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SÍNDROME DE WOLFF-PARKINSON-WHITE
Maringá- PR
2018
SÍNDROME DE WOLFF-PARKINSON-WHITE
Maringá – PR
2018
SÍNDROME DE WOLFF-PARKINSON-WHITE
Altemar Boeira de Araujo¹
Lais Stocco Buzzo²
RESUMO
ABSTRACT
1 Graduado em Médicina, pós-graduando no curso de Cardiologia, pela Unidade de Ensino Superior Ingá –
Centro Universitário Ingá.
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Enfermeira. Mestre em promoção da Saúde pelo Unicesumar e orientadora de normas técnicas.
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1. INTRODUÇÃO
No ano de 1930, Louis Wolff, John Parkinson e Paul Dudley White, descreveram uma
síndrome eletrocardiográfica, que consistia em um “bloqueio de ramo funcional e intervalo
PR curto”, com episódios frequentes de taquicardia paroxística. A síndrome de Wolff-
Parkinson-White é a mais frequente do grupo das síndromes de pré-excitação, que são
caracterizadas por despolarização ventricular precoce durante condução do estímulo elétrico
do átrio para o ventrículo, através de uma ou mais vias acessórias (BRAUNWALD et al,
2003) .
O estudo eletro físico (EEF) apresenta grande potencial no diagnostico desta condição
clinica. Pois, através dele, é possível localizar a VA, determinar as suas características de
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condução anterógrada rápida, bem como definir o seu papel no mecanismo da arritmia do
doente (ROBERT et al. 2012)
2. REVISÃO DE LITERATURA
Para Gang et al. (1985) foi no início década de 80, que a ablação de arritmias por
cateteres começou a ser utilizada com alta energia para produzir lesões. Sendo que no final
dos anos 80, a ablação por radiofrequência passou a ser aplicada. A lesão resultante da
ablação por radiofrequência é de cerca de 5 a 6 mm, portanto a necessidade de precisão na
localização da via anômala. Para isso, foram elaborados diversos algoritmos
eletrocardiográficos, que dividiam os anéis A-V em mais regiões. Levando em conta o
sucesso do procedimento e baixa morbi-mortalidade, a ablação por radiofrequência
considerada hoje o tratamento de escolha em pacientes com síndrome de WPW (WELLENS,
2004)
Para Gallagher et al. (1978) a síndrome de WPW é a forma mais comum de pré-
excitação ventricular, que é quando parte ou todo o ventrículo é ativado mais precocemente
pelo átrio, do que se o impulso fosse até o ventrículo pelo sistema de condução normal A-V.
Para isso, é necessária a presença de vias acessórias que comunicam o átrio ao ventrículo. Em
relação ao diagnóstico da síndrome de WPW, o portador da síndrome deve apresentar
intervalo PR curto, onda delta no início do QRS, e também taquicardia paroxística
(JOSEPHSON, 2002).
2.2. Epidemiologia
A prevalência da síndrome de WPW é de cerca de 0,1 a 3,1 por 1000 nascidos vivos,
fato que pode estar sendo subestimado, devido ao fato das possíveis alterações
eletrocardiográficas se apresentar de forma inconstante em alguns casos (SANO et al. 1998).
A incidência é maior no sexo masculino, acima dos 60 anos e entre o primeiro ano de vida e
na adolescência, cerca de 50% dos doentes são assintomáticos e a presença de VA múltiplas é
caracterizada em cerca de 13% dos casos, sobretudo quando existe história familiar. A
ocorrência de arritmia está relacionada com a idade na qual é detectada a pré-excitação,
geralmente em indivíduos mais velhos (MUNGER et al. 1933)
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Cerca de 30 % dos pacientes diagnosticados com essa síndrome têm algum tipo de
cardiopatia associada. Dentre elas, sendo a mais comum, ocorrendo em 9% dos casos, é a
Anomalia de Ebstein. O risco de morte súbita em pacientes assintomáticos portadores da
síndrome de WPE é de aproximadamente 0,1% e 0,56% naqueles que desenvolvem alta
resposta ventricular pela via acessória durante fibrilação atrial (KLEIN, 1979).
Para MacRae (1995) cerca de 10% dos portadores com síndrome de WPW, também
são acometidos da doença de Ebstein, uma cardiopatia que resulta de uma deformidade
congénita, caracterizada por anomalias na válvula tricúspide e no ventrículo direito, e assim
podem ter uma ou múltiplas VA direitas associadas. Outras cardiopatias congénitas
associadas à síndrome WPW, estão os defeitos septais auriculares e ventriculares, divertículos
do seio coronário e transposição de grandes vasos. Em contra partida, doentes acometidos
com cardiomiopatia hipertrófica aparentam ter prevalência de VA superior que a da
população em geral. Está descrita uma forma familiar de cardiomiopatia hipertrófica e
síndrome WPW, com traço autossómico dominante, mapeado num locus do cromossoma 7q3.
Para Paola et al. (2005) devido o grande numero de manifestações clínicas desta
síndrome, ela permite dividir seus portadores em três grupos distintos: 1) Graves, com
episódios sincopais e/ou fibrilação ventricular; 2) Leves a moderados, quando ocorrem
episódios inconstantes de taquicardia, com alta tolerância e sem sinais de comprometimento
hemodinâmico; 3) assintomáticos.
2.5. Diagnostico
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Sendo assim, pode-se ter distintos graus de pré-excitação, variando o tempo decorrente
desde o inicio do impulso pelo nó sinusal até ao nó AV e até à VA, bem como do tempo de
condução do impulso pelo nó AV, pelo sistema His-Purkinje e pela VA. Este grau de pré-
excitação pode ser subtil, especialmente nos doentes com VA laterais esquerdas e naqueles
com condução lenta destas vias. As vias assim localizadas, tem suas derivações precordiais
laterais melhores avaliadas, sendo que, numa pré-excitação subtil o complexo QRS perde a
onda q “septal” nas derivações precordiais laterais. Em contrapartida, as VA laterais direitas,
pela sua maior proximidade com o nó sinusal, estão associadas a um grau maior de pré-
excitação ventricular. No caso do ECG for incerta, a administração de adenosina permite que
se evidencie a pré-excitação. Mesmo o ECG sendo considerado eficaz no diagnostico dessa
síndrome, cerca de 20% das taquicardias são classificadas de forma errônea levando em conta
apenas dados do ECG (ZIPES, 2009).
2.6. Tratamento
O tratamento cirúrgico é sugerido para pacientes que tenham via anômala com período
refratário ≤ 270 ms, e que a ablação por radiofrequência obteve êxito esperado, ou naqueles
pacientes que apresentam sintomas persistentes mas que não responderam ao tratamento
farmacológico e nem a ablação. A cirurgia conta com uma taxa de sucesso entre 92% a 100%
e mortalidade inferior a 1%, no entanto, conta com alta taxa de morbidade (GUIRAUDON et
al. , 1986). Existe, no entanto, complicações tanto no estudo eletrofisiológico e na ablação por
radiofrequência, essas complicações podem ser: perfuração com tamponamento cardíaco,
bloqueio átrio-ventricular total, derrame pericárdico, pericardite, lesão valvar, embolia,
trombose venosa e/ou arterial, hematoma femoral e/ou retro-peritoneal, infecção, pseudo-
aneurisma ou fístula arteriovenosa femoral (CHEN et al. 1996)
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa é de natureza eminentemente qualitativa, uma vez que está pautada em
metodologias cujo objetivo é fazer uma análise crítica, descritiva e exploratória acerca de
objetos de pesquisa como o aqui investigado, ou seja, a Síndrome de Wolff-Parkinson-White,
tal como sugerido por autores como Vergara (2004) e Minayo (1999). De acordo com as
formulações de Vergara (2004), a pesquisa exploratória “[...] é realizada em área na qual há
pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não
comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa” (p. 47).
Nesse sentido, destacamos que os estudos sobre tal síndrome são importantíssimos,
mas pouco sistematizados em seus aspectos teóricos e metodológicos, de maneira que a ideia
de uma pesquisa exploratória desses estudos mostrou-se inspiradora para este trabalho.
Depois disso, foi realizada primeiramente uma pesquisa bibliográfica e exploratória, que tal
como aponta Gil (2010) tem como objetivo proporcionar uma maior familiaridade com o
fenômeno estudado e com as questões levantadas, para que assim possa conduzir a análise de
maneira mais legítima ao que tem sido produzido acerca do tema ora em apreciação.
Com base nos aspectos discutidos e seguindo a metodologia proposta neste artigo,
parte-se para a análise dos resultados encontrados na pesquisa bibliográfica acerca da
importância do diagnostico precoce na Síndrome de Wolff-Parkinson-White, principalmente
ao que se diz respeito à morte súbita. No intuito de organizar as temáticas estudadas sobre o
assunto, este tópico encontre-se desmembrado em sub-tópicos, para melhor compreensão e
organização do trabalho.
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4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da análise dos artigos foi possível identificar e delimitar o padrão especifico
do ECG, sendo que através desse exame é possível obter o diagnostico da síndrome de WPW.
Padrão eletrocardiográfico
Para Josephson (2002) fica evidente que a variável do tempo que o impulso elétrico leve
para chegar do nó sinusal até o nó A-V e até a via anômala, assim como o tempo que decorre
para o impulso passar pelo nó A-V, pelo sistema His-Purkinje e pela via anômala para chegar
no ventrículo, tem como consequência diferentes graus de pré-excitação, ou/e uma pré-
excitação invisível, relacionado diretamente com a frequência sinusal.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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