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AUTOR:ARMÉNIO REGO*
MARÇO, 16 DE 2007
FONTE: DIÁRIO DE NOTÍCIAS
A inteligência emocional (IE) representa a capacidade para conciliar emoções e razão: usar
as emoções para facilitar a razão, e raciocinar inteligentemente acerca das emoções. Inclui
características como (a) a consciência das emoções próprias e dos outros; (b) a empatia; (c)
o conhecimento das causas e das consequências das emoções; (d) a reparação de estados
de espírito negativos; (e) a gestão das emoções próprias e dos outros.
Embora o tema seja controverso, algumas pesquisas têm sugerido que a IE contribui para o
sucesso profissional, a saúde, a satisfação com a vida e com o trabalho e a eficácia dos
líderes. Autores como Goleman sugerem mesmo que quase 90% das competências
necessárias para o sucesso da liderança são de natureza emocional e social. Alguma
evidência científica não é tão peremptória, mas há razões para supor que os líderes
emocionalmente inteligentes denotam várias capacidades:
- São capazes de articular uma visão para a organização mais mobilizadora dos talentos.
- Conseguindo reparar estados de espírito negativos, acabam por ser mais perseverantes e
corajosos.
Líderes com elevados níveis de IE podem criar climas onde imperam a partilha, a confiança,
níveis saudáveis de tomada de risco e uma aprendizagem proveitosa. Ao contrário, baixos
níveis de IE produzem medo, ansiedade, inibição de arriscar, resistência à partilha de
conhecimentos e experiência. Quando um líder está sob estados de espírito positivos, as
pessoas em seu redor tendem a encarar a envolvente de um modo também positivo -
tornando-se mais optimistas acerca do alcance dos objectivos, mais criativas, mais
eficientes na tomada de decisão, e mais predispostas para ajudar os restantes membros
É necessário, todavia, ser cauto perante este "paraíso celestial". Líderes com boas
competências de IE podem transformar-se em manipuladores natos e criar danos nos
seguidores e nas organizações. E não é prudente tomar-se a IE como a panaceia.
Características como a integridade e as competências técnicas e conceptuais são também
essenciais. Acresce que pessoas emocionalmente inteligentes não suscitam
necessariamente organizações e grupos emocionalmente mais capazes. Uma organização
repleta de indivíduos emocionalmente inteligentes pode mesmo dar origem a uma
organização deficitária em capacidade emocional.
A IE pode ser aprendida? A resposta é complexa, embora se possa afirmar o seguinte. (1) A
IE tem uma componente genética, mas a investigação sugere que a formação "conta". (2) A
formação fundamentalmente expositiva pode ser pouco eficaz - porque se focaliza na parte
errada do cérebro. Parece necessário direccionar o enfoque para o sistema límbico -
induzindo motivação no indivíduo para mudar, impelindo-o a praticar, proporcionando-lhe
feedback, levando-o a observar actuações empáticas de outras pessoas. (3) Uma condição
sine qua non é ter sincero desejo de mudar e envidar os esforços correspondentes.
Por conseguinte, caro leitor, se quer desenvolver a sua IE, não acredite em receitas
milagrosas. Mas esforce-se, quer seja ou não líder. Não esqueça: os colaboradores também
necessitam de saber gerir os seus líderes.
Para desenvolver o assunto: Goleman, D., Boyatzis, R., & McKee, A. (2002). Primal
Leadership. Boston: Harvard Business Scholl Press.