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Tornar-se pessoa é tao somente uma das possibilidades que cada um deve realizar. A pessoa está
dotada de aspirações ilimitadas, percebe a sua perfectibilidade; em fim constitui o projecto homem
não concluído, e faz desse projecto um ser em transformação. Desde a reprodução o homem
organiza-se numa entidade pertencente ao género animal, mas que ultrapassa este género da
animalidade e se torna uma espécie racional e livre. É neste contexto que Boécio disse que o homem
é o individuo de natureza racional. É, pois, uma entidade cuja a dignidade e propriedades
fundamentais são intrínsecas, constitutivas da própria entidade. Estas propriedades são:
A totalidade indissociável: enquanto é suposto que subsiste em si, por si, como sujeito único e
ontológico, chamado a ser livre e responsável. Nesta responsabilidade e racionalidade flui a
liberdade.
Dessas características toda se segue que a dignidade da pessoa é intrínseca a própria estrutura
metafísica, independentemente do exercício temporal, das respectivas virtualidades, devido a erros
genéticos, a acidentes ou circunstancias desfavoráveis no percurso do próprio desenvolvimento
temporal.
Nesta perspectiva a pessoa humana, cada pessoa, nunca mais deverá ser tomada como meio; ela, a
pessoa humana, é um fim em si mesma, independentemente dos sucessos ou fracassos pessoais ou
sociais ou sociais. É ainda neste contexto que pudemos falar da justiça. Esta em suas diversas formas
expressa uma profunda e unitária exigência:
Qual é esta exigência? Todo o sujeito há de ser reconhecido e tratado por outra pessoa como
princípio absoluto de seus próprios actos, outorgando-lhe valor de fim e não de simples meio ou
instrumento. Em consequência disto, deve excluir-se todo o comportamento, disparidade e
desigualdade que não estão fundados no efectivo ser e agir de cada um: todo o comportamento
tem que ser nivelado objetivamente com a mesma medida, quer dizer, com valor da pessoa.
Cada pessoa sendo única, exclusiva, irrepetível e imprevisível vive em si e por si; enquanto sujeito
último, ele é irredutível ao número e a seriação (de série). A pessoa é orientadora de si mesma na
escolha dos meios adequados para atingir o próprio fim, os outros devem apenas auxilia-la a refletir
e a ponderar.
Falar de desenvolvimento não é fácil porque não se trata de um conceito unívoco, mas sim análogo
e polissémico. De modo geral, o desenvolvimento indica o progresso, o desenvolvimento económico,
a modernização e a independência económica.
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Cristianismo e Desenvolvimento | UCAN 2018
Deste modo o desenvolvimento dos povos e das sociedades consiste no bem-estar dos seus
membros. Surge assim o conceito de felicidade, que se configura com várias conotações: prazer,
sucesso, fama, possessão de bens e independência.
“A sociedade é feita para o homem e não o homem para a sociedade (Papa Pio XI)”
Dizia um especialista: Não aceitamos que o económico supere o humano. O que conta para nós é o
homem, cada homem, cada grupo de homens, até chegar a humanidade inteira.
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