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Poluição por
Carga Difusa
Uma ameaça constante nos rios
dos centros urbanos
Entrevista
A professora Rosa Helena de Oliveira Martins,
pioneira em estudos das conseqüências da
poluição em rios, discorre sobre gerenciamento
e técnicas para a sua minimização.
Despoluição
O programa Córrego Limpo, uma parceria entre
o Governo do Estado, por meio da Sabesp, e
a Prefeitura de São Paulo, se propõe a mudar
a situação de degradação dos córregos da Turismo de choque:
Saneas | 3
capital Julho / Agosto / Setembro | 2008
paulista.
passeio de barco pelo Rio Tietê
editorial
PARTICIPE DA
PRÓXIMA EDIÇÃO!
EXPO CENTER NORTE - PAvIlhÃO AMARElO
12, 13 E 14 DE AgOSTO DE 2009
FENASAN 2009
XX FEIRA NACIONAL
dE sANEAmENtO E
mEIO AmbIENtE
XX ENCONTRO
TÉCNICO AESABESP
Promoção Patrocínio
AESABESP
4 | Saneas
Associação dos Engenheiros da Sabesp Julho / Agosto / Setembro | 2008
Julho / Agosto / Setembro | 2008 Saneas | 5
expediente
Índice Saneas é uma publicação técnica bimestral da Associação
dos Engenheiros da Sabesp
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente - Luiz Yukishigue Narimatsu
Vice-Presidente - Pérsio Faulim de Menezes
1º Secretário - Nizar Qbar
2º Secretário - Ivo Nicolielo Antunes Junior
1º Tesoureiro - Luciomar Santos Werneck
2º Tesoureiro - Nélson Luiz Stábile
DIRETORIA ADJUNTA
Diretor de Marketing - Carlos Alberto de Carvalho
Diretor Cultural - Olavo Alberto Prates Sachs
Diretor de Esportes - Gilberto Margarido Bonifácio
Diretor de Pólos - José Carlos Vilela
Diretora Social - Cecília Takahashi Votta
Diretor Técnico - Choji Ohara
CONSELHO DELIBERATIVO
Aram Kemechian, Carlos Alberto de Carvalho, Choji Ohara,
Gert Wolgang Kaminski, Gilberto Margarido Bonifácio,
Helieder Rosa Zanelli, José Carlos Vilela, Ivan Norberto
Borghi, Luis Américo Magri, Marcos Clébio de Paula, Nélson
14 Poluição por
César Menetti, Olavo Alberto Prates Sachs, Ovanir Marchenta
matéria tema Filho, Sérgio Eduardo Nadur e Valter Katsume Hiraichi
CONSELHO FISCAL
José Marcio Carioca, Gilberto Alves Martins e Paulo
Eugênio de Carvalho Corrêa
Esta edição da Revista Saneas aborda um dos temas Como hoje a questão ambiental é uma preocupa-
mais recorrentes nos cenários dos grandes centros ur- ção latente, há um trabalho bem mais consciente, que
banos: a poluição por carga difusa. Ela é formada por envolve atuações de políticas públicas e engajamento
resíduos de origens diversas, mas principalmente pelo de ONGs e cooperativas, além da conscientização do
lixo acumulado nas ruas e calçadas, na maior parte de cidadão para a preservação da vida, do ecossistema,
material que poderia ser aproveitado em reciclagem. das águas e da própria cidade. Contudo, um melhor
Os habitantes, os empreendimentos, as empresas; planejamento, urbano da ocupação de áreas para mo-
enfim todos os agentes de produção e consumo das radias, junto com um programa educacional para a
grandes metrópoles deveriam ter aulas diárias de população, seria muito bem vindo.
civilidade antes de despejarem tantos dejetos em nos- Dentro desse contexto, a entrevista com a Prof. Dra.
sos rios, transformando-os em depósitos. Rosa Helena Martins, da USP, aborda as questões téc-
O exemplo dessa constatação está na foto de capa nicas de monitoramento da poluição difusa e destaca
dessa Revista, que retrata uma das cenas deploráveis que implementar boas práticas de gerenciamento é o
durante o Passeio pelo Rio Tietê, que foi oferecido que dá sustentabilidade aos recursos ambientais. Em
pela AESabesp aos participantes da Fenasan 2008. O outra abordagem, o diretor da ONG Navega São Paulo,
colorido de embalagens, sacos plásticos, garrafas PETs, Douglas Siqueira, ressalta, na seção “Opinião”, a im-
pneus, metais, restos de materiais de construção e de portância de iniciativas que causam impacto na popu-
mais uma infinidade de lixo contrasta com a cor preta lação, para que brote um envolvimento comprometido
da água do maior rio do Estado de São Paulo. da mesma.
O índice zero de oxigênio, o mau cheiro, as moscas e Complementando a esfera técnica e social da ma-
espumas que habitam pedaços do Tietê, especialmente téria tema, esta Revista também dá continuidade a
na capital paulista e nos municípios de seu entorno, duas sessões que têm feito muito sucesso entre os
incomodam a muitos, a começar pela própria Sabesp profissionais do setor: a “Causos do Saneamento” com
que desenvolve o Projeto Tietê, cujo meta é recuperar abordagens pitorescas de fatos ocorridos e a “Palavra
o rio ao longo da cidade de São Paulo, evitando que o de Amigo”, que é um espaço onde alguém pode fazer
esgoto de indústrias e residências chegue até seu leito uma justa homenagem a outro colega que se destaca
sem tratamento. por sua capacidade técnica, profissional e humana.
Outra ação de competência da Sabesp, que inclu-
sive ganha destaque nesso Governo do Esrado e a Pre- Um forte abraço e uma boa leitura a todos,
feitura de São Paulo, que tem por finalidade mudar a
atual situação de degradação dos córregos da Capital. Eng. Luiz Narimatsu
Presidente da AESabesp
HIDRANTE
H ²
² 7 111
m. WC. Masc. Expositores confirmados
WC
. Fe
m.
Tele
fone
16m
²
1
120 8m²
9 3m
2
111
4
para a Fenasan 2009emSeraída de Rua 1200 WC
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as
s 16m
² 121 18m²
1 1
121 8m²
g 3
c.
As empresas que já confirmaram sua participação como ência 120
16m
²
expositoras na Fenasan 2009, até o fechamento desta 12m 2
² 1
ilhão (colunas,etc.).
edição, são: 12m 204
12
3m
²
12m 06
• Sabesp – Companhia de Saneamento • Fluid Feeder Indústria e Comércio ² 2m A
Básico do Estado de São Paulo • GE Fanuc Intelligent Platforms do Brasil
• Abimaq - Associação Brasileira da
Organização • Glass Indústria e Comércio de Bombas
Indústria de Máquinas e Equipamentos, Centrífugas
com a Ilha Sindesam (Sindicato Nacional • Getesi Indústria de Equipamentos
das Indústrias de Equipamentos para Eletrônicos e Sistemas 74m
Saneamento Básico), formada por um • Hidrosul Máquinas Hidráulicas ²
“pool” de empresas que atendemo setor de • Helmut Mauell do Brasil
saneamento. • Higra Industrial
• ABS Indústria de Bombas Centrífugas • Interlab Distribuidora de Produtos
• AG Solve Monitoramento Ambiental Científicos
• Allonda Comercial de Geossintéticos • Invel Comércio Indústria e Participações
Ambientais • Kanaflex Indústria de Plásticos
• Amanco Brasil • Kemira Kemwater Brasil
4/11/08
• AVK Válvulas do Brasil • KSB Bombas Hidráulicas
• Brasbom Comercial Importação e • Lamon Produtos
Exportação • Masterserv Controle de Erosão e Comércio
• CEB Conexões Especiais do Brasil • Marte Balanças e Aparelhos de Precisão
• Danfoss do Brasil Indústria e Comércio • Nivetec Instrumentação e Controle
• Digitrol Indústria e Comércio • Nunes Oliveira Máquinas e Ferramentas
• Dositec Bombas Equipamentos e • Plastimax Indústria e Comércio
Acessórios • Prominas Brasil Equipamentos
• Ebara Indústria e Comércio • Saint-Gobain Canalização
• Ebro Stafsjö do Brasil Importação e • Sampla do Brasil Indústria e Comércio de
Exportação de Válvulas Correias
• Emec Brasil Sistemas de Tratamento de • Sondeq Indústria de Sondas e
Água Equipamentos
• Emicol Eletro Eletrônica • SVS Selos Mecânicos
• Enmac Engenharia de Materiais Compostos • Tigre Tubos e Conexões
• ESA Eletrotécnica Santo Amaro • Vika Controls Comércio de Instrumentos e
• FGS Brasil Indústria e Comércio Sistemas
Engenheira civil
de formação,
com mestrado
“ Implementar boas práticas de
gerenciamento é o que dá sustentabilidade
aos recursos ambientais”
Uma das pioneiras na atuação em trabalhos refe- não é localizada, é dispersa. Se não é facilmente
e doutorado
rentes ao impacto que a poluição difusa causa nos localizável, também não é facilmente monitorável
pela Escola
centros urbanos, na década de 70, a engenheira e controlável com as ações clássicas de caracte-
Politécnica
consultora, Rosa Helena de Oliveira Martins, tem rização das entradas e saídas de um sistema, por-
da USP
um olhar muito bem focado para essa questão. tanto passíveis de ações de interesse, tais como
(Universidade
controle, eliminação, etc. Assim sendo é conse-
de São Paulo)
Saneas: A senhora é citada como uma das quentemente difícil não só monitorar a sua ori-
em Sistemas de
profissionais pioneiras nos trabalhos vol- gem como controlá-la. Na verdade as redes clás-
Planejamento e
tados para a questão da poluição por carga sicas (básicas) de monitoramento de qualidade
Aproveitamento
difusa. Qual a função que a senhora ocupava de água não foram concebidas com este intuito,
Econômico
na época do início desse trabalho? embora se possa buscar “padrões” de estiagem e
de Recursos
Rosa Helena: À época, era gerente do Setor de de época de chuva nos dados coletados por es-
Hídricos,
Hidrologia da Cetesb (e posteriormente Divisão tas redes, associando-se estes padrões às situa-
além da
de Estudos Hidrológicos). ções encontradas nas bacias hidrográficas, tais
especialização
como foi mencionado na pergunta: lixo, material
em Hidrologia
Saneas: O que mais motivou a sua atuação de origem veicular (efluentes sólidos e líquidos)
pelo United
dentro dessa problemática? domésticos e industriais. Ou seja, acabamos de
States
Rosa Helena: Trabalhava na área de Engenharia identificar suas origens e seus efeitos, então fo-
Geological
da Empresa Ambiental (aonde na época se pro- mos em busca de relações de causa e efeitos, das
Survey, Rosa
duziam pareceres técnicos e se desenvolviam quais tanto os engenheiros gostam e que na ver-
Helena é uma
estudos, diagnósticos e projetos de interesse) e dade nos indica o caminho para um programa de
personalidade
construía minha formação acadêmica na área de abatimento e/ou de controle das cargas difusas,
indicada dentro
Recursos Hídricos. Vale observar que de origem que como todos podem ver são também medidas
do universo
sou engenheira civil e que na época não havia aparentemente dispersas, não localizadas, mas à
técnico-
graduação em Engenharia Ambiental. Para o montante do local de interesse.
científico para
abordar, com mestrado e o doutorado, então as áreas de con-
propriedade, o centração eram Obras Hidráulicas, Saneamento e Saneas: O controle não estaria voltado para
tema principal Recursos Hídricos. Nesse contexto, o tema fazia um tratamento do efluente?
desta edição da o link entre as duas áreas. E sendo assunto para Rosa Helena: Como vimos não se trata do lança-
Saneas. doutorado deveria ser inédito. Na qualidade de mento do efluente e nem de sua limpeza. Trata-
inédito, algo que fosse um desafio. se de evitar que o escoamento superficial direto
(quando chove, por exemplo) não tenha o que
Saneas: A origem da poluição difusa é carrear (lixo, sedimento) ou conduzir / diluir, como
bastante diversificada, vai desde o desgaste os efluentes urbanos (estes sim lançados de forma
causado pelos veículos, passa pelo lixo acu- localizada). Trata-se de implementar boas práti-
mulado nas ruas e calçadas, absorve resíduos cas de gerenciamento do ambiente (urbano, por
orgânicos, concentra materiais de indús- exemplo), tais como varredura de ruas, coleta de
trias, enfim, é provocada por vários fatores lixo, coleta, tratamento e afastamento dos eflu-
poluentes. É possível ter um monitoramento entes em geral. Ou seja, são formas de abatimento
de controle da sua origem? na fonte, junto à origem, ou seja, da não geração.
Rosa Helena: O nome difusa vem do fato de
que é difícil determinar sua origem, ou seja,
Resistente à produtos
químicos, compressão
diametral e impacto.
ACT Sabesp.
Atende a NTS 198, ABNT NBR 15.551 e 15.552,
ABPE / E009 e E010.
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OPINIÃO
Douglas M. Siqueira
Douglas M.
Siqueira é
economista,
administrador,
programador e
“ Devemos investir
em ações de educação
ambiental”
empresário. Ele
conta que após
mais de 30 anos Acredito que a primeira coisa a fazer é es- Navegando no rio Tietê na região metropo-
de experiências clarecer por que estou dando minha opinião litana podemos constatar que em suas águas
adquiridas em em relação a um tema relativo ao saneamento, a origem da poluição difusa da quarta maior
empresas de meio ambiente e consequentemente qualidade cidade do planeta é bastante diversificada.
pequeno, médio de vida. Para aqueles que acompanham e fazem Quando levamos a população e principal-
e grande porte, parte da minha carreira profissional e princi- mente os alunos do nível fundamental dois e
tanto nacionais palmente das minhas atividades e desafios na médio para realizarem esta experiência, con-
quanto diretoria do Instituto Navega São Paulo (INSP seguimos chocá-los e certamente gerar uma
multinacionais, – ONG e OSCIP), ao qual me dedico durante os reflexão a respeito. Como também, despertar
com atuação últimos dois anos, sabem o quanto este assunto a perplexidade e indignação ao informarmos
nas áreas
é importante para mim e para nós do INSP. Na que alguns municípios coletam o esgoto, mas
comercial e
realidade a poluição por carga difu- não o tratam e jogam no Tietê.
de marketing,
concebeu uma sa do rio Tietê, fez, em 2005, surgir a Durante o percurso da navega-
até 35% da
nova atuação idéia do projeto Navega São Paulo e ção, observando os córregos de-
degradação do
profissional. despertar todo o meu interesse pelo saguarem, podemos mostrar a
nosso Tietê é
Em 2006, assunto. proveniente da carga poluidora proveniente de
conheceu o Tendo como referência o rio Tie- poluição gerada ligações clandestinas de esgotos,
projeto Navega tê na região metropolitana de São nas regiões restos de óleo lubrificante, tintas,
São Paulo e Paulo, sabemos que até 35% da urbanas e outros produtos aparentemente
identificou a degradação do nosso Tietê é prove- tóxicos que despejados em sarje-
oportunidade niente da poluição gerada nas regiões urbanas, tas e bueiros contribuem para o aumento das
de somar a sua que parte tem origem no escoamento superfi- cargas poluidoras transportadas pelas redes de
experiência cial sobre áreas impermeáveis, áreas em fase de drenagem urbana que chegam até o rio.
a um desejo
construção, depósitos de lixo ou de resíduos Principalmente nas grandes cidades, vive-
de infância:
industriais e outros. O escoamento superficial mos hoje vários efeitos típicos e negativos da
proteger e
preservar o da água nesses locais carrega o material, solto urbanização, um destes é quando são realiza-
meio ambiente. ou solúvel que encontra, até os corpos d’água das alterações das condições físicas dos rios e
Hoje atua levando, portanto, cargas poluidoras bastante afluentes para adequação da rede de macro-
como diretor significativas. Além disso, a impermeabilização drenagem, isso gera sérias alterações da biota
no Instituto gera maior capacidade de arraste e, portanto, devido à mudança dos habitats. E também,
Navega São maiores cargas poluidoras. As redes de drena- agrava-se esta situação com as alterações da
Paulo. gem urbana são responsáveis pela veiculação qualidade da água que usualmente o lança-
dessas cargas e que se constituem em impor- mento da drenagem urbana costuma trazer,
tantes fontes de degradação de rios, lagos e alterando-se profundamente toda a estrutura
estuários. do ecossistema aquático.
Poluição por
Carga Difusa
O impacto da poluição difusa nos centros urbanos
16 | Saneas Julho / Agosto / Setembro | 2008
matéria tema
A poluição gerada nas águas dos afluentes de cen- E existe ainda a visão de que a preservação da
tros urbanos é dita de origem difusa, uma vez que várzea natural, sem grandes alterações da morfologia
provém de atividades que depositam poluentes de dos cursos d’água e da vegetação ribeirinha, represen-
forma esparsa sobre a área de contribuição da bacia ta uma forma de controle de enchentes e também da
hidrográfica. Ela é formada por resíduos de origem qualidade da água por ser mantida a capacidade as-
bastante diversificada, como os provocados pelo des- similativa natural do ecossistema. Preservam-se assim
gaste do asfalto pelos veículos, o lixo acumulado nas o habitat natural das espécies e, ao mesmo tempo, a
ruas e calçadas, as decomposições orgânicas, as sobras capacidade de amortecimento dos picos de cheia.
de materiais das atividades de construção, os restos
de combustível, óleos e graxas deixados por veículos,
poluentes do ar, etc.
De um modo geral, a poluição gerada em áreas ur-
banas tem origem no escoamento superficial sobre
áreas impermeáveis. Tal processo carrega o material,
solto ou solúvel que se transforma em cargas poluido-
ras bastante significativas. Além disso, a impermeabi-
lização leva ao aumento do número de vezes em que
a bacia produz escoamento superficial e ao aumento
também das velocidades de escoamento, gerando
maior capacidade de arraste e, portanto, maiores fontes difusas
cargas poluidoras. As redes de drenagem urbana são
responsáveis pela veiculação dessas cargas e sabe-se de poluição
hoje que se constituem em importantes fontes de
De acordo com a divulgação do relatório
degradação de rios, lagos e estuários.
Novotny, 1991, cinco condições caracterizam
Ligações clandestinas de esgotos, efluentes de
as fontes difusas de poluição.
fossas sépticas, vazamentos de tanques enterrados São elas:
de combustível, restos de óleo lubrificante, tintas,
solventes e outros produtos tóxicos despejados em
• lançamento da carga poluidora é intermi-
sarjetas e bueiros também contribuem para o au- tente e está relacionado à precipitação;
mento das cargas poluidoras transportadas pelas • os poluentes são transportados a partir de
redes de drenagem urbana. extensas áreas;
Efeitos típicos da urbanização incluem a modifica- • as cargas poluidoras não podem ser moni-
ção dos canais da macro-drenagem, a alteração das toradas a partir de seu ponto de origem,
margens e da vegetação ribeirinha, o aumento nas mesmo porque sua origem exata é impos-
taxas de erosão com conseqüente aumento no as- sível de ser identificada;
soreamento e a variação nos hidrogramas, com au- • o controle da poluição de origem difusa
mento dos volumes e picos de vazão. O escoamento obrigatoriamente deve incluir ações sobre
superficial traz poluentes como matérias orgânicas, a área geradora da poluição, ao invés de in-
tóxicos, bactérias e outros. Assim, o lançamento da cluir apenas o controle do efluente quando
drenagem urbana em corpos d’água introduz modi- do lançamento;
ficações que produzem impactos negativos diversos, • é difícil o estabelecimento de padrões de
com conseqüências a curto e a longo prazo sobre o qualidade para o lançamento do efluente,
ecossistema aquático. uma vez que a carga poluidora lançada
De acordo com a publicação dos relatórios de varia com a intensidade e a duração do
Osborne e Harris, em 1989, “mesmo quando há evento meteorológico, a extensão da área
apenas alterações das condições físicas do canal para de produção naquele específico evento,
adequação da rede de macrodrenagem, já ocorrem e outros fatores que tornam a correlação
sérias alterações devido à mudança dos habitats. Agra- vazão x carga poluidora praticamente im-
va-se esta situação com as alterações da qualidade da possível de ser estabelecida.
água que usualmente o lançamento da drenagem ur-
bana costuma trazer”.
Córrego Limpo
Nascido de uma parceria entre o Go-
verno do Estado, Sabesp e a Prefeitura
de São Paulo, o Programa Córrego Limpo,
que envolve ações da Secretaria de Esta-
do de Saneamento e Energia, da Sabesp e
das Secretarias Municipais de Coordena-
ção das Subprefeituras, de Infra-Estrutu-
ra Urbana e Obras e do Verde e Meio Am-
biente, atua na recuperação de córregos
degradados da capital paulista.
antes depois
Em sua fase inicial, se estima um in-
vestimento de R$ 200 milhões destina-
dos à recuperação de 42 córregos, por
serem elementos de estruturação ur- Córrego Carandiru
bana. Ainda que não sejam diretamente
aproveitados para o abastecimento de
água, interferem muito nas condições
de saúde e saneamento da população.
Nas enchentes, as águas da chuva se
misturam com esgotos não tratados,
agravando muito os riscos e danos aos
moradores das áreas atingidas. A polui-
ção da água pode ser também a causa
de doenças de veiculação hídrica, proli-
feração de insetos, além de trazer outros
incômodos, como o mau cheiro.
A Revista Saneas buscou informações
sobre o Programa com a Sabesp e a antes depois
Prefeitura de São Paulo.
O TRATAMENTO DE EFLUENTES
Técnico em
eletrônica, LÍQUIDOS E SUA VIABILIDADE
licenciado em
ciências com
habilitação plena
em química e
ECONÔMICA
bacharel em
química com
atribuições No Brasil as indústrias não podem colocar os efluentes Contudo, para grande parte dos empresários não
tecnológicas. líquidos por elas gerados em contato com o ambiente basta este argumento para convencê-los da viabili-
Pós-graduado em extra fabril sem que sejam devidamente tratados, dade econômica desse tipo de projeto.
gestão e manejo exceto em casos em que as características desses Para tanto, demonstrarei através de um exemplo
ambiental e
efluentes estejam em conformidade com as exigên- hipotético de que maneira devemos proceder para
mestre em
educação. É cias legais, o que dificilmente acontece. calcular dois importantes indicadores que servem de
também, autor Subentende-se desta forma que na maior parte parâmetro para conhecer detalhes da viabilidade.
de livros técnicos das vezes as indústrias precisam tratar os efluentes O primeiro deles, é conhecido como prazo de
utilizados em que geram. E assim sendo, podemos concluir que retorno (pay back). Trata-se de um indicador que
instituições as mesmas possuem duas diferentes alternativas. nos mostra quanto tempo será necessário para o
de ensino de
diversos Estados A primeira que consiste em tratá-los para posterior dispendimento de capital para que os efluentes se-
do país, de despejo, e a segunda, que consiste em tratá-los para jam tratados e re-aproveitados retorne aos cofres da
inúmeros artigos que sejam reaproveitados na própria indústria. instituição.
publicados em A segunda opção é muito mais recomendada que Para determinarmos este importante indicar, uti-
significativos a primeira, pois em circunstâncias em que a indústria lizarei os valores abaixo como referência, supondo
meios de
trata seus efluentes para que sejam reaproveitados, que estivéssemos diante de uma empresa que tivesse
comunicação e de
inúmeros projetos ela acaba diminuindo o consumo de água potável e interesse em tratar os efluentes por ela gerados para
de educação os custos com tal consumo. reaproveitamento interno.
ambiental e
responsabilidade
social.
Consultor
e instrutor
de empresas
de pequeno,
médio e grande
porte. Professor
universitário
com expressiva
atuação em
cursos superiores
de tecnologia,
em cursos de
bacharelado e
em cursos de
pós-graduação.
Atualmente
leciona em várias
instituições de
ensino superior
da região do ABC.
Investimento: R$ 100.000,00
Custo mens. consumo de água antes implantação do projeto: R$ 40.000,00
Custo mens. consumo de água após implantação do projeto: R$ 20.000,00
Isso significa que durante os cinco primeiros meses subsequentes a implantação do projeto a empresa não
lucraria absolutamente nada, pois a mesma só estaria recuperando mês a mês, o dispendimento de capital feito
para que o projeto fosse colocado em prática. A empresa só lucraria a partir do 6º mês e essa lucratividade cor-
responderia a R$ 20.000,00 por mês, ou seja, R$ 240.000,00 por ano ou R$ 2.400.000,00 por década.
Para determinar o outro indicador igualmente importante, denominado rentabilidade, basta fazermos os cálcu-
los abaixo:
AESABESP
Associação dos Engenheiros da Sabesp
conheça o novo
aesabesp.com.br
A AESABESP - Associação dos Engenheiros da Sabesp mais uma vez buscando o compromisso com a integração
dos seus associados apresenta seu portal na internet. Com projeto da Neopix Design, empresa especializada em design
estratégico, o portal tem o objetivo de ser um amplo canal de comunicação e interação entre os associados e a associação.
Notícias, calendário de cursos e palestras com vantagens para os associados, área do associado com benefícios e descontos,
publicações online são algumas das atrações.
Assim como muitos conceitos evasivos, a poluição di- específico evento e com outros fatores, que tornam a
fusa é de modo geral especificada como aquilo que correlação vazão x carga poluidora praticamente im-
ela não é. Literalmente, é definida como sendo aquela possível de ser estabelecida.
causada por poluentes que não são descarregados pe-
las fontes pontuais. Definem-se então as cargas polui- BACIA HIDROGRÁFICA DE ESTUDO
doras (Prime, 1998): Cargas pontuais: a fonte é pos- A Bacia hidrográfica de Ribeirão da Estiva encontra-
sível de ser determinada e localizada, como é o caso de se totalmente inserida no município de Rio Grande da
esgotos domésticos, descargas industriais, efluentes de Serra e na Bacia da Billings, com 100% da área de Pro-
aterros sanitários, etc. Cargas difusas ou não pontuais: teção Ambiental. O Ribeirão da Estiva é um afluente do
geradas de forma distribuída ao longo da superfície Rio Grande, que por sua vez é um dos formadores da
do solo por inúmeros agentes poluidores, que afluem Bacia Hidrográfica da Represa Billings. Possui uma área
aos corpos d’água preferencialmente por ocasião dos aproximada de 17 km2 e representa 45,94% da área to-
eventos de chuvas. As fontes difusas de poluentes são tal do município. A cidade faz limite com os seguintes
mais freqüentemente associadas às atividades de uso municípios: Ribeirão Pires (norte), Suzano (leste), Santo
do solo. Entre estas, as que mais contribuem são: de- André (oeste e sul) (SABESP, 2000). O manancial abas-
senvolvimento urbano, agricultura, construção urbana tece toda a cidade de Rio Grande da Serra e uma parte
e rural, corte de madeira e mineração. As fontes de da cidade de Ribeirão Pires. O processo de tratamento
cargas difusas podem se, em áreas rurais: atividades da água é do tipo convencional. De acordo com a sra.
agrícolas; atividades pecuárias; silvicultura; chácaras Francisca Adalgisa, da SABESP, a bacia de Ribeirão da
de lazer e recreação; etc. E em áreas urbanas: áreas Estiva possui cerca de 1500 pessoas (censo de 2000,
residenciais, comerciais, industriais, complexos es- IBGE). Dados de saúde indicam necessidade de revisão
portivos, parques, etc.; meios de transporte; deposição do sistema de atendimento à população quanto ao
atmosférica , etc. Pode-se citar ainda outras condições saneamento básico, a fim de melhorar a qualidade de
que caracterizam as fontes difusas (Porto, 1995): (1) vida. A rede coletora de esgotos concentra-se na área
o lançamento da carga poluidora é intermitente e central, apresentando 19 km de extensão e 600 liga-
está relacionado à precipitação; (2) os poluentes são ções. A carga poluidora potencial é de 1.963 kg de DBO/
transportados a partir de extensas áreas; (3) as cargas dia e a remanescente é de 1.616 kg de DBO/dia (CETESB,
poluidoras não podem ser monitoradas a partir de seu 2002). O restante do esgoto não alcança a lagoa por
ponto de origem, mesmo porque não é possível identi- falta de implantação de recalque. Grande parte da área
ficar sua origem; (4) o controle da poluição de origem urbanizada não dispõe de rede coletora, lançando os
difusa, obrigatoriamente, deve incluir ações sobre a despejos a céu aberto ou em galeria de águas pluviais.
área geradora da poluição, ao invés de incluir, apenas, A característica predominante na bacia hidrográfica
o controle do efluente quando do lançamento; (5) é do Ribeirão da Estiva é rural, com a exceção de alguns
difícil o estabelecimento de padrões de qualidade para pontos onde já se observa alguma ocupação desor-
o lançamento do efluente, uma vez que a carga polui- denada, a maioria delas em áreas impróprias para este
dora lançada, a extensão da área de produção naquele fim (áreas de risco e com restrições legais).
animais domésticos
animais confinados
Esgoto doméstico
Animais selvagens
esgoto sanitário
esgotos ilegais
fossa septicé
carga difusa
água parada
nutrientes
BMP
Educação ambiental 1 1 1 5 1 5 3 4 5 5 1 2
Incentivo de diminuição
0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 0
de uso de fertilizantes
Incentivo de plantio de
1 1 1 1 1 2 0 0 0 5 0 0
vegetação nativa
Conservação de áreas
0 0 0 1 1 1 0 1 0 1 1 3
naturais
Revegetação de espaços
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1
abertos e varzea
Áreas de proteção ambi-
0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 3
ental
Trabalho de conservação
conjunto com a comuni- 1 1 0 1 0 3 4 3 3 2 1 3
dade
Monitoramento, idênti-
ficação e eliminação de 3 3 0 4 0 0 4 0 0 0 3 3
fontes
Bacias de retenção de
1 1 1 3 3 3 1 3 3 5 5 5
chuvas
Wetlands construídas 2 3 3 3 3 2 2 3 1 3 1 5
Várzeas naturais 1 1 1 3 1 1 0 3 0 3 1 0
É obrigação do gestor de saneamento buscar alternativas A forma que vem sendo conduzido o trabalho com
que contribuam para uma melhor qualidade de vida. o saneamento básico de Jales – SP tem sido muito
Mesmo o quadro divulgado, é preciso minimizar os im- diferente, permitindo a Sabesp – Companhia de Sa-
pactos negativos. De acordo com os dados do Minis- neamento Básico do Estado de São Paulo, que além da
tério da Saúde, Ministério das Cidades, IBGE (2000), o responsabilidade, conquista a integração educacional.
saneamento básico encontra-se muito distante do que
todos nós desejamos. Metodologia:
Segundo o IBGE (2000) cerca de 40 % da popula- A estação de tratamento de esgotos de Jales foi inau-
ção urbana tem acesso a redes coletoras de esgotos gurada em abril de 2001 e constitui-se num sistema
sanitários, e que somente 25 % recebem algum tipo lagoas de estabilização aeróbia e anaeróbia. A eficiên-
de tratamento. cia é de 91 % de remoção de carga orgânica. A Figura
Além dos aspectos gerenciais necessários, a população 1 mostra a vista aérea do local.
precisa ser integrada as discussões, pois o consumo de
água e a geração de esgotos se devem as suas ações.
A necessidade do envolvimento da população se
torna cada vez mais necessário para que as ações sejam
entendidas com mais profundidade pelos gestores.
Objetivos:
O objetivo deste trabalho é demonstrar que o sanea-
mento básico (água / esgotos) podem ser um meio de
fazer educação ambiental. Demonstrar aspectos rela-
tivos ao trabalho de parceria realizada com amplo en- Figura 1 – Foto aérea da estação de tratamen-
volvimento da comunidade tem trazido um resultado to de esgotos de Jales – SP
excepcional, além do esperado.
Na parte de baixo da foto, encontramos os Córregos
Saneamento Básico: Tamboril e Marimbondinho, que formam o Ribeirão Ma-
Segundo Organização Mundial da Saúde – OMS, o sa- rimbondo que deságua no Rio São José dos Dourados.
neamento básico é o fator que interfere no meio. Res- Com o objetivo de compartilhar com a população a
ponde pela prevenção de doenças.Garantir água em questão do tratamento de esgotos e do meio ambiente,
quantidade e com qualidade, coletar, afastar e tratar os foram desenvolvidas parcerias com varias entidades
esgotos é função primordial para a qualidade de vida. da comunidade, tais como: Unijales (curso de Biolo-
É importante que a população conheça as dificul- gia), ONG Ecoação, Grupo Escoteiros Dragões D´Oeste,
dades e desafios que os sistemas apresentam. Assim, Rotaract Club, Interact Club, Associação Novo Pontal,
os gestores devem manter o sistema de forma que o Secretaria Municipal da Educação, Diretoria Regional
local possa se tornar um campo de estudos e de apren- de Ensino Estadual, AVCC – Associação Voluntários de
dizado em questões ambientais, culturais e sociais. Combate ao Câncer, Produtores Rurais e Empresas.
Fig. 2 – Poção I
Fig. 3 - Torre de resfriamento
do Poção I
Resultados:
• Desde o ano de 2001, vem sendo realizado o trabalho de educação ambiental
com paisagismo e reflorestamento – Figura 5.
• O reflorestamento vem sendo desenvolvido com o viveiro de mudas.
• Já plantamos 90.000 mudas aproximadamente, numa área de 60
hectares.
• Temos um tanque de peixes com água de uma nascente, que serve aos
membros da AVCC – Associação dos Voluntários no Combate ao Câncer.
No ano de 2008, fornecemos 150 quilos de peixes (tilápia) ao Albergue
Noturno. Fig. 5 – Reflorestamento e flores
• É desenvolvida uma horta orgânica que serve aos trabalhadores, com a da ETE de Jales
compostagem no local.
• A estação de esgotos serve de visitação a toda a população, mais precisa-
mente ao trabalho de educação ambiental – Figura 6.
• Até um casamento foi fotografado na área de paisagismo.
• Vale lembrar que a Estação de Tratamento de Esgotos foi indicada para
representar a cidade de Jales no Concurso 7 Maravilhas da Região, promovido
pelo Jornal Diário da Região da cidade de São José do Rio Preto – SP, sendo
Objetivos:
O objetivo deste trabalho é demonstrar a implantação de esgotos no Distrito de
Prudêncio e Moraes com 600 habitantes – Município de General Salgado – SP,
com 100 % de aceitação dos moradores, por parte da Companhia de Sanea-
mento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp.
Devemos destacar além da aplicação dos investimentos, também muita von-
tade de melhorar as condições sanitárias. Isto já trouxe reflexos positivos à co-
munidade como higienização, limpeza e mais qualidade de vida.
Metodologia Utilizada:
No ano de 2006 iniciamos a obra: 01 Estação Elevatória de Esgotos com 210,00 Estação Elevatória pronta
metros de rede de recalque para atender 234 imóveis, 3.789,12 metros de rede
coletora, 1.910,23 metros de emissários e 01 Estação de Tratamento com 637,52
metros de emissário final.Dos 234 imóveis, 80 foram atendidos por gravidade,
enquanto 154 atendidos pela estação elevatória.
Havia uma reivindicação da população que trabalha na zona rural, nas ativi-
dades de cana, pecuária e agricultura. Isto devido a quantidade de pernilongos,
moscas e mosquitos, além de mau cheiro exalado nas guias de sarjetas.
As crianças brincavam nos esgotos e com os esgotos..
Resultados Obtidos:
• Com as 234 ligações domiciliares alteramos as condições precárias de Estação de Tratamento pronta
higiene, porque passamos a coletar, afastar e tratar os esgotos que corriam
pelas ruas da comunidade.
• Foram investidos na ordem de R$ 800.000,00, atingindo R$ 1.353,00 por
habitantes, muito acima da média nacional.
• A população aceitou prontamente a melhoria, comprovada pelas ligações dos
imóveis, alcançando 100 % de atendimento.
• Com a finalização da obra em 2008, a situação foi alterada.
Considerações / Recomendações:
Segundo o IBGE (2005) cerca de 50 % da população brasileira não tem acesso a
Esgotos a céu aberto (antes)
rede coletora de esgotos e que somente 15 % dos esgotos são tratados.
Apesar da universalização do saneamento básico ser um aspecto de difícil
solução, uma vez que envolve políticas sociais, econômicas e de gestão, a Comu-
nidade de Prudêncio e Moraes encontra-se diferenciada do quadro brasileiro.
Para a aceitação da comunidade realizamos audiências públicas, visitas e pes-
quisas com os moradores. Este trabalho alcançou a meta de ligar 100% dos
imóveis, com 90 dia após o encerramento da obra.
Referência Bibliográfica:
Manual de Saneamento 3ª edição – Ministério da Saúde, 1999.
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos – Marcos Von Situação atual
Sperling – 3ª edição. UFMG, 2005.
Chuvas Ácidas
Eng. Robson Fontes da Costa
Engenheiro da Divisão de Controle de Perdas Norte,
Coordenador do Pólo Norte da Aesabesp
rfcosta@sabesp.com.br
As chuvas ácidas são um sério problema de agressão Tanto o gás carbônico como outros óxidos ácidos, por
ao meio ambiente, são gotas de água que podem ser exemplo, SO2 e NOx, são encontrados na atmosfera e as
chuva ou neblina carregada de ácido nítrico e sulfúri- suas quantidades crescentes são um fator de preocupa-
co. Esses ácidos são resultados de reações químicas ção, pois causam, entre outras coisas, as chuvas ácidas.
que ocorrem na atmosfera a partir da presença do O termo chuva ácida foi usado pela primeira vez por
enxofre, que, por sua vez, é emitido para a atmosfera Robert Angus Smith, químico e climatologista inglês.
pelas indústrias, pela queima de carvão, pelos veículos, Ele usou a expressão para descrever a preciptação áci-
etc. Ela pode manifestar-se tanto no local de origem, da que ocorreu sobre a cidade de Manchester no iní-
como a centenas de quilômetros de distância. A ação cio da Revolução Industrial. Com o desenvolvimento
corrosiva do ácido é impiedosa, provoca acidificação e avanço industrial, os problemas inerentes às chuvas
do solo, prejudicando as plantas e animais, a vida dos ácidas têm se tornado cada vez mais sério.
rios e florestas. Da mesma forma as edificações pre- Um dos problemas das chuvas ácidas é o fato destas
sentes na área são afetadas, o excesso de nitrogênio poderem ser transportadas através de grandes distân-
lançado pela chuva ácida em determinados lagos cias, podendo vir a cair em locais onde não há queima
também pode causar crescimento excessivo de algas, de combustíveis.
e conseqüentemente perda de oxigênio, provocando Embora se aceite como padrão de acidez da chuva
um significativo empobrecimento da vida aquática e o valor de pH 5,6, estes podem mudar em função de
prejudicando o tratamento da água. condições locais. Por exemplo, na floresta amazônica a
Hoje em dia, a concentração de CO2 no ar at- chuva é ligeiramente mais ácida devido à grande ativi-
mosférico tem se tornado cada vez maior, devido ao dade da floresta.
grande aumento da queima de combustíveis contendo Convencionalmente, no entanto, se definiu uma chu-
carbono na sua constituição. A queima do carbono va ácida como sendo aquela onde os valores de pH são
pode ser representada pela equação: inferiores a 5,6. Os ácidos sulfúrico e nítrico, conforme
já visto, são ácidos fortes e portanto tem alto grau de
C + O2 ---> CO2 ionização (respectivamente 61% e 92%). Sua presença
na atmosfera influencia fortemente o pH da chuva .
carga poluidora é bem definido (descarte de esgoto in água para atender ao padrão de potabilidade que é de
natura em corpos de água), já na poluição difusa não 10 mg/L, é onerosa e, por vezes, tecnicamente inviável,
é possível definir esse ponto, sendo esta poluição ori- prejudicando o abastecimento público e privado.
unda, normalmente, de uma extensa área como por Os gráficos abaixo mostram a evolução das concen-
exemplo: a lavagem das superfícies pelas chuvas. trações de nitrato verificadas pelo monitoramento da
CETESB no Aqüífero Bauru, ao longo do tempo.
A poluição Difusa
Por definição poluição difusa é toda carga de polui
TENDÊNCIA DAS CONCENTRAÇÕES DE N-NITRATO
ção depositada sobre as superfícies e presente na at- 35
mg/L
15
lização do solo nas cidades levando a um significativo
aumento do escoamento superficial bem como a uma 10
degradação da qualidade da água pelas cargas difusas Concentrações máximas de N-Nitrato ao londo do tempo no Aqüífero Bauru
0,80
Devido às suas características, a poluição difusa 0,60
trata-se de um fenômeno aleatório da mesma ma- 0,40
0,20
neira que o evento de precipitação responsável por 0,00
1992-1994 1995-1997 1998-2000 2001-2003 2004-2006
sua ocorrência. Assim torna-se extremamente difícil
determinar a distribuição temporal das concentrações Medianas das concentrações de N-Nitrato ao londo do tempo no Aqüífero Bauru
dos poluentes.
E em razão disso, há uma preocupação e ao mesmo
tempo um desafio na busca de metodologias científi- Considerações Finais
cas de forma que se possa mensurar a sua abrangên- Face a importância, mas no entanto, não podemos nos
cia, os seus efeitos e formas de controle. esquecer da complexidade que norteia o tema aborda-
Dentre as metodologias existentes citamos as princi- dos, é um desafio para o Poder Público e para a sociedade
pais: Método da Concentração Média no Evento (a mais implementar medidas que possam ser efetivas e eficazes
conhecida e utilizada), Método da Taxa de Exportação, no minimização e redução dessa carga de poluição.
Método da Acumulação e Lavagem de Material, Método Acreditamos que uma das medidas, apesar de ser de
Simplificado de SCHUELER (1987), Método de Heaney e longo prazo, mas não podemos deixar de comentar, é
Método de Amy; além delas há inúmeros estudos de ca- a persistência na informação e formação em todos os
sos, inclusive o desenvolvimento de modelos matemáti- níveis da nossa sociedade quanto os novos conceitos
cos mas específicos para o caso estudado. de Educação Ambiental, pois para sobrevivermos de-
Por exemplo, a CETESB utiliza como indicador de pendemos desse líquido precioso, que é ÁGUA e para
poluição difusa em água subterrânea o nitrato. Sua preservar as suas diversas fontes precisamos Educar,
origem está relacionada a atividades agrícolas e esgo- Educar e Educar.
tos sanitários. Sendo o nitrato uma forma estável de
nitrogênio em condições anaeróbias, esta substância
pode ser considerada persistente e sua remoção da
CAUSO I
O RESERVATÓRIO DO TEMPO
DE DOM PEDRO II
Por Carlos Massuyama ( Argos Engenharia Ltda.)
CAUSO II
O TAXISTA POLIGLOTA
DE LISBOA
Por Estanislau Marcka (Engevix Engenharia S/A)
Uma homenagem
ao profissional
e amigo exemplar
Por Masato Terada
Carlos Alberto dos Santos nasceu em Valparaíso – Estado de obtenção de financiamentos junto ao BNH e Caixa Econômica
São Paulo em 22/02/1947. Filho do “seu” Chiquinho da farmá- Estadual e execução de obras. O Carlos foi designado para fis-
cia e de dona Odete, é conhecido pelos seus amigos mais calizar obras, entre elas as do sistema de abastecimento de
próximos como “Farmacinha”. água de Mogi das Cruzes.
Cursou o “grupo escolar” e o “ginásio” em sua terra natal e Nos dois primeiros anos de FESB optamos por melhorar a
o “científico” em Araçatuba. Diplomou-se em Engenharia pela nossa formação acadêmica e resolvemos fazer Pós-Graduação
Escola Politécnica da USP, fato do qual se orgulhava, e foi mo- em Saneamento Básico, na Poli, já que o curso de Engenheiro
rador da Casa do Politécnico onde o conheci. Após o Biênio, Sanitarista da Saúde Pública era muito concorrido e a fila de
primeiro e segundo ano básico da faculdade, comum a todas espera para conseguir vaga levava vários anos. Um detalhe: a
as modalidades, iniciou os estudos em Metalurgia e posterior- direção do FESB nos liberou com a condição de repor o horário
mente optou pelo curso de Engenharia Civil Hidráulica, tendo das aulas. Durante dois anos, tempo de duração do curso, tra-
concluído o curso em 1970. balhamos das 14 às 24 horas, de segunda a sexta.
O Carlos, na Poli, foi um ótimo aluno. Fomos colegas de tur- A partir de 1973 o Carlos foi transferido para a regional de
ma. Era aprovado praticamente em todas as matérias somente obras de Bauru, sob o comando de um outro grande amigo
com as notas das provas mensais, tendo sido dispensado da nosso, o Engenheiro Luiz Guilherme de Oliveira.
maioria dos exames finais. E não era um rachador, um CDF. Era Casou-se com Vera Inês Valente, com quem teve dois filhos:
isto sim, um aluno organizado, como o foi em toda a trajetória o Marco Aurélio e a Ana Claudia, hoje médica.
profissional, e procurava assistir a todas as aulas. A partir daí, com a incorporação do FESB pela SABESP, todos
Era também um dorminhoco. Certa vez perdeu a prova das conhecem sua trajetória e a sua inestimável contribuição ao
duas horas da tarde, apesar de eu ter passado no apartamento setor, sempre dentro de rígidos princípios de ética.
dele e do Aurélio para acordá-los, uma hora antes. Resmunga- • Engenheiro da SAR sob o comando do saudoso Professor
ram (provavelmente pensaram: que japonezinho chato, ainda Doutor Armando Fonzari Pêra;
falta uma hora) e disseram que tudo estava sob controle. • Gerente Divisional de Lins;
Abro aqui um parêntesis para homenagear um colega, tam- • Chefe de Departamento da Regional de Presidente Pru-
bém Civil e Hidráulico, amigo comum da Poli e morador da dente sob ao comando de outro grande amigo, o Engenheiro
“Casa”, que era simplesmente um gênio, bom caráter, bom filho, Dagoberto Antunes da Rocha;
de origem humilde e que trabalhava para se sustentar desde • Superintendente Regional do Vale do Ribeira;
os 14 anos de idade. Conseguiu estudar ao mesmo tempo En- • Superintendente Regional de Presidente Prudente.
genharia e Física, trabalhar e se formar sem depender de nin- Após a sua fase de SABESP o Carlos trabalhou como Con-
guém, nem de sua família que não tinha condições. Com toda a sultor Independente e posteriormente como sócio da Con-
certeza teria tido um futuro brilhante pelo seu espírito prático, duto Engenheiros Consultores e da Santore Zwiter, onde
sua bondade, sua transparência, sua capacidade de estudo e desenvolveu vários negócios ligados à prestação de serviços
trabalho, sociabilidade e pela sua inteligência absolutamente de água e esgoto e continuou agregando experiência e co-
fora da curva. Ele faleceu em um acidente trágico cinco me- nhecimento em prol da sociedade.
ses após a nossa formatura. Até hoje, passados quase quarenta Atualmente mora em Sabino, próximo à Lins, numa bela
anos, ainda nos emocionamos ao lembrar desse amigo. Seu chácara que é um verdadeiro paraíso, situada à beira da
nome: Aurélio Zacarias Afonso. represa de Promissão.
Iniciamos nossa atividade profissional em janeiro de 1971 Carlos Alberto, um grande abraço a você, à Vera, aos seus
no antigo FESB – Fomento Estadual de Saneamento Básico, filhos Marco Aurélio e Ana Claudia, aos seus pais “seu” Chiqui-
Autarquia que dava apoio às Prefeituras do interior na elabo- nho e dona Odete, e aos seus irmãos Sonia e Paulo César, uma
ração de estudos e projetos de sistemas de água e esgotos, família que tive a satisfação de conhecer.
ANUNCIE NA
REVISTA SANEAS
Ela é fEita por quEm EntEndE dE
EngEnharia E sanEamEnto ambiEntal.
Contato de publiCidade:
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