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Índice

Capitulo I. Introdução......................................................................................................................1

1.2. Problema de pesquisa...............................................................................................................2

1.3. Hipóteses...................................................................................................................................2

1.4. Justificativa...............................................................................................................................3

1.5. Objectivos da pesquisa.............................................................................................................4

1.5. 1. Objectivo Geral.....................................................................................................................4

1.5.2. Objectivos Específicos...........................................................................................................4

Capitulo II. Metodologia.................................................................................................................5

2.2. Técnicas e instrumento de recolha de dados.............................................................................5

2.3. População alvo e amostragem..................................................................................................6

Capitulo III. Revisão de Literatura..................................................................................................7

3.1. Imposto.....................................................................................................................................7

3.1.1. Impostos Directos..................................................................................................................8

3.1.2. Impostos Indirectos................................................................................................................8

3.2. Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).............................................................................9

3.4. Reembolso do IVA.................................................................................................................10

3.5. Surgimento Reembolso de IVA em Moçambique..................................................................10

3.6. As práticas existentes no processo de fiscalização do reembolso de IVA..............................12

3.6.1. Procedimento para obtenção do reembolso do IVA............................................................12

3.6.1.1. Pedido de reembolso.........................................................................................................12

3.6.1.2. Requisitos necessários para solicitação de reembolsos....................................................12

3.6.2. Documentos exigidos para o reembolso do IVA.................................................................13

Capitulo IV: Apresentação da empresa GeoMATI, Lda...............................................................14

Capitulo V. Analise e Interpretação de dados da empresa............................................................16


4.1. Perfil sócio demográfico dos entrevistados............................................................................16

4.2. Os efeitos económicos dos atrasos no reembolso do IVA para os contribuintes passivos.....19

4.2.1. Efeitos micro económico de não reembolso do IVA...........................................................20

4.3. Os principais motivos ou causas que levam a não reembolso de IVA aos seus contribuintes
.......................................................................................................................................................22

5. Conclusões e recomendações....................................................................................................25

5.1. Conclusões..............................................................................................................................25

5.2. Recomendações......................................................................................................................28

Referências Bibliográficas.............................................................................................................30

Legislação......................................................................................................................................31

Apêndice........................................................................................................................................33
Capitulo I. Introdução

O Imposto Sobre Valor Acrescentado (IVA), é um imposto que incide sobre o valor das
transmissões de bens e prestações de serviços, realizados no território nacional, a título oneroso
por um sujeito passivo agindo como tal, bem sobre as importações de bens dentro do território
moçambicano e, tal como os outros impostos, ajudam no pagamento das despesas e
investimentos de carácter público. No presente estudo, procura-se debruçar-se sobre a
problemática enfrentada no processo de reembolsos de Imposto sobre o Valor Acrescentado na
empresa GeoMATI, Lda. na Cidade de Maputo.

Com a introdução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em 1999 constituiu uma peça
central do programa de tributação em Moçambique. Contudo, o sistema do IVA originou grandes
reclamações por parte da comunidade empresarial quanto aos atrasos verificados na
administração dos reembolsos do IVA, onde vários sinais de alarme sobre esta questão foram
apresentados nos principais relatórios sobre o ambiente de negócios em Moçambique. 1 Os
relatórios também facultaram inúmeras recomendações visando melhorar a administração do
reembolso do IVA, recorrendo às melhores práticas internacionais para os países em
desenvolvimento como Moçambique.

Desta forma, tem-se verificado debates sobre os reembolsos de imposto sobre o valor
acrescentado (IVA), ao nível da administração tributaria, as entidades devedoras de rendimentos
e aos sujeitos passivos que não se tem cumprido os prazos de reembolsos e os indeferimentos dos
pedidos de reembolsos ou alteração de pagamento/reembolso por responsabilidade das entidades
competentes no processo. Assim, podemos afirmar que os que são mais prejudicados nesse
processo de reembolso são os sujeitos passivos.

1.1. Delimitação
1

Incluindo o Documento do Banco Mundial Investment Climate Survey em 2003; o Estudo Diagnóstico da
Integração do Comércio (DTIS) nacional em 2004; e um relatório elaborado pela Nathan Associates para a USAID e
a CTA sobre a Reforma Fiscal e Ambiente de Negócios em Moçambique, em 2004.

Virgínia Eunice Banze


O estudo realizado tem como universo espacial a empresa GeoMATI, Lda. de Maputo.
Limitaremos a nossa análise no período que vai do ano 2016 a 2018, uma vez que os dados mais
recentes disponíveis na Autoridade Tributaria sobre os reembolsos aos contribuintes são
referentes a este intervalo.

1.2. Problema de pesquisa

Os sujeitos passivos deste imposto são obrigados a declarar os seus rendimentos auferidos do
exercício anterior nas Direcções de Área Fiscal, onde surgem duas possíveis situações: o sujeito
passivo tem imposto a pagar ao Estado ou tem imposto a receber. Nos casos em que os sujeitos
passivos têm imposto a receber, estes devem escrever uma carta de pedido de reembolso dirigida
ao Director Geral de Impostos, que de acordo com o código do mesmo imposto, cumprindo
todos os requisitos para a obtenção do reembolso de IVA, o mesmo deve ser pago até ao fim de
cada mês seguinte, de acordo com o Regulamento do Imposto Sobre Valor Acrescentado (IVA).

No entanto na prática isto não se verifica. Tendo como referência os Relatórios de Actividade da
Autoridade, fazendo a média dos anos 2014, 2015, 2016 e 2017, dos pedidos de reembolso
solicitados, apenas 54.6% dos pedidos são tratados anualmente, deste modo, a outra parte dos
pedidos são indeferidos, anulados ou permanecem em análise para uma posterior resolução,
portanto, se verifica uma grande morosidade no processo de reembolso, o que cria um
sentimento de insatisfação por parte dos contribuintes para com as autoridades fiscais que, em
última instância pode desincentivar os mesmos a cumprir com as obrigações fiscais e com isso
reduzir a matéria colectável. Neste sentido o problema de pesquisa é a seguinte: Que
constrangimentos se verificam durante o processo de reembolso do IVA para os contribuintes
passivos?

1.3. Hipóteses

H1: Os constrangimentos verificados no processo de reembolso do IVA, é devido ao não


cumprimento das exigências para a obtenção do reembolso por parte dos sujeitos passivos;

H2: As barreiras burocráticas por parte do sujeito activo (o Estado através da Autoridade
Tributária de Moçambique) constituem um factor determinante para a problemática dos
reembolsos de IVA pelos sujeitos passivos.

Virgínia Eunice Banze


1.4. Justificativa

O tema proposto desperta muita atenção em qualquer parte do mundo devido a sua utilidade,
importância e finalmente porque faz parte da vida de qualquer cidadão directa ou indirectamente,
quer seja através do pagamento ou uso dos benefícios criados pelo mesmo desde há muitos anos.

Razões pessoais: a escolha do tema é por motivos de curiosidade, onde em conversa com
colegas de serviço e até mesmo conhecidos que já trabalham há vários anos, pôde constatar que
nenhum deles alguma vez recebeu o reembolso de IVA. Sendo assim, a pesquisa foi levada a
cabo no sentido de descobrir se a causa do fenómeno acima referido tem a ver com o Sistema de
Administração Tributaria ou com os próprios sujeitos passivos do IVA.

Na sociedade: é pertinente desenvolver este estudo, na medida em que os seus resultados


poderão ser usados na reflexão sobre o papel que o contabilista desempenha na sociedade no
sentido de possibilitar um equilíbrio entre os anseios individuais e os interesses da sociedade.

Razões académicas: Como estudante de contabilidade e auditoria sentindo a necessidade de


mudança do cenário que ocorre nas organizações fez com que escolhesse este tema uma vez que
elas enfrentam problemas com o reembolso do IVA.

Na mesma ordem das razões académicas, a realização deste estudo terá como papel fundamental
na divulgação dos resultados que poderão alargar o leque da literatura já existente sobre a
problemática do reembolso do Imposto sobre o Valor Acrescentado, trazendo deste modo, os
mecanismos ou estratégias usadas pelos contribuintes no processo de restituição de reembolsos
aos contribuintes do IVA.

1.5. Objectivos da pesquisa

1.5. 1. Objectivo Geral

Analisar a problemática de reembolso do Imposto sobre Valor Acrescentado na empresa


GeoMATI, Lda. na Cidade de Maputo.

1.5.2. Objectivos Específicos

Avaliar as práticas existentes no processo de fiscalização do reembolso de IVA;

Virgínia Eunice Banze


Descrever os efeitos económicos dos atrasos no reembolso do IVA para os contribuintes
passivos;

Identificar os principais motivos ou causas que levam a não reembolso de IVA aos seus
contribuintes;

Capitulo II. Metodologia

Nesta secção apresenta-se os métodos de estudos e as técnicas que são usadas para a recolha de
dados e definição da amostra com a qual trabalhou-se. Todos estes elementos serão escolhidos
tendo como base o facto de termos adoptado uma abordagem qualitativa para a realização deste
trabalho. De acordo com Goldenberg (2004), a abordagem qualitativa fundamenta-se na
compreensão da realidade social, procurando apreender o seu objecto de estudo dentro do
contexto social onde ele ocorre, valorizando a sua relação com outros fenómenos. Ao recorre-se
a abordagem qualitativa porque foi possível aprofundar, por meios dos próprios actores sociais, o
contexto no qual encontra-se os constrangimentos enfrentados pelos contribuintes no reembolso
do imposto sobre o valor acrescentado (IVA).

Virgínia Eunice Banze


2.2. Técnicas e instrumento de recolha de dados

Para elaboração da presente monografia foram utilizados as seguintes técnicas e instrumentos de


recolha de dados: as entrevistas semi-estruturadas, análise do conteúdo para analisar e interpretar
os dados que foram adquiridos no trabalho de campo e levantamento documental.

Levantamento Documental: Quivy e Campenhoudt (1998) afirmam que é uma técnica


secundária por meio da qual procede-se a recolha de dados em fontes secundários em forma de
documentos escritos, como registos, actas, relatórios, legislação, escritura. A técnica ajudou a
fazer a busca e a selecção de fontes secundárias que vão tornar possível o desenvolvimento do
trabalho tais como: obras, revistas e artigos científicos que versam sobre a problemática do
reembolso do imposto sobre o valor acrescentado.

Entrevistas Semi-Estruturadas: Quanto a entrevista, foi usada a entrevista semi-estruturada,


que se desenvolve a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e relação permanece
invariável para todos os entrevistados, que geralmente são em pequeno número (Gil, 1999:121).

Ao recorrer-se a entrevistas semi-estruturadas permitiu que o entrevistado se sinta livre de expor


tudo o que sabe em relação a questão colocada, garantindo dessa forma maior obtenção dos
detalhes ou dados para o relatório final do trabalho.

2.3. População alvo e amostragem

A população desta pesquisa é constituída por funcionários da GeoMATI, Lda. em Maputo, com
diferentes idades, sem distinção de sexo, que se encontram a trabalhar na instituição. A amostra
que temos é aleatória simples que consiste em escolher qualquer elemento da população que
tenha a mesma probabilidade de ser escolhido. Quanto ao tamanho da amostra, trabalhou-se com
15 funcionários da empresa de forma a fornecerem a informação sobre a nossa pesquisa.

Virgínia Eunice Banze


Capitulo III. Revisão de Literatura
Neste capítulo apresentar-se a revisão da literatura na qual foi feito o levantamento de estudos
similares ao tema estudo, realizados em outros países que directa ou indirectamente podem
ajudar a resolver o problema do estudo.

3.1. Imposto

O imposto representa um elemento fundamental para o tema em estudo, visto que, divulga o
processo que culmina com o reembolso ao sujeito passivo, sem imposto não há lugar a
reembolso. Segundo Waty (2003) o imposto é uma prestação coactiva, patrimonial, positiva, não
sinalagmática, sem carácter de sanção, estabelecida por lei, a favor de uma entidade pública ou
com funções para a satisfação de necessidades públicas e redistribuição de riqueza, independente
de qualquer vínculo anterior.

Para Ibraimo (2002) imposto é uma prestação coactiva, pecuniária definitiva e unilateral
estabelecida por lei, sem carácter sancionário a favor do Estado para a realização de fins
públicos, ou seja, prestação coactiva que o Estado impõe aos cidadãos que se encontram em
determinadas condições previstas na lei fiscal, sem necessidade de qualquer contraprestação,
directa imediata por parte do Estado.

Virgínia Eunice Banze


Face as definições propostas pelos autores supracitados, concebem o imposto como sendo uma
parcela que os agentes económicos cobram aos consumidores finais a favor do Estado, para a
realização de finas públicos. Podemos depreender que, as definições acima apresentam pontos
em comum nesses autores ao referir que o imposto deve-se ser visto como um pagamento para a
realização de fins públicos, sem contraprestação específica e imposta pelo Estado, ou seja, o
imposto é visto como uma prestação de carácter obrigatório.

Na perspectiva de Vouga (2011) existem 2 (dois) tipos de impostos, nomeadamente: i) impostos


directos e, ii) impostos indirectos.

3.1.1. Impostos Directos

De acordo a legislação moçambicana os impostos directos encontram-se dividos da seguinte


maneira:

Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas – IRPC: é um imposto directo que incide
sobre os rendimentos obtidos, ainda que provenientes de actos ilícitos no período de tributação
pelo sujeito passivo;

Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares – IRPS: é um imposto directo que incide
sobre o valor global anual dos rendimentos das pessoas singulares, mesmo quando provenientes
de actos ilícitos, é aplicável tendo em conta várias categorias bem como as deduções e os
respectivos abatimentos;

3.1.2. Impostos Indirectos

Imposto sobre o Valor Acrescentado – IVA: é um imposto indirecto que incide sobre o valor
das transmissões de bens e prestação de serviços realizados no território nacional, a título
oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal, bem como sobre as importações de bens. É
aplicável a uma taxa de 17%, que só confere a dedução o imposto mencionado em facturas,
documentos equivalentes e bilhetes de despacho de importações passados em forma legais, na
posse do sujeito passivo;

Imposto de Consumo de Produtos Específicos – ICE: é um imposto indirecto que incide sobre
determinados bens, considerados de luxo produzidos ou importados em território nacional ou

Virgínia Eunice Banze


estrangeiro, isto é, ocorre no momento em que o produto fabricado sai da unidade de produções
normais de comercialização e se realiza a importação de acordo com as normas aduaneiras.

Direitos Aduaneiros-DA: também um imposto indirecto que incide sobre as mercadorias


importadas e exportadas nos termos estabelecidos na pauta aduaneira e as taxas nelas previstas,
ou seja, é um imposto que incide sobre a exportação ou importação de bens, e que abarca um
conjunto de normas e princípios que regulamentam juridicamente a política aduaneira, fazendo
considerar alguma particularidade técnica e mecanismo jurídico de intervenção no comércio
internacional.

Desta forma, os impostos indirectos são geralmente de prestação única e incidem sobre actos ou
factos isolados, sem qualquer carácter de continuidade enquanto os impostos directos são
periódicos, isto é, atingem factos, situações ou actividade que se prolongam no tempo e por isso,
a obrigação se renova automaticamente todos os anos.

3.2. Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

Para a introdução do IVA em Moçambique, Palma (2012) justifica em dois momentos, de um


lado com a entrada em vigor da Constituição da República Moçambicana (CRM) aprovada a 16
de Novembro de 2004, vem determinar expressamente que compete exclusivamente à
Assembleia da República definir as bases das políticas de impostos e o sistema fiscal. Por outro
lado, nos termos do disposto no artigo 127.º da CRM, estipula-se expressamente que os impostos
são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos
contribuintes.

A introdução deste imposto em Moçambique consubstanciou uma relevante reforma no sentido


da modernização do seu sistema fiscal, tendo ainda sido introduzido na Reforma de 1999, como
mencionámos, o Imposto sobre Consumos Específicos, que tributa selectivamente determinados
bens enunciados no respectivo Código, aprovado por Decreto n.º 52/98, de 29 de Setembro como
defende Palma (2012).

Fica evidente que, o IVA vigente em Moçambique é caracterizado, essencialmente, como um


imposto indirecto, plurifásico, que atinge tendencialmente todo o acto de consumo através do
método subtractivo indirecto, resultando estas características numa outra: a respectiva

Virgínia Eunice Banze


neutralidade quer a nível interno quer a nível internacional. Desta forma, o IVA moçambicano
apresenta ainda as características de ser um imposto com uma taxa única, dotado de maior
simplicidade do que o modelo comum vigente na União Europeia, não obstante comportar um
maior número de situações de benefícios fiscais, pelo que a característica da generalidade do
imposto se apresenta mais atenuada.

3.4. Reembolso do IVA

Na perspectiva de Sanches (1998) o reembolso de imposto ou restituição oficiosa de imposto


deve ser concebido como sendo a diferença entre o imposto devido a final e o que tiver sido
entregue nos cofres do Estado em resultado de retenção na fonte ou de pagamento por conta,
favorável ao sujeito passivo, devera ser restituída até ao fim do terceiro mês seguinte ao termo
previsto no numero 1 do artigo 90 do CIRS.

Na mesma linha do pensamento do autor, reembolso é o ressarcimento efectuado pela seguradora


ao segurado, das despesas médicas e/ou hospitalares efectuadas por ele ou por seus dependentes
segurados, desde que cobertas pelo seguro. Assim, o reembolso ocorre quando o sujeito passivo
solicita ao Estado a restituição do imposto que se julga com direito, desde que preenchidas as
condições legalmente estabelecidas.

3.5. Surgimento Reembolso de IVA em Moçambique

Em primeiro lugar devemos saber em que momento surge o reembolso do IVA. Com aprovação
do Decreto 51/98 do CIVA surge o reembolso do IVA, que por sua vez, cria o IVA. Neste
âmbito do processo de apuramento do IVA constatou-se duas situações: i) resultado com
pagamento e ii) resultado com crédito.

Assim, resultado com crédito é quando o contribuinte tenha suportado mais em relação ao que
deduziu nas aquisições, despesas e serviços. E como forma de resolver essa situação de crédito é
feita através de processo sistemático, com a necessidade de se criar um instrumento de
regulamentação materializado através do decreto 77/78 que aprova o regulamento de cobrança,
pagamento e reembolso do IVA.

De acordo com o manual de DGI (2006) o reembolso do IVA ou restituição pelo Estado, o
crédito do imposto ao sujeito passivo num dado período, onde o valor do imposto suportado e

Virgínia Eunice Banze


dedutível, supera o imposto liquidado. Assim, o reembolso ocorre quando o sujeito passivo
solicita ao Estado a restituição do imposto que se julga com direito, desde que preenchidas as
condições legalmente estabelecidas.

Empiricamente, o reembolso do IVA tem uma relação negativa com a rentabilidade das
empresas, uma vez que procura expressar o grau de remuneração dos investimentos para
empresas através dos lucros por esta produção, ou seja, relaciona os resultados obtidos com os
meios utilizados para a sua consecução, dado que a ineficiência ou o nível de taxa do imposto é
determinante, visto que, o resultado líquido é considerado na medição da renda da empresa,
ponderando o resultado liquido aos capitais próprios da organização. (DGI, 2006).

Fica evidente que, quando as empresas não cumprem com seus deveres tributários, estas
praticam uma infracção tributaria que nos termos da legislação vigente confere direito destas
serem sancionadas, não podendo assim beneficiarem-se de reembolsos concedidos pelo Estado e
consequentemente acabam por suportar mais custos elevados com as despesas tributarias.

3.6. As práticas existentes no processo de fiscalização do reembolso de IVA

Neste tópico, procuramos analisar o processo de fiscalização de reembolso de IVA. Assim, o


reembolso do IVA é regulamentado pelo Código do IVA (CIVA) e pelo Regulamento da
Cobrança, Pagamento e Reembolso do IVA (RCPRIVA). Desta maneira, pode-se dizer que os
pedidos de reembolso do IVA têm por finalidade a restituição pelo Estado do crédito de imposto
ao sujeito passivo quando, num dado período, o valor do imposto suportado e dedutível nas
aquisições supera o imposto Liquidado.

3.6.1. Procedimento para obtenção do reembolso do IVA

Em todo tipo de reembolso dos impostos, obedecem alguns critérios a serem seguidas para sua
obtenção. De acordo com a informação obtida durante a entrevista concedida aos funcionários da
divisão de reembolsos de IVA são apontados como procedimentos a seguir para obtenção de
reembolso do IVA os seguintes:

Virgínia Eunice Banze


3.6.1.1. Pedido de reembolso

Para os pedidos de reembolsos do IVA considera-se que, são solicitados através da declaração
periódica M/A escrevendo o respectivo valor no campo 23 do quadro 07 da mesma declaração
entregue no mês seguinte ao da realização das operações.

3.6.1.2. Requisitos necessários para solicitação de reembolsos

De acordo com o artigo 23 do decreto n 77/98 de 29 de Dezembro que foi actualizado pelos
Decretos 16/99 e 29/2000, de 27 de Abril e 10 de Outubro, respectivamente são apontados como
requisitos indispensáveis para obtenção de reembolso quando verificada uma das seguintes
situações:

(i) Sempre que passado 12 meses, relativamente ao período que se iniciou o excesso persistir um
crédito a favor do sujeito passivo superior a 50 mil meticais,

(ii) O sujeito passivo passa a praticar exclusivamente operações isentas sem direito a dedução ou
a enquadrar-se num regime de tributação diferente do regime normal,

(iii) Sujeito passivo que cessa suas actividades.

(iv) O montante do reembolso solicitado seja superior a 100.000 mil meticais para os casos de
exportadores e por sujeitos passivos que efectuem operações assimiladas isentas, e por sujeitos
passivos que efectuem operações com direito a dedução que representa pelo menos 75% do valor
total de prestação de serviço e tramitação de bens do respectivo período.

3.6.2. Documentos exigidos para o reembolso do IVA

De acordo com os dados de campo do nosso estudo, com base nas informações obtidas através
das entrevistas feitas aos funcionários foram apontados vários documentos exigidos para a
solicitação ou pedido de reembolso do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) os seguintes
documentos:

(i) Fotocópias de todas as declarações periódicas (modelo A) que reportam o crédito de IVA;

(ii) Notas justificativas das regularizações6 efectuadas no período a que diz respeito o total do
crédito de imposto evidenciado;

Virgínia Eunice Banze


(iii) Extracto de fornecedores, conforme o modelo aprovado e do valor de cada um deles,
relativamente aos períodos a que corresponde os créditos a reembolsar;

(iv) Cópia do balancete sintético do Razão, relativo ao período cujo reembolso se solicita;

(v) No caso de importação, cópia do Documento Único Definitivo passado pela competente
estância aduaneira;

(vi) No caso de exportação, cópia do Documento Único passado pela competente estância
aduaneira e certificado pela instituição bancária e;

(vii) todos os documentos devem ser assinados e carimbados pelos sujeitos passivo.

Capitulo IV: Apresentação da empresa GeoMATI, Lda.


A Empresa GeoMATI Limitada é uma Empresa de Consultoria com muita ambição e com
técnicos muito experientes e actua no exercício de actividades de Prestação de Serviços de
Consultoria nas áreas de:

a) Saneamento e Participação e Educação Comunitária;


b) Construção de edifícios e monumentos;
c) Construção e manutenção de estradas e pontes;
d) Pesquisas geológico-mineiras;
e) Construção e reabilitação de fontes de água;
f) Estudos Hidrogeológicos e pesquisas geofísicas;
g) Estudos ambientais.

A Empresa foi fundada em 2012 e possui técnicos qualificados, a partir de técnicos do nível
médio até ao nível superior.

No caso particular de abastecimento de água, a GeoMATI Lda. presta os seguintes serviços de


consultoria:

 Pesquisa de águas subterrâneas e avaliação dos recursos;

 Estudos de ambientes hidrogeológicos;

Virgínia Eunice Banze


 Projectos de abastecimento de água rurais e urbanos;

 Pesquisa Geofísica;

 GIS

 Desenvolvimento e manutenção de base de dados;

 Monitoria e manutenção de infra-estruturas de água subterrânea;

 Participação e Educação Comunitária e Saneamento.

Composição do Staff

A equipa da Empresa é Composta por seguinte elementos:

 Director Geral da Empresa;

 Coordenador dos projectos;

 Supervisor;

 Animador/a ou facilitador/a;

 Activistas.

Missão

A missão da GeoMATI Limitada é de exceder as expectativas dos seus clientes, apresentando as


melhores soluções de Consultoria suportadas por serviços de elevado padrão de qualidade,
dentro do prazo estipulado.

Soluções Tecnológicas/ Visão

A GeoMATI Limitada pretende revolucionar o mercado nacional com o uso de tecnologias de


ponta que permitem actuar com maior rapidez e eficácia. Possui SOFTWARES que permitem
fazer uma análise rápida das necessidades do cliente, apresentando posteriormente soluções
alternativas devidamente combinados os factores ECONOMIA/EFICIÊNCIA/TEMPO DE
EXECUCAO E A QUALIDADE.

Virgínia Eunice Banze


Os desafios da GeoMATI Limitada são de resolver problemas mais complexos através de
integração e combinação das mais diversificadas informações, e sempre que necessário,
integração de métodos estatísticos.

Com base na experiencia de seus quadros, a GeoMATI Lda., focaliza-se também nas
comunidades mais vulneráveis e zonas hidrogeologicamente difíceis, apostando também em
opções tecnológicas alternativas para o abastecimento de água à população.

Capitulo V. Analise e Interpretação de dados da empresa


Neste capítulo, estão compreendidas as duas fases após a colecta dos dados, nomeadamente, a
análise e a interpretação dos dados colhidos durante as entrevistas, com vista a dar resposta às
perguntas e aos objectivos do estudo previamente traçados nos capítulos anteriores.

4.1. Perfil sócio demográfico dos entrevistados

Trazemos nesta secção, os dados sociodemográficos dos funcionários da instituição que foram
inquiridos com recurso aos questionários. Assim sendo, o perfil que aqui construímos diz
respeito a todos os funcionários ou colaboradores com os quais trabalhamos.

Desta forma, o perfil sociodemográfico dos funcionários visa estabelecer o conhecimento de


alguns aspectos básicos como é o caso do género, idade, nível académico e a função exercida
pelos mesmos na instituição. Podemos observar nos gráficos abaixo indicados:

Gráfico 1: Dados sobre o género dos funcionários

56.2
43.8

Masculino Feminino

Fonte: elaborado pelo pesquisador

Virgínia Eunice Banze


Primeiro apresenta-se os dados referentes ao género dos inquiridos, pelo que o gráfico 1 revela
que de um total de 15 com os quais trabalhamos, 43,8% são do sexo feminino e 56,2% são do
sexo Masculino. Relativamente, ao género dos entrevistados evidencia-se que os dados mostram
uma maioria do sexo masculino no quadro de funcionários.

Gráfico 2: Dados sobre a idade dos funcionários da instituição

50.0
37.5

12.5
20 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos F
onte: elaborado pelo pesquisador

Na sequência, na figura 2, temos os dados referentes as idades dos funcionários inquiridos que
apresentamos em intervalos, visto ter havido uma resistência em dizer a idade específica. De
acordo com os dados da figura em referência maior parte de um total de 15 funcionários é
constituída por inquiridos com idade compreendidas entre o intervalo etário de 20 a 25 anos de
idade, representando um total de 50%. De forma crescente, a seguir temos os intervalos de 26 a
35 anos que corresponde a 37,5% da mostra. Com uma menor representatividade percentual
dentro da amostra está um intervalo de 36 a 45 anos com 12,5%.

Como constatou-se, apenas 50% dos inquiridos possuem idades de 20 até 25 anos, os demais
possuem uma idade de 26 anos e no máximo acima de 45 anos, supõe-se que a instituição
estudada tenha preferência por profissionais jovens, pois a maior parte das pessoas que compõem
a instituição possuem idades abaixo dos 25 anos, e com isso podem ter mais conhecimento
profissional para agregar valor à instituição. Portanto, os inquiridos tem uma idade média que
ronda nos 25 anos.

Gráfico 3: Dados sobre o nível de escolaridade dos funcionários

Virgínia Eunice Banze


56.3
12.5 12.5 18.8
lo lo l r
cic cic na rio
1 2 sio p e
s su
do do ofi o
io io Pr sin
dar dar ico En
cu
n
cu
n
ecn
se se T
o o o
sin sin n sin
En En E

Fonte: elaborado pelo pesquisador

Relativamente ao nível académico podemos constatar que da amostra inquirida, o ensino


secundário do I ciclo e do II ciclo representam ambos individualmente a 12,5%, sendo que
verificou-se igualmente que apenas 18,8% dos inquiridos tem o ensino técnico profissional e as
restantes percentagens tem um ensino superior que corresponde a 56,2%.

Conforme o gráfico 3, identificou-se que 56,2% têm o ensino superior, 18,8% têm ensino técnico
profissional, 12,5% possuem ensino secundário do I ciclo e os restantes 12,5% correspondem ao
ensino secundário do II ciclo. Por ser uma instituição do ensino privada, e considerando as
exigências do mercado de trabalho actual que exige qualificação das pessoas para desempenhar
funções é cabível mencionar que a instituição precisa incentivar seus colaboradores a se
aperfeiçoarem, pois podemos verificar que os 56,2% possuem ensino superior, e as restantes
percentagens dos funcionários da instituição precisam se adaptar ao mercado, buscando atingir
um nível de ensino superior, posteriormente se especializar em alguma área; fazer cursos
profissionalizantes, enfim as instituições ou empresas que possuem funcionários qualificados
tem maior possibilidade de crescer no mercado.

Gráfico 4: Dados sobre a área em que trabalha

Virgínia Eunice Banze


62.5

18.8
12.5
6.3
Recursos Humanos Secretaria Contabilidade Comercio

Fonte: elaborado pelo pesquisador

Como observar-se no gráfico 4, identificou-se que 62,5% dos funcionários trabalham na área de
contabilidade, supõe-se que este sector possua uma demanda maior por funcionários por ser o
sector virado para os pagamentos dos impostos da empresa e, 18,8% dos funcionários trabalham
no sector do secretariado, 6,2% trabalham no sector dos recursos humanos e os restantes 12,5%
corresponde ao outro sector não menos importante o comércio.

Considerando que a totalidade de colaboradores pesquisados foi de Quinze (15) pessoas, é


possível visualizar que dez pessoas trabalham como contabilistas e os demais, ou seja, cinco
pessoas encontram-se distribuídas em três sectores, supõe-se assim que a instituição possui um
quadro de funcionários enxuto (humildes), esse aspecto é positivo, pois mostra que a empresa
consegue manter o desenvolvimento das actividades com um quadro de funcionários pequeno.

4.2. Os efeitos económicos dos atrasos no reembolso do IVA para os contribuintes passivos

O objectivo deste tópico é o de examinar os efeitos económicos dos atrasos no pagamento do


reembolso do IVA em Moçambique. Assim, o impacto económico dos atrasos no processo de
reembolso do IVA pode ser analisado a dois níveis: o custo micro-económico para as empresas
afectadas e o impacto mais geral na economia. Ao nível micro-económico, os custos podem ser
reduzidos ou elevados, dependendo das circunstâncias de cada empresa. Contudo, o impacto
económico mais amplo constitui um sério problema que merece toda a atenção como reforma
fiscal prioritária.

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4.2.1. Efeitos micro económico de não reembolso do IVA

Nesta secção apresentamos os efeitos micro-económico das empresas que solicitaram os


reembolsos e que o atraso contribui para insatisfação do sector empresariado. Assim, os grandes
atrasos do reembolso do imposto sobre o valor acrescentado resultam da apresentação de
documentação incorrecta ou de contestações que surgem das reclamações rejeitadas.

De acordo com as entrevistas feitas, os nossos entrevistados afirmaram que a maior parte dos
reembolsos é paga dentro do período estabelecido legalmente e que o tempo de processamento
melhorou. A divergência de pontos de vista entre o sector privado e o governo é sintomática da
falta de transparência que se regista no processo de reembolso.

Para melhor compreensão dos efeitos micro económico de não reembolso do IVA nas empresas
sejam elas privadas ou públicas, tomamos os seguintes exemplos:

No cenário A, a empresa afectada luta com uma margem de lucro de 5 por cento antes do
imposto e paga o IVA num total de 70 por cento das vendas antes da dedução do imposto. Nesta
situação, um atraso de dois meses no reembolso reduz o lucro líquido em 7 por cento, enquanto
um atraso de 12 meses resulta num grave corte de 44 por cento no lucro líquido. Compare-se esta
situação com o cenário D, em que a empresa goza de uma margem de lucro de 20 por cento e
paga o IVA num total de apenas 30 por cento das vendas. Neste caso, um atraso de dois meses
no reembolso reduz o lucro líquido em menos de 1 por cento, e mesmo um atraso de 12 meses
reduz o lucro líquido em apenas 7 por cento. O gráfico também revela o impacto sobre os lucros
em dois cenários intermédios. Note-se que estas estimativas descuram os custos não financeiros
do cumprimento fiscal, que podem ser substanciais, considerando a actual inexistência de
sistemas de arquivo electrónico.

Gráfico 5. Custo Financeiro dos Atrasos do Reembolso do IVA (como % do lucro líquido

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50%

45%

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
2 4 6 8 10 12
Meses para o pagamento do reembolso

Cenário A – Margem de lucro pequena, IVA elevado Cenário B -- Margem de lucro pequena, IVA reduzido
Cenário C -- Margem de lucro grande, IVA elevado Cenário D -- Margem de lucro grande, IVA reduzido

Fonte: Bruce Bolnick e Nathan Associates, 2007.

Podemos observar no gráfico acima, que o atraso nos reembolsos do IVA afecta os lucros,
embora de forma indirecta. Assim, um fluxo de fundos debilitados também pode impedir que
uma empresa responda a novas oportunidades do mercado, ou mesmo estar na origem de
agitação no seio dos trabalhadores se afectar o pagamento atempado de salários. Nos casos em
que as empresas não tenham recurso ao crédito, o custo imposto por um fluxo de fundos
reduzido será provavelmente tão elevado como o custo do financiamento anteriormente
estimado.

De acordo com a tabela acima, nos associamos a ideia de Matimbe (2008) segundo a qual o
atraso verificado no reembolso do IVA, deriva do facto de ineficiência de mecanismo de
actualização de dados da DAF para DGI, o que contribui para resultados negativos para
empresas, sendo este facto medido à magnitude do IVA.

Desta forma, observa-se que existe maior burocratismo no tratamento dos pedidos de reembolso
em Moçambique compromete a competitividade das empresas desincentivando, os investidores a

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aplicar os seus capitais neste país podendo em alguns casos desistir ou investir menos com a
opção para outros países, cujas politicas e procedimentos são menos burocráticos.

4.3. Os principais motivos ou causas que levam a não reembolso de IVA aos seus
contribuintes

Tomando em contas as entrevistas feitas aos nossos informantes, percebemos que as dificuldades
encontradas pelos contribuintes na obtenção do reembolso resumem-se em duas: i) a falta de
comunicação por parte da Administração Tributária em relação aos expedientes de pedido de
reembolso aliada a falta de vontade por parte da mesma em reembolsar os seus contribuintes e ii)
a falta de esclarecimentos por parte dos contribuintes em relação aos requisitos para a obtenção
do reembolso.

Desta modo, essa falta de comunicação por parte da Administração Tributária verifica-se na
medida em que, os contribuintes após submeter os seus expedientes de pedido de reembolso à
Direcção de Área Fiscal, permanecem anos sem receber alguma resposta por parte da mesma em
relação ao ponto de situação dos seus pedidos de reembolso.

Diante do postulado acima mencionado, nos associamos a ideia de Matimbe (2008) que nos seu
estudo concluiu que o atraso no pagamento do reembolso do IVA é originado pela ineficiência
dos mecanismos de actualização de dados da DAF para DGI e, a demora dos reembolsos do IVA
derivam da falta de observância das regras pelos sujeitos passivos. Com, isso pretende nos
mostrar que, a raiz do problema do atraso do reembolso deriva da própria Administração
Tributária e ao mesmo tempo pretende nos mostrar que para o caso do IVA, pelo menos existe
uma comunicação entre a Administração Tributária e o sujeito passivo, pois, mostra que nos
casos em que os sujeitos passivos não reúnem os requisitos para o reembolso, a Administração
Tributária indefere os pedidos e comunica aos mesmos para poderem fazer as alterações
necessárias e submeter novamente o seu pedido, razão pela qual existem casos de atrasos nos
pagamentos.

Em contrapartida encontramos um documento importante elaborado por Harrison e Krelove


(2002) no FMI examina o processo de reembolso do IVA em 36 países. O documento demonstra

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que Moçambique não está sozinho no que diz respeito aos problemas com o reembolso do IVA,
que é concebido como “calcanhar de Aquiles” nos países em desenvolvimento.

Salientam ainda os autores que, o período de pagamento obrigatório mais comum é de 30 dias,
mas os atrasos são generalizados devido aos constrangimentos que se verificam em termos de
capacidades da administração fiscal, aos procedimentos ineficazes de gestão do risco ou às
pressões do orçamento do estado. A lista de causas deve também incluir o facto de os pedidos de
reembolso criarem um incentivo para remunerações por parte dos oficiais da autoridade fiscal
que vêem uma oportunidade de tirar vantagem da sua autoridade discricionária, procurando obter
pagamentos informais para se resolverem os pedidos.

Por outro lado para além dos motivos acima citados a outra causa de atrasos no pagamento e
suspensão dos pedidos de reembolso pela Administração Tributária, o que importa aqui
mencionar é que estas advêm da falta de tesouraria para cobrir com os montantes devidos e
solicitados pelos sujeitos passivos. Este problema é agravado pelos elevados pedidos de
reembolso solicitados pelos megaprojectos no momento da realização de investimento, pelo facto
destes suportarem e deduzirem valores elevadíssimos de IVA e posteriormente solicitarem os
reembolsos. A maioria destes projectos tem isenção de IVA na importação ao abrigo da Lei
13/2007 e por isso não pagam o IVA. Provavelmente a maior parte do IVA resulta de serviços
adquiridos localmente.

5. Conclusões e recomendações

5.1. Conclusões

Realizar uma pesquisa científica exige muito cuidado, abnegação e responsabilidade por parte de
quem a elabora. Neste âmbito elaborar esse trabalho foi desafiador, pois, até certo ponto, exigiu

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muita persistência e considerável esforço. Ao mesmo tempo, da nossa parte, o desejo de
descobrir factos que outrora eram desconhecidos ou que não se tinham base para serem
reforçados ou refutados manteve em nós sempre uma chama acesa.

Conclui-se que, a questão de reembolsos de IVA tem suscitado muitos problemas por parte dos
agentes económicos no que tange aos argumentos apresentados pela administração fiscal
relativamente as irregularidades constatadas nos processos de pedidos de reembolsos de Imposto
sobre Valor Acrescentado causando muitas vezes suspensão ou indeferimento desnecessário.

De acordo com as entrevistas concedidas pelos nossos entrevistados, conclui-se que grande parte
dos nossos co-cidadãos, radica um desconhecimento total na matéria do fisco. Não sabem qual é
a importância do pagamento de imposto, culpam tudo ao Estado não sabendo que para o mesmo
funcionar ou desempenhar as funções que é atribuído passa necessariamente de contribuição de
todo o cidadão.

Devido a falta desse conhecimento, muitos consumidores fazem compras e não exigem facturas,
visto que, é com este suporte legal que permite que o sujeito passivo canalize o imposto pago
pelo consumidor aos cofres do estado. A não exigência desde documento, cria condições para
não declaração de todas as transacções efectuadas, enriquecendo o sujeito passivo em detrimento
do Estado e o povo em geral.

Deste modo, consideramos que o IVA apresenta-se como um imposto plurifásico que opera
através do método subtractivo indirecto e visa tributar o consumidor final de determinado bem
ou serviço. Assim, as empresas liquidam (cobram) o IVA nas suas vendas e deduzem o IVA que
suportaram na aquisição dos bens e serviços necessários para a sua produção ou comercialização.
Esta reconstrução discursiva constante é pelo facto de que, o Estado deve reembolsar ao sujeito
passivo o valor correspondente à diferença e, é aqui onde incide a problemática que trouxemos à
discussão.

Podemos encerrar estas considerações sublinhando o carácter introdutório do nosso trabalho.


Embora tenhamos afirmado a comprovação da nossa hipótese, a nossa meta sempre foi sustentar
a sua validade para que estudos que visem explorar a realidade dos impostos em Moçambique
assumindo a ideia apenas como um ponto de partida e nunca como um ponto de chega. É neste

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sentido que consideramos que a partir dos dados que interpretamos pode-se estabelecer algumas
linhas de investigação para futuras pesquisas.

5.2. Recomendações

No presente estudo depois de ter sido feita a discussão do enquadramento teórico e tiradas
conclusões através do trabalho de campo, constatou-se que o processo de reembolso do IVA
requer a atenção dos elementos responsáveis pela definição de políticas como uma prioridade da
reforma fiscal. Diante disso, avançam-se as seguintes recomendações:

 Com aumento de campanhas educativas bem definidas e bem executadas, utilizando os


medias e as novas tecnologias pode contribuir na divulgação da informação sobre o
Imposto sobre o Valor acrescentado (IVA);

 Propõe-se que haja maior divulgação e educação dos potenciais contribuintes do Imposto
sobre Valor Acrescentado, de forma a trazer benefícios para cobrança de impostos,
contribuindo deste modo para a construção de uma relação de legitimidade e confiança;

 Reduzir o excesso de formalismo e papelada que são exigidos aos cidadãos que querem
formalizar o pedido de reembolso do IVA, que esses mecanismos possam ser
operacionalizados simplificando os procedimentos que normalmente são exigidos.
 A AT devera aumentar o seu quadro de pessoal para responder a demanda dos serviços
deste, aumentar e substituir os materiais de serviço existente tal é o caso de novas
cadeiras e substituição dos computadores existentes, pois estes se encontram gastos e
dificultam o trabalho com a sua lentidão no processamento de dados;
 Que se melhore o espaço físico, ou seja, que se resolvam os problemas de infiltração via
computadores, oscilação eléctrica, esta ultima que em algum momento pode resultar em
um curto-circuito, que provoca grave acidente com danos avultados como é o caso de
incêndio consequentemente a perca de informações importante para o funcionamento da
instituição e;
 Quanto a falta de retorno aos pedidos de reembolso de muitos contribuintes, sugere-se
que a instituição tome medidas mais severas para a sua resolução, como por exemplo
descontos no pagamento de impostos de cada contribuinte directamente da DAF de cada

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província, a fim de fortificar a imagem da instituição, com o aumento dos funcionários e
aplicação desta medida fara com que as metas sejam alcançadas de um modo justo.

Referências Bibliográficas

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do Comércio (DTIS) nacional em 2004; e um relatório elaborado pela Nathan Associates para a
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Virgínia Eunice Banze


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Virgínia Eunice Banze


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WATY, T.A. Introdução ao Direito Fiscal. Catembe: W e W Editora, 2002.

Legislação

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reembolso do IVA que foi alterado pelo Decreto n.º 28/2000, de 10 de Outubro, relativo ao uso
de máquinas registadoras pelos sujeitos passivos do IVA sempre que os mesmos beneficiem de
dispensa de emissão de facturas ou documentos equivalentes e sejam obrigados a emitir talões de
venda.

Decreto 51/98, de 29 Setembro, aprovou o código do imposto sobre o consumo.

Decreto n.º 52/98, de 29 de Setembro, que aprovou o código do imposto sobre o consumo
específico.

Lei n.º 5/2009, de 12 de Janeiro, que aprovou o Código do Imposto Simplificado para Pequenos
Contribuintes e cria o Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes.

Questionário

O meu nome é Virginia Eunice Banze, sou estudante do Instituto……….. Pretendo realizar um
estudo com o tema: A Problemática do Reembolso do Imposto sobre valor Acrescentado, com o
objectivo principal de analisar as causas por detrás da problemática do processo de pedido de
reembolso do Imposto sobre Valor Acrescentado. Para
Virgínia Eunice tal, preciso que responda a todas as questões
Banze
de forma sincera.
Roteiro de entrevistas

1. Alguma vez teve reembolso do IVA a seu favor (a receber)?

a) Sim b) Não

2. Da vez que teve o IVA a seu favor fez o pedido de reembolso a Autoridade Tributária?

a) Sim b) Não

3. Se sim, peço para mencionar os documentos que submeteu a Administração tributária para
obter o reembolso?

4. Se já recebeu o reembolso do IVA, quanto tempo levou para recebê-lo?

a) Entre 1 a 2 meses c) Entre 3 a 6 meses d) 6 meses ou mais

5. Quais são os factores que influenciam no processo de reembolso do IVA?

6. Quais os motivos que influenciam a não reembolso do IVA aos seus contribuintes?

7. Que efeitos os atrasos de reembolso do IVA podem trazer aos seus contribuintes?

8. Será que a falta de observância de regras por parte dos contribuintes influencia na
problemática do reembolso do IVA?

9.Que factores ou causas que podem levar ao indeferimento ou a suspender o reembolso do IVA?

10. Que procedimento devem ser seguidos para a obtencao de reembolso de IVA por parte dos
contribuintes?

11. Será que os quadros da DGI tem uma formação que lhes permite analisar devidamente os
processos de reembolsos do IVA?

12. Que prazo é estipulado para o pagamento de reembolso de IVA para os contribuintes?

13. Existe algo mais que queira acrescentar relacionado a problemática do reembolso do IVA?

Virgínia Eunice Banze

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