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Alguns conceitos da Teoria de Jean Piaget

Presentation · March 2018

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Wagner Marcelo Pommer


Universidade Federal de São Paulo
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AULA 03b (1º Semestre 2018)

DIDÁTICA DA MATEMÁTICA

Jean Piaget (Conceitos)

Profº Wagner M. Pommer


wagner.pommer@unifesp.br
UNIFESP-Diadema
PECMA
Objetivo

Apresentar alguns conceitos e


referenciais de Piaget que
contribuem para a área da
da Didática da Matemática.
Jean Piaget - Ideias
“Os fenômenos humanos são biológicos em suas
raízes, sociais em seus fins e mentais em seus
meios”.
“O ideal da educação não é aprender ao
máximo, maximizar os resultados, mas é antes de
tudo aprender a aprender, é aprender a se
desenvolver e aprender a continuar a se
desenvolver depois da escola”.
“O professor não ensina, mas arranja modos de
a própria criança descobrir.”
“Pensar é agir sobre o objeto e transformá-lo.”
“O conhecimento não pode ser uma cópia,
visto que é sempre uma relação entre objeto e
sujeito”
Jean Piaget
Histórico
No ensino Piaget mostrava-se interessado por
Filosofia e Psicologia, mas se gradua em
Biologia(1915). Em 1918, defende tese de
doutorado sobre moluscos. Depois, inicia, em
Zurique, estudos sobre Psicologia, especialmente
Psicanálise.
Piaget desenvolveu a epistemologia genética e
tinha como grande meta estudar como e por que
se constitui o conhecimento humano ao longo do
processo de desenvolvimento.
A originalidade do método de Piaget e
colaboradores ocorreu por intermédio do método
clínico.
Jean Piaget
Epistemologia genética
Versa sobre a gênese e do desenvolvimento
cognitivo da criança.
Fala sobre o Sujeito epistêmico
É o sujeito das interações, que representa
aspectos do modo geral como ocorre o processo
de conhecer, que se desenvolve, que adquire a
capacidade de pensar no contato com o meio.
Como explica Zélia Ramozzi-Chiarottino, o sujeito
epistêmico é aquele que possui a capacidade
mental de construir relações.
[Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/1922/o-sujeito-epistemico-de-
piaget]
Jean Piaget
Papel da ação
Fazer é compreender. É compreender em ação.
A hipótese de Paiget é que a ação constitui o
conhecimento autônomo”.

O conhecimento lógico-matemático é uma


construção que resulta da ação mental da criança
sobre o mundo, construído a partir de relações que a
criança elabora na sua atividade de pensar o
mundo, e também das ações sobre os objetos.
Jean Piaget
“O esquema é aquilo que é generalizável numa determinada ação”
(RAMOZZI-CHIAROTTINO, 2005, p. 18).

O primeiro esquema motor da criança, que lhe


permite uma iniciação ao ato de ordenar o mundo é
o de assimilação.
ASSIMILAÇÃO
“Consiste na incorporação dos objetos aos esquemas
de ação do sujeito” (RAMOZZI-CHIAROTTINO, 2005, p.
18)
ACOMODAÇÃO
Consiste na “[...] modificação de um esquema em
outro, capaz de assimilar objetos anteriormente não
assimiláveis”. (RAMOZZI-CHIAROTTINO, 2005, p. 18).
Jean Piaget

Assimilação Acomodação
Papel central da ação no desenvolvimento cognitivo do sujeito epistêmico.

Equilibração: esquema anterior é


transformado para adequá-lo a um novo
objeto (mais complexo)

“Os esquemas assimilam os objetos ou se acomodam a


eles, transformando-se em novos esquemas para voltar a
assimilar, o que quer dizer que se reequilibram por ocasião
de cada variação do meio” (RAMOZZI-CHIAROTTINO, 2005,
p. 18).
A construção do conhecimento físico e lógico-
matemático para Piaget
A construção do conhecimento matemático

Em Matemática, é usual haver muitas atividades


repetitivas do tipo calcular, resolver e fazer um gráfico
(quase sempre cartesiano).
Estes exercícios não provocam ganhos cognitivos, ou
seja, mudanças qualitativas na estrutura cognitiva.
Para haver ganho cognitivo, é necessária a ação da
criança sobre um objeto do conhecimento, em
atividades que o sujeito precisa organizar o
conhecimento, refletir sobre as ações efetivadas,
coordenar e relacionar seus esquemas de ação, de
modo a realizar uma organização mental que vá para
além do observável..
Jean Piaget-Estágios
“Apresentam uma organização progressiva sob a forma de
estruturas de conjuntos, com determinadas leis, análogas à lógica de
classes e relações, independentemente da natureza dos objetos aos
quais se aplicam” (RAMOZZI-CHIAROTTINO, 2005, p. 19).
Jean Piaget-Estágios
Com relação a nomenclatura ‘Estádios’,
existem duas terminologias: estágios e
estádios.
Usualmente, o termo utilizado no Brasil é
‘estágios’.
Ramozzi-Chiarottino (2005) aponta que a
designação ‘estádios’ remete a ideia da
possibilidade dos níveis serem ‘estados
dinâmicos’, que podem se adiantar ou atrasar
em função da criança. Nos livros mais antigos
essa era a terminologia utilizada nas traduções
francesas para a língua portuguesa.
Estágio sensório-motor
“Esse período se caracteriza pelo uso de reflexos naturais na relação com o meio
externo, variando no período de zero a dois anos. O bebê mama o que lhe
colocarem na boca, vê somente o que está diante de si, chora quando tem fome ou
sede. A forma de conhecimento do mundo exterior é predominante sensório-motora,
isto é, percepção sensorial e movimento. Sem representação do mundo pelo
pensamento, a relação com ele é estabelecida de maneira puramente física. Os
esquemas de assimilação vão se desenvolvendo na medida em que a criança vai
estabelecendo relações entre as ações e os resultados. Neste período a criança
não se afasta teoricamente da realidade ao seu redor, o que Piaget chama de
indiferenciação, momento em que a criança apresenta uma inteligência
eminentemente prática. É comum percebemos a criança falar na segunda pessoa
quando se refere a si mesma, pois não se diferencia das pessoas ao seu redor. Ela
diz: “Maria vai subir” em vez de dizer “eu vou subir”. Como sua característica é
sensorial e motora, a criança deste período precisa ser muito estimulada com
móbiles, chocalhos, brinquedos, músicas, enfim, com diversos objetos que
provoquem os mais variados tipos de acomodação” (DA SILVA, 2010, p. 2).
Estágio simbólico ou pré-operatório
“Nesta fase a criança descobre que a realidade pode
ser representada, imaginada construindo um mundo
simbólico, destacado da realidade material.
Entretanto, seu poder de abstração é limitado não
permitindo que se coloque no ponto de vista do outro,
pois ainda está presa a experiência física imediata. Por
exemplo: pode percorrer todos os cômodos da casa
com facilidade, mas não se consegue representá-lo
em um papel ou desenho, pois depende da ação
motora. Essa falta de descentração é chamada por
Piaget de “egocentrismo”, não no sentido de egoísta,
mas no sentido em que ela mesma é o ponto de
referência para todas as suas ações. Na prática, as
manifestações mais claras são as rejeições em dividir
brinquedos, falar com “amigos invisíveis”, enfim criar
seu próprio mundo” (DA SILVA, 2010, p. 3).
Estágio operatório concreto
A criança “[...] desenvolve estruturas mentais que permitem
abstração, com detalhes, de objetos e pessoas. Usando o
exemplo da casa, além de percorrer os cômodos, mesmo de olhos
fechados, é capaz de o percurso de forma puramente simbólica,
usando a escrita ou um desenho. As operações matemáticas
recorrem a abstrações e generalizações, tais como sinais e
conceitos algébricos. Outra característica é a superação do
egocentrismo, colocando-se no lugar do interlocutor.
Anteriormente, se pedíssemos que uma criança levantasse a mão
direita, na frente dela, agiria como diante de um espelho,
copiando a ação e levantando a esquerda. Agora, com estruturas
de reversibilidade, refaz a ação e levanta a mão direita porque se
coloca no lugar do outro. Como se descentra do universo, prefere
jogos com regras mais “duras”, pois transfere para um terceiro, o
juiz (ou a própria regra), o arbítrio das infrações e/ ou permissões”
(DA SILVA, 2010, p. 4).
Estágio operatório formal
Neste período “[...] o pensamento lógico está desenvolvido, sendo possível a abstração
do mundo independente de recursos provenientes de experiências materiais, agindo
com autonomia. É capaz de referir ao universal, tratando de temas genéricos, como por
exemplo, a família, a classe social, mesmo não sendo a sua. Piaget adverte que nem
todas as pessoas chegam esse nível de inteligência, dependendo de muito estímulo na
sua concepção, as estruturas são hierarquicamente construídas e as superiores
dependem das primeiras” (DA SILVA, 2010, p. 4).

Para Piaget, uma ação interiorizada é aquela realizada em


pensamento com objetos simbólicos. Já, as operações “[...] são
ações interiorizadas reversíveis e coordenadas em estruturas
locais” (RAMOZZI-CHIAROTTINO, 2005, p. 20).
A noção de operação aparece quando a criança desenvolve a
noção de conservação. Por volta dos 7/8 anos surge a
conservação da substância; dos 9/10 anos a conservação do
peso; a conservação do volume por volta dos 11/12 anos.
Jean Piaget-Estágios
O papel da função semiótica se situa na “[...]
capacidade de distinguir significado e
significante” (RAMOZZI-CHIAROTTINo, 2005, p. 19),
envolvendo os ‘signos verbais’ e os ‘símbolos’.
Os símbolos representam os pólos da construção
de significados
O ‘signo verbal’ é abstrato, geral (social) e
arbitrário e o ‘símbolo’ é individual.
Para Piaget, várias capacidades como pensar,
prever, reconhecer indícios, antecipar, são todas
anteriores ao ato de falar. Assim, o papel da
linguagem é transformar o pensamento
imaginístico, de modo a criança atingir a
abstração.
Jean Piaget-Estágios
Freitag (1984)
A maioria das crianças de seis a nove anos ainda não
possui o pensamento operatório concreto estabilizado.
Somente 11,2% das crianças estudadas demonstraram
ter construído as operações lógicas características desse
nível, enquanto que as restantes ou apresentam
características do pensamento pré-operatório (8%), ou
estão no período de construção dessas estruturas
(78,8%).
Freitag (1984): Não há relação entre o nível do
desenvolvimento cognitivo e o rendimento escolar das
crianças em idade escolar em matemática:
FREITAG, Bárbara. Sociedade e consciência: um
estudo piagetiano na favela e na escola. São Paulo:
Cortez, 1984.
Jean Piaget
Criança nasce com um número de montagens hereditárias.
O funcionamento da inteligência é inato, isto é, gera
estrutura mediante uma série de ações sucessivos sobre
objetos?
A criança não desenvolve a linguagem por imitação do
adulto.
Skinner (meados do sec XX): Teoria do Reforço
Noam Chomsky: Inatismo (o reforço é secundário)
Piaget: A criança reinventa habilidades cognitivas (mas não
as tem pré-formatados conforme Chomsky).
A fronteira entre o inato e o adquiro é incerta!
“O verdadeiro problema é como foi que as estruturas
cognitivas se formaram”
Ver o debate de Royaumont (1975) ou
O debate entre Jean Piaget e Noam Chomsky
Jean Piaget
O papel do erro
No início da carreira, Piaget estudou no laboratório de
Binet e observava crianças de 10 anos em testes
psicológicos.
Dizia Pìaget: “O que mais me fascina é observar os erros
que as crianças cometem ao procurar uma solução para
os problemas. Há uma lógica no erro”.
Quando o professor trabalha o erro ajuda na evolução do
aluno.
Erros construtivos
Aqueles que evidenciam progressos na atividade mental

Erros não-construtivos
Aqueles que não demonstram avanços na forma da criança
pensar.
Jean Piaget
Significado do erro
“1. A criança possui a estrutura de pensamento necessária à solução da tarefa,
mas selecionou procedimentos inadequados para tal. Supõe-se, neste caso,
que a criança já dispõe do conjunto de esquemas do “saber-fazer”, que é
necessário para a obtenção do sucesso. Este tipo de erro não se refere, assim,
à construção de conhecimentos e, simplesmente, ao emprego ou
aprimoramento dos conhecimentos já construídos.
2. A criança errou porque a estrutura de pensamento que possui não é
suficiente para solucionar a tarefa: existem contradições entre as hipóteses
construídas pelo próprio sujeito que implicam tanto uma dificuldade para
compreender quanto uma questãopara selecionar uma estratégia de ação.
Nota-se, neste caso, que a situação-problema não foi resolvida de modo
adequado em razão de a criança não dispor, ainda, de todos os esquemas de
ação requeridos para tal, visto que existem lacunas em sua estrutura de
pensamento que lhe dificultam a assimilação dos dados disponíveis.
3. A criança errou porque não possui a estrutura de pensamento necessária à
solução da tarefa, de onde decorre uma impossibilidade de compreender o
que lhe é solicitado. Este é o caso em que a criança depara com os limites da
estrutura cognitiva, ou seja, a criança não é capaz de assimilar o problema
enquanto perturbador, seja porque seu sistema cognitivo não se encontra
suficientemente desenvolvido, seja porque a tarefa não se lhe apresenta como
perturbadora” (NASCIMENTO, 2012, p. 1).
Jean Piaget
Para seu desenvolvimento Piaget coloca que as
crianças resolvem problemas como “[...]
reconstruir, criar, inventar, descobrir valores,
esquemas cognitivos, afetivos e sociais” (MACEDO,
2005, p.9) e para tal devem superar três obstáculos,
que são: reconstruir no plano do pensamento seus
esquemas de ação; descentrar esta reconstrução
de seu próprio corpo, aprendendo o papel das
expressões simbólicas através do jogo, imitação,
desenho, representações ou imagens mentais;
estender sua ação ao nível social, interagindo
através de cooperação e comunicação oral.
Jean Piaget
Aspectos complementares
Construção de Mostrar que a
modelos das ontogênese ocorre
estruturas mentais através dos estágios do
orgânicas do ato do desenvolvimento da
conhecimento. inteligência ou
Duas operações básicas do embriologia mental,
funcionamento cerebral: mostrando que esta tem
- a classificação; um paralelo com a
- a seriação ou ordenação embriologia orgânica.
Para Piaget, o pensamento lógico-matemático está na
base de todo o desenvolvimento cognitivo do sujeito,
pois:
1º O sujeito se desenvolve;
BIBLIOGRAFIA
DA SILVA, Darly Francisco. As contribuiçoes das teorias de piaget e
vygotsky para a área da educação. 2010. Monografia (TCC).
Curitiba.
LA TAILLE, I. Desenvovlimento do juízo moral e afetividade na teoria
de Jean Piaget. In: LA TAILLE, I.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, E. Piaget,
Vygostky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. p. 47-74.
MACEDO, Lino. O ancestral do humano e o futuro da humanidade.
Revista Viver Mente & Cérebro. São Paulo: Segmento-Duetto.
Coleção memória da pedagogia, n. 1: Jean Piaget. Duetto, 2005.
p. 6-15.
NASCIMENTO, Adaiane Késsila Mota. Aprendizagem infantil: O erro
na visão construtivista. 2012. Disponível em:
<https://www.webartigos.com/artigos/aprendizagem-infantil-o-
erro-na-visao-construtivista/93152. >. Acesso em 12 jan. 2018.
BIBLIOGRAFIA
PIATELLI-PALMARINI, Massimo (org.). Teorias da linguagem, teorias
da aprendizagem: o debate entre Jean Piaget e Noan Chomsky.
São Paulo: Cultrix, 1983. pág. 50-73.
RAMOZZI-CHIAROTTINO, Zélia. Os estágios do desenvolvimento da
inteligência. In: Jean Piaget. Revista Viver Mente & Cérebro.
Coleção memória da pedagogia. Suplemento Especial, n.1. São
Paulo: Segmento-Duetto, 2005, p. 16-23.

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