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Curso de Pedagogia
ANALFABETISMO NO BRASIL
Pará de Minas-MG
Outubro de 2015
Renata Mara de Souza
ANALFABETISMO NO BRASIL
Pará de Minas – MG
Outubro de 2015
RENATA MARA DE SOUZA
ANALFABETISMO NO BRASIL
Aprovada em ______/______/______
_________________________________________________________________
Professor
_________________________________________________________________
Professor
RESUMO
O Brasil possui grande extensão territorial, ampla desigualdade social, elevado índice de pobreza.
Considerando a importância da sociedade brasileira no cenário mundial, a realização de um estudo
para verificar se o país alcançou um índice satisfatório em relação ao analfabetismo nas últimas
décadas, tal como verificar a existência de propostas, no âmbito nacional, que objetivaram o aumento
da qualidade de vida dos Brasileiros por meio da educação é de extrema importância. Procurar por
maneiras eficazes de combater o analfabetismo e sua erradicação por completo , estudar e entender o
contexto histórico e econômico desse problema social, e propor soluções possíveis para esse problema
nacional, contribuirá consideravelmente na formação de uma sociedade melhor. Neste trabalho,
inicialmente será realizada uma revisão bibliográfica sobre o analfabetismo brasileiro e se discutirá
algumas relações entre dinâmica demográfica e nível educacional da população a partir do indicador
da taxa de analfabetismo a nível nacional, estadual e municipal, baseado em dados do IBGE.
Posteriormente verificará também as ações do governo após o Governo de Getúlio Vargas, na
redemocratização da alfabetização no Brasil. Por fim, estudará o quadro atual do analfabetismo no
país. O estudo concluirá que as altas taxas de analfabetismo observadas no país não estão relacionadas
apenas à presença de analfabetos de gerações antigas na população, mas também devido à ineficiência
do sistema educacional. Em outras palavras, o analfabetismo brasileiro é resultado tanto da
precariedade do seu modelo educacional quanto na demora de ações de melhoria da alfabetização ao
longo da segunda metade deste século.
À minha orientadora Juliane Gomes, por toda a atenção dada a mim, pela paciência e por todo
o apoio. Ao Fernando Souza, por ter seguido ao meu lado por toda esta jornada e por ser esta
pessoa incrível que você é. Ao Tiago Silva, por toda a ajuda, e também aos meus familiares,
por acreditarem em mim e por toda a força. Agradeço a todos que contribuíram diretamente
ou indiretamente na construção desde trabalho, pois foram imprescindíveis para a realização
deste sonho.
"A receita para a ignorância é: satisfazer-se com suas próprias opiniões e contentar-se com o seu
conhecimento."
ELBERT HUBBARD
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
O Brasil é um país com grande extensão territorial, ampla desigualdade social, elevado
índice de pobreza e possuidor de um índice alto de analfabetismo. Levando em consideração
esse grande número de pessoas com impossibilidade de ler e interpretar, e que são àquelas
consideradas “analfabetas”, a proposta do presente trabalho é fazer um estudo para saber se o
Brasil alcançou um índice satisfatório em relação ao analfabetismo nas últimas décadas, e
verificar a existência de propostas, no âmbito nacional, que objetivaram o aumento da
qualidade de vida dos Brasileiros por meio da educação.
Em uma análise das estatísticas sobre o analfabetismo no Brasil, por meio de
interpretações dos resultados das últimas pesquisas feitas pelo Censo do IBGE 1 no livro
“Indicadores Sociais Municipais: Uma análise dos resultados do universo do Censo
Demográfico 2000”, é perceptível a forte relação existente entre essa condição de baixa
escolaridade e a situação econômico-social de cada região. Os índices de pessoas analfabetas
são mais altos onde existe maior pobreza.
Nesse contexto, a busca por maneiras eficazes de co mbater o analfabetismo e sua
erradicação por completo é de extrema importância. Estudar esse problema social, entender o
contexto histórico e econômico que levaram ao alto índice, e propor soluções possíveis para
esse problema nacional é um assunto que co ntribuirá consideravelmente na formação de uma
sociedade melhor e em minha formação como pedagoga – profissional da educação.
O interesse pelo tema alfabetização veio através de uma experiência de vida própria,
visto que fui estudante da EJA – Educação de Jovens e Adultos e minha trajetória na
educação básica foi repleta de desafios e dificuldades, uma vez que tenho uma família que
não me incentivou nos estudos e tive de abandoná-lo por determinado tempo para trabalhar.
Em 2009 resolvi voltar a estudar, notei que a ausência do conhecimento escolar estava
me fazendo falta. Nesse ano tive a oportunidade de realizar um curso integrado de técnico em
Secretariado juntamente com o ensino médio da EJA, na Escola Estadual Torquato de
Almeida, em Pará de Minas/MG. Aceitei o desafio e iniciei o curso. Foi uma experiência
inesquecível e gratificante: pude ter contato com pessoas de várias idades e os mais diversos
conhecimentos de vida, pois todos estavam com o objetivo de estudar e adquirir mais
conhecimentos. O curso teve duração de um ano e seis meses, e após a sua conclusão decidi
1
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Indicadores Sociais Municipais: Uma análise
dos resultados do universo do Censo Demográfico 2010: Tabela 28.
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não parar, foi quando decidi que seria uma profissional de educação. Prestei vestibular e fui
aprovada em Pedagogia na FAPAM – Faculdade de Pará de Minas/MG.
Baseado nessa experiência de vida, pude notar a importância de uma educação
inclusiva e de qualidade para minha inserção profissional junto ao mercado de trabalho, como
estudante de Pedagogia, assim, decidi realizar uma pesquisa dentro das políticas públicas da
EJA, focando a questão do aumento da escolaridade para os adultos, visando aprendizado
num tema de grande valia em minha história.
Inicialmente, para a realização desta pesquisa, que trata da verificação dos índices de
analfabetismo no Brasil, será realizado um estudo histórico sobre o analfabetismo dentro do
nosso país. O primeiro capítulo trará os resultados dessa busca, além de determinar, dentro do
período e contexto histórico, a origem do analfabetismo no país.
O segundo capítulo será enfatizado sobre a redemocratização do analfabetismo no
Brasil, com a criação do MOBRAL para a educação de jovens e adultos após o governo de
Getúlio Vargas.
O terceiro capítulo tratará da atual situação do analfabetismo no Brasil: suas causas, as
regiões mais atingidas por essa baixa escolaridade, como tem sido a evolução recente do
analfabetismo (tem aumentado, diminuindo, mudado de forma), quais as consequências que o
analfabetismo traz para as pessoas e para o desenvolvimento do país. Através de dados
colhidos de órgãos federais competentes, e fará análises de sua evolução no Brasil. Para isso,
será realizada pesquisa bibliográfica e estudos baseados em documentos oficiais do governo.
Ir-se-á estudar os principais teóricos que abrangem o tema, além de planilhas e relatórios de
órgãos públicos.
Espera-se, com a realização deste trabalho, contribuir com as pesquisas, e entender a
evolução do analfabetismo no Brasil, e propondo melhorias no atual sistema de ensino no
país.
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METODOLOGIA
Segundo Brito (2003), os resultados de enquetes de hábitos de leitura, por sua vez,
mostram que é senso comum falar que ler é importante e que as pessoas têm o desejo de poder
ler, porém muitos dos que leem não conseguem interpretar o texto lindo. “Saber e poder ler e
escrever é uma condição tão básica de participação na vida econômica, cultural e política que a escola
se tornou um direito fundamental do ser humano, assim como a saúde, moradia e emprego” (BRITO,
2003).
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Por fim, é importante ressaltar que durante todo o curso da pesquisa de análise e
interpretação dos dados coletados, busquei aperfeiçoar as questões elaboradas a princípio,
modificando-as ou incorporando-as em função dos procedimentos utilizados, com o intuito de
identificar novos resultados e assim poder verificar a real situação do país frente ao
analfabetismo da população brasileira.
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anos caiu para menos da metade: de 12%, em 1991, passou a 4%, em 1999, ano em que os
analfabetos de 20-24 anos chegavam a 5,9% e, entre 25 e 29 anos, 97,2%. Segundo o
relatório, “com essa redução, as altas taxas de analfabetismo tendem a se tornar um fenômeno
restrito de fato às gerações mais velhas. ” (MEC, 2001, p.13). Ainda na versão deste relatório,
o MEC (2001) desenvolveu várias ações “com o propósito de transformar a EJA em política
pública no sistema de ensino brasileiro. ” (MEC, 2001, p.19).
Dentro do contexto, será possível delinear a evolução histórica do analfabetismo no
Brasil, traçando um perfil do sistema educacional. Através de revisão bibliográfica da
literatura, será descrita a trajetória da educação no Brasil até os dias de hoje, buscando-se a
origem do analfabetismo e procurando alternativas que visem contribuir para a diminuição do
número de pessoas analfabetas no país.
Assim, nota-se que a educação para adultos está presente no Brasil desde o período
colonial, a catequização dos escravos também aconteceu, entretanto, poucos estudos acerca
desse tema levam em consideração a alfabetização dos jovens e adultos.
Além de catequisar, os jesuítas ensinavam normas de comportamento e ofícios
necessários para o funcionamento da economia colonial para os índios e os escravos negros,
em seguida, também encarregaram das escolas de humanidades para os coloniais e seus filhos.
Romanelli (2001) menciona que a população, acostumada a trabalhos rurais pesados que não
demandavam conhecimentos técnicos, normalmente não se preocupava com uma educação
formal. Outro fator que gerava ainda menos interesse era o foco da educação totalmente fora
do contexto das necessidades reais da sociedade brasileira. Estudava-se literatura, humanismo
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e faziam-se atividades acadêmicas conforme aquelas iniciadas pelos jesuítas e copiadas pelos
europeus.
Constata-se que após a expulsão dos jesuítas em 1759, não se tem registrado a lgum
documento que comprove algum tipo de alfabetização de adultos. Já o século XIX, o processo
de institucionalização da escola no Brasil “aos poucos, foram-se definindo, com uma maior
precisão, os tempos, os espaços, os saberes, os materiais escolares, a formação e a
profissionalização do professor. ” (SOARES E GALVÃO, 2004, p. 30). A “instrução primária
e gratuita para todos os cidadãos” foi garantida pela primeira constituição brasileira, de 1824.
Mas, compreende-se que o direito não passou das intenções legais, as implantações das
escolas avançaram lentamente ao longo do período, e, além disso, também tem sido pensada
apenas como direito para as crianças, não se observa, em termos de políticas para a educação
de adultos, medidas concretas para sua implementação no nosso país.
Somente em 1834, através do Ato Adicional, iniciou-se políticas nacionais para a
educação de jovens e adultos. No Ato o governo imperial responsabilizou-se pelo direito das
elites, incumbindo as províncias de educarem as pessoas ma is carentes. As poucas medidas
tomadas estavam nos esforços das instancias administrativas em preparar os recursos para
abranger o ensino de adultos.
Nesse período era difundida no Brasil a ideia que uma pessoa com baixa ou nenhuma
experiência escolar era inferior àqueles que possuíam acesso à educação, culminando essa
exclusão social com o não direito ao voto às pessoas analfabetas (Lei Saraiva de 9 de janeiro
de 1881). E é justamente nesse momento da história que o assunto relativo à exclusão e
preconceito sofrido determinado tipo de pessoas torna-se uma questão pedagógica, política e
ideológica.
A respeito dos teores contidos nos materiais didáticos da época, o Regime defendia o
ensino com um caráter prático, visto que se pensava na educação como um caminho, uma luz
a ser perseguida rumo ao desenvolvimento do país, logo, a classe menos favorecida
economicamente deveria ter também acesso à educação. As mulheres, deveriam aprender “o
ensino das prendas domésticas, noções de higiene, exercícios de cálculo quanto à
contabilidade do regime doméstico, deveres das mulheres na família e na vida prática.”
(SOARES E GALVÃO, 2004, p.32).
O período imperial também vivenciou-se o desenvolvimento industrial e o processo de
urbanização: “o capitalismo e sua ideologia, o liberalismo, mantiveram desde o início uma
relação ambígua e conflituosa com a escola, a qual se, de um lado, se afigurava necessária, de
um lado, despertava temor.” (FERRARO, 2009, p. 38). Chegamos ao final do Império com o
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sistema de ensino atendendo apenas 250 mil crianças, em uma população total estimada em
14 milhões. Em 1890, 82% da população com idade superior a cinco anos era analfabeto. Os
movimentos de alfabetização e de busca de instrução nasceram somente nesse período de
crescimento industrial com as altas taxas de analfabetismo.
No período republicano, o federalismo indicou a descentralização das políticas de
ensino público nas Províncias e Municípios através de sua primeira Constituição, em 1891.
A nova constituição seguiu a antiga, discriminando uma grande parcela da população,
mantendo a proibição de voto dos analfabetos. Os intelectuais do país, baseados nas ideias
iluministas seguidas nos países desenvolvidos, se sensibilizaram com a vergonhosa situação
do analfabetismo no país onde cerca de 80% dos cidadãos acima de 15 anos eram analfabetos
resolveram tomar medidas. Nesse momento, nota-se o início das medidas pró-alfabetização.
Dentro desse “novo país” em percurso rumo à igualdade social, onde os cidadãos
teriam direitos iguais, alguns governantes começaram a defender uma nova realidade política
e de educação no território brasileiro. Por exemplo, José Bonifácio defendia o voto a todos,
através do projeto Casansão Sinimbu, afirmando que “nem saber ler e escrever, nem a ciência,
nem a instrução de qualquer natureza, nem vida a que o homem se dedica, o criam e
determinam” (CÂMARA, Anais, 28 abr. 1879, p. 748-762. Acesso em: 15 maio de 2015).
Ainda em defesa da igualdade aos analfabetos, o deputado seguiu argumentando: "pelo
censo e pela exclusão dos analfabetos, o projeto do governo finge mandatários sem mandato,
constituindo uma fração mínima da população senhora de todos os habitantes do Império". E
acrescenta ainda, "eles [os excluídos] não renunciaram o direito de cidadãos brasileiros". Por
fim, conclui:
Pode-se ver que Bonifácio alegava que a exclusão dos analfabetos nas votações não
era justificável em um país que não possuía escolas. Era inaceitável o princípio da capacidade
para votar, seja em si mesma, seja medida pela condição de saber ler e escrever, visto que
votando o cidadão está inserido na escola da conscientização política, logo, educando-se.
Nota-se então, que os renovadores da educação começaram a cobrar do governo a oferta de
ensino a todos os cidadãos do país.
A partir daí o governo republicano fez modificações no sistema de educação,
iniciando-se algumas normatizações e despendendo um pouco de atenção com o estado
precário do ensino básico, porém sem muito compromisso e com um baixo investimento
destinado para esse fim. Após a aprovação da lei várias campanhas em prol da instrução
primária foram feitas, porém não havia unificação com a efetiva criação de uma política
nacional, a preocupação com a educação de jovens e adultos praticamente não se caracterizou
como fonte de um pensamento pedagógico ou de políticas educacionais específicas, o que só
ocorreu em meados da década de 1940. Havia uma preocupação geral com a educação das
camadas populares, comumente vista como o ensino básico apenas das crianças (FERRARO,
2009).
A partir da década de 1920 a busca por uma ampliação do número de escolas tal como
melhoria da qualidade do ensino foi feita através do movimento de educadores e da
população. Assim as condições começaram a ficar adequadas ao desenvolvimento de políticas
públicas para a educação de jovens e adultos. Como exemplo, pode destacar-se a Liga
Brasileira contra o Analfabetismo, originada do Clube Militar do Rio de Janeiro, em 1915; os
intelectuais brasileiros assumiram então o papel de reestruturação da educação do Brasil
terminando com a “ignorância entre a classe pobre” através da educação.
Entretanto, a alfabetização a todos, poderia causar problemas aos próprios intelectuais,
visto que com educação, a classe popular e de baixo poder aquisitivo poderia criar uma
“anarquia social” que poderia passar a requerer seus direitos. Com isso a elite não conseguiria
controlar e governar da forma como sempre faziam. Compreende-se que ao longo da história
o cidadão não alfabetizado é visto como inábil, dependente e culpado pela falta de avanço da
nação.
Como pode ser visto, no final do período republicano, vivia-se um paradoxo advindo
do pensamento iluminista. Por um lado, era essência a educação para que o progresso do país
fosse possível, por outro, se a educação alcançasse à maioria da população, seria difícil para o
governo controlar o povo. Assim sendo, a educação nesse período histórico era instrumento
considerado para avaliar o nível social do cidadão.
escola comum ou que atendiam alunos em idade correspondente às séries escolares. Para
Romanelli (2001), esse fenômeno pode ser explicado pelo desenvolvimento do capitalismo
que ocorreu graças ao desenvolvimento industrial vivenciado na época. O capitalismo
industrial por sua vez, impulsionou o surgimento da necessidade de conhecimentos
específicos e aperfeiçoamento da mão de obra para que a inserção no mercado de trabalho
fosse possível. Para Soares e Galvão (2004), os sujeitos analfabetos começaram nesse
momento histórico a se inserir efetivamente em práticas efetivas de escrita e leitura, mesmo
com as tímidas iniciativas oficiais oferecidas pelo Governo Federal para a alfabetização dos
adultos.
Apenas em meados da década de 1940, a educação de adultos firmou-se como um
problema de política nacional. Nota-se que nesse período, surgiram evidências de que a
parcela desfavorecida financeiramente e socialmente da população começa a introduzir-se no
mundo da escrita, entretanto, fora do meio escolar. Percebe-se então, que a educação para
todos ainda estava longe de ser real e as tratativas abordadas nas campanhas e movimentos
relativos à educação continuavam a manter um caráter assistencialista. (SOARES E
GALVÃO, 2004).
Já em 1942, por meio do INEP- Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos institui-se
o Fundo Nacional do Ensino Primário, onde se estabeleceu que 25% dos recursos de cada
auxílio deveriam ser aplicados num plano geral de Ensino Supletivo destina a adolescentes e
adultos analfabetos. Além disso, com o processo contínuo de urbanização as práticas letradas
se tornam crescentes no círculo não escolarizado, “a vivência no mundo urbano e a ocupação
profissional também pareciam decisivos para que esses sujeitos analfabetos e
semialfabetizados se inserissem gradativamente no mundo da cultura escrita. ” (SOARES E
GALVÃO, 2004, p.41).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o reestabelecimento do Estado Novo
iniciou-se uma intensa campanha nacional contra o analfabetismo. Tal fato tornou-se destaque
levando em consideração o alto índice de analfabetismo observado no período: 56% da
população com mais de 15 anos. Nesse momento histórico criaram-se mais de dez mil turmas
de alfabetização espalhadas pelo Brasil. Mundialmente também se notava grandes
desigualdades entre os países e atenção especial era despendida para investimentos em
educação. A criação da UNESCO, em 1945, após a 2ª Guerra exemplifica bem essa
preocupação mundial.
O governo de Vargas se destaca no campo da educação de jovens e adultos, por trazer
uma expansão dos direitos sociais e da cidadania, com ampla presença de massas populares
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que buscavam uma melhoria da qualidade de vida. A educação passou a ser tratada como
condição essencial para o crescimento e desenvolvimento da nação e não apenas como uma
maneira de crescimento pessoal.
Como resultado dessas iniciativas do governo, os índices de analfabetismo das pessoas
acima de cinco anos de idade para 46,7% no ano de 1960. Os direitos sociais, anteriormente
contidos nas propostas liberais, consolidavam-se como políticas públicas estratégicas visando
incorpora- las a grandes massas urbanas em mecanismos de sustentação política dos governos
nacionais. (HADDAD e PIERRO, 2000).
O período antecedente a ditadura militar (em meados da década de 1950 e nos
primeiros anos da década de 1960), observou-se um avanço mais acelerado da alfabetização
que poderia inclusive ter sido o mais revolucionário na história da alfabetização no Brasil
caso não tivesse sido interrompido e reorientado em parte pelo Regime Militar, que se se guiu
ao golpe de 1964.
Nesse período surgiu Paulo Freire, considerado até os dias atuais, uma referência para
a alfabetização de adultos. Algumas técnicas empregadas por este foram também vivenciadas
no MOBRAL – palavras geradoras ilustradas por codificação -, porém o que caracteriza a
proposta de Freire é seu postulado filosófico-pedagógico através do diálogo e valorização da
cultura do sujeito não-alfabetizado. (FREIRE, 1967).
Para Freire (1967), o cidadão analfabeto necessita apreender a real necessidade do
aprendizado da leitura e da escrita, tornando-se assim parte importante no seu próprio
processo de aprendizagem. Ele cita também que:
Deste modo, nota-se que para Freire assim como outros educadores populares da
época, a alfabetização era um processo político-pedagógico. Em contrapartida, para o regime
militar e os administradores da educação por ele arranjados, a alfabetização era uma questão
técnica, não política. Mesmo com toda repressão, várias práticas inspiradas na educação
libertadora persistiram no governo militar, mas seu desenvolvimento era feito em locais
ocultos e sigilosos.
O MOBRAL– a Fundação do Movimento Brasileiro de Alfabetização, surgiu no
período da Ditadura Militar, através da Lei 5.379, que não somente extinguiu os movimentos
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políticos de alfabetização e cultura popular, mas também criou outra proposta de alfabetização
de âmbito nacional. Percebeu-se que era necessário provar que a alfabetização deveria ser
tratada como uma questão técnica, de método.
embora a Campanha não tenha tido sucesso, conseguiu alguns bons resultados, no que se
refere a essa visão preconceituosa, que foi sendo superada a partir das discussões que foram
ocorrendo sobre o processo de educação de adultos. Diversas pesquisas, então, foram sendo
desenvolvidas e algumas teorias da psicologia foram, gradativamente, desmentindo a ideia de
incapacidade de aprendizagem designada ao educando adulto.
Com o processo de redemocratização política do país, a reorganização partidária a
promoção de eleições diretas nos níveis subnacionais de governo e a liberdade de expressão e
organização dos movimentos sociais urbanos e rurais alargaram o campo para a
experimentação e a inovação pedagógica na educação de jovens e adultos, que até então eram
desenvolvidas quase que clandestinamente por organizações civis ou pastorais populares das
igrejas, e retornaram visibilidade nos ambientes universitários passando a influenciar
programas públicos e comunitários de alfabetização e escolarização de jovens e adultos.
(OLIVEIRA, 2011).
Além dessa garantia constitucional, as disposições transitórias da Carta Magna
estabelecem um prazo de dez anos durante os quais os governos e as sociedades civis
deveriam concentrar esforços para a erradicação do analfabetismo e a universalização do
ensino fundamental, objetivos aos quais deveriam ser dedicados 50% dos recursos vinculados
à educação dos três níveis de governo. (OLIVEIRA, 2011).
Uma das medidas adotadas em março de 1990, foi a retirada de subsídios estatais,
simultâneos à implementação de um plano heterodoxo de ajuste das contas públicas e controle
da inflação. Eleito para a Presidência da República em 1994 e reeleito em 1998, o governo de
Fernando Henrique Cardoso colocou de lado o Plano Decenal e priorizou a implementação de
uma reforma político institucional da educação pública que compreendeu diversas medidas,
dentre as quais a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LBD).
A seção dedicada à educação básica de jovens e adultos resultou curta e pouco
inovadora: seus dois artigos reafirmaram o direito dos jovens e adultos trabalhadores ao
ensino básico adequado às suas condições peculiares de estudo, e o dever do poder público
em oferecê- lo gratuitamente na forma de cursos e exames supletivos. A única novidade dessa
seção da Lei foi o rebaixamento das idades mínimas para que os candidatos se submetam aos
exames supletivos, fixadas em 15 anos para o ensino fundamental e 18 anos para o ensino
médio.
A reforma educacional foi iniciada em 1995, que veio sendo adotados pelo governo
federal e tem por objetivo descentralizar os encargos financeiros com a educação,
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95% e a margem de erro máxima estimada é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para
menos, sobre os resultados encontrados no total da amostra.
Podemos notar que, houve uma pequena queda nos níveis de analfabetismo no Brasil
de 2001 a 2011. Segundo os dados obtidos, no ano de 2001-2002 as taxas de analfabetos da
pesquisa apontam 12%, enquanto em 2011 a taxa de analfabetos cai para 6%. Levando em
consideração que os intervalos da pesquisa são de dez anos, considera-se que a média da
queda de analfabetismo é relativamente lenta.
Na tabela 3.2, a pesquisa foi feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE, visando verificar os níveis de analfabetismo no Brasil, em pessoas acima de 15 anos de
idade, segundo as federações e os municípios das capitais brasileira. Os dados foram
coletados nos anos de 2000 a 2010.
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Tabela 3.4: Indice de Analfabetismo em cidades do Estado de Minas Gerais no ano de 2000.
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Com base nas informações coletadas na tabela 3.4, a cidade de Belo Horizonte está
com 4,40% no índice de analfabetismo, totalizando 74.409 habitantes, e em comparação com
as cidades seguidas com maiores populações, como Betim, Contagem, Uberlândia e Juiz de
Fora, onde Betim obteve-se 8,20%, Contagem 5,30%, Uberlândia 5% e Juiz de Fora 4,40%.
Belo Horizonte representa um índice de analfabetismo relativamente maior, pois sua
população neste período era de 2.250.000 (IBGE 2000).
Enfatizando o Município de Pará de Minas, no estado de Minas Gerais, em uma
pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2000 para verificar a população de homens e
mulheres com 10 anos ou mais, resididos nas regiões urbanas e rurais e as taxas de
alfabetização da população pará- minense, com base na tabela, os resultados obtidos foram que
no ano da pesquisa, a população de Pará de Minas era de 73.007 habitantes, e a taxa de
alfabetização era de 93,70% que corresponde à 55.752 habitantes alfabetizados. Com essas
informações pode-se compreender que em Pará de Minas ainda corresponde a um grande
índice de analfabetos, comparando-se ao total de habitantes no município – 6,3% de jovens e
adultos analfabetos.
Tabela 3.5: População residente, por sexo e situação do domicílio, população residente de 10 anos
ou mais de idade, alfabetizada e taxa de alfabetização em Pará de Minas.
Frente aos dados obtidos, no Brasil a taxa de analfabetos é muito alta, em relação com
outros países subdesenvolvidos. A área onde mais se localizam, são as regiões com maior
índice de pobreza, como a região nordestina. A região sudes te, foi a que registrou o menor
índice de analfabetos.
Para que seja erradicado completamente o analfabetismo no Brasil, concluímos que
primeiramente deve-se garantir que não haja mais “novos analfabetos”. Não há como resolver
o problema do analfabetismo se não alfabetizarmos as crianças na idade correta. Uma criança
que não aprende a ler e a escrever quando deveria, começará a enfrentar dificuldades para
acompanhar os conteúdos e acabará desistindo da escola. Esses desistentes entrarão para as
estatísticas negativas da reprovação e do abandono escolar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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