I. O documento discute a constitucionalidade de uma lei emergencial sobre seca que já não se aplicava mais devido às condições terem melhorado.
II. Argumenta-se que a lei penal em questão era inconstitucional e portanto nula, de modo que ninguém poderia ser punido com base nela.
III. A lei pode ter descriminalizado total ou parcialmente o consumo de drogas, dependendo da interpretação dada às doses permitidas.
I. O documento discute a constitucionalidade de uma lei emergencial sobre seca que já não se aplicava mais devido às condições terem melhorado.
II. Argumenta-se que a lei penal em questão era inconstitucional e portanto nula, de modo que ninguém poderia ser punido com base nela.
III. A lei pode ter descriminalizado total ou parcialmente o consumo de drogas, dependendo da interpretação dada às doses permitidas.
I. O documento discute a constitucionalidade de uma lei emergencial sobre seca que já não se aplicava mais devido às condições terem melhorado.
II. Argumenta-se que a lei penal em questão era inconstitucional e portanto nula, de modo que ninguém poderia ser punido com base nela.
III. A lei pode ter descriminalizado total ou parcialmente o consumo de drogas, dependendo da interpretação dada às doses permitidas.
seria éticosocialmente neutros ao abrigo de uma lei de emergência cujos
pressupostos já não se verificam seria, em qualquer caso, inconstitucional por violação do princípio da necessidade da pena (art. 18.º, n.º 2 da CRP). A esta luz, sendo certo que o governo não pode definir os crimes, nem criminalizando, nem descriminalizando, sem autorização da AR, e que esta autorização não existiu, no caso, certo é também que a situação de seca extrema atinha já cessado em fevereiro de 2018, tendo, por isso, já caducado a Lei n.º X/17. Portanto, independentemente do juízo de (in)constitucionalidade que se pudesse fazer sobre o Decreto-lei Z/18, ninguém poderia ser punido ao abrigo da Lei n.º X/17 em fevereiro de 2018. II. LEI PENAL INCONSTITUCIONAL: Aplicação da norma repristinada (artigo 282.º/1 CRP), por se entender que a questão da validade das normas precede lógica e valorativamente a da aplicação da lei mais favorável e que os tribunais estão impedidos de aplicar normas inconstitucionais (artigo 204º CRP). Sendo a lei penal inconstitucional nula, nunca produziu quaisquer efeitos, pelo que não pode ser aplicado a Adélia a solução descriminalizadora. Não se pode empregar, neste caso, o regime do erro (não censurável) sobre a proibição (artigo 17.º/1 CP) – o qual é invocado por parte da doutrina (Rui Pereira) em situações em que se reconhece a necessidade de tutelar as legítimas expectativas dos agentes de aplicação da lei mais favorável – uma vez que a lei inconstitucional não estava em vigor no momento da prática do facto. Não existindo, de acordo com a informação disponibilizada no enunciado, caso julgado, não há lugar à ressalva expressamente prevista no artigo 282.º/3, 1.ª p., CRP. Aplicação da lei inconstitucional mais favorável ao agente, considerando-se, com Taipa de Carvalho, que o artigo 29.º/4 CRP pode incluir leis penais inconstitucionais, prevalecendo então estas, se forem de conteúdo mais favorável ao arguido. Aplicação da contraordenação, ou seja, da lei inconstitucional mais favorável ao agente, em razão (i) do princípio da igualdade, por referência ao teor do artigo 282.º, n.º 3, da Constituição, que salvaguarda a intangibilidade do caso julgado, no caso de aplicação da lei inconstitucional mais favorável e (ii) por força da prevalência do princípio do Estado de Direito (artigo 2.º CRP) sobre as consequências da declaração de inconstitucionalidade em geral, assente em razões de necessidade da lei penal e da confiança objetiva gerada pelas manifestações legislativas do Estado, cfr. MARIA FERNANDA PALMA, Direito Penal Idem, pp. 177-178. Haveria assim uma lacuna na regulamentação do artigo 282.º da CRP, no que diz respeito à situação da lei inconstitucional mais favorável, a qual deveria ser integrada, segundo os princípios relevantes nesta matéria, dando-se prevalência a essa mesma lei mais favorável. III. DESCRIMINALIZAÇAO: Neste caso, existem duas interpretações possíveis: a) houve descriminalização total do consumo de estupefacientes, quaisquer que sejam as doses detidas exclusivamente para consumo próprio, pelo que o disposto no n.º 2 do artigo 2.º da lei n.º 30/2000 deve ser interpretado em conformidade, não sendo tal interpretação contrária ao princípio da legalidade (artigo 29.º, n.º 1, da CRP) pois o n.º 1 do mesmo artigo claramente inclui o consumo (todo) no conceito típico de contraordenação punível; IV. b) apenas ocorreu uma descriminalização parcial do consumo, quando as doses possuídas para consumo não excedam os 10 dias, pelo que, havendo lacuna no que toca ao enquadramento da posse de estupefacientes em doses superiores aos 10 dias, deverá fazer-se interpretação restritiva (rectius: redução teleológica) do artigo 28.º da lei n.º 30/2000, mantendo-se em vigor o disposto no antigo artigo 40.º/2 do Decreto-lei nº 15/93 no que respeita à criminalização do consumo (a opção alternativa de enquadramento do consumo na lei contraordenacional fica