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AÇÃO REINTEGRATÓRIA.
APELANTE QUE OCUPAVA IMÓVEL NA
QUALIDADE DE CASEIRO E, DEPOIS, DE ME-
RO COMODATÁRIO.
PERMANÊNCIA NO LOCAL APÓS NOTI-
FICAÇÃO EXTRAJUDICIAL PARA DESOCU-
PAÇÃO.
ESBULHO CONFIGURADO.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DO PE-
DIDO.
APELO ALEGANDO USUCAPIÃO. DES-
CABIMENTO, POIS SE TRATAVA DE MERA
POSSE DIRETA, QUE NÃO GERA DIREITO A
USUCAPIR.
RECURSO ADESIVO QUE NÃO PODE
SER CONHECIDO, POIS SOMENTE PLEITEIA
CONCESSÃO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA,
O QUE FOI NEGADO EM PRIMEIRO GRAU,
POR DECISÃO ATACADA POR AGRAVO DE
INSTRUMENTO, A QUE FOI NEGADO SEGUI-
MENTO. A PRETENSÃO NÃO É CABÍVEL EM
SEDE DE ADESÃO A APELO, MAS SOMENTE
PELA VIA DO AGRAVO.
DECISÃO MONOCRÁTICA, COM FUL-
CRO NO ARTIGO 557 DO CÓDIGO DE PRO-
CESSO CIVIL, NEGANDO SEGUIMENTO AOS
RECURSOS.
DECISÃO
Requereu sua reintegração na posse direta do bem, sendo arbitrado aluguel pena du-
rante o prazo de indevida permanência.
Contestação às fls. 56/8, alegando que foi empregado da autora em outro imóvel na
mesma rua, de nº 300, e não no nº 400, onde reside desde 2004 e vem exercendo a posse mansa e
pacífica, até ser turbado pela autora, há 16 anos, deduzindo a exceção de usucapião em sua defe-
sa.
Nova decisão às fls. 52/5, revogando a anterior, que havia deferido a liminar.
Decisão à fls. 225, recebendo a apelação no duplo efeito e outra à fls. 227, determi-
nando a expedição de novo mandado, para imitir o réu na posse.
Foi interposto agravo de instrumento, pela recorrente adesiva, conforme fls. 287/92.
Contrarrazões ao recurso adesivo às fls. 261/4, juntando cópia da decisão que negou
seguimento ao agravo de instrumento interposto (fls. 265/6).
É o relatório.
Não existe, em verdade, recurso adesivo. Nele se pediu, tão somente, que seja afas-
tado o efeito suspensivo concedido ao recurso, concedendo-se antecipação de tutela, em ataque
às decisões de fls. 225 e 227.
Tal, porém, é matéria dedutível apenas pela via do agravo de instrumento, na forma
do que dispõe o artigo 522 do Código de Processo Civil, e não por adesão a uma apelação.
Aliás, o agravo de instrumento foi interposto e lhe foi negado seguimento (fls.
265/6).
Não pode, pois, ser conhecido o adesivo, que visa substituir um agravo já julgado.
II
Quanto à apelação, pleiteia a autora da ação sua reintegração na posse do imóvel ob-
jeto da lide, sustentando que o réu o ocupa em decorrência de vínculo laboral.
Pelo exame dos autos, verifica-se que a posse indireta do imóvel, foi e é da autora,
proprietária do bem, e jamais deixou de ser.
Disse a autora que o réu passou a ocupar o imóvel na qualidade de seu empregado e
esse afirma que, nessa condição ocupou outro, de nº 300, mas não o de n° 400, onde hoje está,
sendo ambos de propriedade da autora.
Diz o réu que reside no n° 400 há dezesseis anos, mas não informa como assumiu
essa posse, sempre disso passando ao largo.
O apelante trabalhou para a autora e residiram no mesmo imóvel, no n° 300, até que,
ela o transferiu para o de n° 400.
Não atendida a notificação, aposse, que até então era consentida, transmudou-se em
esbulho possessório.
Caso se entenda não existir comodato, tem-se que o recorrente reconhece que foi
contratado pela proprietária do imóvel para exercer a atividade de caseiro, inclusive havendo
documento, à fls. 62, nesse sentido, restando caracterizado, de forma induvidosa, o encerramento
do vínculo laborativo exercido.
Por qualquer que seja a interpretação, o esbulho resultou caracterizado pela resis-
tência do caseiro, mero possuidor direto, devidamente notificado, na primeira hipótese, ou
simples detentor, na segunda.
Por estas razões, na forma autorizada pelo artigo 557 do Código de Processo Civil,
NEGO SEGUIMENTO a ambos os recursos.