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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PRONAE)

Maio, 2013
ACRÓNOMOS E ABREVIATURAS

ADE Apoio Directo às Escolas


CAADP Programa Compreensivo de Desenvolvimento de África
CAE Comissão de Alimentação Escolar
CTAE Conselho Técnico de Alimentação Escolar
DIPE Direcção de Programas Especiais
DPEC Direcção Provinvial de Educação e Cultura
FDA Fundo de Desenvolvimento Agrário
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
HGSFP Home Grown School Feeding Programme
INE Instituto Nacional de Estatística
InSAN Insegurança Alimentar e Nutricional
MINAG Ministério da Agricultura
MINED Ministério da Educação
MISAU Ministério da Saúde
NEPAD Nova Parceria para o Desenvolvimento de África
ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
ONG Organização Não Governamental
PARPA Plano de Acção para a Redução da Probreza Absoluta
PEDSA Plano Estratégico do Desenvolvimento do Sector Agrário
PEE Plano Estratégico da Educação
PMA Programa Mundial para a Alimentação
PRONAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
ÍNDICE

1. Contexto e Relevância ..................................................................................................................4


2. Programa Nacional de Alimentação Escolar ....................................................................................6
3. Enquadramento do PRONAE com outros programas e estratégias sectoriais de desenvolvimento ........6
3.1. Plano Internacional ....................................................................................................................................6
3.2. Plano Nacional ............................................................................................................................................7
4. Princípios ....................................................................................................................................7
5. Principais Objectivos....................................................................................................................8
5.1. Objectivo Geral ...........................................................................................................................................8
5.2. Objectivos Específicos ..............................................................................................................................8
7. Resultados Esperados ..................................................................................................................9
8. Principais Actividades ................................................................................................................ 10
8.1. Fornecimento de uma Alimentação Diversificada e Balanceada nas Escolas ...................................10
8.2. Desparasitação .........................................................................................................................................10
8.3. Educação Alimentar e Nutricional ..........................................................................................................11
8.4. Produção Agrária nas Escolas ................................................................................................................11
8.5. Aquisição Local de Géneros Alimentícios .............................................................................................12
9. Gestão do Programa................................................................................................................... 13
9.1. Interligação Institucional .........................................................................................................................14
9.2. Implementação do Programa ....................................................................................................... 14
9.3. Gestão Financeira ...................................................................................................................... 15
9.4. Mão-de-Obra para o Confeccionamento dos Alimentos .......................................................................15
10. Estimativas do custo per capita da Alimentação Escolar ................................................................ 15
11. Financiamento ........................................................................................................................... 16
12. Monitoria e Avaliação ................................................................................................................. 16
ANEXOS .............................................................................................................................................................18
ANEXO 1: Grupos de Alimentos .......................................................................................................... 19
ANEXO 2: Principais atribuições dos membros do Conselho Técnico ..................................................... 21
ANEXO 3: Quadro lógico do programa ................................................................................................. 23
1. Contexto e Relevância

A Constituição da República de Moçambique no seu artigo 88 estabelece a Educação como um direito e dever de
todo o cidadão Moçambicano, cabendo ao Estado o papel de promover a sua extensão, bem como garantir a
igualdade de acesso para que todos possam beneficiar do gozo deste direito. Deste modo, o governo de
Moçambique reconhece que a Educação é, por excelência, um instrumento crucial para o crescimento social e
económico de uma nação, para uma vida mais saudável, para sustentar o crescimento económico, bem como para
reforçar a democracia e a participação de todos os cidadãos nas agendas nacionais de desenvolvimento.

Contudo, a prevalência da pobreza1 conjugada com as variações climáticas sucessivas resultam em insegurança
alimentar e nutricional que, por sua vez, afecta o sector da educação através da redução das taxas de ingresso e de
retenção dos alunos no sistema educacional devido a fome e seu envolvimento nas actividades de geração de
renda. O Plano Estratégico do Sector da Educação 2012-2016 reconhece que, apesar de nos últimos anos o
sistema educacional em Moçambique ter registado consideráveis progressos, no concernente ao aumento da oferta
da educação e na redução das disparidades geográficas e de género, permanecem ainda grandes desafios no
concernente ao ingresso e retenção dos alunos no sistema educativo. Actualmente, estima-se que dos cerca de 5,2
milhões de crianças em idade escolar apenas 80% dos rapazes e 65,1% das raparigas concluem a educação
primária. Este facto, para além de violar um direito constitucional dos afectados compromete igualmente os esforços
do Governo de proporcionar um acesso universal e conclusão do ensino básico, que é uma das metas fixadas nos
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) da qual o País é signatário.

Em Moçambique, cerca de 70% da população vive nas zonas rurais e a agricultura de sequeiro constitui a principal
actividade económica para a sua sobrevivência. A ocorrência cíclica dos desastres naturais, em particular da seca,
culmina com insegurança alimentar e nutricional, sendo que, os mais vulneráveis entre os afectados são os que
residem nas regiões áridas e simi-áridas. Os dados do Ministério da Saúde (MISAU) apontam que, actualmente,
cerca de 44% das crianças entre os zero e cinco padecem de desnutrição crónica. Entre as principais causas para a
elevada taxa de desnutrição figuram a insegurança alimentar, a pobreza, a gestão inadequada dos recursos
disponíveis devido a falta de conhecimento2 e o fraco acesso aos serviços de saúde, saneamento e água potável.

O estado nutricional e de saúde têm influência na capacidade de aprendizagem e no desempenho das crianças na
escola. Crianças com problemas de fome, de uma dieta pobre em termos de nutrientes (particularmente ferro e iodo)

1
o mais recente relatório de avaliação da pobreza efectuada em 2010 pelo Ministério de Planificação e Desenvolvimento (MPD), baseado em
dados sobre o Inquérito de Orçamento Familiar (IOF) realizado em 2008/09, indica que o nível de pobreza de consumo alimentar em
Moçambique é de 55%. Na comparação do índice da pobreza em termos de localização geográfica, as zonas rurais albergam maior número
de pobres com 57%, um pouco mais de 7% quando comparado com as zonas urbanas
2 Um estudo conduzido pela Nestlé em parceria com o MINED em 2012 indica que O currículo de formação do professor está direccionado as

metodologias de ensino com muito pouca ênfase na provisão de conceitos e metodologias de ensino sobre nutrição;
4
e de proteínas, com infecções parasíticas ou outras doenças não têm o mesmo potencial de aprendizagem, quando
comparadas com crianças bem nutridas e saudáveis. A fraca saúde e a pobre dieta diminui o desenvolvimento
cognitivo das crianças, provoca alterações fisiológicas e reduz a sua capacidade de aprendizagem na escola. Na
falta de medidas apropriadas para lidar com o problema, os danos provocados pela má nutrição são irreversíveis, ou
seja, não melhoram com a idade da criança.

Uma das estratégias que tem sido adoptada em diversos países para mitigar o impacto negativo da fome e da
desnutrição no sector da educação é a introdução de programas de alimentação escolar. Experiências nestes
países incluindo em Moçambique, mostram que os programas de alimentação escolar quando bem desenhados e
implementados de uma forma efectiva podem contribuir para motivar os pais a matricularem os seus filhos e a
mantê-los na escola; a aliviar a fome e minimizar a desnutrição crónica; melhorar as deficiências em micronutrientes
e aumentar a participação da comunidade, principalmente quando a mesma tem a responsabilidade de preparar e
servir as refeições na escola.

Contudo, apesar dos benefícios que os programas de alimentação escolar proporcionam ao sector da Educação, os
mesmos, ainda enfrentam grandes desafios principalmente nos países em vias de desenvolvimento, grupo do qual
Moçambique faz parte. Um desses desafios é a falta de sustentabilidade devido a forte dependência ao
financiamento externo, o que significa que uma vez cortado o apoio colocam-se em risco as possibilidades para a
sua continuidade. Os outros desafios que também merecem destaque relacionam-se com a fraca ligação dos
programas com a produção local de alimentos, facto que inibe a possibilidade de gerar um crescimento da economia
local e da participação, nos programas, dos produtores e de outros actores da cadeia de valor de produtos agrários.
A fraca diversificação da alimentação servida aos alunos, a fraca ligação com a componente de educação alimentar
e nutricional como forma de melhorar o conhecimento futuro sobre a nutrição e boas práticas alimentares, a falta de
uma combinação dos programas com a “horta escolar”, como forma de contribuir na redução dos custos, na
diversificação da dieta e no desenvolvimento das habilidades dos alunos para a produção de alimentos, também
figuram entre os desafios dos programas nos países em vias de desenvolvimento.

Uma das medidas adoptadas em alguns países africanos, com destaque para Africa do Sul, Nigéria e Gana para
colmatar o problema da insustentabilidade dos programas de alimentação escolar, foi a sua institucionalização,
passando os governos a assumir a responsabilidade do seu financiamento. A outra medida tomada por todos os
países africanos para a redução da dependência dos produtos importados, foi a assinatura em 2003, no âmbito da
Nova Parceria para o Desenvolvimento de Africa (NEPAD), de um acordo visando a utilização nos programas de
alimentação escolar, de produtos agrícolas produzidos localmente, como forma de impulsionar o desenvolvimento
da economia local.

5
2. Programa Nacional de Alimentação Escolar

O governo de Moçambique, reconhecendo por um lado a importância dos programas de alimentação escolar na
garantia do direito à Educação para todos os cidadãos Moçambicanos e, por outro, tomando em consideração os
grandes desafios que afectam os programas de alimentação nos países como o nosso, cria o Programa Nacional de
Alimentação Escolar, doravante designado PRONAE. Este programa, marca uma nova era na abordagem da
alimentação escolar em Moçambique, na medida em que vai passar a:

institucionalizar a alimentação escolar no sistema educacional;


responzabilizar os pais, encarregados de educação e a comunidade, em geral, pela alimentação dos
alunos;
contar com a contribuição dos pais e/ou encarregados de educação e da comunidade em geral (em
dinheiro, espécie ou força de trabalho);
depender de géneros alimentícios produzidos e comercializados localmente;
apostar na Educação Alimentar e Nutricional, como forma de mitigação do problema da desnutrição a
médio e longo prazo; e
apostar na prática da produção agro-pecuária nas escolas (horticultura, fruticultura e pecuária), como forma
de desenvolver habilidades dos alunos para a produção, promoção da diversificação da dieta e redução
dos custos de aquisição dos alimentos, uma vez que as colheitas daí provenientes poderão ser utilizadas
como reforço na preparação das refeições para os alunos.

3. Enquadramento do PRONAE com outros programas e estratégias sectoriais de


desenvolvimento

3.1. Plano Internacional


No âmbito da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), em 2003, os governos africanos em
reconhecimento da alimentação escolar como um meio para o alívio à fome, melhoria dos indicadores educacionais
e nutricionais e desenvolvimento comunitário, aprovaram o início da implementação de programas de alimentação
escolar, baseados na produção local, designado por “Home Grown School Feeding Programme” (HGSFP), integrado
no Programa Compreensivo de Desenvolvimento de África (CAADP). O programa tem como objectivo geral
aumentar o acesso directo das crianças à alimentação e alcançar uma meta de 50 milhões de crianças em idade
escolar a frequentar a escola até 2015. Os princípios do programa de alimentação escolar da NEPAD são o estímulo
à produção local, diversificação da dieta, através da fortificação e suplementação, diversificação da produção

6
alimentar, desenvolvimento industrial e das infra-estruturas locais, mobilização dos recursos e empoderamento das
comunidades locais.

3.2. Plano Nacional


Ao nível nacional, o PRONAE estará alinhado com os programas e estratégias sectoriais de desenvolvimento de
Moçambique, tais como: o Plano de Acção para a Redução da Pobreza, 2011-2014 (PARP), o Plano Estratégico da
Educação,2012-2016, o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário, 2010-2019 (PEDSA), a
Estratégia e Plano de Acção de Segurança Alimentar e Nutricional, 2008-2014 e com a Estratégia Nacional de
Segurança Social Básica 2010-2014, que preconizam, de uma forma geral, entre outros aspectos, o incremento da
produção e da produtividade, o acesso e o direito à alimentação, educação, saúde e a protecção social básica das
camadas mais vulneráveis.

4. Princípios

O programa guia-se pelos seguintes princípios:

Ênfase no atendimento ao pré-primário e primário: tendo em conta que este nível de ensino é composto
maioritariamente por crianças entre os 5 e 12 anos, a disponibilização de uma alimentação diversificada e
balanceada a esta faixa etária, para além de poder ajudar na mitigação dos problemas nutricionais das
crianças, ainda em fase de crescimento, pode contribuir para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento
do Milénio (ODM), que prevê um acesso universal nas primeiras 7 classes até 2015;
Intersectorialidade: considerando-se a alimentação escolar como um assunto transversal, a sua
implementação estará a cargo do Ministério da Educação e contará com o apoio consultivo de um grupo
multissectorial composto por instituições governamentais e dos parceiros que operam nas áreas de
educação, agricultura, saúde, indústria e comércio, planificação e desenvolvimento, finanças, obras
públicas e habitação, mulher e acção social, transportes e acção ambiental;
Gradualismo na implementação: tomando em consideração os custos inerentes a alimentação escolar, a
implementação do presente programa vai observar o princípio de gradualismo, dando prioridade aos alunos
do ensino pré-primário e primário que residem e frequentam o ensino nas zonas consideradas mais
vulneráveis à insegurança alimentar, estendendo-se gradualmente para outras instituições;
Descentralização: a planificação e implementação do programa deverão ser descentralizadas até ao nível
local por forma a garantir maior eficiência na sua gestão;
Participação comunitária: a comunidade deverá ser chamada a contribuir activamente no programa, quer
em dinheiro quer em espécie ou força de trabalho. A mesma deverá participar igualmente em todas etapas
do programa desde a sua planificação, implementação, gestão, monitoria e avaliação;
7
Compras locais de géneros alimentícios: como forma de impulsionar a economia local, os géneros
alimentícios necessários para o funcionamento do programa deverão ser adquiridos localmente, junto dos
produtores, processadores e comerciantes.
Sustentabilidade: através da educação alimentar e nutricional dos alunos, da participação comunitária, da
produção agro-pecuária e da compra local de géneros alimentícios

5. Principais Objectivos

5.1. Objectivo Geral


O principal objectivo do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PRONAE) é de reduzir, de uma forma
sustentável, o impacto negativo que os problemas da insegurança alimentar e da desnutrição provocam no sector da
Educação, nomeadamente o fraco ingresso ao ensino, o abandono escolar, o absentismo e o insucesso escolar.

5.2. Objectivos Específicos

Fornecer uma alimentação escolar saudável que contribua para:


o fortalecer as capacidades físicas e cognitivas dos alunos, de forma a torná-los mais concentrados
durante o processo de ensino e de aprendizagem;
o melhorar o rendimento escolar;
o melhorar as taxas de ingresso e de retenção dos alunos no sistema educacional;
o incentivar a assiduidade diária dos alunos, em particular da rapariga, combatendo-se, deste modo,
o absentismo e o abandono escolar;
Desenvolver acções de educação alimentar e nutricional, como forma de contribuir para a mitigação da
problemática da desnutrição, no País, a médio e longo prazo;
Contribuir para o desenvolvimento de habilidades dos alunos através da produção agrária (horticultura,
fruticultura e pecuária);
Contribuir para a melhoria da qualidade da educação e para o desenvolvimento da economia local;.

6. Pilares
O Programa Nacional de Alimentação Escolar assenta em três pilares, nomeadamente:
Melhoria do estado nutricional e de saúde dos alunos: este pilar vai consistir na disponibilização aos
alunos matriculados no ensino pré-primário e primário de uma refeição diversificada e balanceada, durante
o período em que os mesmos permanecem na escola. A oferta de uma refeição saudável, para além de ser

8
benéfica sobre o ponto de vista nutricional, vai servir de estímulo para o aumento das taxas de ingresso e
de retenção dos alunos no sistema educacional.
Educação alimentar e nutricional nas escolas: tendo em conta que um dos problemas para a elevada
taxa de desnutrição em Moçambique está associado ao problema da falta de conhecimento e da gestão
inadequada dos recursos disponíveis, o reforço dos conteúdos sobre a educação alimentar e nutricional no
currículo escolar e no processo de formação de professores vai contribuir para a valorização dos alimentos
localmente disponíveis, bem como na melhoria da qualidade de vida dos alunos na fase adulta;
Desenvolvimento de habilidades para a produção agro-pecuária: de acordo com Lei nº 6/92, de 6 de
Maio, do Sistema Nacional de Educação, o processo educativo orienta-se pelos princípios de
desenvolvimento das capacidades para a produção através da ligação entre a teoria e a prática. Deste
modo a incorporação da “horta escolar” no programa de alimentação escolar, para além de contribuir para
a redução dos custos do programa e na diversificação da dieta dos alunos, vai contribuir no fortalecimento
do amor à terra e a valorização das práticas agrícolas pelos alunos, tornando-se esta uma forma futura de
geração da renda para as suas famílias em particular, e para o desenvolvimento do país, em geral.

7. Resultados Esperados

Com a implementação do programa, espera-se que seja (m):

Fortalecidas as capacidades físicas e cognitivas dos alunos, de forma a torná-los mais concentrados
durante o processo de ensino e de aprendizagem;
Melhorado o rendimento escolar e a qualidade do ensino e aprendizagem ;
Estimuladas e melhoradas as taxas de ingresso e de retenção dos alunos no sistema educacional;
Incentivada a assiduidade diária dos alunos, em particular da rapariga, combatendo-se, deste modo, o
absentismo e o abandono escolar;
Desenvolvidas as habilidades dos alunos na produção agrária (horticultura, fruticultura e pecuária);
Impulsionado o desenvolvimento da economia local, através da criação de oportunidade de mercado aos
produtores, processadores e comerciantes locais, com impacto no aumento da produção e da
produtividade, da renda familiar e na redução da pobreza;
Mitigada a problemática da insegurança alimentar e da desnutrição a médio e longo prazo.

9
8. Principais Actividades

8.1. Fornecimento de uma Alimentação Diversificada e Balanceada nas Escolas


O fornecimento de um lanche diversificado e balanceado nutricionalmente vai constituir a actividade crucial do
Programa Nacional de Alimentação Escolar. O principal objectivo desta actividade é de, por um lado, reduzir o
número de crianças que não frequentam o ensino ou que, uma vez ingressadas, não concluem as primeiras sete
classes devido a fome. Por outro lado, contribuir para a redução da taxa de desnutrição, bem como o seu impacto
sobre o sector da educação, que se resume na redução da capacidade de aprendizagem dos alunos.

Assim sendo, durante o período em que os alunos permanecem na escola será oferecido um lanche balanceado e
diversificado3, capaz de oferecer 30% das necessidades energéticas diárias e cerca de 20% das necessidades em
micronutrientes (vitaminas e minerais). Dependendo das especificidades de cada escola ou região o lanche
fornecido aos alunos poderá ser constituído de uma “refeição quente” ou seja confeccionado na própria escola ou de
alimentos processados e prontos para o consumo, nos casos em que a escola não disponha de condições básicas
tais como água, cozinhas, sanidade, etc., para confeccionar os seus próprios alimentos.

No caso dos alimentos confeccionados na própria escola, para garantir o fornecimento adequado das necessidades
calóricas e dos micronutrientes, os cardápios utilizados deverão ser elaborados com apoio de nutricionistas.
Contudo, deve se procurar respeitar e valorizar a cultura e os hábitos alimentares locais bem como potenciar a
utilização dos recursos existentes localmente.

Para as escolas que não possuam condições para o confeccionamento dos seus próprios alimentos deve-se
procurar identificar ao nível local (do País, província ou distrito), por meio de concurso, de processadores privados
que reúnam capacidade para satisfazer as necessidades do programa sem descurar das necessidades calóricas e
dos micronutrientes. Tanto os alimentos confeccionados na própria escola como os processados, devem incentivar o
desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis, por meio da oferta de uma alimentação diversificada que
incluam alimentos ricos em Cálcio (ideal na formação dos ossos e dentes); ferro (formação de hemoglobina e
prevenção da anemia); zinco (crescimento e desenvolvimento); vitamina A (crescimento, boa visão e protecção
imunológica contra infecções) e iodo.

8.2. Desparasitação
As parasitoses intestinais constituem uma das principais causas da desnutrição no seio das crianças em
Moçambique. A actividade de desparasitação, é parte das intervenções do Ministério da Saúde (MISAU) através das

3 Vide anexo 1
10
campanhas rotineiras, todavia vai merecer destaque no Programa, principalmente na componente de prevenção.
Assim sendo, o Programa de Alimentação Escolar vai incidir as suas acções no controle da qualidade dos alimentos,
medidas de orientação para o saneamento e limpeza do meio, observância das regras de higiene por parte dos
manipuladores dos alimentos e dos beneficiários (lavagem das mãos com detergente antes e depois das refeições,
lavagem dos utensílios de cozinha, utilização de sanitários, e outras acções de educação para a saúde), de forma a
evitar a contaminação dos alimentos pelos parasitas.

8.3. Educação Alimentar e Nutricional


Dentro do Programa, esta componente tem como objectivo aumentar o conhecimento sobre os hábitos alimentares
saudáveis. Ao disseminar este conhecimento no seio das crianças e da comunidade, pode-se melhorar, a médio e
longo prazo, o problema da desnutrição através de uma melhor gestão dos recursos disponíveis.

Deste modo, a Educação Alimentar e Nutricional nas escolas deverá ser reforçada no currículo escolar e nos
currículos de formação de professores e de alfabetização e educação de adultos4. Em relação aos professores em
exercício, deverão ser promovidos cursos de capacitação por forma a dotar-lhes de maior capacidade para a
abordagem do tema no processo de ensino e aprendizagem. Dentre vários temas, a revisão dos currículos e as
acções de capacitação dos professores em exercício devem abordar aspectos ligados a composição alimentar de
um cardápio diversificado e nutricionalmente balanceado, bem como os aspectos ligados à preparação dos
alimentos e a higiene pessoal e colectiva.

As acções de formação deverão, igualmente, abranger os membros dos conselhos de escola, os cozinheiros
voluntários encarregues de preparar as refeições nas escolas, os líderes comunitários, os membros das
Organizações Comunitárias de Base (OCB), entre outras, através de palestras ou realização de práticas culinárias
experimentais. Todos os actores, incluindo os alunos que vão participar deste processo, deverão servir de veículo
para disseminação das mensagens sobre a boa nutrição, alimentação e higiene no seio da comunidade em que
estiverem inseridos.

8.4. Produção Agrária nas Escolas


Todas as escolas devem desenvolver actividades ligadas à produção agrária (horticultura, fruticultura, pecuária e
piscicultura), respeitando as características e especificidades existentes entre o meio rural e urbano. Estas
actividades devem ser utilizadas como uma plataforma de aprendizagem dos alunos, relativamente à produção dos
alimentos e à nutrição, mas também como uma estratégia para a redução dos custos de aquisição dos alimentos,

4 Acção prevista no PEE 2012-2016


11
uma vez que as colheitas daí provenientes poderão ser utilizadas, como reforço, na preparação das refeições para
os alunos.

A produção agrícola deverá estar virada, sobretudo para o cultivo de hortícolas, contudo dependendo da
disponibilidade dos espaços adequados para a produção, podem ser praticadas outras culturas tais como
leguminosas, cereais, raízes e tubérculos. A fruticultura deverá estar direccionada para o ensino das técnicas de
produção e maneio de mudas, plantio, técnicas de maneio da planta no local definitivo até a produção da fruta,
colheita e processamento. As mudas, para além de servirem para a implantação de “pomares escolares”, deverão
ser igualmente utilizadas nas actividades de reflorestamento comunitário, derivadas da exploração excessiva dos
recursos naturais para a obtenção de combustível (lenha e carvão), construção, entre outras actividades. Por sua
vez, a pecuária, deverá estar virada para a criação de animais de pequeno porte, para consumo, tais como aves,
suínos, caprinos e peixes.

A prática destas actividades nas escolas vai necessitar de capacitação dos professores, da disponibilidade de fontes
de água, construção de infra-estruturas (pequenos sistemas de irrigação, estábulos, etc.), assistência técnica regular
e disponibilidade de insumos. A aquisição dos insumos tem cobertura através dos fundos de Apoio Directo às
Escolas (ADE), dos quais as escolas são obrigadas a alocar pelo menos 10% do valor total em actividades
produtivas. Enquanto isso, as actividades relacionadas com a capacitação dos professores, assistência técnica
regular, construção de infra-estruturas, incluindo fontes de água, serão da responsabilidade dos governos locais,
através das instituições específicas que fazem parte do Conselho Técnico de Alimentação Escolar5.

8.5. Aquisição Local de Géneros Alimentícios


Como forma de impulsionar o desenvolvimento da economia local, todos os géneros alimentícios necessários para o
funcionamento do programa, devem ser adquiridos localmente e, de preferência, nos locais mais próximos às
escolas. Ao privilegiar as compras locais o Programa possibilitará o impulsionamento da economia local,
contribuindo, sobremaneira, para o desenvolvimento económico de cada região.

Desta forma, o primeiro passo a ser dado deve ser a realização de um levantamento ao nível da província, distrito e
nos arredores da escola, sobre a existência de organizações de produtores, produtores individuais de média escala,
processadores e comerciantes com potencial para participar no Programa. Identificados estes actores da cadeia de
valor, o passo seguinte deverá ser a capacitação dos mesmos para melhor se inteirarem do programa no que se
refere às oportunidades que se abrem, às suas exigências, os procedimentos, entre outros mecanismos para o seu
bom funcionamento.

5 Vide o anexo 2
12
O segundo passo a ser dado, de uma forma regular, é a assistência técnica aos actores da cadeia de valor,
identificados como tendo potencial para participar no programa. Esta assistência estará a cargo das autoridades
locais do governo que respondem pelos sectores da agricultura e do comércio. Contudo, encoraja-se também o
estabelecimento de parcerias com as ONGs que operam na zona, de modo a apoiarem a iniciativa.

Considerando-se que o acesso ao crédito, constitui uma limitante para o desenvolvimento do sector agrário em
Moçambique, recomenda-se que os governos distritais, através do Fundo de Investimento Local (FIL), vulgarmente
conhecido por “sete milhões”, criem mecanismos que facilitem o acesso a estes fundos, por parte das organizações
de produtores, comerciantes e processadores identificados como tendo potencial para participar no programa.
Adicionalmente, o governo poderá trabalhar na divulgação de outras janelas de financiamento disponíveis, como o
Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA), bem como na mobilização de outros parceiros nacionais e internacionais
para prestarem o seu apoio na disponibilização do crédito.

9. Gestão do Programa

A gestão do Programa será feita por intermédio do Ministério da Educação, através da Direcção de Programas
Especiais (DIPE). Ao nível local o PRONAE será gerido pelos órgãos que superintendem as áreas de educação,
nomeadamente as Direcções Provinciais de Educação e Cultura e os Serviços Distritais de Educação, Juventude e
Tecnolgia. Contudo, para melhor responder as exigências do programa, o MINED quer ao nível central, provincial e
distrital, deverá ser apetrechado de novos recursos humanos, em especial nutricionistas e técnicos agrários. Ao
nível das escolas a operacionalização do Programa estará a cargo dos Conselhos da Escola, os quais deverão criar
uma Comissão de Alimentação Escolar (CAE), cuja missão será de zelar pela boa execução do Programa, pelo
acompanhamento e fiscalização da aplicação dos recursos financeiros destinados ao seu funcionamento, zelar pela
qualidade das refeições e dos produtos alimentares fornecidos pelos produtores e comerciantes, controle dos stocks
dos produtos e elaboração dos relatórios mensais, trimestrais, semestrais e anuais sobre o funcionamento e gestão
do Programa ao nível da escola (vide a figura 1).

Figura 1. Forma de gestão do programa

13
9.1. Interligação Institucional
Como mostrado na figura 2 abaixo no funcionamento do Programa, o Ministério da Educação será apoiado por um
Conselho Técnico de Alimentação Escolar (CTAE). Este órgão vai integrar diversas instituições do governo,
incluindo parceiros e sociedade civil e vai funcionar ao nível central, provincial e distrital. A composição e as
atribuições de cada um dos actores dentro do Programa encontram-se descritas na tabela 1, em anexo.

Figura.2 Interligação institucional para o funcionamento do Programa

9.2. Implementação do Programa

A implementação do Programa deve iniciar com uma fase piloto, envolvendo um número restrito de escolas em
representação das três regiões do país. Adicionalmente, deve-se procurar estabelecer equilíbrio das escolas

14
participantes, no tocante a capacidade local de produção de alimentos. Terminada a fase piloto, deverá ser feita
uma avaliação que determinará as eventuais alterações, de modo a assegurar uma expansão efectiva do Programa,
com base nas lições aprendidas. Tendo em conta os custos associados à implementação do Programa, a sua
expansão será gradual, privilegiando, numa primeira fase, as escolas localizadas nos distritos que apresentam altos
níveis de insegurança alimentar. Enquanto isso, o número de beneficiários a serem abrangidos anualmente pelo
programa vai depender do orçamento disponível para a sua execução.

Salientar ainda que tanto a fase piloto como a de expansão do Programa deverão ser precedidas de um estudo de
base no qual deverão ser recolhidos os indicadores educacionais (taxas de ingresso, abandono escolar,
aproveitamento e absentismo), bem como a realização da avaliação nutricional dos alunos beneficiários. A recolha
destes indicadores vai facilitar os trabalhos de monitoria e avaliação do Programa, durante a sua implementação.

9.3. Gestão Financeira

A gestão financeira dos fundos destinados ao funcionamento do Programa vai obedecer o princípio de gestão
descentralizada. Desta forma, os fundos deverão ser transferidos das contas do Ministério da Educação
directamente para os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia e daí para as contas das escolas,
para efeitos de sua execução, através das Comissões de Alimentação Escolar.

Como forma de evitar que eventuais demoras no desembolso dos fundos comprometam o funcionamento do
Programa, as transferências para os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT) devem ser
feitas numa base trimestral. Contudo, as transferências dos fundos dos SDJET para as escolas deverão ser feitas
mensalmente, depois de apresentados os respectivos justificativos.

9.4. Mão-de-Obra para o Confeccionamento dos Alimentos


Como forma de garantir uma melhor organização do processo de manipulação e preparação dos alimentos, deve-se
garantir a contratação de cozinheiros permanentes nas escolas, os quais serão auxiliados, de uma forma rotativa,
pelos membros da comunidade, no desempenho das suas atribuições. Todos os envolvidos no processo de
confeccionamento dos alimentos deverão possuir um cartão de sanidade, emitido pelas autoridades sanitárias do
distrito. O número de cozinheiros a serem contratados nas escolas vai depender dos efectivos escolares, devendo
ser utilizado um rácio de 1 cozinheiro por 250 alunos até um máximo de 6 cozinheiros por escola.

10. Estimativas do custo per capita da Alimentação Escolar

A projecção dos custos, baseada em cardápios diversificados e balanceados, utilizando os preços médios actuais
dos mercados retalhistas do País, dá uma indicação de um custo per capita de 5,00 Meticais. A este valor deverão
15
ser acrescidos 30% para cobrir os custos de gestão e logística, pagamento dos cozinheiros permanentes, etc.,
passando o valor final para 6,50 Meticais. De referir que, tomando em consideração a inflação6, o custo per capita
deverá ser ajustado, anualmente, enquanto que a entrada de novos beneficiários deverá ter em consideração a taxa
média de crescimento económico do País7.

A fase piloto, prevista para decorrer entre 2012 a 2014, tem a maior parte das actividades já financiadas, através do
Memorandum BRA/04/044 de 2010 e dos fundos do Programa do País CP 200286 (2012-2015), do PMA, num total
de 16 milhões de dólares americanos. A fase de implementação efectiva do projecto deverá arrancar em 2015, na
qual var se dará prioridade às escolas localizadas nas zonas com sérios problemas de insegurança alimentar

11. Financiamento

O financiamento do Programa será feito com base no Orçamento do Estado, através da sua institucionalização
dentro do MINED. O governo continuará a abrir espaço para que outras entidades ou parceiros interessados em
implementar directamente o programa nas escolas o façam, mas dentro dos princípios e da filosofia estabelecidos
no PRONAE.

Por outro lado, a comunidade deverá ser mobilizada para comparticipar nos custos do Programa quer em dinheiro,
quer em espécie ou mão-de-obra. Em espécie, o apoio da comunidade estará virado no fornecimento de bens
necessários para o funcionamento do Programa, tais como lenha, carvão, água, bloco queimado, produtos
agrícolas, entre outros, enquanto a mão-de-obra deverá ser direccionada para a construção de infra-estruturas
necessárias para o Programa, tais como armazéns, cozinhas, refeitórios e sanitários, bem como no
confeccionamento dos alimentos.

12. Monitoria e Avaliação

As actividades de monitoria e avaliação devem tomar em conta os indicadores quantitativos e qualitativos propostos
no quadro lógico do anexo 3.

A monitoria e avaliação do Programa terão duas componentes, a saber:

monitoria e avaliação processual: destinada a monitorar e avaliar o processo da implementação do


Programa, em termos de procedimentos para as compras, armazenamento, preparação e distribuição dos
géneros alimentícios;

6 Para uma melhor estimativa dos custos assumiu-se uma inflação media anual de 7,5%
7 O crescimento económico do país foi estimada em 8,5%
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monitoria e avaliação de impacto: destinada a avaliar a alteração dos indicadores quantitativos propostos
no quadro lógico, em anexo.

As actividades de recolha da situação dos indicadores de base, bem como de monitoria do Programa, serão
realizadas pela DIPE, com a colaboração dos parceiros do Conselho Técnico de Alimentação Escolar (CTAE).
Contudo, para os trabalhos de avaliação do Programa, encoraja-se a contratação de uma consultoria ou a utilização
de órgãos externos ao processo (universidades, instituições de pesquisa, etc.), como forma de garantir a
transparência.

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ANEXOS

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ANEXO 1: Grupos de Alimentos
Grupos Fontes

Carbohidratos Pães, massas, biscoitos, arroz, farinhas, milho,


mandioca e batata.

Proteínas Galinha, peixe, vaca, ovos, leite e derivados,


feijões, soja e outros grãos.

Vitaminas, minareis e fibras Frutas, verduras e legumes.

Açucares e gorduras Açucares e doces, Óleos e gorduras.

Fonte: Philippe.S.T e Col 1999.

19
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ANEXO 2: Principais atribuições dos membros do Conselho Técnico
Instituições Atribuição dentro do Programa
Coordenar as actividades do Conselho Técnico;
Ministério que superintende o Participar na planificação do Programa;
sector da Educação Propor as escolas que devem entrar no Programa, tendo em conta o gradualismo na implementação;
Providenciar dados que permitam monitorar e avaliar o progresso dos indicadores educacionais;
Integrar a educação nutricional, horticultura e fruticultura no currículo escolar;
Garantir uma boa gestão financeira e o cumprimento das regras de procurment.
Proporcionar ligações entre o Programa e os agricultores de pequena escala;
Ministério que superintende o Incorporar a alimentação escolar nas políticas e estratégias do sector;
sector da Agricultura Prestar assistência técnica na produção escolar e aos produtores envolvidos no Programa, através da sua
rede de extensão;
Promover a prática da horticultura e fruticultura nas escolas;
Disponibilizar a informação sobre os preços de produtos agrícolas ao Programa;
Promover o associativismo agrícola ao nível local;
Divulgar as oportunidades de mercado, criadas pelo Programa no seio das organizações de produtores;
Facilitar o acesso ao crédito das organizações de produtores, através do Fundo de Desenvolvimento
Agrário (FDA);
Apoiar na implantação de pequenos sistemas de irrigação nas escolas, como forma de viabilizar o projecto
da horta escolar;
Apoiar na disponibilização dos insumos às escolas.
Ministério que superintende a Promoção da prática da piscicultura nas escolas, através da aquacultura
Pesca
Definir requerimentos alimentares adequados e baseados nas necessidades das crianças;
Apoiar a elaboração dos cardápios escolares, consoante a disponibilidade local dos alimentos e os hábitos
Ministério que superintende o alimentares locais;
sector da Saúde Garantir o cumprimento das práticas de higiene na preparação de alimentos nas escolas;
Promover a educação nutricional e as acções ligadas a saúde escolar (desparasitação, saneamento do
meio, suplementos vitamínicos, etc.)
Garantir a disponibilização dos recursos financeiros necessários para a implementação do Programa;
Ministério que superintende o Participar na angariação de financiamentos para o Programa;
sector das Finanças Gerir os financiamentos do Programa;
Garantir a utilização correcta dos fundos alocados ao Programa (fazer auditorias regulares ao Programa).
Propor a inclusão de beneficiários abrangidos pelas medidas de protecção social e zelar pelo seu
Ministério que superintende o cumprimento
sector da Acção Social Assegurar a ligação do Programa com a estratégia de protecção social básica (pilar de acção social
escolar).
Promover a Comercialização de produtos agrários de qualidade;
Ministério que superintende o Incentivar o sector privado a investir na transformação ou processamento de produtos agrários alimentares
sector da Industria e Comércio ao nível local;
Disponibilizar a informação sobre os preços de produtos agrícolas (processados) ao Programa;
Priorizar a venda dos produtos agrícolas às escolas abrangidas pelo Programa, na sua qualidade de
comprador de último recurso dos excedentes;
Garantir a fortificação de alimentos destinados à alimentação escolar
Integrar o Programa no Plano Económico e Social (PES) do governo
Ministério que superintende o
sector da Planificação e
Desenvolvimento
Garantir a inclusão de medidas de protecção ambiental ao Programa;
Promover a educação ambiental nas escolas e nas comunidades circunvizinhas;
Ministério que superintende o Promover a utilização sustentável dos recursos naturais como forma de evitar a sua
sector do Ambiente degradação/deterioração (por ex. Derivada da exploração dos recursos florestais para a obtenção do
combustível lenhoso);
Promover campanhas de plantio de árvores nas escolas e comunidades circunvizinhas.
Incorporar o Programa de Alimentação Escolar nas políticas de transporte existentes;
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Ministério que superintende o
sector dos Transportes
Incorporar o Programa de Alimentação Escolar nas políticas de obras públicas;
Garantir o acesso à água potável para as escolas abrangidas;
Assegurar a boa transitabilidade das vias de acesso às escolas;
Ministério que superintende o Apoiar na edificação das infra-estruturas imprescindíveis para a implementação do Programa (armazéns,
sector das Obras Públicas refeitórios, sanitários).
Através do Fundo Nacional de Energia (FUNAE) apoiar na instalação de painéis solares nas escolas
Ministério que superintende o localizadas em locais não cobertos pela rede nacional de energia eléctrica, de forma a facilitar o
sector da Energia bombeamento da água para o funcionamento dos pequenos sistemas de irrigação;
Disponibilizar, regularmente, informações sobre a situação da segurança alimentar e nutricional no país;
SETSAN Apoiar no desenvolvimento de medidas de promoção da segurança alimentar e nutricional no seio dos
beneficiários do Programa de Alimentação Escolar;
Em parceria com o MISAU, participar na promoção da educação nutricional nas escolas.
Parceiros do Governo Apoiar no financiamento do Programa;
Prestar assistência técnica na concepção e implementação do Programa;
Garantir a formação contínua dos técnicos moçambicanos.
Sociedade Civil Realizar acções de advocacia no seio do governo, da sociedade civil,dos sectores públicos e privado para
para a efectiva participação no programa.
Colaborar na mobilização de recursos financeiros junto da sociedade civil, sectores público e privado

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ANEXO 3: Quadro lógico do programa
Descrição sumária Indicadores Meios de verificação Pressupostos
Objectivo Reduzir, de uma forma sustentável, Aumento da taxa de ingresso (nº de Comparação dos dados do estudo Disponibilidade e recursos financeiros para a
geral o impacto negativo que os matriculados), redução da taxa de de base com os de monitoria e implementação o programa; Todos os actores
problemas da insegurança abandono escolar (rácio entre nº de avaliação do programa ou de outros ("stakeholders") colaboram a todos os níveis para
alimentar e da desnutrição desistidos e matriculados), melhoria dados nacionais (Censo implementação do programa; Não existe atrasos na
provocam no sector da educação da taxa de aproveitamento escolar populacional, Estatísticas do disponibilização dos fundos para a implementação do
em Moçambique, nomeadamente o (rácio entre o nº de aprovados e o nº MINED, inquéritos do MISAU, etc.) programa
fraco ingresso ao ensino, o dos que iniciaram o ano), melhoria da
abandono escolar, o absentismo e taxa de conclusão (total dos alunos
o insucesso escolar. que concluem o ciclo educacional),
redução da taxa de absentismo (nº de
faltas totais verificadas durante o ano),
melhoria dos indicadores nutricionais e
de saúde dos alunos (redução da
incidência das doenças e de
desnutrição no seio dos alunos)
Objectivos Estimular a melhoria das taxas de Aumento da taxa de ingresso (nº de Comparação dos dados do estudo Idem
específicos escolarização e de conclusão do matriculados), redução da taxa de de base com os de monitoria e
ensino abandono escolar (rácio entre nº de avaliação do programa ou de outros
desistidos e matriculados) dados nacionais (Censo
populacional e Estatísticas do
MINED)
Incentivar a assiduidade diária dos Redução da taxa de absentismo (nº de Comparação dos dados do estudo Idem
alunos, em particular da rapariga, faltas totais verificadas durante o ano) de base com os de monitoria e
combatendo-se deste modo o avaliação do programa ou de outros
absentismo escolar dados nacionais (Censo
populacional e Estatísticas do
MINED)
Fortalecer as capacidades físicas e Melhoria da taxa de aproveitamento Comparação dos dados do estudo Idem
cognitivas dos alunos por forma a escolar (rácio entre o nº de aprovados de base com os de monitoria e
torná-los mais concentrados e o nº dos que iniciaram o ano) avaliação do programa ou de outros
durante o processo de ensino e de dados nacionais (Censo
aprendizagem populacional e Estatísticas do
MINED)

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Impulsionar a economia local Aumento da participação dos Comparação dos dados do estudo Os produtores beneficiam de assistência técnica e
através da aquisição local dos produtores locais na comercialização de base com os de monitoria e crédito; produzem o suficiente para fornecer às escolas;
géneros alimentícios dos produtos agrários às escolas, avaliação do programa ou de outros não existem muitas barreiras burocráticas para os
aumento da produção e da dados nacionais (dados Inquérito produtores venderem os seus produtos às escolas
produtividade, aumento da área de agro-pecuário, do TIA, etc.)
produção, maior diversificação
agrícola, aumento da renda
proveniente da agricultura, aumento
na prática de culturas de rendimento,
aumento do agro-processamento,
aumento na posse de bens duráveis,
etc.
Promover a participação Maior envolvimento das comunidades Relatórios de monitoria e de A comunidade é mobilizada a participar activamente
comunitária na formação dos seus locais nas diversas acções previstas avaliação do projecto, visitas de nas actividades do projecto
educandos no programa (sua integração nos campo, workshops, reuniões de
comités locais de gestão do programa, balanço, etc.
comparticipação em mão-de-obra e
bens materiais nas diversas
actividades do programa, etc.)
Contribuir no desenvolvimento das Existência de campos ou infra- Relatórios de monitoria e de Os professores são capacitados em produção agrária,
habilidades dos alunos na produção estruturas para a prática da actividade avaliação do projecto, visitas de existe verba para a aquisição dos insumos, os alunos e
agrária (horticultura, fruticultura e agrária (hortas, viveiros, mudas, campo, workshops, reuniões de os encarregados de educação colaboram no programa,
pecuária) capoeiras, currais, pocilgas), balanço, etc. os extensionistas do SDAE dão assistência técnica e
participação dos professores e dos acompanhamento; as escolas dispõem de espaços para
alunos nas actividades agrárias, a práticas de actividades produtivas e de fontes de água
utilização dos produtos da produção para a irrigação
escolar no programa de alimentação
escolar.
Contribuir para a mitigação da Redução no número de pessoas Comparação dos dados do estudo Os produtores produzem o suficiente e conseguem
problemática da insegurança afectadas pela insegurança alimentar, de base com os de monitoria e disponibilizar os produtos às escolas, não existem
alimentar e da desnutrição a médio aumento no nº de refeições diárias, avaliação do programa ou de outros muitas barreiras burocráticas para os produtores
e longo prazo maior diversificação na dieta, redução relacionados tais como censos, venderem os seus produtos às escolas, os alunos,
da incidência das doenças e da inquéritos demográficos da saúde, professores e comunidade são capacitados em
desnutrição. relatórios da avaliação da pobreza educação nutricional.
(MPD), relatórios de avaliação da
InSAN (SETSAN), entre outros

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