No século V a.C, no período clássico da filosofia grega, os filósofos ampliaram as áreas
de reflexão, abrangendo as questões morais. A ética do período clássico grego é considerada racionalista, pois um dos principais elos entre estes sistemas éticos é o fato de todos se apoiarem na capacidade racional humana, como meio de determinação para sua ação. No entanto, na Antiguidade, o sujeito moral não podia ser compreendido na sua completa individualidade, como hoje. Os gregos eram antes de tudo cidadãos, membros de uma comunidade, e a ética ligava-se intrinsecamente à política. Era Dizendo de outra maneira, era no campo da política que os gregos exerciam a liberdade, já que se tratava do espaço dos "iguais". Enquanto isso, na vida da família prevalecia a desigualdade, porque as mulheres e os escravos submetiam-se ao poder do chefe. A sua inferioridade devia-se ao destino que lhes cabia, de manter a subsistência da vida em atividades relacionadas com o corpo: o escravo pelo trabalho manual e a mulher pela procriação. Assim diz a filósofa Hannah Arendt: “o ser político, o viver numa pólis, significava que tudo era decidido mediante palavras e persuasão, e não através de força e violência. Para os gregos, forçar alguém mediante violência, ordenar ao invés de persuadir, eram modos pré-políticos de lidar com as pessoas, típicos da vida fora da pólis, característicos do lar e da vida em família, na qual o chefe da casa imperava com poderes incontestes e despóticos”. Essa visão hierarquizada vinha desde os tempos homéricos em que aos "melhores" (aristói, em grego) cabia decidir os destinos da cidade. Das muitas mudanças ocorridas na era clássica, destaca- se que os valores da aristocracia guerreira foram substituídos pelos da cidadania. Nesse caso, a excelência é a filia (philia), cuja tradução literal é "amizade", "amor" e tem o sentido amplo de "reciprocidade entre os iguais". Ou seja, a philia é a base da vida pública, das relações na comunidade. Outro aspecto marcante da filosofia antiga é o viés metafísico, segundo o qual a compreensão do mundo baseia-se na noção de ser, ou seja, na busca de um sentido que nos conduza à essência do ser. Por exemplo: O que é o ser da virtude? O que é a verdade? O que é o bem? Daí a importância que, desde Sócrates, deu-se à definição do conceito. Os sofistas mudaram o eixo da problemática da filosofia propondo soluções a respeito do homem e da sua vida em sociedade. A moral sofista tem sua base no relativismo ou perspectivismo. É da palavra grega sofos que surge o termo sofista, com significado de Sábio ou especialista do saber. Os sofistas diziam possuir a virtude da arte de educar aos homens e de prepará-los para a vida em sociedade. A aquisição da virtude, equivale a desenvolver a capacidade de convencimento, a arte da retórica. Os sofistas captaram os acontecimentos e o espírito da época que viviam e alcançaram sucesso principalmente entre os jovens. Respondiam à necessidade do momento, diante da insatisfação com os valores da tradição e difundiam a cultura percorrendo várias cidades, cobrando por seus e ensinamentos.
Exercícios:
1- Os sofistas, mestres da retórica e da oratória, opunham-se aos pressupostos de que
as leis e os costumes sociais eram de caráter divino e universal. Deu-se, entre eles, o: A) naturalismo. B) relativismo. C) ceticismo filosófico. D) cientificismo. E) racionalismo.
2- A ética do período clássico grego é considerada racionalista porque:
A) Um dos principais elos entre estes sistemas éticos é o fato de todos se apoiarem na capacidade racional humana, como meio de determinação para sua ação. B) filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. C) Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade. D) os sofistas propõem a interpretação do que é a virtude, principalmente porque eles se dizem especialistas na arte de educar. E) a política em Atenas tomou um rumo não com a propositura de produzir conhecimento para melhorar a situação da pólis grega, mas para convencer e seduzir outros cidadãos com discursos inflamados e contagiantes.