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STJ 201403454113 Tipo Integra 102083523 PDF
STJ 201403454113 Tipo Integra 102083523 PDF
EMENTA
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL.
PROCESSO CIVIL. NULIDADE DA CITAÇÃO. REJEITADA.
INCAPACIDADE. SENTENÇA DE INTERDIÇÃO. NATUREZA
CONSTITUTIVA. PREJUÍZO. AUSÊNCIA. CONJUNTO
FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. REEXAME. SÚMULA Nº
7/STJ.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na
vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados
Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido
de que (i) a sentença de interdição produz efeitos ex nunc, salvo
expresso pronunciamento judicial em sentido contrário, e (ii) a
ausência de intervenção do Ministério Público nos processos
que envolvam interesse de incapaz não implica
automaticamente a nulidade do julgado, sendo imprescindível a
demonstração de prejuízo. Precedentes.
3. Rever as conclusões das instâncias ordinárias acerca da não
demonstração de prejuízo concreto à defesa do incapaz
demandaria o reexame de matéria fática e das demais provas dos
autos, o que é absolutamente inviável nesta via recursal,
consoante o óbice da Súmula nº 7/STJ.
4. Agravo interno não provido.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Marco
Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o
julgamento o Sr. Ministro Moura Ribeiro.
RELATÓRIO
É o relatório.
VBC 09
REsp 1705385 Petição : 650903/2018 C542452449029980416494@ C584584;00434032524122@
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Superior Tribunal de Justiça
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.705.385 - SP (2014/0345411-3)
EMENTA
VOTO
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REsp 1705385 Petição : 650903/2018 C542452449029980416494@ C584584;00434032524122@
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"(...)
Destaco de início, que foi decretada a Interdição do executado
em julho de 2007, conforme faz prova o documento de fls. 297.
Não há que se falar em nulidade de citação. Primeiro
porque, diante da nova redação dada ao procedimento da Execução
Judicial, não há citação para esta fase, nos termos do artigo 475-J
do CPC. Assim, estando o executado regularmente representado nos
autos por seu advogado, os atos processuais dar-se-ão por meio de
intimação no DJE (art. 475-J, § 1º, do CPC e art. 659, § 5°, do CPC).
Segundo, em que pese a procuração de fls. 296 e as
alegações da representante do executado, frise-se, o qual é filho do
executado, a curadora ora nomeada é a mesma que vem
representando o executado desde a fase de conhecimento (fls. 141 -
junho de 2003) e, independentemente da declaração da Interdição,
tinha ciência de todo o processamento dos autos, inclusive que seu
constituinte, também seu marido, vinha passando por problemas de
saúde. No entanto, desde o início da execução do julgada (Nov/04),
jamais noticiou tal fato aos autos, só vindo manifestar-se quando da
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REsp 1705385 Petição : 650903/2018 C542452449029980416494@ C584584;00434032524122@
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intimação da penhora, isto em dezembro de 2010. Ressalte-se que
desde 2007 o executado é interditado e, por óbvio, já tinha ela
ciência do fato.
De qualquer maneira a declaração de interdição não torna
inalienável os bens do incapaz.
Em outras palavras, cumpre ressaltar que considerando que a
capacidade é a regra e a incapacidade é a exceção, devendo esta ser
encarada restritivamente, é de se concluir que os atos processuais realizados
até penhora não são nulos, até mesmo porque, nenhum prejuízo teve o
executado, haja vista que em todo este tempo tentava-se a sua intimação para
a fase da execução.
Ora, é sabido que sentença que declara a interdição, em
que pese reconheça uma situação de fato preexistente, só está apta a
produzir efeitos a partir de sua prolação (artigo 1.773 do Código
Civil), sob pena de conferir extrema insegurança jurídica aos
terceiros de boa-fé, o que não é, por óbvio, o objetivo da Lei.
Nestes termos, não trouxe o executado elementos hábeis a
confirmar a sua tese de citação nula.
Poder-se-ia declarar nulidade processual após a
declaração da Interdição do Executado, mas como já dito, não há nos
autos atos que ensejasse a nulidade.
De fato, haveria nulidade a ser declarada após a
efetivação da penhora, posto que a intimação determinada a fls. 294
deveria ter sido realizada pessoalmente e na pessoa do curador,
repita-se, que é a mesma constituída para representar o executado
desde a fase do conhecimento.
Contudo, apresentada a Impugnação de fl. 300/307,
supriu a intimação ora mencionada.
Quanto à não intimação do cônjuge da penhora realizada, é de
ressaltar que tal fato não enseja a nulidade, mas tão somente irregularidade
da penhora, a qual pode ser regularizada a qualquer tempo.
Ademais, tal irregularidade não existe, haja vista que de acordo
com certidão do imóvel, o executado quando da aquisição do imóvel ora
constrito (1978) era desquitado (fl. 236), vindo adquirir núpcias
posteriormente, em 1980 (fl. 310) daí que não há que se falar em intimação de
sua cônjuge (fl. 293).
O único reparo a ser feito é no que se refere aos cálculos
do credor, haja vista que este fez inserir a multa de 20% para as
despesas condominiais vencidas a partir de janeiro/2003, sendo certo
que a partir da vigência do novo Código Civil aplicada é de 2%.
Ante o até aqui exposto, como já regularizada a
representação usual do executado, não merecem acolhidas as razões
da impugnação apresentada pelo executado.
Por fim, tem-se que é extreme de duvida a má-fé do
executado ora representado pela sua curadora, no sentido de protelar
o inevitável pagamento do crédito aqui perseguido" (e-STJ fls. 15-16 -
grifou-se).
É o voto.
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REsp 1705385 Petição : 650903/2018 C542452449029980416494@ C584584;00434032524122@
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TERMO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
AgInt no REsp 1.705.385 / SP
Número Registro: 2014/0345411-3 PROCESSO ELETRÔNICO
Número de Origem:
5620120030005154 02141005920128260000
Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO
AUTUAÇÃO
AGRAVO INTERNO
TERMO
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu negar provimento ao
recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Marco Aurélio Bellizze e Moura
Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Moura Ribeiro.