Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Arqueologia e Antropologia

Licenciatura em Antropologia

Docente: Dr. Johane Zonzo

Discente: Carlitos Romão Tomé

3ᵒ Ano, 1ᵒ semestre, 2020

Cadeira: Pesquisa Documental e de Arquivo

Referências bibliográficas

Marconi, Marina de Andrade; e Lakatos, Eva Maria. 2009. “Pesquisa Documental”. In:
Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Editora Atlas.

Segundo os autores, a pesquisa documental é a fonte de colecta de dados, restrita a

documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas
podem ser feitas no momento em que o fenómeno ocorre ou depois.

1. Escritos - podem ser divididos em primários e secundários.

Os primários - compilados na ocasião pelo autor (ex.: documentos de arquivos

públicos, publicações parlamentares e administrativas, estatísticas (senso), documentos
de arquivos privados, cartas e contratos; e compilados após o acontecimento pelo autor.
Ex.: diários, autobiografias, relatos de visitas a instituições e relatos de viagens).

Secundários: a) transcritos de fontes primárias contemporâneas (ex.: relatórios de

pesquisa baseados em trabalho de campo de auxiliares; estudos históricos recorrendo a
documentos originais; pesquisas estatísticas baseada em dados de recenseamento, e
pesquisa usando a correspondência de outras pessoas; b) transcritos de fontes primárias
retrospectivas (ex.: pesquisa recorrendo a diários ou autobiografias).
 2. Outros – podem ser divididos em primários e secundários.

Primários: a) feitos pelo autor (ex.: fotografias, gravações em filas magnética, filmes,
graticos, mapas e outras ilustrações); b) analisados pelo autor (ex.: objectos, gravuras,
pinturas, desenhos, fotografias, canções folcróricas, vestuário).

Secundários: a) feitos por outros: material cartográfico, filmes comerciais, rádio,

cinema e televisão; b) feitos por outros: material cartográfico, filmes comerciais, rádio,
cinema e televisão.

Os autores afirmam que para que o investigador não se perca por excesso de
documentos deve iniciar seu estudo com a definição clara dos seus objectivos, para
poder julgar que tipo de documentação será adequado às suas finalidades. Tem de
conhecer os riscos que corre de suas fontes serem inexactas, distorcidas ou erróneas. Por
esse motivo, para cada tipo de fonte fornecedora de dados, o investigar deve conhecer
meios e técnicas para testar tanto a validade e fidedignidade das informações.

Fontes de documentos

1. Arquivos públicos: Podem ser municipais, estaduais e nacionais. Em sua maior

parte contêm: a) Documentos oficiais: ordens régias, leis, ofícios, relatórios,
correspondências, anuários, alvarás etc. b) Publicações parlamentares: atas,
debates, documentos, projectos de lei, impressos, relatórios etc. c) Documentos
jurídicos, oriundos de cartórios: registos de nascimentos, casamentos, desquites
e divórcios, mortes; escrituras de compra e venda, hipotecas; falências e
concordatas; testamentos, inventários etc. e d) iconografia.

2. Arquivos particulares e podem ser distinguidos em: a) Domicílios particulares:

correspondência, memórias, diários, autobiografias etc. b) Instituições de ordem
privada, tais como bancos, empresas, sindicatos, partidos políticos, escolas,
igrejas, associações e outros, onde se encontram: registos, ofícios,
correspondência, atas, memoriais, programas, comunicados etc.

c) Instituições públicas, do tipo delegacias, postos etc., quer voltadas ao trabalho,

trânsito, saúde, quer actuando no sector de alistamento militar, actividade eleitoral,
actividades de bairro e outros, podendo-se colher dados referentes a: criminalidade,
detenções, prisões, livramentos condicionais; registo de automóveis, acidentes;
contribuições e benefícios de seguro social; doenças, hospitalizações; registo de
eleitores, comparecimento à votação; registos profissionais.

3. Fontes estatísticas: abrangem os mais variados aspectos das actividades de uma

sociedade, incluindo as manifestações patológicas e os problemas sociais.

a) Características da população: idade, sexo, raça, escolaridade, profissão, religião,

estado civil, renda etc.;
b) Factores que influem no tamanho da população: fertilidade, nascimentos, mortes,
doenças, suicídios, emigração, imigração etc.;
c) Distribuição da população: rural e urbano, migração, densidade demográfica, etc.;
d) Factores económicos: mão-de-obra economicamente activa, desemprego, distribuição
dos trabalhadores pelos sectores primário, secundário e terciário da economia, número
de empresas, renda per capita, Produto Interno Bruto etc.;
e) Moradia: número e estado das moradias, número de cómodos, infra-estrutura (água,
luz, esgotos etc.), equipamentos etc.;
f) Meios de comunicação: rádio, televisão, telefone, gravadores, carros etc.

Tipos de Documentos

1. Escritos
 Documentos oficiais – constituem geralmente a fonte mais fidedigna de dados,
e dizem respeito a actos individuais, ou, ao contrário, actos da vida política, de
alcance municipal, estadual ou nacional;
 publicações parlamentares – geralmente são registos textuais das diferentes
actividades das câmaras e do senado;
 Docuemntos jurídicos – constituem uma fonte rica de informes do ponto de
vista sociológico, como como uma sociedade regula o comportamento de seus
membros e de que forma se apresentam os problemas sociais;
 Fontes estatísticas – os dados são colhidos directamente e a intervalos
geralmente regulares, abrangendo a totalidade da população (senso), utilizando-
se da técnica da amostragem, generalizando os resultados a toda população;
  Publicações administrativas – sua fidedignidade é menor do que a dos
documentos oficiais e jurídicos e das publicações parlamentares;
 Documentos parlamentares – constituem principalmente cartas, diários,
memorias e autobiografias, sendo as mais importantes sobretudo, pelo seu
conteúdo não oferecer apenas factos, mas o significado que estes tiveram para
aqueles que os viveram, descritos em sua própria linguagem.
Diferenças entre diários, memorias e autobiografias: Diário é o documento escrito
na ocasião dos acontecimentos que descreve; memórias consistem em reminiscências do
autor em relação a determinado período, auxiliado ou não por diários, mas ele próprio
pode não ser o personagem central; autobiografia é um registo cronológico e sistemático
da vida do autor, que se configura como personagem principal.

2. Outros
 Iconografia – é a fonte preciosa sobre o passado e abrange documentos por
imagem como gravuras, estampas, desenhos, pinturas, etc. excepto fotografia;
 Fotografias – têm a mesma finalidade que a ecografia, porém referem-se a um
passado menos recente;
 Objectos – constituem factor primordial principalmente para os estudos
etnográficos, e permitem em relação as diversas sociedades, verificar o nível de
evolução, o sentido da evolução, os meios de produção, e a significação
valorativa.
 Canções Folcróricas – traduzem os sentidos e valores de determinada
sociedade, em um dado contexto;
 Vestuário – dependendo da sociedade, não constitui apenas um símbolo de
status, mas também de momentos sociais;
 Folcrore – constituindo-se de rico acervo de costumes, objectos, vestuário,
cantos, danças, etc. e permite a reconstituição do modo de vida de sociedade no
passado, tanto a actos ligados a aspectos festivos como de actividades do dia-a-
dia.