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AO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

Processo de Origem: 0709283-08.2022.8.07.0020

I. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES

PEDRO CEZAR DE VASCONCELLOS CZARNIK, brasileiro, servidor


público, identificado sob o Registro Geral nº 13.579.432-5 SESP/PR, inscrito no
CPF sob o nº 105.899.717-35, domiciliado à Rua 33 Sul, nº 12, Bloco A, Apt. 1703,
Águas Claras, Brasília-DF, cujo Advogado, RONIELE DE OLIVEIRA SILVA,
OAB/RJ 162.045, e-mail ronielesilva@ronienesilva.com, que esta subscreve, com
base nos elementos fáticos e argumentos de direito apresentados no corpo desta
peça, sobretudo em observância do Art. 105, III, alíneas a) e c), vem, perante Vossa
Excelência, após tomar de ciência do acordão exarado por essa corte, opor:

RECURSO ESPECIAL

Requerendo o seu devido recebimento, processamento, e remessa ao Superior


Tribuna de Justiça, com as razões expostas, e medidas protocolares de praxe.

RECORRIDA:

BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A., pessoa jurídica inscrita no CNPJ sob nº 90.400.888/0001-42, com
domicílio situado a Avenida Presidente J. Kubitschek, nº 2041 e 2235 – Bloco A, CEP: 04543-011, Bairro Vila
Olímpia, São Paulo/SP, endereço eletrônico supimpostosissqn@santander.com.br. representada pelo seu
Procurador, DAVID SOMBRA PEIXOTO, OAB/DF nº 52.043.
DO PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE

Verifica-se, que o presente Recurso Especial é

A) Tempestivo, quando o foi ajuizado dentro do prazo previsto na legislação processual civil (art.
1.003, § 5º);

B) Incidência do Art. 105º, alíneas a) e c);

C) O Recorrente tem Legitimidade para interpor o presente recurso, nos termos do art. 996, do CPC;

D) Há Regularidade Formal do mesmo, nos termos do art. 997 CPC C;

E) Do Interesse Recursal, provisionado nos art. 994 e 996 do CPC C;

F) Do Preparo Recursal, foi devidamente recolhido, realizado, nos termos do art. 1.007 do CPC C,
conforme comprovantes, anexo, (doc.01).

Diga-se, mais, a decisão apresentada a esse Superior Tribunal foi proferida por colegiado em
última instância, no Tribunal “a quo”, não cabendo mais nenhum outro recurso, na instância
originária.
AO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


COLENDA TURMA JULGADORA
PRECLAROS MINISTROS

DA AMPLA INCIDÊNCIA E RELEVÂNCIA MATERIAL – Art. 105, §2º, CF1988

Art. 105, §2º, da Constituição Federal: No recurso especial, o recorrente deve demonstrar a relevância das
questões de direito federal infraconstitucional discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que a admissão do
recurso seja examinada pelo Tribunal, o qual somente pode dele não conhecer com base nesse motivo pela
manifestação de 2/3 (dois terços) dos membros do órgão competente para o julgamento.

Tem-se que, dentre as diversas relações de consumo, muito provavelmente aquelas cujo ajuizamento se fez
necessário são as que têm em um dos polos uma Instituição Bancária, e a outro polo o consumidor/cliente.

O forte poderio de instituições financeiras em face da fragilidade (processual) do consumidor é motivo para
que este reclame seja apreciado.

Espera-se que essa egrégia instância se posicione acerca de direitos consumeristas como inversão do ônus
da prova, inadmissibilidade de ter o Recorrente de fazer prova negativa, ter contra si a expedição de mandado de
pagamento, sobre cuja soma se refere a ilações unilaterais, afastamento de sorte numerosa de dispositivos de leis
federais, dentre outros.

Em suma, milhões, dezenas de milhões, em verdade, centena de milhões de cidadãos possuem


relacionamento Consumidor/Fornecedor junto a instituições bancárias, o que torna este reclame totalmente
procedente, à luz do Art. 5, §2º, da Constituição Federal.

E, recorrentemente, instituições financeiras ajuízam demandas, nas quais, ainda que instadas a fazer prova
de suas alegações (apresentação de comprovante de avença), ou nem sequer instadas, o que é mais grave e
corriqueiro, essas instituições amealham vitórias judiciais aos montes, sem ao mínimo provar seu direito.

É o caso da demanda discutida.

Trata-se de direito que transcende a esfera de necessidade das partes, reclamando formação de precedente,
tese, repercussão geral, em Corte Superior.
DA RETROSPECTIVA PARA O MELHOR ENTENDIMENTO DAS ILEGALIDADES HAVIDAS

A instituição financeira, ora Recorrida, ajuizou ação monitória em face do Recorrente.

De plano, verificou-se o não atendimento da Súmula 247, editada por essa Corte Superior.

Em momento primeiro, houve a negação da ação monitória. Em momento segundo, e sem trazer nada para
complementar o corpo processual, obteve juízo procedente, sem ter ao menos apresentado comprovante de
contratação.

Àquele momento, e durante toda a marcha processual, a instituição fora desafiada a apresentar contrato
escrito (ainda que houvesse cópia digital, com assinatura eletrônica do Recorrente, conforme a Recorrida afirma ter
se dado). Atente-se: em dissonância de leis, resoluções, e até de seu normativo interno, a Recorrida jamais
apresentou comprovante de contratação, mesmo sendo desafiada durante todo o processo, e, desafiada agora, se
houver momento processual para tanto.

Pelo já exposto, já se dá repercussão ampla ao caso.

Mesmo se omitindo do início ao presente, e, ainda, afirmando por diversas vezes que havia uma contratação,
seja mencionando contrato qualquer, ou contrato feito por internet banking, jamais conseguiu provar a avença, do
que, municiada somente de documentos produzidos de forma unilateral, conseguir atingir seu objetivo.

À sentença, o juízo a quo acolheu as razões da instituição financeira.

Já ao decisum em sede de Apelação, houve diversas violações a normas federais.

Foram opostos Embargos de Declaração.

Em resposta aos Embargos, o juízo não atacou os prequestionamentos apresentados, e aplicou multa ao
Recorrente, afirmando haver dolo de protelação. O que, absolutamente não se deu (Fls. 716 a 731).

STJ, Súmula 98 - Embargos de declaração manifestados com notório


propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório.

É o suficiente.

A trama processual gira em torno, também, do enunciado da Súmula 247, do STJ, o que impõe a apresentação
de comprovante da contratação, qualquer que o seja.

Seja por meio físico, seja através de internet banking, o que pode ser provado de forma simples, eis que a
legislação vigente determina que a instituição financeira faça a guarda dos arquivos eletrônicos por 05 (cinco) anos.
A instituição vai empilhando vitórias nos foros, sem fazer prova do que alega, mesmo densamente desafiada
a fazê-lo. Nunca pelo juízo, sempre pelo Recorrente.

DA AFRONTA AOS ARTS. 489, § 1º, IV ; VI, e art. 1.022, II, TODOS DO CPC

O acórdão, ora guerreado, violou os dispositivos de lei federal, qual seja: art. 489, § 1º, IV e VI, e art. 1.022,
II, do CPC, visto que o Tribunal, a quo, (TJDFT), não apreciou as teses levantadas pelo Recorrente, as quais teriam
o condão e capacidade de infirmar o julgado. Mesmo após prequestionamento exposto, houve o afastamento da lei
federal.

O art. 489, § 1º, VI, do CPC, foi violado, porque o tribunal “a quo” não seguiu o precedente invocado pela
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento, ao qual
tinha o condão de infirmar o acordão recorrido.

O art. 1.022, inciso II, do CPC, foi violado, porque, o tribunal “a quo”, foi omisso, deixou de suprir omissão
de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento. O tribunal, não analisou a
fundamentação apresentada pelo Recorrente, ao qual tinha o condão de infirmar o acordão recorrido.

Somente para fins de demonstração de o quão enorme é a insegurança jurídica vivenciada por consumidores,
e o quão maior ela fica quando se fere o 489, § 1º, VI (deixar de seguir precedente invocado pela parte) apresenta-
se acórdão proferido pela mesma Turma Cível, em caso absolutamente idêntico, decisão essa diametralmente
oposta.

Atente-se que há similitude fática impressionante, do que, fazer julgado processual sem que manifeste o juízo
o motivo concreto do afastamento de precedente dessa ordem, há afronta a lei federal (Art. 489, IV, CPC)

APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA.


REQUISITOS. NÃO PREENCHIMENTO. DOCUMENTAÇÃO INAPTA A
COMPROVAR A EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. SENTENÇA MANTIDA. 1. A
Ação Monitória pode ser proposta por aquele que comprovar, por prova escrita sem
eficácia de título executivo, ter o direito de exigir do devedor o pagamento de
quantia em dinheiro; a entrega de coisa infungível ou de bem móvel ou imóvel; ou
o adimplemento de obrigação de fazer ou não fazer, nos termos do artigo 700 do
CPC/15. 2. A prova escrita não precisa ser robusta, mas deve ser hábil a convencer
o juiz da pertinência do direito alegado na petição inicial e corroborado com o
documento que a acompanha. 3. Os documentos acostados aos autos - extratos da
conta e planilha de cálculo -não trazem as condições gerais da contratação do
crédito, tampouco comprovam o reconhecimento pelo devedor da existência da
obrigação e da utilização do valor cobrado. 4. Ainda que se trate de contratação
na modalidade eletrônica, não há comprovação de que a operação foi realizada pelo
Réu ou de que haveria a ciência e concordância com as condições do mútuo, haja
vista a ausência do contrato firmado entre as partes, de cláusulas gerais de contrato
de adesão ou outro documento hábil a suprir a referida necessidade. 5. Apelação
conhecida e não provida. Relatório e votos Trata-se de Apelação Cível interposta
por Banco Santander (Brasil) S.A. em face da r. sentença (ID 42130291) que, nos
autos da Ação Monitória ajuizada em desfavor de XXXXX, julgou improcedente o
pedido formulado, diante da ausência de apresentação de documentos
comprobatórios do crédito cobrado. Nas razões recursais (ID 42130293), argumenta
que a Ação Monitória está lastreada em título idôneo, pois as provas escritas
acostadas aos autos – extrato da conta e a planilha de cálculo - são suficientes para
comprovar a dívida, demonstrando a contratação e utilização do crédito, uma vez
que se cuida de contratação eletrônica, realizada por intermédio de aplicativo
Internet Banking. Aduz que, por se cuidar de transação exclusiva por meio
eletrônico, é desnecessária a apresentação de “um contrato assinado delimitando as
condições pactuadas, como valores, parcelas, índices, taxas e juros”. Acrescenta que
a manutenção do entendimento exposto na r. sentença recorrida implica
enriquecimento sem causa do Apelado, haja vista ser inconteste o recebimento do
montante ora cobrado. Pede o provimento da Apelação para reformar a sentença, a
fim de que seja reconhecida a suficiência da documentação para embasar a demanda
monitória, com o regular prosseguimento do feito. Preparo comprovado (IDs
42130295 e 42130296). Em contrarrazões, o Réu/Apelado, representado pela
Curadoria Especial, defende a manutenção da r. sentença (ID 42130299). É o
relatório. O Senhor Desembargador ROBSON TEIXEIRA DE FREITAS - Relator
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. Consoante
relatado, trata-se de Apelação em face da r. sentença que, nos autos da Ação
Monitória ajuizada pelo Banco Santander (Brasil) S.A., julgou improcedente o
pedido formulado, diante da ausência de apresentação de documentos
comprobatórios do crédito cobrado. Os autos revelam que o Autor alega ser credor
da quantia atualizada de R$ 533.213,26 (quinhentos e trinta e três mil, duzentos e
treze reais e vinte e seis centavos), decorrente de empréstimo contratado, em
12/4/2021, na modalidade CRÉDITO UNIFICADO SOLUÇÕES –
MODALIDADE ELETRÔNICO nº 00331722320000021890, com data de
vencimento para 10/11/2023, pelo valor original de R$ 326.923,00 (trezentos e vinte
e seis mil, novecentos e vinte e três reais), creditado na conta corrente do Réu. A
instituição financeira Autora sustenta que o Réu não cumpriu com o referido pacto,
“deixando de disponibilizar saldo suficiente para viabilizar os descontos das
parcelas mensais, assumindo a condição de inadimplente e sujeitando-se a
incidência dos encargos contratuais de 6,99% (seis vírgula noventa e nove por
cento) ao mês, juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês e multa contratual de
2% (dois por cento) sobre o valor da causa” (ID 42130122 - pág. 1). A Ação
Monitória pode ser proposta por aquele que comprovar, por prova escrita sem
eficácia de título executivo, ter o direito de exigir do devedor o pagamento de
quantia em dinheiro; a entrega de coisa infungível ou de bem móvel ou imóvel; ou
o adimplemento de obrigação de fazer ou não fazer, nos termos do artigo 700 do
CPC/15. Assim, o procedimento monitório constitui meio concedido a um credor,
munido de uma prova literal representativa de seu crédito, de abreviar o iter
processual para a obtenção de um título executivo. A prova escrita não precisa ser
robusta, mas deve ser hábil a convencer o juiz da pertinência do direito alegado na
petição inicial e corroborado com o documento que a acompanha. No caso em
exame, os autos foram instruídos com Extrato de Conta, referente ao mês de junho
de 2021 (ID 42130130), Extrato Parcelado, emitido em setembro de 2021 (ID
42130131) e Planilha de Cálculos, com o valor atualizado do débito em outubro de
2021 (ID 42130132). Analisada a aludida documentação, verifica-se que consta do
Extrato de Conta no campo “Créditos Contratados”, a referência à contratação do
mútuo objeto dos autos. Ocorre que a documentação acostada aos autos não traz as
condições gerais da contratação do crédito, tampouco comprova a anuência do
contratante aos eventuais termos. Ainda que se trate de contratação na modalidade
eletrônica, não há comprovação de que a operação foi realizada pelo Réu ou de que
haveria a ciência e concordância com as condições do mútuo, haja vista a ausência
do contrato firmado entre as partes, de cláusulas gerais de contrato de adesão ou
outro documento hábil a suprir a referida necessidade. Oportuno frisar que,
facultado ao Autor a juntada do instrumento ou documentação correlata que
atestasse a efetiva contratação do empréstimo em comento, ele se restringiu a
apresentar ao d. Juízo de origem contrato estranho à lide. Dessa forma, a prova
escrita não se mostra suficiente a convencer quanto à existência da contratação do
crédito, à ciência das condições nela previstas, tampouco a todos os encargos
envolvidos. Por meio dela, não há como acompanhar a evolução do saldo devedor,
nem mesmo a regularidade da operação informada na planilha acostada ao ID
42130132, documento produzido de forma unilateral pelo Autor/Apelante. Recorde-
se, ademais, que, consoante entendimento exposto na Súmula nº 247 do c. STJ: “O
contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo
de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.” Como
observado na r. sentença recorrida, cujos fundamentos adoto: “[...] para o
ajuizamento de ação monitória a fim de receber dívida oriunda de empréstimo
bancário, cuja adesão foi procedida pelo consumidor através de terminal de
autoatendimento, é indispensável a apresentação, não só das cópias das
movimentações financeiras, mas também do respectivo instrumento contratual, ou,
ao menos as cláusulas gerais do contrato de adesão firmado entre as partes, para
possibilitar a aferição da legitimidade do valor do débito exigido No caso dos autos,
contudo, não foram anexados os documentos comprobatórios do crédito cobrado.
Oportunizada a manifestação para juntada específica do instrumento contratual
assinado ou documento similar que comprovasse a existência da dívida (ID
140238926), limitou-se o credor a anexar contrato estranho ao feito, pois, em que
pese referir-se a mesma parte, foi convencionado no ano de 2018, com valores
totalmente divergentes. Também não há nos autos prova da efetiva disponibilização
dos valores. Neste caso, à míngua de quaisquer elementos que indiquem ter o Réu
efetivado um contrato eletrônico de adesão ou ter assinado contrato, não há que se
falar em prova escrita da dívida apta a determinar a procedência da ação monitória.
Uma vez que o próprio credor informou, na inicial, o número do contrato
firmado, não haveria nenhum óbice à sua efetiva juntada nos autos, pois
certamente teria sido gerado um instrumento contratual. Estranhamente, ainda,
o “extrato parcelado” de ID 105959917 apresenta um histórico que não sinaliza o
efetivo recebimento do valor e revela-se divergente, na medida em que apresenta
transações com valor zerado. Igualmente, o extrato da conta anexado ao ID
105959916 revela, de forma sucinta, a contratação de um produto em que nenhuma
parcela foi paga, sem demonstrar efetivamente que os valores foram
disponibilizados ao contratante. Ressalte-se, ainda, que o Extrato de Conta,
referente ao mês de abril de 2021 (ID 42130294), não é documento suficiente a
respaldar a monitória, máxime por inexistir as informações relativas à contratação.
Assim, ausente documentação que comprove o reconhecimento pelo devedor da
existência da obrigação, bem como das condições pactuadas, e da utilização do
crédito, a manutenção da sentença de improcedência da monitória é medida de rigor.
Acrescente-se que, ao contrário do afirmado pelo Autor, restará ainda ao credor
promover a ação de cobrança, na qual poderá demonstrar os valores entregues à
parte, assim como apresentar elementos que confirmem a anuência do correntista
quanto ao pacto firmado. Assim, a r. sentença deve ser mantida. Ante o exposto,
CONHEÇO e NEGO PROVIMENTO à Apelação. Em face da sucumbência
recursal, majoro os honorários advocatícios arbitrados na sentença em 1% (um por
cento), nos termos no art. 85, § 11, do CPC/15. É como voto. O Senhor
Desembargador JOSE FIRMO REIS SOUB - 1º Vogal Com o relator A Senhora
Desembargadora CARMEN BITTENCOURT - 2º Vogal Com o relator DECISÃO
Apelação conhecida e não provida. Unânime.

A ocorrência de dissonância dessa ordem, julgados casos impressionantemente idênticos, e cada qual com
seu decisum, diametralmente opostos um do outro, reclama a intervenção dessa Corte Superior haja vista a
segurança jurídica abalada, tornando enevoadas as pretensões judiciárias de sorte milionária de cidadãos.

Ao apresentar seu próprio julgado ao tribunal a quo, este quedou-se silente ao acórdão.
DO PREQUESTIONAMENTO

Encontra-se o Tribunal a quo prequestionado acerca do tema em lide. Quedou-se inerte aquele colegiado
sobre o enfrentamento dos itens prequestionados, conforme reprodução a seguir (fls. 716 a 731):
DA VIOLAÇÃO DE NORMA FEDERAL

Das violações e afronta aos dispositivos de lei federal:

O art. 40º caput, e §3, inciso I, do CDC, foi violado, pelo motivo de o tribunal “a quo” , não ter enfrentado e
observado a vulnerabilidade do consumidor e por negligenciar a apresentação de um termo contratual, creditando
que é dever do consumidor fazer prova negativa, provar o que não foi, quando quem deveria fazer prova de seu
direito é aquele que o alega.

O Art. 46, do CDC, foi violado em razão de não ter ocorrido uma contratação, de não haver prova alguma,
embora desafiada a Recorrida a fazê-lo, provar ter concebido avença bilateral. O Tribunal a quo pronunciou-se,
inclusive à ementa do Acórdão ter sido suficientemente bem provada a contratação por meio eletrônico, o que fere,
não somente Lei federal, mas fere também o direito do Recorrente, e fere, inclusive, a realidade a realidade (Fls.
682 e outras).

O art. 51, §1, I e II do CDC, foi violado, haja vista nem mesmo um termo contratual tenha sido apresentado,
mesmo após ter sido a recorrida desafiada durante todo o processo. O Tribunal a quo quedou-se inerte a respeito
do mandamento legal supra.

O art. 54-B, §1º, 54-D §1º, Incs. I, II, III. Nem ao menos um termo de contratação eles querem apresentar, o
que dirá balizar-se conforme aponta a legislação.

Todos os Arts. Supracitados envolvem a omissão de termo contratual, de forma que se viola lei federal ao
ignorá-los e, ignorar a condição de supremacia do instituto bancário, ignorar a proteção ampla a qual deve o juízo
conceder ao Consumidor.

Em vez disso, ignora-se essa proteção jurídica, e permitem o início e fim da marcha processual sem que uma
instituição financeira com milhões de clientes apresente uma comprovação de contratação reclamada.

Como se não fosse o bastante, o Tribunal a quo reconheceu a existência de uma contratação por meio
eletrônico, o que absolutamente não ocorreu. Nem por meio eletrônico, nem por canal algum. Frisa-se a repercussão
geral que deve ter o julgado dessa Colenda Corte pois ao serem decididos casos em prol de instituição financeira,
sem que haja comprovação de contratação, é medida que enfrenta toda a estrutura basilar do direito protetor do
Consumidor frente ao poderio financeiro de um banco.
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Recorrente afirma que, para fins judiciais, é pobre, na acepção jurídica do termo, ou seja: ao se defrontar
despesas recorrentes, e receitas mensais, não se lhe sobra quantia para custear demandas judiciais, e ônus de
sucumbência. O Recorrente mantém com este procurador contrato de natureza pro bono, e apresenta ao Anexo I
compilado de custas mensais, e seus contracheques dos últimos meses apurados.
DOS PEDIDOS

a) Com fulcro no Art. 105, Art. III, alíneas a) e c); Art. 170, Inc. V, da Constituição Federal de 1988, o Art. 40,
caput, e §3º, Art. 46, Art. 51, §1º, Inc. II, II, Art. 51, §2º, Art. 52, Incs. I, II, III, IV, V, Art. 54, §3º, Art. 54-b, §1º,
54-d,§, Incs. I, II, III, todos do Código de Defesa do Consumidor; Art. 1º, §2, Art 2º, Art. 3º, II, Art. 4 e Incs. I, II,
III, IV, alínea a), Art. 6, §1º, Inc. VII; Art. 7º, e §§ 1º e 2º, e Art. 8º, todos constantes da Resolução No 4.949/Conselho
Monetário Nacional; invoca-se o enunciado da Súmula 247 editada pelo Superior Tribunal de Justiça; Art. 932, inc.
V, alínea a), Art. 321, e P.U., do Código de Processo Civil; ainda que verse sobre documento particular, cita-se a
Politica Institucional do Banco santander foi editado por determinação da Autoridade Monetária Nacional, motivo
pelo qual também consubstanciam direito do Apelante os tópicos 1.4, 3.2, 3.2.3 e 5.4 do documento, e, por fim,
evidenciam-se julgados que, dada a similitude com a presente moção, ao primeiro julgado relação de identidade;

a) Seja conhecido, admitido e provido o presente Recurso Especial, ante as veementes afrontas aos mencionados
dispositivos de lei federal, devidamente demonstradas e fundamentadas nos termos das razões recursais, para o fim
de reconhecer e anular o v. acórdão recorrido;

b) No mérito, com a devida venia, Excelência, requer o provimento do Recurso Especial, reformando o Acórdão
recorrido, e julgue o processo. Em outras palavras, examine e julgue a causa, aplicando o direito à espécie, nos termos
do art. 1.034 do CPC, combinado, por analogia à Súmula 456 do STF, em consonância, com o art. 255, § 1o , do
Regimento Interno do STJ, provisionado no art. 105, inc. III, alínea a da CFRB/88;

c) Por derradeiro, requer a condenação da Recorrida ao pagamento das custas processuais e honorários
sucumbenciais, recursais, à luz dos critérios estabelecidos nos § 2º e § 6º, do art. 85, do Código de Processo Civil;

e) Requer a juntada de cópia das custas recursais, recolhidas.

f) Seja concedido o benefício legal da Justiça Gratuita, após análise do Anexo I a este Recurso;

g) Seja promovida a inversão do ônus probatório em favor do Apelante;

h) Seja cassada a petição inicial, e extinto o processo com resolução de mérito.

Termos em que pede e espera deferimento.


RONIELE DE OLIVEIRA SILVA

OAB/RJ 162.045

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