
distúrbio de ansiedade em geral, distúrbio de pânico e abuso de álcool (Martinez, 1999;
Rocha, Lage e Costa, 2001; Alho Filho, 2002).
234 Nancy J. Inocente, Sandra L Calai», Paulo R. Morais, Makilim N. Baptista e Rubens Relmâo
A insônia é o distúrbio comum e pouco diagnosticado nos serviços de cuidados
primários de saúde (Souza, 2001a). Um de cada quatro pacientes sofre algum tipo de
transtorno do sono, sendo que a maioria desconhece que os transtornos podem ser trata
dos (Hernández, 2002).
A insônia é a falta de sono no período, quando por convenção o indivíduo deveria
estar dormindo (Souza e Guimarães, 1999). Trata-se de uma queixa subjetiva de algo de
sono não reparador, ou dificuldades em iniciar ou manter o sono, comprometendo as
atividades diárias. As causas da insônia variam e incluem problemas físicos, sociais,
emocionais, ambientais, higiene inadequada do sono e situações de estresse (Martinez,
1999; Souza, 2001b).
A prevalência da insônia varia na população geral de 12 a 76,3% (Souza, 2001a);
30 a 35,% dos adultos têm dificuldade para dormir e 10 a 15% relatam problemas crônicos
ou severos (Souza, 1999; 2001a), sendo 18, 1% de insônia leve e 16, 4% de insônia
moderada e grave (Rocha Lage& Castro, 1999).
O conceito de insônia é de não dormir ou dormir pouco ou mal durante uma série
de dias. A dificuldade em iniciar o sono é chamada de Insônia Inicial: o paciente se queixa
que não conseguir conciliar o sono ao deitar-se na cama. Dificuldade em manter o sono é
chamada de Insônia Intermediária ou Insônia de Despertares Múltiplos: o paciente dorme
mais ou menos com facilidade, porém, ao deitar-se desperta logo após, concilia o sono
novamente, desperta, resultando em poucas horas dormidas. Por último, o sono excessi
vamente curto: chamado de Insônia Terminal ou de Despertar Precoce, em que o paciente
dorme com relativa facilidade, porém ao chegar nas primeiras horas da madrugada, des
perta e não consegue conciliar mais o sono.
Os transtornos do sono são freqüentes em crianças, sendo que 10a 20% desper
tam habitualmente durante a noite e necessitam de ajuda para dormir. Têm-se associado
distintos fatores com a insônia infantil: complicações peri-natais, estresse familiar, hábi
tos inadequados e dinâmica da relação das crianças com os pais. Dentre os diversos
tipos de transtornos do sono, a insônia constitui em um preditor de risco psicossocial de
primeira magnitude em investigações longitudinais (Pedreira e Martins Álvarez, 2001).
A etiologia da insônia na infância possui causas multifatoriais, sendo um proble
ma habitual em crianças com problemas neurológicos (Estivill et al., 2002; Poley, 2003),
geralmente se observando mais do que uma falta de sono, como uma inadequação entre
o ritmo da necessidade de sono próprio da criança e o seu ambiente familiar e social.
A causa mais habitual da insônia é ambiental, comportamental e de ordem psico
lógica e o diagnóstico da insônia infantil baseia-se na determinação do diagnóstico dife
rencial com parassônias, perturbações motoras do sono e do despertar (Poley, 2003).
O ritmo do sono é a primeira função fisiológica a ser submetida a uma organiza
ção a partir do nascimento (Ranna, 2000; Sirerol, et al., 2002).
Em geral, os pais realizam de forma inadequada o ato de dormir de seus filhos
que favorecem o despertar de forma habitual durante a noite. A maneira mais eficaz é criar
o hábito de sono desde os primeiros meses de vida, cabendo ao pediatra oferecer informa
ção correta aos pais para prevenir estes transtornos (Sirerol et al. 2002).
236 Nancy J. Inocente, Sandra L. Caiais, Paulo R, Morai», Makilim N. Baptista e Rubens Reimâo
Buysse et al., 1997; Souza e Guimarães, 1999; Inocente e Reimão, 2001; Edinger, et al.
2001; 2003; Espie et al., 2001; Smith et al., 2002).
Smith et al. (2002) conduziram uma revisão quantitativa na literatura sobre os
resultados de alguns tratamentos, a fim de comparar a eficácia em curto prazo da
farmacoterapia e da terapia comportamental em insones. Os resultados obtidos mostra
ram que não haviam diferenças de magnitude entre os tratamentos farmacológicos e
comportamentais. A terapia comportamental demonstrou maior redução do tempo de es
pera para dormir do que a farmacoterapia. Os autores concluíram que a terapia
comportamental e a farmacoterapia produzem resultados a curto prazo similares.
Geralmente, as técnicas de tratamento comportamentais são usadas predomi
nantemente em pacientes com insônia primária, que apresentam hábitos de dormir mal
adaptados e aprendidos que precisam ser modificados.
A eficácia do tratamento comportamental para a insônia foi demonstrada em di
versos estudos, utilizando técnicas de controle do estímulo, restrição do sono, relaxa
mento e educação de higiene de sono (Fichten et al., 1994; Edinger et al., 2001; 2003;
Inocente e Reimão, 2001; Espie et al., 2001; Smith, et al., 2002). A seguir serão aborda
das algumas técnicas utilizadas no tratamento da insônia, que devem somente ser aplica
das após uma ampla avaliação de cada cliente.
Controle de Estímulos
Relaxamento
238 Nancy J. Inocente, Sandra L.. Calai», Paulo R. Morai«, Makilim N. Baptista c Rubens Reim.Io
• Cafeína, nicotina são ambas estimulantes do sistema nervoso central e não devem ser
usados 4 a 6 horas antes de ir para cama.
• Álcool é um depressivo e embora possa facilitar o surgimento do sono ele produz inter
rupção do sono.
• Exercícios regulares no final da tarde ou no inicio da noite podem aprofundar o sono;
evite o exercício muito perto do tempo de ir para a cama.
• Minimizar o ruido, a luz e temperatura excessiva durante o período de sono, com protetor
de ouvido, blindagens de janelas ou um cobertor elétrico ou ar condicionado.
Embora os insones sejam geralmente melhor informados a respeito da higiene
do sono eles também se engajam mais em práticas não saudáveis do que aqueles que
dormem bem. Assim, o objetivo da educação da Higiene do Sono não ó só elevar a
atenção e o conhecimento destes fatores, mas promover melhores práticas que favore
cem o sono.
A importância de dormir bem como fator de saúde requer medidas preventivas e
educativas nas diferentes faixas etárias do desenvolvimento humano. Recomenda-se a tera
pia comportamental para comportamentos inadequados ligados aos transtornos do sono.
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242 Püulo Rogério Mordi», Mdkllim Nunes Itaptistd e Sundra I.c jI Cdldis
peculiar, a baixa responsividade aos estímulos do ambiente, além dos comportamentos
associados à procura de um local quieto, seguro e confortável, são algumas das caracte
rísticas deste comportamento.
Com todas estas alterações comportamentais que acompanham o sono, a sim
ples observação e registro dos comportamentos que ocorrem durante este período foi a
primeira abordagem para o estudo do sono. A aparente imobilidade em uma determinada
postura talvez seja a característica observável mais marcante dos períodos de sono. Estu
dos mostram que a postura adotada durante os períodos de sono estão ligadas a fatores
ambientais, como por exemplo a temperatura e o local onde se dorme. A postura adotada
durante o sono é sempre aquela capaz de evitar que o desconforto gerado por eventos
ambientais interrompam o sono. Em ambientes frios, ratos (e humanos também) apresen
tam pronação geral, isto ó, flexionam a cabeça o tronco e os membros sobre o ventre,
enquanto que em ambientes mais quentes dormem estirados. Tais posturas podem ser
alteradas por condicionamento (Schmideck et al., 1972).
Embora a observação do comportamento durante os períodos de sono tenham
apresentado resultados relevantes, as alterações mais marcantes que ocorrem durante
estes períodos não podem ser estudadas a partir da simples observação e registro do
comportamento. Tais alterações ocorrem dentro do organismo, em seu sistema nervoso
central. Durante a primeira metade do século XX, descobriu-se a relação entre algumas
medidas fisiológicas e o sono. Os fisiologistas americanos Loomis, Harvey e Hobart des
creveram, ao longo da segunda metade da década de 1930, alterações eletroencefalográficas
que ocorriam ao longo do período de sono (Timo-laria, [199-]).
Atualmente, o sono também pode ser estudado através da ressonância funcional,
que avalia alterações no fluxo sangüíneo em regiões encefálicas ativadas durante o sono,
e da tomografia por emissão de pósitrons (PET scan), usada para avaliar o consumo de
glicose em estruturas envolvidas com o sono. Mesmo assim, as técnicas eletrofisiológicas
ainda continuam sendo as mais utilizadas no estudo do sono (Timo-laria, [199-]).
As medidas eletrofisiológicas tradicionalmente empregadas no estudo do sono
são o eletroencefalograma (EEG), que registra a atividade do córtex cerebral; o
eletromiograma (EMG), usado para avaliar o tonus muscular; e o eletro-oculograma (EOG),
que monitora os movimentos oculares. Por tratar-se da medida de múltiplos parâmetros
relacionados ao sono, em conjunto, tais medidas recebem o nome de polissonografia
(Guiot, 1996). “
O estudo dos padrões eletrofisiológicos do sono, principalmente os eletroencefalo-
gráficos, forneceram informações que teriam sido impossíveis de se obter a partir da
observação comportamental do sono. Tais pesquisas demonstraram, por exemplo, que o
sono não é um evento único e muito menos uma forma de completo repouso (Brandão e
Cardoso, 1995, Carlson, 1995). O sono, em humanos, é dividido em cinco estágios que
possuem características polissonográficas distintas e funções específicas e que se repetem
em ciclos ao longo da noite. Destes cinco estágios, um estágio apresenta características
muito diferentes das outras quatro, por isso uma divisão mais simplista divide os estágios
de sono em dois: o sono REM (do inglês Rapid Eye Moviment) e o sono não-REM. A
divisão do sono em estágios, embora arbitraria, é precisamente definida pelas características
eletrofisiológicas de cada estágio.
Antes de tratar dos estágios de sono, é necessário abordar o estágio que precede
o sono: a vigília. Durante o período de vigília, ocorrem comportamentos extremamente elabo
rados e a interação e responsividade aos estímulos ambientais ocorrem de forma plena. O
funcionamento do SNC permite a atenção seletiva a estímulos comportamentalmente rele
vantes, concentração em tarefas motoras e cognitivas. Nos períodos de sono isto não acon
tece, exceto em algumas patologias relacionadas ao sono, como por exemplo o sonambu-
íísmo ou a ausência de atonia muscular durante a ocorrência dos sonhos.
Em períodos de vigília, uma pessoa normal apresenta em seu registro eletro-
encefalográfico dois padrões básicos de atividade cerebral. Quando o sujeito encontra-se
de olhos abertos, atento aos eventos ambientais ou pensando ativamente (resolvendo um
problema, por exemplo) a atividade cortical ó caracterizada pelas ondas beta, que são
irregulares, com alta freqüôncia e baixa amplitude (de 13 a 30 Hz). Já quando a pessoa se
encontra descansada, quieta e não está engajada em nenhuma atividade mental ativa, ou
quando está sonoíenta, o córtex cerebral apresenta atividade predominantemente alfa,
que consiste de ondas irregulares, de média freqüôncia e amplitude (entre 8 e 12 Hz).
Cerca de 2% do tempo total de sono ó constituído por este tipo de atividade.
Em um estágio intermediário entre o sono e a vigília, o estágio 1, o córtex passa
a apresentar principalmente ondas teta (entre 3,5 e 7,5 Hz). Durante este estágio, tam
bém chamado de sono leve, e que dura cerca de 2 minutos, o indivíduo apresenta movi
mento oculares rotatórios e pode mesmo abrir e fechar os olhos lentamente. Pode tam
bém experimentar alucinações hipnagôgicas, que sâo experiências sensorials sem
estimulação ambiental que desaparecem se o indivíduo for acordado. Segundo Myers
(1999) tais sensações podem ser incorporadas às memórias. Alucinações deste tipo dão
origem a relatos de visitas de espíritos, deuses ou seres extraterrestres (Sagan, 1996).
No estágio 2, que dura aproximadamente 20 minutos, um relaxamento muscular
mais pronunciado pode ser observado, os olhos não apresentam mais os movimentos
rotatórios e a atividade cortical passa a apresentar fusos do sono (rajadas curtas de ondas
de 12-14 Hz que ocorrem de duas cinco vezes por minuto) e dos complexos K (ondas
súbitas, bem definidas e encontradas quase que exclusivamente durante o estágio 2 do
sono). Bowersox, Kaitin e Dement (1985) sugeriram que os fusos do sono representam
uma atividade cerebral que diminui a sensibilidade a estímulos sensoriais e ajudam a
manter a pessop dormindo. Já os complexos K, ocorrem espontaneamente durante o
estágio 2 do sono, mas podem ser eliciados por ruídos do ambiente.
Os próximos dois estágios do sono compõe o sono profundo e são chamados em
conjunto de sono de ondas lentas. No estágio 3 do sono, inicia-se o aparecimento da
atividade delta, ondas de alta amplitude e baixa freqüência (abaixo de 3,5 Hz), mas ainda
são observadas ondas teta e fusos do sono e, eventualmente, complexos K. Neste está
gio, a responsividade a estímulos ambientais é mínima tornando o indivíduo difícil de ser
acordado. Mesmo os complexos K são difíceis de serem eliciados por ruídos. Não há uma
distinção muito clara entre os estágios 3 e 4 do sono. O estágio 4 do sono diferencia-se do
anterior pela presença maciça de ondas delta. Enquanto o estágio 3 é composto por de 20
a 50 por cento de atividade delta, o estágio 4 contém mais do que 50% de atividade delta
e a supressão dos fusos do sono e dos complexos K. É interessante notar que os episó
dios de sonambulismo se dão no final deste estágio (Reimão, 1996).
244 Pdulo Rogério Mordls, Mdkilim Nunei Baptista e Sdndra l eal Cdidlt
Os estágios 1, 2, 3 e 4 são também chamados de sono sincronizado ou sono
não-REM. A primeira denominação se deve a presença de ondas de baixa freqüência e
alta voltagem, já a segunda foi um definição dada por exclusão a todo sono que não é
REM. A seguir são apresentadas as características desta fase de sono que por muito
tempo escapou da análise dos estudiosos.
Embora os estágios do sono já tivessem sido claramente demarcados na década
de 1930, somente em 1953 foi descrito um estágio de sono no qual ocorria a
descrincronização da atividade cortical e o aparecimento de intensos movimentos ocula
res. Aproximadamente uma hora e meia após o início do estágio 1 do sono, e quando o
sujeito encontra-se em sono profundo, inicia-se um estágio de sono com características
polissonográficas completamente diferentes das dos estágios anteriores. Algumas medi
das eletrofisiológicas apresentam uma mudança brusca. O EEG toma-se dessincronizado,
com aspecto muito semelhante ao observado durante o período de vigília e estágio 1 do
sono. A perda de tónus muscular, uma quase paralisia, pode ser observada no EMG e o
registro do EOG mostra uma atividade irregular, rápida, periódica e com alta freqüência. E,
justamente por causa desta atividade registrada pelo EOG, que Kleitman e Dement deram
o nome deste quinto estágio do sono de sono REM (Dement, 1994). Esta fase do sono
também recebeu o nome de sono paradoxal, por causa da atividade cortical beta que é
característica dos períodos de vigília (Timo-laria, [199-]). É nesta fase que ocorrem aproxi
madamente 75% dos sonhos que são relembrados durante a vigília (Brandão e Cardoso,
1995, Weiten, 2002)
Muitas outras alterações são observadas neste estágio de sono. O córtex motor
apresenta intensa atividade, mas qualquer expressão comportamental desta atividade são
inibidas na região do bulbo cerebral. A despeito da maior parte dos neurônios motores
estarem fortemente inibidos, nota-se pronunciada atividade cerebral, sendo que o fluxo
sangüíneo e o consumo de oxigênio no cérebro mostram-se acelerados. Também ocorre
um aumento na atividade simpática, resultando em variações na pressão arterial, nos
batimentos cardíacos, na respiração, entre outras. Em homens saudáveis, observa-se
ereção peniana, e na mulher ocorre o aumento na secreção vaginal, mesmo quando os
sonhos não apresentam um enredo sexual (Carlson, 1995).
O aparecimento de ereção peniana durante o sono REM, independente de
estimulação sexual ou mesmo do conteúdo erótico dos sonhos, tem sido utilizado clinica
mente para se avaliar as causas de impotência (Sierra, 1996). Através da medida da
circunferência cio pênis ao longo da noite, pode-se descartar causas fisiológicas para a
impotência. É interessante notar que, após descobrirem que são capazes de alcançarem
um ereção, muitos homens apresentam melhora na disfunção erétil sem necessitarem de
qualquer outro tratamento específico (Carlson, 1995).
Outra característica marcante do estagio REM é a intensa atividade onírica, mes
mo em indivíduos que relatam não lembrar de terem sonhado. Quando uma pessoa é
acordada durante o sono REM, esta pessoa apresenta-se alerta e ativa. Se alguém per
guntar o que está acontecendo a esta pessoa, ela provavelmente relatará seu sonho. O
mesmo não acontece se a pessoa for acordada durante os outros estágios do sono (Carlson,
1995, Myers, 1999).
A maior parte dos sonhos relembráveis ocorre durante o sono REM. Os sonhos
que ocorrem neste estágio do sono tendem a ser como uma história, com uma seqüência
Funções do sono
Embora cerca de um terço da vida humana seja gasto com este comportamento,
a ciência do sono não encontrou uma resposta totalmente convincente para explicar por
que o sono é um fenômeno observado em todos os animais vertebrados. Com a exceção
dos efeitos da dor extrema e da necessidade de respirar, o sono é provavelmente o mais
forte impulso na vida dos animais (Carlson, 1995). A privação de sono tem efeitos muito
mais incapacitantes do que a privação de alimento ou bebida. Um indivíduo pode até
mesmo tentar (e conseguir) se suicidar deixando de ingerir líquidos ou alimentos, mas não
atigirá seu objetivo se optar por deixar de dormir, o impulso para dormir será mais forte.
As explicações que existem hoje para esta questão são somente teorias e hipó
tese, uma vez que os resultados dos estudos não são conclusivos. Atualmente, existem
duas teorias que tentam explicar este fenômeno: a) o sono seria uma resposta adaptitativa;
e b) o sono serviria como um processo reconstituinte.
A explicação do sono como uma resposta adaptativa é sustentada por algumas
observações concordantes com as idéias de Darwin, que enfatizava que todas as caracte
rísticas de um organismo (morfologia, coloração e comportamento) possuem função para
a perpetuação da espécie. Levando em consideração a disponibilidade de alimentos e o
risco de ser encontrado por um predador, não parece ser funcional para um animal manter-
se ativo durante todo o tempo.
246 Paulo Rogério Morais, M akilim Nunes Baptista e Sandra Leal Calais
Considerando o ciclo natural de claro-escuro de 24 horas de um dia, os animais,
em geral, tendem a dormir nos períodos que teriam maior probabilidade de serem encon
trados por um predador e menor chance de encontrar alimentos. Períodos de quiescôncia
mostram-se funcionais pois, ao mesmo tempo que evitam os riscos que teriam estando
ativos, os animais gastam menos energia. Animais que possuem esconderijos seguros e
não necessitam de alimento em curtos intervalos de tempo, tendem a dormir mais. Gran
des predadores, como o leão, por exemplo, também passam boa parte do dia dormindo.
Uma regra geral mostra que os animais que estão em uma posição ecológica privilegiada,
isto ó, não precisam temer predadores, ou que necessitem alimentarem-se em intervalos
curtos de tempo, devido ao seu metabolismo acelerado, dormem menos que os demais
animais ou tem curtas ocorrências de sono ao longo do dia (Carlson, 1995, Myers, 1999).
No entanto, existem animais cujo comportamento que apresentam são contrários
à teoria de que o sono seria uma resposta adaptativa, pois aparentemente viveriam melhor
sem dormir. Uma espécie de golfinho (Platanista indi) que vive em águas barrentas no
Paquistão, não possuí visão, mas um sistema de sonar que lhe permite a navegação e a
busca de alimentos. Este animal nunca pára de nadar, pois as fortes correntezas e a
grande quantidade de escombros que é levada pelas águas, certamente poderiam lhe
causar danos se dormisse. No entanto, este golfinho dorme aproximadamente 7 horas por
dia, em breves cochilos que duram de 4 a 60 segundos (Pilleri apudCarlson 1995). Embo
ra a visão destes animais tenha deixado de existir por não ter função, o mesmo não
aconteceu com sono. De fato, algumas espécies de mamíferos aquáticos apresentam um
padrão de sono bastante peculiar, enquanto um dos hemisférios cerebral dorme, o outro
apresenta-se alerta (Ayala-Guerrero & Mexicano, 1996).
A presença universal do sono entre os vertebrados, com clara influência ambiental
em sua ocorrência, sugere que o sono não se trata de uma simples resposta de necessi
dades fisiológicas, mas mostra que ao menos uma determinada quantia de sono deve
cumprir alguma função fisiológica (Carlson, 1995).
A outra teoria afirma que o sono teria a função de recuperar o organismo dos
efeitos do desgaste que ocorre durante o período de atividade. Os estudos que se propõe
a avaliar esta hipótese baseiam-se em procedimentos que teoricamente aumentariam o
desgaste físico ou intelectual dos sujeitos Carlson, 1995). Também são avaliados os efei
tos da privação de sono, tanto em humanos quanto em animais de laboratório.
Estudos com humanos (Home, 1978) mostram que a privação total de sono não
interfere com a fiabilidade na execução de exercícios físicos, além de não existirem evi
dências de uma resposta de estresse fisiológico. Situações estressantes que podem
causar o aparecimento de doenças ou até mesmo danos em órgãos, geralmente são
acompanhadas de alterações fisiológicas relevantes como o aumento da pressão arterial
e os níveis sangüíneos de cortisol e adrenalina (Mills, 1985). As mesmas alterações fisio
lógicas não são observadas em pessoas privadas de sono (Carlson, 1996).
De fato, os efeitos da privação de sono são bastante sutis. Ocorre a supressão
do sistema imunológico (Irwin et al., 1994), além do prejuízo em tarefas cognitivas (Dotto,
1996). A privação de sono também pode induzir estados alterados de consciência, como
o aparecimento de alucinações (Huxley, 1983).
Os efeitos da privação de sono são muito mais drásticos em ratos do que em
humanos. Quando privados de sono, ratos ficam com um aspecto doente, ficam fracos,
248 Paulo Rogério Morais, M dklllm Nunes Baptistd e Sandra Leal Calais
Além das peculiaridades já citadas, o sono REM também parece ter funções
diferentes dos demais estágios de sono. O sono REM parece ter recente origem filogenética,
pois somente animais de sangue quente (pássaros e mamíferos) apresentam, incontesta
velmente, este estágio de sono. E, ao contrário do sono de ondas lentas, o sono REM é
acompanhado de intensa atividade fisiológica. Sujeitos privados seletivamente do sono
REM tendem a iniciar o estágio REM mais rapidamente e permanecer neste estágio
durante mais tempo do que o habitual, um fenômeno conhecido como efeito rebote (Myers,
1999). Este rebote indica que existe a necessidade de uma quantia de sono REM que não
pode ser reduzida. Se a privação causa um déficit neste montante de sono REM, tal déficit
é compensado assim que se permite o sono sem interrupção (Carlson, 1995).
As funções do sono REM são conhecidas somente de maneira incipiente, mas
algumas teorias já acumulam fortes evidências. Snyder sugeriu, em 1966, que a atividade
cortical apresentada durante o sono REM, muito semelhante à atividade apresentada
durante a vigília, permitiria aos animais ficarem mais sensíveis aos estímulos ambientais
evitando que fossem surpreendidos por predadores. Por constituir a maior parte do tempo
total de sono das crianças, e ir proporcionalmente diminuindo com o aumento da idade,
Roffwarg, Muzio e Dement (1966) sugeriram que o sono REM estaria associado ao de
senvolvimento cerebral. Outros pesquisadores relacionam o sono REM aos processos de
aprendizagem e memória. Greenberg e Pearlman apud Carlson (1995) foram os primeiros
a sugerirem que durante o sono REM ocorreria a consolidação das memórias relevantes.
Jouvet (1980) propôs que durante o sono REM ocorreria a adequação de sistemas neurais
responsáveis pelos comportamentos instintivos às exigências e experiências obtidas a
partir da relação animal com o ambiente.
Distúrbios do sono
250 Paulo Rogério Mordi*, M akillm Nunc* Baptista e Sandra Leal Calali
• Evitar refeições fartas antes de ir para a cama;
• Exercícios físicos regulares (mas não logo antes de ir para a cama, pois ocorrerá a
excitação do organismo);
• Evitar o uso de bebidas alcoólicas ou medicamentos com a finalidade de facilitar o ínfcío
do sono;
• Evitar pensamentos estressantes na cama;
• Evitar cochilos durante o dia;
• Em último caso, estabelecer um período mais breve de sono, indo para a cama mais
tarde e/ou acordando mais cedo.
Existe também uma forma de insónia secundária causada por uma patologia do
sono na qual a pessoa não consegue dormir e respirar adequadamente ao mesmo tempo,
trata-se da apnóia do sono. Pessoas com este distúrbio param de respirar em intervalos
irregulares.
Mesmo indivíduos saudáveis apresentam ocasionalmente alguns episódios de apnéia
ao iongo da noite, especialmente pessoas que roncam. Nestes indivíduos, tais paradas
respiratórias não chegam a comprometer a qualidade do sono, pois além de ocorrerem
eventualmente, também são paradas de curta duração. Os indivíduos com apnéia chegam a
apresentar mais de 400 episódios de paradas respiratórias ao longo de uma noite de sono.
Durante o período de apnóia, ocorre o aumento dos níveis sangüíneos de dióxido de carbono
que estimula receptores específicos em neurônios do SNC que provocam a interrupção do
sono para que a pessoa volte a respirar (Carlson, 1995). Pessoas com apnóia do sono são
privadas principalmente do sono de ondas lentas (Averbuch, 1996).
Ao contrário da insônia e da apnóia do sono, que caracterizam-se marcadamente
pelas dificuldades de iniciar ou manter o sono, existe uma patologia na qual a pessoa
sofre de um incontrolável ataque de sono, como sugere a própria etimologia da palavra
que dá nome este distúbio: a narcolepsia (narco- sonolência e lepsy= ataque). De fato,
o sintoma primário da narcolepsia ó a apresentação de períodos de sono intenso a qual
quer momento do dia, em momentos inadequados e até mesmo incompatíveis com o
comportamento de dormir. No entanto ó mais comum que tais ataque ocorram em situa
ções monótonas (Carlson, 1995). Estes ataques de sono costumam duram entre dois e
cinco minutos.
Um outro sintoma da narcolepsia ó a catalepsia, ou o aparecimento súbito da
atonia muscular característica do estágio REM do sono. Diferentemente do ataque
narcolôptico, a catalepsia usualmente é precipitada por fortes emoções ou por esforço
físico inesperado. Outros fenômenos característicos do estágio REM que também estão
presentes em pacientes com narcolepsia são a paralisia do sono (atonia muscular que
ocorre logo antes ou depois do sono normal quando a pessoa já encontra-se deitada) e as
alucinações hipnagógicas (experiências oníricas que ocorrem durante os períodos de pa
ralisia do sono). Em muitos casos, o tratamento medicamentoso dos sintomas da
narcolepsia obtém sucesso, sugerindo a existência de anormalidades neuroqulmicas na
fisiopatologia deste transtorno (Aldrich, 1990).
Considerações finais
Como (jode ser observado ao longo deste texto, o sono e os transtornos relacio
nados a ele são campos abertos tanto para a pesquisa quanto para atuação profissional
do psicólogo. O que a ciência conhece atualmente sobre o sono ainda é muito pouco
comparado com a complexidade deste fenômeno. No entanto, o pouco conhecimento
acumulado já tem repercussões diretas na prática profissional do psicólogo, por exemplo,
sabe-se que pacientes deprimidos que apresentam alterações eletroencefalográficas du
rante o sono são menos responsivos á terapia comportamental cognitiva, existindo uma
clara correlação entre a responividade à psicoterapia e a severidade das alterações do
sono (Thase, Simons e Reynold, 1996). Também já existem evidências validando a
efetividade da terapia comportamental cognitiva para os casos de insônia. (Backhaus e
cols., 2001).
Muito embora algumas linhas teóricas que fazem parte do saber psicológico já
tenham investido, desde o início do século passado, no estudo e uso clínico do sono e de
252 Pdulo Rogério Mordi», M dkllim Nunes Baptiíta c Sandra Leal Calai»
fenômenos a ele relacionado, as novas descobertas e a abordagem clinica baseada em
fatos verificáveis à luz da ciência moderna muito provavelmente trarão benefícios tanto
àqueles que têm problemas diretamente relacionados com o sono, como para Indivíduos
com outros distúrbios que poderão ser melhor compreendidos a partir do estudo do sono.
O psicólogo pode, e deve, aproveitar o sono e seus componentes segundo procedimentos
baseados em evidências.
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Psicólogo experimental a professor universitário da Universidade Braz Cubas Meetre em PstaotoMoola.
Comentários Finais
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Nos últimos dez anos nossa equipe de trabalho tem pesquisado e formulado
modelos de intervenção numa das mais graves psicopatologias que pode acometer crian
ças e adolescentes ao longo de seus processos de desenvolvimentos - o Transtorno de
Estresse Pós-Traumático.
Esta psicopatologia se caracteriza pelo contato, pela exposição, que pode ser
direta ou indireta, com um agente gerador de estresse. É normal que a partir da exposição
a um evento estressante o sujeito exposto desenvolva o quadro de Transtorno de Estresse
Agudo, entretanto, passados trinta dias se os sintomas de estresse agudo se mantiverem
ou evoluírem em intensidade e freqüôncia, estamos diante de um quadro de TEPT (DSM-
IV-TR, 2002).
O TEPT, quando não tratado devidamente, devido seu alto poder de desestruturação
neuropsicológica e conseqüentemente cognitivo-comportamental, pode ser considerada
uma psicopatologia primária, ou seja, a partir de seu desenvolvimento são agregadas
outras psicopatologias do tipo Transtorno Desafiador Opositivo (TDO), Transtorno de
Hiperatividade com Déficit de Atenção (TDAH), Transtornos de Conduta, Depressão e
Fobias, principalmente na infância.
Nosso foco de intervenção e pesquisa tem se voltado a situação de crianças
expostas a violência doméstica. Segundo Perry (1997) os maus-tratos infantis (negligên
cias, abusos psicológicos, abusos físicos e abusos sexuais) são os responsáveis pelas
piores formas de estresse na infância, e ainda são os agentes estressores que mais
desencadeiam o quadro de TEPT na infância.
Sempre foi evidente ao pesquisador que atua junto aos pacientes que desenvol
vem TEPT que esta patologia é deveras debilitante para o sujeito submetido ao trauma,
entretanto, antes do início dos anos 90 ninguém havia encontrado os resultados descriti
vos do efeito de TEPT na estrutura neuropsicológica dos pacientes.
Os exames clínicos, os testes neuropsicológicos, os check lists, nos deixavam
claro que algo de muito grave deveria ocorrer nas estruturas relacionadas às funções
psíquicas superiores dos pacientes examinados. A pergunta que pairava sem resposta
era a seguinte: o trauma psíquico é capaz de gerar alteração na arquitetura neural dos
pacientes com TEPT?
Perry (1997) num artigo intitulado “Encubados no Terror” demonstrou que crianças
vítimas de violência doméstica possuíam um impacto negativo sob seus desenvolvimentos
neurológicos. O autor demonstrou que o cérebro é capaz de alterar sua Arquitetura Neural
em resposta as alterações hormonais motivadas pelo estresse, sendo que numa amostra
de doze crianças severamente maltratadas, sete delas apresentaram atrofia cortical.
Os resultados do autor apontam ainda para diminuição da capacidade de modula
ção da impulsividade nas áreas subcortical e cortical com diminuição das áreas nas crian
ças severamente vitimadas.
NO VA ÁRKAS INFORMAÇÃO
INFORM AÇÃO CORTICAIS APRFNDIDA
ANTERIORMRNTE
ASSOCIAÇÃO
O software foi desenvolvido por nossa equipe a partir do trabalho desenvolvido com
crianças vítimas de violência doméstica, abusos físicos e sexuais, predominantemente no
Pipas/Unisinos, clínica escola da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, RS (Programa
Interdisciplinar de Promoção e Atenção á Saúde).
O trabalho era direcionado ao tratamento do TEPT decorrente da exposição as
situações de violência vividas pelas crianças atendidas em nosso grupo de pesquisa.
A caixa virtual é decorrência de uma caixa real, dividida em compartimentos do
tipo "gavetas" nas quais havia a representação de que as memórias eram como gavetas
que armazenam informações, lembranças (memórias) e que nós poderíamos intervir nes
tas lembranças de modo ativo.
A caixa real era feita de papelão (primeira versão, após madeira com gavetas) e
cada lado seu estava relacionado a memórias diferenciadas. Um dos lados da caixa era a
memória traumática sendo os lados restantes de memórias positivas. Cabia ao paciente
instruído pelo terapeuta e pelo grupo (utilizado inicialmente em grupoterapia) mudar o lado
da caixa, ou seja, acionar outra memória quando evocado o evento traumático.
Desse modo surge o software CM numa primeira versão voltada ao treinamento da
memória traumática conforme a figura representativa abaixo;
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1- Automonltoração
Reestruturação cognitiva
Abordagem da auto-estima
Comentários finais
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' USP-FAPESP.
*U8P
*USP FAPESP
284 Roiemar A . Prota da Silva, No«l J. Dia* da Co*ta t Fdw ijjf* F. df Mattos Silvares
1. A etiologia da enurese
Butler, Holland & Robinson (2001) afirmam que a enurese noturna ó uma condição
multifatorial com várias etiologias, sendo marcadamente prevalente em crianças, afetando
9-13% das crianças de nove anos e 1-2% dos adolescentes e adultos jovens. Segundo
estes autores, as crianças afetadas por esta condição podem se tornar isoladas social
mente, com problemas emocionais e baixa auto-estima. Uma melhora no funcionamento
psicológico, incluindo a auto-estima, tem sido reportada depois de tratamentos bem suce
didos, complementam os autores. Butler et a i (2001) relatam que, apesar de a maioria
dos pais de enuróticos serem suportivos, há um número significante, acima de 30%, que
se tornam intolerantes à enurese noturna de seus filhos. Então, a enurese pode ter um
efeito marcado sobre a dinâmica familiar e as formas de tratamento para esta condição
não podem ser ignoradas.
Djurhuus & Rittig (2002), em revisão da literatura, afirmam que um dos fatores
etiológicos centrais da enurese noturna é a deficiência na secreção da vasopressina mas
que outros mecanismos etiológicos atuam concomitantemente no organismo. O estudo
da capacidade de armazenamento da bexiga tem ganho notoriedade pois este fator tem
provado ser um dos maiores preditores da resposta de tratamento. Vários aspectos do
sistema nervoso central, incluindo capacidade de excitação e reflexos estão em foco e a
genética molecular tem trazido firmes evidências da relação entre a enurese e diferentes
marcadores cromossômicos.
Ainda segundo Djurhuus & Rittig (2002), a despeito dos avanços recentes em
nosso entendimento sobre enurese noturna, nós ainda estamos muito longe da completa
compreensão desta condição cientificamente intrigante e socialmente desconfortante.
Felizmente, contudo, o fato de a enurese ser uma condição heterogénea, que requer
pesquisas diferenciadas, tem servido como embasamento para progressos posteriores.
Butler & McKenna (2002) afirmam que a enurese notuma pode ser uma experiência
devastadora para a criança ou para o jovem pois ela pode levar a sentimentos de culpa,
embaraço e vergonha, determinando esquiva de atividades sociais, um senso de ser diferen
te dos outros, atitude de vitimização e auto-estima baixa. Os pais tipicamente se adequam
ao problema com um senso resignado de falta de ajuda. Segundo os autores, os pais
tendem a acreditar que a enurese não é passivel de controle. Eles tipicamente procuram
explicações causais nas áreas de sono pesado, reatividade emocional e dotação genética.
Houts 0 991) apresenta uma concepção biocomportamental da enurese noturna
na infância apontando dois importantes parâmetros fisiológicos envolvidos: (1) deficiente
liberação circadiana do hormônio antidiurético (ADH) e (2) deficientes respostas muscula
res inibitórias espontâneas. Avanços em pesquisas básicas sobre a patofisiologia da enurese
constituem uma oportunidade para pesquisadores das áreas da saúde e comportamental
identificarem os mecanismos de ação de tratamentos comprovadamente eficazes como o
aparelho de alarme.
O aparelho de alarme para enurese foi usado primeiro por Pfaundler em 1902.0
modelo inicial, não muito diferente do atual, consistia de uma esteira detectora sobre a
286 Rosemar A . Prota da Silva, Noel J. Pia* da Co*la e Fdwiges h. de M a lto * Silvarei
co pode tornar a vida dos clientes infantis e adolescentes muito mais satisfatória por ser
capaz de auxiliar na obtenção do controle da enurese de forma rápida e eficiente.
Explica Silvares (2002) que, além da capacidade de compreensão da racional
do tratamento, ponto essencial para participação da família no processo terapêutico, a
experiência do psicólogo é um fator essencial para a vinculação do cliente à terapia. No
caso da enurese noturna, a disponibilidade de um aparelho detector de urina pode ser
considerado o terceiro fator de sucesso na intervenção, uma vez que possibilita, ao
psicólogo, auxiliar ao cliente enurético em sua dificuldade para obter o desejável contro
le urinário.
4. Enurese e Adolescência
Nappo et al. (2002) relatam que adultos enuréticos afirmam ter relutância em
sair à noite para se divertir, por sentirem a enurese como uma experiência terrível, com
uma influência enorme sobre suas vidas e que complica seus relacionamentos. Se as
sumirmos, segundo os autores, a prevalência de 5-10% na idade de 6-7 anos, e ao
menos 0,5% em adultos, então de 5 a 10% das crianças enuróticas continuarão a
molhar suas camas por toda a vida, caso não sejam tratadas ou não sejam bem sucedi
das no tratamento.
Laberg, Tremvlay, Vitaro & Mont Plaisir (2000) fizeram um estudo com crianças e
adolescentes enuréticos aplicando-lhes escalas que mensurariam o nível de ansiedade e
o índice de adversidade familiar. Os autores consideraram a enurese noturna como uma
parassonia mas não acharam co-relação entre a enurese e a ocorrência de outras
parassonias. O nível de prevalência achado aos 13 anos (2%) é similar à prevalência de
1,5% a 3% achado na população adulta. Os resultados também confirmaram uma maioria
de enuréticos do sexo masculino. O estudo achou relação entre todas as parassonias
estudadas, inclusive a enurese, com altos índices de adversidade familiar. Neste estudo,
não houve correlação entre o nível de ansiedade da criança e a enurese.
Van Kampen (2002) sugere que a terapia de amplo espectro, envolvendo aparelho
de alarme para urina, treino de retenção de urina e terapia motivacional é o tratamento
mais eficaz, independente de idade, gênero, capacidade da bexiga e história familiar do
cliente.
Van Son, Van Heesche, Mulder & Van Londen (1995) utilizaram o aparelho de
alarme para enurese em adultos. O tratamento durou em média seis meses e meio e foi
bem sucedido num seguimento de seis meses em 9 dos 11 clientes participantes do
estudo. O estudo conclui que a cura deve ser uma meta real no tratamento de enurese
para adultos. Os autores relatam ainda que a enurese noturna gera grande desconforto
psicológico e estresse na vida dos adultos enuréticos, e que mesmo assim a literatura
sobre enurese em adultos é muito escassa.
A despeito da grande quantidade de estudos levantados não foram encontrados
trabalhos que comparassem as similaridades e diferenças na avaliação e intervenção
entre adolescentes e crianças, o que caracteriza a proposta deste estudo.
Participaram desse trabalho duas crianças, sendo um menino de nove anos (Mil
ton) e uma menina de oito anos (Sabina) e dois adolescentes, sendo uma moça de 13
anos (Melissa) e um rapaz de 14 anos de idade (Sandro). As crianças foram atendidas
pela terapeuta, primeira autora deste texto. Os adolescentes foram atendidos pelo terapeuta,
segundo autor deste texto e os terapeutas foram supervisionados por Silvares.
Ao início e ao término do atendimento promovemos uma avaliação cuidadosa do
cliente procurando entender melhor suas expectativas e a de seus pais, as conseqüênci
as de seu comportamento de enurese e as relações desta com os demais comportamen
tos do cliente. Após a avaliação, os participantes e seus pais foram orientados sobre a
utilização do aparelho. Neste período foi-lhes explicado de que forma o aparelho pode
ajudar a superar o descontrole vesical.
288 Rosemar A . Prota da Silva, Noel I. Dia* da Costa e Fdwlge* F. de Mattos Silvares
O aparelho de alarme de urina neste tratamento foi empregado como instrumen
to auxiliar. Este consiste em duas unidades: (a) uma esteira de plástico com um sensor
que fica sobre o colchão e sob o lençol. No início do processo de urinar, (b) um alarme
sonoro, que fica na cabeceira da cama, é acionado. O aparelho de alarme para enurese
sinaliza o inicio do processo de urinar. Ao acordar, o cliente percebe os sinais da bexiga
excessivamente cheia, podendo, então, dirigir-se ao banheiro para acabar de urinar,
desligando, antes, o controle sinalizador do aparelho. Volta a dormir, depois de ter a
cama trocada com o auxílio de seus pais e de ter o aparelho ligado novamente (Silvares
& Souza, 1996).
A intervenção comportamental foi promovida de acordo com o modelo triádico,
delineado por Tharp & Wetzel, em 1969, tendo como premissas básicas: a) para que
ocorram mudanças comportamentais positivas, os comportamentos inadequados não
devem ser reforçados, entretanto os comportamentos adequados, sim; e b) as manipula
ções comportamentais, promotoras de mudanças comportamentais devem ser operadas
por quem disponha dos reforçadores (no caso das famílias, isto se aplica, com alta proba
bilidade, aos pais).
Neste trabalho, utilizamos treino familiar de resolução de problemas, segundo o
qual é impossível levar adiante contratos comportamentais sem a participação ativa do
cliente nas contingências determinantes de suas próprias mudanças comportamentais
(Silvares, 1995). O funcionamento sistêmico da família em atendimento e as mudanças
que devem ser geradas para favorecer a aquisição do comportamento desejado no cliente,
no caso, o controle mictório foram focalizados sempre que necessário. Neste modelo de
intervenção não apenas o cliente participa da intervenção, mas também seus responsá
veis, possibilitando-se mudanças na dinâmica familiar a fim de promover alterações
comportamentais no cliente.
6. Relato de Caso
No caso de Milton, a mãe possuía dúvidas sobre sua adequação enquanto educa
dora, pois sentia o filho muito imaturo e dependente para a idade. Estas questões foram
tratadas tanto no aconselhamento psicológico com a mãe como nas sessões de ludoterapia
com a criança. Ao término da intervenção, a mãe passara a achar seu filho com maturida
de adequada pára a idade. Houve mudança no comportamento da criança, que passou a
ser mais independente e responsável, e na auto-estima da mãe, que passou a se julgar
mais capaz enquanto educadora. O follow-up feito por telefone confirmou os ganhos obti
dos com o tratamento.
No caso de Sabina foram tratadas questões referentes à interação mãe-filha e à
ansiedade da menina. Ao término do atendimento, os pais da menina continuaram rela
tando que ela se encontrava como uma criança ansiosa. Depois de sete meses, os pais
solicitaram que a menina voltasse ao atendimento pois estava molhando a cama cerca
de uma vez por quinzena e apresentava mais comportamentos de ansiedade, teimosia e
agressividade. Ela então voltou a ser atendida, estas questões foram trabalhadas e,
tanto os episódios de molhadas como a ansiedade e dificuldade de interação foram
superados.
9. Conclusão
Referências
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1. Introdução
F r t q ü Anela d * Id o a o a (%)
3. Conclusões
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Psicologia e Saúde
Capítulo 34
A Psicologia Comportamental na formação
dos profissionais da Saúde
Qâbríe/ Tarragô Santos'
Como apontam Miyazaki e Silvares (2001), cada vez mais se tornam evidentes os
benefícios proporcionados pela atuação em equipes multi-interprofissionais, nas quais os
1PstcôloQo e Profettwr da Urriversldade de Moo) das Cruzes (UMC). Mestre em Psicologia Experimental. AnáNae do Comportamento peta PUC-8P.
A Psicologia Comportamental
Como bem afirma a sabedoria popular, “quantidade nâo ó qualidade”. Porém, dian
te da complexidade dos fenômenos biopsicossocíais, ó inteiramente legítimo pensar que
quanto mais "coisas" soubermos sobre o comportamento humano, melhor - nesse ponto
vale a pena rever o tratamento que Luna (1998) dá a essa questão: em síntese, quando
falamos em caráter cumulativo da produção científica não necessariamente estamos nos
referindo à cristalização do conhecimento ou à mera superposição de resultados, como
se os produtos da pesquisa devessem ser “somados algebricamente".
Assim, poderíamos julgar necessário a todos aqueles que têm, em alguma di
mensão, o comportamento humano como interface, a permanente ampliação do seu co
nhecimento a respeito das forças controladoras da ação humana.
Já há algum tempo psicólogos de diferentes abordagens vêm chamando a aten
ção para a importância de aspectos emocionais, variáveis cognitivas, histórias de vida e,
sobretudo, combatendo explicações de caráter simplistas e reducionistas. Porém, a
especificidade (ou seria melhor falar em abrangência?) da abordagem comportamental
pode contribuir para um conhecimento que o profissional da Saúde pode/precisa ter, nos
seguintes termos:
Considerações finais
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312 Maria Hitd Zoéga Soares, Cynthia Bor#« de Moura e Helena Bazanelli Prebianchi
Técnica 1. "O Brincar de Módico”: Estratégia de Simulação na Intervenção Psico
lógica com Crianças Hospitalizadas
Maria Rita Zoéga Soares
A presente atividade foi uma das estratégias utilizadas por Soares (2002) para a
preparação da criança para procedimentos módicos. O objetivo principal foi descrever o
314 Miirid Rltd Zoéjjd Sodre», Lynlhld Borges de Mourd e 1Iclend Ba/anelli Prebidnchi
procedimento médico a que a criança seria exposta; possibilitar a verbalização de senti
mentos em relação a essa condição; treinar comportamentos de adesão (ou colaborativos)
e intensificar a relação entre profissional e paciente.
Sugere-se que os materiais utilizados devam incluir bonecas, kit hospitalar de
brinquedo (maleta, estetoscópio, óculos, termômetro, seringa e aparelho para auscultar),
espátulas de madeira, faixa de gaze, esparadrapo, algodão. O material sucata (canudos,
garrafas plásticas, clipes de papel), pode ser explorado para a confecção de embalagens
de soro, máscaras de inalação e escalpo.
As atividades desenvolvidas obedeceram os seguintes passos;
1. Possibilitar que a criança explore materiais lúdicos antes de proceder à dramatização;
2. Solicitar que o paciente desempenhe o "papel" de profissional da saúde e o psicólogo
de paciente;
2.1. Informar que o “paciente" está doente (diagnóstico da criança) e que precisa de trata
mento no hospital;
2.2. Instruir a execução do procedimento médico (auscultar, medir temperatura, observar
garganta com espátula, fazer inalação, dar injeção, fazer curativo e puncionar veia);
2.3. Fornecer modelo de enfrentamento relacionado ao padrão comportamental de ade
são ao tratamento (falar, responder verbalmente, solicitar informação, buscar suporte
emocional, olhar para o procedimento, olhar para outro estímulo e auxiliar na execu
ção do procedimento médico). Utilizar verbalizações do tipo;
"Tio, vai doer ?";
“Para que serve essa fumacinha ?";
"Não gosto de fazer isso";
“Deixa que eu seguro o aparelhinho”;
“Se eu ficar quieto vai acabar mais rápido";
“Se eu olhar para outra coisa não vai ser tão ruim";
“Eu prefiro que minha mãe fique perto."
2.4. Identificar cTpadrão comportamental de "profissional" que a criança está adotando
(agressivo, ausente, atencioso ou autoritário);
3. Trocar de "papel'’ com a criança. Assuma o de "profissional da saúde". Atente para o
padrão de comportamento da criança, com a finalidade de fornecer modelos mais
adequados à situação (respostas que não dificultam ou tendem a facilitar a execução
do procedimento módico);
4. Incentivar a troca de papéis sempre que houver necessidade de melhora em aspectos
relacionados ao padrão comportamental de adesão do paciente. Os comportamentos
concorrentes que a criança apresentar não devem ser discutidos;
5. Permitir o brincar livre ou entre pares para oportunizar novamente a observação do
comportamento da criança diante do brincar com a boneca ou com outra criança.
1.3. Conclusão
316 Maria Rita Zotga Soar«, Cynthia Borjjes dc Moura e I lelena Bazanelli Prebianchl
Os pais por não saberem lidar adequadamente com comportamentos e, principalmente
com os sentimentos das crianças, acabam desenvolvendo ou acentuando problemas que,
muitas vezes, eles mesmos poderiam resolver.
Pais podem atuar como importantes agentes terapêuticos, ajudando a criança a se
desenvolver de forma saudável, conseguindo utilizar os recursos e potencialidade de modo
pleno, podem auxilia-la a crescer como uma pessoa confiante, responsável, que gosta de si
mesma e dos outros. Tais resultados podem ser conseguidos pelos pais mesmo quando
falhas anteriores na educação e na relação afetiva entre ambos tenham ocorrido.
Quando as dificuldades de relacionamento entre pais e filhos aparecem claramen
te na terapia infantil, o terapeuta pode propor que pais e criança, engajem-se num proces
so de aprendizagem de trocas afetivas, de aprender a ouvir os sentimentos e necessida
des uns dos outros e responder a eles de forma acolhedora e empática. Uma vez em
terapia, o espaço psicoterapêutico pode ser utilizado para ensinar formas de contato físico
entre pais e filhos, e sensibilizar para o prazer da companhia um do outro, da troca de
carinho, e da expressão de afeto.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta de estratégia terapêutica a
ser usada na terapia infantil em sessões com pais e filhos: um jogo terapêutico (Moura,
2002) onde não há ganhadores, nem perdedores, pois ambos saem ganhando com o
conhecimento mútuo sobre o que cada um pensa, sente ou faz.
O jogo terapêutico para pais e filhos (Moura, 2002) foi elaborado para ser utilizado
em sessões psicoterápicas conjuntas entre pais e filhos, com dois participantes (criança/
mãe ou criança/pai), sendo que as perguntas são direcionadas para a faixa etária dos 07
aos 12 anos. O jogo é composto por 1 peão, 1 tabuleiro, 1 conjunto com 15 cartões "pais
respondem, criança adivinha", 1 conjunto com 15 cartões “criança responde, pais adivi
nham", 1 conjunto com 15 cartões “tanto faz", 2 conjuntos de fichas de resposta (A, B, C,
D) e 10 cartões "comemoração".
O jogo contém perguntas sobre o cotidiano, preferências e comportamentos dos
pais e da criança. Cada pergunta é seguida de quatro alternativas de resposta, o jogador
da vez deve escolher a resposta que mais se parece com a escolha que seu parceiro faria
naquela situação. Assim, escolhe-se quem começará a jogar:
1. se for o pai (ou mãe) sorteia-se um cartão "pais respondem, criança adivinha", os pais
respondem a pergunta, escolhendo uma das quatro alternativas disponíveis (A, B, C
ou D) e o filho deve “adivinhar" a opção do pai (ou mãe);
2. após ambos terem selecionado a resposta, deverão mostrá-la um ao outro para verifi
car se escolheram a mesma alternativa.
3. na vez da criança, sorteia-se um cartão "criança responde, pais adivinham" e os pais
devem então acertar a escolha do filho;
4. o jogo contém apenas um peão que avança uma casa por acerto; o objetivo é fazer
com que o peão chegue ao final do tabuleiro com o maior número de acertos;
2.3. Conclusão
Este jogo é muito útil na observação dos padrões de interação afetiva entre pais e
filhos, assim como no ensino de respostas afetivas, de contato físico de uma forma lúdica,
descontraída e geralmente prazerosa. Por mais desconfortável que possa ser inicialmente,
cumprir as regras do jogo, o aspecto lúdico parece predominar e facilitar as respostas de
318 M aria Rita Zolgd Soares, Cynthia Borges de M oura e ►telena (W anelli Prebianchi
aproximação entre pais e filhos. A observação das interações durante o jogo pode fornecer
dados diagnósticos importantes para intervenções posteriores em sessões individuais.
Por outro lado, o próprio jogar já se constitui numa condição terapêutica a medida
que promove, ensina e facilita as respostas de aproximação e de conhecimento mútuo.
Após terem passado pela experiôncia promovida por este jogo, os pais relatam que “algo"
muda para eles. Os pais tendem a observar seus “erros" em função de conhecerem pouco
seus filhos, e a condição promovida no jogo deixa claro que as atitudes cotidianas preci
sam ser mudadas.
Este jogo pode ser manejado de acordo com os objetivos terapêuticos de cada
caso clínico, porém os resultados obtidos a partir de seu uso geralmente apontam para
uma melhoria das interações, tanto verbais quanto afetivas, uma vez que promove a refle
xão sobre o quanto pais e filhos realmente se conhecem, a importância do diálogo para o
relacionamento e para a transmissão de mensagens de amor e cuidado, principalmente
dos pais para com os filhos.
As culturas humanas têm na linguagem seu traço distintivo. E, por isso mesmo, a
linguagem ou comportamento verbal é essencialmente um comportamento compartilhado.
O comportamento verbal pode ser ocasionado tanto por estímulos verbais como
por estímulos não-verbais e suas consequências, do mesmo modo, podem ser verbais ou
não-verbais. Considerando as relações interpessoais, o comportamento verbal de quem
fala é o estímulo para o ouvinte e além disso, quem fala pode num momento depois,
tomar-se ouvinte. Como afirma Catania (1999): “...de uma forma ou de outra, a consequência
do comportamento verbal é geralmente uma mudança no comportamento do ouvinte".
No entanto, ainda de acordo com esse autor (Catania, 1999) o comportamento
verbal nunca teria se desenvolvido se não fizesse contato com eventos do ambiente. E
contingências sociais podem ser consideradas como uma espécie de tais eventos
Assim, uma das mais importantes funções do comportamento verbal na manuten
ção e propagação da cultura, é possibilitar que as contingências sociais possam ser
tratadas como regras. Skinner (1974) salienta que o comportamento verbal ampliou a
esfera de ação do ambiente social, pois as regras descrevem as contingências sociais
que, então, não precisam estar presentes para modelar o comportamento.
Skinner (1969) definiu como regra o estímulo discriminativo verbal que indica uma
contingência. Um comportamento controlado por regra é um comportamento que está sob
o controle do estímulo regra, que é um estímulo discriminativo verbal (Baum,1999). Dessa
forma, o comportamento controlado por regras depende do comportamento verbal de outra
pessoa (o falante), o qual descreve para o ouvinte uma contingência, isto é, uma relação
entre ação e conseqüência.
Toda cultura possui suas regras, as quais na maior parte, indicam contingências
sociais. As regras funcionam para mútua vantagem daqueles que mantêm as contingênci
320 M aría Rltd Zoéfla Soares, Cynthia Borges de M oura e ) telena Ba/anelli Prebianchi
adverte que essa propriedade do desempenho instruído é importante para aspectos de
habilidades: o desempenho habilidoso ó aquele em que o comportamento ó sensível às
suas conseqüências momento a momento e portanto, deve ser, de preferência, modelado
pelas contingências.
Tradicionalmente, quando o terapeuta instrui o paciente sobre um comportamen
to, ele espera, que quando este último atender a instrução e desempenhar o comporta
mento no ambiente natural, ocorrerá então, o contato direto com as contingências, que a
partir daí, controlarão o comportamento. No entanto, ao utilizar essa estratégia, o terapeuta
fica limitado pela impossibilidade de controle do ambiente natural e pela história de vida do
paciente. Por isso, estratégias que favoreçam o contato direto com as contingências, na
sessão, devem ser preferidas.
A necessidade de contingências efetivas de reforçamento para aquisição e manu
tenção do comportamento, faz pensar a utilização de estratégias (provérbios, histórias,
anedotas etc) em terapia com o propósito de evocar comportamento pela primeira vez, de
forma que possa ser reforçado pelo terapeuta (entrando assim, em contato direto com as
contingências).
Por não se constituírem em instrução direta, as histórias têm a vantagem de
estarem, a primeira vista, imune às experiências passadas do indivíduo. Utilizadas com o
propósito de instruir sobre um comportamento que ocorre na sessão, poderiam facilitar o
seu contato direto com as contingências.
Se assim como os conselhos, as histórias instruem sobre a relação entre ação e
consequência social, imagina-se que sua utilização como instrumento psicoterapêutico
seria particularmente útil na prática psicoterápica infantil, dado que, a despeito de todos
os avanços tecnológicos as histórias (lidas ou narradas) ainda se constituem em elemen
tos atrativos do mundo das crianças.
A utilização de recursos lúdicos é prática comum entre os terapeutas
comportamentais infantis e a narrativa de histórias tem sido agregada como instrumento
avaliativo para o terapeuta dos comportamentos manifestos e encobertos da criança
(Nalin.1993), assim como para a identificação pela criança de seus comportamentos pro
blemáticos e a modelagem de comportamentos adequados (Salazar,1999).
Contudo, diferentemente, nesse trabalho, imagina-se que o contar história pode
ria ser usado como contingência para o comportamento inadequado do cliente infantil, que
ocorre no contexto da sessão psicoterápica.
O emprego de histórias parece relevante, uma vez que ela se constitui em interes
se característico da faixa etária em questão e faz parte das práticas culturais.
Num dos poucos trabalhos nacionais sobre a atividade de contar histórias, Coelho
(1990) reconhece que a despeito de as histórias agradarem a maioria das crianças, os
tipos de enredo que despertam o seu interesse variam em função da etapa do desenvolvi
mento no qual se encontram.
Assim, o uso da narrativa de história adequada a fase de desenvolvimento na qual
o cliente se encontra,possui ainda a vantagem de não se constituir em elemento punitivo,
nem em instrução direta, a qual às vezes, não é eficaz porque se o sujeito tem uma
história de vida de instruções incoerentes com as contingências em vigor, ele pode apren-
1. A técnica pode ser utilizada para comportamentos inadequados como insultar, burlar
regras de jogos, verbalizações auto-depreciativas e dificuldades discriminativas de con
tingências.
2. Recomenda-se escolher ou criar uma história, cujo enredo apresente tanto o compor
tamento-alvo, como o comportamento adequado incompatível ao primeiro e as conse
qüências sociais de ambos.
3. Ao escolher ou criar uma história, o terapeuta deverá considerar os interesses predo
minantes em cada faixa etária:
De 3 a 6 anos: Histórias de repetição e acumulativas, histórias de fadas.
De 7 a 8 anos: Histórias de crianças, animais e encantamento; aventuras no
ambiente próximo: família, comunidade; histórias de fadas.
De 8 a 9 anos: Histórias de fadas com enredo mais elaborado; histórias humorísticas.
De 9 a 10 anos: Histórias de fadas, histórias vinculadas à realidade.
De 10 anos em diante: Aventuras, narrativas de viagens, explorações; fábulas,
mitos e lendas.
3.3. Conclusão
322 Miirtd Ritd Zoégd Soares, Cynthia Borges de Moura e l irlrna B<i7<inrlli Prebúinchi
Para o clínico, além de se constituir num procedimento de implementação sim
ples, que pode ser utilizado facilmente em qualquer tipo de local onde ocorra o atendimen
to do cliente (consultórios particulares ou instituições), a narrativa de histórias não apre
senta os efeitos indesejáveis da punição; não produz as reações antagónicas às vezes
originadas pelo uso de instruções diretas e está afinada com os interesses e atividades
características da população infantil.
Para os clientes, as histórias podem ser eventos (estímulos) mais agradáveis do
que as instruções diretas, tanto porque se relacionam às necessidades dessa etapa do
desenvolvimento, como também por possuírem uma linguagem indireta, que não tem o
enfoque pessoal, o qual muitas vezes, como demonstra a prática clinica, ó evitado e difícil
para muitas crianças.
Através do contar histórias como técnica psicoterapêutica, o terapeuta
comportamental infantil pode fazer uso científico de uma prática cultural e, portanto, ficar
mais próximo do caráter histórico-cultural que condiciona o desenvolvimento humano.
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326 M aria Rita Zotga Soar«, Cynthia Borges dc M oura e I Iclcna Bazanelli Prcbianchi
.Capítulo 36
Apoio psicológico a famílias de diabéticos
O final do século XX e esse início do século XXI têm sido marcados por grandes
transformações. Uma delas diz respeito aos hábitos da população mundial, especifica
mente os alimentares. Hoje em dia, a alimentação das pessoas está muito mais industri
alizada do que era no início do século passado em que as famílias ainda cultivavam suas
hortas e pomares no quintal de suas casas. Atualmente, o habitual tem sido a alimenta
ção rápida e fora de casa, já que não se tem mais tempo para o preparo saudável do
alimento do dia-a-dia. Infelizmente, isso não se restringe somente aos adultos e tem
atingido igualmente a crianças e adolescentes.
Frente a tais mudanças, tem sido observada, em todo o mundo, a maior prevalência
de doenças como a obesidade e doenças como o Diabetes Mellitus. Conforme os estudos
estatísticos que têm sido desenvolvidos, estima-se que até o ano de 2010 serão 239.3 milhões
de diabéticos em todo o mundo: desses, 23.7 milhões de diabéticos Tipol e 215.6 milhões do
Tipo 2 (Negrato, 2001). Desde o ano de 1994, esse número praticamente duplicou. Os dados
sobre a prevalência de diabetes, especialmente no Brasil, são muito limitados, mas estima-se
que são aproximadamente 5 milhões de brasileiros com diabetes atualmente.
Existem 2 tipos distintos de Diabetes os quais são denominados Tipo 1 e Tipo 2.
Normalmente, o Diabetes Tipo 1 é encontrado em crianças e adolescentes e se caracteriza
pela falência total na produção de insulina pelo pâncreas. Trata-se de um distúrbio de causa
genética principalmente. Os sintomas aparecem de forma súbita: “Boa parte dos portadores
do tipol descobre o diabetes já numa situação de emergência, quando está urinando muito,
comendo muito e mesmo assim continua perdendo peso, sentindo dores de barriga, ânsia
de vômito, fraqueza e indisposição." (Lerário, 2001 p.4) Esses pacientes são também cha
mados de insulinodependentes já que o tratamento inicia-se com a aplicação da insulina
que passa a ser tomada rigorosamente todos os dias conforme orientação módica.
Na tabela 1 estão descritas as queixas mais freqüentes dos pais de crianças até
doze anos, segundo Heller (2000). São elas: dificuldade em fazer o filho seguir a dieta e
fazer os exames de rotina;, aplicação da insulina; medo que o filho se corte; medo que o
filho brinque demais e tenha hipoglicemia; medo do coma, se ele já ocorreu. Estes mes
mos resultados foram observados por Heller e Ribeiro (2002).
As queixas dos pais mostram medo de que o filho se machuque o que é bastante
compreensível já que o diabético apresenta dificuldade de cicatrização e um corte pode
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1PWcôtoga, pó*-gr»òu*òa am Educação EipecéaJ, pí»-ur*Joada em PMcoiogta Clinica Batiavtarlamo Maatra am Admlnlafrav*o da Racuraoa Humano«
Mambro da Socladada RraaM ni da Cirurgia Bariâtrica - inatttuto do Comportamanto a Núdao da Tratamanto a Cirurgia da Obaaidada Môftokln
Obesidade mórbida
Tabela 1.1.
Classificação da obesidade segundo o indice de massa
corpórea (IMC) e risco de doença
(Organização Mundial da Saúde)
IMC (kg/m2) Classificação Obesidade Grau Risco de Doença
< 18,5 Magreza 0 Elevado
18,5-24,9 Normal 0 Normal
25 - 29,9 Sobrepeso I Elevado
30 - 39,9 Obesidade II Muito Elevado
? 40,0 Obesidade Grave III Muitíssimo Elevado
Abordagem terapêutica
Tratamento cirúrgico
"Segundo Cabral (p. 35, apud Garrido, 2003)"... o tratamento clínico da obesida
de mórbida, na maioria das vezes, é frustrante, sendo a cirurgia bariátrica, atualmente,
considerada a mais bem sucedida medida terapeutica, neste caso".
No que se refere a manutenção de peso pelo obeso mórbido, há muitos pacientes
que conseguiram emagrecer e até chegar ao seu peso saúde, após internação prolongada
em spa ou mesmo após meses de tratamento em consultório de endocrinologista, em
psicoterapia, com atividade física, porém os dados da literatura são desanimadores: "ape
nas 20% dos pacientes que emagreceram conseguem manter a perda de peso durante
um ano e depois de cinco anos, apenas 5% dos pacientes conseguem manter seu peso
dentro dos limites aceitáveis (Coutinho, Benchimol, apud Garrido 2003).
Existem várias técnicas cirúrgicas que são utilizadas pelos médicos e discutidas
entre a equipe miritidisciplinar e depois com o cliente com o objetivo de adequação cirúr
gica do paciente. Técnicas Utilizadas (Buckwald, 1984; Halberg, 1979).
Técnicas__________________________________________________
- Banda Gástrica Ajustável no Estômago_______ ________________
- Gastroplastia Vertical com Bandagem (Técnica de Mason)_________
- Gastroplastia Vertical com Bypass Gastrojejunal (Técnica de Capella)
- Bandagem Gástrica Laparoscópica (Lap-Band)__________________
- Derivação Biiiopancreática (Técnica de Scopinaro)_______ __ _____
A equipe que trabalhará com o obeso mórbido (ou cliente bariátrico) dependerá de
suas comorbidades. Geralmente a equipe ó formada pelo clínico e/ou cirurgiões, cardiologista,
pneumologista, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, psiquiatra e a equipe pró-cirúrgico
imediato (que é no hospital): anestesiologista, instrumentadores e enfermagem.
Segundo Cordas,
"Lastimavelmente o profissional de saúde mental, provavelmente mais o psiquia
tra, mas também o psicólogo, teve uma chegada algo tardia ao campo da Obesi
dade ou ‘Obesidades’, como preferem alguns. (...) Não há à luz das evidências
atuais razões para imaginar que a obesidade seja resultado direto de distúrbios
psicológicos; se ultrapassarmos esta barreira onde apenas os desavlsados su
cumbem veremos que as conseqüências psicológicas da obesidade estão relacio
nados com o estigma e o preconceito" (p. 71 apud Garrido, 2003.).
O papel do psicólogo dentro da equipe é de avaliar se o cliente está apto emocio
nalmente para a cirurgia, auxilia-lo quanto a compreensão de todos os aspectos decorren
tes do pré-cirurgico, do prô-cirurgico imediato (hospital) e pós-cirurgico. Analisar e discutir
com a equipe sobre os critérios necessários para a indicação da gastroplastia.
Todo programa, para ser bem sucedido, depende de alguns fatores, na gastroplastia
poder/amos dizer que a equipe e a formação de seu protocolo de atendimento sâo por
demais importantes. Na formação do protocolo deve-se levar em consideração os aspec
tos particulares de todas as áreas; a avaliação sistemática deste protocolo, juntamente
com as características comportamentais de toda a equipe; interesse pelo estudo e desen
volvimento de pesquisas farão uma grande diferença entre as equipes que se propõe a
atender o obeso mórbido.
O sucesso da cirurgia se baseia nâo só na operação como também no fato do
paciente não abandonar o programa pós-operatório de atendimento multidisciplinar e aqui
se salienta novamente a importância do atendimento psicológico, pois ao suprimir a obe
sidade o cliente poderá desenvolver outro comportamento inadequado como forma de lidar
com os conflitos psicológicos.
Resultados
A psicologia, como ciência, tem uma função muito importante junto a estes clien
tes, uma função de ajuda, de ética, de humanização de pesquisa e compreensão, para
que no protocolo destes pacientes haja uma visão bio-psico-social.
O que se espera:
• desenvolvimento de trabalhos preventivos para a obesidade;
• desenvolvimento de pesquisas sobre o tema;
• demonstrar a importância da psicologia dentro da equipe multidisciplinar;
• trabalhar junto aos psicólogos a Humanização e a Ética Profissional.
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Pesquisa
. C a p í t u l o 38
Pesquisa em Clínica Comportamental
Proposta M etod ológica e Resultados
1. Delineamentos de pesquisa
2. Medidas
3. Proposta metodológica
Figura 1. Totais das categorias desejáveis, indesejáveis e peso por sessão do cliente 2 do
primeiro estudo.
Ataques de pânico
0. Vários: apresentou vários ataques na semana (critérios estabelecidos no DSM-IV)
1. Poucos: teve um ou dois ataques na semana
2. Só sintomas: não chegou a ter crises, mas apresentou menos que quatro dos 13
sintomas que fazem parte das características diagnósticas do ataque de pânico, de
acordo com o DSM-IV (ex. falta de ar, formigamento, tremor)
3. Nenhum: não teve nem crise e nem sintomas.
1 2 3 4 5 8 7 8 9 10 11 12
S ta O ii
S2
A
S99ÊÕ 99
O • • Ataque« de pânico
- • — Relacionamento com mando
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Os Documentos
1. Juramento de Hipócrates
' Danttota • PakxXogo. Doutor f n Ptloologl«, pm>m o r da Pitootoflto d« FäcukUriu d» Odontologia da Rradcaba-Unlcamp
’ Patoákjgo. PeequleedordoCwitrodePMquleeeAtendknenluOdonlolôglooperaPacMntw EapwJaia
2. Código de Nuremberg
4. Relatório de Belmont
c) Justiça: Uma injustiça ocorre quando se nega um benefício que a pessoa tem direito
de receber sem uma boa razão ou quando algum encargo é imposto de forma indevida.
Outra forma de colocar esta questão é quem deve receber os benefícios de uma pes
quisa e quem deverá contribuir para a realização da pesquisa? As questões de justiça
tem sido associadas a práticas sociais como punição, impostos e representação
social. Até bem recentemente estas questões não eram associadas à investigação
científica. Elas foram pouco consideradas mesmo nas primeiras reflexões sobre ética
em pesquisa envolvendo seres humanos. Por exemplo, durante os séculos 19 e 20 a
participação de indivíduos como sujeitos de pesquisa recaiam amplamente sobre
pacientes pobres, enquanto os benefícios da melhoria dos serviços módicos era rece
bida por pacientes de clínicas particulares. Ao mesmo tempo, a exploração de prisio
neiros como sujeitos de pesquisa nos campos de concentração nazistas foi condena
da como uma flagrante injustiça. Mais recentemente nos EEUU o estudo Tukesgee
(1932) sobre a sífilis utilizou pessoas negras e pobres da zona rural para estudar o
processo da doença sem tratamento.
As aplicações dos princípios gerais para se conduzir uma pesquisa requer neces
sariamente a consideração das seguintes exigências: consentimento informado, avaliação
dos riscos e benefícios e seleção dos sujeitos da pesquisa. (Belmont Report, 1978).
O Conselho Federal de Psicologia é uma autarquia federal legal, que tem o objetivo
de orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de psicólogo em todo o Territó
rio Nacional. Estas funções estão definidas no Código de Ética Profissional dos Psicólo
gos (Resolução CPF n° 2 002/87 de 15 de Agosto de 1987). No que diz respeito à atividade
científica, este Código apresenta as seguintes diretrizes:
Algumas considerações
Os comportamentos óticos
Atualmente, existem no Brasil 370 Comitês de Ética, sendo que 135 encontram-
se no Estado de São Paulo. Considerando que cada CEP deve ser composto de no
mínimo 7 membros e que estes reúnem-se pelo menos uma vez por mês, pode-se supor
que a cada mês 2590 profissionais e pesquisadores discutem ótica em pesquisa com
seres humanos no país. Além disso, muitos comitês organizam seminários para divulgação
de informação de natureza ótica e/ou treinamento de seus membros. Temas de natureza
ética tem sido abordados em Reuniões Científicas de inúmeras áreas do conhecimento
cientifico. A CONEP publica regularmente "Cadernos de Ética em Pesquisa" e os envia
gratuitamente a todos os Comitês de Ética do Brasil e às bibliotecas das Instituições de
pesquisa. Em agosto de 2000 a CONEP realizou em Brasília o I Encontro Nacional de
CEP's. A discussão sobre ética em pesquisa se amplia gradualmente no Brasil.
Ao final deste ano, no período de 30 de outubro à 3 de novembro de 2002 o Brasil
sediou em Brasília o 6 ' Congresso Mundial de Bioótica. Temas variados como: reprodu
ção humana, genômica e o valor da vida humana, bioótica, vulnerabilidade e proteção dos
voluntários, poder e injustiça na pesquisa com seres humanos, morte assistida, conflitos
de interesse na atividade de pesquisa, clonagem, pluralismo mundial e fundamentos reli
giosos, transplante de órgãos, etc, deverão ser amplamente discutidos por participantes
de diversas partes do mundo. Ató o ponto em que foi possível compreender o programa do
Congresso divulgado pela Internet, não se verifica uma participação significativa da Psico
logia. Todos os temas, sem exceção, envolvem comportamentos humanos e parece que
os psicólogos estão fora dessa discussão. É essencial entender porque isso está ocor
rendo em um país que apresenta uma significativa produção de conhecimento psicológico
e um grande número de psicólogos atuando em áreas de saúde.
Além disso, pesquisadores brasileiros planejam, executam e, as vezes publicam
seus trabalhos sem se preocuparem com os aspectos éticos desta atividade. As agênci
as de fomento (com exceção da FAPESP), departamentos universitários e editores de
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^omportamanto, 2002
Psicólogo o mastro am Psicologia Experimental - PUC-SP
1. Método
Coleta de dados
O questionário foi aplicado de três formas: enviado por e-mail, pelo correio, ou
entregue pessoalmente. Junto com o questionário, foi anexada uma carta com os critérios
para a participaçãb e, no caso do envio por e-mail ou pelo correio, uma segunda carta
continha instruções específicas para preencher o questionário e retornar. Dos 278 questi
onários enviados por e-mail, apenas 31 fizeram parte da amostra. Foram enviados pelo
correio 225 questionários e 155 entregues pessoalmente no X Encontro Brasileiro de
Psicoterapia e Medicina Comportamental, promovido pela ABPMC em 2001, em ambos
os casos um envelope selado acompanhava o questionário para o retorno. Destes 380,
somente 32 foram utilizados na pesquisa. Pessoalmente, foram aplicados mais 24 ques
tionários. Do total de 658 questionários enviados ou entregues, 87 que retornaram se
adequaram aos critérios de participação na pesquisa.
1 D um ocrtraa paaquMNi »cíy» o maarno tama tonan daaanvnMdas. uma p o r GrfxM Tanagô Santo», oom auporvfaNxvWirufcMaorM d# tarapta oumportamaritaJ,
• outra por Marta TereeaNeveado«8«ntoe,comprofeeaonwideAEC.OmeemolnibumwitotolutllzadopaniealrAepwqulsae
2. Resultados e discussão
Caracterização da população
Dos 87 terapeutas comportamentais que participaram deste estudo, 68 (78,2%)
concluíram a graduação na região sudeste do Brasil; 11 na região Sul; apenas 6 nas
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ainda 2 participantes concluíram a graduação no
exterior, mas atuam profissionalmente no Brasil. A maioria dos participantes (93,1 %) fez
ou está fazendo pós-graduação, em maior concentração em cursos de mestrado e relaci
onados á Análise do Comportamento. O conhecimento ou o contato com a abordagem
behaviorista também fica implícito em 87,3% dos participantes que são sócios da ABPMC,
em 56,3% que citaram Skinner como referência para analisar casos clínicos, e em 54%
que indicaram o behaviorismo radical como referencial teórico para orientação na prática
clínica. Em relação à atuação profissional, 66,6% dos participantes têm atividades docen
tes além da clínica e 31 % são exclusivamente terapeutas.
Categorias Concepções
0 behaviorismo radical é influenciado por Skinner e se diferencia dos
behaviorismos de Watson, Hull e Tolman.
0 behaviorismo nâo predomina no Brasil.
Consensuais Os behavioristas:
• estudam eventos privados e tôm interesse por fenômenos que não são
diretamente observáveis;
• utilizam o método experimental para estudar comportamentos humanos
complexos;
• não tém concepção mecanicista de ser humano;
• podem utilizar dados obtidos em laboratório com animais infra-huma-
nos para compreender o comportamento humano;
• desenvolvem intervenções socialmente relevantes e não se restringem
a populações específicas;
• reconhecem a singularidade do indivíduo;
• defendem que a punição não seja utilizada.
Os behavioristas:
• explicam as realizações criativas e a linguagem;
Predominantes
• acreditam que o reforçamento positivo ó mais efetivo do que a punição;
• questionam o livre-arbltrio e afirmam que o ser humano nâo ó
autodeterminado;
• nâo utilizam necessariamente análises estatísticas rigorosas;
• defendem a construção de teorias e descartam a utilidade de constructos
hipotéticos para a Psicologia;
• acreditam que fatores genéticos desempenham um importante papel
no comportamento humano.
Os behavioristas:
Polêmica • acreditam que todo o comportamento pode ser explicado em termos de
respostas a estímulos ( 65,5% F X 26,4 V);
• acreditam que qualquer comportamento pode ser modelado. (62,1% V X
29,9% F).
Sublinhe ou indique as partes do texto que você considera importantes para justi
ficar sua resposta acima.
Explique por que você selecionou essas partes do texto?
Podemos observar, na Tabela 1, que entre os 29,9% dos participantes que afirma
ram que os behavioristas acreditam que nem todos comportamentos podem ser modela
dos, 10,3% só destacaram a ontogônese na determinação do comportamento; entre os
62,1% dos participantes que têm a concepção de que os behavioristas acreditam que
qualquer comportamento pode ser modelado, 22,9% destacaram a importância de fatores
orgânicos, hereditários ou genéticos na determinação do comportamento, quando respon
deram a questão aberta.
Estes dados indicam que o conceito de filogênese não está claro para 62,1%
dos terapeutas comportamentais que participaram deste estudo. A noção de que a
modelagem de comportamentos depende de fatores filogenéticos ó difícil de ser com
preendida, mesmo entre aqueles que destacaram a importância da determinação
filogenética quando comentaram o trecho de Skinner (1972). Este "mito" de que qual
quer comportamento pode ser modelado apareceu em alunos de todos os niveis acadê
micos, pesquisados anteriormente por De Bell e Harless (1992), e apareceu também no
presente estudo em que foi observada a presença desta concepção em profissionais
que, em alguns casos, já terminaram o doutorado ou já têm mais de vinte anos de
experiência com o behaviorismo radical. É necessária a investigação, em estudos futu
ros, das variáveis que incidem sobre esta concepção em psicólogos, uma vez que,
como observou Lamal, ela se mostra 7mune à mudança, mesmo depois do curso em
Análise do Comportamento” (Lamal 1995, p. 178).
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Mótodo
Participantes
Participaram desta pesquisa 50 estudantes universitários, cursando o 4oou o 5o
ano do curso de Psicologia da PUC - SP.
Material
Local
O experimento foi conduzido em uma sala do Laboratório de Psicologia Experi
mental da Pontifltíla Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP.
Equipamento
Foram utilizados um computador (notebook, marca: COMPAK e modelo: ARMA
DA 7400), uma filmadora e um software, já desenvolvido especialmente para a primeira
replicação desta pesquisadora do estudo de Matute (1995) (Di Rienzo, 1999).
Procedimento
Sessão experimental
Todos os participantes foram submetidos às seguintes fases experimentais, com
exceção do grupo controle, que não participou da primeira fase.
Fase 1
O objetivo desta fase foi verificar se participantes, expostos a eventos aversivos
cujo término independia do responder, desenvolveram algum padrão de respostas motoras
que poderia ser caracterizado como supersticioso.
Dos 40 participantes submetidos a esta fase experimental, 21 apresentaram
desempenhos classificados como supersticiosos. Estes desempenhos foram caracteri
zados como o participante não parar de responder até o final da sessão experimental,
pressionando a tecla F1 ou combinações da tecla F1 com outras teclas durante a apre
sentação do som. A Figura 1 apresenta um exemplo de desempenho classificado como
supersticioso.
P a r t ic ip a n t e 7 - g r u p o 7 5 - L
t « m p ii ( * » k )
Fase 2
Durante esta fase, foram apresentados sons com duração máxima de 5 segun
dos. O término dos mesmos podia ser controlado caso o participante apertasse a tecla F1
Referências
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' Trabalho apreaentado no XI Encontro Anual da AaaoctaçAo BraaMMra d« Rucotarapta e Medkina Comportamental (ABPMC)
' O daaenvoMmanto do programa aók i poaatvol graças aoauxlko recattdo da UntvMaidada da 8Ao Pauto por maio doa Programas SlAfc (Sistema Integrado
^eApok>aotnalno)an)auaaadlçAaada 1DBA «2000
t BoleJata Produtividade em Paaqulaa CNPq.
4Doutorando«, bolsistas FAPF8P
O aplicativo VERBAL 2.0 teve origem na versão 1.51 (Tomanari, Matos, Pavão e
Benassi, 1999), posteriormente aprimorada na versão 1.62. Basicamente, o aplicativo
expõe o participante à tarefa de construir frases. Uma sessão experimental é iniciada e
finalizada com a apresentação de quadros de mensagens textuais nas quais o
experimentador pode fornecer informações ao participante (instruções ou agradecimen
tos, por exemplo).
Iniciada a tarefa, é apresentada, no decorrer da sessão, uma seqüência de verbos
no tempo infinitivo; para cada um deles, uma frase deve ser elaborada. A construção das
frases é feita por seleção de seus componentes - pronome, tempo verbal e complemento-,
os quais são apresentados aos participantes já nas formas gramaticalmente corretas. Na
ocasião da configuração da sessão, o experimentador insere todos os elementos que irão
compor o rol de elementos que estarão disponíveis para as escolhas dos participantes.
A aparição do verbo no Infinitivo, na parte centro superior do monitor de vídeo,
marca o início da construção da frase correspondente (Figura 1). Simultaneamente à
apresentação do verbo, aparecem também na tela três menus tipo pop-down, alinhados
lado a lado, e situados logo abaixo do verbo, na região central da tela. O menu mais à
esquerda, o primeico a ser disponibilizado à seleção, apresenta uma lista contendo seis
pronomes [EU, TU, ELE(A), NÓS, VÔS, ELES(AS)], dentre os quais um deverá ser
selecionado pelo participante por meio do mouse (Figura 1, Painel Superior).
Feita a seleção de pronome, este menu é imediatamente desativado. O menu
central torna-se então disponível para seleção de modo que, acionado, expõe uma lista
contendo o verbo da frase corrente conjugado em seis diferentes tempos verbais. Em
função do pronome anteriormente selecionado pelo participante, os verbos são apresenta
dos devidamente conjugados. Por exemplo, dada a seleção anterior do pronome EU,
podem aparecer como opções no menu de tempos verbais ANDO (presente), ANDEI (pre
térito perfeito), ANDAVA (pretérito imperfeito), ANDARA (pretérito mais que perfeito), AN-
A tarefa axacutada por VERBAL 2 0 1 um« vormâoftfcmiattzada daquata propnrf» por Mato* a Tomanari (2002), a qual por mm wst, tora sugerida por SKÍnn*»
(1967), lmplamr»ntada por Kraaner (1968), a daaanvoMda no IPUSP, am tua varaio manual didática, com a parttdpaçAo da Maria da Louftfa» PaMos, Katta
Damlanl a 8érglo Dia« Ctrlno (Mato«. CWno, Paaaoa a Damtanl a Frochtengartan, 1905)
380 Qerton Yukio Tomanari, Ivan Carlos Pavio e Marco* de Toledo Renassl
DAREI (futuro do presente) e ANDARIA (futuro do pretérito)6, não nesta seqüência, neces
sariamente, como as seis opções de tempo verbal dentre as quais o participante deverá
selecionar uma (Figura 1, Painel Central).
100
le«nbnr
**» I.\ ..... .
►
100
lembrar
asftw J
Figura 1. Telas do computador que ilustram a seqüência de elaboração de uma frase por
meio da execução do aplicativo VERBAL 2.0. Verbos no tempo infinitivo são apresentados
na parte centro-superior da tela. A cada um deles, o participante constrói uma frase a
partir da seleção de um dentre seis pronomes (Painel Superior), seguida pela seleção do
verbo em um dentre seis diferentes tempos verbais (Painel Central) e, finalmente, pela
seleção de um dentre seis possíveis complementos (Painel Inferior).
* A Mentia ck» lampo» v*rb«M« ò*v» tar M a c^jkiackma • crt«rk»ainante p*(o ax{>»if1m*nt»òor no morrwrtn am que oonflgixn o exporlmanto, pota, naLInou*
Portuguaaa.héftaqOantarnantatomMaiootncIdanlaaarndNfantaalanvuavartiata Por «xamplo. o» tampa» v rtiata Praaanta a PraMrtto PorWto aprnanntarri
• maama oon|ugaçfc> para ■ primalra paaaoa do plural (nôa), bam como o Pratérito Partalto apnwanta ■ maama oon|ugaçAo do Pratéito>Mal» Quo Portalto
na taroatra paaaoa do plural (alaa). Evitando. portanto, o uao doa PratArttoa Partalto a Mala-Qu» ParMto, tamoa adotado am n ou a prática corranta oa
■•OiinlaatampoavwtMla.PrManla, PratériloknparWk), FutuodoPraaonta, Futuro do Pr^édlo, PartfclptaPaaaacto(oorT)Ovart»auxH^h»vw)oG<injndto
Muito bem!
Relatório de sessào
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C onflguravlo (P adrlo IU ) N* d * va rb o i 0
Parti olparta HJT N*d * va rb o i n t llr th t d * b u * Into. 0
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O aplicativo permite que, dentro das linhas gerais acima apresentadas, diferentes
variáveis envolvidas no comportamento verbal possam ser controladas experimentalmen
te, assumindo papéis de variáveis independentes. O planejamento das diversas opções de
pronomes, verbos e complementos fazem parte da tarefa de configuração da sessão ao
cargo do experimentador.
384 Qerson Yuklo Tomanari, Ivan Carlos PavÜo e Marcos de (oledo Benassi
do. O experimentador pode estabelecer o valor com o qual o contador de pontos iniciará
a sessão (ou da fase de reforçamento, caso esta seja precedida por uma condição de
linha de base na ausência de conseqüências diferenciais). No caso de contingências
que envolvam o decréscimo de pontos, o experimentador deve atribuir um valor inicial de
pontos adequado às condições planejadas, pois o contador de pontos não admite valo
res negativos, menores do que zero. A utilização de pontos como conseqüência permite
que a magnitude desta seja manipulada experimentalmente.
b) Frases, palavras e imagens - O experimentador pode estabelecer frases, palavras ou
imagens como conseqüências diferenciais (Figura 2).
c) Estímulos sonoros - Isoladamente ou acompanhando as conseqüências diferenciais
estabelecidas por pontos, frases, palavras ou imagens, o aplicativo permite o uso de
estímulos sonoros como conseqüências diferenciais ou não.
Informações Técnicas
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A inibição latente foi inicialmente observada por Lubow e Moore, em 1959. Anali
sando os procedimentos experimentais utilizados para estudar a aprendizagem latente e
JApnmdl7«o«Kn latorto. foi damonatrada por ThlatJe<hwalta (1961) em um labirinto oorruataaprtvadoa de aHmento O» anlmala, dMdkk» em tré* Qfupoa
oxperimontala. Unham da percorrer um labirinto Para um grupo d« anlmala havia aampre «Imanto no compartimento d« chagada, para o aegundo (W * ’
o almento aó ara IntroduAki na décima tentativa, a para o taroetro grupo nunca havia rtmarto no compartimento da cfcegada O autor obeetvou que o* rat»
do aegundo grupo, embora Kvaaaam demonetrado alavario nOmaro da aníadea noa baooa iam aatda, igual aoa ratoa do ten»tro grupo no Inldo da aeaaâo
expertnental, paaaaram a paroonaro labirintocom tlopoucaaentrad— noa beooa tem aaldaa quanto o grupo que aampre enountmva almento ThtoltothwaKa
Interpretou eaaa reaultado afirmando que a aprendizagem no aagundo grupo floou latente* al* a Introdução do reforço, ou ae|a, o que havia «Wo aprendklo
aó fot demonatrado com a Introdução do almento (Catanla, 1990)
Pré-condldonamenlu Mnaorial. toi deão*), primeiramente, por WHftud Uruyilon em 193B, atnivé* de um eatudo «obre o «farto da oombtnaçAo da oetlmuk*
neutro* «obre o condldonamentu «ubaeqtíente. Brudgan conduziu um oxptxtmento em que dote eetlmuloe neutro« (tom e luz) aram almuttinoa e ropotkln
mania apreaentadoa aam reforço a cachorro* Em «eguàla um deeaea (p ex., tom) em paraado com um choque (US - eetlmulo Incondicionado), adquirindo
a capacidade de aMdar um reflexo da movimenta (flexto do pema), tomandon» um eetlmulo condicionado (CS). Apôe o pareamerto do tom com o choquo,
o outro aetlmulo (luz) ara apraeentado ao animal. O autor obaorvou que a luz ara capaz da aNdar a raapoata condicionada (CR) apesar de nunca ter «Ido
pareada como choque AeaaeefetoBrodgandeuonomedapMt^ondkionamenloaeneorial (Cataria, 1800, Chance, 1994)
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A atenção
“Milhões de itens que sSo apresentados aos meus sentidos nunca in
gressam propriamente em minha experiência. Por quê? Porque esses itens não
sào de interesse para minha pessoa. Minha experiência ô aquilo que consigo
captar... Todos sabem o que ó atenção, ê o tomar posse pela mente, de modo
claro e vívido, de um entre uma diversidade enorme de objetos ou correntes de
pensamentos que ocorrem simultaneamente. Focalizaçào, concentração da cons
ciência sâo a sua essência. Ela implica abdicar de algumas coisas para lidar
eficazmente com outras." Willian James (1890)
tPrata Aaeociada Doutora de FlalofcjQia, Centro de Ciéndae de Saúde, UnJvereldede SAo Franctaco
}Prata. Livre Docente, reeponaAvel peio Laboratório de SMemae Neurata e Comportamento. Departamento de FMologta e Btoflaloa - IB, UNICAMP.
Prof Ad|unto da Faculdade Míitropolltana de Boto Horizonte, Meetre em Farmaootogta (UFMG), Doutor em Neorodêncla» (UL P) e Pateobtotogia (U8P
RP), ResIdAncla médica em Palquiatrla (UFMO)
400 I lana Uns M elo, Flenlce A . de Moraes Ferrari e Joâo Vlnicius Salgado
relação de contingência entre um ruído e a alteração ocorrida em um placar eletrônico,
sendo que metade dos sujeitos foi pré-exposta ao ruído. AIL ocorre se os sujeitos pré-
expostos ao ruído necessitarem de mais tentativas para aprender a regra (o ruído sem
pre precede a alteração no placar) do que o grupo não pré-exposto. A maioria dos estudos
de IL em pacientes com esquizofrenia ou em sujeitos com personalidade esquizotípica,
como também estudos farmacológicos com voluntários sadios, utilizaram esse tipo de
procedimento.
A tarefa de aprendizagem de regras ó muito diferente do procedimento de SC
utilizado em animais de laboratório. Na realidade, eles são similares apenas no fato de
que ambos envolvem uma fase de pré-exposição seguida de uma aprendizagem
associativa. Todos os outros pormenores diferem, especialmente o emprego de estí
mulos aversivos com forte significado biológico, como o choque elétrico, na SC, en
quanto na aprendizagem de regras o comportamento é motivado meramente pelo de
sejo de completar a tarefa com sucesso. Além disso, esse procedimento necessita de
uma tarefa de mascaramento para evidenciara IL. Lubow (1989) argumenta que nor
malmente os seres humanos conseguem reconhecer a mudança da fase de pré-expo
sição para a fase de teste e assim o efeito da pré-exposição é reduzido. Na ausência
da tarefa de mascaramento apenas crianças abaixo de seis anos de idade evidenciam
IL no procedimento de aprendizagem de regras (Lubow, 1989). A tarefa de mascaramento
seria usada com o intuito de engajar a atenção dos sujeitos e prevenir esse artefato.
No caso, a tarefa de mascaramento consiste em contar sílabas sem sentido apresen
tadas durante a pré-exposição.
Além da falta de semelhança com os procedimentos usados em animais de
laboratório, a tarefa de aprendizagem de regras apresenta outros inconvenientes para
testar a IL em pacientes com esquizofrenia. Primeiro, a aprendizagem ou se dá muito
rápido ou simplesmente não ocorre (Lubow, 1997). Tal padrão de resposta pode produ
zir valores baixos (efeito piso), de tal forma que o desempenho um pouco abaixo do
normal resultará em resultados extremos. Isso é particularmente indesejável em tes
tes com pacientes esquizofrênicos. Segundo, em virtude da utilização da tarefa de
mascaramento, esse procedimento envolve na verdade duas tarefas, o que dificulta
aplicá-lo e interpretá-lo em pacientes com esquizofrenia. Terceiro, o procedimento
inclui a estimativa de uma regra de contingência, função cognitiva sabidamente altera
da em pacientes delirantes (Garety et al., 1996), como os portadores de esquizofrenia
em fase aguda.
Lubow (1997) propôs um procedimento de busca visual como alternativa ao proce
dimento de aprendizagem de regras. Nele, pacientes com esquizofrenia apresentaram IL
limítrofe. Apesar de algumas vantagens potenciais (Lubow, 1997), trata-se de um procedi
mento que, além de requerer tarefa de mascaramento, também está muito distante dos
modelos de IL utilizados em animais.
Vaitl e Lipp (1997) produziram abolição da IL em pacientes esquizofrênicos não-
medicados, por meio do procedimento de respostas condicionadas eletrodérmicas. Em
bora seja modelo mais próximo dos utilizados em animais, o padrão não-usual e inconsis
tente de respostas eletrodérmicas em pacientes com esquizofrenia pode desafiar a valida
de desses resultados (Ohman, 1981).
402 liana l.ins M elo, Henice A . de Morae* Ferran e Joáo V iníciui Salfjado
Tarefa da Torre de Toronto
404 Liana l.ln i M elo, Henlce A . de Moraes Ferrari e Joâo Vinícius Salgado
PRE-EXPOSIÇÃO AQUIStÇAp. . j TESTE
GRU (P E )
5 apresentações 3 apresentações
do som StSBÇs do som
G R U P O N Â O P R E -E X P O S ' 0 (N P E )
Grupo PE „ „. Fr
Fase de pró-exposição:
O EC é apresentado cinco vezes como se segue: ao final do quinto movimento da
5" tentativa, ao final do terceiro movimento da 8* tentativa, ao final do quarto movimento da
10atentativa, ao final do segundo movimento da 11atentativa e ao final do quarto movimen
to da 14atentativa.
Fase de aquisição ou condicionamento:
Ao final do quinto movimento da 18atentativa, o EC é apresentado imediatamente
seguido pelo El, não ocorrendo qualquer intervalo entre os dois estímulos, Essa apresen
tação de estímulos corresponde, portanto, ao pareamento EC-EI.
Fase de teste:
O EC ó apresentado, isoladamente, trôs vezes como se segue: ao final do tercei
ro movimento da 22atentativa, ao final do quarto movimento da 24atentativa e ao final do
segundo movimento da 26atentativa
Grupo não pró-exposto:
No grupo não pré-exposto (NPE) o procedimento é idêntico ao utilizado no grupo
pró-exposto (PE), exceto pelo fato de que, durante a fase de pré-exposiçào, não ocorrem
apresentações do EC.
Os grupos são comparados em função da perturbação provocada pelo EC na fase
de teste. O EC, na ausência de condicionamento prévio, usualmente não interfere na
realização da TTT (Vidal, 1996). O El, por outro lado, ó aversivo e provoca perturbação que
corresponde à supressão temporária das atividades em curso. Essa perturbação provocada
pelo El se traduz, em 100% dos casos, pelo aumento no tempo de um ou mais dos quatro
movimentos que se seguem ao estímulo. Na maioria dos casos, a perturbação ocorre no
segundo movimento pós-estfmulo. Porém, no caso de um sujeito muito rápido, ela pode
ocorrer no terceiro ou no quarto movimento pós-estímulo. Inversamente, se o sujeito for
muito lento, a perturbação pode ocorrer no primeiro movimento pós-estímulo (Vidal, 1996).
Assim, para avaliar a perturbação provocada pelo EC na fase de teste, adota-se o valor em
segundos do maior dentre os tempos dos quatro movimentos posteriores ao estímulo.
Essa medida é chgmada de “latência de movimento pós-estímulo" (LAMPE). Foi estabe
lecido o valor máximo (tempo de corte) de quatro segundos para a LAMPE. Experimentos
pilotos mostraram que a maioria das respostas se situam entre 1 e 4 segundos, e que um
valor eventualmente obtido acima do tempo de corte geralmente não traduz apenas a
perturbação pelo estímulo, mas também fatores associados, como comentários do sujei
to a respeito do estímulo ou a queda da argola no chão.
Na comparação entre as LAMPEs uma diferença significativa entre o grupo NPE
e o grupo PE indica a presença de IL no grupo PE, pois a diferença entre estes grupos
ocorre na fase de pró-exposição. O grupo PE recebe cinco apresentações do EC e o
grupo NPE não recebe apresentações do EC.
No estudo de validação do modelo (Salgado, 2000a) utilizou-se um terceiro grupo
experimental, o pseudocondicionado (PS). O grupo PS é idêntico ao grupo NPE exceto
406 Liana Lins M tlo , fcfenice A . de Moraes Ferrari e /oáo Vinícius Salgado
pelo fato de o CS ó apresentado sem ser pareado ao El. Ele serviu para verificar se o
aumento da LAMPE no grupo NPE é uma forma de condicionamento pois a única diferen
ça entre os grupos PS e NPE ó a presença da associação EC-EI no grupo NPE. Esse
condicionamento seria uma forma de supressão condicionada, pois se traôuz por supres
são do comportamento em curso (Estes e Skinner, 1941). Nesse estudo as LAMPES do
grupo NPE foram significativamente maiores que aquelas dos grupos PE e PS, as quais
foram semelhantes entre si. Esse resultado indica a presença de supressão condicionada
no grupo NPE e de IL no grupo PE.
Salgado et al., (2000b) verificaram o efeito da anfetamina sobre a IL pelo procedi
mento da TT. Foram utilizados três grupos PE (anfetamina 5mg. anfetamina 10mg e placebo)
e três grupos NPE (idem). A análise dos resultados mostrou que os grupos NPE não
foram afetados pela anfetamina. Os grupos 10 mg PE, por outro lado, mostraram valores
de LAMPE significativamente maiores que os demais grupos PE. Isso significa que a
anfetamina não afeta o condicionamento, mas na dose de 10 mg, abole a IL. Esse estudo,
portanto, constitui importante validação farmacológica para o procedimento da TT pois
mostra que a IL, como nos experimentos com animais de laboratório, é abolida pela
anfetamina.
Conclusões
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O conceito de qualidade de vida vem sendo estudado há muitos anos sob pers
pectivas diversas, tais como a filosófica, a sociológica e a médica. Este conceito é bem
amplo e abrange muitos aspectos da existência do indivíduo, como os culturais, os esté
ticos, os políticos, os econômicos e os ecológicos. Sendo assim, não há um consenso
sobre sua definição.
Atualmente, há um interesse crescente no estudo da qualidade de vida em geral,
principalmente da qualidade de vida relacionada à saúde. Na ausência de um conceito
universalmente aceito, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reuniu diversos especia
listas de nacionalidades diferentes e conceituou a qualidade de vida a partir de sua defini
ção de saúde (Fleck, 2000).
Os transtornos de ansiedade correspondem aos transtornos mentais com maior
prevalência na população (Mendiowicz e Stein, 2000). Diversos estudos demonstraram a
ocorrência de deterioração da qualidade de vida destes indivíduos, variando sua gravidade
com o tipo do transtorno.
O transtorno obsessivo-compuísivo (TOC) é um exempío de transtorno de ansie
dade de evolução crônica e de difícil tratamento, que causa um prejuízo substancial no
funcionamento do indivíduo, gerando um grande sofrimento tanto para os pacientes quanto
para suas famílias (Hollander e cols, 1996). Não há ainda muitos estudos sobre a qualida
de de vida dos pacientes com TOC, nem tampouco sobre a influência dos diversos tipos
de tratamento em suas diversas dimensões.
•UFRJ
412 l&dbfJd IX Soarei, Bernard Rangé, M<i uro V . M rn d tn v ío , Leonardo h bonteneile, Carlos A . A . Perríra
Qualidade de vida relacionada à saúde
A relação entre saúde e qualidade de vida vem sendo estudada desde o nasci
mento da medicina social, nos séculos XVIII e XIX (Minayo, Hartz e Buss, 2000). Em 1946,
a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu saúde como um completo estado de bem-
estar fisico, mental e social e não meramente a ausência de doença (World Health
Organization - WHO, 1946). Fleck (2000) ressalta que tanto as políticas como a própria
formação dos profissionais em saúde sempre colocaram a prioridade no controle da
morbidade e mortalidade, sendo recente a preocupação com a avaliação de medidas de
impacto da doença e comprometimento das atividades diárias, medidas de percepção da
saúde e medida de disfunçãoIstatus funcional.
Na ausência de um consenso sobre a definição de qualidade de vida, a OMS reuniu
especialistas de várias partes do mundo que a definiram como: u"a percepção do indivíduo
de sua posiçào na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões epreocupaçõesm(The WHOQOL Group,
1995). Como se vê, a qualidade de vida ó um conceito amplo que abrange a complexidade
do construtoe inter-relaciona o meio ambiente com aspectos físicos, psicológicos, nível de
independência, relações sociais e crenças pessoais (Fleck, 2000, p. 34).
Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse na avaliação da qualidade
de vida em medicina. A qualidade de vida tem sido utilizada como um critério de avaliação
dos efeitos de intervenções tanto relacionadas à saúde como aos cuidados módicos em
geral (Patrick e Erickson, 1988). A partir da avaliação da qualidade de vida de pacientes
submetidos a determinados tratamentos, tanto psicoterápicos quanto farmacológicos, pode-
se decidir quanto a alternativas de tratamento, objetivando a melhora da qualidade de vida
dos pacientes.
Aaronson et al. (1988) sugerem que a avaliação da qualidade de vida deve abran
ger pelo menos os quatro seguintes domínios: (1) estado físico funcional; (2) doença e
tratamento relacionados aos sintomas físicos; (3) funcionamento psicológico; e (4) funci
onamento social. Domínios adicionais que possam ser relevantes em particular para uma
cultura específica ou população clínica (tais como função sexual, imagem corporal ou
sono) podem ser, algumas vezes, incluídos na avaliação para aumentar a margem de
cobertura (Aaronson, 1989).
414 Isabela D. Soares, Bernard Rangt, M aun) V . M endow ic/. Leonardo F. Fonlenellc, Carlos A , A . Pereira
Qualidade de vida no Transtorno Obsessivo-Compulsivo
416 Isabela D. Soares, Bernard Rangé, M auro V . M endow ic/, Leonardo F. Fontenelle, Carlos A . A . Pereira
88% relatam sofrer grande interferência em suas relações sociais e funcionamento
ocupacional; entre 60% a 70% dos pacientes relataram que sofrem muita interferência na
capacidade de estudar, trabalhar, socializar, fazer amigos e nas relações familiares. No
venta e dois por cento dos pacientes relataram ter baixa auto-estima em função aos
sintomas da doença e 13% já tentaram suicídio.
Koran e cols (1996) avaliaram a qualidade de vida de 60 pacientes com TOC
através do SF-36 e compararam os resultados com dados obtidos a partir da população
americana em geral, de pacientes com depressão e de diabéticos. Com relação aos
aspectos físicos da qualidade de vida, pacientes com TOC apresentaram escores seme
lhantes aos obtidos pela população americana e escores superiores àqueles obtidos pe
los pacientes com diabetes e depressão. Em contrapartida, nos aspectos de saúde men
tal, os pacientes com TOC obtiveram escores inferiores do que os obtidos pela população
americana em geral. Os pacientes diabéticos obtiveram escores similares aos obtidos
pelos pacientes com depressão nesse aspecto. A gravidade dos sintomas obsessivo-
compulsivos não se correlacionou com os aspectos do funcionamento social.
Hollander e cols (1996) estudaram 419 pacientes com TOC, membros da
“Obsessive-Compulsive Foundation” através de questionários enviados pelo correio. Seus
resultados sugerem que as obsessões e compulsões causam muita angústia nos pacien
tes, consomem muito de seu tempo e acarretam prejuízo significativo nas relações pesso
ais e pessoais dos pacientes. Em muitos casos, indivíduos com sintomas moderados e
severos tornam-se isolados socialmente, tanto devido ao tempo consumido pelos rituais
quanto ao sentimento de vergonha sentido pelos pacientes. Neste grupo, 73% dos pacien
tes relataram ter problemas familiares devido ao transtorno, 62% dos pacientes têm difi
culdades em fazer e em manter amizades e a maioria dos pacientes (92%) relataram ter
baixa auto-estima. Os pensamentos obsessivos interferem nas atividades acadêmicas de
58% dos pacientes. Quanto ás atividades (aborativas dos pacientes, 66% relataram que o
TOC interfere em suas aspirações na carreira, 47% consideram que seu trabalho é preju
dicado e 40% dos pacientes estão incapacitados para o trabalho. Treze por cento dos
pacientes já tentaram suicídio.
Bystritsky e cols (1999) avaliaram 30 pacientes com TOC, internados no hospital
para serem submetidos ao tratamento farmacológico associado ao tratamento cognitivo-
comportamental e intervenções psicossociais por 6 semanas, através da escala de Qua
lidade de Vida de Lehman (QOL). Os resultados sugerem que a qualidade de vida dos
pacientes melhôrou a partir do tratamento em várias áreas. Observaram-se mudanças
significativas nas sub-escalas que avaliam os aspectos subjetivos, ou seja, que medem a
percepção do indivíduo sofre sua situação de vida. Não houve mudança significativa em
relação aos dos aspectos objetivos, incluindo emprego, incapacidade e suporte familiar.
Entretanto, nos aspectos relacionados à saúde, atividades gerais e atividades sociais
houve mudanças significativas que se relacionaram diretamente com os ganhos obtidos
através do tratamento.
A qualidade de vida de pacientes com TOC foi comparada, por Bobes e cols (2001)
com a qualidade de vida da população normativa espanhola, a população normativa america
na, com pacientes esquizofrênicos, pacientes deprimidos, dependentes de heroína e pacien
tes renais crônicos através do SF-36. Nesse estudo observou-se que pacientes com TOC e
pacientes esquizofrênicos obtiveram pior qualidade de vida nos aspectos relacionados a saú-
Participantes e métodos
Resultados
A idade média da amostra foi igual a 29.16 +11.06. A gravidade média dos sintomas
obsessivo-compulsivos foi igual a 29.65 + 8.33 (Y-BOCS), enquanto a gravidade média
418 Isabela P . Soares, Bernard Ranflé, Mauro V. M endow icí, Leonardo F. Fontenelle, Carlos A . A . Pereira
dos sintomas depressivos e ansiosos foi igual a 20.58 ± 12.08 (BDI) e 16.58 + 9.08 (BAI),
respectivamente.
Os escores médios obtidos nas diversas dimensões do SF-36 foram: capacidade
funcional = 76.00+17.44; limitações por aspectos físicos = 28.75+39.13 dor = 66.95 +
27.25; estado geral de saúde = 50.45 +22.19; vitalidade = 35.50 + 20.25; limitações por
problemas sociais = 42.5 + 29.91; limitações por problemas emocionais = 31.54 + 32.30;
e saúde mental = 40.40 +18.53.
Uma correlação significativa entre os escores totais no Y-BOCS e o comprometi
mento da capacidade funcional (r=-.476; p=.034) e a limitação devido a aspectos físicos
(r=-.488; p=.029) foi observada. Já a gravidade dos sintomas depressivos (BDI) se
correlacionou significativamente com a vitalidade (r=-.624; p=.004), a presença de limita
ções por problemas emocionais (r=-.652; p=.003) e níveis reduzidos de saúde mental
(r=-.729; p=.000). A gravidade dos sintomas ansiosos (BAI) se associou com limitações
por problemas sociais (r=-.550; p=.015).
Discussão
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* A técnica do marcador cormtatu em Indulr um marcador Mao ou inativo no tratamanto, por axwmpto, arai Maas da avaftaçfto òa gkoamla, comprimido«
plücabo, comprimido» com saboreo dttarente«.
Etapa I
Método
Participantes
Pacientes. Cinqüenta e quatro pacientes do Ambulatório de Ansiedade (AMBAN)
do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universi
dade de São Paulo (HC-FMUSP) com diagnóstico de Transtorno de Ansiedade (DSM-IV)
cujo tratamento exigia a ingestão de pelo menos um medicamento oral, aceitaram o con
vite para participar do estudo. Desses pacientes 55,6% eram do sexo feminino. Suas
idades variavam entre 20 e 63 anos com uma concentração (64,8%) entre 30 e 49 anos.
Quanto ao estado civil, a maior parte era solteira (46,3%).
Profissionais de saúde: quatro médicos psiquiatras (três do sexo feminino e um do
sexo masculino) e onze acadêmicos de Medicina (cinco do sexo feminino e seis do masculi
no) diretamente responsáveis pelo tratamento dos pacientes participaram do estudo.
Aspectos óticos
Instrumentos
Procedimento
Etapa II
Participantes
Entre os 54 participantes da etapa I, 27 pacientes com Transtorno de Pânico
pouco aderentes foram convidados para participarem da etapa II, sendo que apenas 3
aceitaram participar. Foram eles os participantes 31 (sexo feminino), 23 e 35 (sexo
masculino).
Material e instrumentos
• Gravador em áudio
• Material didático elaborado pela pesquisadora
• Tabelas de auto-registro individualizadas (TAR)
• Questionários semanais individualizados
Procedimento
A Intervenção envolveu estratégias educativas (informações a respeito da doença e do
tratamento) e comportamentais (“dicas" para evitar o esquecimento do medicamento no horá
rio apropriado, reforçamento do relato de adesão, discussão de estratégias de enfrentamento
de dificuldades). Na primeira entrevista os pacientes eram instruídos a registrar, diariamente
por seis semanas, os comportamentos que faziam parte do seu tratamento. Uma vez por
semana, o grupo de pacientes reunia-se com a pesquisadora por uma hora. Cada encontro foi
planejado para atingir um objetivo específico relacionado ao tratamento dos participantes.
Foram discutidos o Transtorno do Pânico, medicamentos, Terapia comportamental, exercíci
os de respiração e relaxamento, exercícios de exposição e ansiedade antecipatória.
Em cada encontro os pacientes eram solicitados a apresentar os seus registros
referentes aos comportamentos de adesão, além de relatar os eventos que poderiam ter
dificultado o cumprimento das prescrições. A pesquisadora reforçava diferencialmente os
relatos de adesão e aconselhava os pacientes sobre como proceder para enfrentar as
dificuldades. Cada participante possuía um tratamento específico para o seu caso e dife
rente do dos demais.
Resultados da Etapa II
Ingestão de antidepressivos
Observou-se que todos os pacientes melhoraram a adesão e mantiveram a melhora
no seguimento.
Ingestão de ansioliticos
A paciente 31 não tinha problemas de adesão e no seguimento continuou com
uma boa adesão. Os pacientes 23 e 35 não haviam recebido prescrição de ansioliticos.
Consultas com o psiquiatra
Observou-se que a paciente 31 e o paciente 23 melhoraram e mantiveram essa
melhora na entrevista de seguimento. O paciente 35 teve um comparecimento irregular
durante a intervenção apresentando melhora na adesão na entrevista de seguimento.
Relaxamento
A paciente 31 não tinha instruções para fazer esess exercícios. O paciente 23
melhorou e manteve no seguimento enquanto que o paciente 35 piorou em função de
eventos estressores ligados á atividade e não ao procedimento de intervenção em si
(Monteiro, 2001).
Terapia comportamental
A paciente 31 e o paciente 23 não alteraram a pobre adesão e mantiveram esse
desempenho nã entrevista de seguimento. O paciente 35 compareceu irregularmente as
sessões de terapia e obteve boa adesão ao final do estudo.
Exercicio físico
A Paciente 31, única com essa recomendação terapêutica melhorou a adesão e
na entrevista de seguimento piorou, abandonando os exercícios físicos.
Preenchimento da TAR
O único paciente que aderiu a essa recomendação foi o paciente 35, mantendo
boa adesão até o final do estudo.
Discussão
Houve melhora na adesão ao medicamento antidepressivo nos 3 casos, que se
manteve na avaliação de seguimento.
O procedimento de intervenção produziu diferentes efeitos sobre os comporta
mentos dos participantes. A diferença observada entre os trôs tratamentos e os diferentes
efeitos do procedimento de intervenção observados em cada participante do presente
estudo sugerem que os comportamentos de adesão avaliados estavam sob controle de
contingências diferentes (Skinner, 1969).
Numa perspectiva comportamental, o tratamento do transtorno de pânico exige
uma gama de auto-cuidados (ingerir medicamentos, fazer exercícios de exposição, fazer
terapia comportamental), os quais são fundamentais para manter os sintomas do transtorno
sob controle. Desta forma, garantir que os pacientes realizem todos esses cuidados de
acordo com a prescrição dos profissionais de saúde é essencial para a obtenção de suces
so terapêutico. No entanto, a análise das variáveis responsáveis pela ocorrência e pela
omissão dos comportamentos de adesão é extremamente complexa e deve ser feita indivi
dualmente. Algumas estratégia empregadas com êxito para determinado paciente podem
ser completamente ineficazes para os demais. Os dados obtidos neste estudo corroboram
a concepção segundo a qual a adesão deve ser compreendida como um conjunto complexo
de diferentes comportamentos controlados por contingências diferentes.
O procedimento de intervenção não conseguiu sanar todas as dificuldades de
adesão, mas deve-se salientar o êxito obtido em relação ao comportamento de tomar
medicamentos de acordo com a prescrição.
Este estudo indicou muitas variáveis importantes que devem estar relacionadas á
adesão ao tratamento, apontando várias dificuldades relacionadas à avaliação e à modifi
cação de comportamentos apresentados por pacientes com transtornos de ansiedade.
Pesquisfes futuras preocupadas com o desenvolvimento de procedimentos para
melhorar a adesão ao tratamento deveriam realizar um treinamento específico para os
médicos/acadêmicos salientando a importância da adesão ao tratamento para a boa evo
lução dos pacientes com transtorno psiquiátricos.
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43Ó Rita de F. C . B. de Sowa, [Jeniie C. L. Heller, Mônica de C . R. do* A njo * e Andreia N . de C. A fjulrrt
O problema central deste estudo ó verificar quais as características mais relevan
tes da interação mãe-filho que podem estar contribuindo para a obesidade da criança
encaminhada para tratamento.
As seguintes hipóteses foram formuladas:
a) A pressão social exercida sobre a mãe, desencadeia nela o comportamento de
superalimentar o filho, que pode ser compreendido a partir do paradigma:
Método
Participantes
O estudo foi realizado com 10 crianças diagnosticadas como obesas, com idade
variando de 07 a 12 anos, sendo 05 do sexo feminino e 05 do sexo masculino e suas
respectivas mães.
Materiais
a) Questionâriœ: anamnese infantil e descrição de rotina;
b) Escala de Ansiedade Manifesta - Forma Infantil Simplificada (Rosamilha, 1971 );
c) Escala de Percepção do Autoconceito Infantil (Sánchez e Escribano, 1999).
Situação
Este trabalho foi realizado em uma das salas da Clinica de Nutrição da UTP.
Procedimento
Para a seleção dos participantes, o trabalho foi divulgado através de campanhas
nutricionais realizadas junto a comunidade, revistas da Instituição, entrevistas em progra
Resultados e discussão
438 Rlld de F. C . B. de Sou/a, Denise C. L. Heller, M ônica de C . R. dos A njo * e Andreia N . de C . Afluirre
Uma das mães coloca que, há um ano, seu filho vem apresentando problema
cardíaco e recebeu orientação médica para emagrecer. É comprovado que crianças obe
sas têm maior propensão à hipertensão arterial, cardiopatias, diabetes, além de dificulda
des respiratórias e complicações ortopédicas e dermatológicas.
Duas mães relatam que seus filhos passaram a apresentar problemas
comportamentais e sociais, tais como nervosismo, agitação, choro e timidez, quando
entraram para a escola. Viuniski (1999), lembra que ô bastante comum crianças obesas
apresentarem insegurança tanto interna, quanto nas relações interpessoais, pois muitas
vezes estas crianças sofrem críticas do meio externo, que acabam por inibir as manifes
tações espontâneas de inteligência e criatividade.
Como se observa na tabela 1, frente ao comportamento de superalimentação do
filho, apenas duas mães procuram modificar a alimentação, enquanto que oito (mães)
apesar de interessadas, não fazem nada que efetivamente altere esse padrão alimentar da
criança. Uma mãe diz que se sente “culpada", pois sempre incentivou seu filho para que
comesse muito. Outra mãe relata que sempre permitiu que a criança decidisse o que iria
comer. Embora se dizendo muito preocupadas com a saúde dos filhos, estas mães de
uma maneira geral, mantém comportamentos ineficazes para modificar os hábitos alimen
tares das crianças, por falta de informação ou dificuldade em manejar seu próprio compor
tamento alimentar.
Tabela 1
Comportamento da Mãe Frente ao Problema.
Modificar a alimentação
S6
Sugerir que a própria criança mude
S7 seus hábitos
Tabela 2
Peso, Altura e Diagnóstico Clinico da Mâe e da Criança, no Inicio do programa.
Com relação ao peso das mães durante a gravidez, oito delas engordaram mais
de 16 kg. No entanto, o sobrepeso materno, em nenhum dos casos influenciou no peso do
recém-nascido, pois todos eles nasceram com peso dentro de níveis aceitáveis.
Duas mães engordaram acima de 20 kg, sendo as únicas a apresentarem doen
ças na gravidez. No documento do Consenso Latino Americano sobre obesidade (2001),
consta que existem três períodos críticos para o desenvolvimento da obesidade e suas
complicações e o primeiro ocorre durante a gestação e primeiro ano de vida.
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444 Rita de F. C . B. de Souza, Penise C. L. I teller, Mônica de C . R. do* Anjos e Andreia N . de C . Aguirre
Capítulo 48
Relação entre a presença de transtorno
alimentar, eutrofia e percentual de gordura
corporal em estudantes universitários do
sexo feminino
Denise Cerqueira Leite / iellei*
Mõnica de Caldas Rosa dos A n jof
Adihon dos A njos'
' Profesaora do Curvo de Palcologla da UTP, Meetra em Paèootogta Experimentei pata USP.
1Prufnaaore do Curao de Nutrição a Dkatora da Clinica de Nutrtçèo de UTP, Meatre em Ciência doa AMmentoe peta UFSC.
' Ptnfoaaur do Departamento de tatatlitlca ctaUFPR, Meatre em Eatattattoe e Experimentação agronômica peta ESALQ/USP.
446 Denise Cenjurira Leilc I Ifllrr, Mônica dr Caldas Rosa dos Anjos e Adilson dos Anjos
Além desses fatores, a idolatraçâo da magreza vem trazendo conseqüências
para a saúde das adolescentes que chegam a apresentar distúrbio da imagem corporai,
iniciando com um quadro de bulimia e/ou anorexia nervosa (Bar-on, 2000).
Em estudos realizados para detectar distúrbios de imagem corporal, observou-se
que adolescentes eutróficos referiam querer perder peso, pois acham que estão acima da
média ideal de peso. Na maioria dos casos, a queixa principal ó com relação ao tamanho
do corpo, sendo que estas adolescentes, apresentam compleição óssea grande (Page &
Fox, 1998).
Brook e Tepper (1997) investigaram a relação entre composição corporal e distúr
bio de imagem corporal de adolescentes de ambos os sexos, e detectaram que 44% da
população estudada referia estar obesa ou com sobrepeso, sendo que dados
antropomótricos revelaram que apenas 10% dos investigados apresentavam sobrepeso e,
53% referira querer ser mais magros do que realmente são. No mesmo estudo foi investigada
como ó a atitude destas adolescentes frente a uma pessoa com sobrepeso ou obesidade,
e os resultados mostraram que os mesmos apresentam repulsa a estas pessoas.
Em pesquisa realizada por Edlund; Sjuden & Gebre-Medhín (1999), foi verificado
que meninas que apresentaram pontuação elevada para teste de distúrbio de imagem
corporal apresentaram percentual de gordura corporal elevada, superior a das meninas
que apresentaram pontuação baixa para o mesmo teste.
Em estudo desenvolvido para verificar a percepção da imagem corporal frente a
gordura corporal, foi verificado que as mulheres tendem a se achar mais gordas do que
são e que os homens tendem a se achar mais magros do que sua atual composição
corporal (Sisson; Franco; Carlin & Mitchell, 1997).
Por estes motivos, o presente trabalho teve por objetivo, verificar a existência da
relação entre presença de transtorno alimentar, eutrofia e percentual de gordura corporal
em estudantes do sexo feminino em uma população universitária.
Mótodos
Procedimentos
Fase 1 - Divulgação
Fase 3 - Avaliação
Resultados
Com relação ao padrão alimentar da população estudada verificou-se que 51,52% apre
senta padrão alimentar não usual, 7,59% apresenta comportamento alimentar compulsivo com
grande possibilidade de bulimia e 40,89% apresenta comportamento alimentar normal. Os resul
tados obtidos indicam que 9,72% das participantes apresenta bulimia. Muitas apresentam pa
drão de comportamento alimentar não usual, a saber: 18% fazem jejum, que varia de 12 a 36
horas de duração, pelo menos uma vez por mês e, 20,8% têm pelo menos um episódio de
superalimentação semanal. Observa-se, também, a presença de comportamentos de purga,
como por exemplo: uso de anorexígenos (13,8%), uso de laxantes (18%) e uso de diuréticos
(8,3%). Estes dados se analisados em conjunto com peso e altura das participantes sugerem
que o corpo aparentemente magro é conseguido mediante comportamentos desadaptativos.
Um percentual de quase 10% de bulímicas na população estudada já é um dado bastante
alarmante se analisado isoladamente, entretanto toma-se potencialmente mais preocupante
quando se observa a presença, nestas moças, de comportamentos desadaptativos relativos a
alimentação (purga e binge eating) que podem ser um gatilho para o desenvolvimento de bulimia
e anorexia no futuro. Com relação a auto imagem,67% das participantes não gosta de seu corpo
e gostaria de mudá-lo através de cirurgia plástica Jipoaspiração ou emagrecimento.
Os resultados obtidos mostraram que 78,78% das mulheres avaliadas eram
eutróficas, 10,61-% apresentaram algum grau de desnutrição e 10,61% algum grau de
obesidade. Fazendo a análise do percentual de gordura corporal, foi verificado que 47,8%
das avaliadas apresentam percentual de gordura corporal superior ao padrão para sexo e
idade, 39,1% apresenta valores de gordura corporal normais e 12,9% apresenta percentual
de gordura corporal abaixo do padrão normal.
Na Tabela 1 pode ser visualizada a relação entre transtorno alimentar e estado
nutricional da população estudada.
448 Pcnlsc Cerqurird l.eite Hrllcr, Mônicd dc Cdldds Rom do* A njo* e Adilson dos Anjos
Tabela 1. Relação entre presença de transtorno alimentar e classificação do estado
nutricional de mulheres avaliadas na Cl/nica de Nutrição da Universidade Tuiuti do Paraná,
no período de março a junho de 2002.
Psicológico* T 3 4 5 6
1 0% 1,52% 43,94% 6,06 % 0%
2 0% 0% 4,55 % 1,52% 1,52%
3 1,52% 7,58 % 30,30 % 1,52% 0%
Psicológico* 1 2 3
450 P e n iif O rqurirti l.eile Heller, Mônica dc Calda« Rosa dos Anjos c Adilson dos Anjos
Tabela 4. Relação entre presença de distúrbio alimentar e adequação calórica de mulhe
res avaliadas na Clinica de Nutrição da Universidade Tuiuti do Paraná, no período de
março a junho de 2002.
Pode-se verificar que a grande maioria das participantes (69%) fazem prática de
dietas hipocalôricas, ou seja, consomem uma quantidade de calorias inferior a quantidade
necessária para manutenção das atividades diárias. Esta prática pode ser explicada em
função da preocupação com a magreza excessiva veiculada pela mídia nas sociedades
industrializadas. Este padrão alimentar pode servir de gatilho para o desenvolvimento de
transtornos alimentares. Sabe-se que a privação alimentar pode desencadear episódios
de Binge eating característicos da bulimia nervosa e que as dietas hipocalôricas geral
mente estão presentes no início da anorexia nervosa. Foi encontrada uma forte tendência
para a presença de transtornos alimentares e prática de dietas hipocalôricas.
Conclusão
Estes dados, apesar de não serem conclusivos, revelam uma situação preocupante
entre a população jovem, que através da busca pelo corpo ideal, compromete sua saúde
com ingestão de dietas muito restritivas (59%) e pouco nutritivas.
A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa criou-se, na universidade estuda
da, um ambulatório para atendimento de pessoas com transtornos alimentares, tendo por
objetivo oferecer apoio psicológico e nutricional a população jovem, mais susceptível de
desenvolver este tipo de patologia.
Sugere-se mais pesquisas na área para coleta de dados que possibilitem a cria
ção de um programa de prevenção primária e secundária em outros locais e instituições
de ensino.
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452 Denise Cerquelra l.elte Heller, Mônica de Caldas Ro*a do* Anjos e Adilson dos Anjos
Capítulo 49
Falsas memórias em pré-escolares:
l/ma investigação experimental
e suas implicações
Carmen Beatriz Neufeld1
Lilian Milnitsky Steirf
O modelo do Traço Difuso ó uma teoria ainda considerada jovem e foi proposta por
Reyna e Brainerd (1995). Ela busca responder as dúvidas e lacunas que as outras teorias
foram deixando e se formou a partir da década de 80 e anos iniciais da década de 90
(Neufeld & Stein, 2001). Esta teoria, segundo Bjorklund (1995), tem melhor dado conta de
explicar o fenômeno da falsificação da memória na atualidade.
A Teoria do Traço Difuso (FTT- Fuzzy Trace Theory) concebe a memória como
dois sistemas independentes, processados em paralelo: a memória da essência (gist) e a
memória literal (verbatim) (Reyna & Lloyd, 1997). Cada um dos dois sistemas tem objetivos
diferentes. Enquanto a memória da essência armazena o significado ou o sentido da
experiência, a memória literal retém a lembrança dos detalhes específicos do evento (ver
também Neufeld & Stein, 2001).
Como os traços são processados em paralelo e independentes um do outro, cabe
ressaltar que os traços da essência não são extraídos dos traços literais. Isto equivale a
dizer que em uma mesma experiência serão armazenadas informações nos dois sistemas
de memória e que estas informações não se encontram integradas e podem gerar dissociação
entre aspectos de um mesmo evento (Neufeld & Stein, 2001). Assim, a recuperação das
duas memórias é dissociada, e portanto geralmente alvos são melhores pistas para traços
literais do que para traços da essência (Brainerd, Reyna, & Kneer, 1995). Igualmente,
distratores relacionados são melhores pistas para traços da essência do que para traços
literais (Reyna & Kieman, 1994). Como os traços literais se tornam inacessíveis mais rapi
damente do que traços da essência (Murphy & Shapiro, 1994), com a passagem do tempo
a base de memória decai mais rapidamente para alvos do que para falsos alarmes.
Método
Participantes
A amostra foi composta por crianças de escolas particulares com idade entre 4 e 5
anos e 11 meses (M= 5anos e 3 meses, DP = 0,42) cujos pais consentiram na sua partici
pação no estudo mediante assinatura do consentimento informado. As crianças foram de
signadas aleatoriamente para uma das duas condições de sugestão de falsa informação:
imediata (apresentação da sugestão na mesma sessão da apresentação do material origi
nal), ou posterior (apresentação da sugestão uma semana após a apresentação do material
original). O grupo de sugestão imediata foi composto de 30 crianças e o grupo de sugestão
posterior foi composto de 33 crianças, totalizando 63 participantes do estudo.
Instrumentos
1. Material original
2. Material de sugestão
4. Atividade de Distração
Procedimentos
Inicialmente, foi apresentado para a criança uma lista de frases alvo. Após a
apresentação do material alvo era feita a atividade de distração. Metade das crianças
receberam a sugestão de falsa informação na mesma sessão e a outra metade recebeu-
a uma semana depois. A sugestão consistiu de frases idênticas as frases alvo, porém
algumas delas continham sugestão de falsa informação. Todas as crianças responderam
a dois testes de memória de escolha múltipla: um imediato e outro uma semana depois.
A memória das crianças foi avaliada a partir de sua performance em dois testes
de memória, um imediato e um posterior. Os resultados de ambos os testes de memória
foram analisados através de procedimentos de análises de variância (ANOVA) para medi
das repetidas. Os efeitos evidenciados pelas ANOVAs foram posteriormente confirmados
através de testes t. Também foram utilizadas análises de correlação de Pearson. Foi
fixado um nível de significância de p 30,05 para todos os testes estatísticos utilizados.
Momento da testagem
Teste Imediato Teste Posterior*
Sugestão RV RF RV RF
Imediata <^0J93 0^62^> 0,387 0,427
Posterior 0,412 0,255 0,287 0,558
Testes post hoc (ts (29) > 2,845, ps < 0,05) revelaram que o grupo de sugestão
imediata apresentou uma supressão de RV e um aumento de RF no teste imediato. No
entanto não houve diferença entre RV e RF no teste posterior. No grupo de sugestão
posterior (ts (32) >2,118, ps < 0,05) as RV foram significativamente superiores do que as
RF no teste imediato. Já no teste posterior pode ser observado o efeito clássico da suges
tão de falsa informação.
Comparando o efeito da sugestão de falsa informação entre os grupos, pode-se ob
servar que a magnitude do mesmo foi superior quando a sugestão e o teste de memória foram
administrados imediatamente. Este resultado sugere que a sugestão posterior pode ter auxi
liado a memória das crianças uma semana depois da apresentação do material original.
Quanto a questão referente á durabilidade da memória, testou-se o efeito de persis
tência das respostas ao longo de uma semana, através de análises de correlação parcial
entre as respostas do teste imediato com as do teste posterior, com controle para os itens
não testados. As análises, de modo geral, demonstraram que para os itens controle, as
respostas verdadeiras (r= 0,311, p < 0,05) persistiram mais que as falsas ( r = 0,250, p <
0,05). Resultados semelhantes foram encontrados para os itens sugeridos, as RV (r =
0,373, p < 0,01) persistiram mais que as RF (/•= 0,367, p < 0,01). Ainda que as respostas
enviesadas não tenham uma base mnemónica, RE para itens controle (r = 0,415, p < 0,01)
e para itens sugeridos (r= 0,520, p < 0,001) foram persistentes no teste posterior.
Discussão
Ao contrário do que acreditam alguns autores (por exemplo, Howe, 1991) de que
a sugestão de falsa informação exerce um efeito superficial sobre a memória, o presente
estudo encontrou que crianças pré-escolares foram suscetíveis ao efeito da falsa informa
ção, mesmo quando cuidadosamente instruídas a responder somente com base nos itens
ouvidos na fita, ou seja, no material original. O clássico efeito da sugestão de falsa infor
mação (Loftus, 1979), isto é, a supressão das respostas verdadeiras e o aumento das
respostas falsas para ditratores relacionados ocorreu mesmo quando as crianças foram
testadas imediatamente após a apresentação do material original. Estes resultados corro
boram com outros de estudos anteriores com crianças de mesma idade (por exemplo,
Ceei, Ross & Toglia, 1987; Neufeld, 2000), com crianças mais velhas (Stein, 1998) e com
diferentes paradigmas e instrumentos (Pezdek & Roe, 1995).
Portanto, a sugestão de falsa informação produziu dois efeitos distintos: a su
pressão das respostas verdadeiras e o aumento das respostas falsas. Segundo a Teoria
do Traço Difuso, o sistema de memória não ó unitário (Reyna & Brainerd, 1995). A memó
ria literal armazena dados específicos do evento, enquanto a memória da essência arma
zena o sentido da experiência. As duas memórias são independentes e processadas em
paralelo. Os traços literais dão suporte às memórias verdadeiras (Brainerd, Reyna, &
Poole, 2000). A supressão das memórias verdadeiras ocorre devido a característica dos
traços literais de serem mais instáveis e suscetíveis à interferência pela sugestão de falsa
informação. No entanto, o aumento das falsas memórias, por efeito da sugestão, pode
ocorrer devido a dois diferentes fenômenos: ou pela recuperação literal da informação
sugerida (Reyna & Titcomb, 1996), ou pela recuperação da memória da essência do ma
terial original (Bfainerd, Reyna, & Poole, 2000).
Porém, ao contrário dos resultados encontrados por estudos recentes com crian
ças mais velhas (por exemplo, Stein, 1998), a magnitude do efeito nocivo da sugestão foi
superior quando a sugestão e o teste de memória foram imediatos, se comparado à suges
tão e teste de memória posterior. Provavelmente, porque os resultados sobre o efeito do
momento da sugestão podem ter sido confundidos com outras manipulações dentro do
mesmo estudo, como ocorreu com Warren e Lane (1995). Por exemplo, como o material de
sugestão repete o material original que não sofre sugestão, esta repetição pode ter reforça
do os traços literais, em especial uma semana após, quando a sugestão foi posterior, já que
traços literais tendem a se perder mais rapidamente do que os traços de essência.
Comparando as falsas memórias espontâneas e sugeridas, observou-se que as
primeiras ocorreram em níveis muito inferiores aos das segundas. Em relação a esta
Referências
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Revisão de Literatura
478 M cí<rc' Amundd Amarante», I lenriquc Stum, kibclld Santos, julianr Qcvjuclin, Lctlcla A«umpç3o,
M a ria n f I . Bonato, Hialita Frrlrr-M ala, A na D. Andrade, I cda M . R. S. dc Ferrantc
fim assegurar a integridade de seus participantes. Este autor considera trânsito um siste
ma complexo que torna possível o entrecruzamento diário de pessoas e veículos, com
normas cuja observância tem como alvo principal a redução de acidentes. Dentro deste
sistema, considera-se o homem um subsistema que o autor entende ser a maior fonte de
acidentes por ter maior probabilidade de desorganizar o sistema em sua totalidade.
Dessa forma, Vasconcelos (1985) afirma que trânsito não é apenas uma questão
técnica, mas sobretudo uma questão social e política, diretamente ligada às característi
cas de nossa sociedade capitalista. E acrescenta que para entender o trânsito não basta
discutir os problemas diários como congestionamentos e acidentes, ó preciso também
analisar como o trânsito se forma, como as pessoas participam dele, quais seus interes
ses e necessidades.
Rozestraten (1998) considera o aspecto ideológico do ser humano referindo-se à
posição que as pessoas se atribuem na sociedade e que vai condicionar sua atuação na
disputa pelo espaço, conforme as pessoas sintam-se ou não iguais perante seus direitos
à circulação. Este comportamento está ligado ao nosso processo político e econômico,
ao autoritarismo que caracteriza as relações na sociedade, à falta de conscientização
sobre os direitos do cidadão numa sociedade moderna e à importância do automóvel
como símbolo de afirmação pessoal, de status.
Ainda pensando no ser humano dentro do complexo sistema que ó o trânsito,
Rozestraten (1998) considera importantes os aspectos biológicos como a idade, a condi
ção física e até a estatura da pessoa. É importante também considerar o aspecto psico
lógico: personalidade, cultura e a "visão de mundo". Essas características condicionarão
o comportamento a cada situação dada. Tudo depende de uma série complexa de fatos,
mas também das condições do momento e da pessoa.
Segundo o Manual de Habilitação do DETRAN-PR (1999), constitui infração de
trânsito tudo aquilo que contraria ou desobedece ao que dizem as leis de trânsito que
fazem parte do Código de Trânsito Brasileiro, da legislação complementar ou das resolu
ções do CONTRAN.
Uma das penalidades aplicadas ao motorista infrator é a suspensão do direito de
dirigir, que se refere ao fato de o motorista ficar impedido de dirigir qualquer tipo de veículo
por prazo determinado em lei e ocorre em várias situações como resultante de infrações
cometidas. Sempre que a penalidade aplicada for a suspensão do direito de dirigir, terá
como medida administrativa o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação. (Manual
de Habilitação do DETRAN-PR, 1999)
Ainda de acordo com o Manual de Habilitação do DETRAN-PR (1999), o tempo de
suspensão ao direito de dirigir pode variar de 1 a 12 meses e pode ser de 6 meses a 24
meses, no caso de reincidência na suspensão do direito de dirigir, no período de 12 me
ses. Já a respeito dos fatores que propiciam a suspensão do direito de dirigir, pode-se
citar os seguintes:
- Atingir a contagem de 20 pontos previstos nas infrações.
- Dirigir sob influência de substância alcoólica ou substância tóxica.
- Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via ou os demais veículos.
480 ^ dr^/d M eitre, Amanda Amarante*, ) (enrique Stum. Iiabella Santo», luliane Qequelin, l.etfcta Aíiumpçâo,
M a r in e !.. Bonato, Thaïita Freire-Maia, A na D. Andrade, l.eda M . R. S. de Ferrante
ambiente e modifica-o. É controlado pelas conseqüências que imediatamente o seguem e
é utilizado na aprendizagem de comportamento mais complexo. (HALL, 1973).
Bandura e Mischel (1974) propõem, como Skinner, que todos os comportamen
tos são aprendidos, e a história de reforço do indivíduo ô de suma importância para a
aquisição da personalidade. No entanto, para eles não apenas o reforço seria necessário
para a aprendizagem, Eles propõem a aprendizagem por observação, que se dá peJa
observação de um comportamento em determinada situação e sua conseqüência. Quan
do se der a situação parecida na vida do observador, este comportar-se-á (ou não) de
forma semelhante ao modelo, buscando obter as mesmas conseqüências naquela deter
minada conjuntura.
Segundo esses autores, a forma mais rápida e segura de se obter respostas
sociais ó mediante a influência combinada dos modelos e do reforçamento diferencial. As
pessoas são vistas como auto-reguladoras do comportamento, capazes de manipular o
ambiente da mesma forma que o mesmo as manipula. Se têm essa capacidade, não são
passíveis de um processo mecânico de aprendizagem por observação e imitação, e sim
influenciam o processo por suas próprias características e levam em conta as caracterís
ticas do modelo.
Na sociedade existem comportamentos e atitudes ensinadas e consideradas
corretas, mas que, segundo Roberti e Alberti (1983), são comportamentos que muitas ve
zes não vão de acordo com o verdadeiro sentimento do indivíduo. Para esse autor, situações
conflitivas podem causar comportamentos agressivos ou passivos nos indivíduos.
Quando o indivíduo desenvolve respostas passivas, Roberti e Alberti (1983) afirma
que pode tornar-se incapaz de escolher da maneira que gostaria. Este indivíduo normal
mente nega seus próprios direitos e inibe seus sentimentos, deixando que os outros
escolham por ele, sem atingir seus objetivos. Diante desse comportamento é comum o
indivíduo sentir-se ferido e constantemente ansioso.
Esses autores também consideram outro tipo de resposta desenvolvida, que seria
o outro extremo, ou o comportamento agressivo. Este indivíduo normalmente eleva seu
sentimento e desejo excessivamente, respondendo vigorosamente às situações e negan
do os direitos alheios. Geralmente esses indivíduos atingem seus objetivos ferindo os
outros, escolhendo por eles e desvalorizando-os.
"Acreditamos que cada pessoa deveria ser capaz de fazer sua própria opção
sabre a maneira de agir numa determinada circunstância (...). Esta liberdade de escolha e
exercício de autocontrole se tornam possíveis com o desenvolvimento de respostas
assertivas à situações que produziriam anteriormente comportamento não-assertivo ou
agressivo baseados na ansiedade." (Roberti e Alberti, 1983 p. 26).
Entendem esses mesmos autores que um comportamento assertivo toma a pessoa
capaz de agir em seus próprios interesses, a se afirmar sem ansiedade, a expressar
sentimentos sinceros sem constrangimento e a exercer seus próprios direitos sem negar
os alheios. Os autores prosseguem considerando que, quando uma pessoa se torna capaz
de agir por iniciativa própria, reduz consideravelmente sua ansiedade e tensão em situações
críticas e aumenta seu senso de valor como pessoa. A pessoa assertiva ó aberta e flexível,
preocupada com os direitos alheios e concomitantemente capaz de estabelecer muito
bem seus próprios direitos.
482 ^ a r ilía MestTC, Amanda Amarantes, Henrique Stum, Isabeila Santo«, luliane Qequelin, Letlcia Assumpçáo,
Marianc L Bonato, Thalitu Freire-Maia, A na P . Andrade, Leda M . R. S. de Ferrante
segundo lugar, a lei especifica ou dá a entender certa conseqüência, usualmente punição.
A lei é então o enunciado de uma contingência de reforço mantida por uma agência gover
namental.
Em relação ao controle econômico, pode-se falar de "bens”, no sentido de serem
positivamente reforçadores. Para Skinner (1998), este termo tem uma conexão etimológica
semelhante ao reforço positivo, mas inclui também reforçadores condicionados generali
zados, como dinheiro e crédito, que são eficientes porque podem ser trocados por bens.
No que diz respeito à educação, pode-se dizer que esta dá ênfase à aquisição do compor
tamento em lugar de sua manutenção.
Diz-se tradicionalmente que a entidade elevada ao máximo pela educação é o
"saber". Algumas vezes usa-se o termo para representar simplesmente a probabilidade do
comportamento hábil. Usualmente, entretanto, o saber se refere a uma relação controladora
entre o comportamento e os estímulos discriminativos. Por exemplo, os movimentos habi
lidosos são necessários para se guiar um carro, mas saber como dirigir um carro é emitir
as respostas em tempos apropriados. (Skinner, 1998).
Uma maneira de controlar comportamento, tradicionalmente utilizado pela comu
nidade, quer governamental, quer pela sociedade civil, é a punição. "Punição refere-se
ao procedimento de fazer seguir a um comportamento uma conseqüência que diminua
sua força ou probabilidade futura. Assim, qualquer evento que diminua a força de um
comportamento ao qual se segue é chamado de evento punitivo." (Hall, 1973 p. 21). Para
Keller e Schoenfeld (1973), a punição é capaz de eliminar o comportamento assim como
a recompensa o imprime.
No entanto, ó só com a observação dos efeitos posteriores ao comportamento
punido que se determinará uma conseqüência punitiva e a provável interrupção do compor
tamento. Não se pode afirmar que todas as coisas que pareçam aversivas sejam agentes
punitivos. (Hall, Lundin e Jackson, 1968).
A punição é uma técnica questionável, como afirma Skinner (1998), apesar de
ser uma maneira de controle muito comum e evidente na vida moderna e nos padrões
familiares. Quando alguém não se comporta como é o desejado, é castigada. Até mesmo
os sistemas legais costumam utilizar a técnica de punição na aplicação de multas,
açoitamento, encarceramento e trabalhos forçados. Em geral, o grau em que se usa
punição como uma técnica de controle parece se limitar apenas ao grau em se pode obter
o poder necessário. E tudo isso é com a intenção de reduzir comportamentos julgado
inconvenientes pela sociedade em que se está inserido.
Ainda citando Skinner (1998), a punição tem efeito imediato na redução de uma
tendência e, por isso, funciona, mas quando analisada a longo prazo a redução na
freqüência do comportamento desagradável tende a ser passageira. A longo prazo funcio
na como desvantagem tanto para o organismo punido quanto para ao agente punidor.
“O homem, diferentemente dos outro animais, não necessita experienciar
diretamente as contingências que existem no mundo para que seu comportamento seja
influenciado por elas. O comportamento das pessoas pode ser influenciado pela descri
ção das contingências, através do comportamento verbal. Quando isso ocorre, o compor
tamento é denominado regido por regras." (Lòhr e Ingberman, 2000 in Machado, 2001).
M d fil/d M cítrc, Amandd Amarantef, Henrique Slum, Isabella Santos, lullane Qequelin, l.etícia Assumpçâo,
Mdriane L Bonato, íhalita freirr-M aia, A na I). Andrade, l.edd M . R. S. de Fcrrante
Método
Resultados e discussão
' Em« curao èdm tkwdo a motorittM» qu*. por conwtem rt Intrwçào no tràmtto, pettíoram tua C.H.
24
21 -
18 -
15 -
12 -
9-
6 -
3 -
0 -
1 n fundamental
completo
2 ■ fundamental
incompleto
3 □ Médio completo
4 ■ Médio
incompleto
5 ■ Superior
completo
6 □ Superior
incompleto
7 □ não respondeu
486 ^ dr^/d Mestre, Amanda Amarantes, I lenrique Stum, Isabrlla Santos, Julianc Qequelln, Lctlda A ssum pto,
M arlanc L Bonato, Thalita Freire-Maia, A n a D. Andrade, l.eda M . R. S. de ferrante
Uma hipótese explicativa para os dados analisados, gênero, escolaridade e po
der aquisitivo, é a de que nossa sociedade é culturalmente patriarcal, e a posição social
dos homens ó considerada mais elevada do que a das mulheres. Por causa disso, muito
provavelmente devido à morosidade da mudança nos valores de controle social, às mulhe
res, apesar de serem em maior número de indivíduos na sociedade, no dado estatístico
de número de motoristas habilitados, são minoria. Apesar de cada vez mais terem poder
aquisitivo e cultura que lhes permita ter automóvel próprio, ainda não incorporaram a
possibilidade de assim procederem. Elas são minorias nesta amostra de infratores, e a
hipótese explicativa para tal dado pretende ser analisada nas questões relativas à
assertividade.
Mas, no trânsito, as mulheres, ainda, são vistas como “barbeiras", lentas, pesso
as que atrapalham o trânsito, colocando o homem num nível mais elevado em relação à
direção. Pode-se dizer, então, que esse comportamento foi aprendido e reforçado positiva
mente pois “quando um comportamento tem o tipo de conseqüência chamada reforço, há
maior probabilidade de ele ocorrer novamente. O reforçador positivo fortalece qualquer
comportamento que o produza". (Skinner, 1982, p. 43). Pode-se pensar o que estaria
mantendo o comportamento de ousadia masculina, no trânsito, se o homem causa tantos
acidentes?
É importante enfatizar outros dois fatores que traçam o perfil do condutor infrator,
que são o grau de escolaridade e a renda mensal. Em ambos, os condutores possuem
nível elevado - superior completo, seguido de ensino médio completo e renda mensal com
alto padrão aquisitivo, atestado por possuírem carro próprio, vários televisores, computa
dores em domicílio e fazerem viagens de lazer, inclusive para o exterior.
Segundo Skinner (1998), o poder que domina o controle econômico naturalmente
permanece com aqueles que possuem o dinheiro e os bens necessários. O indivíduo usa
sua riqueza por razões pessoais. A condição econômica favorecida pode ser positivamen
te reforçadora, pois inclui também reforçadores condicionados generalizados, como di
nheiro e crédito, que são eficientes porque podem ser trocados por bens.
Em se tratando de bens é possível identificá-los a partir das perguntas referentes
ao meio pelo quaí os condutores infratores mantêm-se atualizados, que são jornais, TV,
rádio e internet. A maioria respondeu que possui estes bens e que fazem uso sempre,
seguido à alternativa às vezes.
A análfee de tal questão mostra a importância do treino da pessoa que vai minis
trar o curso de reeducação conhecer os valores de tal grupo de pessoas. Como se vê,
embora haja uma minoria com baixo conhecimento do ponto de vista informativo, a grande
maioria é composta de pessoas bem informadas. São, portanto, conhecedoras das re
gras sociais e das conseqüências legais de desobedecê-las. Lêem, utilizam a internet,
possuem cultura elevada. Poderia ser pensado na construção de vocabulário que atinja
seus valores, uma vez que a desobediência às regras de trânsito não passa por uma
questão de falta de conhecimentos.
A figura 3 demonstra que, das 43 pessoas, a maioria possui habilitação por mais
de 8 anos (59%), seguidos pelos que possuem habilitação em até 2 anos (14 %), e pelos
que possuem habilitação d e 2 a 5 e d e 5 a 8 anos (11%); 5% omitiram-se a responder ou
responderam erroneamente a questão.
5% 14%
■ Ató2 anos
■ 2 a 5 anos
BB ■ 5 a 8 anos
■ mais de 6 anos
■ não respondeu
5%
488 Mestre, Amanda Amarantes, \ lenrlque Stum, Isabella Santos, Jullane Qequelln, Letída Assumpçâo,
M ariane !.. Bonato, íhallta Frelre-Mala, A na D. Andrade, l.eda M . R. S. de Ferrante
Considerando que a maior parte dos condutores infratores já se envolveu em aci
dentes, pode-se levantar a hipótese de que parte destes acidentes aconteceu em rodovi
as. Com isso relaciona-se a pergunta “com que freqüência costuma viajar", na qual a
maioria dos condutores respondeu que viajam mais de quatro vezes por ano.
Fazendo um cruzamento com as questões “fez auto-escola", "você sente neces
sidade de se atualizar sobre o trânsito", “acha necessário fazer o curso de reciclagem",
pois estas, de certa forma, referem-se ao conhecimento que os condutores possuem
sobre o trânsito e, considerando que os condutores possuem habilidade para guiar o carro
(já que a maioria possui carteira de habilitação há mais de oito anos e que todos foram
aprovados em um exame avaliado por peritos do DETRAN-PR) e, considerando ainda, que
as leis de trânsito são tipos de regras - dado que a regra implícita ou explicitamente indica
uma contingência, e que o importante em uma regra é o fato de fortalecer um comporta
mento que só trará compensações depois de um certo tempo, estas não foram eficazes
no controle do comportamento dos condutores infratores, pois com a perda da Carteira
Nacional de Habilitação os motoristas ficam privados de dirigir. Considerando também que
as regras são internalizadas pela vivência de experiências próprias ou de outrem que se
tem como modelos, portanto pessoas com quem se identifica pelos valores ou modo de
viver, percebe-se que as regras de trânsito aprendidas e, portanto, sabidas, não estão
tendo força de controle de comportamento no trânsito, para as pessoas da amostra. "Usu
almente, o saber se refere a uma relação controladora entre o comportamento e estímulos
discriminativos". (Skinner, 1998, p.444).
O comportamento apresentado pelos condutores, de infração às normas regula
doras do trânsito, nesta amostra, revela que a existência de regras, o conhecimento do
porquê existem, a elevada habilidade mediante tempo de treino, o grau cultural geral, não
estão sendo suficientes para exercer controle do comportamento e bem dirigir. Tais resul
tados sugerem a necessidade urgente de encontrar a motivação correta para empreender
tanto a ducação quanto a reeducação para o trânsito.
Afirmam Roberti e Alberti (1983) que um comportamento assertivo torna a pessoa
capaz de agir em seus próprios interesses, a se afirmar sem ansiedade, a expressar
sentimentos sinceros sem constrangimento e a exercer seus próprios direitos preservan-
do.os direitos alheios. O autor prossegue considerando que quando uma pessoa se torna
capaz de agir por iniciativa própria, reduz significativamente sua ansiedade e tensão em
situações críticas e aumenta seu senso de valor como pessoa. A pessoa assertiva é
aberta e flexível,‘ preocupada com os direitos alheios e concomitantemente capaz de esta
belecer muito bem seus próprios direitos e os de sua comunidade.
Quando o indivíduo desenvolve respostas passivas, Roberti e Alberti (1983) afir
mam que pode-se tornar incapaz de escolher a maneira que gostaria de agir. Esse indiví
duo normalmente nega seus próprios direitos e inibe seus sentimentos, deixando que os
outros escolham por ele, sem atingir seus objetivos. Diante desse comportamento é co
mum que ele se sinta ferido e constantemente ansioso. São indivíduos capazes de deso
bedecer regras sociais quando as regras de seu grupo de conviviabilidade se acham em
'ameaça'.
Os autores também consideram outro tipo de resposta desenvolvida, que seria o
outro extremo, ou seja, o comportamento agressivo. Esse indivíduo normalmente eleva
seu sentimento e desejo excessivamente, respondendo vigorosamente às situações e
490 M a rli/d Mcslrc, Amanda Amarante», I lenrtquc Slum, Isubdlu Sanfos, Juliane (/equelin, I etfcia A**umpç«lo,
Mariane I . Bonalo, Fhalita Frcirc-Maia, A na I). Andrade, I eda M . R. S. de herranle
Na questão que pede ao infrator para responder se protesta em voz alta quando
tomam seu lugar na fila, a maioria é assertiva, tendendo ao comportamento passivo. Esse
comportamento de protestar é importante em algumas situações, para fazer valer as re
gras sociais, mas no trânsito seria mais interessante um comportamento passivo diante
disso, pois geralmente o protestar não trará soluções e sim ocasionará maiores confu
sões no tráfego. Portanto, esta questão evidencia um perfil de tais sujeitos da amostra,
como adequados, na sua grande maioria.
Questionando se o indivíduo evita pessoas ou situações por medo, pode-se pen
sar que, no trânsito, o comportamento assertivo é o mais adequado, ou seja, evitar algu
mas situações por medo, como, por exemplo, acelerar ao semáforo amarelo, ou guinar
bruscamente o automóvel. Isso porque, por ausência do medo, muitos condutores cau
sam acidentes e, por outro lado, evitando demais as situações podem tornar o trânsito
lento. No caso dos infratores, essa questão demonstrou comportamento assertivo com
grande tendência ao agressivo. Relacionando esta questão com a literatura descrita por
Sidman (1995), pode-se afirmar que pessoas que procuram evitar acidentes de trânsito
dirigindo defensivamente agem de acordo com o comportamento de esquiva adaptativa, ou
seja, são pessoas prevenidas. Elas já conhecem diretamente ou por instrução verbal os
choques dos quais se esquivam efetivamente; ou as contingências de esquiva em geral
têm regulado suas vidas de tal maneira que elas automaticamente se preparam para o
pior. Lundin (1977) concorda com a afirmação feita por Sidman dizendo que o comporta
mento de esquiva impede o aparecimento dos estímulos aversivos. Se estes condutores
se mostraram tendendo à agressividade, significa que o medo anda ausente do seu reper
tório, mas como não discutem com autoridades, leva a pensar que obedecem às regras
na presença do agente de coerção, ou seja, o guarda de trânsito. Seria interessante um
processo de sensibilização às regras de forma mais contundente, observando quais
reforçadores sociais são mais importantes ao perfil desses infratores.
Perante a questão da confiança no próprio julgamento, que muitas vezes ó a
causa de acidentes no trânsito, o indivíduo julga situações e toma decisões sem pensar
muito. Comprovando esse fato, o inventário acusa que a grande maioria dos infratores é
agressiva nessa questão (57,5%), ou seja, confia no seu julgamento. De acordo com
Sidman (1995), uma coisa chamada consciência não dirige ou suprime a atividade dos
indivíduos. É uma maneira resumida de referir-se à tendência de fazer a coisa certa quan
do contingências conflitantes empurram para direções opostas, quando pelo menos uma
dessas contingências levaria à punição.
Quanto á pergunta que diz respeito a geralmente tomar a frente e decidir pelos
outros, pode-se pensar que, em determinadas situações, este comportamento ó algo posi
tivo, pois a pessoa mostra-se decidida e tenta resolver algumas situações, porém, muitas
vezes este ó um comportamento do qual os demais indivíduos discordam, pois desconsidera
a opinião das demais pessoas. Por se tratar de trânsito, este ó um comportamento inade
quado para o tráfego, pois cada um deve tomar as decisões quanto ao sentido das vias,
modo de trafegar, e uma pessoa que decida pelas outras, desconsiderando as decisões
alheias, pode tumultuar muito o trânsito. No entanto, em determinadas ocasiões quando os
próprios motoristas desconhecem o que fazer, é pertinente um comportamento com essas
características. De acordo com os dados colhidos na pesquisa, 54,7% das pessoas mos
traram-se assertivas, e o comportamento assertivo é o mais adequado para situações de
trânsito, em que deve existir um certo equilíbrio entre passividade e agressividade.
4 9 2 M arilza Mestre, Amanda Amdrdntes, Henrique Stum, Isabella Santcw, Jultanc Qequelin, l.etfcld Assumpçüo,
Mdriane L. Bonato, Thalita Freirr-Maia, A na l>. Andrade, l eda M . R. S. de Ferrante
to, pois por mais que a amizade seja importante, preservar as demais pessoas de condu
tas pouco adequadas é essencial quando se fala de trânsito. Este fato pode ser funda
mentado com as agências controladoras descritas por Sidman (1995), que podem ser, no
caso, a educação, governo, economia ou a religião, que controlam o comportamento do
indivíduo para que ele seja considerado bom ou mau, certo ou errado, cujo controlador
presente é o grupo social. Sendo assim, é possível haver dificuldades de negar favores a
amigos, remetendo ao resultado desta questão.
Referente a questão que pede ao infrator responder se ele expressa seus senti
mentos, a grande maioria respondeu assertivamente, ou seja, em algumas situações
expressa os sentimentos, enquanto em outras não. Relacionando esta situação ao trânsi
to, é possível dizer que no trânsito o interessante seria um comportamento passivo, isto é,
muitas vezes deixar de expressar os sentimentos. Isto porque, diante de uma situação
que nâo agrada o indivíduo é importante não expressar este sentimento a fim de evitar
possíveis discussões que podem acarretar grave acidente.
Ante o questionamento “quando uma pessoa se mostra bastante injusta você lhe
diz isso", a grande maioria dos infratores respondeu que sim, que falam perante uma
injustiça (46,3%). Outra parte dos infratores (36,5%) disse que algumas vezes falam e
outras não, e a minoria dos entrevistados respondeu que se calam. No trânsito, o interes
sante é o indivíduo ter um comportamento assertivo com tendência à passividade nessa
situação decorrente pois o sujeito pode acabar causando discussões e desatenção preju
dicando o tráfego e levando a possíveis acidentes.
Na questão referente à situação de um vendedor insistir na compra de uma merca
doria mesmo que esta não lhe interesse e o indivíduo achar difícil dizer não a grande maioria
respondeu que não acha complicado dizer que realmente a mercadoria não interessa. Isto
pode refletir no fato de essas pessoas serem autênticas para tomar decisões, e este ó um
comportamento coerente para motoristas, pois indivíduos de fácil influência não agem de
acordo com suas decisões, deixando-se levar pelas idéias de passageiros ou outras pesso
as, mas no trânsito o importante é comportar-se segundo o que achar mais correto.
Também cabe aqui pensar numa hipótese de que a população de comportamento
passivo desta pesquisa pode corresponder a pessoas que não são de fato os infratores,
mas sim portadores das carteiras de cujos pontos foram descontados. Esta hipótese se
torna muito interessante quando, ao analisar os questionários socioeconômicos, encon-
trou-se uma resposta escrita à mão que informava: "meu marido ó o infrator". O mesmo
dado é discutido com a advogada Leda Mara Rigonatto Salomão de Ferrante, aplicadora
dos cursos de reciclagem do DETRAN-PR, que relata ter ouvido e visto a mesma respos
ta em alguns questionários aplicados anteriormente.
Tal comportamento passivo traz em si uma questão social de profundidade. A
que ponto o grupo comunitário sofre perdas em favor de elementos do grupo menor, em
geral, o do núcleo familiar? Este comportamento perpetua a “regra" não escrita de que
sempre ó possível “dar um jeitinho" em favor dos “nossos". A pessoa que assume a pena
lidade em seu nome, com o fim de “poupar" seu familiar, parece não enxergar que tal
comportamento ó uma infração mais grave que uma infração de trânsito, desde o ponto
de vista legal. Assumindo no lugar daquele que cometeu a infração, essa mesma pessoa
está cometendo infração de "falsidade ideológica", pois nosso Código Civil diz ser crime
assumir a identidade de outro.
Considerações Finais
494 M a ril/a Mestre, Amandd Amarantes, I lenrique Stum, IsabelI.» Santos, Juliane Qequelin, l.ctlda A ssum pto,
Mariane L Bonato, Tbalita Freire-Maia, A na r>. Andrade, I eda M . R. S. de Ferrante
Referências
Alberti, R. (1983). Comportamento Assertivo, Belo Horizonte: Interllvros.
Del Prette, Z., & Del Prette, A. (1999). Psicologia das habilidades sociais: terapia e educação.
Petrópolís: Vozes.
Hall, C. S., & Lindzey. (1984). Teorias da personalidade. São Paulo: EPU.
Keller, F. S., & Schoenfeló, W. N. (1966). Princípios de psicologia. Säo Paulo: EPU.
(1995). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-IV (4th ed.). Porto Alegre:
Artes Médicas.
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