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DESCRIÇÃO

E
INTERPRETAÇÃO
DA
ATIVIDADE
COGNOSCITIVA

Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva


Ana Rosa Leite

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1.1. Estrutura do ato de conhecer –
análise fenomenológica

Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva


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GNOSIOLOGIA

TEORIA DO
CONHECIMENTO

Estudo do conhecimento – estudo das relações entre o sujeito e o


objeto, procurando esclarecer e analisar criticamente os
PROBLEMAS que essas relações suscitam.

Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva


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ALGUMAS QUESTÕES
GNOSIOLÓGICAS:

• O que é o conhecimento?
• Que tipos de conhecimento existem?
• Quais as fontes do conhecimento?
• Qual a origem do conhecimento?
• Será que o conhecimento é possível?
• Qual o fundamento do
conhecimento?

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Perspetiva Fenomenológica

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SEGUNDO A DESCRIÇÃO FENOMENOLÓGICA DO ATO
DE CONHECER:

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CONHECIMENTO ?

RELAÇÃO
Um SUJEITO apreende um OBJETO
IMAGEM
o resultado
dessa relação é
Aquele que conhece Aquilo que é conhecido o conhecimento.
(cognoscente)

CORRELAÇÃO: o sujeito só é sujeito em relação a um objeto e este só é


objeto em relação a um sujeito. (interdependentes e irreversíveis)

Representar o objeto é também, em certa medida, construí-lo.

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ATO DE CONHECIMENTO

É inseparável de um contexto.

Existem diferentes tipos de Existe uma pluralidade


conhecimentos. de experiências.

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TIPOS DE CONHECIMENTO

SABER-FAZER SABER-QUE CONHECIMENTO


(conhecimento por (conhecimento POR CONTACTO
aptidão ou saber-como) proposicional)

Conhecimento Conhecimento de Conhecimento


prático ou proposições ou direto de alguma
conhecimento de pensamentos realidade.
atividades. verdadeiros.

Exemplo: saber que Exemplo: David


Exemplo: saber «2 + 2 = 4». conhece Paris.
cozinhar.

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À Filosofia interessa
prioritariamente o conhecimento
de verdades ou o

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SUJEITO INTERAÇÃO OBJETO

Aquele que Conhecimento Aquilo que é


conhece conhecido

Saber-fazer Conhecimento Saber-que


por contacto

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HÁ CONHECIMENTO PROPOSICIONAL
(SABER-QUE) quando

RELAÇÃO :
CONHECIMENTO
PROPOSICIONAL - SUJEITO, S
CONSISTE
- PROPOSIÇÃO, P

A definição tradicional de conhecimento


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CONHECIMENTO PROPOSICIONAL
(SABER-QUE)

Proposições verdadeiras Proposições falsas

No conhecimento proposicional verifica-se uma


relação entre um sujeito e um objeto.

• Em que condições podemos considerar


que S sabe que P?

A definição tradicional de conhecimento


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1ª CRENÇA.

Saber é acreditar
naquilo que se sabe. •Se S sabe que P, então S acredita que P

SUJEITO CRENÇA OBJETO

Ex. Se Sara sabe que


Saturno é um planeta, CONDIÇÃO NECESSÁRIA
então acredita que
PARA O CONHECIMENTO
Saturno é um planeta.

Mas não é uma condição suficiente

A definição tradicional de conhecimento


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As crenças podem ser verdadeiras ou falsas.

Por ex.
Suponhamos que Manuel acredita que Saturno é uma estrela.
Poderemos dizer que ele sabe tal coisa?
Não, já que é falso que Saturno seja uma estrela . Ele pode julgar que
sabe, mas pode estar enganado

NEM TODAS AS CRENÇAS CONSTITUEM CONHECIMENTO

Só as crenças verdadeiras podem


resultar em conhecimento

A definição tradicional de conhecimento


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2ª VERDADE

A proposição em que O conhecimento é


se acredita deve ser factivo, não se pode
verdadeira conhecer falsidades

S sabe que P se, e só se,


Assim
1) S acredita que P; e

2) P é verdadeira;

Mas será que basta ter uma crença ou opinião verdadeira


para possuir conhecimento?

A definição tradicional de conhecimento


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Quando alguém sabe que algo é
verdade, não pode acertar na verdade
por uma questão de sorte, por mero
acaso ou por um palpite

EX.

A definição tradicional de conhecimento


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 Imagine que Sara pergunta a Pedro que tipo de astro é Saturno e que
ele lhe responde que é um cometa. Porém, Sara ouve mal a resposta e
fica a acreditar que Saturno é um planeta. Será que Sara sabe que
Saturno é um planeta? Ela tem uma crença verdadeira , ma não sabe tal
coisa, já que a sua crença se deve a um equivoco que, por mero acaso,
a conduziu á verdade.

Não basta a uma crença ser verdadeira para que constitua conhecimento;

A definição tradicional de conhecimento


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3ªJustificação

Uma CRENÇA VERDADEIRA só constitui


conhecimento caso decorra de uma

Quando é que uma crença está justificada ?

Ou seja,

A definição tradicional de conhecimento


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• S sabe que P se, e só se,
• 1) S acredita que P;
• 2) P é verdadeira; e
• 3) S tem uma justificação para acreditar em P

A definição tradicional de conhecimento


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DEFINIÇÃO CLÁSSICA OU TRADICIONAL DE
CONHECIMENTO

(Definição tripartida do conhecimento – defendida por Platão, no DIÁLOGO TEETETO)

CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO

①CRENÇA ②VERDADE ③
JUSTIFICAÇÃO

S dispõe de
justificação ou
S acredita que P. P é verdadeira. provas para
acreditar que P.

S sabe que P se, e só se

Crença, verdade e justificação: condições necessárias e suficientes para que haja conhecimento
Consideradas isoladamente,

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Exemplo: “O João sabe que Portugal é um país europeu.”

CRENÇA – O João é português e acredita que está no continente europeu.


VERDADE – É verdade que Portugal está no continente europeu.
JUSTIFICAÇÃO – O João justifica racionalmente o seu conhecimento com base nos inúmeros
mapas que viu e nas suas viagens pela Europa.

Se o João nunca tivesse visto um mapa, nunca tivesse viajado e não acreditasse
que estava na Europa, não poderíamos defender que o João sabia que Portugal
é um país europeu, mesmo que isso seja verdade.

CRENÇA VERDADE JUSTIFICAÇÃO

CONHECIMENTO

A definição tradicional de conhecimento


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ESTA IDEIA DO CONHECIMENTO PROPOSICIONAL COMO CRENÇA
VERDADEIRA JUSTIFICADA

NÃO É CONSENSUAL E ENCONTRA-SE SUJEITA A ALGUMAS OBJEÇÕES

Críticas à definição tradicional de conhecimento

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EDMUND GETTIER

Contra-exemplos à definição de
conhecimento como crença verdadeira
justificada.

Se aceitarmos os seus Pode haver CRENÇAS


contra-exemplos, ter uma VERDADEIRAS que são
crença verdadeira justificada

para o em resultado da do
conhecimento ou da mera

Críticas à definição tradicional de conhecimento


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IMAGINEMOS AS SEGUINTES SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS

1. O cão esquisito
Pela janela, Sérgio contempla um monte verdejante. Repara num animal que se
passeia por lá e que é tal e qual uma ovelha. Sérgio forma assim a crença de que
está uma ovelha no monte. Acontece que esse animal, na verdade, é um cão muito
esquisito. Acontece também que, fora do campo visual de Sérgio, uma ovelha pasta
no monte.

2- O relógio parado
Mariana olha para o relógio da torre, ficando a acreditar que são 12:45. Ela sabe que o
relógio funcionou bem durante muitas décadas. Só que ignora que este se avariou há
alguns dias e que agora está parado. Mas mesmo um relógio parado indica a hora certa
duas vezes por dia. E é isso que acontece agora: de facto, são 12:45.

Críticas à definição tradicional de conhecimento

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Críticas à definição tradicional de conhecimento
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Críticas à definição tradicional de conhecimento

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SE PARA EXISTIR
CONHECIMENTO

não é suficiente
que exista uma
CRENÇA

VERDADEIRA JUSTIFICADA
O que mais será
necessário para garantir
o conhecimento?

É preciso ENCONTRAR OUTRA CONDIÇÃO que


permita evitar estes e outros contra-exemplos.

Críticas à definição tradicional de conhecimento


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TEMOS CONHECIMENTO UMA CRENÇA JUSTIFICADA
PROPOSICIONAL? PODE SER FALSA?

NÃO SIM NÃO

EMPIRISMO RACIONALISMO
INFALIBILISMO
CETICISMO
RADICAL

EXPERIENCIA INTUIÇÃO RACIONAL OU


fonte de INTELETUAL - fonte de
Não é possível conhecimento conhecimento
conhecer

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JUSTIFICAÇÃO E ERRO

De acordo com
DEFINIÇÃO
TRADICIONAL

conhecimento exige
uma JUSTIFICAÇÃO INFALIBILISMO
ADEQUADA

Há duas maneiras
de entender esta
exigência FALIBILISMO

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Uma justificação
só é adequada

INFALIBILISMO

Ou seja, uma se excluir


justificação completamente a
adequada é possibilidade de
INFALÍVEL, ERRO.

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Assim,
- se S sabe realmente que P,
- S tem provas tão fortes de que P é verdadeira
que não poderá estar enganado.

Se Ana sabe realmente que está a chover, então tem


provas conclusivas de que está a chover,

o que significa que não existe a menor possibilidade


de ela estar enganada.

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não temos a
Uma justificação Basta que seja
certeza de que a
adequada pode
crença é muito provável
ser falsa. Ou seja,
verdadeira .

O FALIBILISMO
Mesmo que a Ana de que está a
disponha apenas chover, ainda
de provas assim poderá
significativas - mas saber que está a
não conclusivas - chover

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Tipos de conhecimento:

Consiste no conhecimento de verdades por parte do


Conhecimento Proposicional sujeito:
“A Andreia conhece as principais falácias informais.”

Conhecimento que resulta do contacto entre sujeito


Conhecimento por Contacto e objeto:
“A Leonor conhece o António.”

Conhecimento de uma habilidade, é do domínio do


Saber-Fazer fazer:
“O António sabe nadar.”

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Identifique o tipo de conhecimento

1. Saber conduzir automóvel saber – fazer

2. Saber que Luís é moreno contacto

3. Saber que Londres é a capital e Inglaterra proposicional

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A verdade não é necessária para o conhecimento porque podemos
conhecer falsidades. Sabemos, por exemplo, que é falso que o Pai
Natal exista . Concorda? Justifique

FONTES DE CONHECIMENTO

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 A consideração de que há diferentes formas
de justificar as crenças que temos por
verdadeiras remete-nos para o

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FONTES DE CONHECIMENTO

PENSAMENTO JUSTIFICAÇÃO DO SENTIDOS


OU RAZÃO CONHECIMENTO (EXPERIÊNCIA SENSÍVEL)

Perguntar pela fonte do


Juízos a priori conhecimento equivale, a
perguntar pela forma como é
Juízos a posteriori
possível conhecer a verdade de
Exemplo: um determinado juízo ou pela Exemplo:
justificação que apresentamos
«5 + 5 = 10». para esse conhecimento. «O Sol brilha».

JUÍZOS cuja verdade pode ser conhecida JUÍZOS cuja verdade só pode ser conhecida através
independentemente de qualquer experiência, tendo, da experiência sensível.
portanto, origem no pensamento ou razão.

Não são estritamente universais (não são


(são verdadeiros sempre e em toda a verdadeiros sempre e em toda a parte) e
parte) e (negá-los implicaria entrar em – são verdadeiros, mas poderiam
contradição). ser falsos, e negá-los não implica entrar em
contradição.

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MODOS DE CONHECIMENTO

Conhecimento a priori Conhecimento a posteriori

Baseia-se em , tendo a sua fonte Baseia-se em , tendo a sua


ou origem apenas no pensamento ou na razão. É origem na experiência. É o conhecimento
justificado pela razão e não pela experiência. empírico, justificado pela experiência.

Todos os corpos são extensos. Exemplos


O Manuel é alto.
A=A A chuva molha.
2+2=4 Todos os corpos são pesados.
Exemplos

Todo o conhecimento começa com a experiência,


mas nem todo deriva da experiência , segundo Kant.
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VAMOS AGORA ESTUDAR DUAS
DOUTRINAS FILOSÓFICAS QUE
VALORIZAM E PRIVILEGIAM
DIFERENTEMENTE AS FONTES
DE QUE PROVÊM OS
CONHECIMENTOS REFERIDOS .

TRATA-SE DO
RACIONALISMO E DO
EMPIRISMO
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