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Universalidade e variabilidade da molécula de DNA

As células são as unidades estruturais e


funcionais dos organismos.
Utilizando o seu programa genético,
produzem moléculas específicas, que
permitem o crescimento e a renovação
celulares.

Entre as moléculas
sintetizadas, as
proteínas, com as
suas sequências
específicas de
aminoácidos, são
moléculas essenciais
à vida.
Universalidade e variabilidade da molécula de DNA

Quando se observam elementos de uma família é possível identificar entre


esses membros semelhanças ao nível da estatura, da cor dos olhos ou
características da face.

Há traços familiares que resultam de uma hereditariedade comum. Porém,


cada um dos membros dessa família possui características que o distinguem
de todos os outros.

Cada indivíduo é, na verdade, único.


Universalidade e variabilidade da molécula de DNA

A existência de semelhanças e de diferenças deve-se ao


facto de cada organismo ter um programa genético que é
herdado dos seus antepassados, mas que não é repetido.
O programa genético está presente no ácido
desoxirribonucleico (DNA), molécula que coordena toda a
actividade celular.
Em finais do século XIX, o bioquímico alemão Miescher, a partir de células
com grandes núcleos, isolou uma substância de elevado peso molecular exclusiva
do núcleo, constituída por C, H, O, N e P, a que chamou nucleína.
Anos mais tarde, a nucleína passou a ser designada por ácido
desoxirribonucleico. Este ácido foi praticamente ignorado pelos biólogos durante
quase um século.
Considerava-se, de uma forma geral, que as proteínas eram as
macromoléculas portadoras da informação genética.
O DNA, comparado com a complexidade a diversidade das proteínas, parecia
muito simples para explicar as características específicas de cada organismo.
Universalidade e variabilidade da molécula de DNA

As experiências de Griffith, em 1928, demonstraram que algures


numa célula existe uma substância química que permanece intacta
após a morte celular e que é capaz de determinar o destino (as
características) da mesma. Porém, continuou por identificar esse
princípio transformante.
Só na década de 40 do século XX, na sequência de trabalhos
realizados com bactérias e vírus, o ácido desoxirribonucleico foi
considerado o material genético.
As experiências de Avery, Mac Leod e Mac Carthy, em 1944, não
deixaram dúvidas quanto ao papel da molécula de DNA. A evidência
obtida através destas experiências é apenas indirecta, retirada por
exclusão de partes.
Com as experiências de Hershey e Chase, em 1952, foi
definitivamente aceite pela comunidade científica que o DNA é a
molécula que contém a informação para a organização e o
funcionamento da célula.
Universalidade e variabilidade da molécula de DNA

A molécula de DNA apresenta uma organização e um funcionamento


universal em todos os seres vivos. Quer nos procariontes quer nos
eucariontes o DNA é o suporte universal da informação hereditária (informação
genética), controlando a actividade celular.
As diferenças mais evidentes relativas ao material genético de procariontes e
de eucariontes dizem respeito hão só à quantidade de DNA, mas também à sua
organização e localização.

Nos procariontes, o DNA


encontra-se no citoplasma como
uma molécula circular, não tendo
em regra, outros constituintes
associados. Essa molécula
constitui o nucleóide.
Universalidade e variabilidade da molécula de DNA

Nas células eucarióticas


existe uma compartimentação
membranar, estando a quase
totalidade do material genético
confinado ao núcleo.

O núcleo possui duas membranas -


membrana nuclear interna e membrana
nuclear externa, que constituem o,
invólucro nuclear, com inúmeros poros
nucleares que permitem a comunicação
entre o interior do núcleo e o citoplasma.
Universalidade e variabilidade da molécula de DNA

No interior, o núcleo contém o


nucleoplasma, onde se encontram os
cromossomas, massas de material
facilmente corável, constituídos por
filamentos de DNA e proteínas.
No núcleo pode ainda existir um ou
mais nucléolos, estruturas em cuja
constituição entram ácidos nucleicos e
proteínas.
Universalidade e variabilidade da molécula de DNA

O DNA é responsável por toda


a informação hereditária que
passa de geração em geração.
A grande diversidade de
moléculas de DNA confere grande
diversidade à vida, pois cada
organismo contém o seu DNA,
que o torna único.
Ácidos nucleicos

Ácidos nucleicos

DNA RNA

RNAr RNAt RNAm


Ácidos nucleicos

Os ácidos nucleicos, designação que


resulta do facto de terem sido
encontrados pela primeira vez no núcleo
das células, são moléculas constituídas
por unidades básicas designadas
nucleótidos.
Cada nucleótido é formado por:
uma base azotada,
uma pentose (glícido com cinco
carbonos)
um grupo fosfato (ácido
fosfórico).
Ácidos nucleicos

A análise das moléculas dos ácidos


nucleicos permite distinguir a existência de
dois tipos: o DNA (ácido
desoxirribonucleico) e o RNA (ácido
ribonucleico).
A pentose presente nos nucleótidos do
RNA é a ribose (C5H10O5), no DNA
encontra-se a desoxirribose (C5H10O4).
O ácido fosfórico confere aos ácidos
nucleicos as suas características ácidas.
Normalmente, cada um dos ácidos
nucleicos só apresenta quatro tipos de
bases azotadas. Assim, a adenina, a
guanina e a citosina estão presentes
tanto no DNA como no RNA. A timina
surge no DNA, enquanto que o uracilo
ocorre somente no RNA.

NUCLEÓSIDO
Ácidos nucleicos

As bases azotadas presentes nos


nucleótidos podem dividir-se em dois
tipos:

Bases púricas ou de anel duplo


- adenina e guanina, que
apresentam um anel duplo

Bases pirimídicas ou de anel


simples - uracilo, timina e
citosina, que apresentam um anel
simples.
Ácidos nucleicos

Nos ácidos nucleicos consideram-


se cinco categorias de
nucleótidos que são designados
pela base azotada que entra na sua
constituição: nucleótido adenina,
nucleótido guanina, nucleótido
citosina, nucleótido timina e
nucleótido uracilo.
Na formação de cada nucleótido
intervêm reacções de
condensação, estabelecendo-se
ligações entre o grupo fosfato e o
carbono 5' da pentose e entre o
carbono 1' da pentose e a base
azotada.
Ácidos nucleicos

Os nucleótidos estabelecem ligações entre si


através de reacções de condensação,
formando cadeias polinucleotídicas.
Estas ligações estabelecem-se entre o grupo
fosfato de um dos nucleótidos e o carbono 3’ da
pentose do nucleótido seguinte, repetindo-se o
processo na direcção 5' → 3'.
Assim, ao último nucleótido que tem o carbono
3' livre, pode ligar-se um novo nucleótido pelo
grupo fosfato.
Estas ligações designam-se ligações
fosfodiéster.
Ácidos nucleicos

O número e a ordem dos nucleótidos, ou seja, a sequência nas cadeias


nucleotídicas é muito importante, pois é nelas que está codificada a
informação genética que define as características de cada indivíduo.
DNA

No início da década de 50, do século XX, foram produzidos trabalhos que


conduziram à descoberta da estrutura da molécula de DNA.
Por um lado, as análises químicas, realizadas por Chargaff em diversas
espécies de seres vivos, permitiram verificar que o número de timinas
presente no DNA de cada uma dessas espécies era aproximadamente igual
ao número de adeninas, e que o número de guaninas era ao número de
citosinas.
E, consequentemente, a quantidade total de purinas era
aproximadamente igual à quantidade total de pirimidinas - ocorre
complementaridade de bases azotadas.
DNA

Pode assim concluir-se que a


relação (A + G)/(T + C) tem valores
muito próximos da unidade.
Esta relação de igualdade entre as
bases presentes na molécula de DNA,
mais tarde designada Regra de
Chargaff, só foi compreendida após a
descoberta da estrutura deste ácido
nucleico.
DNA

Por outro lado, Maurice Wilkins e Rosalind Franklin, utilizando a


difracção de raios X, bombardearam amostras de DNA cristalizado, tendo
obtido padrões que permitiram concluir que a molécula deveria ter uma
estrutura helicoidal.

Em 1953, com base nos resultados das experiências anteriores, James


Watson e Francis Crick apresentaram, na Universidade de Cambridge, o
modelo de dupla hélice para o DNA.
Através do microscópio electrónico, verificou-se que a espessura de
uma molécula de DNA (2 nm) é dupla da de uma cadeia
polinucleotídica (1 nm).
DNA
DNA

Segundo este modelo, a molécula de DNA é


composta por duas cadeias
polinucleotídicas, que se dispõem em
sentidos inversos, designando-se, por isso,
antiparalelas.
Os nucleótidos que formam uma cadeia
polinucleotídica ligam-se entre si através de
ligações covalentes (do tipo fosfodiéster), que
se estabelecem entre o grupo fosfato e os
carbonos 3’ e 5’ das pentoses.
Cada cadeia de nucleótidos apresenta nas
extremidades uma ponta livre, uma designada
3' e a outra 5'. Cada cadeia desenvolve-se em
sentidos opostos, iniciando-se na extremidade
5' e terminando na extremidade 3'. Assim, à
extremidade 5' de uma cadeia irá corresponder
a extremidade 3' da outra cadeia. Por esta
razão, as cadeias são designadas
antiparalelas.
DNA

Nas zonas mais externas da dupla


hélice, encontram-se o grupo fosfato e a
desoxirribose, enquanto que na parte
mais interior, formando os "degraus",
surgem as bases azotadas.
A ligação entre as duas cadeias faz-se
por pontes de hidrogénio que se
estabelecem entre as bases azotadas,
verificando-se uma complementaridade.

Ou seja, a adenina só emparelha com a timina (por duas pontes de


hidrogénio), enquanto que a guanina só se liga à citosina (por três pontes
de hidrogénio). Por esta razão, diz-se que são bases complementares.
Esta constância nas ligações justifica as proporções encontradas por
Chargaff.
DNA
DNA

A estrutura do DNA é a mesma em todas as


espécies e é universal no mundo vivo.
Analisando esta estrutura, podemos falar de genes
como segmentos de DNA com uma sequência
nucleotídica própria que contém determinada
informação.
O número de nucleótidos, a sua natureza e
sequência diferem de gene para gene. A ordem dos
nucleótidos num gene possui um significado preciso,
codifica a expressão de um carácter.
Embora exista um pequeno número de tipos diferentes de nucleótidos (apenas
quatro no DNA), como cada um pode estar presente um grande número de vezes
e podem existir diferentes ordenações desses nucleótidos, é possível uma grande
diversidade de moléculas de DNA.
Cada indivíduo é único, tem o seu próprio DNA. Pode, pois, falar-se em
universalidade e variabilidade desta molécula.
O conjunto de genes que constitui a informação genética de um indivíduo tem
o nome de genoma. Os benefícios que advêm do conhecimento do genoma dos
seres vivos são inquestionáveis.
Replicação do DNA

Três anos após a publicação dos trabalhos de Watson e Crick, na revista


Nature, um outro investigador, Arthur Kornberg, demonstrou que era
possível replicar a molécula de DNA em laboratório, sem que esta esteja
no interior de uma célula.
Para que a replicação ocorra in vitro, basta que, além da molécula de
DNA parental, esteja presente uma enzima (DNA polimerase) e os quatro
tipos de nucleótidos que formam este ácido nucleico.
Contudo, os trabalhos de Kornberg não permitiam concluir sobre o modo
como a duplicação do DNA ocorria.
Outros investigadores da época defendiam que a molécula de DNA
apresentava dimensões demasiado elevadas para que o desenrolamento da
hélice ocorresse de forma eficaz.
Surgiram, assim, três modelos que, tendo por base a complementaridade
das bases do DNA, tentavam explicar o mecanismo de replicação.
Replicação do DNA

Modelos explicativos da replicação do DNA

Hipótese Hipótese Hipótese


conservativa semiconservativa dispersiva
Replicação do DNA
A hipótese conservativa admitia que a molécula de DNA progenitora se
mantinha íntegra, servindo apenas de molde para a formação da molécula-filha, a
qual seria formada por duas novas cadeias de nucleótidos.
Por outro lado, a hipótese dispersiva admitia que cada molécula-filha seria
formada por porções da molécula inicial e por regiões sintetizadas de novo, a
partir dos nucleótidos presentes na célula.
Na replicação semiconservativa, cada uma das novas cadeias formadas é
réplica de uma das cadeias originais. Assim, as novas moléculas de DNA
formadas são idênticas à molécula original, sendo portadoras de uma cadeia
antiga e de uma cadeia recém-formada.
Replicação do DNA
Os investigadores Meselson e Stahl, em 1958, realizaram experiências
cujos resultados vieram apoiar a hipótese de replicação semiconservativa.
Meselson e Stahl cultivaram E. coli num meio de cultura com 15N e
posteriormente num meio com 14N. As moléculas com 15N são mais densas do
que as moléculas com 14N.
Replicação do DNA
Replicação do DNA

As bactérias cultivadas em 15N incorporam esse azoto nos seus


nucleótidos, formando um DNA com maior densidade, que se
deposita mais próximo do fundo do tubo sujeito a centrifugação.
Quando as bactérias são transferidas para um meio de cultura
com 14N, utilizam esse azoto para produzirem novas cadeias de
DNA.
Meselson e Stahl, no final da experiência, verificaram que, ao
longo das gerações, a proporção do DNA com 14N aumentava e que
o DNA com 15N se mantinha presente.
Actualmente, sabe-se que a duplicação do DNA é um processo
com alguma complexidade que envolve a acção de algumas
enzimas.
Assim, na primeira geração cada molécula de DNA apresenta uma
cadeia de nucleótidos com 15N e outra com 14N.
Replicação do DNA

Desta forma as moléculas de DNA


apresentam uma densidade intermédia
entre DNA com 15N e DNA com 14N.
Na segunda geração obtém-se 50%
de moléculas de DNA com 15N14N e a
mesma percentagem de moléculas só
com 14N.
Numa terceira geração devem
aparecer 75% de DNA com nível de
densidade correspondente ao DNA com
14N e 25% com densidade intermédia,

correspondente ao DNA com 15N14N.


Nas gerações seguintes surgirá uma
proporção crescente de moléculas de
DNA com densidade correspondente ao
DNA 14N.
Os resultados desta experiência apoiam o modelo de replicação
semiconservativa que se processa segundo a regra da complementaridade de
bases.
Replicação do DNA

O DNA, detentor da informação genética, tem a


capacidade de se autoduplicar, assegurando a
conservação do património genético de célula para célula,
ao longo das gerações.
A questão da replicação do material genético foi
colocada antes mesmo de Watson e Crick revelarem a
estrutura do DNA. Quando estes investigadores
propuseram o modelo de dupla hélice para o DNA,
sugeriram uma possível forma de esta molécula se
replicar.
Segundo eles, a complementaridade das bases do
DNA permitiria que esta molécula se autoduplicasse de
forma semiconservativa. Segundo a replicação
semiconservativa cada uma das cadeias serviria de molde
para uma nova cadeia e, consequentemente, cada uma
das novas moléculas de DNA seria formada por uma
cadeia antiga e uma cadeia nova.
Replicação do DNA

As duas cadeias da dupla hélice, na


presença de enzimas específicas,
DNA-polimerases, separam-se por
ruptura das ligações hidrogénio.

Cada uma das cadeias serve de


molde à formação de uma cadeia
complementar, sendo utilizados
nucleótidos que existem livres na
célula.

Formam-se, simultaneamente, duas


cadeias novas de desoxirribonucleicos
de acordo com a regra de
complementaridade de bases. Estas
novas cadeias são, pois,
complementares das duas cadeias
originais, sendo cada uma antiparalela
em relação à que lhe serviu de molde.
Replicação do DNA

A DNA-polimerase promove:
A formação de ligações por
pontes de hidrogénio entre
as bases complementares;
A ligação do açúcar de um
nucleótido com o fosfato
do nucleótido seguinte;
A correcção de erros que
existam.

Replicação
semiconservativa
RNA

Ao nível da constituição, cada nucleótido de RNA possui: um grupo


fosfato, uma ribose e uma base azotada (adenina, citosina, guanina, uracilo).
RNA

A molécula de RNA é, normalmente,


formada por uma cadeia simples de
nucleótidos, apresentando dimensões muito
inferiores às da molécula de DNA.
Contudo, em determinadas regiões, a
molécula de RNA pode dobrar-se devido ao
estabelecimento de pontes de hidrogénio
entre as bases complementares (a adenina
emparelha com o uracilo e a guanina com a
citosina).
A quantidade de RNA é variável de célula
para célula e varia com a actividade celular,
forma-se no núcleo e migra para o
citoplasma.
As moléculas de RNA são, geralmente,
de dimensões muito inferiores às das
moléculas de DNA.
Comparação entre o DNA e o RNA
RNA
As moléculas de RNA são sintetizadas a partir do DNA e podem
apresentar, sob o ponto de vista de estrutura e função, três formas
distintas: o RNA mensageiro (RNAm), o RNA de transferência (RNA t ) e
o RNA ribossómico (RNAr). O RNAm transporta uma mensagem para a
síntese de proteínas; o RNAr constitui os ribossomas; o RNAt transporta
aminoácidos para os ribossomas.

RNA

RNAr RNAt RNAm


RNA

O RNAm é uma molécula de cadeia simples e de vida curta. É sintetizado no


núcleo a partir de uma porção de DNA (gene), que é transcrita e em seguida
migra para o citoplasma, onde participa na síntese de uma dada proteína e se
desintegra depois. Durante a vida da célula existem pelo menos tantos mRNA
quantos os tipos de proteínas que a mesma produz.

O RNAr é uma molécula de cadeia simples que se


apresenta enrolada e juntamente com proteínas, constitui
os ribossomas, organelos citoplasmáticos onde ocorre a
etapa final da síntese proteica.
RNA

O RNAt apresenta uma estrutura tridimensional


que resulta de a sua única cadeia se enrolar e, em
determinados locais, estabelecer ligações por
pontes de hidrogénio entre bases complementares
de nucleótidos inicialmente afastadas.
Há vários RNAt no citoplasma das células, tendo
cada um deles capacidade de se ligar a um único
aminoácido.
A estrutura típica de um RNAt apresenta dois
locais característicos:
a extremidade 3', que termina em todos os
RNAt com a sequência CCA, através da qual
este se liga ao aminoácido;
um conjunto de três nucleótidos, designados
por anticodão, diferentes em cada RNAt, e
que determina o aminoácido a que este se
pode ligar.
É através do anticodão que o tRNA emparelha
temporariamente com mRNA.
Comparação entre o DNA e o RNA

DNA RNA
Uma cadeia polinucleotídica, por vezes
Duas cadeias polinucleotídicas.
dobrada.
A pentose é a desoxirribose. A pentose é a ribose.
As bases azotadas presentes são a As bases azotadas presentes são a
adenina, timina, guanina e citosina.. adenina, uracilo, guanina e citosina.
A razão adenina-timina e citosina-guanina A razão adenina-timina e citosina-guanina
não varia. varia.
A quantidade é constante em todas as A quantidade varia de célula para célula e
células da mesma espécie (excepto em dentro da mesma célula, de acordo com a
gâmetas e esporos). actividade metabólica.
Quimicamente muito estável. Quimicamente pouco estável.
Pode ser temporário, existindo por curtos
Permanente.
períodos.
Apresenta três formas básicas: RNAm,
Somente uma forma básica.
RNAt e RNAr.
Forma-se no núcleo e migra para o
Localiza-se principalmente no núcleo.
citoplasma.
Código genético

O mecanismo de biossíntese proteica consiste na síntese de


proteínas, macromoléculas constituídas por conjuntos maiores ou
menores de aminoácidos, e cuja síntese se realiza nos ribossomas.
Esta síntese é controlada ao nível do DNA, já que é dele que sai a
informação da proteína a produzir. Por este motivo foi necessário
descobrir qual o código que traduzia a colocação de determinado
aminoácido.
Como só há quatro nucleótidos diferentes, quer de DNA quer de
RNA, e existem vinte aminoácidos diferentes, foi necessária a junção
de três nucleótidos consecutivos (tripleto) para se obter um número
de combinações suficientes (64 combinações = 43) de modo a cobrir
a totalidade dos aminoácidos.
Esse conjunto de combinações de nucleótidos de RNAm e a sua
tradução em aminoácidos é conhecida por código genético.
O facto da sequência de três nucleótidos de RNAm codificar um
aminoácido, valeu-lhe a designação de codão e um tripleto de DNA
tomou o nome de codogene.
Código genético
Código genético
Exercício sobre o Código Genético

O código genético é um código de correspondência entre tripletos de nucleótidos e aminoácidos.

1. Indica o aminoácido codificado pelos codões:


1.1.1 GAC
1.1.2 GCU
1.1.3 AGA

2. Indica o codogene que corresponde ao codão CAU.

3. Considera o codão UUU.


3.1 Indica o aminoácido codificado por este codão.
3.2 Altera a base azotada do 1º nucleótido para C. O que acontece?
3.3 Altera a base azotada do 2º nucleótido para C. O que acontece?
3.4 Altera a base azotada do 3º nucleótido para C. O que acontece?
3.5 O que podes concluir das questões 3.2, 3.3 e 3.4?

4. Condidera novamente o codão UUU.


4.1 Altera a base azotada do 1º nucleótido para A. O que acontece?
4.2 Altera a base azotada do 2º nucleótido para A. O que acontece?
4.3Altera a base azotada do 3º nucleótido para A. O que acontece?
Código genético

Analisando o código genético verifica-se que a alteração de uma base de


DNA ou RNAm não tem sempre o mesmo significado.
A alteração da primeira base de um tripleto altera sempre o aminoácido
codificado. Por exemplo, o tripleto UUU codifica o aminoácido fenilalanina,
mas basta trocar a primeira base de uracilo por uma base de citosina, ficando
CUU, que o aminoácido codificado já passa a ser a leucina.
A alteração da segunda base do tripleto também apresenta grande
especificidade pelo que a sua alteração se traduz num novo aminoácido. Por
exemplo, o tripleto AUC codifica o aminoácido isoleucina, mas se a segunda
base (uracilo) for trocada por citosina (ACC) o aminoácido codificado será a
treonina.
Relativamente à terceira base do tripleto esta não apresenta grande
especificidade, pois a alteração da terceira base do tripleto não implica uma
alteração do aminoácido codificado. Por exemplo. O tripleto CGA codifica o
aminoácido arginina, mas se trocarmos a terceira base (adenina) por uma
base de citosina (CGC) o aminoácido codificado continuará a ser a arginina.
Código genético

Verifica-se que o tripleto AUG tem uma dupla função, pois além de
codificar o aminoácido metionina funciona também como codão de
iniciação.
Os codões UAA, UAG e UGA, funcionam como codões de finalização.

O código genético apresenta ainda


como características a sua universalidade,
redundância e ambiguidade.
A sua universalidade advém do facto
de o código, tirando algumas excepções,
ser aplicável a qualquer célula, logo
qualquer indivíduo.
O código genético não é ambíguo pois
um codão codifica apenas um aminoácido,
no entanto, um aminoácido pode ser
codificado por vários codões, pelo que
existe redundância.
Código genético

O código genético tem as seguintes características:

Cada aminoácido é codificado por um tripleto designado codão.


O tripleto AUG tem uma dupla função, além de codificar o
aminoácido metionina, constitui o codão de iniciação para a síntese
proteica.
Os tripletos UAA, UGA e UAG são codões de finalização ou
codões Stop, isto é, quando surgem, termina a síntese do péptido.
O código genético é redundante, isto é, existe mais do que um
codão (sinónimos) para codificar um aminoácido. Este fenómeno é,
também, conhecido por degenerescência do código genético.
O terceiro nucleótido de cada codão é menos específico que os
dois primeiros. Por exemplo, a prolina pode ser codificada por
qualquer um dos seguintes codões: CCU, CCC, CCA ou CCG.
O código genético não é ambíguo, isto é, um determinado codão
não codifica dois aminoácidos diferentes.
Regra geral, o código genético é universal, isto é, um determinado
codão tem o mesmo significado para a maioria dos organismos.
Código genético Decifrando o código genético

A- Experiências de M. Nirenberg e colaboradores


- Sintetizaram artificialmente um polinucleótido de RNAm, utilizando um único tipo de
nucleótidos (uracilo) …UUUUUUUUUUUU…
- Num tubo de ensaio adicionaram a este polímero de uracilo (poli-U) uma mistura que
continha todos os intervenientes bioquímicos requeridos para a síntese proteica (enzimas,
ribossomas, os vinte aminoácidos, ATP, etc).
- Utilizando a técnica de marcação radioactiva dos aminoácidos, verificaram que se
formou uma cadeia polipeptídica constituída por um único aminoácido – fenilalanina.

B- Experiência de Khorana e colaboradores


-Sintetizaram um polinucleótido de RNAm constituído pela sucessão de nucleótidos de
uracilo e citosina alternados, ou seja, um poli-UC …UCUCUCUCU…
- Adicionaram este poli-UC, em tubo de ensaio, a uma mistura que continha todos os
intervenientes na síntese proteica.
- Foi sintetizado um polipéptido.
1. Quais os tipos de codões existentes no RNA sintetizado por:
- Nirenberg?
- Khorana?
2. Como interpretas que na experiência de Nirenberg o polipéptido seja apenas
constuituído por um aminoácido?
3. Que previsão pode fazer quanto à constituição do polipéptido sintetizado na
experiência de Khorana?
Síntese proteica

O mecanismo de síntese proteica envolve dois processos – a transcrição


e a tradução – que nos seres eucariontes se encontram separados por um
processo designado por maturação ou processamento do RNAm.

Síntese Proteica em Eucariontes

Transcrição Processamento do RNAm Tradução

Iniciação Alongamento Finalização


Síntese proteica
Síntese proteica

A síntese de uma proteína é um mecanismo complexo, que se inicia no


núcleo e termina no citoplasma, ao nível dos ribossomas.
O processo de síntese inicia-se no DNA, logo num código de nucleótidos, e
termina com a tradução destes nucleótidos em aminoácidos, envolvendo por isso
diferentes etapas processuais, a tradução, maturação, migração e tradução.

Transcrição Tradução
DNA RNAm Polipeptídeo

O processamento da expressão da informação genética é explicada


através do dogma central da Biologia molecular, segundo o qual:
A informação presente no DNA é transcrita para o RNA;
O RNA é posteriormente traduzido (descodificado) para formar
proteínas. As proteínas são responsáveis pelo fenótipo de um
indivíduo.
Síntese proteica
Síntese proteica - Transcrição

A transcrição, que ocorre no núcleo, consiste na formação de uma cadeia


de pré-RNAm a partir de uma cadeia de DNA, que contém a informação da
proteína a sintetizar. A informação contida em cada gene é copiada para
RNAm, por complementaridade de bases.
Síntese proteica - Transcrição

A cadeia de DNA é aberta por uma enzima, a RNA-polimerase, que se fixa


sobre o DNA e vai provocando a quebra das pontes de hidrogénio entre as
bases azotadas, abrindo deste modo a cadeia do DNA. Apenas uma das
cadeias de DNA é utilizada durante a transcrição.
Uma vez aberta a cadeia de DNA, por complementaridade das bases, vão-se
unindo os ribonucleótidos originando o pré-RNAm. A síntese do RNAm ocorre
no sentido 5’  3’, sendo utilizada apenas uma das cadeias de DNA.
À medida que a RNA-polimerase vai passando a cadeia de DNA fecha,
restabelecendo-se as pontes de hidrogénio entre as bases azotadas.
Síntese proteica - Transcrição

A formação de qualquer tipo RNA (RNAm, RNAt, RNAr) é considerada uma


transcrição.
Síntese proteica – Processamento do RNA
Síntese proteica – Processamento do RNA

O pré-RNAm dos seres eucariontes, ao ser sintetizado, transcreveu a


cadeia de DNA, incluindo os seus segmentos codificáveis e os não
codificáveis. Por este motivo o pré-RNAm é constituído por sequências
codificáveis (exões) e por sequências não codificáveis (intrões).
Para que não haja interrupção na sequência de aminoácidos
codificados o RNAm tem de ter, na sua totalidade, significado genético.
Por este motivo ocorre o processamento, maturação do pré-RNAm ou
splicing.
Assim, enzimas específicas retiram as sequências não codificáveis de
pré-RNAm (intrões) deixando apenas as sequências codificáveis (exões).
Forma-se assim uma cadeia de RNAm totalmente codificada, ou
seja, uma cadeia de RNAm em que cada codão codifica um aminoácido.
A totalidade do processo ocorre no núcleo, migrando posteriormente o
RNAm para o citoplasma, fixando-se nos ribossomas.
Síntese proteica – Migração

A migração consiste na passagem do RNAm do núcleo para o citoplasma,


mais precisamente para junto dos ribossomas.
Os ribossomas são formados por RNA ribossómico (RNAr) e proteínas
associadas, sendo constituídos por duas subunidades: a subunidade maior e a
subunidade menor.

É possível distinguir na subunidade maior as


seguintes regiões:
Local A - onde o anticodão do tRNA se
liga ao codão do mRNA, alinhando o
aminoácido especifico a ser adicionado à
cadeia peptídica em crescimento;
Local P - permite a adição do aminoácido
transportado pelo tRNA à cadeia
polipeptídica em crescimento;
Local E - local de saída do tRNA após ter
ocorrido a transferência do aminoácido
que transportava.
Síntese proteica – Tradução (Iniciação)

A tradução consiste na descodificação da mensagem, contida no


RNAm, em aminoácidos, levando deste modo à síntese de uma proteína.

Intervenientes Funções
RNAm Contém informação da síntese de proteínas.
Aminoácidos Moléculas básicas para a construção de proteínas.
RNAt Transfere os aminoácidos para os ribossomas.
Ribossomas Sistemas de leitura onde ocorre a tradução.
Enzimas Catalizam as reacções.
ATP Transferem energia para o sistema.
Síntese proteica – Tradução (Iniciação)

A tradução inicia-se pela ligação da cadeia de RNAm à subunidade


menor do ribossoma.
Síntese proteica – Tradução (Iniciação)

O RNAt funciona como o “interprete”


da mensagem contida no RNAm. O
RNAt selecciona e transfere os
aminoácidos para os locais de síntese,
os ribossomas.
Cada RNAt possui numa zona
especial uma sequência de três
nucleótidos, o anticodão, que é
complementar do codão. Local de
Local de união das
fixação ao enzimas
Na extremidade 3’ da molécula de ribossoma
RNAt liga-se o respectivo aminoácido
(local aminoacil).
Como o código genético é degenerado
pode existir mais do que um RNAt para
o mesmo aminoácido.
Síntese proteica – Tradução (Iniciação)

O complexo aminoacil-RNAt-sintetase movimenta-se em direcção ao


ribossoma, ligando-se o anticodão (tripleto de RNAt) ao codão (tripleto de
RNAm) cujas bases azotadas são complementares.

Esta união efectuou-se


no local P ou peptidil do
ribossoma. O primeiro
codão da cadeia de RNAm
a ser traduzido é o codão
de iniciação (AUG), que
corresponde à colocação do
aminoácido metionina.
Após a colocação do
aminoácido metionina
ocorre a ligação da
subunidade maior do
ribossoma ao conjunto,
tornando-se este activo.
Síntese proteica – Tradução (Alongamento)

A fase de alongamento corresponde à ligação dos aminoácidos


seguintes da cadeia polipeptídica, através de ligações peptídicas.
Após a activação do ribossoma , este encontra-se com o local P ou
peptidil ocupado, estando livre o local A ou aminoacil.
Ocorre uma segunda activação de um aminoácido, que se liga ao
respectivo RNAt e à aminoacil-RNAt-sintetase, formando-se um
segundo complexo aminoacil-RNAt.
Este complexo desloca-se para o ribossoma onde se ligam, por
complementaridade, o codão e o anticodão, no local A ou aminoacil.
Este segundo aminoácido liga-se, através de uma ligação peptídica
à metionina.
O ribossoma avança três bases (um codão), libertando-se o RNAt da
metionina.
O local P passou a estar ocupado pelo complexo aminoacil-RNAt do
segundo aminoácido, ficando livre o local A.
O processo continua com um terceiro aminoácido, quarto
aminoácido
Síntese proteica – Tradução (Alongamento)

Um segundo tRNA
transporta um aminoácido
específico, ligando-se ao
codão;
Estabelece-se uma
ligação peptídica entre o
aminoácido recém-
chegado e a meteonina;
O ribossoma avança três
bases ao longo do
mRNA no sentido 5’ 3’
;
O processo repete-se ao
longo da molécula de
mRNA;
Os tRNA, que se tinham
ligado inicialmente, vão-se
desprendendo
sucessivamente.
Síntese proteica – Tradução (Finalização)

A síntese da cadeia
polipeptídica termina quando o
ribossoma chega a um codão de
finalização (UAA, UAG, UGA).
Quando o local A de um
ribossoma encontra um codão de
terminação, como não tem
nenhum anticodão complementar,
nem traduz nenhum aminoácido a
síntese termina.
O ribossoma corre as últimas
três bases, o último RNAt desliga-
se e o factor de finalização passa
para o local P.
A subunidade maior e menor do
ribossoma separam-se ficando
novamente o ribossoma inactivo. A
cadeia de RNAm desagrega-se e
a cadeia polipeptídica liberta-se.
Síntese proteica – Tradução
Síntese proteica
Síntese proteica

A biossíntese de proteínas apresenta como características fundamentais:


Complexidade - faz intervir vários agentes
Rapidez - uma célula eucariótica (por exemplo, uma célula precursora de
um glóbulo vermelho) junta 140 aminoácidos de uma cadeia de
hemoglobina em dois ou três minutos
Amplificação - a mesma zona de DNA pode ser transcrita várias vezes,
formando-se assim várias moléculas de RNAm idênticas. Por outro lado,
cada polirribossoma (conjunto de ribossomas ligados por um filamento de
mRNA) mostra que a mesma mensagem é descodificada simultaneamente
por vários ribossomas. Originam-se, deste modo, várias cadeias
polipeptídicas idênticas, resultando cada uma delas da tradução efectuada
por cada ribossoma. Desta forma, apesar de o RNAm ter curta duração,
como a sua mensagem pode ser traduzida várias vezes, a sua actividade é
amplificada. A molécula de RNAm é posteriormente destruída.
Síntese proteica em procariontes

Nos organismos procariontes, como não há um núcleo, o DNA encontra-se


no citoplasma.
Ao contrário dos seres eucariontes, nos seres procariontes não ocorre o
processamento da molécula de mRNA que se forma na transcrição, uma vez
que o DNA dos procariontes não possui intrões.
Como a transcrição ocorre no citoplasma, e não ocorre processamento e
transporte do mRNA, este pode ser imediatamente traduzido pelos ribossomas
para sintetizar proteínas.
A transcrição e a tradução nos seres procariontes são processos quase
simultâneos, pois os ribossomas ligam-se ao mRNA que se está a formar a
partir do DNA.
Síntese proteica

Após dissociar-se do ribossoma, a proteína resultante do processo de


tradução pode ter que ser transportada para outros locais da célula (organitos
por exemplo) ou ser excretada para o meio extracelular.
A tradução pode ocorrer no citoplasma ou no retículo endoplasmático
rugoso (RER). Neste caso, as proteínas serão posteriormente encaminhadas
para o complexo de Golgi.
As proteínas podem sofrer alterações após a sua síntese (exemplo: adição
de grupos químicos), que lhe alteram a sua funcionalidade.
Síntese proteica

Muitas das proteínas acabadas de sintetizar não possuem actividade


biológica, experimentando, antes de atingirem a conformação definitiva,
alterações de natureza muito variada, de modo a tornarem-se proteínas
maturas.
Estas biomoléculas condicionam todo o metabolismo celular.
Entre as múltiplas funções das proteínas salienta-se as funções enzimática,
hormonal, transportadora, defesa (anticorpos).

Em termos de actividade, as proteínas podem:

Possuir, por exemplo, função enzimática, como as


proteases, função de transporte, como a hemoglobina ser
integradas em estruturas celulares, a função estrutural
como a membrana plasmática, os lisossomas, as
mitocôndrias, o núcleo, a função hormonal.
Ser exportadas para o meio extracelular, como, por
exemplo, as enzimas digestivas ou as hormonas proteicas.
Alteração do material genético

Em todos os organismos, a informação genética


está codificada na sequência de nucleótidos dos
genes. Gene corresponde a um segmento de DNA que
contém informação para sintetizar uma determinada Mucoviscidose
proteína.
O conjunto de genes de um indivíduo corresponde
ao seu genoma.
O material genético não permanece imutável, pode,
em situações diversas, ser modificado.
As alterações na sequência nucleotídica do DNA
(genes) têm o nome de mutações génicas [do latim
mutare=mudar) e os indivíduos que as manifestam
Fibrose quistica
dizem-se mutantes.
As mutações podem ser geradas e mantidas na
replicação e serem transmitidas à descendência.
Alguns exemplos mutações génicas são a
mucoviscidose, o albinismo, a anemia falciforme, a
galactosemia, a fenilcetonúria e a fibrose quistica.
Galactosemia
Alteração do material genético

As mutações génicas resultam da substituição, do desaparecimento


(delecção) ou da adição (inserção) de um nucleótido da sequência que
constitui um gene.
Todas as alterações vão afectar a transcrição e podem ou não afectar
a tradução, dependendo do local e do tipo de alteração.
Nem todas as mutações provocam alteração nos aminoácidos
codificados, pois o código genético é redundante (existem codões
sinónimos).
No entanto, uma alteração na sequência de bases na molécula de
DNA pode conduzir a mudanças na proteína sintetizada. Se essa
proteína assegura uma função-chave no organismo, a realização desta
função pode ser muito afectada.
Alteração do material genético

Uma mutação génica consiste numa alteração na sequência de bases do


DNA, facto que conduz à formação de novos alelos de um gene – alelos
mutantes.
As mutações génicas podem ser classificadas com base no tipo de alteração
que ocorre na sequência de bases do DNA.
Muitas anomalias genéticas, Processo Descrição Exemplos
como a anemia falciforme, a
Ocorre a troca de CCA GAC ACT
fenilcetonúria (PKU), a
Substituição um nucleótido de CCA TAC ACT
alcaptonúria, o cretinismo, o DNA por outro
albinismo, a distrofia
Ocorre alteração CCA GAC ACT
muscular de Duchenne e a na ordem dos
Inversão CCA CAG ACT
polineuropatia amiloidótica nucleótidos
familiar (PAF – “doença dos
CCA GAC ACT
pezinhos”), são alguns Ocorre perda de
Delecção CCA GAC _CT
exemplos de mutações génicas um nucleótido
que ocorrem como
Ocorre a CCA GAC ACT
consequência da alteração da Inserção introdução de um CCA GAT CAC T
sequência de bases na molécula nucleótido
de DNA. suplementar
Alteração do material genético
Alteração do material genético

A anemia falciforme, por vezes designada


drepanocitose, é uma doença que surge, sobretudo, na
Africa central e resulta de uma mutação de um gene
localizado no cromossoma 11.
A hemoglobina formada tem o mesmo número de
aminoácidos mas em vez de ácido glutâmico tem
valina. As hemácias que normalmente têm a forma de
um disco bicôncavo adquirem a forma de foice quando
possuem a hemoglobina modificada.
São menos eficientes a fixar o oxigénio e deslocam-
se com maior dificuldade pelos capilares sanguíneos,
originando uma doença designada por anemia
falciforme.
Esta doença tende a ser mais grave em
ambientes com reduzidas quantidades de
oxigénio ou quando o doente é sujeito a um
esforço físico intenso, em que as
necessidades de oxigénio são muito elevadas.
Alteração do material genético

No caso da drepanocitose o gene


da molécula de DNA que determina a
síntese da cadeia β da hemoglobina
foi modificado num ponto preciso,
passando a existir uma outra forma
desse gene. Ocorreu uma mutação
genética.
Essa mutação corresponde apenas
à substituição de um nucleótido a
timina, presente no gene normal, pela
adenina no gene mutado, ficando a
mensagem genética alterada.
O novo codão GUG introduz um
aminoácido diferente na posição 6 da
cadeia da hemoglobina, a valina, em
vez de ácido glutâmico, constituindo-se
a hemoglobina S.
Alteração do material genético
Assim, enquanto que a
hemoglobina A apresenta, na
posição 6 da cadeia, o ácido
glutâmico, a hemoglobina S
possui, nesse lugar, a valina.
A substituição de ácido
glutâmico por valina modifica a
solubilidade das moléculas de
hemoglobina: enquanto que as
moléculas normais ficam
independentes, sendo solúveis,
as moléculas de hemoglobina S
aderem umas às outras e
formam cadeias rígidas de
filamentos insolúveis que
conduzem à deformação dos
glóbulos.
Os glóbulos vermelhos
depranocíticos podem bloquear
a circulação nos capilares.
Alteração do material genético

O albinismo é uma doença rara que resulta da presença


de um alelo mutante que não é capaz de codificar uma enzima
necessária para a produção da melanina.
Estes indivíduos não sintetizam melanina, substância
responsável pela pigmentação (da pele, do cabelo, dos olhos),
pelo que são extremamente sensíveis às radiações solares.
Os indivíduos que possuem esta alteração genética
possuem a pele, o cabelo e os restantes pêlos brancos. Os
olhos surgem vermelhos devido à ausência de melanina na
íris, que é transparente, permitindo ver o fundo do olho.
A palavra albinismo deriva do latim albus, que significa
branco.
Alteração do material genético

A fenilcetonúria (PKU) é
outro exemplo de uma
anomalia resultante da
presença de um gene
mutante, responsável pela
produção de uma enzima que
transforma a fenilalanina em
tirosina.
Na ausência desta enzima,
a fenilalanina acumula-se,
originando ácido fenilpirúvico,
que afecta o desenvolvimento
do sistema nervoso central,
conduzindo ao aparecimento
de atraso mental e de
problemas psicomotores.
Alteração do material genético

A fibrose quística é uma doença causada por um defeito no transporte de


iões e de água pela membrana plasmática.
Este transporte é essencial na produção de secreções (suor, saliva, lágrima e
suco digestivo).
Nos indivíduos onde o gene que codifica para o transportador está mutado, as
secreções são muito viscosas, obstruindo os ductos das glândulas e das vias
respiratórias, principalmente dos brônquios. Esta obstrução dificulta a passagem
das secreções, aumentando as infecções locais e fibroses.
São sintomas desta doenças: a tosse, expectoração excessiva e dificuldades
respiratórias.
Alteração do material genético

O efeito de uma mutação a nível celular pode ser tão pequeno que não
permite evidenciar-se facilmente, mas pode também conduzir à morte da
célula ou do organismo.
Contudo, embora as mutações sejam muitas vezes perigosas, nem sempre
possuem efeitos desastrosos.
Por vezes ocorrem mutações que não provocam alterações nas proteínas,
pois, devido à redundância do código genético, o codão mutado pode
codificar o mesmo aminoácido (mutações silenciosas).
Noutros casos, o novo aminoácido pode ter propriedades semelhantes às do
aminoácido substituído ou, até, a substituição pode ocorrer numa zona que não
é determinante para a função da proteína sintetizada.
As mutações podem também conduzir à formação de proteínas com novas
capacidades que poderão ser extremamente úteis, tanto na Natureza como no
laboratório. Por exemplo, é por causa das mutações que existe uma tão grande
diversidade de genes no mundo vivo, a qual permite a evolução das espécies.
Quando as mutações ocorrem ao nível dos gâmetas, mutações germinais,
podem ser transmitidas à geração seguinte; se as mutações têm lugar nas
outras células, mutações somáticas, não são transmissíveis à descendência.
Alteração do material genético

Agentes Mutagénicos

podem ser

Físicos Químicos Temperatura Idade

tais como

tais como

Raios Raios gama


Ultravioletas
Fármacos Pesticidas
Raios X Raios
cósmicos Cosméticos Aditivos
alimentares
Alteração do material genético

As mutações são fenómenos que podem ocorrer espontaneamente na


Natureza, por exemplo, durante o processo de duplicação do DNA, ou serem
induzidas por exposição a determinadas radiações ou substâncias químicas.
Diversos agentes podem interagir com o DNA, causando as mutações, sendo,
por isso, designados agentes mutagénicos.
Alterações ambientais trouxeram consigo um aumento considerável de
factores que conduzem alterações do DNA e a um aumento da frequência das
mutações.
Entre os agentes mutagénicos físicos mais conhecidos, podem referir-
se as radiações de elevado nível energético como os raios X, os raios gama,
os raios cósmicos, as radiações ultravioleta e as partículas emitidas por
substâncias radioactivas.
O calor pode também aumentar a incidência de mutações. Também
substâncias químicas, como corantes alimentares e alguns componentes do
fumo do cigarro, podem alterar o material genético de uma célula, conduzindo
ao desenvolvimento de diversas formas de mutação.
Algumas substâncias químicas, como as nitrosaminas e o gás mostarda,
constituem exemplos de agentes mutagénicos.

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