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Desenvolvimento Pessoal e Profissional

Tema 4: Eu e Os outros (Competência Social)


Autoras: Josiane Costa Cintra e Sonelise Cizoto

Como citar este material:


CINTRA, Josiane C.; CIZOTO, Sonelise. Desenvolvimento Pessoal e Profissional: Eu e os
Outros (Competência Social). Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional,
2015.

Somos seres sociais, formados por um complexo sistema de interações sociais. Por meio
do processo de socialização – que é essencialmente cultural –, adquirimos formas próprias
de agir, sentir, pensar, interpretar o mundo, interagir e, também, formas de atuar neste
mundo. Entre os principais agentes de socialização e, portanto, de interações sociais estão
a família, a escola, o mercado de trabalho, entre outros.

Buscamos compreender o significado do desempenho socialmente competente investindo


energia e empenho para ampliar nossas habilidades sociais. São essas habilidades que
garantirão maior qualidade em nossas relações pessoais e profissionais.

Note como a construção e manutenção de uma autoimagem positiva, reforçada perante a


sociedade pelas qualidades pessoais e profissionais que possuímos, passam a ter
importância neste cenário. A imagem pessoal se associa à imagem profissional
requerendo atenção e cuidados para mantê-la positiva, regulando a impressão que os
outros formam a nosso respeito.

Neste contexto, convidamos você a fazer uma análise sobre as competências sociais que
precisam ser constantemente desenvolvidas, uma vez que promovem experiências de
conhecimento, crescimento e aprendizagem que, por sua vez, são enriquecidas em um
contexto de diversidade cultural. Promoveremos, portanto, um debate étnico-racial, no qual

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resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.
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serão ressaltadas políticas de ação afirmativa por meio de alguns elementos para se
pensar a complexa definição de raça, cor e grupo étnico.

Os seres humanos são seres sociais que interagem a todo instante em diferentes
ambientes, tais como o familiar, o escolar, o profissional, entre outros. Neste sentido, as
interações acontecem ao longo de todos os estágios da vida das pessoas.

Durante a infância, por exemplo, os contextos familiar e escolar proporcionam o


desenvolvimento de aspectos cognitivos, afetivos e sociais que influenciam as etapas
posteriores. Já, quando o indivíduo se insere no mundo do trabalho, o contexto profissional
passa a influenciar seu desenvolvimento, provocando mudanças que ocorrem diante das
necessidades do ambiente social.

Fique por dentro!

No contexto das Ciências Sociais, concentram-se diferentes discussões em


torno da ideia de que o homem é um ser social. Isso implica dizer que o
indivíduo é produto de um sistema complexo de interações sociais.

Sociologicamente, uma interação social significa uma ação recíproca de ideias,


atos ou sentimentos entre pessoas, entre grupos ou entre pessoas e grupos.

Com isso, destaca-se o conceito de socialização, que remete ao processo por


meio do qual o ser humano, desde criança, aprende o modo de vida de sua
sociedade. A socialização é, portanto, um processo cultural em que se
adquirem as maneiras de agir, pensar e sentir próprias dos grupos, da
sociedade ou da civilização em que se vive.

Entre os principais agentes de socialização e, portanto, de interações sociais


estão a família, a escola, o mercado de trabalho, entre outros.

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Para que as interações sejam produtivas e construtivas, é preciso compreender conceitos


como habilidades sociais, gestão da imagem, autoapresentação, entre outros.

As habilidades sociais são os comportamentos que uma pessoa desenvolve para lidar
com as exigências do ambiente social e dependem do contexto em que ocorrem os
relacionamentos e dos aspectos culturais de cada grupo.

Para ajudar a compreender o significado do desempenho socialmente competente, Del


Prette e Del Prette (2001) classificam as habilidades sociais em categorias que incluem:

• Habilidades sociais de automonitoria – relacionadas ao autocontrole de


pensamentos, sentimentos e ações, para a manutenção do equilíbrio nos
relacionamentos.

• Habilidades de comunicação – fundamentais para a interação humana. Estão


presentes quando você consegue realizar diálogo amistoso, dar e receber
feedback.

• Habilidades sociais de civilidade – envolvem a expressão de cortesia e


educação nos contatos sociais.

• Assertiva de enfrentamento – é observada quando você manifesta seus


desejos de forma sincera, sem ofensas ou críticas negativas que destroem o
outro.

• Empatia – refere-se à disposição para ouvir e colocar-se no lugar do outro, seja


em situações positivas ou negativas, incorporando o ponto de vista e a
percepção do outro.

Fique por dentro!

Do ponto de vista do desenvolvimento social do ser humano, o trabalho é uma


atividade que se constitui como meta e como finalidade no estágio da vida
caracterizado pela juventude, com o ápice do desenvolvimento das habilidades

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sociais e expansão de relacionamentos interpessoais para a satisfação de


necessidades variadas.

CHAGAS, Reimy Solange. Desenvolvimento Pessoal e Profissional.


Valinhos: Anhanguera Educacional, 2013. p. 29.

Por fim, as habilidades sociais de trabalho, que incluem relacionamentos interpessoais


satisfatórios para a realização das atividades de trabalho, e a expressão de sentimentos
positivos, como amizade, solidariedade e companheirismo, são fatores positivos para o
relacionamento no chamado ambiente corporativo.

Saiba Mais!

As relações no ambiente de trabalho devem levar em consideração


discussões sobre o assédio moral, que, de acordo com o Ministério do
Trabalho e Emprego (2010), caracteriza-se: “[...] pela exposição dos
trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e
prolongadas durante a jornada de trabalho e relativas ao exercício de suas
funções”.

Essa violência moral visa humilhar, desqualificar e desestabilizar


emocionalmente a relação da vítima com a organização e o ambiente de
trabalho, o que põe em risco a saúde, a própria vida da vítima e seu emprego.

Entenda melhor o que configura e o que não configura assédio moral


assistindo aos vídeos do programa Repórter Justiça sobre o tema “Assédio
Moral”:

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REPÓRTER Justiça - Assédio moral (1/3). Disponível em:


http://www.youtube.com/watch?v=VWj_sK9lPSk&feature=relmfu. Acesso em:
18 set. 2014.

REPÓRTER Justiça - Assédio moral (2/3). Disponível em:


http://www.youtube.com/watch?v=R6VMMaiwCqU. Acesso em: 18 set. 2014.

REPÓRTER Justiça - Assédio moral (3/3). Disponível em:


http://www.youtube.com/watch?v=pBTo8poWDlc. Acesso em: 18 set. 2014.

Outro conceito importante é o de marketing pessoal, que se relaciona com a construção e


a manutenção de uma autoimagem positiva, reforçada perante a sociedade pelas
qualidades pessoais e profissionais. Em outras palavras, o marketing pessoal é resultante
do modo como o indivíduo demonstra suas atitudes, seus comportamentos, sua forma de
ser e de se expressar, que gera uma imagem para os outros.

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Considerando que a imagem pessoal se associa à imagem profissional, diversos cuidados


devem ser tomados para mantê-la positiva, e, neste sentido, o gerenciamento de
impressões é fundamental para regular a impressão que os outros formam a seu respeito.

Diversas estratégias e táticas de gerenciamento de impressões são apresentadas, tais


como autopromoção, exemplificação, comportamentos não verbais, persuasão etc., que
ajudam a alcançar objetivos, sejam eles de curto ou longo prazo.

Como consequência, o poder pessoal e o networking passaram a ser bastante


valorizados como habilidades que contribuem para a efetividade social e se destacam em
um mundo em que as relações virtuais e as redes sociais se tornaram formas de
compartilhamento de informações e interesses.

Saiba Mais!

Você conhece o LinkedIn?

Entenda mais sobre essa rede profissional, atualmente muito utilizada para o
estabelecimento de contatos e busca por oportunidades no mercado de
trabalho.

Disponível em: https://br.linkedin.com/. Acesso em: 18 set. 2014.

Assista ao trecho de uma palestra com Osvaldo Barbosa de Oliveira e saiba


mais!

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LinkedIn – transformando como o mundo trabalha

Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B1lfOtr2UH-


EaHlTd0staVBHQWc/edit?usp=sharing. Acesso em: 18 set. 2014.

Por fim, é feita a definição do conceito de competência, que resulta da combinação de


conhecimentos, habilidades e atitudes que conduzem uma pessoa aos resultados
esperados. No trabalho, diversas competências individuais são requeridas, entre elas:
autocontrole emocional, capacidade de aprender e capacidade de comunicação.

É importante assinalar que as competências sociais devem ser constantemente


desenvolvidas, pois promovem experiências de conhecimento, crescimento e
aprendizagem que, por sua vez, são enriquecidas em um contexto de diversidade
cultural.

A Sociedade Brasileira e a Diversidade Étnico-Racial

No Brasil, a questão étnico-racial tem estado em pauta nos últimos anos, em debates
sobre políticas afirmativas, tais como as cotas para universitários e as ações de combate
ao preconceito racial. A primeira legislação específica de combate ao racismo tem,
contudo, mais de 50 anos: trata-se da lei Afonso Arinos, de 1951, promulgada durante o
governo Vargas, que tornava o racismo uma contravenção.

Atualmente, a questão é mais amplamente regulamentada pelo Estatuto da Igualdade


Racial, de 2010, que trata ainda de políticas de educação, saúde, cultura, esporte, lazer e
trabalho. O crime de racismo, hoje, é especificado também para as relações trabalhistas,

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sendo proibido o tratamento diferenciado no ambiente de trabalho e, em específico, o uso


da raça ou da cor como critérios para justificar diferenças salariais ou para o processo de
recrutamento.

Apesar de o racismo ser crime, a desigualdade permanece na sociedade brasileira,


combinando os aspectos étnicos (como cor ou raça) aos aspectos sociais relativos à
divisão de classes. As estatísticas também demonstram como a desigualdade persiste na
prática.

Até os dias atuais, há enormes desigualdades sociais entre brancos e negros, refletidas
em diferenças salariais e no acesso à educação. O Gráfico 4.1, a seguir, sobre a questão
educacional, é um bom exemplo disso. Note que, de acordo com o Censo de 2010, há uma
proporção bem maior de brancos do que de pretos e pardos no ensino superior:

Gráfico 4.1 Distribuição das pessoas de 15 a 24 anos que frequentavam a escola, por cor ou raça, segundo
o nível de ensino frequentado – Brasil - 2010.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010

Saiba Mais!

No que se refere ao mercado de trabalho, leia a reportagem que aborda como


a promoção da diversidade nas empresas tem aumentado a presença de
executivos negros. Destaca que, para acelerar este processo, é preciso elevar
o acesso dos afrodescendentes ao ensino superior.

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FERREIRA, Gabriel. Escalada para executivos negros fica um pouco menos


difícil. Revista Você S/A – Portal Exame.com, 21/11/2013. Disponível em:
http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/186/noticias/escalada-um-
pouco-menos-dificil. Acesso em: 21 nov. 2013.

Ao longo do século XX, contudo, o Brasil foi frequentemente descrito como o país da
democracia racial, no qual a miscigenação entre índios, brancos e negros teria produzido
uma convivência pacífica entre todos, independentemente de raça ou cor. Então, como o
país da democracia racial apresenta estatísticas tão desiguais em pleno século XXI?

Nesta análise sobre o debate étnico-racial, discutiremos um viés do tema que tem causado
muita polêmica e tem sido intensamente debatido pela sociedade brasileira nos últimos
anos, a saber: as políticas de ação afirmativa. Iniciaremos essa discussão trazendo alguns
elementos para pensar a complexa definição de raça, cor e grupo étnico.

Anteriormente, vimos que, no Brasil, as diferenças de raça ou cor se traduzem, muitas


vezes, em desigualdades sociais. Deste modo, as políticas de ação afirmativa,
implementadas pelo governo ou pelas empresas, têm o objetivo de promover condições de
acesso a oportunidades de ensino e de trabalho mais igualitárias para todos. A intenção
dessas políticas é que, depois de determinado período de sua aplicação, as desigualdades
sociais e raciais históricas sejam eliminadas. As ações afirmativas podem ter por base
tanto critérios raciais como também sociais, de gênero, orientação sexual ou deficiência
física.

Saiba Mais!

Aprofunde sua visão sobre a sociodiversidade e o multiculturalismo.


Assista a uma entrevista com o professor Dennis de Oliveira, que também será
importante em seu processo de formação. Aproveite!

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Sociodiversidade e multiculturalismo
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B1lfOtr2UH-
EYnNpSW8ydTJHSkk/edit?usp=sharing. Acesso em: 18 set. 2014.

A grande polêmica atual no cenário das políticas de ação afirmativa diz respeito à
implantação de cotas raciais. Falaremos, a seguir, da fundamentação teórica dessa
discussão e das opiniões que têm sido expressas nos debates públicos, esperando
enriquecer, deste modo, sua reflexão sobre o tema.

As Definições Étnico-Raciais e as Políticas de Ação Afirmativa

As Cotas Raciais

Um dos problemas ao tratarmos das cotas raciais é definir quem tem direito a elas. Essa
questão está relacionada à própria constituição do debate étnico-racial no Brasil e ao modo
como, ao longo da história, as definições raciais usaram aspectos mais fluidos e
descritivos, que remetiam à cor, do que a divisões categóricas das pessoas em grupos
raciais bem-definidos.

O debate em torno do uso do conceito de raça nas políticas afirmativas tem se constituído
como um campo de disputas. Os biólogos e geneticistas têm afirmado a invalidade, do
ponto de vista biológico, do conceito de raça. Na sociedade, em geral, muitos dos que se
posicionam contra as políticas de cotas argumentam que, para esse sistema existir, é
necessário um posicionamento racial no qual as pessoas, querendo ou não, seriam
obrigadas a escolher um grupo de cor ou raça, o que levaria a uma divisão mais radical da
sociedade.

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Saiba Mais!

O que você acha de entender melhor a questão das políticas afirmativas e das
cotas raciais aplicadas ao ingresso em universidades públicas?

Analise a entrevista que traz o ponto de vista da pesquisadora Eunice Ribeiro


Durham sobre essas questões!

Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B1lfOtr2UH-


EM2s1VWg2bmFEUG8/edit . Acesso em: 18 set. 2014.

DURHAM, Eunice Ribeiro. Políticas afirmativas; cotas raciais. Entrevista


concedida à Maiara Lima. Produção Regina Martins. São Paulo: Anhanguera,
2013.

Aqueles que argumentam a favor das cotas, consideram-nas, contudo, uma medida
emergencial, de caráter transitório e reparador, que visa equalizar as condições de acesso
à educação, trabalho e renda, que são ainda muito desiguais.

Saiba Mais!

Ainda pensando sobre as políticas afirmativas e as cotas raciais aplicadas ao


ingresso em universidades públicas, analise agora a entrevista com o
pesquisador Kabengele Munanga, que apresenta outra perspectiva sobre
esses assuntos!

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Disponível em: http://goo.gl/xkHuID. Acesso em: 18 set. 2014.


MUNANGA, Kabengele. Políticas afirmativas; cotas raciais. Entrevista
concedida à Luciana Corrêa. Produção Luciana Corrêa. São Paulo:
Anhanguera, 2013.

Atualmente, o governo federal propôs um sistema misto de cotas que mistura critérios
sociais e raciais para o ingresso nas universidades federais de todo o país. A lei, lançada
em 2012, propõe uma implantação gradativa dessa política até que 50% das vagas sejam
destinadas a alunos provenientes de escolas públicas. Dentro desses 50%, uma parcela
será destinada àqueles de menor renda e outra porcentagem direcionada ainda a pretos,
pardos e indígenas. O critério para a definição racial é apenas o da autoatribuição, e o
programa proposto deverá ser revisto depois de dez anos de sua aplicação.

Saiba Mais!

Um vídeo foi veiculado pelo Ministério da Educação, na época da promulgação


da lei, explicando melhor seu funcionamento. Analise esse material!

NOVO sistema de cotas. Disponível em: http://goo.gl/VmlBLC . Disponível em:


18 set. 2014.

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O debate sobre o tema está longe de atingir um consenso. Conhecê-lo é, contudo,


fundamental para uma análise mais profunda sobre as políticas públicas baseadas em
critérios étnico-raciais.

Saiba Mais!

No documentário Raça Humana, dirigido por Dulce Queiroz, você pode


acompanhar parte da polêmica e do debate, ainda em curso, sobre as cotas
raciais. Tendo por pano de fundo a votação do Estatuto da Igualdade Racial no
Congresso Nacional e o julgamento da constitucionalidade das cotas no
Supremo Tribunal Federal, o documentário acompanha a implantação das
cotas na UnB.

RAÇA humana. Direção Dulce Queiroz. Brasil, 2010. Duração 42 min.


Disponível em: http://www2.camara.gov.br/tv/materias/DOCUMENTARIOS/187539-
RACA-HUMANA.html. Acesso em: 18 set. 2014.

A Questão dos Índios e a Definição de Grupo Étnico

De modo semelhante ao que vem ocorrendo em relação às políticas de cotas para negros,
as discussões sobre demarcação de terras indígenas estiveram também pautadas na
questão de se definir quem é índio no Brasil. No senso comum está frequentemente
presente a ideia de que índio é uma categoria étnico-racial “pura”. Isto é, os grupos étnicos
indígenas seriam os descendentes diretos das populações pré-colombianas, que, para
serem definidos como índios, deveriam apresentar um modo de vida e uma cultura
tradicionais. Contudo, nenhum grupo humano se reproduz sem nenhum tipo de
miscigenação. Na história do Brasil, a miscigenação de índios e portugueses foi, em

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determinados períodos, até mesmo estimulada pelas administrações coloniais. Ao mesmo


tempo, alguns elementos culturais, como a língua, a vestimenta ou a religião, também
sofreram intervenções externas.

Do ponto de vista antropológico, contudo, não há cultura estática. Por exemplo, nenhum de
nós fala, age ou se veste de modo idêntico a nossos antepassados de 500 anos atrás.
Então, como definir quem é índio no Brasil? Atualmente, o critério mais bem aceito pelos
antropólogos remete à definição de grupo étnico, que seria uma forma de organização
social em que os próprios membros se reconhecem mutuamente como parte daquele
grupo. Isto é, ao invés de se definir determinado grupo como indígena por meio dos traços
culturais que ele exibe, dá-se prioridade à autodefinição dos membros desse grupo. Deste
modo, índio é aquele que se considera como tal, e é assim visto pelo seu grupo, bem como
pela sociedade que o circunda.

Saiba Mais!

Conheça mais detalhes sobre o debate étnico-racial focado nas questões


indígenas, acompanhando uma entrevista com o antropólogo Jonh Manuel
Monteiro.

MONTEIRO, John Manuel. Debate étnico-racial: questões indígenas. Entrevista


concedida à Maiara Lima. Produção Regina Martins. São Paulo: Anhanguera,
2013.

Disponível em: http://goo.gl/2RCkUi. Acesso em: 18 set. 2014.

A identidade étnica é construída quando as diferenças se tornam conscientes, podendo ser


acionada para demarcar o grupo e para as lutas por direitos. Nesta direção, vale

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lembrarmos que, de modo semelhante, a categoria negro foi reivindicada pelo movimento
negro visando à autoconsciência de grupo.

Embora a questão indígena seja um viés muito particular desse debate, ela traz um
elemento fundamental ao enfatizar a importância da autodefinição e da autoatribuição
étnico-racial, uma questão essencial na discussão das políticas de ação afirmativa.

Civilidade: diz respeito às boas maneiras e etiqueta social.

Cor: no contexto do debate étnico-racial, este termo se refere à cor da pele, sendo usado
como uma imagem figurada da raça. Por exemplo, a cor preta é usada na classificação do
IBGE como a imagem que representa a raça negra.

Étnico: relativo a um grupo associado a uma cultura, idioma ou costumes comuns.


Antropologicamente, um grupo étnico é também definido como uma organização social em
que os próprios membros se reconhecem mutuamente como parte daquele grupo, dando-
se prioridade à autodefinição mais do que às atribuições externas.

Feedback: pressupõe a noção de troca, reciprocidade e quer dizer retroalimentação.

Gênero: construção sociocultural que atribui ao homem e à mulher papéis diferentes


dentro da sociedade. Depende dos costumes de cada lugar, da experiência cotidiana das
pessoas, bem como da maneira como se organiza a vida familiar e política de cada povo.

Multiculturalismo: princípio que defende a necessidade de se ir além das atitudes de


tolerância entre diferentes culturas em um mesmo território ou nação.

Networking: é definido como a “arte do relacionamento”. Serve para captar, integrar e


distribuir informações, bens e serviços de forma eficiente. Deve ser utilizado ao longo da
vida, e não apenas nos momentos de necessidade.

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Poder pessoal: diz respeito ao impacto da nossa apresentação sobre outras pessoas. É
resultado das impressões gerais que causamos nos outros (QUINN et al., 2003).

Pré-colombianas: refere-se, de modo genérico, aos povos nativos das Américas antes da
chegada de Cristóvão Colombo.

Raça: do ponto de vista antropológico, raça não se refere a uma diferença biológica, mas a
uma naturalização das diferenças sociais. Historicamente, o termo já foi usado para
agregar indivíduos com base em idioma, costumes, fenótipo e, até mesmo, religião. Ao
longo deste texto, usamos este e outros termos a ele associados (como cor, étnico,
branco, preto, pardo, índio) em itálico para destacarmos a controvérsia em torno de seu
significado.

Racismo: preconceito com base na hierarquização das pessoas em termos de raça ou


etnia. É também uma forma de explicar diferenças sociais e culturais a partir de diferenças
tomadas como naturais.

Redes Sociais: formas de compartilhamento de informações, interesses e necessidades


mediados pela informática, por exemplo: MySpace, Facebook, Twitter, LinkedIn etc.

Relações Virtuais: relações mantidas por pessoas que não se conhecem fisicamente, por
meio de redes de tecnologias digitais: internet e telefonia celular, por exemplo.

Sociodiversidade: diversidade social que se faz presente em uma sociedade.

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas
questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-
se para o que está sendo pedido.

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Questão 1

No Brasil, a questão étnico-racial tem estado presente em debates sobre políticas


afirmativas, tais como as cotas para universitários e as ações de combate ao preconceito
racial. A primeira legislação específica de combate ao racismo tem mais de 50 anos: é a lei
Afonso Arinos, de 1951, promulgada durante o governo Vargas, que tornava o racismo
uma contravenção. A questão hoje é mais amplamente regulamentada pelo Estatuto da
Igualdade Racial, de 2010, que trata ainda de políticas de educação, saúde, cultura,
esporte, lazer e trabalho.

O racismo é atualmente:

a) Especificado como crime em qualquer esfera, inclusive nas relações trabalhistas,


sendo proibido o tratamento diferenciado no ambiente de trabalho e, em específico, o
uso da raça ou da cor como critérios para justificar diferenças salariais ou para o
processo de recrutamento.

b) A revelação de como uma sociedade enfrenta e responde questões que envolvem


diferenças étnicas e sociais, não caracterizando o racismo como crime.
c) Inexistente na sociedade brasileira, uma vez que não há mais nenhuma forma de
desigualdade na prática.
d) Apenas objeto de estudo, já que as estatísticas demonstram que os aspectos étnicos
(como cor ou raça) e os aspectos sociais relativos à divisão de classes foram extintos na
sociedade brasileira, que oferece igualdade sem restrições.
e) Uma lembrança do passado quando ainda existiam enormes desigualdades sociais
entre brancos e negros, refletidas em diferenças salariais e no acesso à educação.
Desigualdades que hoje se configuram como totalmente superadas.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 2
No Brasil, as diferenças de raça ou cor se traduzem, muitas vezes, em desigualdades
sociais. As políticas de ação afirmativa, implementadas pelo governo ou pelas empresas:

I. Têm como objetivo promover condições de acesso a oportunidades de ensino e de

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trabalho mais igualitárias para todos.


II. Carregam a intenção de que, depois de determinado período de sua aplicação, as
desigualdades sociais e raciais históricas sejam eliminadas.
III. Podem ter por base tanto critérios raciais quanto sociais, de gênero, orientação sexual
ou deficiência física.
IV. Não abarcam em seu contexto grande polêmica como, por exemplo, a implantação de
cotas raciais, já que há consenso da sociedade sobre tal questão.

Escolha a alternativa que indica se as afirmações são verdadeiras ou falsas,


respectivamente:

a) Verdadeira - Falsa - Verdadeira - Verdadeira.


b) Verdadeira - Verdadeira - Verdadeira - Verdadeira.
c) Verdadeira - Falsa - Verdadeira - Falsa.
d) Falsa - Verdadeira - Verdadeira - Verdadeira.
e) Verdadeira - Verdadeira - Verdadeira - Falsa.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 3
De forma geral, o conceito pode ser definido como um conjunto de estratégias e ações que
levam à promoção, ao desenvolvimento e à sustentação de um serviço ou produto ou no
mercado. Trazendo esse conceito para o ____________, o objetivo é fortalecer a imagem
de uma pessoa e aumentar a aceitação do público por essa pessoa. O ____________ tem
uma imagem concreta fácil de imaginar: tome a si próprio como se fosse um produto,
projete a imagem de uma marca em relação a você mesmo.

Escolha a alternativa que completa corretamente as duas lacunas do texto:


a) Marketing.
b) Jogo corporativo.
c) Marketing pessoal.
d) Networking (rede de relacionamentos).

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e) Planejamento de carreira.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 4
Do ponto de vista antropológico, nenhuma cultura é estática. Por exemplo, nenhum de nós
fala, age ou se veste de modo idêntico a nossos antepassados de 50 anos atrás. Então,
como podemos definir, hoje, quem é índio no Brasil?

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 5
Como é construída a identidade étnica? Dê um exemplo.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Reconhecer que somos seres sociais, identificar as influências que recebemos e que
continuamos a receber da cultura na qual estamos imersos foi um dos focos deste tema.
Nossas formas específicas, próprias de pensar o mundo e agir nele, revelam nossa
habilidade social que compõe a associação entre imagem pessoal e imagem profissional.
Destacamos o marketing pessoal como uma forma muito eficiente de o indivíduo
demonstrar suas atitudes, comportamentos, formas de ser e de se expressar, gerando uma
imagem para os outros. Foi destacada a importância de reconhecer como as pessoas
veem você e de como atuar para ampliar sua rede de contatos a partir dessas diferentes
visões. Também foram abordadas as competências individuais e sociais que precisam
estar em constante desenvolvimento para que promovam experiências de conhecimento,
crescimento e aprendizagem que, por sua vez, são enriquecidas em um contexto de
diversidade cultural que deve ser sempre valorizado, por isso a importância de se refletir,
também, sobre as relações étnico-raciais.

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Desenvolvimento Pessoal e Profissional | Tema 04

BONFIM, T. R. et al. Desenvolvimento Pessoal e Profissional. Valinhos: Anhanguera


Publicações, 2011.

CARTILHA. Assédio moral e sexual no trabalho. Brasília: MTE, ASCOM, 2010.

CHAGAS, Reimy Solange. Desenvolvimento Pessoal e Profissional. Valinhos: Anhanguera


Educacional, 2013.

DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: vivências
para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001.

DIAS, R. Fundamentos de Sociologia Geral. 4. ed. Campinas: Alínea, 2009.

DURHAM, E. R. Políticas afirmativas; cotas raciais. Entrevista concedida à Maiara Lima.


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GUIMARÃES, A. S. Democracia racial: o ideal, o pacto e o mito. Novos Estudos Cebrap,


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MONTEIRO, J. M. Debate étnico-racial: questões indígenas. Entrevista concedida à Maiara


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MUNANGA, K. Políticas afirmativas; cotas raciais. Entrevista concedida à Luciana Corrêa.


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<http://www.youtube.com/watch?v=VWj_sK9lPSk&feature=relmfu>;
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SANTIAGO, Gabriel Lomba. Três leituras básicas para entender a cultura brasileira.
Campinas: Editora Alínea, 2001.

Questão 1

Resposta: Alternativa A.

Apenas a afirmação A está correta quanto ao crime de racismo.

Questão 2

Resposta: Alternativa E.

Apenas a afirmação IV está incorreta quanto às políticas de ação afirmativa,


implementadas pelo governo ou pelas empresas. Atualmente, ainda há grande polêmica,
por exemplo, na implantação de cotas raciais.

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Questão 3

Resposta: Alternativa C.

As lacunas do texto ficam corretamente preenchidas com a expressão Marketing pessoal.

Questão 4

Resposta: Atualmente, o critério mais bem-aceito pelos antropólogos remete à definição


de grupo étnico, que seria uma forma de organização social em que os próprios membros
se reconhecem mutuamente como parte daquele grupo. Isto é, ao invés de se definir
determinado grupo como indígena por meio dos traços culturais que ele exibe, dá-se
prioridade à autodefinição dos membros desse grupo. Deste modo, índio é que aquele se
considera como tal, e é assim visto por seu grupo, bem como pela sociedade que o
circunda.

Questão 5

Resposta: A identidade étnica é construída quando as diferenças se tornam conscientes,


podendo ser acionada para demarcar o grupo e para disparar as lutas por direitos desse
grupo. Como exemplo, podemos citar que a categoria “negro” foi reivindicada pelo
movimento negro visando à autoconsciência de grupo.

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