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Sinônimos
Sinônimos e nomes arcaicos:[12]
Janipha aipi (Pohl) J.Presl Jatropha paniculata Ruiz & Manihot digitiformis Pohl
Janipha manihot (L.) Kunth Pav. ex Pax Manihot dulcis (J.F.Gmel.)
Jatropha aipi (Pohl) A.Moller Jatropha silvestris Vell. Baill.
Jatropha diffusa (Pohl) Jatropha stipulata Vell. Manihot edule A.Rich.
Steud. Mandioca aipi (Pohl) Link Manihot flabellifolia Pohl
Jatropha digitiformis (Pohl) Mandioca dulcis (J.F.Gmel.) Manihot flexuosa Pax &
Steud. D.Parodi K.Hoffm.
Jatropha dulcis J.F.Gmel. Mandioca utilissima (Pohl) Manihot guyanensis
Jatropha flabellifolia (Pohl) Link Klotzsch ex Pax
Steud. Manihot aipi Pohl Manihot loureiroi Pohl
Jatropha loureiroi (Pohl) Manihot aypi Spruce Manihot melanobasis
Steud. Manihot cannabina Sweet Müll.Arg.
Jatropha manihot L. Manihot diffusa Pohl Manihot sprucei Pax
Jatropha mitis Rottb. Manihot utilissima Pohl
Cultivares (variedades)
A cultura da mandioca[13] apresenta ampla variabilidade genética, representada pelo grande número de
cultivares disponíveis no Brasil, seu local de origem. Até 2006 já haviam sido catalogadas apenas no Brasil
mais de 4 mil delas, mantidas em coleções e bancos de germoplasma de várias instituições de pesquisa. A
maioria dessas cultivares é fruto do trabalho de seleção e conservação dos agricultores em suas lavouras,
durante anos seguidos, as chamadas variedades crioulas.[14]
O ciclo cultural da mandioca é o período que vai do plantio à colheita. As cultivares de mandioca têm ciclos
que variam de 6 a 36 meses, e com base neles são classificadas em:
A mesma cultivar dificilmente se comporta de forma semelhante em todos os locais, pois por apresentar alta
interação do genótipo com o ambiente caracteriza-se por adaptação localizada, podendo o comportamento de
uma mesma cultivar variar até entre lavouras de agricultores da mesma região, em decorrência de diferenças de
solo ou de manejo do cultivo.
É considerada planta rústica e com ampla capacidade de adaptação, sendo cultivada em todas as regiões
tropicais, adaptando-se às mais variadas condições de clima e solo. Independentemente de sua ampla
variabilidade genética e de sua interação com o ambiente, os principais parâmetros ecológicos da mandioca são
constituídos por temperatura, radiação solar, fotoperíodo, regime hídrico e solo.
O principal critério utilizado na seleção de cultivares para consumo humano é a existência de baixo teor de
ácido cianídrico nas raízes. Características como tempo de cozimento das raízes, palatabilidade e ausência de
fibras na massa cozida e resistência à deterioração após a colheita também devem ser consideradas.
As cultivares recomendadas para a alimentação animal devem apresentar alto rendimento de raízes e da parte
aérea, boa retenção foliar, alto teor de proteína nas folhas e teor mínimo de ácido cianídrico, tanto nas folhas
como nas raízes.
Composição nutricional
A mandioca é rica em fibras, isenta de glúten e possui 3 vezes mais calorias que a batata.Possui dois tipos de
carboidrato, a amilopectina e a amilose.
Calorias (Kcal)……………………160
Proteínas (g)……………………..1,36
Lipídeos (g)……………………….0,28
Carboidratos (g)……………….38,06
Fibras (g)……………………………1,8
Cálcio (mg)………………………….19
Vitamina C (mg)…………………20,6
Toxicidade
A mandioca difere das outras plantas produtoras de amido por seu teor de linamarina (beta-glicosídeo de
acetona cianidrina), que pode gerar cianeto livre (ânion CN−), o qual, em água, forma ácido cianídrico, cianeto
de hidrogênio ou cianureto de hidrogênio, (HCN),[16] composto extremamente volátil mas capaz de provocar
intoxicações em um animal e até sua morte, em algumas situações.[13]
Em relação à quantidade de HCN/Kg na raiz fresca sem casca, as cultivares são classificadas em:
mansas - aipim ou macaxeira (<50 mg), não têm sabor amargo, usadas para consumo
humano, cozidas, fritas ou assadas, processamentos suficientes para torná-las seguras;
moderadamente venenosas (entre 50 a 100 mg);
bravas ou venenosas (> 100 mg), têm sabor amargo, usadas somente para fins industriais, só
podendo ser consumidas após processadas, na forma de farinha, fécula e outros produtos.
A forma mais utilizada para reduzir o teor de HCN é pelo processamento tradicional: moagem, retirada da
manipuera (ou manipueira, líquido liberado), que pode ser usada para a produção de goma e tucupi, e
torrefação. Outros métodos:
Produção agrícola
Segundo a FAO, a mandioca é plantada em mais de 100 países,
sendo os maiores produtores[17] a Nigéria, a Tailândia, o Brasil, a
Indonésia, Angola, Gana e a República Democrática do Congo,
respectivamente.[18] Segundo a FAO,[17] em 2008, foram
produzidas aproximadamente 25,9 milhões de toneladas, no
Brasil; 8,9 milhões, em Angola; 5 milhões, em Moçambique; 50
mil, em Timor-Leste; 48 mil, em Guiné-Bissau e 6,3 mil
toneladas, em São Tomé e Príncipe.
Em 2010, o rendimento médio foi de 12,5 toneladas por hectare de cultura da mandioca em todo o mundo. As
fazendas de mandioca mais produtivas em todo o mundo estavam na Índia, com uma produtividade média
nacional de 34,8 toneladas por hectare em 2010.[20]
A mandioca desempenha um papel vital na segurança alimentar das economias rurais dos países da África
subsariana devido à sua resistência à seca, baixa fertilidade do solo e pragas.[22]
Produção mundial
Produção em 2018
País
(milhões de toneladas anuais)
Nigéria 59,5
Tailândia 31,7
República do Congo 30,0
Brasil 17,6
Indonésia 16,1
Total mundial 278
Fonte: Food and Agriculture Organization[23]
Lendas
O folclorista Câmara Cascudo registra alguns mitos sobre a mandioca. São eles:
Entre os parecis, povo de Mato Grosso, no Brasil, a história é a seguinte: Zatiamare e sua esposa Kôkôtêrô
tiveram um par de filhos — o menino Zôkôôiê e uma menina, Atiolô — que era desprezada pelo pai, que a ela
nunca falava senão por assobios. Amargurada pelo desprezo paterno, a menina pediu à mãe que a enterrasse
viva; esta resistiu ao estranho apelo, mas ao fim de certo tempo, atendeu-a: a menina foi enterrada no cerrado,
onde o calor a desagradou, e depois no campo, também lugar que a incomodara. Finalmente, foi enterrada na
mata onde foi do seu agrado; recomendou à mãe para que não olhasse quando desse um grito, o que ocorreu
após algum tempo. A mãe acorreu ao lugar, onde encontrou um belo e alto arbusto que ficou rasteiro quando
ela se aproximou; a índia Kôkôtêrô, porém, cuidou da planta que mais tarde colheu do solo, descobrindo que
era a mandioca.[24]
Entre os bacairis, a lenda conta de um veado que salvara o bagadu (peixe da família Practocephalus) que, para
recompensá-lo, deu-lhe mudas da mandioca que tinha ocultas sob o leito do rio. O veado conservou a planta
para alimentação de sua família, mas o herói dos bacairis, Keri, conseguiu pegar, do animal, a semente, que
distribuiu entre as mulheres da tribo.[25]
A lenda de Mani foi registrada em 1876, por Couto de Magalhães. Em domínio público, este foi o registro do
folclorista:
"Em tempos idos, apareceu grávida a filha dum chefe selvagem, que residia nas imediações
do lugar em que está hoje a cidade Santarém. O chefe quis punir no autor da desonra de sua
filha a ofensa que sofrera seu orgulho e, para saber quem ele era, empregou debalde rogos,
ameaças e por fim castigos severos. Tanto diante dos rogos como diante dos castigos a
moça permaneceu inflexível, dizendo que nunca tinha tido relação com homem algum. O
chefe tinha deliberado matá-la, quando lhe apareceu em sonho um homem branco que lhe
disse que não matasse a moça, porque ela efetivamente era inocente, e não tinha tido
relação com homem. Passados os nove meses, ela deu à luz uma menina lindíssima e
branca, causando este último fato a surpresa não só da tribo como das nações vizinhas, que
vieram visitar a criança, para ver aquela nova e desconhecida raça. A criança, que teve o
nome de Mani e que andava e falava precocemente, morreu ao cabo de um ano, sem ter
adoecido e sem dar mostras de dor. Foi ela enterrada dentro da própria casa, descobrindo-
se e regando-se diariamente a sepultura, segundo o costume do povo. Ao cabo de algum
tempo, brotou da cova uma planta que, por ser inteiramente desconhecida, deixaram de
arrancar. Cresceu, floresceu e deu frutos. Os pássaros que comeram os frutos se
embriagaram, e este fenômeno, desconhecido dos índios, aumentou-lhes a superstição pela
planta. A terra afinal fendeu-se, cavaram-na e julgaram reconhecer no fruto que encontraram
o corpo de Mani. Comeram-no e assim aprenderam a usar da mandioca."[26]
Câmara Cascudo acrescenta que o nome mandioca advém de Mani + oca, significando "casa de Mani". É,
segundo este autor, um mito tupi, recontado em obras posteriores, como Lendas dos Índios do Brasil, de
Herbert Baldus (1946), e Antologia de Lendas dos Índios Brasileiros, de Alberto da Costa e Silva (1956).[27]
Utilização
Culinária do Brasil
Farinha-d'água
Farinha de tapioca
Farinha do uarini
Farinha suruí
Culinária da Colômbia
Na África, é comum consumir-se, além da raiz, também as folhas jovens em forma de esparregado. Em
Moçambique, estas são piladas (moídas no pilão), juntamente com alho e a própria farinha seca da raiz e,
depois, cozinhada normalmente com um marisco (caranguejo ou camarão); esta comida se chama matapa e é
uma das mais populares da culinária moçambicana. Em Angola, este esparregado é conhecido como kissaca.
Nos estados do Maranhão, Piauí [40] e Ceará, é produzida a tiquira, bebida resultante da destilação da
mandioca.
Os araras do Pará, que eram nômades não cultivavam mandioca.[41] Os omáguas do Alto Amazonas colhiam
a mandioca e a enterravam deixando apodrecer parcialmente e assim a consumiam. Os camaiurás do Mato
Grosso, para virar beiju, talhavam na madeira a pá, que apresentava a extremidade semi circular.[37]
Os caiabis do Mato Grosso assavam a mandioca com casca na brasa, descartavam a casca e deixavam-na de
molho na água. No outro dia, a mandioca era amassada e comida fria.[42] Algumas tribos não conheciam o
tipiti, como os paracanãs, do Pará. Faziam a farinha cortando a mandioca, cozendo-a e espremendo-a em uma
esteira para remover a parte líquida. As bolas de mandioca eram secas em um jirau, desfeitas, peneiradas e
torradas[43]
Beiju: o pão de mandioca é feito em farelos e aspergido com água, resultando em uma massa grudenta que é
espalhada sobre uma chapa quente, sendo continuamente virada de um lado e do outro.[45]
Os caiabis do Mato Grosso faziam o beiju deixando a mandioca brava de molho por uns dias. Depois ela era
descascada e bem seca ao sol. Ela era socada no pilão, umedecida e assada de um só lado. Os Txukahamãe ou
Megaron da mesma região envolviam a massa de mandioca em forma de quadrado em folha de bananeira e a
colocavam entre pedras aquecidas, cobriam-na com mais folhas e terra e a deixavam assar por horas. Os
xirianás de Roraima assavam não só o beiju nos largos discos de argila, como também carnes de caça.[46]
Um modo diferente de preparar o beiju era praticado pelos Haló’ T´é Sú do Mato Grosso. Removiam as cinzas
e brasas do fogo e no local colocavam a farinha, que era comprimida até formar os beijus. As cinzas e brasas
eram sobre eles colocadas, que ficavam assados em quinze minutos. As brasas eram removidas com uma
vareta e os beijus batidos para a remoção das cinzas.[47]
Os nativos das Américas preparavam vários tipos de beijus e outros pratos derivados da mandioca:
Beiju-carimã — beiju utilizado para se fazer caxiri na festa da puberdade das moças.[46][49]
Beiju-cica — de massa de mandioca fresca, cortado e torrado, com aparência de um
folhado.[46][49]
Beijusicica — mingau de polvilho feito pelos Crichaná de Nativa do Novo Mundo fazendo beiju
Roraima.[50]
Caxiri — a massa de mandioca é cozida com bastante água e a fermentação é causada pela
adição de sobras de beiju velho ou pela mastigação da massa.[51]
Cauim de amendoim — Um tipo de mingau feito com farinha de mandioca, amendoim torrado
e moído e, às vezes, farinha de milho.[42]
Chibé — bebida não alcoólica feita pela mistura de farinha de mandioca com água.[44][45]
Mandioca assada — os índios também assavam a mandioca mansa inteira para comer.[52]
Maniaca — caldo venenoso que sai da mandioca espremida. Depois de fervido, vira o
tucupi.[48]
Manicuera ou manipuera — era o líquido obtido quando se espremia a mandioca ralada e
deixado em repouso por alguns dias ou esquentado para eliminar substâncias tóxicas. Era
muito apreciado puro ou no caxiri. Com a adição de cará, batata-doce ou frutas, fazia-se uma
sopa rala.[44]
Mingau — os caiabis do Mato Grosso preparavam o mingau cortando a mandioca-doce em
dois ou três pedaços sem descascar, ralando-a, espremendo-a e cozendo o suco por um longo
período. Depois polvilho era acrescentado para engrossar. Outra maneira de o fazerem era
ralando a mandioca doce e cozinhando-a em seu próprio líquido, onde era acrescentada
farinha de milho ou de mandioca, além de batata-doce e cará cozidos e amassados.[42]
Mingau pitinga — mandioca ralada misturada com leite (de vaca ou de coco) e levada ao fogo,
para engrossar.[54]
Mingau de tapioca — a tapioca era cozida em água até formar uma substância gomosa, onde
era acrescentado sal, açúcar ou suco de frutas. Os tucanos da Amazônia ingeriam este
mingau pela manhã.[44]
Pão de mandioca — os crixanás de Roraima faziam um pão de mandioca que era assado no
moqueador e depois comido dissolvido na água.[50]
Pão de guerra — feito por índios de Itacoatiara, no Amazonas, o pão de guerra, cuja matéria-
prima era a farinha de mandioca, apresentava a superfície esverdeada devido aos fungos e
algas que nela se desenvolviam quando era armazenado.[46]
Paparuto — bolo salgado feito de macaxeira (mandioca-doce) e carne de caça dos timbiras do
Maranhão, Pará e Tocantins. Sobre o centro de folhas de bananeira brava dispostas em cruz
espalha-se a macaxeira ralada. Sobre esta, pedaços de carne de caça com cerca de duzentas
gramas são colocados e cobertos com macaxeira ralada. Os braços da cruz são dobrados
sobre a massa, formando um quadrado de um metro de lado e alguns centímetros de
espessura, que é amarrado com embira. Pedregulhos bem quentes, por terem ficado sobre a
lenha de uma fogueira, são espalhados pelo chão e o pacote com a massa é colocado sobre
eles. O pacote recebe outros pedregulhos quentes por cima e tudo é recoberto com folhas de
bananeira brava e acima delas são depositadas folhas de palmeira. Por fim, tudo é recoberto
com terra, assim permanecendo toda a noite. O paparuto pode ser feito com outro tipo de carne
ou com peixe e a massa pode ser de milho ou favas.[55]
Ver também
Fabricação de farinha de mandioca
Farinha múltipla ou Farinha multimistura
Referências
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Jauapery, pacificação dos crichanás. P. 33-36 In: Revista de Atualidade Indígena.
286p. Rio de Janeiro: Impr. Nac. Disponível Brasília, Fundação Nacional do Índio. 1977,
em ano I, nº 6, 64p.
Bibliografia
LOPES, Sônia (1999). Bio Introdução ao estudo dos seres vivos. Editora Saraiva 4 ed. [S.l.:
s.n.] p. 200
Ligações externas
Página da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (http://www.cnpmf.embrapa.br)
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