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Conceito
Os atos ilícitos são os atos praticados contrariando o ordenamento jurí-
dico. Dessa forma, embora repercutam no Direito, causam efeitos jurídicos
involuntários, mas determinados na norma.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Contudo, não causam direitos, mas sim deveres, como o dever de reparar
o dano, moral ou material.
CC,
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo.
Elementos indispensáveis
à configuração do ato ilícito
São elementos essenciais para a existência de um ato ilícito: fato lesivo
voluntário; ocorrência de dano; nexo de causalidade.
A ação que enseja responsabilização pode ser originada pelo próprio su-
jeito, de ato de terceiro que esteja sobre a sua guarda e ainda feita por coisas
ou animais que lhe pertençam, sendo nessa última hipótese presumida a
responsabilidade do dono (responsabilidade objetiva imprópria).
CC,
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
[...]
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua
ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Classificação da culpa
Quanto à natureza do dever violado:
Importante
Responsabilidade contratual – presunção de culpa, basta constituir
o devedor em mora.
Ocorrência de um dano
A ocorrência de um dano patrimonial ou moral é essencial para que se
discuta o pagamento de indenizações, sendo que o fundamento desse dano
não paira sobre a índole dos direitos subjetivos afetados, mas nos efeitos da
lesão jurídica.
Nexo de causalidade
O nexo de causalidade é o elemento material que une o dano ao compor-
tamento do agente.
178 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Ato ilícito e provas
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força
maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos
efeitos não era possível evitar ou impedir.
A professora Maria Helena Diniz (2009, 575) nos ensina que “quando a
responsabilidade é determinada sem culpa, o ato não pode ser considerado
ilícito”, pois nesses casos tem-se um ato que causa dano, mas a lei determi-
na a ligação do nexo de causalidade, independentemente da existência de
culpa, ou presumindo-se a culpa por ordem legal.
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
Dessa forma, pouco importa a culpa do patrão, por ato de seu emprega-
do, se o escolheu mal (culpa in eligendo) ou se não o vigiou de modo devido
(culpa in vigilando).
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias
o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.
Legítima defesa
A legítima defesa é considerada pela norma uma excludente de respon-
sabilidade civil e mesmo criminal (CP, art. 25), se com o uso moderado de
meios necessários alguém repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direi-
to seu ou de outrem.
Pode, ainda, o agente que age em legítima defesa ingressar com ação
regressiva, para haver a importância que se ressarciu ao lesado contra aquele
em defesa de quem se causou o dano – exemplo: agindo em legítima defesa,
acerta terceiro; terá que indenizar o terceiro, mas cabe ação regressiva contra o
injusto agressor.
CC,
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido
ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o
dano (art. 188, inciso I).
§1.º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
Atenção
A legítima defesa putativa não elide o dever de indenizar.
O credor que penhora bens do devedor não comete ato ilícito; o proprie-
tário que ergue edificação em seu terreno, ainda que prejudique a vista de
seu vizinho, também não comete ato ilícito; aquele que se recusa a produzir
prova contra si mesmo, idem.
Abuso de direito
Praticará ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, extrapole os
seus limites, causando lesão a direito de terceiro, devendo, consequente-
mente, indenizar.
CC,
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em
que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a
descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor,
no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que
dele exigir, salvo se houver prescrição.
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o
Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
Estado de necessidade
Age em estado de necessidade a pessoa que, para remover perigo atual
e iminente, deteriora ou destrói coisa pertencente a outra pessoa ou ainda
lesa uma pessoa, quando as circunstâncias o tornarem absolutamente ne-
cessário e quando não exceder os limites indispensáveis para a remoção do
perigo.
CC,
[...]
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias
o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido
ao lesado.
Das provas
O Código Civil de 1916 disciplinava as provas admitidas pelo Direito junto
aos negócios jurídicos, mas o Código Civil de 2002 regulamenta a presente
matéria de forma mais ampla, pois não apenas os negócios jurídicos são sus-
cetíveis à prova.
O que é alegado e não é provado, não existe para o Direito: “allegare nihil
et allegatum non probare paria sunt” – não alegar ou alegar sem provar é a
mesma coisa.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova
quando:
I - notórios;
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda
a ação ou a defesa.
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
Meios de prova
Confissão
A confissão é o ato feito pela parte acusada de admitir que a parte contrá-
ria relata um fato verdadeiro – artigo 348 do CPC:
CPC,
Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu
interesse e favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.
Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito
a que se referem os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites
em que este pode vincular o representado.
Prova documental
Os documentos são os meios de prova físicas de um fato juridicamente
relevante, podendo ser público (escritura pública, certidões etc.) ou particu-
lar (contratos, telegrama, fac-símile etc.).
Instrumentos públicos:
CC,
§1.º Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais
comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento,
nome do outro cônjuge e filiação;
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que
todos a leram;
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu
substituto legal, encerrando o ato.
§2.º Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz
assinará por ele, a seu rogo.
§4.º Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não
entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de
intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião,
tenha idoneidade e conhecimento bastantes.
§5.º Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se
por documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam
e atestem sua identidade.
Art. 216. Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de qualquer peça
judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo
extraídas por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele subscritas, assim como os traslados de
autos, quando por outro escrivão consertados.
Art. 217. Terão a mesma força probante os traslados e as certidões, extraídos por tabelião
ou oficial de registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas.
Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a
legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua
veracidade do ônus de prová-las.
Instrumentos particulares:
Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja
na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de
qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de
terceiros, antes de registrado no registro público.
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráter
legal.
Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade, faz prova mediante
conferência com o original assinado.
Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá como
prova de declaração da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido
o original.
Parágrafo único. A prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, nos casos
em que a lei ou as circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição.
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que
pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco,
forem confirmados por outros subsídios.
Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a
lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode
ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
Prova testemunhal
A prova testemunhal é a confirmação por pessoas não partes do fato juri-
dicamente relevante, mas que podem confirmar a existência de tal fato.
Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos
negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente
no País ao tempo em que foram celebrados.
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.
III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos
que lhes faltam;
Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o
depoimento das pessoas a que se refere este artigo.
Existe ainda uma proteção legal que determinadas pessoas, por razões
especiais, podem recusar ser testemunha:
CC,
II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau
sucessível, ou amigo íntimo;
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial,
ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
§2.º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito,
o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Presunção
Presunção é a ilação (conclusão) que se faz de um fato conhecido para
chegar a um outro fato desconhecido.
Art. 230. As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a lei exclui
a prova testemunhal.
Prova pericial
A prova pericial é aquela produzida por um profissional especialista no
assunto, no intuito de auxiliar o juízo.
Contudo, o Código Civil estabelece que a recusa não pode ser aproveita-
da por quem rejeita realizar a prova:
CC,
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá
aproveitar-se de sua recusa.
Ainda, a recusa à perícia médica ordenada pelo juiz pode suprir a prova
que se pretendia obter com o exame, nesse sentido o Judiciário já se mani-
festava determinando que a recusa imotivada ao exame de DNA, somada à
prova de relacionamento sexual entre o investigado e a mãe do autor, gera
presunção da paternidade.
CC,
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se
pretendia obter com o exame.
Resolução de questão
1. Constituem caso de responsabilidade civil por ato de outrem, exceto:
a) os pais, pelos filhos menores que estiverem sob seu poder e compa-
nhia, mesmo se comprovado que agiu de maneira incensurável quan-
to à vigilância e educação do menor.
Assertivas:
Solução: D
Atividades de aplicação
1. (Esaf ) Se um escritor, culposamente, não entregar ao editor, no prazo esti-
pulado no contrato, a obra prometida, a sua responsabilidade, quanto ao
fato gerador, será:
a) objetiva.
b) indireta.
c) contratual.
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Ato ilícito e provas
d) direta.
e) subjetiva.
2. (Esaf ) Aquele que, em sua propriedade, usa cerca eletrificada, que possa
causar a morte do invasor:
a) direta.
b) subjetiva.
c) objetiva.
d) extracontratual.
e) indireta.
Dica de estudo
Bastante atenção aos atos lesivos que não são considerados ilícitos, pois
mesmo sendo considerados lícitos, podem gerar obrigação de indenizar.
Referências
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral do Direito
Civil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 1.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil – parte geral. 13. ed. São Paulo: Saraiva,
2003. (Coleção Sinopses Jurídicas).
Gabarito
1. C
2. E
3. D