Você está na página 1de 13

DIABETES: PRINCIPAIS

ATUALIZAÇÕES DE 2019
DayanNa quintanilha &
Marcelo Gobbo
INTRODUÇÃO

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), mais de 13 milhões


de brasileiros vivem com diabetes mellitus, correspondendo a 6,9% da
população do país.

Um dos fatores que favorece complicações é o diagnóstico tardio, por


isso é muito importante que o médico esteja sempre atento!

Neste e-book, vamos falar sobre as principais atualizações de 2019 da


American Diabetes Association (ADA), que focam em diagnóstico,
tratamento e estilo de vida.
Tipos de diabetes

1. Diabetes tipo 1: ocorre devido à destruição autoimune de células β,

geralmente levando à deficiência absoluta de insulina.

2. Diabetes tipo 2: o paciente tem perda progressiva de secreção de insulina de

células β frequentemente no contexto de resistência à insulina.

3. Diabetes mellitus gestacional (DMG): diabetes diagnosticado no segundo ou

terceiro trimestre de gestação.

4. Tipos específicos de diabetes devido a outras causas. Exemplo: síndromes

monogênicas do diabetes (como diabetes neonatal e diabetes de início da

maturidade do jovem [MODY]), doenças do pâncreas exócrino (como fibrose

cística e pancreatite) e drogas ou diabetes induzido por produtos químicos

(como uso de glicocorticoides)


1. Classificação e diagnóstico

Os critérios para o diagnóstico foram alterados para incluir dois resultados de testes
anormais.

A American Diabetes Association recomenda uma triagem inicial com glicemia de jejum, a
HbA1c ou o teste oral de tolerância à glicose, para diagnosticar a diabetes mellitus (DM).
Se os resultados excederem os limites de diagnóstico, é aconselhado um segundo teste
(uma repetição do mesmo ou de um diferente), a menos que o paciente tenha sinais
claros de hiperglicemia.

Esse segundo teste deve ser realizado mediatamente, usando uma nova amostra de
sangue para confirmação.

*O jejum é definido como ausência de ingestão calórica por pelo menos 8 horas.

** O teste deve ser realizado conforme descrito pela OMS, usando uma carga de glicose contendo o equivalente a 75 g de

glicose anidra dissolvida em água.

*** O teste A1C deve ser realizado usando um método que é certificado pelo NGSP.

2. PREVENÇÃO

Para prevenir ou atrasar o desenvolvimento de diabetes

mellitus tipo 2, a ADA atualizou a seção sobre nutrição,

destacando:

• Importância de perda de peso em pacientes com alto

risco de desenvolver diabetes tipo 2, com sobrepeso ou

obesidade;

• Cessação do uso do tabaco, já que é um fator de risco

para DM tipo 2.
3. Estilo de vida

Sobre alimentação e exercícios físico, as alterações focaram nos tópicos


abaixo.

• Evidências sugerem que não há uma porcentagem ideal de calorias de


carboidratos, proteínas e gorduras para todas as pessoas com diabetes.
Neste contexto, a diretriz orienta individualizar o planejamento alimentar;

• A ADA orienta que os pacientes com diabetes diminuam o consumo de


bebidas açucaradas e não açucaradas, usando outras alternativas, com
ênfase no consumo de água;

• No tópico de atividades físicas, uma discussão adicional foi acrescentada


para incluir o benefício de uma variedade de atividades físicas de lazer e
exercícios de flexibilidade e equilíbrio.

4. Alvos glicêmicos
A ADA enfatiza que os riscos e benefícios dos alvos glicêmicos podem mudar à medida que o
diabetes progride e os pacientes envelhecem, avaliando: benefícios e danos dos medicamentos,
preferência dos pacientes, custos do tratamento, saúde geral e expectativa de vida.

• Os clínicos devem procurar atingir um nível de HBA1c entre 7% e 8% na maioria dos pacientes com
diabetes tipo 2;

• Deve ser considerado um tratamento medicamentoso menos intensivo em pacientes com diabetes
tipo 2 que atingem níveis de HBA1c inferiores a 6,5%;

• Os pacientes com DM 2 com expectativa de vida inferior a 10 anos devido à idade avançada (80
anos ou mais), que residem em casas de repouso ou com condições crônicas como câncer,
demência, doença renal em estágio final e outras, devem ser tratados para minimizar os sintomas
relacionados à hiperglicemia e não para atingir uma meta de HBA1c, porque os danos de um
tratamento intensivo superam os benefícios nessa população.

5. Tratamento

• A diretriz focou na gestão do estilo de vida, educação e apoio ao autocontrole do diabetes;

• Os agonistas do receptor de GLP-1 são geralmente recomendados como o primeiro medicamento

injetável, à frente da insulina;

• Uma nova seção foi adicionada à técnica de injeção de insulina, enfatizando a importância da técnica

para dosagem apropriada de insulina e evitar complicações (lipodistrofia etc.).

Em idosos: as recomendações dizem para incluir as necessidades e considerações nutricionais e de

atividade física exclusivas para idosos. Além disso, reduzir a intensidade dos regimes de insulina para

ajudar a simplificar e se adequar às habilidades de cada paciente. Deve-se considerar a simplificação

do regime de medicação e a desprescrição em idosos com diabetes.

Em gestantes: no diagnóstico prévio à gestação, é necessário acompanhamento multidisciplinar para

melhorar os desfechos para diabetes e gestação. Outra recomendação é o uso de insulina como

terapia hipoglicemiante preferencial, uma vez que não há passagem do fármaco pela barreira

transplacentária, por exemplo.


6. Outras situações
Crianças e adolescentes: a ADA acrescentou a
recomendação para rastreio de distúrbios alimentares
em crianças e adolescentes com abertura do quadro de
DM 1, além de um manejo específico para DM 2.

Cenário hospitalar: a ADA passa a recomendar a


elaboração de grupos específicos de manejo de controle
glicêmico e/ou cuidado de pacientes diabéticos dentro
do cenário hospitalar.

Risco cardiovascular: A insuficiência cardíaca foi


reconhecida como importante em diabéticos. A
avaliação do risco cardiovascular em 10 anos de ASCVD
foi incluída como parte da avaliação geral de risco e na
determinação das abordagens de tratamento ideais,
alterando também os alvos de pressão arterial.
OUTRAS RECOMEDAÇÕES - ADA 2019
• A ADA criou um espaço para divulgar informações acerca de custos e
processos envolvidos na cadeia completa de uso da insulina, a fim de
informar os pacientes e entidades responsáveis como cada parte
envolvida no processo contribui para o custo final da terapia ao
consumidor;

• A comunicação e a relação do profissional com o paciente também


foi discutida, orientando o uso de linguagem pelos profissionais de
saúde para comunicar sobre diabetes com os pacientes em um estilo
informativo, empoderador e educacional;

• As recomendações para a cirurgia metabólica foram modificadas para


alinhar com as diretrizes recentes, citando a importância de considerar
comorbidades, além do diabetes, ao contemplar a adequação da
cirurgia.

Referências bibliográficas
• American Diabetes Association. 2. Classification and diagnosis of diabetes: Standards of Medical Care
in Diabetes—2019. Diabetes Care 2019;42(Suppl. 1):S13–S28

• Summary of Revisions: Standards of MedicalCareinDiabetesd2019 Diabetes Care 2019;42(Suppl.


1):S4–S6 <https://doi.org/10.2337/dc19-srev01>

• Site da Sociedade Brasileira de Diabetes.


<https://www.diabetes.org.br/publico/diabetes/oque-e-diabetes>

Você também pode gostar