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ATAÍSMO MODERNO

DOGMA DE DEUS

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c Paulo Ramires
O DOGMA DE DEUS E
O ATEÍSMO MODERNOc
Quando alguns teóricos ligados à
corrente da Igreja Católica defendem a
manifestação de Deus no Homem,
ocorrem num certo erro de avaliação, e
O DOGMA DE DEUS E O entram em pressupostos que são
completamente contraditórios. Deus
ATEÍSMO MODERNO não se manifesta no Homem ateu, isso
seria o irracionalismo levado ao
extremo, excluindo o próprio valor da
razão, e substituindo-o pelo dogma da
fé, onde não tem alicerces para se
sustentar, nem sequer Deus se
manifesta no homem crente, neste
último, porém, será o Homem que se
manifesta em Deus, ou seja, Deus necessita do homem para coexistir. A interacção humana em sociedade, e
organizada em estruturas rituais ou ritualizadas, ou em costumes mais ou menos tradicionais ou tradicionalistas,
possibilitam a evidencia da manifestação de Deus nos homens. Não quer dizer que com isto o homem ateu não
reconheça o dogma de Deus noutros homens, seria complicado não reconhece-lo, pois implicaria não considerar
os fenómenos de cariz dogmático relacionados com Deus por demais evidentes na sociedade em que ele também
se insere ou também a nível individual, e que por si só, dão origem a normas e regulamentações que incidem no
respectivo fenómeno, originando a própria religião ou culto. Mas este reconhecimento que parte do homem ateu,
não pode ser confundido com a sua própria crença ou aderência ao dogma de Deus, ou aos seus fenómenos
relacionados, isto não acontece, faz parte do ser ateusê-lo desta forma. Pode sim acontecer - e em muitos casos -
o não reconhecimento de Deus nos outros homens, mas ai, existe um outro erro desta vez da parte do homem
ateu, não é em este, que Deus se manifesta, mas sim no outro, e no outro não pode o homem ateu julgar mas sim
reconhecer, sem que esse reconhecimento implique uma mudança do agir e pensar do homem ateu, da mesma
forma que o Homem crente não pode julgar o Homem Ateu pela sua não manifestação de Do Homem em Deus. Os
sentimentos, emoções e comportamentos como por exemplo o amor, que seria então uma manifestação de Deus,
é um pressuposto errado e contraditório. O amor também se manifesta no homem ateu - e nem por isso ele está
em sintonia com Deus - este tipo de sentimentos não são de forma alguma exclusivos do homem de Deus, assim
como os sentimentos opostos não são um exclusivo do homem ateu. O mal (conceito restrito) ou o crime seria
então também uma manifestação de Deus no homem crente. A outra contradição seria que de acordo com as
teses próximas da Igreja Católica, precisamente o mal não seria uma manifestação de Deus. Só se pode
considerar o homem como um todo, e não por partes, assim como não tem cabimento nos tempos modernos,
fazer-se a destrinça entre homens bons ± crentes, e homens maus ± ateus. Em cada um, o bem e o mal manifesta-
se consoante a sua primazia. Tendo em quanta que o conceito de bem e mal é relativo - será bom ou mau, o
estado permitir o aborto ou a eutanásia ? A minha sugestão seria talvez o equilíbrio entre o bem maior e o mal
menor. Mas este este aparece sobre os indivíduos diversamente. O ateísmo moderno desenvolveu-se a partir da
Revolução Francesa, e com o surgimento e desenvolvimento do Iluminismo, que procurava contrariar a
omnipresença de Deus na sociedade e no estado, e assim questionar todos os dogmas associados a Deus. A
diferença entre o ateísmo moderno e a crença, é que o primeiro não considera a existência de algo superior a si,
nem algo capaz de interferir no meio interno e externo a si, embora tenha a consciência que existem outros
homens que abordam Deus de uma forma diferente e até bastante intrínseca ao seu ser. Já o segundo, parte do
pressuposto da existência de uma entidade superior a si na qual procura uma harmonia através de uma
respectiva conduta comportamental que pode passar pela adesão das regras e regulamentos que formam as
religiões, mas não necessariamente ± será desta forma que se manifesta o homem de Deus em Deus, ou antes,
Deus no homem de Deus. Outra das contradições destas teses é a referida imagem de Deus, na qual se manifesta
no homem, e este reflecte-o na sociedade. Este pressuposto é imediatamente derrubado pelas inúmeras imagens
de Deus, que existem no homem de Deus e que chegam a ser mesmo contraditórias ± principalmente entre
religiões. Uma delas bastante forte é a mecânica da Economia. Ora como elas são diferentes umas das outras ?
Primeiro nenhum homem consegue ter uma imagem de Deus igual a outro, mesmo que pertençam ao mesmo
culto. Depois as normas são diferenciadas de acordo com os múltiplos fenómenos associados a Deus, causando
inevitavelmente imagens diferentes. Não se pode conceber a mesma imagem de Deus perante um guerrilheiro
islâmico extremista e a de um peregrino jesuíta. Aqui temos algo bem mais importante para a análise do que a
imagem de Deus ± A interpretação de Deus. Ainda para alguns o modelo mais ou menos liberal da economia é a
forma como Deus se pretende apresentar à sociedade dos homens. Apesar de ter várias e conflituosas imagens.
Mas eu entendo que não podemos ir por ai ± pelas teses da Igreja Católica ± teremos de ir por outra forma, e essa
forma são exactamente as teses do relativismo na qual o actual Papa Bento XVI se opõe fortemente. A explicação
do ateísmo e da crença - e logo a presença de Deus ± estará na forma tradicional de organização social ou ritual

c Paulo Ramires
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